Sábado, 8 de Julho de 2023
N´GUZU . LXVI

CONHECER MELHOR O BRASIL

TROPEIROS

Parte - Crónica 3432 – 08.07.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por brasil2.jpgT´Chingange (Otchingandji) – Na Lagoa do M´Puto

bra1.jpg A viagem da frota aonde ia D. João VI em sua ida apressada para o Brasil, era composta de dezanove navios; transportando entre 12 a 15 mil pessoas, demoraram 54 dias até aportarem a Salvador da Bahia. O destino que era Rio de Janeiro, foi encurtado para Salvador, porque surgiram contratempos de tempestade com sequente dispersão de naus e, cansaço de gente desabituada às agruras do mar.

Chegados a Salvador a sete de Março de 1807, por ali ficaram um mês; D. João foi instalado no palácio “A quinta da Boa Vista”, cedido por um traficante de escravos. Carlota Joaquina, sua esposa (a Rainha), foi instalada em Botafogo com os seus filhos. Muitas casas foram por isso, requisitadas para instalar os demais elementos da corte e séquito de altos funcionários, assessores e suas respectivas famílias. Para isso iniciaram a marcação das casas escolhidas, escrevendo nas respectivas portas as iniciais PR de Príncipe Regente. A picardia Carioca, que já começava a expandir-se em tertúlias marialvas, logo interpretaram como sendo “PR - Ponha-se na Rua”.

Por falta de higiene, em algumas das 19 embarcações, desencadeou-se tamanha praga de piolhos que até as damas tiveram de cortar rente suas cabeleiras. Ao lado do Príncipe Regente vinha a senhora sua esposa, Carlota Joaquina que de olhos rebrilhantes, seca de carnes num rosto de nariz e queixo compridos, se via feia de amedrontar.

nauk01.jpgNo meio do séquito desleixado, as mulheres apresentavam-se com turbantes a cobrir totalmente a cabeça; era uma nova moda trazida da europa, assim pensaram as mulheres que recepcionavam a corte. Pelo já descrito, por via da praga de piolhos que grassou em algumas naus, aquelas damas tinham sido obrigadas a tapar as inestéticas carecas. Nos meses que se seguiram, as damas cariocas passaram a usar tal turbante como coisa chique.

E Já em terras de Vera Cruz, de novo se vai falar dos Tropeiros (condutores de mulas) que na interpretação historiográfica, sobre estes, recaiam relatos depreciativos considerando-os de viajantes estrangeiros; aliás muitos comentadores diziam que ter essa função, não era motivo de orgulho para ninguém. Sob o titulo de “transportes arcaicos” foi Pandiá Calógeres jornalista de “O Jornal” no ano de 1927, criou novos contornos à tipologia social do tropeio recuperando-o como lo de aproximação entre o mundo rural e urbano,  como o portador de noticias ou recados que surtiam alguma simpatia entre os populares.

mux0.jpg Em verdade foi através deste transporte com mulas que se impulsionou parte da produção agrícola e exportação ou abastecimento, a partir dos portos e mercados por todo o Brasil. Em meados do século XIX, em Pernambuco, as tropas de mulas foram de mais eficácia do que as carretas conduzidas por bois, principalmente no transporte de açúcar saído dos engenhos em sacas de 60 a 80 quilos.

Em Minas Gerais, sem saída para o mar, por vias terrestes ou vias fluviais, todo o comércio era feito por mulas, ‘inclusive outros produtos de difícil transporte como o vidro. Tudo isto proporcionou o aparecimento de pousos na forma de estalagens precárias, barracões sustentados por pilares e abetos dos lados. As tropas de mulas só começaram a decair quando surgiram estradas macadamizadas aonde as carroças percorriam mais velozes. Ao redor das mudas criavam-se roças, plantações de milho e sequente fixação de gente.

carmen1.jpgCom os seus 170 quilómetros de extinção a via de macadame ligando a colónia de Filadélfia em Minas e o litoral ligando Petrópolis a Juiz de Fora, com pontes metálicas e estações de muda tipo “far west” anunciaram a modernidade com a criação de carreiras regulares do tipo das diligências americanas. O aparecimento das ferrovias declinaram a importância tanto das carroças como das tropas de mulas a partir da década de 1870, impondo-se na ultimas décadas do Império. O “Brasil Império”, uma época da História do Brasil, teve início a 07 de Setembro de 1822 – quando ocorreu a Independência do Brasil. O Período Imperial teve fim a15 de Novembro de 1889 – quando ocorreu a Proclamação da República. 

FIM

O Soba T´Chingange    



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:10
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Domingo, 18 de Junho de 2023
N´GUZU . LXV

CONHECER MELHOR O BRASIL

– TROPEIROS

Parte - Crónica 3427 – 18.06.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por:soba24.jpgT´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

D. JoãoVI.jpg O Brasil não existia como país antes da chegada do Rei D. João VI. Em 1808, as terras de Vera Cruz, eram um conjunto de províncias com pouca ligação entre si. Não havia a ideia de unidade. Em verdade, a invasão de Portugal pelos generais de Napoleão, resultou na fuga apressada da corte portuguesa para o Brasil.

Na hora crucial do embarque, muitos nobres da corte, tiveram de embarcar só com a roupa do corpo. D. João VI que é tomado como um rei bobo, feio e gordo bonacheirão, baixo e desajeitado, foi ele, no entanto, o verdadeiro estadista que originou o Brasil de hoje. Foi para a sua época tão inovador que, as interpretações depreciativas chegaram ao ponto de o apontarem como o covarde “Dom João charuto”- uma ingratidão histórica

Desde meados do século XVII, havia o entendimento pelos países da frente ascendente da Europa, de que as colónias não deviam ser geridas pelas metrópoles e, a fim de alterar isto, D. João e o diplomata D. Rodrigo de Souza Coutinho, tiveram a astúcia de aproveitar o infortúnio para reformar o decadente Portugal em um Império; o país Brasil, foi elevado ao estatuto de Reino Unido com Portugal, os Algarves e terras d´aquém e, além-mar tendo D. João VI como Imperador.

tropeiro10.jpg Chegados aqui, teremos de ir agora ao inicialmente proposto, falar dos tropeiros que nesse então tinham tanta importância para estas terras tão carecidas de meios de comunicação neste tão grande território, o Brasil. Foi curiosamente, na área de gastronomia que os tropeiros ficaram referenciados nos dias que correm; os pratos por eles criados por uma necessidade ou resiliência como se reverencia hoje, têm o nome de “feijão tropeiro”, “carreteiro de charque” ou “ feijão carreteiro”…

Confecção derivada dos produtos que levavam no dorso das mulas xucras como já o foi dito – carne de charque, carne de sol e mandioca ou macaxeira como é aqui conhecida em Alagoas do Nordeste. Nestas filas de burros xucros e mulas, entre os companheiros da tropa da fila longa de pirilau corria de quando em tempo, uns frascos, garrafas com um líquido ardente e cheiroso: a cachaça! Esta bendita quentura de líquido estava sempre presente, ora para esquentar, ora para entorpecer a dor de dente ou para espantar a gripe e, ainda para desinfestar parasitas da pele e goela ou curar arranhões, um nítido protesto para ser bebida de forma regular.  

tropeiro13.jpg A cachaça de cana misturada com fumo (tabaco) era usada como emplastro contra picadas de mosquito, dos variados insectos ou cobras. O dono das tropas para fazer qualquer transporte, por norma ajustavam o frete; o condutor destas tropas não tinha de ser necessariamente o dono do pedaço. Algumas fazendas tinham sua orgânica de tropeiros que para além de condutor da tropa eram angariadores conhecidos por alguns como “homens pobre-livres” mas o mais justo, era serem vistos como “aqueles que vivem do negociar”. Ou aina como “negociantes de tropa”.

Estes condutores de tropa, faziam ponte das fazendas de café levando o produto até os agentes comerciantes intermediários que faziam a cotação pois tinham a vila ou cidade para negociar; os tropeiros estavam deste modo subordinados ao fazendeiro, no entanto havia sim, entre eles alguns proprietários de terras e escravos com algum poder de manobra; por vezes também conduziam sua própria tropa e eram ricos de verdade.

tropeiros6.png Alguns sociólogos de cordel reconheciam que os tropeiros, não ascendiam com facilidade nas sociedades ocupando cargos públicos. Cargos que lhes valesse de prestígio, dada a profusão de sua extrema mobilidade em suas actividades. Embora houvesse ricos nesta actividade, não há muitos relatos, notando-se até, certa tendência para ocultar sua actividade e, que segundo relatos de então ou posteriores biografias, o eram homens que originaram famílias que “enobreceram”.

(Continua…)

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 04:07
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Sexta-feira, 16 de Junho de 2023
N´GUZU . LXIV

CONHECER MELHOR O BRASIL

– TROPEIROS

Parte - Crónica 3425 – 16.06.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por tropeiros2.jpg T´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió

tropeiros8.jpg Dom José de Carvalho e Mello, o Marquês de Pombal já no tempo de D. José I tinha feito uma leitura da situação do Portugal decadente e, fez saber da necessidade de se mudar a capital e a corte para o Brasil, de onde vinham os grandes recursos da balança comercial. O facto de a França estar numa viragem cultural e política, por via da revolução de 1789, que terminou com a realeza magnânimo e promíscua com a decapitação de Maria Antonieta e, mais tarde as invasões Napoleónicas, favoreceram a concretização da ida da corte, do ainda príncipe regente D. João VI, para o Brasil.

De forma apressada fizeram-se ao mar, com protecção da marinha Inglesa, um dia antes da chegada das forças francesas com o comando de Junot. Lisboa, a capital do Império, era uma beleza vista do rio Tejo mas, dentro das ruas e ruelas, o bafio e o mau cheiro era deprimente; pela noite atirava-se pelas janelas de Alfama, Mouraria e outros bairros, penicadas de dejectos humanos, urina ou águas saponáceas.

tropeiros9.jpg Foi neste quadro que, D. João VI, sua corte, nobres, algum clero, dependentes privilegiados, largaram do Tejo. As Musas e Ninfas, Tágides daquele rio deveriam estar muito ocupadas em um qualquer outro lugar; talvez andassem encavalitadas nos botos do Amazonas. O dia 27 de Novembro de 1807 naquele cais da Ribeira foi agitado; com as presas nem tudo se pode levar para bordo, as forças francesas já tinham passado a linha de Torres. Na viagem com tempestades, imundice, água estagnada, velas rasgadas, mastros podres, carne bolorenta e piolhos a viagem fez-se, até que a 7 de Março de 1808 no início da tarde, parte da esquadra do Príncipe Regente chega à baia de Guanabara no Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro, à semelhança de Lisboa, era deslumbrante com seus morros de escandalosa verdura e 60 000 habitantes, dos quais 13 000 eram escravos, os excrementos também aqui, corriam com água suja pelo meio da rua; também aqui se atirava tudo para essa sargeta, com porcos chafurdando e galinhas repenicando. Havia muitas crianças deambulando, pois naquele tempo só havia o coito interrompido como salvaguarda da linha zero; a era ”light”, o látex, o método tântrico e o sexo digital viriam muito mais tarde. Havia bostas largadas por bestas, cavalos e mulas dos muitos tropeiros almocreves.

tropeiros6.png  Pois é destes almocreves tropeiros que ocuparei as falas seguintes.  Tropeiro é o termo referido na historiografia brasileira à actividade relacionada com tropas de mulas criadas nos campos de elevada salinidade, terras planas do Rio Grande do Sul. Devido à salinidade estes pastos foram criadouro de manadas de mulas reservando os bons pastos para o outro gado dos quais se extraia leite, peles e a própria carne. Devido a existirem muitos burros xucros, termo para definir animais ainda selvagens, aproveitaram sua rusticidade para transportarem em seu dorso mercadorias. Em verdade também não havia vias e os charcos eram mais que muitos dificultando o uso de carroças.

As mulas xucras podiam percorrer cerca de dois mil quilómetros subindo e descendo encostas agrestes e suportando invernadas agressivas nos campos do Paraná. Saídos do Sul, chegavam a Sorocava, cidade situada perto de São Paulo, exércitos de tropeiros conduzindo suas mulas, concentrando-se naquela que era a maior feira a Sul do Brasil no início do século XIX. Os condutores destas tropas tinham uma dieta que consistia na própria carga que as mulas carregavam: carne-seca, charque, carne de sol, feijão e angu de milho, farinha de mandioca, café, açúcar e melaço deste, na forma de rapadura – produtos metidos em sacos de sisal para se ajustarem ao dorso das mulas cargueiras.

tropeiros7.jpg Calcula-se que cerca de vinte mil muares eram negociados anualmente nessa feira anual de Sorocava, havendo anotações de se transaccionarem 100 mil no ano de 1850. Dom Pedro II, neto de D. João VI, era neste então o imperador do Brasil, entre 1840 e 1889, período no qual o país passou por muitas transformações como a Guerra do Paraguai e a abolição do trabalho escravo. Da feira de Sorocava eram comercializadas milhares destes animais para o resto do Brasil e, li que na região de Jaguari de Minas Gerais foram importadas 12 mil destas “bestas”. Sem trem nem estradas, o recurso era adquirir estes animais para transportarem grandes cargas em longas distâncias.

As chamadas tropas eram compostas pelo condutor-chefe, companheiros, cozinheiros fazendo-se acompanhar por cães; estes eram usados para evitarem a dispersão das mulas xucras. Algumas destas mulas eram designadas de madrinhas, porque por hábito tornavam-se experientes na condução do restante lote de muares sendo dispostas de forma intercalada para melhor gestão da fila de pirilau de mulas, umas atrás das demais. Estas mulas eram normalmente enfeitadas com arreios de prata, guizos no peitoril e chapéu de plumas na cabeça. Talvez não o fossem em todo o percurso mas assim eram arreadas de bonitas para fazerem boa figura na feira.

(Continua)

O Soba T´Chingange      



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:03
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Terça-feira, 13 de Junho de 2023
VIAGENS . 22

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBAXICULULU DO M`PUTO

TEMPOS CÍNICOS – Crónica 3423 – 14.06.2023 

Por144.jpg T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

cão1.jpg Para os muçulmanos hodiernos, Fátima – a Santa, é a filha mais velha de Maomé. Isto, se não for cinismo, é quase uma heresia, um absurdo ou contra-senso. É assim como uma picada de alforreca, daquelas malignas, que deixam riscas para justificar que, a mortificação do corpo desta ou outra forma, foi originária de Deus para superar o espírito. Se nos abstrairmos de maldade, de gazes radioactivos do xénon ou crípton poderemos encontrar formas menos sofisticadas de sonegar alguma informação e, de uma vez, gerir o silêncio, o que nos levará a ficar com a mente plastificada.  

Se não formos desta para melhor, uma contradição cínica, nunca encontrarei verisimilhanças com a verdade de uma morte não provocada nas características da nossa essência. Se as pessoas compreendessem que os direitos humanos só existem na imaginação, não haveria o perigo de a nossa sociedade colapsar, falir, desmoronar ou implodir…

maian4.jpg Nós, gente, não possuímos direitos tão naturais quanto as aranhas, osgas, hienas ou elefantes; estaremos portanto sempre e, como gente, a correr o risco de colapsar – kiákiákiá, um faz-me rir. Pude ler mais ou menos deste jeito, no livro de Yuval Harari espicaçando minha veia erudita. E, porque dependemos de mitos, e os mitos ultrapassam-nos, quando as pessoas deixam de neles, acreditar. Não é interessante este cinismo?!

