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MALAMBA: É a palavra - O OUVIDOR DO KIMBO
As escolhas de: Kimbo Lagoa
Publicada por
H. Nascimento Rodrigues - Jurista eminente e homem público em Portugal – Nasceu no Luena (Kangamba), antiga Vila Luso em Angola… Fundador do PSD, ministro do Trabalho do Governo Balsemão e ex-Provedor de Justiça. Licenciado em Direito - Falecido em abril do ano de 2014
Eu fui concebido nos longes de Angola, num despovoado que se chamava Cangamba, nos Luchazes. Era por aí que se marchava, a pé ou de tipóia mas não de jipe, para as ”terras do fim do mundo”, as do Cuando-Cubango. Julgo que ainda hoje as chamam assim. E assim também se chamavam então porque delas não havia notícia de gentes, apenas de animais, de chanas, lagoas e pântanos, até lá muito ao sul, ao Dirico, ao Mucusso, a Sambio e ao Cuangar. Estes eram nomes que me lembravam cabeças de alfinete quando, anos depois, já no liceu, me punha a mirar o mapa de Angola pregado nas paredes da sala de aula e me espantava com a ousadia de terem plantado aqueles pedaços de casinhotos por cima da linha de fronteira do sul mais a sul de Angola, assim a modos de que se desafiava, de peito feito, qualquer veleidade do Sudoeste Africano, a Namíbia de hoje.
Cangamba, nada tinha de especial nesses idos de 1940, salvo reclamar-se como sede de uma das maiores circunscrições administrativas do distrito do Moxico, os Luchazes. Era uma área extensíssima e com uma densidade populacional das mais baixas dessa época. Aposto que ainda hoje é assim. Havia quimbos e senzalas, claro, com gente negra que trabalhava: as mulheres na lavra dura dos campos, no amanho dos filhos às dúzias e na cozedura do pirão; os homens na caça, no desbaste de lenha e nas longas horas contando histórias da vida.
Um despovoado igual a muitos outros que por essa época se espreguiçavam, isolados e esparsos, pelas terras vastas de Angola e se mantinham como que obscuros, atacados por uma estranha sonolência que talvez provocada por mosca tsé-tsé. Fui lá concebido, mas tive de ir nascer a centenas de quilómetros, à capital do Moxico, que era, e ainda é, a maior província de Angola. A capital era uma vilazita, então chamada Vila Luso, mas que para muitos era só Luena, o seu nome gentílico, histórico e infinitamente mais belo. E assim teve de acontecer pela simples razão de que por toda a lonjura dos Luchazes não existia um médico, um enfermeiro ou uma parteira para mulher branca - as mulheres negras, essas tinham os filhos nas suas palhotas do kimbo, acompanhadas pelas mais velhas e por isso mais experimentadas.
(Continua...)
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