Quinta-feira, 31 de Março de 2011
BRASIL EM 3 PENADAS . VII

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

EMBAÚBA - ÁRVORE BRASIL - 1ª parte

  EMBAUBA . ÁRVORE BRASIL

Embaúba é uma árvore que vive em simbiose com a formiga. A meu ver é a árvore mais brasileira se a compararmos com a forma social instituida e corrente, na forma de costume, tradição ou hábito. O Brasil é um país em que muitos trabalham e uns poucos enriquecem, em que muitos roubam e muitos outros acobertam, em que muitos têm pergaminhos e a grande maioria simplesmente sobrevive. O verde da bandeira muito provávelmente saiu daqui tal como a Ordem que funciona para todos e aonde o Progresso só chega a alguns. Embaúba é uma árvore do género acropia podendo chegar à envergadura de 15 metros de altura. É uma das árvores mais caracteristicas da mata Atlântica e Serra do Mar que pode ser observada desde o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. É dela que a preguiça se alimenta pois seus frutos são os seus predilectos.

 CAULE OCO COM FORMIGAS

 FRUTOS DA EMBAUBA

São árvores pouco exigentes na riqueza orgânica dos solos e, também por isso, são as primeiras a surgir quando a mata é devastada por causas naturais ou no seu amanho devastador para daí fazerem terras de pasto, plantio de outros cultivos ou simplesmente ficar em pousio ou maninho; por isso é considerada uma árvore recuperadora do ecosistema da mata brasileira. Talvez e por isso, o verde da bandeira tenha saido da inspiração da embaúba, oca, leve, linda e pouco exigente, contendo nela a ordem das formigas em simbiose, o alimento de muitos pássaros e passarões à semelhança da sociedade civil com seus parlamentos, assembleias, ministérios, milhares de perfeituras ou municípios, racionalizando preguiçosamente a visão interpretativa da sociedade brasileira. Na embaúba do género azteca, como o caule e ramos são ocos, as formigas policiam do seu interior a integridade da árvore, protegendo-as dos animais predadores herbivoros, comunicando-se por uma quimica conhecida por feromonas, estabelecendo assim, colónias junto a esta.

(Continua...)

O Soba T´Chingange



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Quarta-feira, 30 de Março de 2011
CATASTROFES . IX

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

         "O PUTO EM CRISE"

O PEC

 A Gadanha

No dia em que a morte decidiu adiar-se a sí mesma, o governo caíu entrelaçado num Plano Eonómico e Crescimento recusado pelas opostas posições. Pela mão e pluma ambígua de gente da comunicação egoista, de quem só quer ganhar eleições, gente acomodada ao compadrio das esferas de topo, enumeram os contras da caótica situação crucificando à partida quem quer que seja da fila do mando com um "ai Jesus", complementando "agora como vai ser" e como coisa costumeira as instituições, encanam as pernas ao povo com uma no cravo e outra na ferradura. Entenda-se por encanar o de colocar talas em ossos partidos; um pouco diferente da osteoporose que é coisa endémica do velho povo Luso.

 O FMI

Fazem matemática de progressão geométrica para garantir a catástrofe controlada, da bandalheira governamenticia da confusão urdida na balburdia e bancarrota do estado, num salve-se quem puder que vem aí o Fundo Monetário Internacional do qual ninguém escapará, nem mesmo os aposentados ou naufragados.

 Aposentadoria

Sacudidas as teias de aranhas das poeirentas prateleiras da memória colectiva, cultivando os incorpóreos valores da espíritualidade de que a sociedade se socorre quando em crise, há que prosseguir com o alto materialismo que hoje impera, embora, e ainda, não se tenha assenhoreado de vontades que imaginámos fortes e, que,afinal, é a própria e insanável imagem de muitos confrangedoras debilidades morais. Fica-nos a esperança. Chegam rumores de que algumas pessoas vão morrendo; é sabido que o estado trata os seus contribuintes-padecentes povo, como uma organização benemérita que se encarregará dos suicídios, assim tipo máfia feita ONG (Organização não Governamental) que bem arreigada, resolve controlar as questões das pensões; ir matando à míngua milhares de padecentes porque se essa coisa tenebrosa da morte desacontecer, não haverá futuro.

Bibliografia de referência: A Net, A Web e as intermitências da morte de Saramargo

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 02:06
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Terça-feira, 29 de Março de 2011
MUJIMBO . XI

 AS ESCOLHAS DO EMBAIXADOR

         HONORÁRIO DE MACEIÓ -   CRF

 

"O discurso de Marinho Pinto" - Até que enfim, começam a falar claro - 3ª parte

 A Crise

Os portugueses suportam das mais pesadas incidências de impostos, mas mesmo assim, têm de pagar elevadas taxas quando precisam recorrer à justiça, circular nas auto estradas, frequentar as universidades do estado ou mesmo tratar-se nos hospitais públicos. O índice de atraso económico e social de um país não se mede tanto pelos baixos salários que paga aos seus trabalhadores mas sim, pelos enormes vencimentos com que renumera as suas élites, nomeadamente os gestores das empresas do estado. Mas seja qual for o critério, Portugal, é sem dúvida dos países mais atrasados, pois aqui, praticam-se algumas das mais baixas e algumas das mais altas remunerações do mundo. A situação do país atingiu tal ponto que hoje todos temos de reconhecer públicamente esta evidência: - As nossas élites falharam; falharam e conduziram o país à beira do caus económico e financeiro e, mais do que isso, perante o confrangedor aumento da pobreza de uns, e a escandalosa acumulação de riqueza de outros, fica-nos a ideia que as nossas élites, ou parte delas, procederam a um verdadeiro saque do estado e dos recursos públicos do país.

 

Agora, como nos tempos msis difíceis da nossa história, será mais uma vez, o povo português que terá de resolver a situação, suportndo o sacrifício, pagando as facturas dos erros dos esbanjamentos de uns, e ainda dos roubos levados a cabo ao longo das últimas decadas.

Senhor P*residente da República, Senhor Presidente da Assembleia da República,S enhor Ministro da Justiça, no meio deste panorama cujas consequências não estão ainda totalmente diagnosticada, quero deixar uma nota final para enaltecer o papel da Igreja Católica e, nomeadamente realçar a acção altamente meritória que as várias organizações dela dependentes, têm realizado um pouco por todo o país, atenuando as consequências mais dramáticas da pobreza que tem vindo a alastrar.

  Forrobodó

A Ordem dos Advogados é uma entidade laica, e eu próprio que não sou católico, nem sequer religioso, queremos aqui louvar públicamente a acção humanitária levada a cabo por centenas ou milhares de católicos anónimos, que movidos apenas pelos impulsos mais generosos da sua fé ajudam os seus semelhantes a suportar as agruras da miséria que se tem abatido sobre o numero crescente de portuguêses. Por essa acção, aqui deixo na pessoa de Vossa Exc.ª Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa o meu muito obrigado. Tenho dito.

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:32
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Segunda-feira, 28 de Março de 2011
XIPALA . V

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

MUSSULO . Xinguilado no ano de 1486 


N´dongo . Canoa do Kifangondo

Ficamos ali uns dias na reparação pequena no n´dongo pois as calemas fizeram estrago; entretanto consegui apanhar duas kiangus na minha lança que por ali se esconderam nas águas baixas; No seguidamente preparamos com n’tondo a acompanhar. Naquela noite estava frio, as hienas choravam de fome e eu metia lenha na fogueira por medo; não preguei olho toda a noite, o meu lumbu estava agora a compor-se mas o meu medo era por demais, só as calembas abafavam os meus soluços debaixo daquela n´sanda; Uma manada de n´zaus passou por ali perto e só nesse meio tempo as hienas de manchas feias me deixaram em paz. Depois daquela noite ganhei coragem e, se calhar já nem ia para o layoteso pois que nos costumes do sitio para aonde íamos eu não tinha amizades; assim passei aqueles longos dias até avistarmos a Mazanga. O vento enchia as n´dele do n´dongo com força e rapidamente passamos a baia do m´bungo. Sei que paramos por ali e meu pai N´futila foi tirar informações de aonde podia encontrar o seu irmão e, meu tio m´banda de profissão e kadinguila de nome 

 M´banda Kadinguila

 No entretanto da espera vi na observância que aquela ilha era demasiado comprida e, dias depois chegamos na xicála sítio da dibata, dos seguranças do reino de n´dongo aonde meu tio tinha pré-ponderância. A partir daquele dia por direito de Kanda passei a ser ka-mundongo, apanhar búzios de n´zimbo na ponta da Mazanga e lá mais nos longe os caurins da Korimba e muito n´tadi no Mussulo. 525 anos mais tarde ressuscito maiombolado, mundele em plena Korimba; Já não havia hienas nem n´zaus e ali estava eu esperando lugar no kapossoka, atravessar o mar baixo e regressar no kitoco. Foi neste barco que a agora minha mulher, cafeco de então, me mandou fazer continência à bandeira portuguesa; estávamos no meio de um jogo de namorados que resultou em Ka-mundongos ou Ka-Luandas e que agora vão ter de passar pelas mesmas privações desse pai N´gesso a provar que o são. Com cinco escudos em 1973, na Samba lembro-me de ter comprado um grade peixe-espada (kinbiji). Se um n´zimbo valia cinco caurins, naquela primeira encarnação 5 escudos seriam talvez uma canoa cheia de kinbijis. Estamos no ano de  2011, a 28 de Março; 525 anos depois daquelas tormentas.

 N´zimbos, conhas, buzios, lapas

N´zimbos Caurins

GLOSSÁRIO: 

candengue- rapaz; caurins- búzios pequenos, cêntimos do n´zimbo; cafeco- donzela; dibata- palhota; kanda- descendente por via matrilinear; ka-mundongo-nascido no reino n´dongo (Luanda); ka-luanda- nascido em Luanda; kazumbi- feitiço; kiangala- pequena estação seca; kifangondo- aldeia; kibinda- caçador kijucos- gente de outras tribos, de fora; kalundu- kilundu, crimónia de chamar os espíritos ao culto; kixibus- cacimbos, estação fria; kubasular- passar bassula, dar a volta por cima; korimba- lugar de costa, ancoradouro; kapossoca-nome de barco com motor; kitoco- traineira trnsformada; kota- mais velho; kofu- cesto estreito e comprido para apanhar conchas; ku-luanda- a ocidente, mais importante e sabedor; kalemba- ondas de mar bravo; kalunga- abismo, sitio de muita morte; kiangu- raia; lumbu- descendente por parte do pai; layoteso- casa da puberdade para rapazes; m´bundu- de fala bantu, em quinbundo; m´banda- guarda, sub-chefe; m´fumo- chefe; m´fumu-a-vata- chefe da aldeia; matacanha-pulga da terra; mukuali- catana, facão.

 

O Soba T´Chingange    



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:33
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Domingo, 27 de Março de 2011
MUJIMBO . X

AS ESCOLHAS DO EMBAIXADOR

         HONORÁRIO DE MACEIÓ -   CRF

 "O discurso de Marinho Pinto" - Até que enfim, começam a falar claro - 2ª parte

 

 AFLIÇÕES

As Universidades públicas mercantilizaram-se e já não preparam adequadamente os jovens para as necessidades da economia e da sociedade; só lhes interessa o dinheiro das propinas ou das elevadas prestações que cobram ao estudante; por isso vendem cursos, vendem licenciaturas, vendem diplomas e graus académicos. Muitos licenciados, parecem analfabetos quando confrontados com as necessidades cada vez mais exigentes. Durante muitos anos, senti orgulho em pertencer a uma geração que lutou com coragem contra a ditadura e, ajudou a construir a democracia com entusiasmo; foram tempos de confiança no futuro e de esperança, num país que todos queriamos mais próspero e mais digno. Confiança e esperança que, inocentemente transmiti às minhas filhas, até que súbitamente acordamos em sobressalto desse sonho. Afinal a realidade era um pesadelo, e hoje interrogo-me aqui públicamente: - O que é que eu posso dizer aos meus filhos? Que é que a minha geração têm a deixar para seus filhos e netos? Desemprego, pobresa, precaridade, desigualdade e dívidas, muitas dívidas para eles pagarem por aquilo que nós gastamos. Mais de metade de todo o IRS cobrado aos portuguêses é para pagar os juros das dívidas do estado!