Uma vontade feita ordem imaginada, não pode ter sustentação se não tiver a existência de seguidores ou verdadeiros crentes. Sabemos que um só sacerdote, muitas vezes, realiza o trabalho de uma boa centena de soldados, quando no meio de uma guerra ou em mudanças de cariz social, se rebatem conceitos de princípios políticos. 

eleuterio sanches.jpg  Os juízes, os agentes policiais, soldados e carcereiros, não conseguem manter uma ordem em suas tarefas se seguirem essas mesmas ordens imaginadas, na qual não acreditam. Sendo assim, alguns ou muitos de nós, teremos de tomar como verdadeiras essas ordens, para que tudo não fique em suspenso de deixar prescrever a realidade e, até acreditar entre aspas que sim, pode haver alternativa a um plano só imaginado.

Se transpusermos estes principios para o nosso hodierno viver, no pequeno rectângulo chamado de Portugal, veremos que as actividades políticas de governo, de cai governo, de vamos ver como tudo fica, é quase como investir num mercado de acções, activismo de um verdadeiro cinismo porque o é antidemocrático e, de absoluto desprovimento de sentido. Chegados aqui vamos recordar o filósofo grego que fundou a escola cínica e que vivia metido numa pipa…

retornar4.jpg Ora, foi um tal de Diógenas que, visitado por Alexandre - o Grande, encontrou o mestre das falas relaxando ao Sol, bem no cimo de sua pipa. Engraçado!  Alexandre, o Grande, perguntou o que podia fazer por e ele, Diógenes respondeu ao conquistador todo-poderoso -“ Sim, pode fazer algo por mim: - Por favor chegue-se um pouco para o lado, porque me tapa a luz do Sol”. Bem! Podemos transportar este cinismo colocando no lugar de Diógenes o nosso Primeiro-ministro Costa e como Alexandre o nosso presidente Marcelo R. Sousa.

Isto se, considerarmos a vivência actual em que verificamos que “nem o Estado morre, nem a gente almoça”. É por isso que os cínicos não constroem impérios e, será por isso que, uma ordem imaginada só pode ser mantida, se grandes segmentos da populaça, em especial da “elite socialista”, do actual “Estado de forças”, acreditassem verdadeiramente nela, a ordem imaginada. Só mesmo para concluir: O cristianismo não teria durado 2023 anos, se a maior parte dos bispos, padres e afins, não acreditassem em Cristo…

cinismo1.jpg Nota: Diógenes de Sinope, conhecido como Diógenes, o Cínico, foi um filósofo da Grécia; um discípulo de Antístenes, antigo pupilo de Sócrates. Ele acreditava que a virtude, era melhor revelada na acção e não na teoria…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 23:54
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Segunda-feira, 12 de Junho de 2023
N´GUZU . LXIII

CONHECER MELHOR O BRASIL  QUILOMBOS

Parte - Crónica 3421 – 12.06.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por spring1.jpgT´Chingange (Otchingandji)Na Pajuçara de Maceió

kil9.jpgNem sempre a relação entre quilombolas (moradores do quilombo) eram as melhores, dependendo muito do seu lí der ou do Concelho de Mais-Velhos que no d`jango (lapa grande) determinavam as leis ou regras. Por vezes havia contratempos com os escravos residentes de linhagem e, origem de parte diferentes, de onde eles, ou seus ancestrais, saíram.

Em geral, os quilombos possuíam economia própria e tinham algum sucesso no comércio de seus excedentes destacando-se destes o quilombo Moquim no norte fluminense entre outros espalhados pelo país em áreas de mineração a céu abeto, combinando com a agricultura de subsistência o garimpo de pedras preciosas e ouro. Entre estes e as sanzalas próximas, surgiam vendeiros e taberneiros dando aos quilombos melhor condição de fixação de vida.

kilo12.jpg Muitos quilombos do Maranhão envolveram-se em agitações políticas entre a população livre que, após a independência entre 1838 e 1841 foram intensas, designando-se na história com o nome de Balaiadas. Mais a norte de São Luiz do Maranhão, grupos de quilombolas organizaram-se em comunidades camponesas construindo sua memória com identidade protegidos pela imensidão das matas atlântica e amazónica.

E, sempre no sentido Norte, estenderam sua influência e organização aos quilombos vizinhos do vizinho território de Suriname e outros centros urbanos dispostos ao longo da costa marítima com uma forte interferência de índios indígenas com os quais se miscigenaram. A partir da metade do século XIX, estes grupos tomaram cada vez mais um carácter reivindicativo, reunindo escravos de uma mesma fazenda, negociando directamente as condições de cativeiro.

kilo01.jpgComo uma associação de Mais-Velhos, discutiam sua progressiva liberdade com o senhor “coronel”- o dono do sítio, ou um outro posto de mando social á revelia das instituições governamentais. Em outos casos os quilombos, passaram a desafiar a legitimidade da ordem esclavagista forçando os representantes da autoridade a alterarem os propósitos ou procedimentos que até aí não eram contestados.

Neste contexto as insurreições escravas, assessoradas pelos quilombolas forjavam técnicas de fuga colectiva quando a negociações ficavam emperradas; Manuel Congo, foi um dos líderes escravos que montava novas estratégias de fuga através das matas circundantes próximo ao lugar de Vassouras no vale da Paraíba – actual estado com a capital em João Pessoa. Em 1867 em Vianna do Maranhão, quilombos, desceram do morro para agitar a escravidão das sanzalas, exigindo a abolição na sua forma mais simples de soltura.

QUILOMBO5.jpg Na repressão aos quilombos actuavam milhares de capitães-do-mato (capatazes de fazenda), e a maior parte de efectivos policiais com ou sem volantes, das vilas e cidades de todo o Brasil. Os capitães-do-mato usavam cães de fila para perseguir fugitivos e, eram-no muito eficazes pelo faro, pelo porte e pela fúria. O quilombo de Vila Matias em Santos, liderado por Pai Filipe, sobressaiu em seu movimento abolicionista paulista tonando-se peça fundamental nas estratégias de soltura no eixo São Paulo - Santos. O quilombo urbano de Jabaquara situado em plena Cidade de Santos, foi símbolo maior pelas alianças assumidas entre escravos e movimentos abolicionistas tendo um forte peso no término de escravidão em todo o Brasil.

FIM

O Soba T´Chingange           



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:12
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Domingo, 11 de Junho de 2023
VIAGENS . 21

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBAXICULULU ANTIGO

TEMPOS CUSPILHADAS – Crónica 3420 – 11.06.2023 

Porsilas3.jpg T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

acácia rubra2.jpeg NÃO SIRVAS A QUEM SERVIU, NEM PEÇAS A QUEM PEDIU - Diz a Lei de Murphy "Se alguma coisa pode dar errado, assim o será!" - Se usarmos a analogia de Darwin pela “Selecção Natural” para definir sociologicamente a humanidade, constatamos de que, os mais ricos ou fisicamente mais bem constituídos estarão sempre em melhor posição para sobreviver ou vencer, em detrimento dos mais pobres, débeis, vulneráveis ou impreparados. Os experientes e instruídos vencerão sempre os seus oponentes menos municiados intelectualmente nos desafios que a vida tiver para oferecer, quando estes se candidatarem a testes selectivos ou psicotécnicos.

As pessoas que já nasceram vencidos, vergados pelo infortúnio ou por e via de sua incapacidade financeira, tibieza ou destreza, tornam-se presas fáceis de exploradores e oportunistas. A grande maioria do mercado de trabalho tecnologicamente não qualificado, contenta-se com profissionais de segunda ou terceira. Não existem segredos de vida escritos em compêndios ou cartilhas em que se aprenda como sobreviver neste mundo cão.

