ONGWEVA DO TEMPO - KIANDA ROXO – 13.02.2017 - 21ª parte
Kiandas e calungas! No bloco de carnaval de Guaxuma… Nosso futuro ainda anda a ser fabricado…
Por
T´Chingange . No Noerdeste brasileiro
Na epopeia, romance mussendo de três continentes e por via de seguir a peugada das kiandas, kwangiades ou sereias, vejo-me agora em Guaxuma do Nordeste do brasil, a festejar o entrudo entre cabeçudos dando pequenos paços ao som de uma bateria de bombos, chocalhos, pandeiretas, puitas e reco-recos.
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Pois, em uma outra minha andança ao serviço da rainha de Portugal D. Maria I e, com o cargo de tenente, tive de escoltar uma leva de prisioneiros participantes da chamada Inconfidência Mineira nos fins do século XVIII, um movimento militar no Estado de Minas Gerais do Brasil.
Levei um preso para a N´Gola e por lá fiquei centenas de anos. Falei disto e do mafulo Balthasar Van Dun mas, desta feita eu só venho gozar mesmo o carnaval na beira mar de Alagoas no ano da graça de 2018. Escusado será dizer que o Mwata dos Céus deu-me o condão de como T´Chingange, andar aleatoriamente no espaço-tempo.
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Cheguei bem cedo a Guaxuma para gozar a praia da sereia e o carnaval deste ano. Eram seis horas e treze minutos quando iniciei meus movimentos de ginastica talassoterápica na água de cor esmeralda e, a fim de curtir a vitamina D trazida pela maresia, mais o vento que farfalha os coqueiros. Numa linda conjugação de sons juntava-se o desmaiar das ondas na areia amarela.
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Daqui saia os ritmos que junto ao bafo quente das longínquas pancadas dos bombos Zé Pereira traziam o cheiro de carnaval. Rodei meus movimentos até ver a estátua da sereia cimentada aos recifes; os mesmos que amenizam a fúria das grandes ondas. A enegrecida sereia estava meia coberta de limos, algas e limos que lhe davam um tom sussurrado de tristeza.
Ela, a sereia, estava mesmo coberta de quereres apaziguadores de mareantes, marinheiros, pescadores e nadadores. Creio estar ali para estimular estórias como estas e das quais saem capítulos, romances de inventação com um Zé Peixe, uma lenda de prático que levava os vapores até alto mar. Um enredo de fantasia que viajou no espaço ladeado por uma sereia e por vezes montado num bumba meu boi.
Lugares distantes como o lago Niassa e Tanganica mais os estuários do kwanza e ousadias no rio Kongo ou Zaire. Também na Costa dos esqueletos da Damaralãndia e Baia dos Tigres na n´Gola e Calahári do Namibe com os rios Cunene e Okavango cheios de magia de kalungas e kwangiades. Assim andando práfrente e pratrás, grafitei vidas no meu cerebelo originando romarias que perdurarão nas lendas de áfrica e américas.
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Depois de duas horas mexendo e remexendo meu esqueleto, vou até à minha cubata comer bacalhau à gomes de sá. Cochilo talvez umas duas horas e ao som do ronronar do ventilador apronto-me no disfarce e espirito de um pirata das Caraíbas pra ir práfarra curtir a folia do carnaval de Guaxuma. E podia ver-me todo empapoilado com franjas, chapéu de pirata, olho vendado e mão de gancho. E, lá vou eu mesmomesmo com uma perna de pau!
Juntei-me ao meu bloco de bumba meu boi: O tema do bloco era mesmo o mar, o iemanjá, a kalunga e pulando de ansiedade juvenil juntei-me aos foliões, gente vestida de tubarão, baleia, garoupas e cavalas e olha só! Um grande espanto. HÓh… Ali estava o próprio Zé Peixe com escamas reluzentes de prata. Dei-lhe um grande abraço e, chegando-se ao meu ouvido pareceu-me dizer: está ali a sereia kianda Roxo! Ouvi bem!
Apontou para o alto do carro do corso do nosso bloco e lá estava deitada rebrilhando seus arco-íris desde o verde ao prateado mas, sobressaindo o roxo. Ambos gritamos para chamar a atenção e assim, assim, rodou-se toda em sua cauda pontilhada de luzernas fosforescentes. De fora do bloco, podia admirar-se um gancho de pirata e uma barbata a dizer adeus a um golfinho fêmea que abanava sua cauda. Era ela mesmo! Afinal também gosta de carnaval, gritei eu a Zé peixe, ao que me respondeu: -HÓ, se gosta!? …
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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