MUDAR DE VIDA – Quanto tempo falta para amanhã?
Por
T´Chingange
Tempo que foge
Fomos atingidos por uma grande crise que, sendo económica e social não deixa de ser cultural e de convicções. Andámos distraídos por muito tempo permitindo que os ácaros sociais atormentassem a realidade, usando sua sabedoria, meios do estado e equipamentos públicos em proveito próprio; tornando-nos todos maus espectadores e até coniventes sem querer ver o visível. Muita coisa andava mal com muita gente calando a verdade, sabendo. O crescimento económico insuficiente ou incipiente, pouco sólido e socialmente desigual, não é facilitado pelo financiamento que ao invés de incrementar a produção, restringe as já debilitadas estruturas nos diversos sectores da agricultura, indústria e serviços.
A pedida ajuda internacional condiciona a decisão interna e impõe restrições e prazos de difícil cumprimento senão impossível de concretizar. Urge dar por fim à promiscuidade que continua a ser muita no seio do estado com distribuição de recursos escandalosos, converter tudo o que é idolatria do lucro, ostentação e despesismo, em estilos de sobriedade em que a partilha seja regra de vida e não uma excepção reservada só para alguns. Enquanto uns têm ocupações bem pagas em órgãos públicos de compadrio, outros, muitos, raspam a fome com desemprego recorrendo ao subsídio dependência. O balão inflacionário que rebentou provocando a crise é o mesmo que vai servir agora os infractores, porque a máquina foi montada de forma a perpetuar as benesses da gente do mando, do poder, da banca. E, continuam a subestimar-nos com coisas incipientes!
E agora teremos de mudar de vida, descobrir o porquê do sonho pelo desconhecido; do porquê, que já levou meu avô António Loureiro a aventurar-se num Brasil profundo regressando tísico a Portugal por volta de 1935; do porquê, que levou meu pai Manuel Monteiro para terras de África em 1950 saindo de lá roubado, com uma bala no joelho (por via da revolta de Nito Alves) após ter trabalhado como um mouro. De mim não falo, mas desesperadamente posso dizer que não fui nem nunca serei ressarcido desse roubo chamado de descolonização. Na farta imaginação de fantasia próximo dos sessenta e oito anos de vida, vejo-me ainda com chapéu de couro sertanejo em abanico, por detrás duma moita de cactos com muitos espinhos correndo atrás das capotas; alucinações das anharas de Angola. Num manto de retalhos cruzo o sertão Brasileiro, o agreste e a caatinga sempre, sempre carregando um embondeiro nas costas, a minha cruz ou o meu fado. Que triste fado!
Ilustrações de Costa Araújo Araújo (J. Augusto Mano Corvo da Maianga da Luua)
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA