Sexta-feira, 24 de Julho de 2009
FOI EM CABO LEDO

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

      MEMÓRIAS PETREFICADAS – 3ª parte

CABO LEDO ANGOLA

- Os pombeiros e sua tropa ficavam fora por meses, por lá, nos matos da Lunda, Caconda, Quilengues, M´bundo, Ambaca e Lueji; estes são os nomes de que ainda me lembro.

Faço aqui uma pausa ao linguajar de Januário Pieter para fazer referências de acontecidos não referidos por ele e, que a mim, na qualidade de relator compete complementar.

Em Angola, os Holandeses enquanto por lá se mantiveram, só o fizeram junto à costa mantendo o grosso do contingente na fortaleza de São Miguel da Mazenga em Luanda e um pequeno contingente mais a Sul num pequeno forte que construíram na foz do Kwanza. Deste forte vigiavam as entradas naquela embocadura mas, nunca conseguiram consolidar uma governação efectiva. Aquilo era um pavor para os g´wetas Mafulos que morriam em grande numero com paludismo; os mosquitos foram em realidade os maires inimigos destes colonizadores ao ponto de mais tarde se chamar à região do Sumbe o cemitério dos brancos. Ainda se estava longe da descoberta do quinino e os kimbandas recorriam a chá de folha de liamba e umas outras árvores que só eles conheciam.

Os Portugueses levados ao abandono pela governação dos Filipes e porque estes eram inimigos permanentes dos Holandeses, resultou nas tomadas de várias possessões em África e América. Tiveram de se organizar por meio próprio sem recorrer ao Puto e, em Angola, tiveram de se refugiar no forte de Massangano por eles construído. Nesta praça forte, bem armados, nunca chegaram a ser vencidos mesmo tendo como inimigos os reinos da Matamba, do Kongo e os Mafulos. Por desbaratarem as forças muito superiores em gente, da rainha N´Zinga junto ao rio Lucala este forte foi chamado de Nossa Senhora da Victória de Massangano. Os maiores aliados dos Tugas eram os Jagas guerreiros dos Dembos que alinhavam enquadrados com as tropas Portuguesas vestidas de ferro em cima de cavalos; O Cazumbi dos padres em seu pensar, eram talvez o grande motivo desta aliança, crenças de superstição que ainda hoje persistem; A cruz de Cristo foi desde tempos imemoriais a grande fé que levou seus fieis a grandes vitórias. As guerras de kwata-kwata eram enquadradas por guerreiros dos Dembos distinguidos e enaltecidos pelos Tugas.

Muitos filhos de Sobas, Manis e M´fulos subiram na escala social s com os cargos de zeladores de arimos e n´nhacas ou mandados ao Puto para estudar a arte de fazer chuva, saírem padres ou militares-cipaios, auxiliares na guarda de locais administrativos.

Por os índios do Brasil não terem aptidão para o trabalho, os Tugas recorreram à pratica de fazer escravos entre as várias tribos feitos nas sucessivas guerras de África para os enviar ao Brasil, mão de obra no amanho das plantações de cana, sisal, algodão, cacau e café. Franceses, Holandeses, Ingleses e Espanhois seguiram este procedimento nas várias colónias como o Haiti, Costa Rica, Honduras, Curaçau (Coração em Português), Cuba, Guaianas, países do Caribe, Suriname e tantas outras regiões tropicais. Os Estados Unidos da América foram dos últimos a usar a escravidão degradante de negros na apanha do algodão, trato que só acabou depois da grande consternação e repúdio do Mundo pela actuação do Ku-Klux-Klam.

O Mundo moderno partiu da convulsão Social Francesa com a tomada da Bastilha por populares revoltosos que levaram à guilhotina Maria Antonieta e o rei Luís XVI. Desde este centro do Mundo de Paris espande-se o grito de liberdade e conhecimento a ideologias que paulatinamente foram chegando a todos os cantos da Globália.

Volto de novo a enternecer-me às palavras do velho Januário, coisa por demais antigas e gelatinosas que num rapidamente se tornam pedras de estalactites.

Nós, ele e eu, estávamos numa verdadeira gruta, também feitos pedra. Só levantados numa teimosa precaridade; fugindo de tudo e de todos para fazer o tempo passar e esquecer o inesquecível. Ali, nós, eramos as estalagmites.

Quem é que passados 384 anos, está interessado em saber dessas estórias tão cheias de silêncio, esquecendo por querer ou sem raiva de lembrar, sem ferocidade no paladar.

......Continua – 4 ª Parte (última) ......

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:17
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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