 

 Dívidas

Práticamente, o estado tem de pedir dinheiro emprestado para fazer face às suas despezas; já estamos a fazer empréstimos para pagar dívidas. Fizeram-sr parcerias público-privadas em que os prejuizos são sempre para a parte pública e os lucros escandalosos, quase sempre para a parte privada. O estado utiliza todos os meios incluíndo os menos ortodoxos para contornar as regras da contabilidade pública, e já estendeu esses métodos às próprias autarquias através das célebres empresas municipais. O país e o povo empobrecem, enquanto outros gestores, enriquecem escandalosamente. O estado asfixia o povo e as empresas com impostos, parte dos quais se destinam a pagar os défices de empresas, cujos gestores auferem principescas remunerações. Alguns desses gestores recebem em cerca de um ano ou dois, quantias que muitos portuguêses não conseguem ganhar durante uma vida inteira de trabalho honesto, mas são os impostos, e as taxas pagas por estes últimos, que em muitos casos, irão pagar as obscenas remunerações daqueles.

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 02:22
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Sábado, 26 de Março de 2011
BRASIL EM 3 PENADAS . VI

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

Do Pantanal à Amazónia - 2ª parte

  Casa de beirta rio - Manaus

Numa tremenda humidade, Manaus amanhece empoleirada em paus espetados no rio Negro. Aqui quando chove de verdade o céu desaba. O Solimões, que é um rio, surge barrento mais abaixo. Em Alter do Chão o galo cantou despertando a neblina e, no balanço da palmeira entre fumo de fogueira, um novo dia chegou com paz saboreada a café, tapioca e manissoba; entretanto nós comprávamos bugigangas, cestos, catatuas de madeira e colares. E, o jabirú lá estava no meio da ilha alagada, dando soberania ao sítio do Alter, a terra do boto e da festa do “çairé”. Sem saber que era um sonho à beira rio, cercado de Marabás, Caráraris, Ipixumas, Xaporis, Cajarás e Maués, dei comigo na festa do Carimbó comemorando vidas interrompidas num mundo de natureza hostil de onças pretas e pintadas. Estava tomando guarané Maué.

 Boto - Golfinho do Amazonas

 Barco Desinteria . Entre Manaus e Belem

Como um caramurú de pele branca, transpirando forró, falando um português fluído entre garimpeiros, seringueiros e quebradeiras de côco, dei comigo a cantar:

 - Oi tira côco, solta côco

- Vai descendo sem cessar

- Bate bate, racha côco

- Quebra a palha devagar.

              - Faz a roda, fecha a roda

              - Já é hora de cantar

              - Rapa côco, dança corpo

              - Na magia do lugar

Na visita à floresta e no quartel base do Batalhâo militar de guardas da Amazonia, fiquei impressionado com a pantera negra que por ali estava presa; sua pele brilhante e seus olhos de um amarelo intenso, provocaram-me arrepios reluzindos de medo. Já vi muito felino, mas este olhar do bicho andando de um para outro lado, marcou defenitivamente este momento; era bicho com que não me queria cruzar no meio dessa mata.

Por ali fiquei beira pântano, beira rio,... descendo por cinco dias o rio grande, de Manaus a Belém com Nossa Senhora da Aparecida e a soltura prolongada do beira barco.

  Pantera negra do Amazonas

 

Glossário - palavras sublinhadas

tuiuiú - pássaro pernalta símbolo do Pantanal; sucurí - cobra, giboia; giboiei - descansei em letargia; caimão - pequeno jacaré das Américas; capivara - animal que parece um rato e é do tamanho de um porco, herbívoro; quilombo – o mesmo que quimbo, sanzala rural; fujões – escravos fugidos das fazendas; capitão-de-mato – cipaios ou guardas dos fazendeiros com alvará de busca ao infractor escravo; Obá II – escravo de linhagem que se tornou famoso entre outros e, que se sublevou; caboclo – homem rude tarefeiro; matuto – cruzamento entre índio e mulato (ou branco); ipê-rocho – árvore de grande porte , pau d´arco; sukucaia – fruto do castanheiro do Pará; manissoba – saca-saca, folha de mandioca fervida durante sete dias ( para retirar a seiva venenosa); jabirú – o mesmo que tuiuiú, pássaro do pantanal (nome popular usado em forma perjurativa); boto – golfinho do rio (toninha); “çairé” – festa anual em Alter do Chão , homenagem ao golfinho; marabás,...Xaporis,...- tribos de índios; carimbó – festa dos recolectores da floresta amazónica, seringueiros e agricultores de enxada e catana, pisteiro de onça; guarané – o mesmo que guaraná em dialecto Maué; caramurú – homem branco do sul, normalmente de Porto Seguro ou Santa Catarina; forró – excitação suada por ambiente festivo, que se traduz em alegria; seringueiro – homem que extrai a borracha da árvore; cuxias- herbivoros de pequeno porte; cajá – taparabé, fruto tropical parecido com a nespera, gajája.

 

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:24
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Sexta-feira, 25 de Março de 2011
MUJIMBO . IX

AS ESCOLHAS DO EMBAIXADOR

         HONORÁRIO DE MACEIÓ -   CRF 

"O discurso de Marinho Pinto" - Até que enfim, começam a falar claro - 1ª parte

 

 MARINHO PINTO - Bastonário da Ordem dos Advogados

Discurso por ocasião solene de abertura do Ano Judiciário 2011 - Afinal a realidade é um pesadelo.

O sentimento e o pensamento de milhões de portuguêses não é só na justiça que as coisas vão mal; a generalidade dos cidadãos sempre que o país vive um dos momentos mais difíceis da sua história e, pode estar na eminência de fazer sacrifícios colectivos sem precedentes, na vida de mais de um século da nossa república. Temos a sensação que o estado se dissolve e, as instituições se desmoronam. Ao longp dos anos, a corrupção alastrou a todos os níveis do aparelho do Estado. Pessoas houve que acumularam fortunas gigantescas no exercício exclusivo das mais altas funções públicas, durante anos, à vista de toda a gente sem que aparentemente ninguém se apercebece ou se incomodasse com isso. Houve verdadeiros assaltos aos recursos públicos sem quaiquer consequências visiveis, a não ser o enriquecimentoo obsceno dos seus autores. Bancos foram saqueados em milhares de milhões de Euros e, os principais beneficiários continuam impunes, gozando escandalosamente as dilícias dessa audácia. A democracia herdou da ditadura um estado riquissimo com centenas de toneladas de ouro, no Banco de Portugal e, com um gigantesco património imobiliário.

 BALELAS JÁ CONHECIDAS

O país recebeu desde meados dos anos oitenta, avultados recursos financeiros da Europa; porem tudo isso desapareceu na voragem de um novo riquismo consumista sem paralelo na nossa história ou então em negócios público-privados fomentados por redes de interesses obscuros. Ao longo de decadas a nossa jovem democracia foi sendo dominada nos seus alicerces morais pela acção de poderosas redes de corrupçãoe de tráfico de influências que asfixiaram emanietaram o estado democrático. Nem na época do monopólio do comércio com a Índia ou no tempo da abundância gerada pelo ouro do Brasil se terão esbanjado tantos recursos. Por herança do Estado Novo ou por transferência da Europa, Portugal dispôs nas ultimas quatro decadas, de recursos económicos vultuosissimos que foram dissipados por nós todos sem sermos capazes de criar mecanismos sólidos de produção de riqueza ou de construir os alicerces de uma economia saudável. Que é feito daqueles vultuosos recursos financeiros? Que é feito da nossa agricultura? Que é feikto das nossas pescas? Que é feito da antiga excelência das nossas universidades? Parece que tudo se dissipou de repente!

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:39
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Quinta-feira, 24 de Março de 2011
XIPALA . IV

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

MUSSULO . Xinguilado no ano de 1486 

 

Estávamos em Janeiro de 1486. Eu, não era eu, retrocedi no tempo e, em transe, pela incorporação dum espírito de nome N´gesso retrocedi àquele ano em plena kiangala. Os nomes eram diferentes, falava outra língua que não era a de hoje e, por isso vou ter de explicar no fim deste desassombro o que todas estas velhas palavras querem dizer naquele dialecto bantu, o m´bundu. Meu pai, Miconge N´futila o Kota da vata, decidiu abandonar terras do Kifangondo e, para tal saiu bem cedo para trocar impressões com o umbanda e, só depois falaria com o m´fumu; sopado com minha mãe Kilua Nzinga desde candengue entrara agora nas dificuldades da velhice, não podia mais sustentar a familia como kibinda; seus pés estavam pesando demais e o espírito dos kijikus estavam na trapalhação. Foi no m`fumo e explicou que era por demais kazumbi para aguentar, tinha na obrigação de levar o candengue (eu) na habituação da apanha dos n´zimbo na terra dos Ku-Luanda.

Miconge N´futila de Kifangondo

Eu que já tinha treze kixibus, entendi que as dificuldades de meu pai era kubasular aquela vida de matacanha. Miconge N´futila tinha no lumbu um irmão que era m´banda bem visto aos olhos do m´fumu-a-vata, que conhecia a ciência dos kalundu, podia muito bem dar trabalho para mim e espantar o mau olhado dos defuntos espíritos da Yanda. Na entrevista com o também velho kikongo chefe m´fumo, as explicações foram aceites na retiçência e de satisfeito quando chegou preparou os corotos, a uanda e os kofus e a mukuali, sentou-se debaixo do m´bondo (imbondeiro) e bebeu todo o marufo que tinha na kubata; ainda teve tempo de arrastar as quinambas para se despedir do mwani kazuca, amigo de muitas andanças. No primeiramente ficamos no ka-kuaco, passadas as kalembas da barra do rio com a kalunga do mar; dificultadamente ximbicamos e remamos na vista de terra, minha mãe Kilua chorava de medo, os muandu brincavam na nossa volta.

Muandu (tubarão) do Ka-kuaco

GLOSSÁRIO:

candengue- rapaz; corotos- trastes; caurins- búzios pequenos, cêntimos do n´zimbo; cafeco- donzela; dibata- palhota; kanda- descendente por via matrilinear;ka-mundongo-nascido no reino n´dongo(Luanda); ka-luanda- nascido em Luanda, calcinha; kazumbi- feitiço; kiangala- pequena estação seca; kifangondo- aldeia; kibinda- caçador; kijucos- gente de outras tribos, de fora; kalundu- kilundu, crimónia de chamar os espíritos ao culto; kixibus- cacimbos,estação fria; kubasular- passar bassula, dar a volta por cima; kicongo- natural do Congo; korimba- lugar da costa-mar, ancoradouro; kapossoca-nome de barco com motor; kitoco- traineira trnsformada; kota- mais velho; kofu- cesto estreito e comprido para apanhar conchas; ku-luanda- a ocidente, mias importante e sabedor; ka-kuaco- sítio, lugar, povoação; kalemba- ondas de mar bravo; kalunga- abismo, sitio de muita morte; kiangu- raia; lumbu- descendente por parte do pai; layoteso- casa da puberdade para rapazes; m´bundu- de fala bantu, em quinbundo; m´banda- guarda, sub chefe; m´fumo- chefe; m´fumu-a-vata- chefe da aldeia; matacanha-pulga da terra; mukuali- catana, facão.

(Continua...) 

O Soba T´Chingange

 



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Quarta-feira, 23 de Março de 2011
BRASIL EM 3 PENADAS . V

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

Do Pantanal à Amazónia - 1ª parte

  Põr do sol no Pantanal

Com pensamentos molhados, através da transpantaneira, chegamos a Poconé, capital do garimpo; no céu nuvens carregadas de escuro com um sol deslumbrante, raiava em luzernas multicolores.  O português Aleixo Garcia foi o primeiro a visitar estas terras baixas no ano de 1524 tendo alcançado o rio Paraguai através do rio Miranda, atingindo a região onde hoje se situa a cidade de corumbá.  Num horizonte sem fim, araras, tuiuiús, mergulhões e minúsculos beija-flores davam-nos as boas vindas na fazenda Mato Grosso. Na beira rio embarquei sonhos escondidos à mistura com mistérios de sucurí e esperanças caldeadas em saudade. Ali no Pantanal, giboiei na rede picado a mosquitos, pesquei piranha e cavalguei no charco entre caimões, capivaras, aves pernaltas, cuxias e lontras luzidias. Espelhadas a pôr de sol nas quietas águas do rio Pixaím, as baladas choradas do Peixinho tinham um encanto que não sei descrever mas, do que ouvi, apreendi:

- Eu sou cria desta água

- Meu olhar, corre sem fim

- O meu canto, chora as mágoas

- D’ um rio dentro de mim.

 Percorrendo um trilho aguado

O pantanal de Poconé limita-se, ao norte com a própria cidade de Poconé, zona mais alta de savana, ao sul com o rio São Lourenço, no limite com o pantanal de Paiaguás, a leste com o pantanal de Barão de Melgaço e a oeste com o rio Paraguai. A vegetação mostra charcos imensos, repletos de ciperáceas e juncáceas, além de campos, savanas e florestas. Elementos da vegetação amazônica ocorrem em menor freqüência. Com o vento norte, impregnado de odores gentios, deslizavam longos e escorridos cabelos pela nossa mente. Cruzando mantos de verdura, a espalmada água escorria lentamente entre cordilheiras de raza altura, currais, fazendas e roças de quilombos. Naquela largueza, em terras de fujões, escravos sem eira nem beira, recordávamos a história dos bandeirantes e capitães-de-mato, levando aqueles lá mais para longe, atrás da chapada, fazendo soberania escondida; tempos idos dum império que subsiste nas crenças e no espírito aventureiro dos descendentes do rei Oba´ II. Saídos das negruras de África, ainda perdidos no tempo, arranham a terra garimpando a vida sem saberem que afinal construíram um país a que se chamou de Brasil. O índio, o caboclo ou o matuto, continuam a cortar o ipê-rocho, o pau-brasil, a cajá e os castanheiros que dão a sukucaia e, na beira rio, vão cantando:

- Canoa que não tem quilha

- Não atende o canoeiro

- Um país fora da trilha

- É navio sem paradeiro

 O que chamam de cordilheira  inundada

MARÇO DE 2011 -  O que aqui é descrito num tempo passado está hoje coberto de água. Os rios  que dão origem ao bioma constituindo a savana estépica  devido às grandes chuvas inundaram pelo que muito gado está a morrer afogado. Os fazendeiros tentam minimizar os prejuizos deslocando as manadas para sítios mais alto , que diga-se são poucos e distantes entre si. 

Glossário - palavras sublinhadas

 

tuiuiú - pássaro pernalta símbolo do Pantanal; sucurí - cobra, giboia; giboiei - descansei em letargia; caimão - pequeno jacaré das Américas; capivara - animal que parece um rato e é do tamanho de um porco, herbívoro; quilombo – o mesmo que quimbo, sanzala rural; fujões – escravos fugidos das fazendas; capitão-de-mato – cipaios ou guardas dos fazendeiros com alvará de busca ao infractor escravo; Obá II – escravo de linhagem que se tornou famoso entre outros e, que se sublevou; caboclo – homem rude tarefeiro; matuto – cruzamento entre índio e mulato (ou branco); ipê-rocho – árvore de grande porte , pau d´arco; sukucaia – fruto do castanheiro do Pará; manissoba – saca-saca, folha de mandioca fervida durante sete dias ( para retirar a seiva venenosa); jabirú – o mesmo que tuiuiú, pássaro do pantanal (nome popular usado em forma perjurativa); boto – golfinho do rio (toninha); “çairé” – festa anual em Alter do Chão , homenagem ao golfinho; marabás,...Xaporis,...- tribos de índios; carimbó – festa dos recolectores da floresta amazónica, seringueiros e agricultores de enxada e catana, pisteiro de onça; guarané – o mesmo que guaraná em dialecto Maué; caramurú – homem branco do sul, normalmente de Porto Seguro ou Santa Catarina; forró – excitação suada por ambiente festivo, que se traduz em alegria; seringueiro – homem que extrai a borracha da árvore; cuxias- herbivoros de pequeno porte; cajá – taparabé, fruto tropical parecido com a nespera, gajája.

 

 

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:54
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Terça-feira, 22 de Março de 2011
PAPALAGUI . X

 AS ESCOLHAS DO KIMBO

        “O tempo” - Visão de Tuiavvi *

 :: Doença do tempo

O Papalagui acusa mil e uma coisas de lhe tomarem o tempo e, de mau grado e resmungando, debruça-se sobre o trabalho que não tem vontade nenhuma de fazer, que não lhe dá qualquer prazer e que ninguém, a não ser ele próprio, o obriga a fazer. Quando de repente se dá conta de que tem tempo, que tem realmente todo o tempo à sua frente, ou quando alguém lhe dá tempo, fica imensamente agradecido. Correm desvairados de um lado para o outro como se estivessem possuidos pelo aitu (diabo) e causam terror e desgraça onde quer que cheguem, só porque perderam o seu tempo. Esse estado de frenesi e demência é uma coisa terrivel, uma doença que nenhum homem de medicina pode curar.

 

 A tensão

Vi um homem cuja cabeça parecia prestes a estoirar, e cujo rosto passava sucessivamente do vermelho ao verde, um homem que rolava os olhos em todos os sentidos, que abria a boca como um peixe que vai morrer e batia com os pés e com as mãos, tudo porque o seu criado chegara um pouco mais tarde do que estava estabelecido. O criado teve que se ir embora da cabana, pois o papalagui espulsou-o, dizendo : "já me roubaste muito tempo! A meu ver, é precisamente por o Papalagui tentar reter o tempo com as mãos, que ele se lhe escapa por entre os dedos, como uma enguia da mão molhada. O Papalagui ainda não se apercebeu do que é o tempo, nem entenderá.

* PAPALAGUI: - Homem branco; visão de um chefe de tribo das Ilhas Samôa que visitou a Europa no primeiro quarto do século XX e descreveu o que viu desta forma.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:59
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Domingo, 20 de Março de 2011
MOKANDA DE DOMINGO . III

CRÓNICA DO SOBA T´CHINGANGE

         "O XICULULU DAS KIANDAS

 AS BRUXAS DE NESPRIDO

XICULULO: -Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo”

Januário Pieter, a kianda, continuava de corpo frágil, carregado de maleitas e reumático, justificava a existência alongando-se mais para além do previsível; depois do nosso último encontro em terras de Alhambra continuava solitáriamente só. A única coisa que lhe sobra avondo é a memória, a mesma que desenvolveu assuntos transcendentes nas cidades de Paris, Vale-du-Luar, Burgos,Toledo e depois no sopé da serra Nevada em Granada. Continua uma porta aberta aonde o passado entra sem uma ordem cronológica como sonhos que se baralham e desfazem entre nuvens cirrosas sopradas ou abanadas por kimbandas e t´chinganges. Um duilo cheio de kalungas, minkisis e dicunjis.

 KIMBANDA MALUQUEIRO

:::::::::::::::::::::::::::::::::::

Eu,aprendiz de feiticeiro barato, feito filósofo, perguntei à kianda Januário Pieter qual o segredo da sua  tanta durabilidade ao que me respondeu: - Eu sou o espírito que pairo em todos os aquários, lagoas e mares mas, como o bicho-da-seda, nasço da morte metaforseada; a gadanha não me toca da mesma forma que toca aos demais; tal como um cavalo ou uma sequóia gigantum de cem metros de altura, não saberemos o dia-de-são-nunca, o máximo no hepitáfio do nada. A morte que só mata o homem, é pessoal e intransmissível; cada qual tem a sua morte sem uma hierárquica competência e, tanto quanto sei, essa coisa da morte não passa dum pormenor ínfimo, insignificante mesmo, na relação do mundo. Os desígnios da vida não permitem espreitar pela frincha da porta do céu para ver o que se passa lá dentro.

 JANUÁRIO PIETER  KIANDA

Eu, aprendiz de feiticeiro barato, ouvi calado enquanto um beija-flôr poisava num minúsculo galho apreciando-nos no jardim do encontro dos mares; o Colibri, partilhava conosco os prodígios milagreiros picando a vida efémera das flores unindo-nos todos numa alma de eterna vida. Nós, eu e Januário, apreciavamos o quitoto de sape-sapo. Desconsegui falar com a Kianda os novos acontecimentos do mundo, dos maremotos e outras maldades de Muammar Kadhafi com suas forças leais sobre Benghazi. Fica para a próxima.

Glossário:

Januário Pieter: a personagem principal, criação de T´Chingange; Kianda: espírito das águas, feito homem, espírito do Adamastor; -Kimbanda: médico tradicional, curandeiro e, às vezes feiticero; -T´Chingange: espírito feito homem, zelador dos bons costumes na tribo, guardador do tesouro; -Quitoto: bebida fermentada; -Sape-sapo: fruta tropical, graviola; Dicunji: - Peixe mulher, foca com bigodes, morsa da kalunga, lontra das pedras, sereia no geral; Duilo: - Céu (em um amiente de espíritualidade)

  

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:03
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Sábado, 19 de Março de 2011
DESERTO . XI

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

         “VICTÓRIA FALLS – Zimbabwé


MAPA E QUEDAS

A caminho de Victória Falls, chegados à fronteira do Botswana em Kasane (border pass), enquanto o funcionário verifica os passaportes demo-nos conta que uns quantos macacos baboons se empoleiram no nosso carro tentando alcançar coisas que eles julgavam ser comida. As instalações de fronteira eram de aspecto precário construidos à sombra de acácias de grande porte entre outras mais ramudas, também grandes. O percurso feito no Botswana foi dos mais marcantes por terras-do-fim-mundo pois que a estrada era pouco mais que uma picada de terra muito arenosa levantando muito pó à nossa passagem; estavamos todos com côr de bronze e, por esse facto tivemos de usar lenços a tapar o rosto causando algum incómodo pelo muito calor que se sentia. Neste percurso deparamos com uma manada de 42 elefantes que nos reteve uns bons vinte minutos; uma máquina niveladora da estrada, passou por nós forçando a manada a atravessar e foi nesse então que dois machos exaltados bateram com suas patas o chão raspando-o de raiva enquanto abanavam as orelhas simulando investidas repentinas contra nós, atemorizadoras, diga-se.


A PONTE DE RHODES 

Este percurso pelo Zambezi National Park do Botswana, foi em quase tudo semelhante à reserva do Chobe Park na Namibia com a diferênça de vermos muitos mais animais, principalmente elefantes. Na fronteira do Zimbabwé o funcionário dá voltas e mais voltas aos nossos cinco passaportes e, não encontrando o carimbo de visto levanta-nos a questão. Nós nem sabiamos que era necessário visto para ali entrar mas, em áfrica tudo se pode resolver levando uns dólares no bolso. Com vinte e cinco dólares por pessoa tivemos direito a um passe temporário; mais barato e rápido do que se tivessemos tratado esses trâmites num qualquer consulado. Viemos a saber que o visto em Portugal, ficava em cinquenta dólares; nós só necessitavamos de cinco dias para ir e voltar, assim que, continuamos viagem sem mais contratempo; aquele dinheiro deve ter ficado por registar nos cofres do estado Zimbabwano porque o mesmo funcionário a quem entregamos os formulários, se deslocou a abrir a cancela e colocar o respectivo selo como estando tudo em conformidade; uma prática nada habitual.

(Continua…)

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:41
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Sexta-feira, 18 de Março de 2011
ANGOLA – O PAÍS DA BANGA .IV

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

       “EDUCAÇÃO . 3”

 Preconceitos 

BANGA.5

Quem se educa vai condenar e votar contra o político que excedeu os limites, meteu dinheiro nas meias, na cueca repartindo por afilhados e afins. Vai condenar quem prometeu e não cumpriu, quem abusou do poder e da farda, da instituição e do fúsil, machucando sua própria gente. Desta forma, quem se educou, vai começar a mudar o país. Em Angola o povo pode ser mais gente, a gente pode ser mais feliz. Todos, necessitam da verdade e falar verdade sem medo dum vizinho verdugo kazucuta, bófia corrupto do sistema perdulário: É sempre tempo de mudar.

      FLEC

BANGA.6

Recentemente, o jornalista Armando Chicoca, correspondente da Voz da América e antigo correspondente da Rádio Eclesia na Província do Namibe, foi condenado a um ano de prisão “por crimes de injúria e difamação”, alegadamente, devido a ter entrevistado uma senhora, serviçal de um representante da Justiça angolana e, que terá acusado este de “assédio sexual”. Compreende-se que o visado, naturalmente, levasse a julgamento quem o acusou; já não se entende que o “portador da missiva a Garcia” seja o condenado… De notar que Chicoca, já em Novembro de 2008, tinha sido condenado a 33 dias de detenção, também por “alegados crimes de calúnia e difamação” por o mesmo juiz ter escrito uma carta ao falecido bispo do Namibe onde terá lamentado que a emissora católica, Rádio Ecclesia, estaria mal representada naquela província, a Princesa do Deserto. O abuso de poder balança entre a falta de ética e a indignidade.

 Padrão em simulambuco

BANGA.7

Após de ter sido atribuída ao Governo de Luanda a captura que "segundo fontes próximas de cabindenses, se tratou de um rapto", o lider militar da FLEC, Gabriel Nhemba “Pirilampo”, foi morto misteriosamente. O corpo que foi depositado na casa mortuária de Ponta Negra da Républica do Congo, mostrava indicios evidentes de tortura.Nhemba, auto-proclamado Chefe de Estado-maior da FLEC, residia naquela cidade congolesa e, segundo fontes dos separatistas, terá sido encontrado por populares congoleses na aldeia de Tanda, região fronteiriça de Massabi, entre o Congo e a o enclave angolano de Cabinda; província que advoga, pela sua especificidade territorial e tratado de Simulambuco com os Tugas, a sua independência.

(Continua…)

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:49
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Quinta-feira, 17 de Março de 2011
PAPALAGUI . IX

 AS ESCOLHAS DO KIMBO

         “O tempo” - Visão de Tuiavvi*

 Os minutos

O Papalagui nunca está contente com o tempo que lhe coube e censura ao Grande Espírito por não lhe ter dado mais. Blasfema contra Deus e sua grande sabedoria, dividindo e subdividindo cada novo dia que nasce, segundo um plano muito preciso. Corta-o como se corta em pedaços uma noz de coco mole com um cutelo. As várias partes do tempo têm todas elas, nomes: segundo, minuto, muitos minutos para fazer uma hora, muitas horas para fazer um dia, muitos dias para fazer um mês, ano, século e milénio. O segundo é mais pequeno que o minuto e este mais pequeno que a hora. As horas são feitas de todos os segundos e minutos juntos, e é necessário ter sessenta minutos para fazer uma hora. É uma coisa muito confusa que eu nunca percebi e, o Papalagui, contudo, faz disso tudo, uma ciência.

 O espaço

Os homens, as mulheres e até mesmo as crianças que ainda mal se têm nas pernas trazem consigo, quer presa por grossas cadeias de metal que lhe pendem do pescoço, ou atada ao punho com a ajuda de uma correia de coiro uma pequena máquina achatada e redonda onde pode ler o tempo, o que não é mesmo nada fácil. Logo de criança, o homem fica escravo dessa coisa do tempo e, é ele mesmo que se prende às peles de coiro. Nas cabanas há outras máquinas do tempo, grandes e pesadas, e outras ainda suspensas no cimo das mais altas cabanas (igrejas) para que se veja bem de longe. Quando decorre um certo tempo, dois dedinhos, um pequeno e grosso e outro comprido e fino, é mostrado na parte de fora da máquina; ao mesmo tempo que a máquina solta um grito e um espírito bate num ferro que há lá dentro, fazendo-o ressoar.

  o tempo

Há um barulho enorme, um estrondo que se ouve em todas as cabanas da cidade, ao fim dum determinado tempo. Nos campos, com poucas ou nenhuma cabana há pessoas que se ajoeçham e rezam viradas para a torre da cabana com a máquina fazendo cruzes ao Grande Espírito. Os relógio grandes das cabanas em vez dum ferro batendo noutro ferro, há um pássaro que sai assustando-nos igual a um qualquer pássaro colorido da nossa ilha de Samoa. O Papalagui quando bate a hora queixa-se “mais uma hora, bolas! Necessito de tempo para …” Ao dizer isto, mostra um ar triste, como alguém condenado a uma grande tragédia mas, logo a seguir principia uma nova hora! Que chatice diz ele. Nunca fui capaz de entender isso e julgo que se trata de uma doença grave. «O tempo escapa-se entre os dedos!», «Escapa-se como um cavalo». «Dá-me um pouco mais de tempo». São estes os queixumes do homem branco.

* PAPALAGUI: - Homem branco; visão de um chefe de tribo das  Ilhas Samôa que visitou a Europa no primeiro quarto do século XX  e descreveu o que viu desta forma.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:31
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Terça-feira, 15 de Março de 2011
XICULULU . XIII

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

 “A MORTE COM INTERMITÊNCIAS”

 

  T´Chingange

XICULULO: -Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo”

Ao fim de quatro meses lá consegui chegar ao fim do livro, solicitando um fósforo para o fazer arder; queimá-lo como a carta lilás da morte enviada ao violoncelista que lutou pela vida até se deitar com a morte no derradeiro momento em quer as pálpebras se fecharam; precisamente no momento em que em sonhos folheava a partitura opus mil e doze de Johann Sebastian Bach. Ele, o violoncelista, momentos antes desta partitura e na companhia duma misteriosa donzela de nome gadanha, folheava o caderno da suite número seis de Bach. A donzela dissera nesse prelúdio de tempo que a suite número seis era demasiado extensa para ele a poder interpretar, que já não tinha tempo. Com a femeninissima e cheirosa senhora, definhou a morte abraçado-a no preciso momento em que as cinzas da queima da carta lilás se dissiparam na floresta silênciosa do paraíso.

  A SENHORA GADANHA

O dia que se seguiu era um domingo e, naquela ilha de Lançarote eu, relator desta missiva descolorida, tinha por obrigação de levar o cão à praia, dar um largo passeio de bicicleta borrifado pela maresia vinda de África, depois talvez ir à missa a recordar o envangelho segundo São Mateus, ou São Lucas, e as lendas da minha mãe de quando me explicava que aquelas manchas da lua eram molhos de lenha a ser transportados por homens, do lobisomem que lá pela meia noite atormentava o meu pai no regresso do namoro, uma bruxa bonita que o enfeitiçou nas terras de Nesprido da Beira Alta, num lugar de Povelide nas encostas da Serra da Estrela um pouco acima das margens do rio Dão; os pinheiros quando da sua passagem rosnavam-lhe medos como se fossem gente e, até um grande cavalo escuro fazia trote entre roncos estranhos, fogachos misteriosos e coisas dum mundo de assustar meninos. Saramargo, viu-se aflito naquele aperto enorme feito drácula da transilvânea que não morre por mais que o matem, a não ser que que lhe cravem uma estaca no coração.

  AS BRUXAS DE NESPRIDO

A ressurreição do Grande Espírito deu-se ao terceiro dia porque não tinha podido ser no segundo. Neste tempo de satélites o homem da lua não transporta silvas como dizia minha mãe dona Arminda, nem há iguais bruxas de Nesprido como afirmava meu pai Manuel para meter medo a meus filhos que curiosos ficavam inchados de olhos e medo, mas é certo que num qualquer recanto do planeta, num outro tempo, havia formigas do tamanho de cães e cães do tamanho de formigas. Também havia mulheres que deixavam escorrer o sangue da menstruação pelos campos cultivados para aumentar a fertilidade das sementeiras. Neste especial dia de peneirar preguiça vagueei no dorço de uma bruxa chamada vida de soluços portugueses, duma mangonha feita tuge de Angola ou frescura brasileira. A merda da gadanha não se afasta; estou mesmo chateado.

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:43
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Segunda-feira, 14 de Março de 2011
ANGOLA – O PAÍS DA BANGA . III

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

         “EDUCAÇÃO . 2”

 

Dignidade

BANGA.3

Quem se educa, pode ler e entender melhor o que lê e as coisas de proximidade, não vai aguentar ficar calado vivendo em soluços de prestações num dia-a-dia permanentemente caducado. Quem tem formação e educação não aceita que as crianças morram em corredores de hospitais, ou de fome, falta de assistência, de informação verdadeira e de dignidade. Quem se informa sabe das coisas, não vai mais achar que a corrupção nos altos escalões é coisa normal ou aceitável, assim mesmo, não aceitará a injustiça, gritos de brutalidade ou humilhação.

  Liamba

BANGA.4

Um povo educado, reclama, elege diferente, lê o jornal, conhece livros, assina sabendo o que está no papel, interpreta o preto no branco e vice-versa e o que vê na televisão ou escuta na rádio. Ambicionará para seu filho algo mais do que viver na rua ou morrer aos poucos na droga dos arrabaldes ou próxima esquina. A educação faz enxergar as reticências com outros olhos, ver a sombra maquiavélica da maldade e suas nuances, enxergando os outros nos olhos. O sabedor das coisas, o educado, formado e informado vai reclamar de quem mentiu, prometeu e não cumpriu, o que se tornou corrupto e segue sem impunidade; não permitirá ser usado ou vilipendiado por pensar diferente e lutará contra todos os tipos de preconceitos.

(Continua…)

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:56
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Sábado, 12 de Março de 2011
N´GUZU . XI

AS ESCOLHAS DO KIMBO*

PEMBE . ANGOLA, 25 DE SETEMBRO DE 1904 

A MAIOR DERROTA PORTUGUESA NA ÁFRICA NEGRA 

Cuamatos . preparos para a guerra
A 25 de Setembro de 2011, completar-se-ão107 anos sobre a data em que se produziu a maior derrota dos Portugueses na chamada África Negra.
Foi no Sul de Angola, a cerca de 500 quilómetros da costa, quando uma coluna comandada pelo governador da Huíla, João Aguiar (de que fazia parte Gomes da Costa, mais tarde famoso pela revolução portuguesa de 1926), se internou para lá do rio Cunene, através do vau do Pembe, numa campanha de início orientada contra a poderosa tribo dos Cuanhamas. Os Portugueses, apanhados numa emboscada, caíram às mãos de outra tribo do grupo dos Ambós, os Cuamatos, e deixaram no local centenas de mortos, o que representou, à escala africana, uma trágica surpresa para a Europa colonizadora. Pouco depois das oito horas da manhã, ao cabo de trinta minutos de luta, as li­nhas portuguesas denotam assustadores indícios de desagregação. Do lado dos Disciplinares, na face da frente, informa-se que as munições estão a chegar ao fim. A artilharia emudece bruscamente, após cada uma das peças ter desfechado vinte e quatro tiros sobre a mata fronteira. Os Cuamatos aproveitam para se aproximarem a coberto dos acidentes naturais e são detectados guerreiros a cinquenta metros do quadrado. Ao mesmo tempo, os lengas procuram fechar o cerco e fazem com que se inicie o ataque à face da retaguarda.
 O Kimbo
 
Transcrevem-se do livro "Senhores do Sol e do Vento" alguns momentos culminantes desse combate terrível e memorável, que fez estremecer nos alicerces a presença lusitana em Angola no início do século XX.
 
