MOKANDA DO DIA – 10.12.2017 – Tukya I . Peixe da chana - Apaziguando rijezas adversas, perfilando anjos com a singularidade do mundo . É o nosso pensamento que cria a nossa realidade…
Por
T´Chingange
Na voragem dinâmica da vida, procuro actualizar-me no dia-a-dia e, ao longo da minha vida registei em meus arquivos de memória muitas notas, alguma que nem quereria registar mas, nem sempre as borrachas do tempo e da singularidade do facto se destroem com um estalar de dedos. Em África também há rios que se apagam na terra, nunca chegam ao mar como o Cuando e o Cubango que formam o Delta do Okavango ou o Etosha Pan e outros que desaguam em desertos de areia fina e, que em tempos foram pântanos ou lagos rasos.
O Etosha Pan, é um lago seco de 120 quilómetros formando o chamado Parque Nacional Etosha, um dos maiores parques da vida selvagem da Namíbia. A vasta área é principalmente seca, mas após uma chuva forte, ela adquirirá uma fina camada de água, que é fortemente salgada pelos depósitos minerais na superfície desta grande panela. O Etosha Pan é principalmente lama de barro seco dividida em formas hexagonais que à medida que seca, racha, e raramente é vista com uma fina camada de água cobrindo-a.
Foi no Etosha que vi a maior diversidade de animais. Supõe-se que o rio Cunene alimentasse o lago em idos tempos, mas os movimentos tectónicos da placa ao longo do tempo causaram uma mudança na sua direcção, resultando em um lago seco e deixando a referida panela salgada. Agora, o rio Ekuma, o rio Oshigambo e o rio Omurambo Ovambo são a única fonte sazonal de água para o lago.
:::::
Tipicamente, pequenas águas do rio ou sedimentos atingem o lago seco porque a água penetra no leito do rio ao longo de seu curso de 250 quilómetros, reduzindo a descarga ao longo do caminho. Estas vastas zonas de poucos declives formam as chamadas planícies africanas, chanas ou anharas de clima extremamente seco. E, o curioso é de que a esta mesma latitude e para o lado poente temos os desertos junto a costa do Sul de Angola e Norte da Namíbia que são banhadas pela corrente fria de Benguela.
Refiro a corrente fria de Benguela porque constitui um dos mais importantes factores de moderação climática desta zona de África com introdução na fauna as focas e pinguins transportados em icebergues que vindos da Antártida aqui são largados. No Namibe, Tômbua, Baia dos Tigres e a Costa dos Esqueletos. Pode até verificar-se famílias de golfinhos na Angra dos Negros a actual Moçâmedes, lugar aonde os albatrozes ou alcatrazes voam baixinho junto aos barcos pesqueiros.
:::::
Cabe qui referir que ante da independência de Angola, em 1975, a pesca tinha importância no mundo porque chegou a ocupar o segundo lugar na escala dos maiores produtores, logo a seguir à República do Perú. Vasculhando minha memória recordo os muitos contadores de estórias de caça e pesca e, até dum amigo meu de nome Araújo ter andado a passear uma pacaça em pleno centro de Luanda; em plena Mutamba. Era muito vulgar entre 1950 e 1960 comprarmos carne de caça a vizinhos que se internavam pelo mato em aventura de caça.
Para milhões de pessoas que vivem no mato e nunca viram o mar, o mar não passa de um mistério longínquo e insondável naqueles idos tempos mas no entanto, estes comiam peixe seco saído do mar. Na era colonial e a partir da costa eram enviadas “malas” de peixe para o interior; estas malas iam por comboio ou levadas por camionistas praticando no seu dia-a-dia uma aventura. O peixe sem cabeça, fosse corvina ou carapau, depois de seco e salgado era acomodado em camadas sobrepostas e em zig-zag simétrico, cabeça com rabo – rabo com cabeça.
Formavam blocos compactos atados e contidos em esteiras feitas com fibras de grossa mateba. Estas malas de peixe tinham tanta popularidade e valor comercial no interior de Angola que a partir dos anos cinquenta se transformaram no principal produto de candonga no interior do território. E, por que razão se contrabandeava o peixe seco? Vais ser assunto da próxima mokanda cujas falas vão incidir sopre o peixe capim nascido do pântano …
Nota: Alguns dados, foram retirados das Crónicas de Kandimba de Sebastião Coelho
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA