PANOIAS V - TEMPOS DORMIDOS - 06.12.2017
-NAS CINZAS DO TEMPO - Salada de MASTRUÇO... Em Garvão, com a magia do Natal
Por
T´Chingange
No domingo e, naquele café do “Cú da Mula” Jack tinha mais pormenores a dizer sobre o uso do mastruço mas, fui obrigado a dizer-lhe deixar isso para amanhã. E o amanhã tornou-se hoje e, mais um outro numas feiras frias mas com um sol radiante. Naquele lugar de cheiros de arrúdia com urtigas refazíamos nossos traços sem melancólicos soluços, sem choros nem ranger de dentes, troçando até de nossas mazelas furunculosas.
Como ressuscitados numa amizade de infância que, morta no ilusório sucedeu a nosso contragosto e em nossa contramão aqui, e por uns dias fintávamos o destino sem aquela fúria suicida dum hiato que mata no tempo o passado desleixado de sem futuro. É algo que se sente pulando das margens encantando corações, rendas belas desenhadas em talento. Sei lá! Talvez isto ou, uma coisa assim parecida.
:::::
Já eram quase onze horas quando fui tomar meu matabicho com meus amigos Jack e Wayne no café do Cú da Mula de Garvão. Elas, as visitas do paralém já tinham comido seu café com leite e pastéis de belém e ficaram a olhar-se de soslaio enquanto comia a minha torrada de pão de Garvão com azeite da horta do cabo, barrada com compota de pitanga e queijo de cabra curado da Quinta da Carvalheira; arregalaram os olhos quando tirei meu frasco de jindungo da minha jaqueta e pintalguei tudo aquilo, compota, tiras finas de queijo e azeite do lagar.
:::::
John Wayne quis provar e, logologo após meter à boca deu quase um grito! - My God! How can you eat this? Tentou também falar em português mas saiu de atravessado: -Tu, maluco! Como ser possível eat, cuspo de diabo. Eu, silenciosamente fui comento rindo só por dentro; estes gringos são fracos! Jack bateu com os pés no chão repetidamente rindo como um chocalho de cascavel. Tu ser fraco, You are very weak, my friend Waine e, olhando para mim, abanou o polegar em seu punho fechado, para baixo e para cima como que a congratular-se com esta minha ousadia.
Foi quando lhe perguntei se sabia do resto da estória dos mastruços pois que ainda faltava dar mais dicas sobre as vantagens desse capim. Oh ... Yes, yes! My maternal grandfather always said that in the estates, sim, lá dos America… Fiquei todo-ouvidos para ele. Só depois de uma baforada de fazer balões e argolas de índio no seu charuto cohiba é que se dispôs a explicar
:::::
- Para estimular a digestão e as funções do fígado, colocas uma colher de sopa de folhas, sementes picadas e flores de mastruz em uma chávena de chá; acrescentas água fervente; tampas o púcaro e aguardas dez minutos; coas e bebes o chá de mastruço assim – uma chávena de chá 2 vezes por dia, antes das refeições principais. Claro que tudo isto foi dito numa mistura de ruça tempera e, eu arrulhei a coisa a meu modo no jeito dos pombos para que vocês possam entender.
:::::
Quanto a diabetes disse: -Para anemia e diabetes os benefícios da erva-de-santa-maria quanto ao sistema imunológico, é importante falar da capacidade da planta em fornecer vitamina C e, portanto, auxiliar as defesas do organismo, aumentando a imunidade e evitando infecções, entre outras doenças. Quem tem problemas respiratórios, é fumante, sofre de asma, aerofagia, congestão nasal ou bronquite pode ser beneficiado pelo consumo do mastruz.
Caramba, estás a falar como um Kimbanda entendido! Disse eu. Mas o que eu fui dizer! Eu não sou bruxo; este é o legado de meu avô tuga, tás ouvir! Cuspiu Jack… Caramba, devem-lhe ter dito que isso de kimbanda era coisa ruim e despejou sua ira soprada com assobios de insultar cachorros. Assim, I dont play! Disse pela segunda vez. Está bem, desculpa, não foi por mal! Pensei que já tinha dito tudo, mas continuou:
:::::
-A erva favorece o sistema respiratório de várias maneiras, como já te disse. E ainda acrescento aqui sua acção no alívio de crises de rinite e sinusite. Em alguns casos, basta uma xícara do chá de mastruço para obter melhora, uma vez que ele promove a limpeza do muco e do catarro. Pessoas com indigestão e gastrite frequentes ou com gases intestinais também costumam buscar ajuda no mastruz, assim como indivíduos com prisão de ventre, coceiras ou ferimentos na pele. Disseste rinite! Isso é o que todos os santos dias me fazem espirrar treze vezes. Fiquei por aqui porque poderia pensar estar no gozo.
Já estava bem capacitado sobre este capim de mastruz mas, agora que estava lançado no entusiasmo, foi acrescentando: - Como podes observar, seja na forma de chá ou preparos para colocar na pele, não é difícil entender as razões pelas quais o mastruz é uma das ervas medicinais mais tradicionais e conhecidas nos tempos do meu avó que sofria de vários males entre os quais, o de peidar-se só átoa. Esta foi boa! Este Jack estava a sair melhor que a encomenda
:::::
As flores, folhas e sementes do mastruço devem ser lavadas em água corrente e enxutas; depois, precisam secar à sombra em lugar ventilado. Para conservar suas propriedades terapêuticas, o melhor é armazenar a erva em vidros escuros ou sacos de papel. Ufa! Que seca… Pensei mas, nada disse. Como podemos aprender isto com gente que já foi passado e só aparece em forma translucida.
John Wayne que já estava cansado de tantos mastruços fez um sinal ao senhor Torrica para que lhe trouxesse um tintol do Convento da Vila de Borba e assim do mastruços passamos para a trincadeira, aragonez, castelão e touriga. Acabei por almoçar com eles um ensopado de borrego. Entusiasmado tive a ousadia de pedir um cohiba ao Jack e ali ficamos deitando fumo de conversa fora, toda a tarde. Combinamos no dia seguinte irmos comer pés de rã e pezinhos de coentrada com feijão branco na barragem de Santa Clara.
Lá no m´bukusho! Disse Jack virando-se para mim! Achou graça ao nome e acabou por grava-lo desta forma. Sim! No chuço do m´bukusho (churrasco do kavango). Tinha em mente falar-lhes da festa que iria surgir antes do Natal para festejarmos a vida, falar-lhe dos convivas Frank Sinatra e do cómico António Silva por sugestão de nossa madrinha maga virtual Assunção Roxo, mas achei que o deveria fazer só amanhã quando estivessem mais sóbrios. A alegria era mais que muita e se lhes fosse agora falar nestes nomes do paratrás e paralém não sairíamos daqui hoje e eu, até tenho mais que fazer…
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA