CRÓNICA DO SOBA T´CHINGANGE
" OSCAR RIBAS . PAI DA KIZOMBA "
Pintura de Valentim Catar . Angola
Angola foi palco de violência e instabilidade política até ao 11 de Novembro de 1975 contra a ocupação portuguesa e, após esta data a luta continuou entre irmãos Kimbundos a Norte e Umbundos a Sul até ao ano de 2005, quando da morte do patriota Jonas Savimbi. Seus músicos foram oprimidos pelas forças governamentais, tanto durante o período da colonização como após a independência. O ritmo quente de Angola com variantes de melodia Congolesa e Imbinda, influenciaram fortemente os ritmos do Brasil e toda a bacia do Caribe através dos Cubanos, apoiantes ditos progressistas do Movimento Popular de Angola com seu carismático presidente Agostinho Neto. Assim, podemos considerar Luanda a capital ou berço de estilos diversificados como o merengue, kazukuta, kilapanda e semba tendo daí derivado o samba tão popular no país de irmandade lusófona. A rebita, nasce na zona de influência do antigo reino de N´Gola tendo como baluarte a Ilha de Luanda e por instrumento o acordeão trazido pelos Xi-Colonos, os Mwene-Putos ou t´chindeles tal como a harmónica, concertina ou sanfona, ritmos já muito usados no Noredeste Brasileiro por via da ida de muitos escravos a trabalhar nos engenhos de açucar com os nomes de Xanxado, forró e até o Frevo de Olinda.
Óscar Ribas
O samba derivado do semba ou umbigada é predecessor da kizomba e do recente kuduro tão erótico num rebolado mais profundo do que o simples toque de massemba (choque) de umbigo. Estas músicas têm um forte componente na marginal vivência do musseque, a favela do brasil com seus morros transpirando a vida na sua maior plenitude gozada ao minuto por via dum incerto futuro, "deixa-me gozar enquanto é tempo e posso". E, os musseques crescem com inventações novas misturadas com Rep e trageitos de banga ninita, mostrando toda a agilidade dos antigos jogadores de bassula mostrando toda a banga fecula de seus antepassados guerreiros destemidos do Pungo Andongo com sabedoria de esquindiva de Kuiloanges. Deste dançar e jingação, nasce a capoeira tão ao gosto do brasileiro. O musseque, lá aonde a areia entra pelos quintais e no meio de tamarindos e frondosas mulembas juntavam-se os kandengues tamborilando latas velhas de azeite galo, bordão raiado de reco-reco e tambores formando a mariba. A percução soa e ressoa no cair do dia como um batuque de doce pasmar.
Dog Murras
Em bairros como os Coqueiros, Imgombotas, Maculussu, Bairro Operário, Maianga, Rangel, Cazenga e Marçal vivia-se um ambiente intimista de preservação das músicas e tradições angolanas, preservadas e estimuladas por gente dos arrabaldes como eu, um mazombo que teve o prazer de conhecer Óscar Ribas. Marginalizados pela dominação Lusa presente na época, o folclore dos musseques (bairros pobres) fascinam parte de uma geração de jovens lutadores de famílias humildes e resistentes, que resolve criar o seu próprio estilo musical, afirmando a especificidade da cultura angolana, crioula na sua excência e, numa época muito conturbada que origina o surgir de cantores quase repentistas que denunciam os governantes, cazucuteiros do poder que esquecem a vida dura para além do asfalto. Para nós a dança e a música era uma forma de intervenção sem lutar com armas, era uma forma de resistência cultural. Óscar Ribas sem a natural visão (era cego) que acaba por ver mais que muitos, transmite esse rebelde querer de reviver nos Kamundongos estimulando através da Liga Africana essa forma de estar, cantar e ficar. O primeiro grupo a tornar-se popular dentro e fora de Angola foram "os Jovens do Prenda" paredes meias com o Catambôr. Depois surgiram muitos a recordar, como Os "N´Gola Ritmos", "Os Cunhas", os "África Show" dos anos sessenta e vocalistas como o Teta Lando. Não cabe aqui descrever todos, mas não me quero esquecer do Minguito que originava nesse então as maiores rebitas de Luanda. Agora já mais velho, kota raiando o século, fiquei fâ do Dog Murras porque do Bonga, já o era há muito.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
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