(...) O comandante da expedição dirige as operações da travessia a partir da margem direita, onde mandou improvisar um cais para os barcos de lona de que a coluna vem munida. Aguiar parece ter alimentado durante muito tempo a convicção de que não depararia com resistência significativa nas imediações do rio, o que lhe teria possibilitado acercar-se em dois ou três dias de Mogogo, no Cuamato Pequeno. Esse foi apenas um dos seus erros capitais. Com efeito, do outro lado das águas, por detrás da quietude aparente da mata de Mucohimo, oculta-se aos olhos dos Portugueses um perigo mortal: vindos de Mogogo, onde se realizara a concentra­ção, milhares de guerreiros Cuamatos confundem-se, silenciosos e determinados, com as sombras do arvoredo, espiando, desde o início, os passos dos invasores. Trata-se na maioria de gente de Igura, o soba do Cuamato Pequeno. Mas há também aliados do Cuamato Grande, enviados de Nalueque pelo soba Chaúla. Organizadas em etangas - unidades dos exércitos ambós, de cem a seiscen­tos ho­mens, chefiadas por lengas, as forças do Cuamato exibem um armamento hetero­géneo, mas em todo o caso temível. As espingardas mais aperfeiçoadas -Kropatscheck, Winchester, Mauser - foram distribuídas aos lengas e aos atirado­res especiais. Os parentes dos senhores importantes possuem armas Martini, ao passo que os guer­reiros comuns empunham espingardas Snider e de pistão. A gran­de massa do exército dispõe, todavia, do armamento tradicional - arco e flecha, za­gaia, punhal e porrinho, a mortífera moca, frequentemente eriçada de cabeças de pregos.
A travessia do Cunene
E Pinto de Almeida, o que é feito do comandante do destacamento? Ele vagueia pelo interior do quadrado, perdido num distanciamento de sonâmbulo, contem­plando com uma fleuma arrepiante a inexorável realização do destino. À sua volta desenha-se um espectáculo pavoroso. Com excepção da retaguarda, as linhas por­tuguesas oscilam, retrocedem, abrem brechas repentinas. Os homens clamam que vão ficar ali todos. O doutor Silveira, o amigo de João Roby, rodeado de sangue e de brados de dor, informa que já não há onde meter tantos feridos. O quadro de ofi­ciais reduz-se a olhos vistos. O capitão Morais está inutilizado, o tenente Adolfo Ferreira morreu, o tenente António da Trindade tem uma perna fracturada, o tenente José Maria Ferreira, dos Disciplinares, tombou morto no início da emboscada, e o alferes Oliveira, da 16.ª, jaz de borco com um orifício na nuca de onde jorra sangue abundante. (...)O inimigo viu bem que não podíamos continuar a resistir por mais tempo e, temendo que viessem reforços em nosso auxílio, precipitou-se em massa sobre nós, travando-se um combate corpo-a-corpo, à zagaia, à faca, a machadinho, ao porrinho, defendendo-se os nossos à espada, à baioneta, à pistola, fazendo das espingardas achas de armas (...). Houve rasgos de heroicidade e de lou­cura!
 Artilheiros
Vêem-se cadáveres de Angolanos,  Açoreanos, de Goenses, Moçambicanos e da metrópole portuguesa, naturalmen­te. Está ali o que resta dos solda­dos Sebastião Coimbra, de Braga, Narciso do Sacramento, de Chaves, Joaquim de Sousa Carvalho, do Porto, Germano de Jesus, de Pombal. Corpos retalhados, re­mexidos, à mercê da alegria e da cobiça dos ven­cedores. Estão o cabo António Simões Lopes, de Figueiró dos Vinhos, o soldado Joaquim Fialho Pinto, de Évora, o primeiro-sargento José Augusto Carrajola, de Elvas, o soldado Joaquim Damião José, de Faro. Não tardará a haver pesar e pranto em Vinhais, em Curral de Vacas, em Sande, na Várzea de Santarém, em Gondar, no Rosmaninhal, em Aguiar da Beira, na Sertã. Em tantos e tantos outros recônditos lugares do pequeno, aventu­roso e trágico Portugal.
 Cunene
Mas, por enquanto, na floresta de Mucohimo, a hora é ape­nas dos guerreiros Cuamatos. As etangas empreendem o regresso às ombalas de Mogogo e Nalueque, entoando alegres cânticos de vitória. Os jovens e destemi­dos guerreiros trazem consigo as peças de artilharia conquistadas, centenas de ou­tros troféus de guerra e um único prisioneiro - o auxiliar negro que serviu de in­térprete aos invasores. Permitiram-lhe que an­dasse com eles pelos sítios da batalha e dei­xarão que testemunhe as suas comemo­rações, após o que lhe concederão a li­ber­dade para ir contar aos Portugueses como fora inexcedível a bravura dos Cuamatos e esmagadora a sua vitória. No campo da luta começam entretanto a apodrecer os mártires negros e brancos de um império insólito. Por ali ficarão, abandonados ao tempo e às feras, até restarem apenas os­sadas dispersas. 

* Referências Bibliográficas:
- (José Bento Duarte - Senhores do Sol e do Vento - Histórias Verídicas de Portugueses, Angolanos e Outros Africanos - Editorial Estampa - Lisboa - 1999)
O Soba T´Chingange


PUBLICADO POR kimbolagoa às 23:34
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CAZUMBI . XX

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

 

   “GENTILEZA DA CONDESSA DO KIPEIO “. TR

   Fonte: Folha de São Paulo 

   Artigo: "Como abrir uma igreja no Brasil!!!"

Eu, Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha, e Rafael Garcia, repórter do jornal, decidimos abrir uma igreja. Com o auxílio técnico do departamento Jurídico da Folha e do escritório Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de Figueiredo Gasparian Advogados, fizemo-lo. Precisamos apenas de R$ 418,42 em taxas e emolumentos e de cinco dias úteis (não consecutivos). É tudo muito simples. Não existem requisitos teológicos ou doutrinários para criar um culto religioso. Tampouco se exige número mínimo de fiéis. Com o registro da Igreja Heliocêntrica do Sagrado Evangélio e com o número do CNPJ, pudemos abrir uma conta bancária na qual realizamos aplicações financeiras isentas de IR e IOF. Mas esses não são os únicos benefícios fiscais da empreitada. Nos termos do artigo 150 da Constituição, templos de qualquer culto são imunes a todos os impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda ou os serviços relacionados com suas finalidades essenciais, as quais são definidas pelos próprios criadores. Ou seja, se levássemos a coisa adiante, poderíamos nos livrar de IPVA, IPTU, ISS, ITR e vários outros "Is" de bens colocados em nome da igreja. Há também vantagens extratributárias. Os templos são livres para se organizarem como bem entenderem, o que inclui escolher seus sacerdotes. Uma vez ungidos, eles adquirem privilégios como a isenção do serviço militar obrigatório e direito a prisão especial. 


LISTA DE IGREJAS ABERTAS NO BRASIL EM 2010 (até Setembro) - Podem julgar o conteúdo pelos nomes...

- Igreja da Água Abençoada 
- Igreja Adventista da Sétima Reforma Divina (será reforma fiscal??) 
- Igreja da Bênção Mundial Fogo de Poder 

- Congregação Anti-Blasfêmias 
- Igreja Chave do Éden 
- Igreja Evangélica de Abominação à Vida Torta

- Igreja Batista Incêndio de Bênçãos 
- Igreja Batista Ô Glória! 
- Congregação Passo para o Futuro 
- Igreja Explosão da Fé 
- Igreja Pedra Viva 
- Comunidade do Coração Reciclado (estamos na era do reciclado/reaproveitado...) 
- Igreja Evangélica Missão Celestial Pentecostal 

- Cruzada de Emoções 
- Igreja C.R.B. (Cortina Repleta de Bênçãos) 
- Congregação Plena Paz Amando a Todos 
- Igreja A Fé de Gideão 
- Igreja Aceita a Jesus 
- Igreja Pentecostal Jesus Nasceu em Belém

 Templo de Salomão
- Igreja Evangélica Pentecostal Labareda de Fogo 
- Congregação J. A. T. (Jesus Ama a Todos) 
- Igreja Evangélica Pentecostal a Última Embarcação Para Cristo(quem perder vai ficar!!!) 
- Igreja Pentecostal Uma Porta para a Salvação 

- Comunidade Arqueiros de Cristo 
- Igreja Automotiva do Fogo Sagrado (ESSE DEVIA TER ABERTO UMA CONCESSIONÁRIA) 

- Igreja Batista A Paz do Senhor e Anti-Globo (será a rede Globo?)
- Assembléia de Deus do Pai, do Filho e do Espírito Santo 

- Igreja Palma da Mão de Cristo 
- Igreja Menina dos Olhos de Deus (Sem comentários)
- Igreja Pentecostal Vale de Bênçãos 
- Associação Evangélica Fiel Até Debaixo DÁgua !!!!
- Igreja Batista Ponte para o Céu 
- Igreja Pentecostal do Fogo Azul 
- Comunidade Evangélica Shalom Adonai, Cristo! (Será judia evangélica??? 
- Igreja da Cruz Erguida para o Bem das Almas 
- Cruzada Evangélica do Pastor Waldevino Coelho, a Sumidade 
- Igreja Filho do Varão (Opa!!! Se puxar o pai vai se dar bem!!!!) 
- Igreja da Oração Eficiente 
- Igreja da Pomba Branca 


- Igreja Socorista Evangélica 
- Igreja A de Amor (NESSA SÓ DEVE TER ADORADORES DA XUXA) 

- Cruzada do Poder Pleno e Misteri oso 
- Igreja do Amor Maior que Outra Força 
Igreja Dekanthalabassi 

- Igreja dos Bons Artifícios 
- Igreja Cristo é Show 
- Igreja dos Habitantes de Dabir (ainda não somos bastantes... Onde é Dabir??) 
- Igreja Eu Sou a Porta 

- Cruzada Evangélica do Ministério de Jeová, Deus do Fogo 

- Igreja da Bênção Mundial 
- Igreja das Sete Trombetas do Apocalipse 
- Igreja Barco da Salvação 
- Igreja Pentecostal do Pastor Sassá 
- Igreja Sinais e Prodígios 
- Igreja de Deus da Profecia no Brasil e América do Sul 
- Igreja do Manto Branco 
- Igreja Caverna de Adulão (Ali Bábá eu conheço agora Adulão!!!) 
- Igreja Este Brasil é Adventista 
- Igreja Evangélica Florzinha de Jesus
 (QUE DEUS ME PERDOE, MAS ISSO FICOU TÃO GAY) 

 N. Senhora da Aparecida
- Igreja Cenáculo de Oração Jesus Está Voltando 
- Ministério Eis-me Aqui 
- Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia 
- Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará 
- Igreja de Deus Assembléia dos Anciãos 
- Igreja Evangélica Facho de Luz 
- Igreja Batista Renovada Lugar Forte 
- Igreja Atual dos Últimos Dias 
- Igreja Jesus Está Voltando, Prepara-te 
- Ministério Apascenta as Minhas Ovelhas 
- Igreja Evangélica Bola de Neve

- Igreja Evangélica Batista Barranco Sagrado 
- Ministério Maravilhas de Deus 
- Igreja Evangélica Fonte de Milagres 
- Comunidade Porta das Ovelhas (isso já tihamos imaginado...) 
- Igreja Pentecostal Jesus Vem, Você Fica
 (QUE EGOÍSTA) 
- Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo
-
 Igreja Evangélica Luz no Escuro 
- Igreja Evangélica O Senhor Vem no Fim (NÃO DÁ PRA CHEGAR UM POUCO MAIS CEDO??) 
- Igreja Pentecostal Planeta Cristo 
 Catedral de Brasilia
- Igreja Evangélica dos Hinos Maravilhosos
- Igreja Evangélica Pentecostal da Bênção Ininterrupta 
- Assembléia de Deus Batista A Cobrinha de Moisés

- Assembléia de Deus Fonte Santa em Biscoitão 
- Igreija Evangélica Muçulmana Javé é Pai (PÔ, ESSE AQUI NÃO TEM NEM NOÇÃO DE RELIGIÃO) 
- Igreja Abre-te-Sésamo 

- Igreja Assembléia de Deus Adventista Romaria do Povo de Deus 
- Igreja Bailarinas da Valsa Divina

- Igreja Batista Floresta Encantada (FICA NA DISNEY ISSO????) 
- Igreja da Bênção Mundial Pegando Fogo do Poder 
- Igreja do Louvre 
- Igreja ETQB, Eu Também Quero a Bênção 

- Igreja Evangélica Batalha dos Deuses 

- Igreja Evangélica do Pastor Paulo Andrade, O Homem que Vive sem Pecados 
- Igreja Evangélica Idolatria ao Deus Maior 
- Igreja MTV, Manto da Ternura em Vida 
- Igreja Pentecostal Marilyn Monroe 

- Igreja Quadrangular O Mundo É Redondo 
- Igreja Pentecostal Trombeta de Deus 
- Igreja Pentecostal Alarido de Deus 
 É tempo de orar
- Igreja pentecostal Esconderijo do Altíssimo 

- Igreja Batista Coluna de Fogo 
- Igreja de Deus que se Reúne nas Casas
- Igreja Evangélica Pentecostal a Volta do Grande Rei
- Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia 
- Igreja Evangélica a Última Trombeta Soará
- Igreja Evangélica Pentecostal Sinal da Volta de Cristo

- Igreja Evangélica Assembléia dos Primogênitos 
- Ministério Favos de Mel 
- Assembléia de Deus com Doutrinas e sem Costumes

 

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:57
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Sexta-feira, 11 de Março de 2011
N´GUZU . X

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

“Ovambos”

  Owamboland (Parte Namibiana)

Eduardo Costa que foi governador de Angola, logo após a sua posse, procurou ocupar as terras Cuanhamas que estavam em revolta permanente. Logo em inícios de 1904 assassinaram dois comerciantes portuguêses o que levou o governo da metrópole a enviar reforços o que se veio a verificar com a chegada a Junho de 1904 de duas companhias de infantaria, um esquadrão de dragões e uma bateria de artilharia do Puto com mais uma secção de artilharia da marinha com duas peças de 37mm e oito marinheiros comandados por um guarda-marinho. Esta expedição foi entregue ao comando do capitão João Maria da Aguiar então governador dos distritos de Moçamedes e Huila. A 25 de Setembro daquele ano, o capitão de artilharia Luís Pinto de Almeida, assumindo o comando de 500 homens interna-se em território Ovambo vindo a sofrer aquele que ficou conhecido como o massacre do Pembe; uma força avaliada em 15.000 Cuamatos, atacaram aquela força portuguesa tendo dizimado mais de metade dos seus efectivos.

