NAS FRINCHAS DO TEMPO . 09.12.2017 - Porque cada homem é um mundo, tem que ao tempo, dar-se tempo… Num Reino de Manikongo de fingir…
Por
T´Chingange
Em pleno solo do M´Puto pós colonial, consegui sentir sempre o amor telúrico por uma terra pisada e sonhada que fez nascer em tempos não muito idos um reino Imaginário, o Reino de Manikongo e, onde todos os membros tinham nomes diferentes como o Soba T´Chingange, o Conde do Grafanil, o Comendador de Vale dos Reis, o visconde do Mussulo, O Senhor de Cienfuegos, o Derruba do Chivinguiro, o Marquês do Limpopo, o M´Fumo Manhanga, o M´Bica Rico, o Embaixador do Cacuaco, o Jamba, o N´Dalatando e o Boniboni Sbell da Catumbela, entre muitos outros.
A experiência africana era em nós transpirada em experiência que transportada ao M´Puto ia dando frutos de convivência, parcerias ricas que os levaram a ser gente de nome ou nomeada, empresários bem-sucedidos pela vontade de se reconstruirem. Aqui se contavam estórias com ou sem tramas em recordação dos tempos de juventude; edecéteras dissolvidas em falas de missangas.
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O único preto entre nós era branco e foi uma brincadeira quando e depois de ter ido à Luua voltou mestiço com Bilhete de Identidade, tudo nos conformes. Vimos nele tanto entusiasmo por ser agora um cidadão de N´Gola que, assim tão completamente, logologo o ascendemos a preto! Meu filho Kaluanda, nascido no hospital do Kazenga, recorda-me isto recentemente dizendo em seu escrito, que só viu Angola após a saída já muito mais tarde e do outro lado do Kunene.
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Estava escrito que sua terra de N´Gola correspondia agora a um mundo fictício, irreal e subjectivo a aproximar-se do mito; um mito que seu pai, (eu), lhe transmitiu. Refere mesmo Fernando Pessoa para acicatar-se de seu pensar numa forma mais consistente em que o mito é o nada que é tudo! O mesmo Sol que abre os céus - um mito brilhante mudo.
Agora meu filho, M´Fumo Manhanga já tem uma filha com dezasseis anos que pode ler sem entender a cem por cento esta inquietude de diáspora, lugar aonde aprendeu a ler e escrever ao jeito de Camões e, concluir por semântica que afinal aquela terra não era de seu pai, nem de seu avó; que afinal só era mesmo uma terra emprestada. Uma perfeita ilusão…
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Mas ele M´Fumo Mahanga, seu pai, quando lhe perguntam de onde é natural logo diz ser Angolano. Porém ele sabe que não é angolano, é outra coisa qualquer! É mesmo o M´Fumo Manhanga! Aos velhos será cruel deixá-los privados de respostas e, será de bom senso até, não se lhes fazer perguntas de passados não amistosos, porque dos muitos dias, das muitas noites, das muitas injustiças pode, sem se querer, agigantar-se na presença de feridas mortais.
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E, daí abrirem-se gavetas ou mesmo gavetões, com ossários feitos pó. Que importância terá, saber-se agora se a mulher de Lot, em Sodoma, ao olhar para trás se transformou em sal-gema ou sal marinho ou, até saber se a embriaguez de Noé, foi de vinho branco ou de vinho tinto, se neste agora, sabemos estar e ainda revoltados e não ressarcidos. E Marcelo - o Presidente, figura do ano, que está em toda e contudo não faz qualquer referência aos reveses de nossos afectos. É mesmo para esquecer!
Como vou dizer que sou português com o maior orgulho se temos tantas farpas metidas em nós! Peneirando no tempo as ténues memórias dos acontecimentos, apagando os rastos dos passos que aqui nos trouxeram, em terra de M´Puto, mesmo nem querendo, sempre volto a remover os ossos do passado e, mesmo espreitando pelo postigo da memória antropológica só graças à debilidade desta, irei fazer do tudo um romance.
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Dizem-me para esquecer, e eu, só consigo mesmo ser condescendente sem alvoroçar espeleólogos, ou os espíritos com malévolas insinuações, esquecendo as leis não cumpridas coisas rebuscadas em terras de promissão com tangas e falas bonitas p´ra boi dormir! A nossa vida, de cada vez mais na mesma, continuamos a nos sentir roubados aqui e além por engenharias financeiras com traições de Paulos e Salgados com mais uma cambada de gente que se julgam génios…
Só podemos dizer-nos independentes porque nos queremos mentir, passando ao Deus me livre e valha-me o Santo António, etnólogos e outros afins descobridores de pegadas politólogas, cheiros encarquilhados misturados com densidade molecular amorfa, mofadas pelos anos na leitura de carbono e eteceteras complicadíssimos que só nos baralham o cérebro…
O Soba T´Chingange
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