Quinta-feira, 8 de Fevereiro de 2024
VIAGENS . 136

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3547 – 08.02.2024

O 11 de Novembro de 1975 no Huambo” - “A LONGA MARCHA” 

- Escritos boligrafados da minha mochila, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

unita1.jpg Proclamação de Independência paralela – No Ambriz e Huambo, Holden Roberto, líder da FNLA, proclamava a Independência da República Popular Democrática de Angola (RPDA) à meia-noite do dia 11 de Novembro, no Ambriz. Nesse mesmo dia, a independência da RPDA foi também proclamada em Huambo, por Jonas Savimbi, líder da UNITA.

Reconhecimento internacional e consequências das 3 prolamações: Logo depois das três declaração da independência em Luanda, Ambriz e Huambo, reiniciou-se a Guerra Civil Angolana (que já estava em curso desde Fevereiro de 1975) entre os três movimentos, uma vez que a FNLA e, sobretudo, a UNITA não se conformaram nem com a sua derrota militar nem com a sua exclusão do sistema político.

mocanda32.jpg Uma parte considerável da população rural, especialmente a do Planalto Central e de algumas regiões do leste, fugiu para as cidades ou para outras regiões, inclusive países vizinhos. Em Fevereiro de 1976, deparamos com o rápido avanço do MPLA com cubanos para a tomada do Lobito, Benguela e Huambo à UNITA a sul e, a norte o Soyo, a antigo Santo António do Zaire sob a alçada da FNLA.

A seguir, o Comité Político da UNITA abandona Huambo e inicia a retirada para Sudeste. Savimbi inicia, juntamente com duas mil pessoas, aquilo a que se veio a chamar a “Longa Marcha”. O líder da UNITA, Jonas Savimbi, viria a atingir o Cuelei só a 28 de Agosto, milhares de quilómetros percorridos, apenas com 79 resistentes.

unita2.jpg Lendo Fred Bridgland, este, conta o que a seguir se trancreve com a devida vénia de algumas passagens do que foi  “A Longa Marcha de Jonas Savimbi...”. Tudo começa a 8 de Fevereiro de 1976. Aconteceu quando as colunas blindadas de cubanos entraram no Huambo, o quartel-general político da UNITA, durante os seis meses anteriores.

Com a ocupação do Huambo, a vitória fora, virtualmente, completa para os cubanos e o MPLA. No dia seguinte, Savimbi abandonou o seu quartel-general no Bié e voou em direcção ao Leste, para o Luso... Ao principio da tarde do dia 10 de Fevereiro, o capitão “Bock” Sapalalo ouviu os camiões cubanos e do MPLA que se aproximavam da última ponte a norte do Luso...

unitao1.jpeg Alcides Sakala

Savimbi dormia, pela primeira vez em 70 horas, quando as primeiras bombas explodiram no Luso, às 4 da tarde. Foi acordado do seu sono profundo por Chiwale. A população estava em pânico. Savimbi convocou rapidamente uma reunião para lhes dizer que a UNITA iria retirar e organizar uma nova guerra de guerrilha.

Meia hora depois de terem caído os primeiros morteiros, três aviões MIG bombardearam violentamente a cidade tendo morrido cerca de 50 pessoas. Imediatamente após o ataque aéreo, foi ordenada a evacuação do Luso. Cerca das 5 horas e 15 minutos da tarde, os primeiros veículos da UNITA abandonavam a cidade: na coluna de carros diversos e Land-Rover seguiam cerca de 1000 guerrilheiros que Chiwale conseguira reunir. Alguns milhares de civis, com os seus haveres, seguiam pelas bermas da estrada. O cortejo tomou o rumo sul, em direcção a Gago Coutinho, que distava dali cerca de 350 quilómetros.

 (Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:48
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Quinta-feira, 1 de Fevereiro de 2024
VIAGENS . 134

NAS FRINCHAS DO TEMPO

- Crónica 3545 -01.02.2024 ::: A CARAVANA.6 – A FUGA

- Escritos boligrafados da minha mochila, aleatoriamente após 1975

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

fui.jpeg Continuamos com a descrição de Sonia Zaghetto: Em menos de um mês casei três vezes. Felizmente, com o mesmo homem. E assim deixei minha terra - Angola. Um ano na África do Sul foi suficiente para sabermos que lá não era o nosso lugar. Além da cultura muito diferente, começavam a ocorrer ali os mesmos episódios violentos que havíamos testemunhado em Angola. Decidimos mudar.

Escolhemos o Brasil, país que desde minha pré-adolescência eu sonhava conhecer. Partimos para Portugal a fim de cuidar da burocracia. No dia 7 de Fevereiro de 1977 zarpamos num navio italiano rumo a Santos, onde desembarcamos dez dias depois. Eu estava com seis meses de gravidez. A imensa maioria dos brasileiros nos recebeu de braços abertos, principalmente as pessoas mais humildes.

fumo de caricoco.jpg Alguns, mais abastados, nos tratavam friamente, mas nunca fomos hostilizados. Aos poucos aprendi a amar a terra nova, a querê-la a ponto de ficar amuada quando falam mal dela. Percorri este Brasil quase todo, conheci cada lugar que nem tens idéia, senhor. Andei por picadas, atravessei pontes que eram apenas duas tábuas paralelas, morrendo de medo que elas quebrassem e o carro despencasse.

Comi queijo de coalho em casebres de gente muito simples e coração enorme. Ah, senhor, que país maravilhoso é esse teu Brasil! Descasei, casei de novo. Quando a  saudade dava botes sobre a gente, o Walter fazia a muamba. Comprava cachos de dendê e tirava o óleo em casa mesmo. Era o único jeito de ficar igualzinho ao de Angola. Aqui as frutas são praticamente as mesmas que tínhamos, a temperatura  e as praias também, mas não é a minha casa, entendes senhor?

chai4.jpgAqui eu me sinto bem, mas falta o cheiro da minha terra, falta o cacimbo e a silhueta única do imbondeiro em meio à névoa. Há uma ausência que não consigo definir. Tudo tão igual, mas ao mesmo tempo  diferente. Talvez a gente seja mesmo filho de nosso chão, não sei. Parece que nesta paisagem familiar falta a alma da minha terra, a casa que posso realmente chamar de minha.

Eis-me aqui, senhor, aos 60 anos, com três filhos e dois netos brasileiros. Sou feliz, bem sabes, mas a saudade é bicho traiçoeiro: quando a gente menos espera, ela surge, arrepiando a pele, cravando as unhas na carne, abrindo ocos no peito. Recolho então minhas lembranças, as músicas e fotos de minha terra, e choro mansamente! 

luis33.jpg Angola ainda vive em mim. Como tatuagem de alma…  O relacto de Sonia chega ao fim deste modo e eu T´Chingange, na qualidade de relator, ouso dizer que muitos mais estórias houve nesta odisseia, fuga de Angola. A partir do dia 11 de Novembro de 1975, dia da independência de Angola, mais de 30 países envolveram-se na longa guerra civil que se seguiu, apoiando ao nível logístico e em equipamentos os três movimentos.

A União Soviética e Cuba aproveitaram o momento - a saída de Portugal (as últimas tropas - NT, chegam a Lisboa a 23 de Novembro de 1975) e situação de fragilidade dos EUA, para aumentarem o seu apoio ao MPLA. Pela frente iriam encontrar a ajuda do Zaire e da África do Sul que não queriam ficar para trás no processo de descolonização de Angola.

(Continua…)

(Texto corrigido de Sonia Zaghetto)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:40
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Quinta-feira, 25 de Janeiro de 2024
VIAGENS . 131

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3542 -25.01.2024

 “Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”

A CARAVANA.3 A FUGA - Escritos boligrafados da minha mochila

- Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

valentina3.jpg No Baleizão comi prego no pão com Coca-Cola. Nos bares à beira da praia comi santola, camarão, peixe no molho de dendê, muamba com pirão de milho. Eu nem sabia, senhor, que fabricava as lembranças mais caras. Um dia elas seriam os retalhos coloridos da minha colcha de saudades.

Tudo mudou em Abril de 1974. Angola ansiava pela justa independência; estávamos numa entressafra de tranquilidade. O terrorismo de 1960 quase não existia mais – não sentíamos isso. Os guerrilheiros tinham sido rechaçados pelas tropas portuguesas. Porém, com as mudanças na política de Portugal Continental, tudo mudou nas colónias lusitanas da África. Grândola Vila Morena deu a senha para os cravos florescerem nas armas. Marcelo Caetano caiu!

luua9.jpg O socialismo venceu em Portugal: Álvaro Cunhal, Mário Soares e seus camaradas no poder de então, apoiaram a independência e o Movimento Pela Libertação de Angola (MPLA), liderado por Agostinho Neto e patrocinado pela ex-URSS, Cuba e Alemanha Oriental. Mas no país existiam também a Frente Nacional de Libertação de Angola, de Holden Roberto, apoiada pela França e pela Bélgica; e a União Nacional pela Independência Total de Angola, de Jonas Savimbi, apoiada pelos Estados Unidos. FNLA e UNITA não aceitaram os favores de Portugal ao MPLA.

Iniciou ali, senhor, a grande guerra civil que devorou o meu país por três décadas. A violência aumentava a cada dia. Balas perdidas, rajadas de metralhadora, morteiros de bazuca e granada passaram a ser rotina. Quantas vezes, tínhamos que nos jogar no chão, dentro da sala de aula ou do cinema? Lembro de um dia em que Jesus Christ Superstar estava na tela enquanto eu, deitada no chão no cine Tivoli, ouvia as balas assoviarem por cima.

xiricuata5.jpg Era difícil para todos, mas quem tinha pele branca, como eu, caia em um limbo. Eu não era colonizadora, nem exploradora. Era uma adolescente angolana, pobre e agora considerada inimiga. Em meados de Março de 1975, começamos a cumprir o toque de recolher. A partir das 16 h, brancos não podiam andar nas ruas sob pena de serem presos ou mortos por grupos guerrilheiros. Estes não eram mais chamados terroristas e sim aclamados como heróis da libertação.

Havia assassinatos de homens brancos todo santo dia. As mulheres sofriam mais: eram seviciadas antes de morrer. Minha mãe rendeu-se ao medo: em Junho daquele ano me mandou para Nova Lisboa, onde tínhamos familiares e as coisas estavam mais tranquilas. Muitas famílias estavam fugindo do norte do país e indo pra a nossa região, onde recebiam apoio da Cruz Vermelha Internacional para deixarem o País com destino a Portugal ou à África do Sul.

camionista1.jpg Comecei a trabalhar como voluntária num dos postos da Cruz Vermelha. As caravanas do norte se multiplicavam. Eram tantas, que houve dias em que não dormíamos. Engolíamos pedaços de pão enquanto limpávamos ferimentos, distribuíamos comida e dávamos informações. Quando conseguíamos parar por alguns minutos, encostávamos o corpo nas caixas de alimentos e dormíamos em pé mesmo.

A multidão rugia em desespero. Gente à procura da família, gente abatida e sem rumo. Derramavam grossas lágrimas, lamentavam-se em alta voz pelos parentes mortos, pelos bens perdidos, pelas emboscadas às caravanas. O bicho homem é bruto, meu senhor. Lembro muito bem, ainda hoje, de uma caravana. De um dos carros desceu uma família atacada na estrada. A mãe tinha uns olhos perdidos e carregava o filhinho no colo. Seu choro era um chicote que arrancava lascas da gente e tingia de cinza o vasto mundo. Implorava que lhe salvássemos o menino, mas ele, senhor, já estava morto. Nesse dia, lembro-me bem, rompi com Deus. Reneguei-o. Era bem certo que nenhum ser supremo e bom poderia ter criado tal humanidade perversa e tanta dor a fustigar as costas dos inocentes.

(Continua…)

(Texto corrigido de Sonia Zaghetto)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:11
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Quarta-feira, 24 de Janeiro de 2024
VIAGENS . 130

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3541 -24.01.2024

 “Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”

A CARAVANA.2 - Escritos boligrafados da minha mochila

- Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

fuga8.jpgÉ Sónia, Sonia Zaghetto que continua a falar: - A casa do avô, em Nova Lisboa, tornou-se lugar das férias até os meus 10 anos. O avô trabalhava de sol a sol na chitaca. Levantava-se   às 5 da matina e ia para os campos de sisal, abacaxi, laranja, goiaba, tangerina, caju. Às 9 horas, eu e os primos levávamos o matabicho para ele e para os trabalhadores. Era bom aquele tempo de brincar, nadar no lago, subir nas árvores, cravando os dentes nas frutas colhidas no pé…

Correr atrás de patos e galinhas e dar cigarro aos camaleões só para vê-los mudar de cor e despencar do galho completamente chapados. Até hoje, senhor, não encontrei comida melhor que a da senzala. Todos juntos, brancos e negros, comendo pirão ao molho de dendê e peixe-seco. Que saudade agora me dá de pegar o pirão com a mão, molhar no dendê e depois lamber os dedos besuntados. Não há nada melhor, visse?

kuito2.jpg Quando eu e minha mãe saímos de Nova Lisboa, fomos para Luanda. Ela trabalhava como costureira. Foi assim que me criou, sentada na máquina de costura. Cresci entre tesouras, linhas e tecidos, rendas e fitilhos. Grandes espelhos reflectiam as senhoras elegantes que chegavam a toda a hora.

Minha mãe era a melhor: só trabalhava pro high society de Luanda. Noivas? Eu juro, senhor, que perdemos a conta de quantas ela vestiu – uma mais bela que a outra. Adolescente, estudei num colégio de freiras, o melhor de Luanda (creio eu ser o São José de Cluny), o mais caro. Era bolsista e tinha a obrigação de ter notas altas.

fuga9.jpgEntrei no colégio por recomendação do presidente da Câmara de Luanda, cuja esposa era cliente da minha mãe. Gosto de lembrar desse colégio. Ali fiz grandes amizades, algumas duram até hoje, embora separadas por oceanos. Foi lá, também, que aprendi a me defender. Filha de mulher solteira, quantas vezes me chamaram de bastarda? Nem lembro. Eu reagia. Não nasci para baixar a cabeça, não senhor.

Morávamos num apartamento bem pequeno. Quarto e sala, cozinha, banheiro e uma sacada minúscula, de frente para o mercado municipal, que a gente chamava de Kinaxixi ou Mercado da Maria da Fonte. Na época de provas eu acordava às 3 da madrugada. Quando os feirantes começavam a arrumar as bancas, eu aparecia na sacada e berrava para que parassem de fazer barulho, que eu precisava estudar. Eles riam e moderavam a barulheira. Depois de um tempo, eles se acostumaram a conferir: se a luz do quarto estava acesa, já gritavam “Hoje vamos ficar quietos. Vai estudar, miúda!”.

kina1.jpg Meu pai só vi duas vezes. Na primeira eu tinha seis anos e ele me levou pra passar o dia na casa dele e conhecer sua esposa e filhos. A segunda vez foi aos 16 anos. Ele me encontrou na rua, na garupa da moto de um amigo e repentinamente se lembrou de que era pai. Mandou eu descer e ir pra casa, que filha dele não andava de moto. Ah, meu Senhor, filho mal havido nem sempre engole sapo – anote aí. Disse-lhe que não era meu pai, que não passava de um reprodutor. Depois disso nunca mais o vi. Tudo o que sei dele é que vive em Portugal.

cluny1.jpg A vida em Angola enchia de festa meu coração adolescente. Com os Escoteiros Marítimos da Praia do Bispo acampei em ilhas e praias distantes, participei de paradas militares, visitei hospitais e presídios. Com o grupo de dança folclórica do Rancho da Casa do Minho de Luanda, dancei em campeonatos e apresentações. Vi o nascer do sol na praia da Ponta da Ilha, andei de moto nas dunas da praia do Sol e acampei na paradisíaca ilha do Mussulo.

(Texto corrigido de Sonia Zaghetto)

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:48
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Quinta-feira, 18 de Janeiro de 2024
VIAGENS . 128

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3539 – 18.01.2024

 “Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”

Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila - Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

luua01.jpg Naquele dia sete de Agosto, pelas dez horas da noite eu e família, dois filhos, mulher e sogra embarcávamos no vôo 7 da “ponte LUUALIX” como desalojados via LISBOA. Recordando vivências recentes, tinha recebido a minha dose em Kaluquembe; meu carro, um Renault Major, tinha sido sabotado no dia anterior indo eu a caminho do Sul - Namacunde aonde tinha um cunhado; em verdade preparava a fuga de Angola…

O General Kamalata Numa da UNITA, mais tarde, relembra: No dia 8 de Agosto de 75, a UNITA em Luanda, teve de evacuar todos os seus ministros do Governo de Transição. Já se tinha dado  o genocídio da UNITA no Pica-pau com o assassínio total de todos os seus ocupantes; todas as precauções estavam na forja da acção.

kamangula4.jpg A perseguição continua até 17 de Agosto de 1975, obrigando todos os dirigentes, demais elementos e simpatizantes Umbundos a fugir para onde quer que fosse para se manterem vivos. Em verdade, quem instalou a lógica da guerra foi o MPLA com a supervisão, beneplácita oferta de material bélico e logística do MFA, dos portugueses … 

Em meados de Outubro, o terminal aéreo de Nova Lisboa (Huambo) encerrava, e Luanda passou a receber entre quinze a vinte aviões por dia. Os meios aéreos para fazer chegar a Luanda os refugiados do Lobito, Benguela e Moçâmedes, sendo insuficientes, o Comando Naval arranjou meios marítimos para fazer chegar a Luanda os cerca de 250 mil cidadãos brancos (maioritariamente) mas, tendo também milhares de mestiços e negros; enfim! Seguiam todos aqueles que o desejassem!

ong5.jpeg O General Kamalata Numa já citado, ainda relembra na primeira pessoa: -Em verdade, o Relatório Final da Comissão de Peritos estabelecido conforme a Resolução 780 do Conselho de Segurança das Nações Unidas definiu a limpeza étnica como sendo: “Uma política propositadamente concebida por um grupo étnico ou religioso, para remover a população civil de outro grupo étnico de uma determinada área geográfica, através de meios violentos ou que inspirem terror”.

Continuando com o General Numa: - Pois foi isto que aconteceu com Umbundos e Brancos… As evidências e as provas de crime são tantas que, não restam dúvidas de que a descolonização da África Portuguesa foi uma limpeza étnica da população branca, Quiocos e Umbundos, promovida pela União Soviética com o total apoio dos partidos da esquerda portuguesa: - PCP e PS.

sorte2.jpg A finalizar um momento, o General Numa da UNITA refere: - Luanda ficou entregue a gente impreparada, gente racista como Lúcio Lara entre muitos outros e “miúdos pioneiros” que faziam querer tomar o controlo de tudo… Para o MPLA, era incontestavelmente seu líder Agostinho Neto, um sofrivel poeta com formação universitária em Coimbra – O homem escolhido pelos generais e afins do MFA (dizem agora, ter sido o menos mau!). O MPLA fica assim dono e senhor da capital - Luanda.

Pois assim foi. Portugal, tomou logo partido pelo MPLA pois que já antes deste acordo, se tinham reunido em Argel para consertar os procedimentos a que viemos a assistir. As consequências são por demais conhecidas e, assiste-se a uma permanente campanha de imunda falsidade da história com branqueamento de crimes com o apoio da pseudo “elite de Abril”, infiltrada nas escolas, universidade, fundações e observatórios, em quase todos os meios de comunicação de massas e até na figura principal do Estado Português.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:03
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Quarta-feira, 17 de Janeiro de 2024
VIAGENS . 127

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3538 – 17.01.2024

 “Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”

Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila - Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

matrindindi1.jpg Eu, era um dos que preparava essas listas de embarque – Guias de Marcha para o M´Puto, sem retorno - GUIAS DE DESEMBARAÇO. Naquela Luanda, pairava no ar promessas de morte, vinganças avulsas; continuavam as manifestações com mortos transportados em macas reclamando por insegurança e coisas variadas agitadas com catanas de furia.