FK3.jpg O ideal será que cada um satisfizesse as suas necessidades independentemente das suas habilitações. Mesmo estes, em um lado qualquer do globo, encontrarão quem os sugue de forma desmesurada, não lhe dando acesso ou recursos para passar de certos limites, tornando-os permanentemente dependentes. Salvo raras excepções o destino destes temerosos, será sempre o de serem empregados dos outros…

Contrariamente às leis da natureza que ilusoriamente nos fazem acreditar porque nascidos pelo mesmo local, nossas vivências e destinos serão igualitários. Assim não é! Assim não o será! Nada poderia ser mais falso quando os dogmas são imbuídos na ilusão dum universo restrito no conceito dum Deus. Alguns eleitos terão o condão de viverem rodeados dum luxo que o dinheiro pode comprar. Alguns mais corajosos ainda terão o atrevimento, ousadia e a veleidade de pensarem que reúnem as condições para se aventurarem a fazer alpinismo social sem umas cordas na forma de cunhas.

Fraternidades0.jpg A grande maioria fica-se pelo caminho, vencidos e desencorajados, pois os trilhos estão minados com engodos: ou me serves ou…. E, aqui a frase fica sempre camuflada num muxoxo (uma exclamação de bater com a língua no palato…) incompleto. Alguns muito bem preparados psicologicamente conseguem heróica e atrevidamente chegar ao topo mas nunca serão aceites pelas elites que falam ou parecem ter um Deus exclusivo…

O único factor que mantem o equilíbrio mundial, impede revoltas e que as massas trabalhadoras se apoderem das riquezas que elas próprias geram para enriquecer terceiros, é a ESPERANÇA de que as sociedades por moto próprio se tornem reformistas, humanitárias, fraternas, solidárias e igualitárias. Normalmente vão dar-se mal com esse hipotético socialismo! É que isso, não existe!….

lundu2.jpg E, como ninguém enriquece apenas pelo suor do seu rosto e fruto do seu trabalho, só existem três formas de chegar a esse desiderato, ou pela exploração do trabalho de terceiros pagando-lhes ordenados miserabilistas, de forma fraudulenta, por meios ilícito, ou através de um golpe de sorte acertando no totobola, lotaria, raspadinha ou euro milhões. Há sim, um outro meio: - Entrar na política…

Todos querem ser ricos; assim, foi inteligentemente criado por estes que “a riqueza não traz felicidade”. Na mente dos pobres ou remediados existe a triste ilusão de que um dia a sorte lhes baterá á porta e que também poderão comer caviar, faisão ou lagosta, regando as suas opíparas refeições com champanhe D. Peringnon. Sim! Que até podem comer picanha todos os dias da semana… Na labuta fora de seus países como emigrantes, irão regressar á Terra Prometida um dia e à medida que envelhece dá-se conta das leis! Das leis imutáveis pelas quais o mundo está organizado e construído que, são apenas duas, ou se nasce rico ou pobre, uns mandam e fazem as leis, outros obedecem e cumprem-nas. O ser-se criado de quem já serviu não se augura em um bom fim. O seu, a seu dono! Fui…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:58
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Sábado, 10 de Junho de 2023
VIAGENS . 20

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA“MILAGRANDO A VIDA”

TEMPOS CUSPILHADAS – Crónica 3419 – 10.06.2023 

Por roxo138.jpgT´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

roxo135.jpg A felicidade, a realidade do conhecimento, os fundamentos e a aplicação da justiça ou existência de Deus, cria conflitos intermináveis em opiniões na tentativa de se ultimarem todos os impasses. Uns, por virtude de inteligência, são prudentes, outros acreditam na resolução pela força e, outros sempre continuarão fanáticos desconhecendo a propósito, o lado da opção certa.

Agora mesmo ocorreu-me aquela estória de uma tal senhora estar a ser infiel ao marido; eles eram sim, casados de papel passado e no regime de adquiridos. Comentava-se que o marido sabia mas fingia não saber! Ora, ora, diz um comum amigo perante isto: “Cornos que dão de comer - deixá-los crescer”. Cismando nisto, até acabo por concordar que há gente bem metafórica. Vejo até neste acaso uma quase parábola certeiríssima – que serve como uma luva…

roxo145.jpg Achei assim que neste contexto, a paródia quase parábola é tão verdadeira que se pode aplicar a muitos outros casos, como fonte de razão. O modo como tudo fundamentamos, como construímos a imagem, contribuirá para se ver o mundo na perfeita razoabilidade em assim se viver no engano. Neste correr de ideias que coamos em nossos comportamentos “chifrudos”, não nos damos conta no quanto somos servis à opinião na forma de narrativas …

Quantas e quantas vezes, ficamos por dizer o que nos apraz para não contrariar a opinião de alguém a quem temos respeito, amizade ou simples obediência. Na maioria das vezes somos susceptíveis a abrir mãos de nossa própria vontade, vivência ou juízo de valor baseado num ponto de vista pessoal ou subjectivo, em troca de reproduzir um quadro geral de imagens, dizeres ou esquemas que consideramos insuportáveis; uma plausível explicação da realidade que pode ser física, social, histórica mas e, principalmente da realidade política.

Roxo155.jpg Posso jurar que tenho procurado ser o mais frontal mas, sempre evito machucar por subestimação quem pensa de forma diferente; a propósito, mudo o rumo da conversa optando por defraudar minha opinião para não desjustificar-me na convicção. Não raras vezes, me surpreendo procurando leituras que me justifiquem, sem usar um método de falsidade.

Critico-me muitas vezes e até procuro investigar-me da justeza, pelo surgimento duma qualquer ideia que me circunscreve. Talvez por isso, nem sempre consiga manter o brilho com o certo vigor na formulação desse sentido, o que nos descapacita pela mordaça. Quantas e quantas pessoas se portam assim e, por isso aqui transcrevo só para que conste porque daqui não virá mal á nação.

roxo151.jpg Para que conste e a bem da nação, era como se dizia antigamente, no tempo em que empenhavam as barbas pelo uso das palavras. Claro que me perturba analisar as raízes da mentira que tantos repetem até que pela força, se torne verdade – uma pura alquimia de falácia. Isto de assim viver sem tumulto, não é fácil; a tarefa de explicar os fundamentos de algumas visões no mundo, cada vez se torna mais difícil.

Mais difícil e, que nos obriga a construir uma ou mais narrativas por forma a nos ajudar a evitar replicar outras opiniões, que sabemos de antemão o serem verdades inequívocas. É demasiado enfadonho encolher ombros como um deixa andar, animado de voluntariedade na espontaneidade do pensamento, todo e qualquer frescor de concepção. Deve ser tarde para mudar!

Ilutrações aleatórias de Assunção Roxo...

O Soba T´Chingange     



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:06
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Domingo, 4 de Junho de 2023
MUJIMBO . CXXXI

FRINCHAS DO TEMPO

– HOJE É O MEU DIA – Crónica 3413 – 04.06.2023

MINHA SINGULARIDADE ACONTECEU A 04.06.1945 - “T´CHINGANGE”

Porsoba40.jpgT´Chingange (Otchingandji) na Pajuçara de Maceió

tonito1.bmp Toda a forma de governo legítimo é por norma mediadora e, por assim ser, não o será objecto de história definitiva. O que sabemos e bem, é de que a política, promete! Pois é da natureza da política prometer. Em uma falível definição filosófica, a política tem a ver com a transição entre experiencias concretas e o espaço de todos ao perder de vista a horizontalidade de espectativas futuras.

