ANGOLA DA LUUA XXXVI - TEMPOS PARA ESQUECER – 19.02.2018
NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA ... Angola - 43 anos depois da independência. Já ninguém acreditava que era só uma pequena parcela dos nossos militares a dar a mão ao MPLA. Eram todos!
Por
T´Chingange
Doeu, dói, e continuará doendo recordar aqueles dias em que por um longo tempo fomos uns tinhas, uns retornados, uns ranhosos como ouvi dizer a uma senhora da Cruz Vermelha que deveria ter amor ao próximo mas, assim não o era; uma senhora que ali estava numa missão de mostrar solidariedade, um frete só para parecer-se numa dama de alto coturno com ternas maneiras de lidar com o cidadão irmão.
Tinham-lhe tirado o sono e, em missão de voluntariado teve o desplante de dizer isto na minha chegada ao Aeroporto da Portela em Agosto de 1975; estamos aqui por causa destes ranhosos, disse! Era essa tal ponte de LuuaLix na guerra do tundamunjila que todos parecem querer esquecer e, porque só teve o mérito de nos tirar do fogo cruzado dos guerrilheiros e fraternas ajudas das NF (Nossas Forças) ao movimento que não nos queria lá, aonde quer que fosse!
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Seria talvez a esposa dum oficial superior e que naquele agora mostrava ao povo de abril o quanto lhe fazia mal aquela ascensão de benesses por via de uma guerra colonial, das muitas comissões ultramarinas que lhe proporcionaram subir na sociedade do M´Puto. Dinheirinho, pois! Mas, muitos mais militares de carreira assim o queriam; as transferências de angolares para escudos faziam-lhe falta.
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Era a compra de mais um andar na zona nobre de Lisboa (Lix), um carro novo de fazer inveja, uma vida muito cheia de pacto com o sistema, mais um talhão de terra para fazer engravidar a usura, a capitalização de valores. Perpetuar as aplicações financeiras por via de uma guerra de kwata-kwata que não desejávamos, que não queríamos! Mas em verdade andávamos distraídos lá na Província Ultramarina de Angola. E, estes dias têm de ser reescritos, revividos porque a história não o dirá deste jeito magoado, sem enaltecer um herói que a existir, só o poderia ser de túji… Inventado!
Divagando num após quarenta e três anos, podemos recordar o quanto os americanos queriam apagar com compensação os desaires tidos na derrota do Vietname. Fazendo manobras diplomáticas que só eles sabem fazer na perfeição, queriam garantir o petróleo do golfo de Cabinda. Aquilo para eles era um jogo menor e, pouco importava se o interlocutor era de esquerda ou direita. Haveria que garantir sua altivez na forma de petrodólares, condição necessária de perpetuar no serem os senhores do mundo.
Aqueles, tornaram-se assim, senão aliados, pactuantes com o MPLA abandonando a FNLA mandando até na fase crucial duma possível mudança da guerra, retirar órgãos vitais como sendo as culatras dos potentes obuses que estes tinham posicionado no lugar de Kifangondo. Mas eles, os americanos, já tinham dado ordens para os Sul-Africanos se retirarem em sua campanha de tomar a Luua, a capital do novo estado chamado de Angola.
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Os americanos são efectivamente os piores amigos que se pode ter! Só digo isto por cruzar em triagem tanta manobra que fazem em todo o mundo para perpetuar sua supremacia; aliados com seus primos da Inglaterra, do Canadá, da Austrália e outros de sua comunidade, fazem girar o globo ao seu ritmo. Fazer guerras lá longe, abater quem atrapalhe seus interesses e manter-se na altivez do quero, posso e mando! Um dia isto vai acabar, mas já nem será no meu tempo!
Pelo petróleo de Cabinda além de abandonarem a FNLA de Mobutu Sesse Seco, deram ordens de retiro à Africa do Sul, abandonaram Savimbi e os portugueses… Bem! Estes, para além de tudo foram moeda de troca a custo zero para o M´Puto. Usaram muito bem seu poderio! Subestimando uns, apadrinhando e chantageando outros, abandonaram-nos com o beneplácito dos novos generais de aviário da onda abrilista e vários políticos.
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No dia sete de Setembro a “Nova Brigada” das FAPLA (Forças Armadas do MPLA chefiada pelo comandante N´Dozi ataca o Caxito, obrigando a FNLA a recuarem no terreno. A Vila do Caxito, torna-se uma cidade como aquelas dos filmes do oeste americano, fantasma! Uns velhos acocorados e acolhidos no antigo quartel das forças portuguesas que também foi do ELNA (Forças militares da FNLA) e que agora era do MPLA; uma doação menor no contexto global.
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As FAPLA tinham atingido os montes dos libongos em quarenta e oito horas. Neste desastre do Caxito pode admirar-se o comandante N´Dozi de óculos escuros, fumando um cachimbo com liamba e levantando as mãos com o sinal de V de victória, assim como uma cena dum filme à americana. A Força Aérea das NT estava senhora da situação pois detectava do ar todos os movimentos na região do Kifangondo registando tudo em fotos tiradas do ar.
A Força Aérea Portuguesa tinha vídeos dos avanços e recuos das movimentações do exército da FNLA em terra e, estes dados apareciam nas mãos dos comandantes do MPLA. Os comandos de NT diziam desconhecer esta prática; a ser verdade havia militares do M´Puto infiltrados só para extrair informes cruciais no avanço das batalhas em terra e, no intuito de serem fornecidas ao partido de opção, O MPLA.
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Já ninguém acreditava que era só uma pequena parcela dos nossos militares a dar a mão ao MPLA. Eram todos! Os simpatizantes pela FNLA ou tutelados como tal eram relegados à não permanência activa das operações sendo muitos enviados para a metrópole. Era o plano estratégico do MFA na entrega incondicional ao MPLA. Quem referir o contrário está a mentir com os dentes todos. Soube-se ser o Brigadeiro Valente o oficial das NT mais colaborante com o MPLA e deduzir-se daqui que a maioria de seus subordinados também o eram.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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