Tudo o era feito, para seguir as novas técnicas de meter medo com horror; instrucções seguidas pela cartilha de Rosa Coutinho. No aeroporto de Belas já neste início de Agosto de Setentaecinco, podia ver-se milhares de famílias pernoitando de qualquer jeito junto aos seus haveres no largo frontal da zona do check-in e jardins do aeroporto, malas, caixotes e bugigangas.

soba23.jpg Ali permaneciam dia e noite protegidas com cobertos de lonas presas a caixotes usando como banheiro áreas improvisadas ou as bissapas, arbustos circundantes do jardim; o cheiro era nauseabundo. É confrangedor só de pensar em estas turbas de gente que às pressas colocaram umas peças de roupa, uns agasalhos, umas fotos de recordação prontos a ir ao encontro dum desconhecido maior que o mundo.

E, as despedidas de gente serviçal, vizinhos ou até um amigo próximo que por ali iam ficando – na Luua: toma lá a chave do meu carro, da minha casa, cuida dos animais meu amigo João, Napumoceno, num catravês de incógnitas,  num porque não sei quando voltarei, nem se volte. Na mira de voltar havia mesmo falas muito penetradas de sonhos…

soba05.jpg Olha pelos meus cães, o aspirina mais o tarzan que ficam na casota lá junto ao gerador e perto do galinheiro. Doeu e ainda dói! Coisas de partir o coração aconteciam como sendo coisa pouca – a frieza das pessoas, do governo, da Metrópole em um todo, afligiam-nos sobremaneira. Minha revolta era imensa!

No dia 4 de Agosto de 1975, na cidade da Gabela os partidos entram em confrontos e a população organiza uma caravana; com mais de duzentos veículos, serão acompanhados por militares portugueses e da UNITA, escoltados até à cidade de Nova Lisboa (Huambo). Savimbi mandava retirar o seu pessoal político e militar d Luua. Pediu à Marinha e à Força Aérea para que evacuassem todos os seus militares das FALA e apoiantes na via para o Sul - de todos os que se mantinham para além de Luanda, Carmona, Ambriz, Cabinda e santo António do Zaire.

dia230.jpg A partir do dia 9 de Agosto de 1975 o Governo de Transição de Angola ficava reduzido ao MPLA  e à parte portuguesa. Ainda faltavam 94 dias para o dia da independência, o 11 de Novembro de 1975. O novo Ministro dos Negócios Estrangeiros no V Governo Provisório (1975) de Portugal, Mário Ruivo, reconhecia oficialmente o Óbito do Acordo do Alvor.

Para tal proclamaram o estado de emergência com a criação de uma Junta Governativa para substituir o defunto Governo de Transição que só durou cerca de seis meses. Neste molho de brócolos, o Governo de Transição foi extinto mesmo sem que para tal estivesse autorizada a sua substituição em caso de incapacidade. Mais uma medida no âmbito revolucionário feita em cima do joelho pelos generais e políticos de aviário. E, o Mundo assistia a isto!

 (Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:53
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Segunda-feira, 15 de Janeiro de 2024
VIAGENS . 126

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3537 – 09.01.2024

 “Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”

Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila

- Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

Gonçalves Ribeiro.jpg António Gonçalves Ribeiro, foi em Angola, no posto de tenente-coronel, nomeado Secretário-Geral do Alto Comissariado até 10 de Novembro de 1975. Foi ele que Coordenou e dinamizou a Ponte Aérea e também Marítima garantindo aos cidadãos portugueses radicados em Angola e não só,  o regresso a Portugal com parte dos seus bens.

Gonçalves Ribeiro, publicou em 2003 o livro “a Vertigem da Descolonização” que convem ser tomado em conta nas análises que hoje se possam fazer … Em verdade, a ponte LUUALIX, só se resolveu em pleno quando mais de cinco mil pessoas se juntou no Largo fronteiro ao Cinema Miramar da Luua pedindo a todas as embaixadas que mandassem transportes aéreos ou marítimos a os tirar daquele inferno.

mocanda25.jpegNas horas daqueles dias a vida não valia um vintém; tudo ficava ao sabor da sorte. Remexendo no meu baú encontrei o único e último documento que tenho do ESTADO DE ANGOLA e do Governo de Transição assinado por António da Silva Cardoso – General das F.A. Trata-se de um Salvo-Conduto para transitar pela Cidade de Luanda e Bairros Suburbanos. Revendo o mesmo, este refere que na condição de deslocado exercia a função de Colaborador na Comissão de Repatriamento.

Aquele salvo-conduto, está assinado pelo Alto-comissário de Angola, em Luanda, aos 29 de Julho de 1975 – Nove dias antes do meu Voo LUUALIX. Naquele então do ano de 1975, António Gonçalves Ribeiro, o pai da “Ponte LuuaLix” fazia alarde ao mundo da periclitante situação em retirar todos os deslocados por via da descolonização, entenda-se uma anárquica guerra com vários intervenientes, movimentos emancipalistas impreparados para se governarem a si próprios.

lua44.jpeg Naquele então, ainda faltava ir buscar algumas pessoas a áreas do território aonde não havia qualquer segurança – gente metida no mato (…). Minha missão interinamente provisória, era dar a conhecer via telefone à gente deslocada de seus sítios tais como Administradores, Chefes de Posto entre outros funcionários, qual o vôo que lhs estava destinado por meio de GUIA DE DESEMBARAÇO para o embarque aéreo.

Era  gente deslocada ou desalojada de seus sítios, alguns deles perseguidos de morte prometida, fugidos dos movimentos, mais propriamente dos rufias feitos revolucioários pelo MPLA e que, se encontravam confinados em hotéis, pensões ou abrigados por amigos ou familiares – normalmente funcionários ou comerciantes previamente cadastrados nesta repartição governamental criada à força e a propósito de dar alguma ordem às muitas anomalias…

mocanda29.jpg Via telefone dava-lhes a conhecer qual a sua hora de embarque na ponte “LUUALIX”; para assim ultimarem sua presença ou esperar transporte ido do Palácio que os levaria ao aeroporto Craveiro Lopes, também conhecido por Belas. Confirmo que assim era porque estando eu destacado como “adido” no Palácio do Governo da Cidade Alta da Luua, podia vivenciar o que por ali se passava.

Tinha por missão e, a partir dali, Palácio da Cidade Alta – Comissão de Repatriamnto, dar a conhecer via telefone qual o número de vôo, data e hora a sair do Aeroporto Craveiro Lopes. Deste modo recolherem  a guia de marcha para embarcar.  Aos que não tinham modo próprio de se deslocar ao aeoporto,  iriam ser recolhidos  em transporte proporcionado pelo Alto Comissariado. Como digo, eram estes por norma, administradores e gente perseguida pelo tal braço armado de Poder Popular e Pioneiros…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:47
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Terça-feira, 28 de Novembro de 2023
VIAGENS. 110

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3521 28.11.2023

 “Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”

- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

moka22.jpg BATALHA DE LUANDA - A coluna da FNLA consegue atingir Caxito, onde é dizimada com a entrada em acção dos “Órgãos de Staline” aos quais os angolanos passaram a chamar de “Mwana Caxito” (filhos de Caxito); exactamente por terem sido utilizados pela primeira vez, na capital do Bengo. Esta arma capaz de disparar simultaneamente vários morteiros, foi construída no tempo de Staline…

Os “Órgãos de Staline” permitiram aos russos resistirem contra os alemães na Segunda Grande Guerra Mundial. Nesse então ganhou o nome de “katiusha”- querida Katia, palavra de código utilizada entre os comandantes das frentes. Nos EUA, chamam-lhe “Tio Sam”. Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo. No M´Puto, a 9 de Março de 1975, Spínola foi informado por oficiais amigos da operação matança da páscoa.

moka12.jpg Era aquele, um plano do Partido Comunista Português e os militares mais radicais do COPCON e da 5ª Divisão, apoiados pela União Soviética, para realizar uma campanha de assassinatos políticos, onde Spínola e seus apoiantes constavam como alvos, como parte de um golpe de estado para tomar o país.

O herói do monóculo e pingalim e luvas de coiro preto chamado de Spínola, escapa-se de helicóptero para Talavera de La Reina, em Espanha levando com ele a valentia que num repente enferrujou na apatia medrosa, com mofo e atitudes encardidas de vergonha. Entregues ao acaso, na Luua, as Forças Militares dum exército que deveria ser de conjunto, ao invés de apagar o fogo como o deveria ser, ateavam ainda mais os incêndios.

mocanda25.jpeg Lopo do Nascimento mentia com todos os dentes dando força ao tal exército popular do seu MPLA – “victória ou morte” – Aiué, Nossa Senhora da Muxima nos acuda!... As FAPLA, atacaram e destruíram com blindados o quartel da FNLA em Kifangondo. Ninguém se insurgiu neste uso de blindados! Deveriam ser apreendidos pelas NT. mas, ou as ordens se perderam no caminho ou lhes faltou coragem para actuar.

Podemos acreditar em tudo porque nada foi feito! Era mais fácil desconhecer tal gravidade. Nova Lisboa (Huambo), Lobito, Benguela e Sá da bandeira eram agora as cidades refugio dos deslocados de guerra idos do Norte, Malange Luanda, Uíge e muitas outras localidades. Num desespero e abandonando tudo, as  gentes fugiam simplesmente daquele inferno. Era o preconizado por Rosa Coutinho e seus guedelhudos do MFA.

gad3.jpg Guedelhudos do MFA.- os urubus ou corvos, como queiram; Tropa fandanga nunca reconhecida traidora pelos muitos governantes de Portugal no após 1975. Com três semanas de combates arrasadores, nunca o MPLA acudiu aos apelos de Paz faltando a todas as reuniões do comando unificado da Luua. A Emissora Oficial de Angola era simplesmente ignorada pelo MPLA.

Em N´Gola - Não dava para esperar! As escolas já não funcionavam, os dispensários médicos iam ficando sem gente capacitada, as instituições iam ficando desertas de gente com poder de decidir. O “lar do Namibe” uma cooperativa de construção comunicou-me que já tinha direito à tal casa mas, esta carta por ali ficou em cima duma estante a desaguardar num tempo que se esfumou. O PCP da metrópole na colónia, "tentou a sua sorte para poder desempenhar um papel determinante na evolução do país”. A verdade é que a descolonização de Angola estava a ser executada ao acaso…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:50
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Terça-feira, 31 de Outubro de 2023
VIAGENS . 99

NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3510 – 31.10.2023

-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - “Tropas cubanas para Angola, já!” - Nossas vidas têm muitos kitukus…

- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

sacag11.jpg Cubanos em Angola para resolver os conflitos entre o MPLA, a UNITA e a FNLA!? Uma treta! As forças cubanas iam fundamentalmente para ajudar o MPLA. Luís Marinho da Revista VISÂO adiantou na conversa secreta entre Otelo e Fidel - Diz Otelo: “Foi uma conversa muito secreta, na qual Fidel começou por me contar que tinha recebido uma visita de Agostinho Neto, presidente do MPLA, que se mostrara muito apreensivo com o que estava a acontecer em Angola. Havia muitas forças em confronto: a FNLA, apoiada pelo Zaire e os americanos e a UNITA, apoiada pela África do Sul…”

E, continua: “…Quanto ao MPLA, Agostinho Neto temia que ficasse isolado, uma vez que também estava muito dividido interiormente. O MFA, via Rosa Coutinho, tinha evitado que o MPLA se afundasse. Tinha sido uma directiva do MFA. Agostinho Neto considerava que, se não houvesse apoio militar significativo, o MPLA seria esmagado. Segundo Fidel, Agostinho Neto já tinha contactado Costa Gomes, a quem pedira que as forças militares portuguesas ficassem em Angola, depois da independência, para arbitrar o conflito.”

john4.jpg E, continua: “… A resposta de Costa Gomes tinha sido muito evasiva e, Agostinho Neto não acreditava que o presidente português aceitasse o pedido. Desta forma, pediu apoio militar aos cubanos. Fidel Castro pediu a minha opinião (É Otelo que o diz), sobre isso, confessando que estava hesitante; garantiu-me que se as forças militares portuguesas ficassem em Angola depois de 11 de Novembro, não enviaria tropas cubanas para apoiar o MPLA. Caso contrário, estava disposto a envolver-se no conflito.”

E, continua: “…Eu disse-lhe abertamente que não acreditava que as tropas portuguesas podessem ficar em Angola depois da independência, tendo em conta a situação interna em Portugal, mas ofereci-me para levar uma mensagem ao Presidente Costa Gomes, a quem pediria que desse rapidamente uma resposta ao dirigente cubano.”

guevara0.jpg E Otelo, continua: “… No entanto, aconselhei Fidel a preparar as suas tropas para seguirem para Angola. Quando cheguei a Lisboa, no dia 31 de Julho, fui directamente para uma reunião do Conselho da Revolução, que só terminou por volta das seis da manhã do dia seguinte, 1 de Agosto. Apesar disso, falei com Costa Gomes no seu gabinete do Palácio de Belém, e expus-lhe a situação.”

E, continua: “… Só me disse que o assunto ficava com ele. Acho que Costa Gomes nunca respondeu a Fidel (mentira, digo eu…). De certa forma, esta conversa marcou o destino de Angola”. De facto os primeiros contigentes cubanos chegaram a Angola nos primeiros dias de Outubro. Foram transportados de barco e desembarcaram em Porto Amboim. Sabe-se que assim não o foi pois, entraram muito antes! Lá mais para a frente, vamos ficar a saber

sara1.jpg Oficialmente, Cuba só respondeu ao pedido do MPLA em 5 de Novembro (Acho que foi bem antes com o envio de concelheiros e observadores…) . Foi então desencadeada uma operação de transporte de tropas, por via aérea, denominada operação Carlota, que, até à data da independência, 11 de Novembro, colocou em Luanda cerca de três mil soldados cubanos, afinal os principais responsáveis pela reviravolta registada na situação militar, favorável ao MPLA.

CUBA14.jpg Por todo o lado, em Angola, de Cabinda ao Cubango, dia para dia, viam-se menos caras conhecidas da rua, no bairro, no trabalho; médicos, engenheiros, padeiros, contínuos, bancários.  Davam o fora - bazavam de um momento para o outro  sem nada dizer, talvez escondendo sua cobardia; não queriam ficar para assistir aos dez e onze de Novembro porque tudo era uma incógnita… Para trás iam ficando cidades fantasmas aonde só o vento uivava com alguns cães deixados ao abandono. Malange foi assim em um certo tempo, a cidade mártir, os relatos radiofónicos das emissoras, Oficial, Católica e Rádios Clube, eram de arrepiar…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:51
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Sábado, 28 de Outubro de 2023
VIAGENS . 98

NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3509 – 28.10.2023

-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - “Tropas cubanas para Angola, já!”-  Nossas vidas têm muitos kitukus…

- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

an1.jpeg Luanda - empresas e, até algo inédito, saído de gente que era publicamente notória como Deodoro Troufa Real, o arquitecto das rotundas (ainda vivo) assumindo posições Ad Hoc na Câmara Municipal de Luanda, toma foros de  revolucionário proporcionando uma nova direcção de gestão no município; genéricamente, via-se por toda a Luanda muitas outras técnicas modenas de marketing com profissionais incitando ou anuindo-se à desobediência.

Usando modos nada comuns até então, expulsando homens de bem de forma irregular e, muitos edecéteras que sempre se relembram no tempo  entre arrepios em nosso cerebelo…  Só a 5 Junho de 1975, se  operou uma primeira definição legal do estatuto de retornado, para determinar quem podia obter o apoio do Estado Português. Em primeiro lugar, devia ser cidadão português, segundo os requisitos da nova lei de nacionalidade de Junho de 1975.

ÁFRICA13.jpgComo em outros países, Portugal, ainda na charneira de se ter tornado um estado póscolonial, teve de redefinir os contornos do acesso à sua nacionalidade no contexto pós imperial ou colonial. Para ser reconhecido como retornado, devia-se também ter residido numa ex-colónia portuguesa, estar numa situação de carência e, por fim, ter chegado à antiga metrópole depois do dia 1 de setembro de 1974 .

Esta primeira definição foi complementada por uma resolução do 21 de outubro de 1975 estipulando absurdos que não se concretizaram. O M´Puto, era uma bagunça de governo tendo um chefe militar de nome Otelo Saraiva de Carvalho que se deslocou propositadamente  a Cuba pedindo a Fidel de Castro a intervenção de militares dessa Ilha na ajuda ao MPLA. O estratego do 25 de Abril, na altura comandante do COPCON e governador militar de Lisboa empenhou-se na visita, cuja concretização, foi aprovada pelo  Conselho de Revolução.

mocanda36.jpg A  ajuda de Cuba  veio a acontecer  mesmo antes do 11 de Novembro, por uma via revolucionária a que chamaram de PREC – Processo de Revolução em Curso que felizmente teve seu fim no 25 de Novembro de 75!  Otelo Saraiva de Carvalho regressou de Cuba, mais entusiasmado com o sonho do Poder Popular. Otelo não escondia que Fidel Castro e Che Guevara eram dois dos seus ídolos, confessando que admirava muito a experiência da revolução cubana. A postura da Nação através do CR-Conselho de Revolução não o foi por isso, inocente.  

Tendo apenas Raul Castro como testemunha, Fidel e Otelo dicidiram no sentido de Cuba enviar soldados em força para Angola, para mediar o conflito entre MPLA, UNITA e FNLA (uma falácia genuina, pois que só o MPLA veio a ser favorecido). Otelo aconselhou a Fidel preparar as tropas. No regresso a Lisboa, contou a conversa ao Presidente da República, o Marechal Costa Gomes (o rolha) pedindo-lhe que desse uma resposta urgente àquele líder cubano.

guerra9.jpg A resposta foi afirmativa na premissa de urgente. E, a hipocrisia deu nisto: Que se saiba, a resposta portuguesa nunca chegou a Havana. Costa Gomes afirmou que não se lembrava de nada. A revista VISÂO revelava em primeira mão os pormenores de uma conversa que se manteve secreta durante 20 anos: aquela em que o dirigente cubano anunciou a Otelo Saraiva de Carvalho, em Julho de 1975, o envio de tropas para Angola.

Segundo Luís Marinho da Revista VISÃO, a 19 de Outubro de 1975, um ou dois dias depois da Festa Nacional de Cuba (já não se recorda com exactidão do dia), Otelo foi convidado para um almoço privado com Fidel Castro e seu irmão, Raul. Num restaurante perto da estância turística de Varadero, chamado Los Canaviales, os três homens tiveram uma conversa que se manteria secreta. O assunto era Angola. A menos de cinco meses da data prevista para a independência da ex-colónia portuguesa, ganhava força o conflito militar entre MPLA, FNLA e UNITA, sem que Portugal conseguisse um mínimo de controlo. Otelo revela esse episódio, que influenciou no rumo do conflito angolano.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:56
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Domingo, 22 de Outubro de 2023
VIAGENS . 96

NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3507 – 22.10.2023

-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - Nossas vidas têm muitos kitukus…

- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

araujo85.jpg Em Luanda e no ano de 1975, uns nove meses antes do 11 de Novembro, as leis e ordens saiam já apodrecidas do Comando Militar; passeavam  mortos pelas ruas como contestação ao ritmo de salto zulu, as fábricas iam fechando, os taxistas eram mortos de forma barbara; o ambiente era de se cortar à faca-catana escaldante na insegurança generalizada no presente do indicativo, tornando o gerúndio numa incerta loucura de futuro imprevisível

Naqueles dias, o amanhã transtornava a sociedade numa ginasticada ideia de sem se saber como iria ser - a fuga. Os locais mais concorridos eram o Aeroporto de Belas e o Porto de Luanda. Destino: Um qualquer sitio - seja aonde for! Naquele tempo surgiram do nada, muitos rambos com fitas de cunhetes a tiracolo passeando desaforo e medo na companhia daqueles, alguns magalas esqueroidos, oficiais alferes, praças das NT e, salvo-seja "nossos irmãos" que diziam com frequência: Vocês colonos, vão-se foder!

RETORNAR13.jpgE, foi… Aconteceu! A cidade suja, pegajosa e desnorteada, cheirava a cansaço, a suor, a medo e coisas mortas esfrangalhadas pelos cães vadios. Naqueles dias de catinga ouvia-se noite fora os martelos encerrando vidas, encafifando pertences e recordações. Também se ouviam rajadas lá para cima, mais ao lado e na outra banda das barrocas do Miramar. Da ilha de Luanda podia ouvir-se rebentamentos, colunas de fumos lá num suposto lugar do Sambizanga ou Bairro Operário…

Também do Bungo, do Caputo, do Cazenga, da Terra Nova. Não! Não havia naquela terra de N´Gola, mais lugar para os Tugas e assimilados a estes! Não venham agora com tretas e esquecimentos! Se antes era perigoso ser preto, agora era muito perigoso ser-se branco… Não! O passado vale pelos seus actos, pelas atitudes! Não me vou agora enganar no posfácio da vida, dispor-me a calar, engolir inverdades à força.

poluição.jpg Bom! Eis que surgiu então um filho da puta com o nome de Rosa Coutinho que de raiva vermelha fez o que quis! Ele e seus pares do MFA pintaram e bordaram, gozaram à tripa forra com Spínola, fizeram dele um chinelo, um merdas muito cheio de prosápia armado em rambo, oficial de pingalim, monóculo e luvas reluzentes com um chapéu de banga, assim enfeitado de pedante de carnaval com um símbolo doirado.  Um Mobutu Sese Seko do M´Puto…

O Consul americano em Luanda por via de desacatos, tiros e rixas, um pouco por todo o lado da Luua disse nesse então: “…os acontecimentos ilustram bem como não gerir uma crise”. Pois então! “As autoridades militares, inacreditavelmente foram simplesmente inaptas para lidar com a situação”. Pois claro! A merda foi calculada, premeditada e facilitada!

retornar1.jpg Como podíamos nós encarar esta situação e dar rumo a falsidades… Como ficávamos nós acantonados sem resguardo no Prenda, no Kazenga, no Palanca, na Calemba, na Cuca, na Maianga, no bairro Mota ou no bairro Popular, como? E querem que me cale! Nem morto… já em fins de 1974, inícios de 1975, os desacatos sociais na forma de guerrilha, aproveitavam o baixar de braços e armas das forças armadas portuguesas. As Forças Irregulares dos movimentos tendo o MPLA à proa do terror, situadas na Luua capital, e um pouco por toda a Angola, alastraram até às cidades e vilas como N´Dalatando (Salazar), Huambo (Nova Lisboa), Lobito, Benguela e Lubango (Sá da Bandeira).

retornar12.jpg Os acontecimentos procediam ao mais leve desaire, ao mínimo pretexto e na maior parte das vezes porque se pretendia que assim o fosse. Negativamente e de forma exponencial o MPLA e a FNLA aliciavam as populações a fazer alastrar a subversão a todos os centros urbanos fazendo correr boatos complicando a vida de normalidade. Havia boatos, muxoxos e muitos corpos na morgue trazidos das cidades e fazendas do Norte. Eu T´Chingas, convivi com isto pois morava bem perto da Morgue do Hospital Maria Pia bem ao lado da Maianga…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:50
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Quinta-feira, 12 de Outubro de 2023
VIAGENS . 91

NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3502 – 12.10.2023

-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - Nossas vidas têm muitos kitukus…

- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

KUITO.jpg E afinal, que foi feito do Tenente Fernando Paulo? Pensando nele demo-nos conta que era o fim do império colonial. E isso, nós (Eu, João Miranda e Oliveira do Mucusso) queríamos que acontecesse sim!  Que fiique claro, também ansiávamos pela independência. Mas, e mais mas nagativos, tão seguidos, mostraram de forma paulatina as feras sendo largadas das jaulas com a lei 7 barra 74 do MFA. A Luua eclipsava-se! O resto de Angola esfrangalhava-se ficando uma terra sem lei nem roque…

Tarde piaste! Momentos de muita inocente incerteza; abandonar tudo, entregar a chave do carro ao jardineiro da casa, o cão pastor alemão à Mariana, uma exemplar serviçal ao nosso serviço, na Caála; O mesmo que aconteceu a tantos, maioritariamente brancos na pele. Na Luua, de Kalash ou G3 na mão, a lei e a ordem, a justiça eram coisas transgredidas, inexistentes ou mesmo anedóticas pela pior das negativas…

kuito2.jpg Estávamos na segunda metade do ano sem graça de 1975 - Vai haver maka, porrada mesmo! (assim diziam). E era um virar a arma para o ar e despejar cunhetes átoa para assustar branco; balas oferecidas pelas nossas gloriosas forças - NT do M´Puto a mando do Rosa Coutinho. O medo controlava a população da Luua desorientada, assustada como um kissonde pisoteado com o apoio e fervor revolucionariamente denso do MFA importado do M´Puto - Do povo unido jamais será vencido! Que povo era esse?

 A anarquia fazia-se sentir em todos os lados, nos meios urbanos ou mato com pequenos núcleos de população, Em Malange, No Huambo, no Kuito, em um qualquer lugar com picada de acesso. E, agora vamos fazer o quê para o M´Puto? Talvez Brasil!? Quem sabe – Austrália ou Argentina! “As NT - Nossas Tropas”, já não eram nossas; davam cunhetes, canhões, paióis inteiros e até carros de combate numa perfeita cooperação de entreajuda FAP- FAPLA mandando prólixo os acordos de Alvor, da Penina e Nakuru… Estes, forneciam abertamente ao MPLA, as fotos aéreas em progressão dos supostos “inimigos”- FNLA e UNITA…

kuito4.jpg As NT, davam tudo, até as coordenadas do alvo numa logística total oferecida a custo zero ao MPLA. Com escassos soldados e mal apetrechados do MPLA, o MFA por via das NT, davam a estes impreparados militares, por vezes cheios de liamba no corpo: carros, granadas, morteiros, armas de repetição, mapas e fardamento; tudo, tudo  sem garantir  o que quer que fosse à gente de étnia branca e mestiça de terceira e até quarta geração; gente que não conhecia outra qualquer terra para poder viver…

“As NT - Nossas tropas” organizavam planos de voo com dados de meteorologia e até furtavam casas aos colonos e afins em apoio ao MPLA: Isso! Saque dos haveres de colonos que saíam desordenadamente de suas casas, abandonando tudo. Há testemunhos vivenciados na Avenida Brasil, na Vila Alice, na Avenida dos Combatentes, Zona do Kinaxixe, Bairro do Café e, um pouco por toda a  Luanda de então. Um perfeito saque,  em  plena luz do dia Uma frieza ímpar ultrajando a história de Portugal Ultramarino.  

kuito5.jpg O MPLA da Luua, por sugestão do Vermelhão Almirante Coutinho, inventava a maka! E, eram makas sobre makas, paralisações descabidas. Inventaram os pioneiros que eram trabalhados em marcha no esquerdo e direita por jovens estudantes do M´Puto! Estudantes barbudos na visão de Ché Guevara, ensinando a estes o manejo de armas de madeira a fingir AK-47 de Mikhail Kalashnikov, G3 ou Mausers…

Muitos dos “libertadores” sonhavam com a casa, o carro, os privilégios e as posições dos colonos. Conquistaram-nas e tornaram-se piores do que estes. Desculpar-se-ão com a guerra do TUNDAMUNJILA formando esquemas para transgredir os limites da legalidade. Uns quantos, continuam ainda a roubar o país quarenta e oito anos depois, enquanto o povo olhando as velhas fotos amarelecidas, passam-nas em sua máquina de pensar. Já desbotadas, tombam com elas, a vontade de querer, definham-se desmilinguidos em camadas de pó de sonho…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:53
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Quarta-feira, 12 de Abril de 2023
MISSOSSO . LX

NA PAJUÇARA COM ANDREY BLAZHE Biólogo da Bulgária – DA FUNDAÇÃO DE ZUMBI DE N´GOLA

- Depois da chuva veio um calor do caraças - Crónica com ficção *336425ª de Várias Partes com ***FK – 11.04.2023

Por swakop10.jpgT´Chingange (Otchingandji) no Mukifo de San Lorenzo

roxo61.jpg Depois do aprazado com o búlgaro Blazhe no estritamente necessário, este loiro de olho azul com um sotaque cantado bem ao jeito do Nordeste, largava um rasto carregado de erres dando notas altas aos sons vodkaianos por hábito antigo de seu palato, acho. De salientar um enfase bem institucional no trato com a minha pessoa e uma certa contensão na forma de dizer seu recado; fazia muitas paragens matutadas como que não querendo cair em deslize de desentendimento, frisando por mais que uma vez haver pressa no processo de execução – ordens do Comendador FK, referia ele… Tive sim de o tranquilizar afirmando não descurar o assunto, diligenciando o mais rápido possível nos trâmites de suficiência.

Deixei passar o tempo suficiente para fazer uma boa reflexão a fim de ter pleno sucesso nessa tarefa diplomática de abrir uma sucursal da Fundação de Zumbi de N´Gola, bem no coração da nação Ovibundo, reino dos Bailundos, terras do rei de Ekuikui com sede na cidade da Caála ande também fui feliz em outro tempo. Arrumando meus cacifos de memória achei até bem interessante levar este espírito de letras e valores que pautam a Fundação mais álem. Neste meio tempo recordei: Mas, quem é o povo Ovibundo

Repito em recordo: -São os Bailundos (va-mbalundu), os Biés (va-vihé), os Uambos (va-wambu), os Galanguis (va-ngalangui), os Quibulos (va-kimbulu), os Andulos (va-ndulu), os Quingolos (va-kingolo), os Kalukembes (va-kaluquembe), os Sambos (va-sambu),os Ekeketes (va-ekekete), os Cacondas (va-kakonda), os Quitatos (va-kitatu), os Seles (va-sele), os Ambuis (va-mbui), os Hanhas (va-hanha), os Gandas (va-nganda),os Chicumas (va-chikuma), os Dombes (va-dombe) e dos Lumbos (va-lumbu).

pinto3.jpg E porque já em tempos disse de quem pensa que sabe tudo, um dia vem a saber mais um pouco! De novo o digo. E, para não ficar só no espírito, de novo volto à carga com a estória que me liga a uma felicidade estrangulada. Foi assim que arrumando meus cacifos de memória, achei ser justo neste espírito de letras e valores, passado que é meio século pós o ano de setentaecinco  retroceder aos itens de dignidade. Achei por bem e antes de dar ajuste a qualquer diligência aconselhar-me a um velho amigo de nome Alcides Sakala, um homem coarctado pela sorte de estar no topo de vida depois de tanta dedicação com sofrimento, comendo até em alguns momentos e para sobreviver, cascas de mandioca.

Perante esta seriedade de ampla fidelidade consultei-o pela rede de canal secreto usando tecnologia de ondas moduladas friccionando curtas e, num aleluia de páscoa com anuência de pirilampos de inteligência artificial, após ter exposto tal assunto recebi a total abertura para assim, interceder nos possíveis corredores do poder: Abertamente e sem titubear ficou decidido em abrir a mente de alguns dos actuais administrativos com algum poder de influencia. Claramente, Sakala foi adiantando ser uma tarefa árdua e, num momento pautado pelo medo, de ninguém confiar em alguém e todos, todos andarem calcando o chão a medo para se não enlodarem.

kafu10.jpg Sakala, aconselhou-me a escolher um conjunto de pessoas que fossem entendidos nas vertentes de conhecimentos sociais e saúde, empresariais e infraestruturas, um economista, um técnico especialista de inteligência artificial e um bom comunicador para servir de porta-voz do grupo e, ter em conta concentrar neste toda a informação a ser difundida ao exterior da Fundação. E, foi assim pensando que escolhi pessoas à altura para secretariar uma organização sombra com características de ONG e segundo principios já bem balizados a partir da organização embrionária da Jamba e, segundo principios básicos lançados pelo líder Mwata Jonas Savimbi, o prócere a encimar o Mural da Pátria algures em nobre lugar e nesta distinta Fundação de Zumbi de N´gola.

Assim sendo e sem entrar em detalhes curriculares, optei pelos nomes desconhecidos do grande público, enumerando-os por uma questão orgânica:1- M´Fumo Manhanga; 2- Jeremias Cachiungo; 3- Conde do Grafanil; 4- Paulo Quipeio; 5- Benjamim Liwanhuca. Por enquanto preservo-me ao silencia até formatar no tempo a hierarquia segundo as competências e grau de fidelidade. Ter em conta que um esboço desta ficção de futuro foi segundo os canais próprios, dado conhecimento ao verdadeiro Presidente da Republica, Adalberto da Costa Júnior, que nada adiantou. Nada disse por via de não haver perturbações num edifício chamado de País, já de si tão debilitado e tão cheio de aduladores de incompetência…  

booktique14.jpg Nesta função de Zelador-Mor da Fundação de Zumbi de N´Gola sito em Morro dos Macacos bem perto da Palmeira dos Índios do Brasil, contornando medrosas angústias, febres palustres antigas curas a Kamokina ou Resokina naquela terra do outro lado do Atlântico, recordando a água estraganada, jacarés do Panguila ou do Cunene, com esforços na consolidação dum país que não pode ser nosso por via de coisas merdosas, continuo feito pedra parideira estalando estórias sonhajadas (viagens de sonho), só misturadas com os idos prescritos estadistas de túji que a morte fez o favor de calar nas  já emudecidas cabeças  de gente acomodada do  M´Puto…

(Continua… 26ª Parte…)

Notas: *Esta é uma estória inventada só no que concerne às mentiras… **kalundu – É uma divindade ou espirito justiceiro, presente na natureza; *** FK – Fala Kalado

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 02:25
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Segunda-feira, 21 de Novembro de 2022
MISSOSSO . LVI

NO KILOMBO – NA FUNDAÇÃO DE ZUMBI DE N´GOLA…

NA SEDE BAOBÁ de FALA KALADO

– NA SINGULARIDADE DOS KALUNDU***

- Crónica com ficção 330121ª de Várias Partes15.05.2022 – Republicação a 21.11.2022 em Lagoa do M´puto

Por araujo18.jpg T´Chingange – Em Arazede de Coimbra do M´Puto

dachala1.jpg Rosa Casado, a chefe de protocolo da Fundação Zumbi de N´Gola na sede do baobá - lugar do Imbondeiro entre União dos Palmares e o Morro da Barriga, telefonou-me para o número da secreta dando-me indicações que o senhor Brigadeiro e Porta-Voz da UNITA, Marcial Adriano N´Dachala, iria estar à minha espera no d´jango do jardim Imbondeiro. Fiquei verdadeiramente ansioso por este encontro já agendado mas sem data prévia. Há bem uns trinta e dois anos que não nos víamos; era eu nesse então, Presidente do Comité da Lagoa do M´Puto na Diáspora…

Neste agora e, desde a morte de Jonas Savimbi que Marcial N´Dachala se encontrava distante da politica activa. Reapareceu na véspera do Congresso da UNITA como director da campanha do candidato Lukamba Paulo “Gato” de quem é muito próximo. Ao longo da sua trajectória política, N´Dachala, desempenhou funções diplomáticas como representante adjunto da UNITA em Portugal, depois de ter estado no Senegal como bolseiro. Regressou ao país (Angola), na sequência dos acordos de Bicesse, tendo sido colocado como Secretario Provincial do Huambo.

É agora o brigadeiro reformado e responsável da pasta da Informação na sua função de Porta-voz do Partido do Galo Negro que, fez saber recentemente ter valido a pena ter “fé” num desfecho realista: O parecer favorável por parte do Tribunal Constitucional ao seu 13º congresso que foi, apesar do “pouco” tempo que restou para início da campanha eleitoral, a saída lógica, após tanta insensatez, embargo e procedimentos inauditos dentro do que é a lógica institucional…

Dachala5.jpg Ao som de marimbas tocadas por gente ao vivo que aprendeu seu manuseamento bem á maneira de Cangandala, demos um forte abraço; abraço de manos velhos que a estória desavisou no tempo de inquietude, na perseguição e outros contratempos a que agora chamam de resiliência – um colorido de romantismo de vulgar pieguice. Mais kotas, recordamos momentos passados, reuniões frutíferas, muitas falas e, resiliências propositadas!

Recordei-lhe assim, olho no olho como auto felicitação por chegarmos até aqui com um galo de cerâmica no peito cantando nossa margem de intervenção. Eu como um Major Niassalês dentro das instâncias honoríficas, e ele, muito justamente como Brigadeiro aposentado em exercício político… de todos os itens agendados em minha cabeça, por agora só lhe fiz quatro perguntas:

garças7.jpg

P1. de T´Ching…: - Apesar de o TC se ter desmarcado de um alegado projecto de acórdão que foi posto a circular nas redes sociais, a UNITA tenciona agilizar mecanismos de fiscalização à ética deste poder?

  1. de N´Dachala: - Decerto que sim! Iremos formatar numa declaração acusando as autoridades de “terrorismo institucional ao banalizar o poder jurisdicional”, pedindo que o Procuradoria-Geral da República instaure um inquérito para imputar responsabilidades

P2. do T´Ching…: - É sabido; “aliás, a exemplo do Congresso anulado, o TC levou meses até o anotar”, salientei… Isto tem alguma normalidade?

  1. de N´Dachala: - Não mas, não podemos comer nossos próprios fígados (numa postura diplomática continuou…): mas, deixar claro que o processo foi “bem encaminhado”. (Outrossim, explicou…) que, a exemplo do nosso partido, as organizações políticas que também realizaram congressos ordinários depois da UNITA, como são os casos do MPLA, FNLA e PDP-ANA, também ainda, não o tinham sido anotados pelo Tribunal Constitucional. “Estávamos calmos; esse processo de espera não atrapalhou de forma nenhuma o nosso programa”, frisou.

DTA4.jpg

P3. do T´Ching…: - Dá para perceber que o companheiro está um refinado diplomata com essa contenção de impulsos sem chamar o nome certo aos bois?!

  1. de N´Dachala: - Para mim, para o Partido, foram cumpridos, escrupulosamente, tudo aquilo que mandam os estatutos do Galo Negro. Na sequente abertura do ano político 2022, o Presidente, Adalberto da Costa Júnior, proferiu uma mensagem à Nação, no pavilhão multiusos do complexo Sovsmo, em Viana – Um momento alto de nossa existência!

P4. do T´Ching…: - Nossas intervenções irão continuar mas, eu que tenho estado vendo o panorama de longe e coadjuvado por gente precavida como Fernando Vumby aconselho prudência à nossa UNITA…! Depois desse discurso à nação por Adalberto da Costa Júnior, o brutamontes de João Lourenço, ficou muito cheio de raiva. Provavelmente vai até recorrer ao CAP =Tribunal Constitucional, para se vingar do banho que levou do ACJ...! O Indivíduo é rancoroso e vingativo...! Nada de excessos de confiança nestas instituições de Angola…! Este regime do M é capaz de tudo!

  1. de N´Dachala: - Sabemos disso sim; que o sistema judicial Angolano está DOENTE. Na senda do que fez o presidente fundador, Jonas Savimbi, do que fez o general Lukamba, do que fez o doutor Samakuva, a UNITA actuará! É um reiterar com um naturalmente - outros adjectivos terão de dar corpo a este pronunciamento.”

***Kalundu: - Uma divindade ou espirito justiceiro, presente na natureza…

(A entrevista,  pode continuar…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:13
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Sábado, 20 de Abril de 2019
MISSOSSO . XXXV

N`ZINGA E O FALA KALADO 
de Várias Partes – 20.04.2019
Por

soba0.jpeg T´Chingange - (No Nordeste brasileiro)

massau5.jpg Ele, Fala Kalado, quis sabe de mim, do porquê de eu ter saído da Caála de forma quase abrupta. Reporta-se aos últimos dias do mês de Julho do ano de 1975. Tive de lhe explicar que tendo eu nesse então levado minha sogra a Luanda a fim de seguir para Lisboa com seu filho Honório Mestre, por pouco, não éramos fuzilados. Como assim!? Exclamou FC. Pois foi! Fomos em um autocarro da EVA - Empresa de Viação de Angola e no lugar de Muquitixe, a terra dos abacaxis, um controle de estrada mandou-nos parar. 
::::: 
Era um desses aleatórios controles que surgiram por toda a Angola e, normalmente feito por militares ou ex-guerrilheiros do movimento que era influente em essa zona. Não vou aqui dar todos os pormenores porque tu, sabes bem o que isso foi, o que isso era! Aquele, tratava-se de uma barragem montado por pseudo soldados impreparados para tal função; era um afecto ao MPLA mas, até podia ser da UNITA ou FNLA - todos se comportavam de uma forma despropositada. Era o poder a chegar impreparado e, a quem nunca o poderia vir a ter .

guerri4.jpg Estes controles eram já feitos à revelia de qualquer fiscalização por parte das autoridades portuguesas. Por vezes pediam os crachás do movimento a que pertenciam e isto era bem perigoso! Mesmo que o tivessem ninguém o mostrava por medo de reacções adversas assim fosse de quem ia connosco, ou deles. Um imbróglio de todo o tamanho e da qual nenhum de nós poderia ultrapassar por si só! Não existia legislação para isto, nem bom censo. 
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Era um "seja o que Deus quiser"! Era perigoso insinuar-se e, ou dar indicações de camarada, de irmão ou mostrar qualquer trejeito de desconformidade. Um cigarro por vezes, era uma boa oferta e, porque todos fumavam, assim se abria uma porta de boa vontade. Parece pouco mas, um cigarro poderia valer uma vida!

gurra10.jpg Foi assim que interpretei na altura porque aqueles militares de faz-de-conta estavam cheios de droga; via-se isso nos olhos, no cheiro, nas atitudes e, qualquer fagulha poderia fazer fogo. Com o autocarro estacionado na berma, mandaram descer todos os passageiros e que ficassem ali encostados na parede de uma casa recentemente incendiada. Iam fazer uma revista minuciosa às nossas bagagens!
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Felizmente que ia ali um Furriel Negro, fardado ao jeito de um qualquer tropa de então em exercício no exército, talvez saído da Escola de Aplicação Militar de Angola (EAMA) aonde também eu tinha andado e, este apresentou-se como sendo do MPLA, mostrou seu crachá-cartão do movimento ou algo semelhante o que resultou em reunião. 

papalagui11.jpg Fosse como fossem as falas deles resultaram em deixar-nos ir via Luanda sem revistar nada. Num toca a subir de mim para comigo e todos num aijesus, Deus nos acuda - Foi um Milagre! Mas, a partir dali, foi um choque de arrasar: Casas e carros queimados ou desventrados, tudo parecendo abandonado sem gente a mexer-se; nenhum lugar para se comer o que quer que fosse. 
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A cidade do Dondo parecia abandonada - um holocausto! Seguiu-se-lhe todas as outras terreolas com idêntico aspecto,: Zenza do Itombe, Maria Teresa, Cassoalála, Cassoneca, Calomboloca, Catete, Viana e arredores de Luanda. Ver isto, foi o princípio do fim! Dali para a frente podíamos adivinhar: iríamos ficar sem médicos, enfermeiros, veterinários, gasolina para o carro, e técnicos nas várias áreas. 

modas4.jpg Sem escolas a funcionar, sem géneros para subsistir, tudo era muito arriscado e, havendo outra saída plausível seria o mais indicado - ponderar pela segurança! E havia: O Quadro Geral de Adidos para funcionários. Foi quando o pensamento como ao sabor do ar quente, rumou para nuvens menos escuras - Largar tudo e ir para o M´Puto, a metrópole, Lisboa, aonde quer que fosse, mesmo que começando tudo de novo e como órfãos da terra.
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Por muito que amasse Angola, este amor não seria nunca comparável ao da família, mulher e dois filhos. Como eu, estavam bem mais de meio-milhão. Um cunhado mais ligado às instâncias politicas do M´Puto pois que era natural da mesma região, o Ribatejo com os oficiais de Abril, tais como Otelo saraiva de Carvalho entre outros: Metalúrgicos de pensamento de esquerda, organizados por Karl Marx ou Lenine via PCP. Avisado, o Branco de nome e tez, disse-me que saísse de Angola enquanto era tempo. Só que eu queria ficar! Mas, ele estava com a razão... 
(Continua...)
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:04
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Segunda-feira, 25 de Março de 2019
MOKANDA DO SOBA . CXLVIII
CARTA ABERTA... De T´Chassanha
Com 4 adendas de T´Chingange (t) - 20.03.2019

t´chassamba1.jpgUrbano T´Chassamba (T) - O verdadeiro comandante das FALA 

t´chingange 0.jpg- T´Chingange (t) na Diáspora  (Miai de Cima de Couripe- Brasil)

-Em ANGOLA o racismo oriundo da burrice (matumbice) é que nos remete ao estado de miséria que vivemos .Você não sabe que para ser Angolano Genuíno é primaz nascer em solo pátrio e não ser, negro, branco,mulato ou cor de rosa.Um negro que nasce na Inglaterra é Angolano? Deve ser Africano!!

:::::t2

Obrigado brigadeiro T´Chassanha, sabe-se o quanto foste um combatente pela democracia. O verdadeiro comandante das FALA. Não desista, não deixe que os outros façam o que o senhor brigadeiro deveria fazer.
:::::t3
Não deixe que os oportunistas tomem o seu lugar. O Sr. é um herói vivo. O grande problema, e deve ser dito, é a incompetência de muitos quadros dirigentes. Cada um quer apenas estar nos lugares elegíveis na lista de deputados.
:::::t4
Deixam para traz os verdadeiros filhos de Angola que deram tudo que tinham para que a Unita fosse o que é hoje. Enquanto a ambição pessoal estiver acima da ambição colectiva, não haverá mudança.

arau45.jpg CARTA DE T´CHASSANHA  Carta Aberta aos militantes da UNITA e aos Angolanos em Geral - Angola não pode esperar mais...

:::::T1
Próximo de completar dois anos de mandato, Sua Excelência o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço parece ainda não ter percebido que a sua campanha eleitoral já acabou há muito tempo. Com o país atolado na pior crise económica de sua história – herança maldita da gestão criminosa do MPLA, (não apenas de Eduardo dos Santos) – esperávamos, que o Presidente da República descesse da tribuna e começasse a governar de facto.
:t´chassamba01.jpg::::T2
Esperávamos também que assumisse o papel principal na construção de consensos com os diversos Partidos representados na Assembleia Nacional e a Sociedade Civil para as reformas tão necessárias ao desenvolvimento de Angola. Por outras palavras, uma Angola para todos os seus filhos independentemente das suas filiações partidárias; independentemente de serem pretos ou brancos.
:::::T3
Se João Manuel Gonçalves Lourenço continuar teimosamente a fazer o papel de “eterno surpreendido” perante as provas incriminatórias da gestão danosa do seu Partido ao longo dos anos, demonstra, aliás como já vai sendo notório, que a estratégia dele, consiste apenas, num acerto de contas, no seio do MPLA, matando logo à partida todas as expectativas que criou, ao nos deixar sonhar por um lapso de tempo, que estávamos perante um presidente de todos os angolanos e que dali para a frente iria exercer uma governação participativa e inclusiva.
:::::T4
Se quem tem o poder para tomar providências continuar insistindo em não fazer nada, que mude o rumo do País de facto e de jure, será muito tarde. A delapidação do património público ocorreu sempre a olhos nus e já não surpreende ninguém. É, pois, confrangedor ouvir Sua Excelência o Sr. Presidente da República, sempre com o ar mais surpreendido do mundo dizer: Isto é repugnante!

t´chassamba2.jpg :::::T5 - Drs Jonas Savimbi e Carlos Morgado

Neste particular, o seu desempenho, Sr. Presidente, não augura nada de auspicioso...Mas, como diria alguém: - aqui não há inocentes! E outros mais, acrescentam: Faz parte do ADN do MPLA!
:::::T6
Nós não acreditamos que todos sejam culpados nem que a corrupção e roubalheira façam parte do ADN de todos os do MPLA. Porém há uma verdade que tem que ser dita com a máxima frontalidade possível: Angola não é o MPLA!
:::::T7
Angola que não pode esperar mais: espera acções concretas por parte da oposição e sociedade civil para mobilizar todos os Angolanos de Cabinda ao Cunene e na Diáspora, no sentido de Angola sair, já e agora, do Eixo do MPLA. Sim! Todos aqueles que nela nasceram! A Pátria não pode continuar refém da agenda de um único Partido ad eternum.

t´chassamba3.jpg:::::T8 - Adalberto da Costa Junior

A Angola que não pode esperar mais: esperou em vão por um pronunciamento acerca de uma eventual ALTERAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO com Despartidarização do Aparelho de Estado, mas infelizmente as notícias não são as melhores, pois não se vê nos referidos discursos destaque significativo para as questões relacionadas especificamente às reformas esperadas e/ou à modernização do estado. São sempre discursos genéricos, que inviabilizam uma análise mais apurada sobre o que realmente se pretende.
:::::T8
O tão propalado programa de estabilização macroeconómica, aprovado no ano passado, além das expectativas que criou, nada de substancial gerou que se reflectisse na vida dos angolanos. Não existe, pelo menos visível, uma estratégia em que o sector privado possa substituir o papel do governo como principal empregador do País, criando assim condições para que economia florescesse ao mesmo tempo que desemprego fosse debelado pouco a pouco.

t´chassamba4.jpg :::::T9 - Jonas Savimbi

Vivemos numa alegada transição em que se apregoa a transparência, mas que em contrapartida continuamos fechados às questões essenciais de interesse do País e continuamos a ter uma Presidência da República que tem uma ascendência notória sobre os outros poderes instituídos. Alguém por esta altura ainda duvida, que a partidarização está a destruir a qualidade e a independência da administração pública?
:::::T10
Mas a Angola que não pode esperar mais: pergunta se será possível resolver este tipo de casos, sem uma oposição e uma sociedade civil fortes? A Angola que não pode esperar mais: exige da oposição uma conduta exemplar na defesa intransigente dos princípios que norteiam um Estado democrático e de Direito sem quaisquer subterfúgios, nem hesitações.
:::::T11
A Angola que não pode esperar mais: exige que a UNITA deixe de sistematicamente alegar fraude em todas as eleições e seja suficientemente forte e tome providências para que elas, as eleições sejam organizadas de fio a pavio dentro das normas estabelecidas. Dizer que o bolo está envenenado para comê-lo em seguida não dignifica e demonstra uma falta de seriedade a toda a prova.

t´chassama6.jpg:::::T12

A Angola que não pode esperar mais: exige que a UNITA se deixe de desculpas e sem mais delongas, humildemente, mas com firmeza se coloque na dianteira de todos aqueles, Angolanas e Angolanos que pugnam por um País Livre, Democrático e Desenvolvido.

t´chassama5.jpg:::::T13 - Samakuva e José Cat´chiungo

A Angola que não pode esperar mais: pede, suplica, implora a Isaías Samakuva que dê lugar às gerações mais jovens e que não aceite ser o empecilho que inviabilize o projecto de transformar Angola num local aprazível onde todos as angolanas e angolanos se sintam em casa. A continuada intransigência de Isaías Samakuva de não clarificar se pretende ou não manter-se à frente do Partido impede que a UNITA se organize e se transforme no instrumento capaz de conduzir todos os angolanos sem excepção à Liberdade, à Democracia plena e ao Bem Estar Social.
Catumbela, 20 de Março de 2019
Urbano  T´Chassanha


PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:17
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Sábado, 23 de Fevereiro de 2019
MISSOSSO . XXXIII

N`ZINGA E O CAVALO ALADO – 4ª de Várias Partes – 23.02.2019
Rodando a bobine em paratrás, voltei às notícias de Brazaville: Há quase 55 anos atrás desse tal de Nelito - Fala Kalado, receber instruções de Che Guevara 
Por

soba15.jpg T´Chingange - (No Nordeste brasileiro)
O curioso desta estória é de que em vez de andar para a frente anda para trás pois que só assim entenderão o que vem mais lá para diante e, que eu próprio nem sei! Nelito Soares* foi assassinado à queima-roupa na Vila-Alice pelos comandos Tugas já depois do 25 de Abril de 1974. Os registos são dúbios embora pense que teria sido um ano depois naquelas lutas de kwata-kwata aos dois movimentos genéricos de Angola. Era assim que estavam e estão conotados os pensamentos burgueses da Nomenclatura actual dos criadores dos “Pioneiros”

che guevara1.jpg Assim se pensava ter sido até o misterioso encontro que agora é revelado a T´Chingange por Dreke, o médico Cubano que acompanhou "Ramón" até à Republica Popular do Kongo. "Esta é a história de um fracasso" importado por Cuba com a sua solidariedade internacionalista e, que muitos nem sabem porque, ou não querem saber, ou porque se estão nas tintas.
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É assim que Che Guevara, inicia o seu relato sobre o movimento guerrilheiro que ajudou a organizar na República Democrática do Congo, em 1965, um supositório chamado de MPLA antes de ser morto na selva boliviana. A estória que me foi contada está registada no livro “Passagens da Guerra Revolucionária” que se tornou em nossos tempos em apenas uma nota de rodapé em minúsculas letras.

che0.jpg Na biografia do líder guerrilheiro Che Guevara de nome Ramón, surge numa outra perspectiva nas palavras de Victor Dreke. Este General aposentado com mais de oitenta anos, foi subcomandante do médico argentino, o Ché, na primeira operação cubana de apoio aos movimentos de libertação africanos.
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Ché Guevara, prestigiado pela actuação na suposta “LCB - Lucha Contra Bandidos” entre os anos de 1959 a 1965, ficou assim como coisa ensombrada conhecido no combate a opositores financiados pela CIA. Nestas coisas sempre surgem americanos a confundir nossas verdadeiras estórias; os mestres da “Intelligentsia” no disfarce e os maiores troca-tintas impingindo-nos grafitis como sendo as verdadeiras estória do Mundo. 

cuba libre1.jpeg Pois então, não foram eles que ofereceram um rádio com tecnologia de ponta e que levou à morte de Jonas Savimbi no ano de 2002!? O Mundo não sabe porque não quer saber. Dreke servia no Exército Central, na cidade de Santa Clara, quando recebeu uma proposta que o levaria a África. Aceitou participar sem saber do que se tratava. 
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O pedido veio directamente de Fidel Castro: comandar uma missão especial e recrutar 100 jovens soldados que seguiriam para um destino ainda desconhecido! Eles surgiriam no momento certo! No envelope havia passaportes falsos, missivas diplomáticas e dólares verdes com a esfinge de George Washington, cabeça grande - "Havia uma instrução importante: deveriam ser negros, bem negros". 

eseves2.jpg Dr. Dreke achou aquela referência racista mas já habituado a tropelias conta hoje com algum desencanto entremeada com picara graça. E, repete por várias vezes: - Isto decorreu na embaixada de Cuba, em Bruxelas. Mas, antes, o veterano frisa: -Quem aceitava, deveria dizer à família que iria para um treino na União Soviética, edecéteras e tal que não é para aqui chamado. Isto passasse na “Isla- lugar de El Pinar”. Esta descrição confunde os lugares e de repente, misturando Bruxelas com El Pinar lança-me em dúvidas periclitantes. Mas a coisa dada não se deve reclamar; isto para mim já era uma grande notícia.
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Durante algumas semanas, os cem homens prepararam-se numa zona de mata sem acesso a energia eléctrica recebendo visitas frequentes de Fidel. Na véspera da partida, uma surpresa: Ele, Dr. Dreke militar, foi informado de que não estaria mais à frente da operação. Por ordem de Fidel, daria lugar a um comandante de nome Ramón, de quem o experiente militar nunca ouvira falar.

moka23.jpg -"Pensei que fosse um soviético, porque éramos poucos comandantes naquela época, e eu nunca tinha ouvido falar de Ramón algum. Achei estranho, mas aceitei sem relutar", comenta Dreke. Vou ter de deixar o resto da estória para mais tarde pois que a polícia aqui do Bairro da Pajuçara no Nordeste brasileiro já fechou o trânsito na rua - não demora, irá passar o “Pinto da Madrugada” na orla da avenida, o calçadão. 

guerri4.jpg O Carnaval aqui, é assim meus amigos! Fiquem aí sentados. O Fala Kalado um ex-falecido de nome Nelito Soares* e hoje Coronel, vai andar com o Che num lugar perto de Ponta Negra chamado de Luvungi da RPC- República Popular do Congo lá para trás nos anos de 1964 ou 1965. É aqui que encontra o Jonas Savimbi, um negro bem negro e, os rumos, lentamente, viram azimutes. Ainda não tenho bem a exacta certeza de como tudo acontece mas e como diz Murphy, o que tiver de ser, assim será…
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Nota* Nelito Soares era funcionário da Imprensa Nacional de Angola – Cidade Alta da LUUA…
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:58
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Segunda-feira, 27 de Agosto de 2018
MOKANDA DO SOBA . CXLIV

ANGOLA DA LUUA XLIV - TEMPOS PARA ESQUECER27.08.2018

“A guerra, que matou e estropiou tantos, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas e prepotentes” – Nós e os mwangolés…

Por

soba 01.jpgT´Chingange - No M´Puto

Estávamos em fins de Julho do ano de mil novecentos e setenta e cinco. Costa Gomes - o Presidente Rolha da República do M´Puto (Portugal), nunca se comprometeu quanto ao concordar com Otelo Saraiva de Carvalho no envio de e, em força (uma intensidade Salazarenta) dos expedicionários cubanos para Angola. Garcia Marques do Alto Comando Caribenho refere isto mais tarde. A estória dum novo país a chamar-se de Angola, vai sendo desvendada aos poucos como coisa envergonhada e muito cheia de traições, tractos falaciosos e sucessivas enganações aos chamados colonos.

mdp01.jpg Agustin Quintana da 10ª Direcção e mais cinco oficiais cubanos chefiados por Argwelles, fazendo escala em Lisboa, chegavam a Luanda a 3 de Agosto de 1975. Estando já em Luanda com a família como desalojado e inscrito no Quadro Geral de Adidos, foi mais ou menos nesta proximidade de datas que me inscrevi na 13ª viajem da ponte “LuuaLix” por meio de uma Guia de Marcha a fim de embarcar para Lisboa. Nesta altura, ainda tinha esperanças fortes de voltar à Luua quando tudo ali acalmasse mas, ao invés disto fui cadastrado e crismado como Retornado assim que desci do avião no Aeroporto da portela em Lisboa. De branco de segunda fui promovido a Retornado. Haja Deus!