Nossa presença concreta neste mundo de todos os dias, é sintetizada em duas realidades: passado e futuro. E, não haverá passado nem futuro sem a participação na memória da esperança em surgir alguém que o seja um definitivo libertador; nosso imaginário tem de ter fé para que assim o seja. Quanto ao meu futuro, estou bem firme na HORA EXTRA.

sacag4.jpg – O que vier, já o será de mais-valia se não inventarem para aí uma especial eutanásia temporal ou me obrigarem a devolver algo da minguada aposentação… E, aquele definitivo libertador, segundo um conceito religioso presente no cristianismo, encarnar-se-á no verbo, assim o seja, enfatizar-se em Deus ficando homem como o Jesus descrito da Bíblia; um recurso a superstições, emergindo só de consciência numa estória.

E, como um presente iluminado em sonho, que numa o será numa verdadeira história – só plausível num entendimento igual ao turbilhão que levou Elias para o céu ainda em vida…Dessa forma projectar-se das coisas passadas para as coisas que virão. Aos limites impostos pelas ilusões com periclitãncias do presente, sempre haverá uma fé, mesmo que escassa, de que as coisas mais cedo ou mais tarde, irão melhorar.   

XISPETEÓ0.jpg Nossa presença, numa qualquer actualidade, consiste em se manter em erro lógico de espírito de contradição, permitindo à política ser a condição moderada e, pendente de conduzir a comunidade para uma criação possível.

Entre memórias de espectativas, recordações e esperança ou entre passado e futuro, o poder indicará a dependência originária de nossa entrega, porque o âmbito da política, não parte da noção de harmonia ou homogeneidade tendo de se conter no conceito de definir entre amigo e inimigo!

Acho que li algures uma máxima de sabedoria grega, que convêm até não se perder de vista ou esquecimento que diz: “quando se é mortal é preciso pensar como mortal”  e, terem forçosamente de ir mais além disso acrescentando: “é preciso agir como mortal”, saber e manter presente que o homem insuficiente só pode gerar formas de governo provisório.

FAMILIA001.jpg Na natureza humana, a mente totalitária, será preciso modificar. E, porque estamos a vivenciar isto em nossos dias, interessa apelar à perfeição politica porque sabemos bem que uma pessoa tomada pela imaginação totalitária, não admitirá a ideia de representatividade indirecta. É isso justamente que fractura nossa insuficiência na participação directa com implicação no abandono da lei (leia-se lei constitucional). Aqui nunca haverá essa utopia da já falada “mediação”. Resumo: a maior parte dos países do globo está sim, a ser governada por “homens insuficientes”

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:02
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Sábado, 3 de Junho de 2023
N´GUZU – LIX

CONHECER MELHOR O BRASIL

CANDOMBLÉ DO BRASIL e TOCOISMO DE ANGOLA

Parte - Crónica 3412 – 03.06.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por tocoismo5.jpgT´Chingange (Otchingandji)Na Pajuçara de Maceió

tocoismo1.jpgOutra base institucional para a censura aos candomblés apoiava-se num artigo da Constituição (nº 179º), o qual se garantia a “todos” a liberdade religiosa, fixando a condição para o exercício desse direito, ou seja, o respeito à religião do Estado Brasileiro e, à “moral pública”. No entanto, no dia-a-dia repressivo, foram os códigos das posturas municipais, os mais accionados.

A partir de 1830, legislaram sobre a proibição ou cancelamento dos candomblés, batuques, zungus, maracatus “danças de pretos” e “casas de dar fortuna”. As penas envolviam multas, um certo tempo no chilindró e por vezes açoites se, o infractor fosse escravo. As opiniões e acções sobre os candomblés, assim como os batuques negros, nunca conseguiram unanimidade, servindo até de pressão a jogos de interesses não declarados com incidência nos libertos.

tocoismo2.jpg No seio de algumas das autoridades não suportavam as livres apropriações negras dos santos católicos, usando musicas e danças como supersticiosas e ofensivas à “moral pública”, à ordem e às leis, havendo algumas tolerâncias segundo a tradição colonial, evitando assim males maiores tais como revoltas. Essa tolerância, proporcionou o arrastar dos costumes proporcionando os canais de suas afirmações ao longo do século XIX.

Entretanto e fazendo um salto ao outro lado do Atlântico encontramos no início do século XX, um dos maiores movimentos cristãos em Angola chamado de “Tocoismo” pelo que, segundo mussendos de Mais Velhos, se faz alguma luz sobre o patrono desta corrente, Simão Gonçalves Toco nascido em 1918 na localidade de Sadi-Zulumongo (N´Taia, Maquela do Zombo, província do Uíge, Angola), tendo recebido o nome kikongo de Mayamona. Após frequentar o ensino primário na missão baptista de Kibokolo, concluiu os estudos liceais no Liceu Salvador Correia em Luanda.

tocoismo3.jpgTerá acontecido um acto milagroso que o despoletou à sua missão religiosa: foi o encontro com Deus em Catete a 17 de Abril de 1935. Em 1942, decide partir para Leopoldville (Congo Belga) para colaborar com a missão local e dirigir um coro musical já aqui descrito. Graças ao trabalho que lhe fora reconhecido no âmbito da missão baptista e do coro, no ano de 1946, é convidado, junto com outros dois “indígenas” - Gaspar de Almeida e Jessé Chipenda Chiúla, para intervir nos trabalhos da Conferência Missionária Internacional Protestante, realizada de 15 a 21 de Julho desse ano, na localidade de Kaliná em Leopoldville, Congo Belga.

Simão Gonçalves Toco e muitos dos seus seguidores foram presos pelas autoridades belgas, sob a acusação de alterar a ordem pública. Em Janeiro de 1950, são deportados do Congo Belga e entregues, no posto fronteiriço de Nóqui (província do Zaire), às autoridades portuguesas. Procuram dar por terminado o movimento daquilo que consideravam ser uma "seita perigosa", dividindo o grupo em grupos menores que serão dispersos, no âmbito da política de povoamento colonial vigente à época, em distintos colonatos e campos de trabalhos forçados por toda a colónia.

candomblé6.jpg O líder Toco, é enviado numa primeira instância pelo Vale do Loge e, após passagens por Luanda, Caconda e Jáu, é enviado para a São Martinho dos Tigres, na província de Namibe - Moçâmedes. Pouco tempo depois, é enviado para trabalhar como assistente num farol em Ponta Albina, na mesma região. Em 1961, quando tem início as campanhas de libertação de Angola no norte do país, as autoridades portuguesas, conhecedoras da capacidade de mobilização do profeta, ordenam a sua ida para o Uíge, uma região fronteiriça com o Congo. Por meio dele, pretendeu-se chamar a população que tinham fugido para as matas na sequência de acções militares.

Simão Toco consegue mobilizar milhares de conterrâneos, mas a desconfiança das autoridades portuguesas relativamente às suas intenções faz com que se decidam por enviá-lo para um segundo período de exílio. Desta feita, é enviado para a ilha portuguesa de São Miguel, nos Açores, onde trabalhará como assistente de faroleiro na localidade de Ginetes. A sua permanência nesta ilha portuguesa demorará 11 anos mas no entanto, não esmorecerá no seguimento de sua missão. Ao longo deste período, Simão Toco intercambiará milhares de cartas com os seus seguidores em Angola, com quem construirá um movimento de carácter nacionalista.

candomblé3.jpg Simão Toco é finalmente autorizado a regressar ao seu país ainda colónia, o que acontece a 31 de Agosto de 1974, quatro meses depois do 25 de Abril da tal revolução dos cravos. Recebido pelo então governador em transição, o Almirante Rosa Coutinho, Simão Gonçalves Toco vê finalmente reconhecida a liberdade de expressão e de culto do seu movimento…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



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Quinta-feira, 1 de Junho de 2023
MUXOXO . LXVI

TEMPO COM CINSAS – A Democracia tende para o Totalitarismo

Crónica 3410 – 01.06.2023

Por picasso3.jpg T´Chingange (Otchingandji…) Na Pajuçara de Maceió - Brasil

Congo0.jpgResumidamente: A Democracia é um regime político em que os cidadãos usam seus direitos políticos participando igualmente, enquanto o Totalitarismo é caracterizado por um dirigente, que se apoia num único partido (ou uma maioria), deixando o povo em conflito e, culpando sempre um “outro” nos desaires.

