MAIANGA – FALAS ANTIGAS DO ZECA -UUABUAMA O QUE ESCREVES KKAMBA…
Por
José Santos- Impregnado de paludismo duma especial estirpe kaluanda, Zeca colecciona n´zimbos das areias dum chamado de Rio Seco da Maianga, nosso antigo rio. Ele não quer acreditar que aquele tempo passou e agora, agora somos aves raras em extinção. Eu também não alinho nessa teoria do esquecimento e espero a todo o momento um passaporte diplomático para irmos à Luua. Eu e ele! Sentados, claro!
Tenho que ir nesse "RIO" que corre nessa cabeça que habitas. Quero ser baptizado por ti, quero ser teu discípulo e botar pregação com o teu livrinho de T´Ching, agarrado à mão por esses matos do Mundo. Há muito que sou inspirado por ti nesses teus belos "Missossos" do KIMBO LAGOA, que faço livro há muito e, eis-me aqui contigo nesse cazumbi que um dia nos juntou de novo, porque julgo que te conheço do tempo daquelas tremunos, deambulações pelo nosso bairro e nesse amor pelo Rio Seco da Maianga que um dia nos viu crescer. Na verdade estamos separados. Eu, neste M´Puto aos trambolhões e tu aí nessa terra de Vera Cruz de milhões de almas tão diferentes, tão cruzadas desse sangue meio lusitano, meio angolano lambuzado de baleizão kitoco com sotaque brasileiro de caramuru…
Mas, o Mundo está todo esfrangalhado em toda a parte; estamos separados, mas sinto que somos feitos do mesmo loando. Há um grito que ximbica no nosso coração de fazer missangas engasgadoras. Botas falas de injustiça na máquina de impressão para que todos as ouçam só feitas mesmo num estado de natural descomprometimento. É um sentimento, uma sensibilidade, o respeito pelo ser humano que se juntam e são banda que batucam nosso coração; uma fé que se abre na kubata do nosso coração; intransmissível! Não tem moda pimba nem banga de matumbo bem de vida. Sem adereços de bate palmas só pula como um zulu. Estudioso e, ao jeito de ermitão…, mergulha nas barrocas mais fundas do saber, para interpretar, saber ensaiar no mundo em que habita. Ele nem quer saber quem morreu, só chora… À partida não se preocupa com ismos, preocupa-se sim com a RAIZ que alimenta a árvore e muito cava para contar quantas são, como se alimentam, se são envenenadas por ervas daninhas que crescem do nada e fazem secar os seus veios de vida.
Vejo-te transportado por uma tipóia de loando como um makota de Ambaca, por vezes, ou muitas vezes incompreendido e, até mal olhado… Na verdade, por vezes também me é difícil entender o que risco p´ra todos, do que vai no meu muxima e nesse linguajar que é BI no meu, nosso corpo. Para melhor compreenderem tenho feito Glossário do Kimbundu. Acreditem que já não sei escrever as minhas falas apenas com a pena molhada no tinteiro do Camões. Não é banga, nem saudosismo de matumbo esperto… É grande prazer e paixão. Muito lamento não ser mais dotado! Comigo é estranho, porque muito estudo e nunca mais consigo a licenciatura para virar um sábio, um mestre. Dizem que ultrapassei a idade e já não vale a pena! Que caduquei! Por isto tudo, e agora, vou fazer minhas férias no meu quintal com o livro do T´Ching debaixo de um coqueiro de plástico, dar gozo na minha barriga de Jinguba e balouçar na rede, jiboiar nas nossas lembranças tropicanas.
GLOSSÁRIO:
Missosso – conto popular;Atu/mutu - pessoas/a; NZambi - Deus; Malembelembe - muito devagar, com cautela; tremuno - jogo de bola de trapos; Uuabuama – maravilhoso; cazumbi -feitiço; loando – esteira feita de folha de coqueiro ou palmeira e atado com matebas, ximbica - rema com bordão; missanga – colar; batucam- dançam ao som do tambor; matumbo – burro, palerma; makota – chefe tribal, que tem poder; muxima – saudade, recordação
Adaptação das mokandas de Zeca
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
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