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Dizia eu que estava em Luanda como deslocado de guerra e colocado no Palácio do Governo como Adido auxiliando como “destacado” nas tarefas de “repatriação” de cidadãos perseguidos pelos Movimentos ditos de Libertação com a principal envolvência do MPLA muito carregado de ódio e, que fomentado ou não, provocava escaramuças em todo o território, com maior incidência na capital - Luanda. Os desalojamentos em áreas suburbanas da Luua eram em catadupa incidindo sobre comerciantes fubeiros, taxistas, administrativos e genericamente todo aquele que tinham a tez de pela mais clara – brancos! Gente condenada a serem tratados como “OS TINHAS”, um palavreado que nem o gerúndio da língua pátria comportava …

melo3.jpg Como “destacado” no palácio da Cidade Alta e com um Cartão de Identidade assinado por Leonel Cardoso, tinha permissão de me deslocar após o recolher obrigatório. Meu normal itinerário hera feito entra a Rua José Maria Antunes junto ao Rio Seco da Maianga com o número 22 e o Palácio do Governo com um Alto-Comissário a gerir a “Bagunça de Angola” que mais tarde apelidei de “Tundamunjila” – Thundá mun n´jila – vai prá tua terra, branco T´Chindere, seguido de “kwata-kwata” ou agarra, agarra que é branco.

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Minha tarefa era essa, a de telefonar para o endereço certo a avisar que tal Fulano tinha embarque marcado na PONTE LUUALIX para tal dia e a tal hora; para que se preparasse e de modo próprio ou através de transporte fornecido pelo Alto-Comissário. Era uma viagem sem volta, só ida mesmo! Tudo era apontado para que a logística de meios proporcionassem sua saída. Eram normalmente Administradores de Concelho, Directores de serviços estatais, Chefes de posto Administrativo, jornalistas e ou individualidades refugiadas em pensões, hotéis, suas próprias casas ou em casa de familiares e amigos. Tudo gente hostilizada pelos Movimentos, assim fosse o MPLA, a UNITA ou a FNLA.  

demo1.jpg Havia outros cidadãos perseguidos e, por razões diversas. A bagunça instalada mais fazia lembrar uma escaramuça de formigas “kissonde” que anarquicamente e aleatoriamente procediam de forma desconexa; sem regras de protecção ou outras a adivinhar com agentes da PIDE misturados com os membros traidores da FUA (um pseudo movimento branco), colaboradores da Defesa Civil, Guardas de Fronteira e Reservas Estatais, Polícias brancos ou Fiscais de Caça. Os ódios raspavam um rancor desmedido e sem controlo.

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Costa Gomes aceitou a demissão de Silva Cardoso nomeando interinamente Alto-Comissário Ferreira de Macedo, o homem que Rosa Coutinho e a CCPA queriam para este cargo. Este General e mais outro chamado de Carlos Fabião e um outro major de nome Canto e Castro iriam a Luanda estudar a situação. Nesta altura, as notícias eram desconexas e o tempo comia as palavras de ordem ventilando-as em desordens. Ninguém entendia o que se passava e quando sabia já aquilo que parecia ser tinha alterado para coisa-outra. Não havia como gerir este estado de coisas pois o descomando era verificado naquele agora.

spi3.jpg Esta barafunda mais parecia ser propositada para confundir o medo que crescia em todos e, a cada dia, a cada hora, a cada minuto! Coisa diabólica difícil de se conceber. O maior herói de Angola e para a visão do MPLA deverá ser este traidor à pátria Lusa do M´Puto. A história de Portugal, para ser justa, terá de dar o título de traidor-maior a este Almirante Vermelho. Foi ele o feitor principal da página mais negra na história de Portugal, coisa nunca vista e com sequente lavagem em purificação pelos seus apaniguados do m´Puto.

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Uma cambada da pior espécie que ainda hoje a quarenta e três anos de distância mantêm estatutos de gente VIP. E, não surge ninguém de peso a clarificar esta história de merda – de tugi, como se diz em kimbundo da Luua. Mais tarde veio a saber-se que assim era! Rosa Coutinho era o cérebro diabólico que tudo urdia, tudo subvertia para vingar sua tenaz heroicidade invertida em traidor de primeiríssima filiação, ele traía seus colegas de armas, seus patrícios para favorecer o Movimento MPLA.

CHAIMITE1.jpg Havia que atemorizar os brancos a fim de fazê-los fugir para aonde quer que fosse; o problema era de que não havia uma voz de comando fiável! Os governantes ali postos - em Angola, Generais de Aviário e gentes do PREC afecta ao PCP português, tinham em mente fazer sair os brancos de Angola. Costa Gomes deu plenos poderes a Rosa Coutinho que junto com Carlos Fabião e o major Canto e Castro para ir a Luanda estudar a situação.

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Preparavam tudo para que a intervenção do exército expedicionário de Cuba não tivesse qualquer impedimento com a sub-reptícia desculpa e com o sufismo necessário para parecer o que não era para assim ser, porque o factor de tudo se fazer à “revelia do estado” era só uma coisa para tapear, enganar os inocentes opositores – nós, os indesejáveis colonos! Evidentemente!  

retornar9.jpg No dia 28 de Julho de 1975 a FNLA e o MPLA aceitaram a saída dos deslocados desde que a evacuação fosse feita exclusivamente pelo Exército Português. Os primeiros a partir foram os cerca de duzentos militares da UNITA, funcionários do chamado Governo de Transição e familiares dos mesmos. No dia 31 de Julho havia uma coluna de 300 viaturas com cerca de meio milhar de refugiados em Nova Lisboa (actual Huambo).

rev2.jpg Aqui não havia água ao domicílio e os cinco médicos temiam um surto de peste na cidade, devido aos inúmeros corpos mortos espalhados um pouco por todo o lado. O material e armamento do ELNA (exército da FNLA) decorrentes das rendições de Malange, seriam entregues pelas NT (Nossas Tropas) ao MPLA. A cidade de Malange foi abandonada por toda a população branca e preta que morava no asfalto. A 7 de Agosto de 1975, as mais de duzentas viaturas fizeram seu regresso a Luanda com todo o pessoal do Batalhão das NF ( Nossas Forças)…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:22
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Domingo, 22 de Julho de 2018
XICULULU . CX

TEMPOS QUENTES - 22.07.2018

– BOOKTIQUE DO LIVRO – II

No Muquitixe da Munenga vi as estrias duma kalax bem à frente dos olhos… Foi aqui que o FIM se começou a desenhar…

Xicululu: Mau-olhado

Por

tonito15.jpg T´Chingange, vulgo António Monteiro

Nas frinchas do tempo, reconheço o fim - Falei assim com a minha empregada de Campala do Uganda. Olha Mery, infelizmente, tive de reconhecer o fim quando ele chegou! Mary, olhou-me com uma ternura idêntica àquele de uma outra empregada chamada de Mariana que tivemos na cidade da Caála. Foi neste então que lhe falei daquela mulher bonita e culta saída da Missão Católica do Kuando, lugar que fica a caminho da Cidade do Kuito, antigo Silva Porto.

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Era ver Mariana fazendo seus deveres de casa com meu filho Marco (M´Fumo Manhanga) com menos de um ano, amarrado à sua cintura com um pano colorido e, com a esfinge de Mobutu Sesse Seco que tinha guardado ainda do tempo de tropa em Cabinda. De noite, ele, Marco que já andava, surripiava-se de nossa cama de casal ao encontro de sua Manana; era assim que ele a tratava! Quando reparávamos que já não estava, já o dia ia abrindo com o sol despontando do lado do Huambo, antiga Nova Lisboa. Morávamos na residência da escola primária, bem em frente à igreja de Robert Williams -Caála.

ÁFRICA13.jpg Mariana tinha toda a sua família em um bairro perto da Missão que visitávamos com alguma periodicidade; enquanto por ali estava com seus mais próximos, nós preenchíamos o tempo olhando as águas do lago da barragem que fornecia água à cidade do Huambo. Eram as cabeceiras do rio Kuando, o mesmo rio que visitei anos mais tarde no estremo da fronteira de Angola e, quando a caminho das Cataratas Victoria , bem no fim da faixa de Kaprivi.

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Mary escutava-me com atenção pois que entrecortadamente dava pormenores que muito tinham a ver com sua cultura m´Bantu do Uganda; ria ou acenava concordando com minhas falas já ressequidas nas anharas e vastidões do planalto central de N´Gola. Com emoção recordei o convite que fizemos a Mariana no intuito de ir connosco para a Luua via M´Puto na metrópole que, nem conhecíamos no rigor de vida - Ela não poderia deixar sua família desamparada.

ÁFRICA17.jpg Com ela ficou o nosso cão, um serra da estrela e um montão de imbambas e até algum dinheiro que já neste então de pouco valia. O fim andava rápido demais e, nós sem sabermos bem para onde ir, tendo já perdido o comboio de refugiados para a Namíbia, lá acabamos por ir para Luanda num avião da TAAG abandonando tudo em caixotes destinados a lugar nenhum porque, simplesmente, nunca chegaram.

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Barragens com tiros raivosos impediram por duas vezes sua passagem em Cacula, no cruzamento que ligava e liga o Planalto Central a Moçâmedes e Benguela. Foi assim que me contaram e assim vai ficar no pensamento até se dissipar no paralém. Só ficaram lembranças das gentes que como kissonde se dissiparam na geografia terreste formando a Diáspora que hoje conhecemos. Nunca mais tive notícias fidedignas dos amigos kamundongo da Junta Autónoma de Estradas entre outros. Só soube que Kalakata morreu de tiro. Passo à frente destes pormenores…

kuando1.jpeg A pensar no como seria a vida lá na capital do Império, o M´Puto mal conhecido por nós antevia-se a solução mais plausível, menos sofrível, pensávamos assim ao som de granadas que rebentavam nos bairros, pela cidade, em todo o mato de Angola. A tempestade vingativa sobre os comerciantes fubeiros brancos subia de tom todos os dias. As raivas destes com os fubeiros e taxistas foram levadas em magotes de gente branca até o Palácio da Cidade Alta, lugar do Alto Comissário com mando do MFA.

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Esta gente-comerciantes, andavam excitados num demasiado medo; Eles que viviam nos musseques, bairros negros suburbanos, conviviam mal com sua fama de trapaceiros. Pouco a pouco foram sendo expulsos de suas casas e, por via do medo de musseque, as rajadas desenhavam angústias tracejantes em forma de balas zunidoras de burlar vontades. Vamos lá! Diziam uns aos outros…e foram.

kuando2.jpg Os desalojados eram às dezenas de milhar. Despojados de seus negócios foram pedir ajuda a um governo que se sabia pactuar com os enraivecidos e, tudo se tornava muito tarde sem uma escassa hipótese de retroceder. Sim! Já tudo era demasiado tarde. Mas mesmo assim e dentro do palácio fizeram o traidor Rosa Coutinho subir para uma mesa a resguardar-se de tanto punho com vontade de se tornar soco. Muita sorte teve de não levar um tiro nos cornos salvo seja.

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Aquele teatro de fingir guerra era uma inventação deste pulha, um desclassificado personagem a representar o MFA. Dando um pulo à frente na estória e, afim de não massacrar a minha empregada do Uganda, fui dizendo que tal e tal como o previsto dei comigo a fumar o medo e, num repente de assim dizer que se lixe, como todos os demais degluti o medo, comi-o! Olha, por agora não falo mais, disse eu a Mery de Campala.

kuando4.jpg Já cansado de esganar a saudade, de esganar a traição, de esganar a mentira daquela descolonização, ela deu-se conta e, sem enfado, muito pausadamente disse: - O seu azar, assim quase titubeando a verdade para não se ferir, o seu azar, notei a dificuldade de ir mais além; acenei-lhe assim-assim com o dedo indicador rodando, anda, desembucha! E, repete, o seu azar patrão… o seu azar foi ser branco!  E, foi! Dei-lhe um abraço de agradecimento pela sua verdade…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:00
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Domingo, 13 de Maio de 2018
MOKANDA DO SOBA . CXLII

ANGOLA DA LUUA XLII - TEMPOS PARA ESQUECER - 13.05.2018

“A guerra, que matou e estropiou tantos, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas” - Quase morri antes desta guerra em Kaluquembe; acho mesmo que fui para o além durante um pequeno espaço de tempo…

Por

soba15.jpg T´Chingange

Quando no ano de 1974, se deu o 25 de Abril em Portugal, estava eu exercendo as funções de Topógrafo da Câmara Municipal da Caála (Robert Williams); chefiava a Secção de cadastro no referente a terras, urbanismo e obras já licenciadas. Minha mulher que era professora do ensino básico dava aulas no bairro Popular nº 1 confinando com o bairro Madame Bergman, muito próximo da estrada de Catete e confinando com o Bairro do Caputo perto da Terra Nova e Cemitério Novo.

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Ela, Maria Emília dava aulas a 40 crianças dos quais, só duas eram brancas; filhos do merceeiro situado bem perto desta escola com o nº 22. Maria Emília imediatamente a seguir ao 25 de Abril ouvia alguns alunos em surdina, e na forma de muxoxos dizerem coisas desaforadas como: Vamos ficar com a casa da professora- Vamos ficar com o carro da professora, Vai para a tua terra, entre outras frases que ela fazia por não querer ouvir. Era um indício da tempestade que se aproximava. Três meses depois do vinticinco, em Julho de 1974 é destacada para a escola da Caála. Um alivio - a família Monteiro reunia-se de novo.

kafu19.jpg Aquelas crianças dos bairros suburbanos de Luanda eram a propósito instruídas em casa para assustarem seus professores; uma forma de rebeldia independentista curtida no seio de suas famílias; logicamente que seriam os pais senão a induzir os filhos, no mínimo eram conversas escutadas por estes. Fabricavam boatos que desencontravam a vida de todos. Eram já ensaios na preparação do Poder Popular. Maria Emília, já na Caála, contando isto a mim, dava para antever uma grande borrasca lá pela capital. Era o início da Guerra do Tundamunjila…

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Após os primeiros encontros, negociações de cessar-fogo e acordos com os movimentos rebeldes e, já após aceitação da UNITA o professor Liuanhica da Catata, director de um colégio-missão, entra em contacto com vários elementos desta pequena cidade para formar o Comité da UNITA da Caála. Não me vou alongar muito nesta descrição mas, foi assim que fui eleito Secretário de Informação e Propaganda até que em uma remodelação dos Quadros, o próprio Jonas Savimbi me indigitou para Secretário de Relações Publicas do Comité.

zeça14.jpg Tenho contra vontade de expor isto para que todos vejam o empenho que fazia em permanecer em Angola e de uma forma activa. Nunca me arrependi de assim ter procedido até ter saído da Caála em Agosto de 1975; a UNITA teve ali, um comportamento exemplar. De forma breve posso dizer que o meu carro foi sabotado e, tudo indica por gente afecta ao MPLA. A carcaça do meu carro, um Renault major lá ficou na curva da morte do Cruzeiro de Kaluquembe.

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Quase morri, acho mesmo que fui para o além durante um pequeno espaço de tempo mas, regressei com uma clavícula partida! Do carro nada se aproveitou e, tudo ardeu! Literalmente! Foi naquele acidente que o galo pintado de branco, símbolo da UNITA em fundo vermelho morreu! Foi o Doutor Parson, seu filho David e esposa da Missão do Bongo para lá do Longonjo, que me ataram uma ligadura a dar firmeza ao osso; osso que soldou por si, só com o tempo. Meu ombro esquerdo, por via disto, ficou mais curto em um centímetro. Aonde quer que estejam os Parson, mando os meus agradecimentos.

áfrica19.jpg Porque já foram escritas 41 mokandas em um dilatado tempo convém aqui e agora recordar a cronologia da ENTREGA DE ANGOLA AO MPLA NO ANO DE 1975: 15 de janeiro . 1975 – Portugal, MPLA, FNLA e UNITA assinam os Acordos de Alvor, estabelecendo um governo de transição para a independência de Angola, o poder seria dividido entre as partes assinantes dos acordos. A independência ficou marcada para o dia 11 de Novembro do mesmo ano. - 31 de Janeiro . 1975 – Posse do Governo de Transição de Angola Como previsto pelos Acordos de Alvor. - 21 de Março . 1975 – Início dos confrontos entre MPLA e FNLA em Luanda e no norte de Angola.

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- 13 de Junho . 1975 – Aprovação da Lei Fundamental pelo Governo de Transição de Angola. - 9 a 20 de julho . 1975 – Confrontos armados entre FNLA, UNITA e MPLA resultando na expulsão da FNLA e da UNITA de Luanda. – Agosto . 1975 – Suspensão dos Acordos de Alvor por Portugal. O governo passa a ser exercido por um alto-comissário. - 3 de Agosto . 1975 – Início da “Operação Iafeature”, consistindo numa aliança militar entre FNLA, UNITA, forças zairenses e sul-africanas, coordenada pela CIA, para combater o MPLA e conquistar o poder em Luanda no dia marcado para a independência. O governo caberia a uma coligação entre FNLA e UNITA.

suku0.jpg - 4 de Agosto . 1975 – Jonas Savimbi anuncia oficialmente a entrada da UNITA na guerra civil. - 17 de setembro . 1975 – Chegada das primeiras forças regulares da África do Sul em apoio à UNITA. - 7 de Novembro . 1975 – Deslocamento aéreo de novas forças cubanas para Angola, através da Operação Carlota. - 11 de Novembro – Retirada das autoridades portuguesas de Angola. - O MPLA proclama em Luanda a independência da República Popular de Angola. - UNITA e FNLA proclamam a República Democrática de Angola, no Huambo.

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Situemo-nos de novo a 10 de Novembro de 1975. A 100 metros da ponte de Quifangondo, dois camiões carregados de soldados zairenses morriam sem defesa possível. Uma Panhard foi atingida em cheio! Desta leva de soldados quase todos por ali ficaram mortos ou feridos com gravidade. Sem explicação a artilharia pesada Sul-africana abandonou a luta rebocando os obuses para lá do Caxito. Segundo Santos e Castro os Sul-africanos retiraram-se pelas 16 horas e 30 minutos com todo o material.

pioneiros.jpg Deixaram os obuses sem culatras tendo sido recolhidos por um helicóptero que os levou até uma embarcação fundeada ao largo da costa do Ambriz. A Batalha de Quifangondo estava perdida. A FNLA fugiu mato adentro sem comando. No vale de Quifangondo os artilheiros cubanos que manobravam os “Órgãos Stálin” – lança foguetes 122 mm, tinham aniquilado a FNLA. As Brigada da FAPLA e da força Cubana estavam agora livres para enfrentar as tropas Sul-africanas e a UNITA que se aproximavam pelo lado Sul de Luanda.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:05
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Sábado, 24 de Março de 2018
ROXOMANIA . III

Mussendo - Um óbito no Huambo

Por

soba0.jpegT´Chingange - No Nordest brasileiro

Uma homenagem aos meus auxiliares em campo da Câmara Municipal da Caála: - Pumuma, Jamba, Otaca, kumuna, Botomona, Francisco e Zacarias. A ferrugem do tempo calcinou projectos ali ao lado da pedra do sargento Canas a caminho do Quipeio, a ilha dos amores. O presidente Casimiro Gouveia nunca soube que era o Caluviáviri.

