FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“KRUGER PARK” – 1ª Parte
Kruger National Park
Da varanda do chalé nº 2 de Ngwenya Lodge posso ver por entre as árvores uma parte do rio Crocodile, um braço de rio correndo entre margens de areia muito cheia de tufos de capim e restos de árvores, montes de secura represados em terra após destemperadas chuvas de ciclone rebolarem de montante. Os rápidos fazem-se ouvir numa constante zoada que serve de fundo a muitos e variados cantares matinais; posso distinguir o cantar de perdizes e das galinhas de angola que insistem o canto “estou fraca…estou fraca”, cacarejando em bandos entre chinguiços. As rolas gemem o dia todo num misto de arrulhar o dia, em prolongadas alegres sintonias entre desconhecidos grasnares. Os cheiros da terra húmida e do verde intenso chegam-nos em lufadas de mornas quenturas por via da chuva miúda que pontilha de pingos a minúscula possa espelhada que entretanto se formou no terraço do braai. Da marula tree, caem gotas grossas no capim rapado aonde sengues, pastam saídos das fendas das rochas; com sua língua bífida, buscam bichos rastejantes deslocando-se bamboleando cabeça e rabo à sua característica maneira de andar (parecem dragões de cômoro). Estes lagartos que podem atingir metro e meio de comprimento podem matar um crocodilo rasgando com suas garras a macia barriga desses répteis que por aqui, são mais que muitos.
Mabecos e kudu
Em cerca de 110 quilómetros a turma de Benoni repartidos em dois carros todo o terreno (four by four) teve a sorte de encontrar muitas impalas, girafas, gnus, zebras, dois kudus (Olongues), macacos, babuínos, isolados elefantes abanando a escassos metros suas orelhas em jeito de atemorizar. E, vimos um cágado desfilando elegância bem ao lado de bosta de elefante fumegando; enquanto isso esquilos, ratos de palmeira, mangustos e macaquinhos escolhiam nesses montes de bosta cereais e caroços mal digeridos pelo paquiderme. O dia estava de sorte e ao entrar de novo na principal estrada, H4-2, próximo de Makhoholola, surpresa das surpresas, dez mabecos exibindo-se para nós rebolando-se no asfalto molhado. Foi a primeira vez que tive o privilégio de ver estes cães selvagens em matilha, tão ariscos em outras reservas como o Etosha na Namíbia e demais reservas em toda a África do Sul. Só por isto valeu a pena ir por uma terceira vez ao Cruger Park. Suas manchas em vários tons castanhos e amarelos serviram de modelo para fazer a roupa de guerra quando do ataque ao irão pelos americanos.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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