FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“A cultura do cinema” - Luuanda
Por
T´Chingange
O mar lambia a areia depois de rolar ondas brancas encapeladas na água com cor de esmeralda e azuis longínquos vindo até mim e, forçando-me a correr para as longas raízes de muitas e variadas trepadeiras que sobrevivem nas dunas de areia. Do mar bravo, a brisa envolta de sonhos passados, desprende-se do labirinto das manipulações voando na minha mente as muitas lamparinas da memória; sempre caminhando com as ideias a se desprenderem da meada, interligo vivencias e atitudes doutros tempos em que a história fazia um homem e não o contrário como toda a gente teima em dizer hoje! E, diz a história em terras de Angola e a partir dos anos 1958, estava eu com treze anos, que a minha cultura era a do cinema. Não havia televisão, os rádios eram de válvulas de som fanhoso e o rádio a pilhas fazia sucesso entre a malta que todos os domingos corria para a praia da Ilha de Luanda, Barra do Kwanza para pescar ou no Morro dos Veados para curtir um piquenique vendo o Morro da Cruz lá no fim da enseada e o Mussulo do outro lado daquele pequeno mar da Corimba.
Relembrei-me da cultura do cinema quando do encontro com Luandino Vieira na apresentação do “livro dos guerrilheiros” este, fez alusão a esses tempos em que corríamos de uma para outra sala de cinema sem perder o fio à meada das ultimas novidades e lá íamos correndo para o Império, Aviz, Kipaca, Restauração, Tropical, Nacional, Tivoli e muitos mais por toda a cidade e áreas suburbanas ou clubes de bairro como o Malhoas da maianga aonde os espectadores nos primeiros tempos levavam seus bancos de casa e até, parece mentira, os chapéus de chuva para caso, se chovesse; inicialmente o Malhoas, não era coberto e nesses tempos ainda não existia os senhores do Chá-de-Caxinde. Quase nenhum de nós estava minimamente politizado e éramos só mesmo curtidores de cinema e praia nos fins-de-semana. Ás vezes, para variar íamos até ao estádio dos coqueiros assistir á luta livre com o Lobo da Costa e o Tarzam Taborda mais o Grillo que durante o dia se propagandeavam andando como uma onça pela coleira ou uma pacaça bebé nos lugares de baleizão ou na Biker.
Luandino, depois de ter visto o filme" Red River", ficou deslumbrado com águas translúcidas e enchendo ilusão às tágides de Camões, humildemente criou jamantas-negras, kalungas-kimbundas do Kwanza. Tudo isso aparece inflado em "de rios velhos e guerrilheiros, o livro dos rios" com seus afluentes. Com este kota, quase-quase secúlo, revi passados de musseque de quando eramos candengues e visinhos da cacimba da Manhanga. Com tom e sotaque de muxiloanda, contou mussendos de quando éramos pilha galinhas; Depois perdemo-nos no mundo tal como o Xinguila, por vício de revolta, a copiar o Che Guevara; uma rebelião lactente por insubmissão às coisas de poder fétido. Seja como for o mundo continuou a rodar e, eu como tantos outros analfabetos nas coisas de política, não vislumbrei o cacimbo evidente da iliteracia. Só queríamos mesmo curtir o cinema desconhecendo os mambos por detrás do quintal. Guerrilheiros novos do Puto salpicaram palavras com bandeiras ondulantes e discursos irados. Acabei por procurar um mundo diferente, fazer dos sonhos uma utopia. Um destes dias encontrei Camões que me disse estar contente por Luandino ter recusado o prémio com seu nome: - Mas ele quase nem escrevia português do Puto? Foi uma falácia, Referiu.
O Soba T´Chingange
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