ÁFRICA17.jpg Jaka kapiango num mês bolorento, muita chuva, pouco dinheiro, maka na família, dívidas sem pagar no senhor Zeca gweta da loja do kimbo lá na Vila Flôr. Teve de dar nome na administração aonde devia impostos; quinze dias depois, seguia de contrato para a roça em Samtomé no vapor “Mouzinho”.

ÁFRICA11.jpg Na vida dele toda negra, só engordoreceu vontade de fazer seu sonho pois, só ajuntou no insuficiente para comprar uma junta de bois. Nem quase só, nenhuma coisa mesmo, nada ki kima n´go

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Foi no Longonjo trabalhar terreno bom no plantio de milho mas, a velhice chegou antes do tempo certo. Ele, só desconseguia viver melhor do que queria; sempre escorria sua fraca sombra fazendo encontro com o sonho que tinha andado dormido no seu coração.

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O tempo foi comendo lembranças da roça lá no Samtomé que, de muita sorte voltou no seu kimbo, suas botas, sua lavra, sua primeira, segunda e terceira mulher.

ÁFRICA18.jpg Num dia mais tarde, Jaka Capiango foi ficar só envelhecido de seco, castigos e fomes. Seu nome ficou de sucesso no livro de contratados no angariador da administração; um exemplo de sucesso apontado na palavra do senhor governador de distrito na Nova Lisboa.

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Jaka morreu contraminado sugando cinzas em estória de saudade antiga, sua dicunji dos mares verdes de Samtomé; uma vida de nó em três voltas. No Santomé já só juntou mesmo chuva grossa mais mil chuvisquinhos e berros do capataz tuga peidador de bufas importadas do M´Puto.

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Por muitas vezes saiu voando sombra negra de raiva no toque, zunido e uivo dum longo chicote; lentamente ia-se morrendo. Seus kambas kwachas lhe lembraram, boa pessoa, inchados de bolunga doce e t´xiçângua fermentada com paracuca a acompanhar.

áfrica19.jpg Neste entretanto, o choro de lágrimas carpidadas, encarquilhavam mulheres de velhos rostos, simplesmente! Saí só falando calado “ m´bika ia kaputo, caputo ué*”. O Sol de Jaka se apagou entornado de escuridão que lhe torceu por demais seu coração.

* Escravo de branco, também é branco

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:37
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Segunda-feira, 12 de Setembro de 2016
MOKANDA DA LUUA . XLIV

ANGOLA – DO HUAMBO -– "Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo - nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra"

OS LUANDENSES NUNCA VIRAM COM BONS OLHOS, AS GENTES DO SUL DO PAÍS ! 

Por

vumby0.jpgFernando Vumby Fórum Livre Opinião & Justiça

valentina0.jpgINTRODUÇÃO

Esta crónica, eu tinha que escrever qualquer dia, até porque conheço muita gente que sofreu apenas e simplesmente por ter tido um nome de origem sulano, curioso alguns até chegavam á ser barrados mesmo vivendo em Portugal, dependendo do tempo em que tinha fugido do país. Nem sei se na altura os tugas já estavam feitos com o regime vigente em Angola ou não, mas verdade é que, conheci casos de angolanos que foram repatriados com base nisto e, postos em Angola, acabaram eliminados.

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Estou a preparar uma obra intitulada o (Drama de Eslome Joaquim) Um homem que tinha feito tudo para se livrar do regime, e mesmo posto fora do país, o azar continuou á persegui-lo até que acabou morto em Angola depois de ter sido forçado á regressar para o país. Um dia, tinha sim que escrever esta crónica pois ainda há muita fachada, muitos abraços fingidos entre uns e outros, muitas nomeações simuladas, posições ocupadas para se vender o peixe desde á muito considerado por podre como bom, etc… etc.

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E até porque ainda existe uma certa resistência e dificuldades das gentes de origem sulana mesmo estando no MPLA e com cargos (importantes); por exemplo em exonerarem seus subordinados naturais de Luanda e pior se este for de carreira militar, dos tais generais do grupo dos intocáveis, conheço-os todos, tão bem e melhor que muitos. Se ate hoje fores á uma embaixada de Angola e dão conta que és do sul. A esfrega que apanhas se tiveres o azar em seres atendido por um kaluanda não será pera doce! Infelizmente as embaixadas foram transformadas em autênticos comités do MPLA.

vumby7.jpg Para não falar dos sulanos que ficam anos e anos sem promoção nas forças armadas, e se não forem lambe-botas ainda pior, pois ate acabam zombado pelos seus próprios colegas na unidade militar... Kota, esses sulanos dão pena, concluiu um jovem militar das FAA patenteado, enquanto o outro com mais idade numa roda de amigos dizia em voz alta e em bom-tom; " Há um tipo destes que veio da UNITA por ser ministro! "

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QUEM DISSE, QUE ISTO ACABOU?

Mesmo estando-se em tempo de (reconciliação) nacional e de uma (paz) vista por canudo, há verdades que por nada deste mundo temos o direito de esconde-las ou pinta-las porque se diz que isto já pertence ao passado. Nasci e cresci em Luanda e sou do tempo em que para se desprezar e desrespeitar as gentes do sul nunca faltaram os termos e apelidos dos mais depreciativos possíveis que ate hoje ainda estou para saber quem colocava isto na cabeça dos luandenses.

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Para os kaluandas todos que fossem do sul do país eram considerados como bailundos e á palavra bailundo (os baías) curiosamente ate chegaram á dar o significado de atrasado, burro, escravo, criado do branco e falso. Não sei se é pelo facto da maioria dos brancos na altura terem tido como preferência as gentes do sul do país, para trabalharem em suas casas como empregados domésticos internos os considerados por criados.

an4.jpeg Ainda naquela altura alguns velhos do sul de Angola que chegavam e se fixavam em Luanda e já tinham dado conta de que o ser-se sulano, raramente não era interpretado como pior do que o numero da (prostituta), para salvarem á pele dos seus filhos de possíveis humilhações viram-se obrigados á fazerem novos registos para os mesmos trocando os nomes de família e passaram á crescer ate morrer com nomes como se fossem naturais de Luanda.

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Sei que este é um tema que muita gente não gosta de abordar por receio em serem acusados de tribalistas, regionalistas ou coisas do género, eu não tenho kigila e vou continuar a abordar ate porque conheço pessoas que nasceram no Bié / Huambo / Bailundo cresceram em Luanda e morreram como naturais de Luanda e curioso com nomes que ate parecia que estavam reservados exclusivamente para os luandenses.

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Cumpro com isto o dever moral e patriótico ao não esconder estas verdades ocultadas e manipuladas propositadamente para se vender a ilusão de que este espírito e comportamento já foram banidos das mentes de certas pessoas o que não é verdade. Poderia até mesmo mencionar alguns nomes de pessoas; que se não se tivessem protegido por detrás das novas cédulas pessoais teriam problemas. Às pressas e, se calhar nas guerras do kwata-kwata, quando o MPLA relacionava toda gente do sul como simpatizante, militante ou amigo da UNITA. A ser assim, hoje não estariam vivas.

huambo.jpg Quem viveu em Luanda nesta altura sabe que houve até casos em que os próprios vizinhos eram os que denunciavam quem era e não era do sul de Angola, o relacionava como kwacha e raramente não dava á dica ao camarada com ordens para surrar tudo que era do sul. Curioso é mesmo havendo muita gente que já tinha aderido ao MPLA ainda nos tempos da guerrilha contra o regime português e, que depois ate se destacaram como grandes comandantes em frentes de combates contra o colonialismo português; foram subestimados pelo bureau político do mpla. Hoje a merda ainda é a mesma, muito embora com um cheiro um pouco diferente, muitos são os que partilham desta ideia!!!!!

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:39
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Sexta-feira, 19 de Agosto de 2016
MOKANDA DO SOBA . CIV

TEMPOS PARA ESQUECER19.08.2016 - ANGOLA DA LUUA XIV . NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA. … Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo - “Consolidação do poder popular” na Luua…

Por

soba17.jpgT´Chingange

zeça14.jpg(…) A Força Aérea transportou o grosso do resto da fracção Chipenda para Gago Coutinho. Nos dias que se seguiram, foram as cantorias a enaltecer o herói Valodia assim ao jeito de rumba com bolero de Cuba do tipo que fez crescer a imagem do Che Guevara; a mística música, enaltecia as contendas da guerra provocando um estado de euforia misturando sonhos de libertação, incentivando o erguer de punhos, catanas e armas que rebentam casas, gentes de fazer fugir o capeta, como se estivessem a defender uma Baia de Cienfuegos.

chipenda.jpg Lá a Sul daquela Angola, fazendo meus trabalhos de urbanismo na Câmara Municipal da Caála, afligia-me tal situação. Era neste então Secretário de Informação e Propaganda da UNITA do Comité da Caála. Pensei que poderia assim contribuir para a boa ordem na região que até aqui se tinha mantido pacífica, o planalto do Huambo. Jonas Malheiro Savimbi "leader" da UNITA esperou ir a Nova Lisboa depois de estar legitimado pelo acordo de Alvor e, chegou triunfalmente tendo a recebê-lo mais de meio milhão de cidadãos. Esta recepção triunfal aconteceu a 28 de Janeiro de 1975.

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Savimbi o “Mwata”, estava em alto neste então, sendo considerado o mais moderado e com ideias mais viradas para o progresso de Angola. Os militares do CR, portugueses, tentavam manobrar sua imagem tirando dividendos do confronto com um MPLA cada vez mais radical e raivoso. Savimbi ia acompanhado por seu secretário-geral do movimento, Miguel N´zau Puna, e doutros elementos ligados à UNITA; chegou ao aeroporto de Nova Lisboa (Huambo) cerca das 10.30 horas com uma surpreendente multidão a esperá-lo.

che0.jpg Os jornalistas que fizeram a cobertura do acontecimento referiram ter sido um espectáculo altamente elucidativo da "força" que aquele tinha no planalto central. Toda a zona do aeroporto estava apinhada de gente que, entretanto, qual rio caudaloso, se escoava por toda a parte nos quase três quilómetros que o separam da cidade propriamente dita. Neste tempo e até o mês de Junho sentia-me confiante mas, não foi possível conter a tarefa de rebelião que o MPLA todos os dias e à semelhança de Luanda fazia junto dos kimbos assediando gente, revirando-lhes a vontade da mente, alinhar com esta onda de e contra o dito colono que era sempre branco.

savi1.jpg Sentia-me acarinhado entre aquela gente laboriosa da UNITA e, numa revisão de tarefas fui indigitado Secretário de Relações públicas! Durante a minha vigência tudo correu dentro de uma normalidade aceitável mas sentia que o câncer da liberdade era venenoso demais para continuar a ser um paraíso. Não me sentia convincente no suficiente. Pouco a pouco fui ficando nada confiante no futuro! E, mesmo falando em comícios dando tranquilidade, não me conseguia acreditar e fazer passar a mensagem a cem por cento! Os brancos, dia a dia abandonavam tudo! Fazendas, padaria, marcenaria serração e tudo o que se define como actividade comercial. O câncer alastrava…

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Num repente já nem tinhamos médico, no outro dia já não havia enfermeiro; um e outro iam zarpando de avião, carro ou comboio. Ia ficando no dia-a-dia um deserto sem a gente capacitada para gerir o que quer que fosse; já não tinhamos veterinário nem mecânico que curiosamente ou não, já tinha vindo refugiado anos antes do Congo, e o desespero quer se queira ou não, um dia chega! Ninguém é permanentemente de ferro! Em uma ida na carreira EVA levei minha sogra a Luanda em Julho e, foi quando deparei com o caos à medida que me aproximava da Luua.

savi5.jpg Havia controlo de zonas, primeiro da UNITA e depois para lá do Alto Ama eram da FNLA, do MPLA, assim uma coisa de filme tipo guerrilha do Ruanda como Tutsis e Hútus e marginalidades ao jeito de “apocalypse now” com gente não habilitada para zelar pela ordem, gente drogada que nem falar sabiam! Em Muquitixe mandaram sair os passageiros do machimbombo e ali ficamos encostados a uma casa esfolada de tiros; assim, esperamos que revoltassem nossas malas.

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Um furriel camarada, farda portuguesa, negro de cor com afectos ao MPLA, a dado momento mostra seu cartão de mando conseguindo convencer a nos deixarem seguir. Estávamos ali brancos, mestiços e negros olhando de soslaio uns para os outros, tendo por fundo um paredão ruina de casa em adobe que bem poderia vir a ser o nosso sítio de dia final! Depois seguiram-se o Dondo, deserto queimado com cães rondando as quitandeiras que vendiam sobrevivência na forma de peixe seco; nada mais!

savi4.jpg Nada de sandes, café ou o que fosse e, depois e muito pior, seguiram-se as povoações de Zenza do Itombe, Maria Teresa, Catete, Kassoneca, Colomboloca, e por fim Viana. Uf!... Finalmente, Luanda à vista! O holocausto foi tão cruel, a visão era tão catastrófica que fermentava na minha cabeça a fuga! Não via outra solução plausível. Aquilo era pior do que poderia imaginar; pior que mau ou péssimo! Deixei a sogra e regressei de avião a Nova Lisboa com a definitiva ideia de regressar ao M´Puto. Meu compadre neste meio tempo já estava na Namíbia no campo de refugiados.

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Estava combinado ir com eles mas o comboio de viaturas não podia deixar de seguir seu rumo para Grootfontein com vigilância de uma das NF, forças portuguesas. Cheguei à Caála e descrevi aos meus parceiros manos do movimento que iria inscrever-me no Município nas listas dos Adidos. Falei com Kalakata, o chefe do destacamento militar de Robert Williams e fiz uma despedida de “mais-tarde-nos-veremos”. Kalakata viria a morrer em uma maka organizada, das muitas que sucediam e, um tiro perdido mandou-o pró paralém.

savi3.jpg Aquele ataque às sedes do Chipenda em Luanda foi visto com o prelúdio do que aconteceria tanto à FNLA como à UNITA. Holden Roberto, com um tom bélico e a partir do Zaire fez um discurso de aviso ao MPLA de Luanda. Ele não estava ciente do poder de fogo dos comités da acção popular, vulgo “poder popular” dos bairros periféricos da Luua. Ele só fanfarronava de lá de longe com a protecção de Mobutu; seus maus concelheiros só queriam quimbombo com chuço (churrasco de galinha) no espeto…

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Também ele não acreditava que seu exército bem equipado e formado, poderia ser saraivado de balas pela guerrilha urbana, pelas balas G3 ofertadas pelo Alto-comissário Rosa Coutinho e seus guedelhudos capangas formados no Sarajevo e Praga, oficiais progressistas do M´Puto que queriam virar o mundo do avesso; o nosso mundo! Este passado tão inglório, tão medroso, tão traiçoeiro, foi ficando um sítio demasiado perigoso!

fiat1.jpg Por detrás daquele poder popular estava gente com raivas sem freio, mulatos abandonados pelos pais, brancos sismosos de Che Guevara, vizinhos muito doentes nas filosofias esquizofrénicas e pretos que nem sabiam o que isto era, todos comandados além do Valodia, do Monstro Imortal, do Lúcio Lara, do Iko Carreira e uma parafernália de gentinha má e mesquinha, mal formados, também por militares de aviário formados em quarteis do M´Puto às ordens dum tal de Concelho da Revolução e adjacências…

(Continua…)

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:01
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Terça-feira, 12 de Agosto de 2014
MUSSENDO . VIII

HUAMBO - Pude cheirar o azedo de sua morte, bufas importadas do M´Puto.

Mussendo: Conto curto de raiz popular, missiva em forma de mokanda (carta) do Kimbundo de Angola (N´gola) durante o tempo colonial (Arnaldo Santos foi seu 1º mestre).

Por

    T´Chingange

Uns dias atrás, na devoração dos meus passados, ressurgi do nada como uma kianda na Ilha dos Amores do Quipeio e, o que vi, surpreendeu-me sobremaneira. Pude observar por detrás de chinguiços ressequidos e vissapas espinhosamente verdes, um militar vestido de caqui e zuarte com polainas de lona, tal como era usual nos soldados expedicionários do início do século XX para as Áfricas Coloniais. Este homem de antigas sarjas, tinha divisas de sargento também do tempo de Kaprandanda. Estranhei estar este militar um pouco afastado de seu bivaque situado no sopé da pedra Nganda la Kawe mas apercebi-me em seguida que ele não estava só. Apurando bem a visão pude ver um mulher desnuda debruçada na corrente de água fria e límpida; Aquela mulher negra de seios arrebitados com tudo no seu lugar, enfeitiçava seu mwana-pwó magala do M´Puto de nome Muenge. Entendi que ela o chamava assim porque correspondia ao nome Canas que era efectivamente o seu.

 Soube por intermédio da minha sapiente kianda, uma múmia de nome Januário Pieter que aquele cafeco era filha do soba Wambu Kalunga, homem muito respeitado em todo o planalto do Huambo. Deu-me a conhecer que na segunda metade do ano de 1901, se deu início à revolta nos povos do Bailundo. Para lhe fazer frente, organizaram-se duas colunas de expedicionários. Uma saiu de Luanda sob o comando de Massano de Amorim, e a outra saiu de Benguela tendo no comando Teixeira Moutinho. Ambas suportaram longas marchas e duros combates, todos eles contados por vitórias. O sargento Canas pertencia a esta segunda coluna. Convêm aqui referir que a seguir à Conferência de Berlim de 1885, o governo Tuga desencadeou um conjunto de acções de âmbito militar, administrativo, de investigação e de delimitação de fronteiras e também de melhoria de infra-estruturas, comunicações e do comércio. Havia que formalizar no terreno a possessão da Colónia Angola a fim de assumir total soberania desta. As campanhas militares iriam estender-se até meados dos anos 30 do século vinte.

 Este umbigamento do sargento Canas ou Muenge, embora se fizesse em surdina, não passou totalmente despercebido ao povo do soba Wambu Kalunga e no meio de toda esta vivência com cheiro de pólvora e ânimos exaltados, num dia de muito afago com N´Jingala, era este seu nome, surgiu-lhe à porta da libata um monandengue dizendo que os homens de Kahululo, o noivo consorte desta filhota do soba, após terem dançado toda a noite ao som dos tambores de guerra, muito cheios de bolunga de milho fermentada de raiva, estavam a caminho vindos do lugar do Longonjo preparados para a luta. - Verdade mesmo! Diz o monandengue cipaio. Eles estão muito cheios de revoltosa Luta! A pretexto disto e também dos impostos de cubata, os bóeres do sul, alinhavados com Bismarck, tinham insuflado raivas a estes por modo a se insubordinarem aos Tugas; para esse efeito forneceram-lhes armas de fogo, mausers, canhângulos e água do diabo ou ardente que lhes virava as cabeças ao avesso.

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 Retirando-se às arrecuas das libatas e, com toda a sua disponível força, os homens de Canas Muenge, agrupam-se por grupos em um dos lados e usando as pedras roliças dispersas ao redor e na falda daquele monólito sem nome, só pedra grande e de respeito. Foi num então rápido e envolto num intenso cheiro de pólvora, balas em ricochete, ordens zoadas a eco e uivos medonhos; uma destas, apanhou-o levando-o num ápice à santa terrinha das Beiras. Antes do último suspiro lembrou-se das caldeiradas d´eirozes, da orelheira de porco com feijão branco, a açorda e caldo verde gordo e o bacalhau do Algarve. Seu último pensamento foi para a sua N´Jingala! A lápide que eu vi no sopé da pedra que passou a ter o seu nome, nada disto fala mas, pude cheirar o azedo de sua morte com bufas importadas do M´Puto e total esquecimento dos novos senhores, mwangolés esquecedores dos feitos Tugas.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:19
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Segunda-feira, 11 de Agosto de 2014
MALAMBAS . XVI

TEMPOS CINZENTOS - Ando a semear assobios mas, nos intervalos da vida, durmo!