Sendo assim, o totalitarismo pode bem ser considerado um acontecimento típico de modernidade que surge encapotado ou trasvestido, entrelaçado com muitas e diversificadas leis, acordos, relatórios ou despachos que saem da base como picos de um cacto de matriz democrática.

Assim sendo, a modernidade chega ao limite da inventação no que leva a perguntar se não herdamos no imaginário, entre muitas, um das formas fraudulentas de conceber “a política”. Esta referência à imaginação totalitária advém de uma noção equivocada de que a verdade absoluta deve ser resolvida por um acto político com uso à mentira ou narrativa; uma exposição de factos, uma narração, um conto ou uma história.

DIA73.jpg Narrativa ou mentira em que a realidade vem embrulhada em celofane. Surge assim a intenção firme de como fazer promessa em dar apoio com 100 ficando assim assinado e noticiado mas, na prática desses 100 cativam-se na fonte 50, defraudando obviamente as espectativas de um prometimento. Usar deste jeito, uma prática extractivista do trabalho do povo (+ de 50% do produto) - actividades de colecta mais além dos habituais produtos naturais, sejam eles de origem animal, vegetal ou mineral…

Este acto de sub-reptícia é um tipo de encoberta violência que mesmo sendo morna, não pode ser simplesmente compreendida como um subproduto da imaginação totalitária mas que, está sim na sua raiz socialista! Teremos por isso de fazer uma reflexão filosófica investigando conceitos à medida que eles se apresentam na forma constante de variedade de fenómenos observados.

coelho5.jpg Fenómenos que surgem não por mero capricho de curiosidade intelectual mas, pelo firme desejo de compreender experiências de governação seguindo um ideário pré concebido na inverdade, um pecado quase capital – técnica socialista!

E, interrogamo-nos: - mas que tipo de democracia é esta que nos força a aguentar passivamente a “engolindo sapos”, provocando uma desordem na razão pelos fenómenos que surgem com erros de caprichos. Caprichos com a bastante arrogância que nos levam em crer que sua capacidade especulativa passa de prenúncio a anúncio de um problema real.

alcaçuz2.jpg Condição que consequentemente se tornam em “actos políticos totalitários”. É isto que vivenciamos hoje em Portugal em que a fórmula E= mc2 (Estado = Marcelo x Costa ao quadrado) é simplesmente clausurada. Neste ensaio banalizado em bomba atómica teremos de considerar os factores de fragilidade impostos pelo próprio limite do medo – um delicado limite pessoal de quem pode, mas, não quer!

O medo é que guarda a vinha; assim ficamos…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:35
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Quarta-feira, 31 de Maio de 2023
N´GUZU - LVIII

 

CONHECER MELHOR O BRASILCANDOMBLÉ

Parte - Crónica 3409 – 31.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por candomblé6.jpgT´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

roxo206.jpgAR - As diferentes identificações dos candomblés entretanto, não impediram que solidariedades mais amplas fo- - ssem ali tecidas, entre africanos e crioulos, entre escravos e homens livres e entre negros e homens brancos de posses, incluindo autoridades - algo difícil de ocorrer em outros espaços sociais. Tal solidariedade também se expressou em termos religiosos pois as divindades de origem africana e os santos católicos eram reunidos no mesmo espaço de culto.

Para lutarem contra a opressão e discriminação, os afro-brasileiros criaram uma das religiões mais tolerantes e flexíveis diversificando matrizes cuja raiz ainda existe em Angola e, sendo praticada nos dias de hoje com o nome de Tocoismo. Interessa por gora, dar um resumo desta prática que foi motivo de perseguição pelas autoridades coloniais portuguesas, antes da independência a 11 de Novembro do ano de 1975.

tonito05.jpg  Tocoismo é um movimento formado por seguidores do “profeta angolano” Simão Gonçalves Toco (1918-1984). Igreja constituída administrativa-mente de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo. Trata-se de um dos maiores movimentos cristãos em Angola, contando igualmente com sucursais em vários outros países. Simão Toco, concluiu os estudos liceais no Liceu Salvador Correia em Luanda. Terá conhecido um acontecimento milagroso que lhe despoletou a  missão religiosa: o encontro com Deus em Catete em 17 de Abril de 1935.

Tendo ido para Leopoldville (Congo Belga) para colaborar com uma missão local, dirigiu um coro musical com cantores zombos, oriundos da mesma região dele - Maquela do Zombo. A este coro dará o título de Coro de Kibokolo. Em um momento de “vento tremido” em que o Espírito Santo desceu em África, por sua invocação, a igreja cristã foi “relembrada”, de forma a retomar o caminho da igreja original do tempo dos Apóstolos.

ROXO133.jpgar -  Expandindo sua actuação, por esta altura, ano de 1990, é inaugurada a primeira Igreja Tocoísta em Lisboa, pouco tempo depois, seguir-lhe-iam núcleos em Madrid, Paris, Londres e Roterdão…O Tocoismo sendo um tema de religiosidade a descrever lá mais à frente, daremos um salto para dar continuidade do tal de Candomblé no Brasil.

Assim, apesar de toda a tradição que pretendem ostentar e manter vivas, sendo considerados como uma constituição central de representação politica, reinvenção cultural e negociação dos negros na Baia oitocentista. Os candomblés foram quase sempre vistos pelas autoridades da época um bárbaro costume religioso de africanos, preponderantes entre os escravos da Bahia na primeira metade do século XIX.

pombinho15.jpg Se no período colonial os motivos para a condenação dos encontros religiosos negros conhecido como calundus, baseavam-se na suspeição de que neles, havia feitiçaria. Quanto a esta insinuação de feitiçaria com prática de seita, também Simon Toco teve problemas com as autoridades administrativas lá em Angola, pois que num dado dia e em um momento, sentiram um vento diferente começando a tremer.

 Assim, realizando supostos milagres invocando algumas passagens bíblicas tal como se podem observar nos dias de hoje em muitas igrejas; igrejas que curam com cuspo no rosto e coisas bem difíceis de o serem credíveis pela lógica que os olhos observam e que os ouvidos escutam. No Brasil em uma carta oficial, no ano de 1824, apesar de se estabelecer a tolerância para as religiões não católicas, desde que os cultos fossem domésticos, esteve longe de garantir a liberdade religiosa para os escravos e libertos, pois a concessão estava obviamente voltada, para outras religiões importadas de nações europeias.

(Continua)

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:19
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Terça-feira, 30 de Maio de 2023
MOAMBA . LVII

A NUDEZ DA VIDAPETER, o "pai da administração moderna"…

Crónica 3408 – 30.05.2023 na Pajuçara de Maceió - Brasil

Porfig3.jpg T'Chingange – (Otchingandji) 

kimbo3.jpg A história é fundamental! Só sei que cada vez mais seremos governados por gente que já foi competente, um degrau mais abaixo, porque o foi bom, antes de ocupar este último cargo. Antes de ser o que hoje é; assim o sejam presidente, primeiro-ministro, ministro, secretário de estado ou essa nova sigla de CEO - gestores responsáveis pelo cumprimento de funções específicas, tais como marketing, finanças, operações, desenvolvimento de recursos humanos e tecnologias de informação que poderão também ser chamados de Vice-Presidentes… Pois então, considerando Laurence Johnston Peter, o autor de um princípio que tem seu próprio nome, poderemos assim, comparar.