  Cuamatos do Pembe

No combate do Pembe perderam a vida entre outros, o capitão Pinto de Almeida, os tenentes Adolfo Ferreira, Freire Temudo, Francisco Rezende, Luís Rodrigues, Matias Nunes, Albino Charlot, Pacheco Leão e Joaquim Rodrigues; do quadro colonial morreram o tenente José Maria Pereira, alferes Manuel de Oliveira e Correia da Silva; da marinha: o segundo tenente João Roby e 1º tenente médico Manuel João da Silveira. A coluna do capitão Aguiar, instalada nas margens do Cunene, estrategicamente, retirou para o Lubango. As notícias do desastre do Pembe tiveram efeitos alarmistas entre a população europeia do distrito da Huila, cujo governador era desde 1905 o capitão Alves Roçadas. A vitória do Pembe por parte dos Ovambos, estimulou outros povos do Sul de Angola no caminho da revolta com a inclusão dos aquém Cunene, da Chibia, Humbe e Gambos.

 

Alves Roçadas . chegada ao Lubango

As primeiras operações de Alves Roçadas foram dirigidas ainda no ano de 1905 contra o soba de Mulombo que tinha praticado actos de violência contra comerciantes europeus que passavam pelas suas terras. As terras do fim-do-mundo foram um osso duro de roer. Os grandes embates de guerra ainda iriam durar até ao ano de 1920. Os Cuamatos reuniram o máximo de vizinhos sendo estes, no entanto, os mais aguerridos, os mais audazes, sendo até temidos por Cuanhamas e Envales. Este povo Ovambo, ainda tinha a seu lado os Kwambi, muito temidos no uso de arma branca (catana e facão) mais os Ganguelas, Barantus e Himbas ou Hingas que todos juntos seriam uns 20.000 guerreiros. Alves Roçadas distinguiu estes povos guerreiros como sendo merecedores de respeito no campo da batalha. É curioso rever o passado desses guerreiros para lembrar a morte do último desta fusão de povos do Sul, o Umbundo Jonas Malheiro Savimbi há nove anos atrás (22 de Fev. de 2002). A história não pode ser decepada para contento só de alguns, mesmo que isso seja desconfortável.

 Jonas Savimbi


BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA: Batalhas da História de Portugal – Academia Portuguesa de História – Campanhas Coloniais.

(Continua…)

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:22
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Quinta-feira, 10 de Março de 2011
DESERTO . X

  FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        “Katima Mulilo - Secreta missão


Deserto secreto . Katima

A caminho de Katima Mulilo cruzamos todo o Caprivi Game Reserve, uma faixa com 32 km de largura apresentando-se no mapa como um dedo indicador apontando o Zimbabwe. Com cerca de 180 Km de extensão com floresta de folha larga, ela foi desenhada pelos britânicos em Berlim para poderem ter acesso a todas a s suas posseções; eles tinham o sonho de unir Cape Town ao Cairo. Estende-se pela fronteira do Sul de Angola até ao rio Kwando formando o Delta do Okavango do lado namibiano, com ilhas dispersas a partir daquele rio, tendo o Botswana a Sul.

Bar do Hotel Zambezi river 

Os rios Zambeze e Chobe formam as fronteiras Nordeste e Sudeste. O nosso destino são as Cataratas de Vitória Falls no encontro da fronteira com o Zimbabwe bem próximo da cidade de Livingstone. Já em Katima Mulilo resolvemos fazer compras no maior supermercado da região pertencente ao Sr. Coimbra, um refugiado Tuga vindo de Angola logo após o 25 de Abril; parece que este senhor tinha uma qualquer ligação com a PIDE e numa primeira etapa de sua fuga assentou em Windohek e depois rumou a Norte. Tomamos contacto esporádico com a família que tomava conta do negócio e depois dirigimo-nos até às margens do Zambeze aonde assentamos arraiais no hotel Zambezi river Lodge de características africanas e com acomodações para visitantes de mochila, como nós.

Protea

Foi bom ficar ali sentado na margem daquele Zambeze ainda manso cruzando pensamentos das terras do Fim-do-Mundo que no correr dos tempos parecia ser só uma ilusão. Éramos os exploradores modernos com todas as mordomias seguindo a peugada de Silva porto, Serpa Pinto, Capelo e Ivens. E, como foi bom pisar aquelas terras, ver manadas de elefantes raspando a terra impondo poder e abanando as grandes orelhas a meter medo. Ao cair da noite fizemos o nosso brai com aquela carne saborosa de caça que só existe por aquelas paragens. E, como eu gostaria de repetir esta volta mais uma terceira vez; Estas áreas remotas do globo são completamente diferentes de qualquer outra região; com muitas aves, plantas aquáticas, grande número de mamíferos e muitas espécies de vegetação de pequeno e grande porte como a Marula. No Mudumo National Park podemos apreciar búfalos, elefantes, leopardos, hipopótamos e muitos outros antílopes. Pelo menos uma vez na vida, o ser humano deveria ter a possibilidade de ali ir ver o verdadeiro paraíso da terra. Se Deus permitir, conto ir lá uma terceira vez para condizer com o ditado, não há duas sem três, conciliar a minha turbulenta consciência.

 Mazambala Lodge 

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:36
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Quarta-feira, 9 de Março de 2011
ANGOLA – O PAÍS DA BANGA . II

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

         “EDUCAÇÃO . 1”

  Lixeira no Cazenga e Samba

 

BANGA.1

Em Angola a educação, não obstante os esforços verificados pela estatística, está abaixo de qualquer critica e pode piorar com uma cada vez mais relaxada autoridade, escolas caindo aos poucos e sem equipamento, professores mal pagos e mal preparados tendo estes de se socorrer a biscates para defenderem o pão de cada dia. O povo necessita de gostar mais de si mesmo, valorizar-se, conseguir um emprego condigno ou subir num cargo, cuidar melhor de si e dos seus filhos, alimentar-se melhor e viver melhor. Só assim se construirá um país mais humano, mais digno, mais justo.

 

 Mercado Roque Santeiro

BANGA.2

Em verdade, não vejo muitos governos, líderes de verdade querendo um povo educado, ou seja, informado. Quem se informa, quem sabe das coisas, questiona as questões da sua comunidade, seu estado, seu país e, questiona sua própria condição comparando-a com outros estratos sociais, políticos e parceiros acomodados ao “vampirismo”, de chupar indignamente o que não lhes é devido por justo valor ou mérito. Os governantes não gostam e até perseguem quem reclama demais porque mora em cima de uma lixeira, filhos brincando nas águas de esgoto a céu aberto, comendo restos trazidos da cidade, da Mutamba, do Mussulo e condomínios de luxo, morrendo por falta de cuidados essenciais.

(Continua…)

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:32
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Terça-feira, 8 de Março de 2011
N´GUZU . IX

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        “CUANHAMAS”


 Gente das terras do Fim-do-mundo

Em 1874, foi a vez de se sublevarem os povos de Malange e de Ambaca. O forte “Duque de Bragança” foi atacado e socorrido a tempo por uma força enviada de Malange comandada pelo major Teixeira Beltrão dispersando os rebeldes. No ano de 1893, salteadores instalados nas ilhas de Sanga, roubavam, incendiavam e matavam a vila de Novo Redondo, a cidade actual de Sumbe. A fim de punir esses salteadores, em 1895, foi para ali enviada uma expedição que ficou conhecida por Libolo, comandada por Lourenço Padrel. Neste mesmo ano, o capitão Trigo Teixeira ocupou o Moxico após uma duríssima viagem que durou sete meses, tendo em Fevereiro de 1896 estabelecido quatro postos militares e uma colónia penal militar. Esta ocupação foi decisiva na sentença arbitral do rei de Itália Victor Emanuel III, a partir do malogrado tratado de 20 de Agosto de 1890, celebrado entre Portugal e a Grã-Bretanha na sequência do Ultimato Britânico de 1890 sobre a fronteira de Barotze (Barotseland), a actual Zâmbia, em litígio entre Portugal e a Inglaterra. Em 1900, o governador do Congo, Leitão Xavier, consegue a submissão dos Mussorongos que tentavam invadir Santo António do Zaire, actual Soyo.

 Um Mussorongo com chapéu de chefe (M´fumo)

Artur de Paiva que em terras do Fim-do-Mundo e no anos de 1898 tentava passar o rio Cunene a fim de submeter os povos Cuamatos e Cuanhamas, viu-se forçado a retirar aumentando a partir daí o desafio destes povos que nos dois anos seguintes ousaram avançar até terras de Caconda até que em Fevereiro de 1902 o chefe do concelho do Humbe, tenente Artur de Morais, com sua guarnição militar e alguns moradores, enfrentou uma incursão de Cuamatos que os iam atacar naquela sede. Artur de Morais conseguiu pô-los em fuga provocando-lhes grandes baixas. Entre 1901 e 1903, o capitão João Maria de Aguiar, que foi governador dos distritos de Moçâmedes e Huíla, projectou a ocupação do Sul de Angola, pelo que numa missão geográfica ao Cuanhama, no lugar de N´Giva, tendo sido entregue uma bandeira do Puto ao soba local, esta ali foi içada de imediato mas, assim que estes deram costas, a mesma foi retirada e despedaçada. Ainda iria correr muito sangue de expedicionários idos da metrópole e gentios Cuanhamas até que tudo ficasse apaziguado.

(Continua…)

BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA: Batalhas da História de Portugal – Academia Portuguesa de História – Campanhas Coloniais.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:42
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Segunda-feira, 7 de Março de 2011
ANGOLA - PAIS DA BANGA . I

MOKANDAS A VULSO . (OPINIÕES)

 NA KIXIMBA

Banga.1

O mais importante é os Angolanos chegarem à conclusão a que todo o mundo já chegou: em Angola ainda não há uma democracia. Quem visita Angola fica com a perpectiva de 2 mundos diferentes, por um lado um mundo de gente ligada ao partido que tem muito dinheiro, negócios e uma vida ao melhor nivel mesmo comparando com os padrões europeus mas por outro lado um mundo ao nivel do pior que existe, sem cuidados de saude primários, sem um estado social, enfim, parece mais um país capitalista onde impera a corrupção.... e o povo continua como ha' 100 anos, sem esperança nem brilho nos olhos (é só um estaleiro grande centrado em luanda). Por isso sou a favor de todas manifestações contra o estado actual com milhares ou milhões e pacificas porque acima de tudo já tivemos a nossa quota parte de guerra.

Banga.2

Se pretendem viver numa democracia, aprendam a respeitar o próximo, mesmo com opinião diferente da vossa. ANGOLA SIM, CORRUPÇÃO NÃO. Aos que dizem que Angola está a "bater", lembrem-se que ANGOLA NÃO É SÓ LUANDA. Eu queria ver-vos  se estivessem na província, sem electricidade, nem água corrente, sem os jipes de vidros fumados e A.C. com que fazem tanta banga. De cada vez que fizerem propaganda ao MPLA, pensem nos milhares de desgraçados que continuam a comer arroz com peixe frito de domingo a domingo, nas crianças que ainda morrem de malária em pleno século XXI, num país tão rico, nos milhares de angolanos formados que são obrigados a viver na Europa a fazer o que o branco não quer, porque se não tiverem um "tio" generspan> , não se safam. Enquanto isso, a "corja" vai desfilando a vaidade pela Europa e EUA, porque os filhos desses senhores estão todos a estudar fora, com o tacho à espera. Bando de "mwangoléssugas". Dêem lugar aos outros, 32 anos é muito. Dos Santos é INSUBSTITUÍVEL? Não creio!

 Angola no dia-a-dia

Banga.3

De uma vez por todas. Aos apoiantes do MPLA, que comem do mesmo tacho onde comem os actuais parasitas no Poder, parem de atirar areia para os olhos do Povo. Ninguém quer mais guerra em Angola, tratou-se de uma tentativa de MANIFESTAÇÃO PACÍFICA. Os que apelam aos angolanos para que fiquem quietos, são os mesmos que fazem parte do SISTEMA que precisa de ser substituído. ANGOLA não é o MPLA, e vice-versa. Deixem os "outros" que não pertencem à escumalha expressar as suas opiniões livremente. Foi uma autêntica vergonha a forma como esta manifestação foi tratada nos noticiários da TPA, que não passa do braço informativo do MPLA, onde é difundida propaganda política. A TPA não é televisão de Angola. É do Estado. Não ouvi uma única entrevista às pessoas a favor da manifestação, para que pudessem expressar os seus pontos de vista. Ao invés, tive que aturar os comentários difamatórios dos membros da "corja", que ocuparam metade do telejornal a insultarem os apoiantes da MANIFESTAÇÃO PACÍFICA.

Banga.4 

m igualisa (será Agualusa ?) .a demonstracao com a guerra armado este individo nao tem nada na sua cabeca, este homem é muito burro. ele nao tem qualquera nocao da inteligencia. sao voces que o MPLA preciza para continuar dominar e abrutir os angolanos. O MPLA sabe muito bem, o nivel intelectual dos angolanos é muito baixo,incluindo os que governam teem poco abilitacoes literais. O MPLA vai sempre aprotar vergonhanzamente este facto. È facil manipular o povo analfabeto

 Angola no kilombo de Luuanda

Banga.5

É INCOMPREENSIVEL QUE O POVO ANGOLANO QUE LUTOU PELA LIBERDADE, INDEPENDENÇIA, DEMOCRACIA, DEIXE MORRER ESSE SONHO.

 

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:28
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PAPALAGUI . VIII

 AS ESCOLHAS DO KIMBO

“O dinheiro e o poder” - Visão de Tuiavvi

No sítio a que os brancos chamam de cidade, o solo está árido como a palma da mão. Por isso o Papalagui perdeu o trambelho e brinca ao Grande Espírito para esquecer o que não tem. Como é assim pobre, e a sua terra triste, apodera-se das coisas coleccionando-as como um louco que apanhasse folhas murchas e com elas enchesse a casa. O papalagui é pobre porque está obcecado pelas coisas e, não pode passar sem elas. Guarda isso tudo em baús, panos, tecidos de baixo e de cima, para as peles das mãos e dos pés, para guardar o metal redondo, para as provisões e até o livro santo (bíblia), para tudo quanto há na terra. Quando entramos numa cabana-cozinha do puto e toda a europa, vemos uma porção de pratos de comida e de utensílios de cozinha que nunca são usados. Para cada alimento há uma tanoa (prato, copo, taça) diferente, uma para a água, outra para a kava (vinho, marufo, sumo) europeia, mais outa para a noz de coco e outra ainda para o ovo. Quem tem poucas coisas considera-se pobre e isso fá-lo sentir-se triste.

 

Um papalgui com poder

Não há Papalagui algum que seja capaz de cantar e mostrar um olhar feliz se apenas possuir como nós de Samoa, uma só esteira para dormir e uma só tanoa para comer. Muito se lamentariam os homens e as mulheres do mundo branco se vivessem nas nossas cubatas. Irmãos destas muitas ilhas: temos que tomar cuidado e permanecer vigilantes, pois as palavras do Papalagui parecem bananas doces, mas estão cheias de dados ocultos, feitos para matar toda a luz e a alegria que existe em nós. Nunca da boca do homem branco saiu mentira maior do que esta que ele diz «As coisas do Grande Espírito não servem para nada; só as coisas do homem são úteis, muito úteis, as mais úteis». O que o branco diz e tenta impor-nos vem direito do espírito mau (diabo); os seus pensamentos estão imbuídos de veneno. Um dia ouvi um branco Papalagui dizer: «Temos que levar estes gajos a terem necessidades, só então é que eles ganharão de facto gosto pelo trabalho».

 

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:56
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Domingo, 6 de Março de 2011
XICULULU . XII

A CRÓNICA DO SOBA T´CHINGANGE

 “Angola e a marcha da paz . 4 de março”

“XICULULO: -Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo”

  T´Chingange

Os desígnios de Deus são os que sempre foram, inescrutáveis; isto significa que não nos é permitido espreitar pela frincha da porta do céu para ver o que se passa lá dentro. Os crentes que como é lógico esperam ter distinção especial, reclamam estar a ser subestimados a favor dos heréticos, agnósticos, ateus e incrédulos de toda a espécie. Os afeiçoados a outras religiões com os virtuosos verdugos e mafiosos políticos, ladrões e assassinos, loucos e sãos mafiosos de juízo e crença com as testemunhas de Jeová juntam a eterna vida da alma aos espíritas imortais, filosóficos ateus. Os desígnios de Deus são os da imprevisível vida por a qual passamos num cada vez maior recurso aos filósofos que necessitam tanto da morte como as religiões porque, filosofar é aprender a morrer entorpecido, ajudar a traficar clandestinamente os padecentes retirando da hierarquia o Grande Espírito, liquidando o dragão da morte aparando-lhe as unhas naquele montão de ossos, a morte embrulhada num pano de linho alvo; salvando vidas a contento dos números clausus.

 Marco Histórico dos Heróis do 4 de Fevereiro marca concentração final dos que marcham pela paz (foto ASF)

MANIF 04 DE MARÇO . CAZENGA

As reticências dos governos dissipam as verdades num envolvimento directo com a máfia na administração de vidas; dominam os seus próprios vasos comunicantes com ditos patrióticos da Maria da Fonte, dum hino e bandeira verde e rubra ou um herói chamado de Valódia, uma bandeira negra e vermelha com o gadanho da morte em forma de catana e apelo às massas de Vitória ou Morte. Dos slogans dos dois países, Portugal e Angola dissipadas as verdades, ouvidos os verdugos definitivamente a Vitória ficou para alguns e a Morte para os demais. A gadanha da morte feito catana, para muitos, chegou antes do tempo. A Vitória desfila pelas principais avenidas as macas, carrinhos de mão para deficientes, ambulâncias atrás dos tanques, misseis e poderes maiores a dissipar a verdade. No consciente do povo subjugado fica a repulsa, nojo, repugnância e asco de governantes que perpetuam o poder. Exemplos? Temos o Irão, Egipto, Iraque, Venezuela, Líbia e, tambem Angola. Aqui, uns poucos ficam com a Vitória e todos os demais com a Morte. As manobras de diversão continuam.


Bibliografia de referência: História da relação Portugal / Angola e as intermitências da morte de José Saramago.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:13
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XIPALA . III
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

Crónica de Arrais de Bustos. Embaixador Honorário do Kimbo

MARÉ ALTA“ De: Aristides Arrais

 ARISTIDES CORREIA ARRAIS

"XIPALA: - Fotografia, cara, rosto”

INSIGNIAS  DE BUSTOS 

 

Após o regresso do torrão natal de Bustos, ali ao lado de Aveiro e não muito distante da terra dos doutores, Coimbra,  apraz-me abonar o Kimbo a pedido do Soba T´Chingange com o meu  ponto de vista cordial no esteio da linha de pensamento que sempre me norteou, dádiva das gentes e gesta Lusa do qual eu faço parte. Do muito que observei comento uma ínfima parte: Hoje em dia, a maioria das sociedades da Globália são multirraciais. O comportamento das diferentes raças que se introduzem nas sociedades fixas é distinto, pelo que pergunto: Que parâmetros condicionam tal comportamento? Um negro ou um cigano, não importa em que sociedade esteja inserida, tem comportamentos diferenciados. Um indiano ou um cigano como exemplos, raramente se vêem a trabalhar na construção civil. Qual o por quê de certas opções activas? Alguns são mais criativos numas áreas do que noutras e muitos outros têm propensão a serem autênticos marginais ou simples parasitas; vivem na marginalidade por opção fazendo-se de vítimas para obterem dividendos da restante colectividade.

 

Marechal Deodoro e a praia de Arrais 

Há sempre quem os veja como uns coitadinhos desfavorecidos. Apenas vislumbro o seguinte: a componente genética pode ser boa ou má, ficar adulterada mas, são os costumes, orgulho, oportunismo e preconceito que originam essas realidades. As corporações de apoio, em meu entender,   têm a sua culpa no cartório porque não esmiúçam as causas de cada um daqueles muitos  párias coitadinhos que vegetam para perturbar os demais.

  Os dois bustos de Arrais

Do ponto de vista científico, o dito, determina a conduta de um povo, enquanto raça homogénea mas, quando os valores se alteram adulterando a vida comum a todos com o beneplácito e quase estimulo das instituições e exemplos deploráveis de governantes julgados impolutos, tudo se mutila na esfera social. Há todo o direito em querer conservar a raça humana no seu maior estágio de pureza dentro de cada cultura. Portugal, tem o dever de preservar esses diferenciais a qualquer preço. Parece-me ser um direito inalienável, posto que, ninguém gosta de se sentir ou ser considerado inferior, menosprezado, relegado ao abandono. Entretanto existem diferenças entre raças que infelizmente acabam  por conturbar o extracto sociocultural da sociedade invadida.  E esta, mais dia, menos dia reagirá  O lamentável dos dias de hoje é que os valores de referência apresentam-se tão confusos, que a gente acaba se perguntando: Será que somos nós os errados?


Aristides Arrais

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:05
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Sexta-feira, 4 de Março de 2011
DESERTO . IX

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

         “Divundo - Secreta missão

 Okavango River

A Baía dos Tigres de Pedro Rosa Mendes, introduziu o jornalista aos relatoS vivenciados na viagem feita entre Baia dos Tigres em Angola e Maputo de Moçambique, com passagens pelo Sul do Zaire, Zâmbia, Zimbabwe e Malawi. O nosso encontro foi no início da Faixa de Caprivi, cruzamento de rotas com saída para Botswana e Zimbabwe. A novela, romance, resulta de um cruzar das realidades de então com a ficção, onde se misturam histórias inventadas, um tudo-nada tendenciosas assentes no subterfúgio da ficção. "É o multiplicar a mentira a partir de coisas que realmente existiram", usando seu próprio linguajar. A viagem narrada nesta obra tenta retratar as angústias vividas por uma população anónima que quotidianamente contacta com uma realidade atroz, o poder entre dois partidos que querem o poder, Unita e Mpla.

 Ninho em espinheira

Na visão de Rosa Mendes sobre um quotidiano diferente, constitui-se como um narrador subjectivo que observa e opina sobre situações que se lhe deparam, ausente dos meandros intestinos da guerra; omitindo o embrião dos factos. A aventura deste trajecto descrita por um beirão do puto sem conhecimento profundo das realidades angolanas de então tem o mérito de relembrar 100 anos mais tarde, as explorações feitas por Capello e Ivens. Num encontro fugidio, trocámos aleatórios pontos de vista sem preâmbulos encabulados. Ele e eu, escondíamo-nos do outro lado das margens duma guerra parva que só o destino dava justificação.

 Bosquimanos

Ambos, seguimos rumos de interesses e curiosidades diferentes. Neste dia iria visitar as margens mansas do Okavango a convite da Ana Maria Miranda, ver a natureza esplendorosa na companhia dos bois-cavalo dos rios chamados de hipopótamos; passamos por lá todo o dia, comemos debaixo dum jango podendo ver do outro lado o desmantelado quartel da Unita quando ainda eram os Sul-africanos que ali mandavam. Os hipopótamos e nós expeditos comparsas do acaso naquele instante nada queríamos saber da guerra, era a natureza que nos empolgava, as águas barrentas conspurcadas de merda do boi-hipo de boca grande e a mata circundante cheirando a África. São momentos que marcam; irrepetíveis.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:21
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Quinta-feira, 3 de Março de 2011
CAFUFUTILA . IV
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        “ANGOLA . O DESPERTAR DE CONSCIÊNCIAS”

          NOTICIA DA LUSOFONIA LUSA/SOL

 Isaias samakuva  

O líder da UNITA, Isaías Samakuva, acusou hoje, em conferência de imprensa, o «regime do Presidente José Eduardo dos Santos» de estar a planear um «atentado à vida dos dirigentes» do principal partido da oposição angolana. Isaías Samakuva referiu que este «plano» implica as acusações do MPLA, partido no poder, de que a UNITA estará envolvida na organização duma manifestação marcada para 07 de Março contra o Presidente angolano. O líder da UNITA negou o envolvimento do partido na organização desta manifestação e, respondendo às acusações do MPLA, repudiou as declarações de todos quantos pretendem «transformar a UNITA em bode expiatório da má governação do executivo». «A UNITA estranha o facto de o regime pretender utilizar a figura do direito à manifestação para se vitimizar, espalhar o medo e planear mais um atentado à vida dos dirigentes da UNITA e à soberania do povo angolano», disse Isaías Samakuva. O líder do maior partido da oposição em Angola disse ter conhecimento da intenção do «regime do Presidente José Eduardo dos Santos» de engendrar para esta semana um alegado «cenário de confusão, que justifique o assassinato de adversários políticos, em particular os mais altos dirigentes da UNITA». Na sua declaração, Isaías Samakuva afirmou que vai responsabilizar José Eduardo dos Santos «por tudo o que venha a acontecer, caso se materializem as suspeitas ora denunciadas». 