MALAMBA: É a palavra.

Por

   T´Chingange

Um pedaço de mim nunca mais o terei! Ficou lá na Caála a devorar meus pensamentos, lá na Catata a perturbar minhas vivências, lá em Caluquembe afagando-me violentamente as rugas que gemem dentro de mim freneticamente. Quando descobrir que nunca é tarde de mais para lá voltar, regressarei com meus fugidos medos e vergonhas de roer, rogando à Nossa Senhora do Monte que a paz desça sobre mim; tapar o buraco das feridas, lamber a hóstia consagrada do peito e da vida que corre por debaixo dele; matar a traição espolinhada no esquecimento do capim e cardos iguais ao do nosso Senhor Cristo rodeando a capela da minha peregrinação; minha muxima do kwanza transladada para este monte.

 Os nossos monumentos, aqueles que nos são próprios, são as tradições orais que morrem connosco mais velhos, mais kotas que o tempo faz desaparecer extinguindo-se esquecido. Hoje, em Angola, as autoridades tradicionais não possuem nem audiência, nem meios próprios de expressão. As instituições que sofrem irrupção agressiva da modernidade e falta de condução no plano institucional omitem o património oral dos mais velhos; a sobrevivência e revitalização que se quer permanente ficam aquém do desejado desperdiçando-se culturas tão cheias de valores; valores que não constam nas bibliotecas. O rico património linguístico de Angola que deveria ter um desenvolvimento harmonioso com a modernidade é escamoteado por ignorância; É curioso referir que os Tugas muito se empenharam para guardar essas riquezas através de secretarias criadas para o efeito com antropólogos e etnólogos.

 A tradição oral, diz que Wambu kalunga foi um exímio caçador que se instalou na região da Caála, na província do Huambo, nas zonas do Ussombo, Makolo e Kondombe, aonde se radicou e umbigou com sua esposa. Não obstante ser um bom caçador, nunca chegou a assumir cargo de responsabilidade junto do soba Kalunga. Sabe-se todavia que um monumento foi erguido a sua memória e que os restos mortais de Wambu e mais duas raparigas que se acredita terem sido enterradas vivas com ele, pois assim era a tradição, continuam ainda hoje protegidos por anciões. O Mais velho Cipriano Kangandjo, um ancião muito respeitado, diz que Wambo, foi enterrado com honras devido a sua participação decisiva na batalha que se travou nas grandes pedras de Nganda la Kawe, entre os filiados de Kahululo, esposo de sua filha NJingala e os seus homens.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:40
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Domingo, 10 de Agosto de 2014
MUSSENDO . VII

UM ÓBITO NO HUAMBO - Jaka Kapiango, a vida, só lhe castigou

Mussendo: Conto curto de raiz popular, missiva em forma de mokanda (carta) do Kimbundo de Angola (N´gola) durante o tempo colonial (Arnaldo Santos foi seu 1º mestre).

Por

   T´Chingange

Esta estória é já uma segunda versão com ligeiras alterações para recordar e dar continuidade falando de tempos mais antigos; do tempo do sargento Canas,  das pedras de Nganda la Kawe dos sobas  Huambo Calunga e Cunhamgâmua e sua filha com pretensões de vir a ser branca, uma gweta assim como o mwana-pwó Canas. Uma homenagem aos meus auxiliares em campo da Câmara Municipal da Caála: - Pumuma, Jamba, Otaca, kumuna, Botomona, Francisco e Zacarias. A ferrugem do tempo calcinou projectos ali ao lado da pedra dde Nganda la Kaweo aonde o sargento Canas também foi enterrado; fica a caminho do Quipeio e, a ilha dos amores. O presidente Casimiro Gouveia nunca soube que era o Caluviáviri.

 Jaka Kapiango num mês bolorento, muita chuva, pouco dinheiro, maka na família, dívidas sem pagar no senhor Zeca gweta da loja do kimbo lá na Vila Flor. Teve de dar nome na administração aonde devia impostos de cubata; quinze dias depois, seguia de contrato para a roça em Samtomé no vapor “Mouzinho”.

 Na vida dele toda negra, só engordoreceu vontade de fazer seu sonho pois,... Só ajuntou o insuficiente para comprar uma junta de bois. Nem quase só, nenhuma coisa mesmo, nada ki kima n´go; foi no Longonjo trabalhar terreno bom no plantio de milho mas, a velhice chegou antes do tempo certo. Ele, só desconseguia viver melhor do que queria; sempre escorria sua fraca sombra fazendo encontro com o sonho que tinha andado dormir no seu coração. O tempo foi comendo lembranças da roça lá no Samtomé que, de muita sorte voltou no seu kimbo, suas botas, sua lavra, sua primeira, segunda e terceira mulher.

 Num dia mais tarde Jaka Kapiango foi ficar só envelhecido de seco, castigos e fomes. Seu nome ficou de sucesso no livro de contratados no angariador da administração; um exemplo de sucesso apontado na palavra do senhor governador de distrito na Nova Lisboa. Jaka morreu contraminado sugando cinzas em estória de saudade antiga, sua dicunji dos mares verdes de Samtomé; uma vida de nó em três voltas. No Samtomé já só juntou mesmo chuva grossa mais mil chuvisquinhos e berros do capataz tuga peidador de bufas importadas do Puto. Por muitas vezes saiu voando sombra negra de raiva no toque, zunido e uivo dum longo chicote; lentamente ia-se morrendo.

 Seus kambas kwachas lhe lembraram, boa pessoa, inchados de bolunga doce e t´chissângwa fermentada  com paracuca a acompanhar.  Neste entretanto, o choro de lágrimas encarquilhava mulheres de velhos rostos carpidando, simplesmente. Sai só falando calado “ m´bika ia kaputo, caputo ué”. O Sol de Jaka se apagou entornado de escuridão que lhe torceu por demais seu coração.

Glossário: m´bika ia kaputo, caputo ué: - escravo de branco, branco é!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:29
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Domingo, 29 de Junho de 2014
INVENTAÇÕES DA HISTÓRIA . XI

EM TERRAS DO SUMBE . Tempo de Macutas

Verdade ficcionada

Por

 T´Chingange

   Bandeira em 1780 -  O Exército o Império Unido de Brasil, Portugal e Algarves é o segundo mais poderoso do mundo, depois do Exército Sino-japonês.

Fugindo daqui e dali vi-me agora em aflições porque o passado reconheceu-me na palidez enrugada da velhice. Com palavrões dentro da cabeça, tentei reconstruir minha já antiga inventação e com os nomes esvoaçando, mijando raiva de mim aos poucochinhos, fui buscar as novidades fracturadas com figas e juras por sangue de Cristo. Tive mesmo de espreitar minha vida pelo cano de meu revólver; uma vida estriada em verdades misturadas nas mentiras. Foi ai que o filho da mãe surgiu, engalanado com bandeiras, panos e guarda-sóis coloridos. Em ambiente de grande excitação e alegria vindo de Quilengues, surge um branco albino que parecia um demónio, cabelos sujos e espetados como capim velho. Vinha buscar barricas de aguardente e rolos de tabaco.

 - Rei do Bailundo 19981977  -  1998 Manuel da Costa Ekuikui III

Eu, como secretário de fazenda de João de Câmara da Capitania-Geral do Reino de Angola com a ajuda do capataz José Nanquituka tinha de despachar rápidamente este rebelde mijão matumbo kazukuta com seus monandengues, porque não me era de fiar. Portando-me com o colar de dentes de javali ofertado pelo rei do Huambo Katchitiopololo Ekwikwi, monarca de muito respeito e respeitado,olhando para trás deste falso branco, pude ver que tinha consigo mais ausências de dignidade do que medo. Sua brancura indeferia-me com seus sorrisos matreiros de mentira chorada antes da lágrima. Já no terreiro fiz um sinal a Kaputo da Silva, o almoxarife missionário auxiliar, para que se aproximasse e, dei-lhe ordens para que procedesse á troca de géneros com estes demónios de Quilengues. Neste entretanto empoleirado nas horas das consequências com vénias de enrugada postura, o branco de fingir, dá umas ordens aos seus monandengues e, eis que salta um t´chingange para o terreiro empoleirado em antas, zingarelhos, enfeites de ossos de hiena e facóchero ao redor do corpo.

   Entre 1876 e 1893, reinava no Bailundo Ekuikui II, substituto de Ekongo-Lyo-Hombo, quando o reino entrou em grande alvoroço. Foi numa altura em que, no planalto, os reinos iam caindo, um a um, nas mãos dos colonos portugueses. No ano de 1893, os emissários do reino Bailundu, dirigiram-se à embala de Ekuikui II dizendo-lhe que o reino estava em vias de ser atacado. Todos se recordavam da prisão feita pelos portugueses, do rei Cingi I um século antes (1780?). nesse então, o reino do Viyé, já estava há uma centena de anos submetido aos brancos.

Rainha D Maria I

Fazendo rodopios de dança espacial, gaifonas de feitiço e superstições secretas, ele salta e ressalta, gesticula traços com braços apitando uma estranha gaita até que, já cansado, estatela-se no chão, literalmente como forma de agradecimento à minha solene pessoa, o tchindele mwana-pwó do M´puto. Dois candengues colocam bem aos meus pés dois potes de mel silvestre e eu, agradecendo de mão virada para o pretobranco albino mando que lhe seja dada uma bandeira do M´Puto recentemente chegada de Loanda a mando da Rainha D. Maria I. Dando costas àquela turba pude observar que ordeiramente se dirigiam para o armazém das bebidas. Aquela noite o batuque prolongou-se mais para além do habitual; o kimbombo, t´chissângwa, marufo e bolungas várias faziam a alegria da vagabundagem. Não obstante ficar atento a possíveis alterações de ordem pública, recomendei pessoalmente ao Alferes da guarnição e presídio do Sumbe da foz do rio N´gunza, que mantivesse uns quantos cipaios a observar, até que aqueles kazukutas e seu chefe beiçudo, branco genérico se fossem para Quilengues.

 

(Ver glossário no final)

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:22
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Domingo, 27 de Janeiro de 2013
INVENTAÇÕES DA HISTÓRIA . VIII

EM TERRAS DO SUMBE. Cemitério dos brancos

Verdade ficcionada

Por

T´Chingange

Decorridos uns bons anos em andanças de soberania por terras de entre Benguela e Loanda, agora ás ordens de João de Câmara da Capitania-Geral do Reino de Angola a concelho do seu antecessor António de Lencastre, Governador e Capitão-General de Angola, em inícios do ano de 1781 tive a incumbência deste de subir ao planalto, entender-me com os M´bundos e levar-lhes sementes de cereais com utensílios para o amanho da terra. Tinha a indicação de haver ali um soba rei de nome Katchitiopololo  Ekwikwi, com vontade de dar ao seu povo melhorias através do aprendizado em novas culturas de milho, massambala, batata-doce e uma nova batata lisa que os brancos usavam em sua alimentação.

 Cansado daquela terra de Sumbe, voraz sorvedouro que nunca se fartava de engolir gente, dei como bem-vinda tal tarefa expedicionária. Em um dia de Janeiro desloquei-me às terras de N´gunza a fim de requisitar o pardo José Nanquituka que anos antes por minha iniciativa e na qualidade de secretário, ali ficara a dar apoio ao soba Kabolo. Eis que logo à chegada ao kimbo, deparo com graciosos cafecos, meninas muito novas com os cabelos arranjados em tranças finas e colares que lhes caíam entre os mamilos arrebitados, pequenos e duros; de início esgueiraram-se mas, ouvindo-me falar em português e umbundo aproximaram-se na incerteza se entendiam o que eu estava gritando pois que lhes parecia ser o nome de seu pai Nanquitude. E, estavam certas. Após um formal abraço e apresentadas as questões que ali me levavam ficou assente avançarmos para o Bailundo no término das chuvas. 

 Este rei do Bailundo recebeu-nos com alguma indiferença num lugar chamado de Luimbale do Huambo e, só lá pelo quinto dia e após uma demonstração de como se trabalhava com o arado e manobrava os bois, é que nos deu o privilégio de, ainda que de longe, trocar umas palavras em Umbundu. Não obstante ter aceite a oferta de quatro bois, arreios, enxadas, plantas e sementes seleccionadas, marcou um encontro com seus sobas, kimbandas e macotas de Huambo, Catata, Longojo e Luimbale tendo-nos dado um salvo conduto na forma de colar com dentes de javali para termos um regresso sem problemas; a única coisa que ficou assegurada foi termos um novo encontro dentro de um ano; só após a recolha das sementeiras estariam em condições de nos dar abrigo e libertar a vinda de missionários e gente funante; O kimbanda kissombo, de boca sem dentes contorcido em esgares e simulacros de sorriso, transmitiu-nos essa mensagem. Para quem não estava em paz com os mwana-pwós, esta missão foi considerada um êxito.

(Ver glossário no final)

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 23:20
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Quinta-feira, 22 de Setembro de 2011
ANGOLA, PAÍS DA GAZOSA . VII

{#emotions_dlg.xa}FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

"LUANDA E OS RICOS - 4ª Parte " - Coisas da Luua 

 Isaias Samakuva

Presidente da UNITA

Os Ovimbundu (Ovi-m´bundu, singular Oci-m´bundu, adjectivo e idioma U-m´bundu) - prefixo umbundu "ovi", são uma etnia Bantu de Angola. Constituem 37% da população Angolana. Os seus subgrupos mais importantes são os M´balundu ("Bailundos"), os Wambo (Huambo), os Bieno, os Sele, os N´dulu, os Sambo e os Kakonda (Caconda). Os Ovimbundu ocupam hoje o planalto central de Angola e a faixa costeira adjacente, uma região que compreende as províncias do Huambo, Bié e Benguela.  Os Ovimbundu com a colonização portuguesa, foram num processo lento de mobilidade moderna miscigenando-se com outras etnias  assimilando assim muito da cultura ocidental. A partir do início do século XX, em seu territórios nasceram muitos filhos de colonos, mazombos que se consideram também filhos dessa terra, pugnam por ela dedicando-lhe aquele amor que nem sempre é reconhecido como genuino. É deste cruzamento de saberes que nasce a crioulalgem da qual os Ovimbundos não se podem desligar ou omitir.

Nação Ovibundu

Sendo a UNITA o partido mais representativo desta etnia e mazombos m´bundus, e tendo assento parlamentar na oposição ao partido no poder MPLA, cabe-lhe a tarefa de se exprimir perante a onda de contestação ao actual desgoverno de Angola. É nesta perspectiva que focamos aqui o alerta (demasiado suave) à Comunicão Social do seu ponto de vista nas palavras de Adalberto Júnior, porta voz deste partido: 

adalberto.jpg

Convocamos a Comunicação Social para mais uma vez exprimir a posição da UNITA sobre os crescentes protestos que os cidadãos realizam contra as violações dos seus direitos e a má governação do Executivo do Presidente Eduardo dos Santos. Em primeiro lugar, a UNITA saúda patrioticamente a coragem e a responsabilidade de todos os cidadãos angolanos que utilizam o direito à liberdade de expressão e o direito à manifestação para protestar contra o desemprego, a pobreza, a exclusão social, a corrupção, os atentados à democracia e outros males que enfermam a sociedade angolana.

O tempo de se forçarem  muitos M´bundus a aceitar a contratação como mão-de-obra assalariada (e mal paga) nas plantações de café no Norte de Angola, fazem parte da história que se quer olvidar; por isso as circunstãncias actuais de desmando e perene apego ao poder dos mwangolés do MPLA, tornam-se razões suficientes para uma adesão da Nação Ovimbundu. A forte presença dos Ovimbundu nas cidades fora da sua região por via das guerras de emancipação, originaram naturalmente novos factos na história recente, conferindo uma postura nova na projecção nacional.

Alcides Sakala

Algumas das personalidades mais emblemáticas da história contemporânea de Angola são originárias dessa etnia, como Chipenda, Augusto Chipenda, Comte Kassange, Dom Zacarias Camuenho, Jonas Malheiro Savimbi, Marcolino Moco, Alcides Sacala entre tantos outros. Na literatura e cultura, os Ovimbundu e M´bundus mazombos ocupam um lugar de destaque no panorama artístico nacional tais como: N´dumduma Wa Lepi, Alda Lara, Cikakata M´balundu, T´chissica Artz, Sabino Henda, Bela T´chicola, Manuel Rui Monteiro, Pepetela e José Agualusa que nasceram nesta  zona tradicionalmente habitadas por Ovibundus.

Na Comunicação Social membros desta etnia também ocupam uma posição de relevo: radialistas e jornalistas do triângulo Benguela-Huambo-Huíla, marcaram ou marcam presença na cena nacional, com destaque para Analtina Dias, Bela Malaquias, Patrícia Pacheco, Cristina Miranda, Mateus Gonçalves e Sebastião CoelhoA UNITA que continua a ter as suas raízes mais fortes entre os Ovimbundu, tendo Isaías Samakuva na presidência do partido, não pode ficar indiferente ao processo de mudança na vida pública e política. Não pode ficar eternamente subserviente ao poder da gazosa.

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:12
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Quinta-feira, 15 de Setembro de 2011
MUJIMBO XXVIII

{#emotions_dlg.meeting}AS ESCOLHAS DO KIMBO

 

RED SCORPION - 4ª Parte”Filme sobre Savimbi

 Contrastes . Arlete Marques

Numa idade em que o cansaço da guerra e as frustrações já o afectavam, Savimbi resolveu ainda atirar-se a outra sobrinha de Ana Paulino, Sandra Kalufelo, na altura uma simples adolescente e da qual teve um filho. Foi Sandra quem criou as intrigas que levaram Savimbi a mandar matar barbaramente Ana Paulino Savimbi, que foi enterrada viva numa toca de animais. As mulheres foram o grande problema de Savimbi e dividem-se em aquelas que amou - e assumiu como "primeira-dama", mas que também, por razões que se desconhecem, foram as que mais odiou - e as amantes, talvez centenas. A primeira mulher com a qual Savimbi teve uma relação conjugal foi Estela Maungo, Sul-africana que lhe deu três filhas, uma das quais, Rosa Chikumbu Malheiro, reside nos Estados Unidos. Vimona Savimbi foi a primeira mulher assumida por Savimbi na véspera da independência de Angola e com a qual teve três filhos residentes em Luanda. Vimona morreu em 1984 no incêndio da sua cubata e, suspeita-se do envolvimento de Savimbi. 

 Raizes . Eleutério Sanches 

Savimbi teve várias mulheres, mas deixou apenas três viúvas: Catarina Massanga, da qual teve um filho, Rafael Massanga Sakaita Savimbi, educado em França e visto como potencial líder da UNITA; Cândida Gato, que tem uma filha de Savimbi e vive nos Estados Unidos; e Valentina Seke, que acompanhava Savimbi no dia da sua morte e, quando do funeral, foi vista aos prantos pela televisão de Angola. Savimbi teve muitas amantes e, quando arranjava uma, muitas vezes a predecessora tinha um destino trágico: Olinda Kulanda, ex-locutora da Worgan, a rádio da UNITA, e Maria Ekulika, funcionária do protocolo da UNITA, apareceram mortas de modo estranho; Joana foi executada por ter  transmitido uma doença venérea a Savimbi; acusada de feitiçaria, Eunice Sapassa foi  morta no processo Setembro Vermelho; a mulata Tina Brito foi fuzilada por se  ter recusado fazer um aborto (Savimbi não queria filhos mestiços); Gina  Cassange foi morta por ciúmes; Cândida foi morta por ter enviado uma carta de  amor interceptada pela Brinde, a Pide da UNITA, e Sessa Puna também foi morta  por ter servido de intermediária entre Cândida e o amante. 