Melhor dizendo: Segundo o “princípio da incompetência”, num sistema hierárquico, todo funcionário (PS) tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência. Aí, pude dar-me por bem informado. A gente do mando, um Presidente ou um Primeiro-Ministro, tende logicamente a atingir os seus objectivos organizando e planeando os recursos da Nação da forma que melhor permita a vida do vulgar cidadão - organizando as estratégias politicas e de marketing, como um todo sem recorrer à falácia à mentira ou compadrio entre seus pares sem despifarrar o saco de dinheiro de todos nós.

engraxador2.jpgEles, os da máxima competência de Portugal, não devem ter lido o receituário de Peter. E, é sim! É fundamental para melhor compreensão em como tudo pode ou poderia ser diferente, para todos termos um melhor futuro. Com efeito, nenhuma compreensão histórica se pode furtar de uma criteriosa metodologia teórica, para explicar os fenómenos na dinâmica do tempo. A frustração surge quando um encarregado auxiliar é bom em sua função e, ao subir na carreira passando a chefe, é uma desilusão. Uma falha na nossa sociedade. Só em muitos raros casos têem o condão de chegar a ser ESTADISTAS. Nesta fase de entendimento terei de recorrer ao que disse Marcelo Caetano em seu tempo: "Em poucas décadas estaremos reduzidos à indigência"…

 - Afirmações virais de Marcello Caetano são autênticas? E não é que acertou mesmo?! Sobre o vinticinco de Abril, disse Marcelo Caetano, último primeiro-ministro do anterior regime, tendo acrescentado: “…reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional”. Resta o Sol, o Turismo e o servilismo de bandeja, a pobreza crónica e a emigração em massa”; “Veremos alçados ao poder, meninos mimados, escroques de toda a espécie. A maioria não servirá para criados de quarto chegando a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes de República”. Lê-se na segunda parte da citação atribuída a Marcello Caetano naquele texto viral.

araujo112.jpg As crenças motivaram reacções que foram antecipadas pelos poderes da imaginação. Este acto de imaginar, consiste justamente na tentativa de dar vida à própria realidade imaginada. Tomar em conta que “a unidade e a realidade absolutas, podem nem sempre, iludir-nos”. É certo! O poder moderador em toda a Globália, vai ter em mãos a chave de toda a organização politica, o nível de equilíbrio e harmonia de todos os poderes com altas e enérgicas atribuições, para que o desempenho seja mesmo elevado.

Quem poderia supor que em qualquer dessas atribuições não convém prescindir de um maduro Conselho e de um profundo esclarecimento. Se a justiça vai mal, se desleixa sua função, fazendo da prescrição de crime um “modus operandi”, perde assim sua independência na troca de benesses, arranjos e baldrocas com o governo, assim o seja de direita ou esquerda; tudo então, na justiça, terá de ser revisto para mudar os paradigmas, revisando talvez a constituição.

oxo136.jpg A título de garantia às liberdades públicas terão de forçosamente remexer nas leis, acabar com os megas processos judiciais e técnicas dilatórias e de falsas situações que a todos tolhem de vicissitudes. A revolução mansa do vinticinco teve o nome de “revolução dos cravos” – ora sucede que pelo andar dos acontecimentos do Governo maioritário do PS, se está a cair na radicalização de poder chamar a essa morna arruada de “revolução para escravos” de hoje, pois que estamos a ser governados com sinais totalitários similares às práticas sociais de “coronéis do Brasil” dos séculos XIX e XX.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:28
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Sábado, 27 de Maio de 2023
A CHUVA E O BOM TEMPO . CXXXIV

NAS FRINCHAS DA GLOBÁLIA

Crónica 3405 de 27.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil

Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…

O PERIGO É AMARELOVêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO Parte

Por Christopher Wray, Director do Departamento Federal de Investigação Instituto Hudson

Por escolha de:ara3.jpgT´Chingange (Otchingandji)

arco iris2.jpg Dos mais de trinta países devedores à CHINA, maioritariamente africanos, sobressaem: 1º- Angola com US$ 42,6 bilhões: 2º - Etiópia com US$ 13,7 bilhões; 3º- Zâmbia com US$ 9,8 bilhões e Quénia com US$ 9,2 bilhões. Não demorará que parte de seu património passe a ser gerida directamente pela China…

Este tipo de característica deveria dar às empresas americanas uma pausa quando elas consideram trabalhar com corporações chinesas como a Huawei - e deveria dar a todos os americanos uma pausa, também, quando confiam nos dispositivos e redes de uma empresa deste tipo. Como o maior fabricante mundial de equipamentos de telecomunicações, a Huawei tem amplo acesso a muito do que as empresas americanas fazem na China. Também tem sido acusada nos Estados Unidos de conspiração de extorsão e, como alegado na acusação, tem repetidamente roubado propriedade intelectual de empresas americanas, obstruído a justiça e mentido ao governo dos EUA e seus parceiros comerciais, incluindo bancos.

máscaras3.jpg As alegações são claras: Huawei é um ladrão de propriedade intelectual em série, com um padrão e prática de desconsiderar tanto o Estado de Direito quanto os direitos de suas vítimas. Devo dizer que certamente chamou minha atenção a leitura de um artigo recente que descreve as palavras do fundador da Huawei, Ren Zhengfei, sobre a mentalidade da empresa. Em um centro de pesquisa e desenvolvimento da Huawei, ele disse aos funcionários que, para garantir a sobrevivência da empresa, eles precisam - e cito: “avançar, matando à medida que avançamos, para deixar um rastro de sangue”. Ele também disse aos funcionários que a Huawei entrou, para citar, “num estado de guerra”. Certamente, espero que ele não possa ter significado isso literalmente, mas não é um tom encorajador, dado o comportamento criminoso repetido da empresa.

Em nosso mundo moderno, talvez não haja perspectivas mais ameaçadoras do que a capacidade de um governo estrangeiro hostil de comprometer as infraestruturas e os dispositivos de nosso país. Se empresas chinesas como a Huawei tiverem acesso irrestrito às nossas infraestruturas de telecomunicações, elas poderão colectar qualquer informação sua que atravesse seus dispositivos ou redes. Pior ainda: eles não teriam outra escolha senão entregá-la ao governo chinês, se lhes fosse pedido - as protecções de privacidade e do devido processo que são sagradas nos Estados Unidos são simplesmente inexistentes na China.

sacag4.jpg Respondendo Com Eficácia à Ameaça - O governo chinês está envolvido em uma ampla e diversificada campanha de roubo e influência maligna e pode executar essa campanha com eficiência autoritária. Eles são calculistas. Eles são persistentes. Eles são pacientes. E não estão sujeitos às restrições justas de uma sociedade aberta e democrática ou ao Estado de direito. A China, liderada pelo Partido Comunista Chinês, vai continuar tentando se apropriar indevidamente de nossas ideias, influenciar nossos formuladores de políticas, manipular nossa opinião pública e roubar nossos dados. Eles usarão uma abordagem de todas as ferramentas e de todos os sectores - e isso exige nossa própria abordagem de todas as ferramentas e de todos os sectores como resposta.

Nossos funcionários do FBI estão trabalhando todos os dias para proteger as empresas de nossa nação, nossas universidades, nossas redes de computadores e nossas ideias e inovações. Para fazer isso, estamos utilizando um amplo conjunto de técnicas - desde nossas autoridades policiais tradicionais até nossas capacidades de inteligência. E vou notar brevemente que estamos tendo um sucesso real. Com a ajuda de vários de nossos parceiros estrangeiros, prendemos alvos em todo o mundo. Nossas investigações e os processos judiciais resultantes expuseram a experiência adquirida e as técnicas que os chineses usam, aumentando a conscientização da ameaça e as defesas de nossas indústrias. Elas também mostram nossa determinação e capacidade de atribuir esses crimes aos responsáveis.