  MANIF . 07 MARÇO

Segundo o dirigente da UNITA, o agravamento dos níveis de pobreza nos centros urbanos e zonas rurais, «consequência da má governação, exclusão e corrupção galopante» faz com que a população fale hoje em «manifestações antigovernamentais». «Os que não têm emprego, não conseguem fazer três refeições por dia, não têm acesso à educação digna, não têm casa, água e luz, nem assistência médica condigna, não podem ser considerados arruaceiros apenas por desejarem manifestar o seu protesto», frisou o presidente da UNITA. Isaías Samakuva reafirmou que o conflito existente hoje em Angola é entre «o Presidente José Eduardo dos Santos e o povo angolano». «Cabe ao Presidente José Eduardo dos Santos eliminar as causas dos problemas e não impedir as manifestações pacíficas e ordeiras, nem maquinar a desordem para eliminar adversários e perpetuar-se no poder», frisou Samakuva. As redes sociais, SMS e sítios na Internet têm sido nos últimos dias os veículos para o anúncio de uma manifestação em Angola contra o Governo, no dia 7. Por seu lado, o MPLA vai organizar uma «marcha patriótica pela paz», no próximo sábado. Questionado sobre se a UNITA vai participar, Isaías Samakuva respondeu que não. Quando anunciou a marcha, o responsável provincial do MPLA em Luanda, Bento Bento, acusou a UNITA e o Partido da Renovação Social de envolvimento na organização da manifestação contra o Governo. Bento Bento disse ainda que um grupo de angolanos apoiados por países estrangeiros, incluindo Portugal, colocou em marcha um plano contra a República de Angola e contra José Eduardo dos Santos.

 

Lusa/SOL
Tags: Lusofonia, Angola

 


PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:12
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Quarta-feira, 2 de Março de 2011
XIPALA . II

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        “PAJUÇARA  COM EMPATIA” . o xicululu do soba


JANGADAS NA PAJUÇARA 

“XIPALA: - Fotografia, cara, rosto”

“XICULULU: - Olhar de esguelha, olho gordo, mau olhado”

O dia estava límpido neste vinte e oito de Fevereiro na orla majestosa da Pajuçara. A brisa bulia levemente as folhas da amendoeira com a sua sempre cobiçada sombra dum sol impiedoso que, já pelas nove horas da manhã esquentava esbeltos corpos. E, já o vento agitava vida no areal dourado com as muitas velas das jangadas esperando gente desejosa de saborear lá nas piscinas naturais os frutos do mar de Maceió. O café do botequim coco frio estava um pouco forte exigindo mais açúcar e, enquanto mexia tão saboroso líquido, trincava o pastel ainda quente derramando queijo de coalha nas minhas papilas gustativas. Embebido em pensamento, recordava de fresca incidência as pupilas, as meninas dos olhos que tudo apreciam mas que por razões agora identificadas, foram objecto de observação no hospital da visão Santa Luzia. A vermelhidão do meu globo ocular normalmente alvo de cor, preocupou a Dona Rosa, amiga atenta ao mais leve descuido da visão dos outros e, era eu que estava em causa; seu sogro tinha ficado cego e, em seu início apresentava esses mesmos sintomas de derrame indiciando cataratas. Dona Rosa, peremptória, lá pelas vinte horas do dia anterior, deu-me a conhecer que tinha marcado uma consulta com um seu amigo oftalmólogo no hospital do Farol em Maceió. Sem relutar tal decisão fui dizendo da desnecessidade de ser observado, porque esta anormalidade já se tornava em mim, uma normal incidência sexagenária; ” qual quê, vamos, e está feito, passo por aí, no encontro do mar pelas oito horas”. Até já tinha itinerários definidos para este dia vinte oito de Fevereiro, um roteiro empático a mostrar os aromas da orla em seu tom de esmeralda. As estravagâncias artesanais rendadas a preceito de pescador, pequenos regalos de pudicos quereres à mistura com macias apetências e, para todas as idades.

 PAJUÇARA . MACEIÓ

No bem apetrechado hospital, rapidamente fui atendido pelo doutor na sala seis que repetiu o que já outros oftalmólogos tinham dito: um coágulo de sangue rebentou numa dessas muitas veias aonde o vermelho agressivo só se torna visível por ser ali, no olho, que com o tempo se vai dissipando voltando ao aspecto de branco normal. Foi-me recomendado ir a um hematologista. A razão de documentar este sucedido está mais no facto de definir o que é isso do porquê de nos tornarmos amigos de alguém que há bem pouco tempo atrás era totalmente desconhecida. A amizade pura, sincera, desinteressada, nascia assim numa convivência que distingue o ser humano, fruto dum improviso, detalhe do cérebro a que se chama de “ocitocina”, curioso analisar-se o partilhar de macacos que, numa evolução, chegou até aos sapiens como uma troca de favores fruto de um hormónio pouco falado mas que entre o ser humano tem a maior importância; a amizade, porque surge e porque se mantem um instinto tão primordial no homem que origina a empatia, vulgo amizade. A ocitocina é a responsável pelo afecto que um conjunto de pessoas preserva de forma incondicional com outras gentes. Em algum momento da pré-história a relação de amizade com outros estranhos passou a ser necessária. A ocitocina faz com que tratemos estranhos como se fosse a nossa própria família. Isto é definido simplesmente com a palavra amizade. Esta forma de amizade já curiosamente tinha sido abordada pelos filósofos Aristóteles, Confúcio e Platão e só agora que o mundo está na viragem de valores e novas formas de estar se dá conta da importância que tem ter-se amigos. A manhã estava acolhedora como nunca e, eis que do nada e de forma quase mágica um senhor tisnado do sol, pescador, abriu uma bolsa a mostrar umas quantas lagostas transpirando frescura: O senhor quer? E eu quis; naquele preciso momento pensei em partilhar a amizade com a Dona Rosa regalando-lhe algo que a minha ocitocina dizia ser neste então a retribuição num pequeno hífen da vida. De compras feitas, início da tarde, eu António Português genérico 3, retemperei vontades num cochilo vespertino pensando em como é bom ter amigos e adormeci com um Bem-haja no canto do olho.

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:10
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Terça-feira, 1 de Março de 2011
XICULULU . XI
AS ESCOLHAS DO KIMBO
GENTILEZA DO BLOG ANGOLA DO OUTRO LADO DO TEMPO

       “FIM DO IMPÉRIO” 

 Maio de 2010 . Escritor russo revela plano de decapitação de dirigentes da UNITA e FNLA caso estivessem em Luanda no dia da independência

Maputo  - Contrariamente ao que se julgava, o Almirante Rosa Coutinho, que após o golpe de 25 de Abril de 1974 em Portugal foi nomeado alto-comissário português em Angola, não foi o único a favorecer o MPLA na tomada do poder pela força em Luanda à revelia do Acordo de Alvor que previa a realização de eleições livres. Leonel Cardoso, que viria a substituir Rosa Coutinho no cargo de alto-comissário português, desempenhou na prática um papel igualmente pernicioso para o futuro do novo Estado independente.
 FOTO - O que ficou do acordo de Alvor 
De acordo com Vladimir Shubin, autor do livro, «The Hot Cold War – the USSR in Southern Africa», em Outubro de 1975, cerca de um mês antes da proclamação da independência de Angola, Leonel Cardoso convidou Igor Uvarov, oficial russo que trabalhava sob a capa de correspondente da agência TASS em Luanda, para uma conversa, tendo-lhe confidenciado que “Portugal deparava com um problema: a quem deveria transferir o poder em Angola.” Cardoso disse ainda a Uvarov que “no dia anterior, as autoridades portuguesas em Angola haviam informado o Bureau Político do MPLA de que não poderiam transferir o poder apenas para este movimento, mas que teria de faze-lo para ‘o povo angolano’”.
 
O regresso do Almirante Leonel Cardoso
O autor do livroautor do livro, «The Hot Cold War – the USSR in Southern Africa», revela que Leonel Cardoso em Outubro de 1975, cerca de um mês antes da proclamação da independência de Angola, pediu a Uvarov para que “enviasse uma mensagem a Moscovo no sentido da União Soviética influenciar o MPLA de forma a que a transferência de poderes fosse de ‘natureza conjunta’”, para depois fazer recordar ao correspondente da TASS que “anteriormente as tropas portuguesas haviam ajudado o MPLA a expulsar de Luanda unidades da FNLA e da UNITA”. Leonel Cardoso chegou mesmo a dizer que “caso os dirigentes da FNLA e da UNITA viessem a Luanda para a cerimónia de transferência de poderes, estas organizações poderiam ser ‘decapitadas’.”
Vladimir Shubin
No livro, Vladimir Shubin cita Sérgio Vieira, antigo chefe da polícia política, SNASP, como tendo revelado que o regime da Frelimo também deu o seu aval à violação do Acordo de Alvor, favorecendo a tomada do poder pela força por parte do MPLA, enviando para Luanda uma peça de artilharia, vulgo órgão de Stalin, que, conjuntamente com outras peças idênticas fornecidas por Moscovo, permitiram às tropas de Agostinho Neto impedir que forças fiéis a outros movimentos entrassem na capital angolana para a proclamação da independência.
Fonte: Canalmoz
 


PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:36
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N´GUZU . VIII

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

       “N'dumduma”

Artur de Paiva

N´guzo: - força, destreza (quimbundo)

No ano de 1889, as populações revoltadas da margem esquerda do rio Okavango revoltadas, atacaram e arrasaram o posto militar de “Princesa Amélia”. Artur de Paiva com uma reduzida força de auxiliares bóeres e indígenas, derrota os rebeldes levando os insurrectos a entregar o seu próprio chefe T´chiuaco depois de uma perseguição de 24 dias. Esta vitória estava longe de ser definitiva porque em 1891, um outro chefe, Luhuna, sublevou de novo as populações a ele aderentes, o que motivou a uma nova intervenção militar Tuga tendo como comandante Lourenço Padrel, mas a pressão constante dos Cuamatos não permitiu grandes avanços no domínio Luso.

 Paiva Couceiro

Neste meio tempo, no ano de 1890, Artur de Paiva comandou uma expedição ao Bié ao lugar de Belmonte, actual Cuito para vingar a morte forçada de Silva Porto que se auto-flagelou junto á sua embala dentro de um barril de pólvora. Paiva Couceiro, um estreante nas campanhas de África Portuguesa fez parte desta expedição fazendo parte do grupo de cavalaria da Humpata sob o comando do alferes Paulo Amado de Melo Ramalho e que resultou na prisão do soba N’dunduma que após captura, foi enviado para o presídio de Moçamedes.

 

Silva Porto

Em 1893, Artur de Paiva comandou também as operações contra os bóeres huguenotes que invadiram o Humbe e os Gambos. Foi ainda ele que em 1898, em nova campanha no Humbe, vingou o massacre do Conde Almoster e seus dragões que pareceram à horda de milhares de insurrectos. Durante sete meses de campanha punitiva, os portugueses pouco adaptados ao clima, intempéries e doenças palúdicas pereceram em mais de metade dos efectivos.

 Foto do Cunene

No norte de Angola, na região dos Dembos e no ano de 1872 pela voz de Caculo-Caenda deram início a uma revolução que obrigou o envio de uma força comandada pelo Tenente-Coronel Miguel Gomes de Almeida. Os revoltosos a mando de Caculo-Caenda a que se juntaram Cazuangongo e N’Gombe-Amuquiama, deram luta feroz às forças enviadas de Luanda mas acabaram por se submeter às tropas Lusas tendo para o efeito assinado o auto de submissão que no decorrer do tempo se veio a verificar ineficiente. Os rebeldes, continuaram sua luta por mais três gerações, eclipsando-se assim as vitórias alcançadas naquele ano de 1872.

(Continua...)

O Soba T´Chingange 

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:34
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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