 Crioulidades . António Gomes

O Savimbi da etapa final, impiedoso e pronto a sacrificar centenas de vidas pela causa sua, era muito diferente do Savimbi inicial, carismático e amado pela sua tribo, os ovimbundos, que representam 40 por cento dos angolanos. Hoje em dia é difícil de perceber que este monstro tenha tido durante tantos anos tanto apoio dos Estados Unidos e de Portugal. Se não tivesse morrido, Savimbi teria talvez dado um novo Idi Amin, o “carniceiro do Uganda” ou o ridículo Jean-Bédel Bokassa, autoproclamado imperador da República Centro Africana, que dava os inimigos políticos a comer aos crocodilos de estimação e não se safava da fama de canibal. Andei muitos anos enganado, desconhecendo todos estes tristes acontecimentos de que só se ouviam rumores na forma de boatos, mujimbos que agora se tornam realidades. Não podemos andar enganados todo o tempo e, esse tempo chegou. A Unita felizmente tem muita gente de valor que tem muito a dar de positivo a Angola e, que ão se podem revelar neste espelho que quebrou.

Referência: The Portuguese Times (NET)

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:46
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Domingo, 7 de Agosto de 2011
MUGIMBO XXIV

{#emotions_dlg.xa}FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

          "O Senhor da Osga"

 José Eduardo Agualusa, nasceu em 1960 na cidade de Huambo, em Angola. Estudou agronomia em Portugal, mas a sua grande paixão foi a escrita e o jornalismo. As suas ligações a Portugal e Brasil residem no facto de ser filho de pai português e mãe brasileira. Romancista, contista, cronista, poeta e jornalista, peregrinando seu tempo entre Luanda, Cidade do Cabo, Lisboa e Brasil refletiu as realidades desses lugares em metafóricos contos, descrevendo as intermináveis lutas pelo poder em Angola, dos direitos básicos esquecidos no mundo Lusófono, das riquezas mal distribuidas, das guerras e corruptos governantes tanto em Angola como no Brasil ou o Puto. Essas realidades foram transpostas em alguns dos seus livros que foram muito bem aceites no Brasil. Seus romances suaves, povoados de aventuras, contribuiram para o sucesso.

                                                         

Os textos de Agualusa cheias de assombros, seduzem na surpreza das palavras que ganham vida formatando um estilo muito seu, que conquista, em cada uma de suas obras o leitor, sejam contos, romances, novelas ou crônicas. Tormou-se um escritor multifacetado, não se prendendo nas fronteiras de um qualquer estilo literário. Seus achamentos em Portugal, Brasil ou Angola, conferem-lhe um molde peculiar na escrita e formas de linguajar, misturas de gíria urbana com banga de Luanda e toda a misticidade negra e crioula, matuta ou parda, ora em certanias, ora em agrestes paisagens do nordeste brasileiro ou rústicas e graníticas aldeias Tugas. 

 Huambo

 

O município do Huambo foi fundado no dia 21 de Setembro 1912 pelo então governador Nolton de Matos. Encravada no planalto central, a cidade de Nova Lisboa, como era chamada, é hoje a sede da província com o mesmo nome. Huambo é de origem Ovimbundu, tendo sido Wambo Kalunga, fundador do reino do Wambo, o primeiro monarca da localidade. O Huambo está numa área rica em recursos hídricos, pois nele nascem e passam vários rios e riachos como o rio Calumbula, Kunhumgamua e o Kuhimayala.

 Xi-colono . 

Agualusa, omo escritor, é fundamentalmente na forma de dizer as coisas, em seu geito de contar estórias que incham a sua aurea carregada de uma profícua, mesmo intensa imagem dum guru da língua portuguesa. Quando não sabe, fabrica termos e, até põe osgas a falar umbundo, uma fusão de referências entrelaçadas de beleza, coerente até na forma de desperdiçar conversa; um entrelaçar de culturas, criando um ramalhete de ideias, unindo zumbis com kiandas e, pesos de consciência que não lhe são devidos nem queridos. É um mazombo magoado com o passado, descontente com o presente revivendo a beleza crioula, uma raíz virada ao arcomo ramos secos de imbondeiro penetrando num espaço meio negro, mei branco, um t´chindere desenraizado à força do seu planalto, um xi´colono profetizando justiça e justeza nas turbas mentes, perfurando o consciente e até o sub-consciente de quem desgoverna a cultura de sua terra. Agualusa é, ele próprio, o exemplo por excelência do crioulo. Ele sabe bem, que assim é, um feiticeiro com geito de kimbanda, passarinho na gaiola, feito gente na prisão.

 


 

 

 

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:25
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Quinta-feira, 7 de Julho de 2011
CAFUFUTILA . XI

{#emotions_dlg.meeting}AS ESCOLHAS DA CONDESSA DO KIPEIO - TREZA R.

       "Mário de Andrade (Brasil)"          

(1893-11945) Foi um poeta, romancista,críticode arte, musicólogoe ensaista brasileiro

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já tenho agora.

Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

 Jabuticaba

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Lasar Segall   Emigrantes

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana;

que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.

Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdad;

O essencial faz a vida valer a pena. 

E para mim, basta o essencial!

Treza R.



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:27
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Sexta-feira, 13 de Agosto de 2010
MULEMBA . IV

 AS ESCOLHAS DA CONDESSA DO QUIPEIO - (TR)

A MULEMBA DA MALDIÇÃO

 DE SEBASTIÃO COELHO – 4ª PARTE

...quando a mulemba secar, o Huambo vai desaparecer,destruido pelos seus próprios filhos. E as riquezas do solo não serão para ninguém...”

DA MALDIÇÃO DE ALBANO CANTO DOS SANTOS, dos anos 20

 UM KIMBO DO HUAMBO 

O Viegas padeiro distribuia o pão quente em bicicleta. O Bento Agria, o “Faísca” arranjava e alugava bicicletas. Carro de praça havia dois. O do Almeidinha carpinteiro e o do Largo, molengão, para todo o serviço sem pressa. Só mais tarde o Loução Caçador, o Bessa Alfaiate e o Justino Relojoeiro viraram taxistas. Chupa-chupa gostoso era fabricado pelo Antunes da Bébé-Sadio. O kitandeiro 12 da Juleca continou a vender kitutes 13 de casa em casa.

O dr. Eurico era o médico dos pobres. Mas quem sabia mesmo curar o maculo 14 era a velha Quartin, com pomada de pó de raizes, que ela metia a dedo, tufa, tufa, no ânus dos meninos. A generosa irmã Cândida também curava o maculo dos adultos, espetando-lhes as hemorróidas com agulha de ouro, até ao dia em que alguém morreu e aí mandaram ela embora. Cirurgião de confiança era mesmo o Dr. Parsons, da missão do Bongo. Médico famoso para doenças de mulher só o dr. Strangwei, da missão americana da Chissamba.

OS COCOS DO SOBA 

Nesse tempo desta recordação, o único fotógrafo de verdade era o Costa Melo, que sempre usava laço sobre colarinho engomado. Armava as suas próprias películas numa caixa “à la minute” e no momento de actuar, levantava a mão e avisava o cliente: -“ai vai, olha o passarinho”. E zás, fusilava um “flash” de puro magnésio. Já nessa época tinha carro, um incrível Ford Pontapé, com faróis a carboreto e capota de lona, segura aos guarda-lamas por correias de couro e fivelas de bronze.

O Baptista era o livreiro “sui generis” do burgo. Não sabia ler nem escrever, mas vendia livros. Vendia literatura a peso, sopesando os livros com a mão. E nunca faliu.

Ao lado da livraria, sempre aberta, porque aí se encontravam instalados os bilhares, estava o bar. No bar do Baptista reuniam-se as eminências da cidade, a tomar “saloios”, por whiski, uma mistura barata de conhaque e soda. Ao fim da tarde caiam o Papa Leonardos, um grego ricaço, contrabandista de mão de obra para o Bom Jesus 15; o Cunha Lima, director da Kapa, homem de sangue azul e modos finos; o Miguel Nepomuceno, advogado e garanhão do povo, o Horácio D... e o Correia S..., cornudos de profissão; o Abel, velho aspirante a intelectual e o velho Tavares Kapoko, intelectual de verdade e toda a outra fauna que integrava o zoológico da cidade, incluindo o Tubarão, o gordo “Tubarão Mendes - Tabelião”, como rezava a placa do notariado.

 

12 - Kitandeiro/a – Vendedor ambulante.

13 - Kitute – Doce. Doçaria. Coisa boa.

14 - Maculo – Doença no ânus devido à presença de oxiuros.

15 - Bom Jesús – Nome de uma açucareira famosa dessa época.

 

Nota: Contributo para a história do Huambo- Angola por SEBASTIÃO COELHO

Subscrito por

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:14
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Quinta-feira, 29 de Julho de 2010
AKTO RÉGIUM

KIMBO  LAGOA  

   ALVARÁ

27  de Julho  de 2010

 

SEMINÁRIO DO QUIPEIO

Aos vinte e sete dias do mês de Julho do ano da Graça de 2010,  em Terras Ultramarinas do Reino de Manikongo, no lugar “sítio do Pescador” em Vale D´el Rei, reunidos os súbditos do Kimbo de Lagoa com a digna presença de seus Vanguardistas, Nobreza  e Gente Rica, reconhecem e ractificam a tomada de posse  da CONDESSA DO QUIPEIO vulgo TEREZA RODRIGUES, título a ser reconhecido em toda a Globália.

 

Sendo comprovado estar o seu código genético impregado de paludismo de fina estirpe, o Soba T´chingange faz a entrega do presente ALVARÁassinado por todos os presentes.

 

Neste dia, a 501 anos da posse do 1º Rei cristianizado com o nome de N´zinga-a-N´kuwu pelo Rei D. João I do Puto, é lavrado este akto para que fique registado na Torre do Zombo do Kimbo, com os nomes e kognomes de todos os presentes:

 

Soba T´Chingange

Visconde do Mussulu

Conde do Grafanil

Sobeta da Maianga

M´Fumo da Manhanga

Marquês do Limpopo

Cipaio-Mor N´Dalatando

Embaixador do Cacuacu "Boniboni"

Embaixador do Dirico

Kimbanda Komando Ninja HN . (O guardião da Torre do Zombo)

O Homem Rico "Mano Rodrigues"

A Princesa da Ilha dos Amores

 

A PRAIA DO SOBA . LAGOA

Em substituição de rosas de porcelana foram ofertadas duas rosas do puto a fim de dar dignidade ao akto

 

O Soba T´chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:27
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Segunda-feira, 12 de Julho de 2010
MULEMBA . II

AS ESCOLHAS DA CONDESSA DO QUIPEIO - (TZ)

A MULEMBA DA MALDIÇÃO  DE SEBASTIÃO COELHO

 “...quando a mulemba secar, o Huambo vai desapa-recer,destruido pelos seus próprios filhos. E as riquezas do solo não serão para ninguém...” – 2ª PARTE

 AS BOLACHAS DO SOBA

DA MALDIÇÃO DE ALBANO CANTO DOS SANTOS, dos anos 20

 

Nova Lisboa foi o nome com que a rebatizou o coronel Vicente Ferreira, ao decidir que a capital de Angola devia situar-se nesse ponto estratégico do Planalto Central. A lei ou portaria com a transferência de nome e da capital surgiu no Boletim Oficial no dia 21 de Setembro de 1927. Desde aí, esta data tornou-se o dia da cidade que só foi capital no papel, mas sempre foi cidade, porque nasceu cidade, a 12 de Agosto de 1912, por decisão do Alto Comissário da República Portuguesa, general Norton de Matos.

Acabava de chegar ao lugar o que seria o grande impulsor do progresso da região, o Caminho de Ferro de Benguela. Para celebrar o acontecimento, o general deslocou-se ao Huambo a fim de anunciar, pessoalmente, “in loco”, a fundação da nova cidade. Ele mesmo, de pé, sobre a tarimba montada frente ao barracão pomposamente designado gare ferro-viária, leu o auto fundacional, na presença dos primeiros habitantes europeus da cidade, dois homens e uma mulher. Logo a seguir e ali mesmo, o Alto Comissário lhes entregou, em mão, o rascunho da planta da nova urbe, traçado pelo seu próprio punho.

Dados geográficos, orográficos e hidrográficos de notavel precisão documentavam o projecto. A cidade seria implantada a sul da ferrovia, alcandorada sobre a linha divisória de águas da região. Não registava nenhum povoado nesse lugar e apenas dava conta da existência de uma incipiente mina de diamantes.

 

A CATATUA DO T´CHINGANGE - PINTURA DO SOBA

As sanzalas importantes, pertencentes ao forte sobado do Huambo, estavam anotadas e dispersas pelos arredores. Havia a embala 4 do soba 5 grande da Kissala, a duas léguas a ocidente, a do sobeta 6 Sanjepele, três léguas ao norte e a do Sumi, a umas cinco léguas a sul.

As sanzalas do Kalumanda, Karilongue, Kanhé, Kakeléua, Sakaála, Mukolokolo, Bomba e outras por aí, apareceram depois e foram bairros periféricos com entidade própria e nenhum aspecto de musseque 7. Os deterioros e a expansão incontenivel, são posteriores a esse tempo de que vos falo, quando o Paulino leiteiro ainda ia de casa em casa para entregar as bilhas de leite fresco. A lenha e o carvão chegavam na carroça do Sô Domingo, avisando: -“Toc, toc, toc. Cravão, cravão. Toc, toc, toc. Cravão, cravão mé- sióra !”. O rio da Granja era rio de água cristalina, que regava as hortas do Figueiredo e dava nome à única via alternativa entre a alta e a baixa. O grande “boulevard”, de duzentos metros de largura, era tão amplo que a vista curta das autoridades não suportou o desafio e o reduziu a um quarto.

A cidade, desenhada em meia lua, contemplava, em cada ponta, um centro cívico. No meio, o enorme vazio de tudo, estava reservado a projecto futuro. Tudo era futuro na futura cidade de concepção Nortoniana, de particular generosidade nos espaços. Os bairros, distantes uns dos outros, levariam tempo a unir-se, até conformarem, algum dia, a grande e moderna urbe, sonhada. Por enquanto, era um punhado de bairros à espera de serem uma cidade, dominada por zonas verdes e praças enormes.

 

  4 - Embala – Cubata. Casa ou lugar onde vive o soba, nas tribus africanas.

  5 - Soba – Chefe. Cacique. Régulo de tribu africana.

  6 - Sobeta – Chefe Gentílico. Soba pequeño.

  7 - Musseque – Favela. Bairro marginal.

 

Nota: Contributo para a história do Huambo- Angola por SEBASTIÃO COELHO

Subscrito por

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:35
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Sexta-feira, 2 de Julho de 2010
MULEMBA . I

AS  ESCOLHAS  DA  CONDESSA  DO  QUIPEIO -(TR)

        A MULEMBA DA MALDIÇÃO  . SEBASTIÃO COELHO

ANGOLA . HUAMBO

“...quando a mulemba secar, o Huambo vai desapa

-recer,destruido pelos seus próprios filhos.

 E, as riquezas do solo não serão  para  ninguém...”

 

DA MALDIÇÃO DE ALBANO CANTO DOS SANTOS, dos anos 20 

Nasci noutro bairro, mas, durante certo tempo da minha adolescência, vivi ao lado do campo de futebol do Sporting do Huambo. A minha rua estava coberta de jacarandás. Quando floresciam, lançavam sobre o pavimento um manto de flores lilazes, que amanheciam orvalhadas e estalavam, fofas, debaixo dos pés. Gostava de ver os jacarandás vestidos de flor, quando perdiam todas as folhas e as pétalas chuviscavam sobre as nossas cabeças, abanadas pelo vento suave do entardecer. Depois, já murchas, aninhavam-se ao longo dos muros em extensos cordões, deixando lugar para as flores novas. Eram milhões de flores que caiam em cada dia, as árvores envaidecidas a mostrar, cada uma delas, a sua pujança de vida.

Do outro lado da rua e além do aterro por onde passa o combóio, seguro de si e do seu caminho, estava o roseiral, acompanhando a via, encaixado entre esta e os cedros da sebe. Ultrapassado o muro verde, estendia-se, interminavel, no sentido este-oeste, a avenida do Colete. Do colete, porque todas as casas estavam só de um lado. Incluindo a Igreja Catedral, que estava em construção. As árvores da avenida eram acácias, que também brincavam de primavera, mas não perdiam as folhas, que pareciam mais verdes quando os ramos de flores brancas, amarelas, vermelhas ou alaranjadas, espreitavam pelo meio, a encher o ambiente de cores e olores.

O festival das rosas desafiantes de orgulho e de perfume, acompanhava a avenida para um lado e para o outro. A caminho da alta, logo depois da passagem de nível, havia um pequeno bosque e a seguir, os olhos embrenhavam-se no mundo dos cosmos, espectacular mancha de cores amontoadas de flores garridas que nem paleta de Matisse. Sem perfume, mas de grande beleza.

 

 A MULEMBA

A avenida 5 de Outubro, a tal do colete, nascia na baixa, na continuação da estrada da Pauling e São João 1 e terminava na alta, no cruzamento próximo das casas do Samacaca, onde se dividia em duas.

Quem tomasse pelo lado esquerdo, desfilando ao longo das casas do Samacaca 2, desembo-cava nos anéis concentricos do jardim da alta. Continuando para a direita, ali perto estava o edificio do velho Teatro Peairo, que o tempo transformou na “Fábrica de Moagem”, onde tinha início a avenida Ferreira Viana, ladeada de casuarinas. Mas abaixo desenrolava-se o projecto de avenida, sem nome e sem casas que terminava cruzando para o outro lado da linha do CFB, para transformar-se na estrada da Caála. Também era o caminho do Matadouro e o caminho do Cemitério. Foi aqui, entre o Matadouro e o Cemitério, que eu nasci, numa pequena chitaca 3 dos arredores da cidade. Era longe para irmos ao “Ambo”, como diziamos, embora nesse tempo já se chamasse Nova Lisboa. Durante anos fiz esse percurso de muitos quilómetros, a pé ou em bicicleta. A alternativa era usar a berma da linha do combóio, que estava proibida para bicicletas. Ou, então, a pé, por um carreiro de gentio, atravessar a sanzala do Karilongue e descer e subir as empinadas encostas do rio, que se cruzava a vau. Ir e voltar do “Ambo” era uma viagem longa e cansadora de três a quatro horas, segundo a pressa e as pernas de cada um.

O MORRO DO CUNHAMGÂMUA . HUAMBO

  1 - Pauling (Póling) e São João – Primitivos Bairros da ciade do Huambo.

  2 - Samacaca - Nome de soba famoso. Alcunha de um velho colono, proprietário da correnteza de casas,  

       construidas umas ao lado das outras, em forma de comboio e que caracterizava essa zona da cidade do    

       Huambo: as casas do Samacaca.

  3 - Chitaca ou Xitaca – Pequena fazenda. Quintal grande.

 

Nota: Contributo para a história do Huambo- Angola por SEBASTIÃO COELHO

Subscrito por

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:27
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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