“ALENTEJO” - TERRAS FANTASMAGÓRICAS – 1ª de 2 Partes
Por
T´Chingange
No dia de ontem, quinze de Agosto, dia de todas a Marias, percorri a savana alentejana entre Messejana, Panoias, Santa Luzia e Garvão admirando o silêncio doirado da ondulada planície sarapintada de chaparros e sombras. No ar sentia-se um zunir morno, brisa suave de uma apavorada expectativa, impassível por baixo de um céu azul; um azul espalmado em todas as latitudes. As narinas arfavam nervosamente o cheiro do pasto farfalhando mornices de verão com mais de quarenta graus as terras de latifúndios, fome e solidão de recentes tempos. A nostalgia das terras do Alentejo são fantasmagóricas, transcendem-se no tempo com bocejar de sonhos perenes.
Já nadando ou gesticulando nas águas espelhadas da barragem do Monte da Rocha embrulhado em pensamentos, dizia só para mim que um escritor nunca se aposenta. É quando carregado de sabedoria que se tem de recolher ao isolamento; creio que sucede isto com todos aqueles que teimam em deixar testemunhos de vida: escrevem para o vento emulando-se nas descrições que só eles sentem, só eles cheiram. Vivem povoados de fantasmas feitos fantasias, alongam suas descrições, suas visões, para além do inimaginável. São gente só, isolados quanto baste para poderem trespassar a vida feita de nadas. O tudo ou sonho, entre o real e a ficção convenceram-me e, embora de forma incerta, um encontro com a literatura. De quando em vez afugento o desencanto pela força transformadora do tempo, porque só o tempo depura, mas isto decerto, não fará de mim um escritor. Simplesmente, escrevo!
Um pato acerca-se de mim na água. Imagino que ele vê uma ilha com a forma de um chapéu de palha enquanto se movimenta lentamente ao meu redor. Nesta pequena imensidão de lagoa, e nesse preciso momento, este pato é o meu único aconchego de vida. É, para todos os efeitos o meu espírito santo, o meu mais próximo ser naquela tranquila lagoa. Ele mergulha rápidamente seu bico na água e faz luzir um pequeno achigã que se retorce em seu bico. Distraído com a deglutição do seu manjar, não se apercebe que naquele chapéu tem gente.
O Soba T´Chingange
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