144.jpg Uma coisa é fazer afirmações - mas em nosso sistema de justiça, quando uma pessoa ou uma corporação é investigada e depois indiciada por um crime, temos que provar a verdade da alegação além de uma dúvida razoável. A verdade é importante - e assim, estes indiciamentos criminais são importantes. E vimos como nossos processos criminais uniram outras nações à nossa causa - o que é crucial para persuadir o governo chinês a mudar seu comportamento.

Também estamos trabalhando mais do que nunca com agências parceiras aqui nos Estados Unidos e com nossos parceiros no exterior. Não podemos fazer isso, sozinhos; precisamos de uma resposta de toda a sociedade – de todo o mundo. É por isso que nós, nas comunidades de inteligência e segurança pública, estamos trabalhando mais do que nunca para dar às empresas, universidades e ao próprio povo americano as informações de que precisam para tomar suas próprias decisões e proteger seus bens mais valiosos.

sistelo7.jpg Confrontar esta ameaça efectivamente não significa que não devamos fazer negócios com os chineses. Não significa que não devamos receber visitantes chineses. Não significa que não devamos receber estudantes chineses ou coexistir com a China no cenário mundial. Mas significa que, quando a China violar nossas leis penais e normas internacionais, não vamos tolerar isso, muito menos permitir. O FBI e nossos parceiros em todo o governo dos Estados Unidos responsabilizarão a China e protegerão a inovação, as ideias e o modo de vida de nossa nação com a ajuda e a vigilância do povo americano.

Christopher Wray, Director do Departamento Federal de Investigação Instituto Hudson.- Obrigado por me aceitarem aqui, hoje…

FIM

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:13
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Sexta-feira, 26 de Maio de 2023
MUXOXO . LXV

TEMPO COM CINSASAquela coceira no dedão, será mesmo uma bitacaia?

Crónica 3404 – 26.05.2023

Por café da avó1.jpg T´Chingange (Otchingandji…) Na Pajuçara de Maceió - Brasil

sorte2.jpg Nesta vida, o que tiver que acontecer, acontece! E, ninguém está a salvo de ser o carrasco de si mesmo sem falar dos outros. Independentemente da ideologia que se defende, seja de esquerda, de direita ou do centro, sempre criaremos voluntariamente, jaulas; amaremos e, até por vezes idolatramos. Sim! Idolatramos até que nos devore.

Engana-se quem pensa que já sabe tudo; o risco será permanente se a mente não for fortalecida com o bastante raciocínio, numa busca de sabedoria a que podemos chama de “filosofia”. A radicalidade de se pensar estar certo a partir de crenças constituirá a chave de compreensão de sangrentas catástrofes políticas. Antes de se ser uma vontade, antes de se ser um movimento, antes de se ser um partido, antes de se ser poder, a mente alimenta o desejo.

Com o desejo reduz o corpo e o templo (cabeça) prosseguindo essa ideia tentadora até verificar que essa verdade, é totalitária. A nossa verdade pode assim morrer de desilusão segundo uma qualquer crença, ter um epílogo de morte daquela que era a grande verdade. E, como num livro escrevinhado por nós, em que se deu tudo por tudo, após um vistoso prólogo dando voto, dando veto e, definhando-se se defuntou só e, assim mesmo sem mais nem porquê.

balba2.jpg Durante a escritura do seu texto de vida fez correr um boligrafo por um tal de trajecto dizendo de si para si que assumir que a política, bem pode ser compreendida de muitas maneiras; que não implicará aceitar todas as suas formas. Não pode o meu boligrafo negligenciar suas, minhas convicções em nome de um suporte de almejada imparcialidade.

Os chavões estão aí para serem alardeados ou pisoteados por gente que pensa que tudo sabe tal como: stalinismo, maoismo, fascismo, salazarismo, socratismo, selfismo, costismo, cavaquismo ou sampaísmo entre muitos outros edecéteras. São fenómenos políticos que sempre o serão a dado momento, conhecidos como totalitarismo (imposição de alguém).

Num cala-te a boca, acabei de emudecer o que em mim já estava arrependido. Estando eu na varanda do Conde do Grafanil vendo a praia da Pajuçara de Maceió, boligrafei isto com tal força de afeição que até as nuvens escureceram o céu. Depois de ligar a TV na Globo, tomei uns goles de pensamento passando as mãos ao de leve pelo templo e, assim embuído, cocei o aviso em minhas fontes dizendo cá para mim: Esta vida está muito cheia de ocultos mistérios.

DIA41.jpg Peguei no livro “O Princípio de Peter”, ou o “princípio da incompetência” e pude ler: Num sistema hierárquico, todo funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência. Aí pude dar-me por satisfeito - de entre os exemplos indicados pude inserir os personagens reais conhecidos do M´puto relacionando-as com outras fictícias: - Macbeth foi um eficaz chefe militar, mas um rei incompetente; Adolf Hitler por sua vez foi um competente político, mas encontrou seu nível de incompetência como general; O Sócrates grego foi excepcional filósofo, mas péssimo advogado de defesa, O Sócrates Tuga, foi simplesmente um fracasso; O Marcelo actual foi um bom comentador mas revela-se um mau presidente pois actua como uma rolha a boiar ao sabor dos ventos.

Claro que não vou detalhar os níveis de incompetência dos governantes supra mencionados; considerando este Laurence Johnston Peter, o "pai da administração moderna", desde os tempos de Júlio César que vinga a máxima: "o soldado tem direito a um comando competente". O cidadão também noé!? As pessoas são promovidas até ao ponto no qual se tornam realmente incompetentes para a função; está explicado o busílis que vivenciamos no nosso mundo. Como vêem estou no desamparo de minha vergonha e, de novo irei mostrar meu dedão do pé ao doutor do SNS para ver se aquilo que me dá coceira no pé é uma bitacaia, na firme convicção de que para se morrer basta estar vivo. Juro! Fui…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:20
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Quinta-feira, 25 de Maio de 2023
A CHUVA E O BOM TEMPO . CXXXIII

NAS FRINCHAS DA GLOBÁLIA

Crónica 3403 de 25.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil

Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…

O PERIGO É AMARELO – Vêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO… 3ª Parte

Poraraujo160.jpgT´Chingange (Otchingandji)

perola3.jpg Dos mais de trinta países devedores à CHINA, maioritariamente africanos, sobressaem: 1º- Angola com US$ 42,6 bilhões: 2º - Etiópia com US$ 13,7 bilhões; 3º- Zâmbia com US$ 9,8 bilhões e Quénia com US$ 9,2 bilhões. Não demorará que parte de seu património passem a ser geridos directamente pela China…

(…) A vingança! Isso só por si, é ruim no suficiente. Mas o Partido Comunista Chinês muitas vezes não para por aí; ele não pode parar por aí se quiser permanecer no poder - por isso usa sua influência ainda mais perniciosamente. Se a campanha de influência mais directa e ostensiva da China não surtir efeito, eles às vezes se voltam para esforços indirectos, dissimulados e enganosos de influência. Para continuar com a ilustração da autoridade americana com planos de viagem que o Partido Comunista Chinês não quer, a China trabalhará incansavelmente para identificar as pessoas mais próximas a essa autoridade - as pessoas em quem ela mais confia.

CONFRARIA3.jpg A China trabalhará então para influenciar essas pessoas a agir em nome da China como intermediários para influenciar a autoridade. Os intermediários cooptados poderão então sussurrar no ouvido do oficial e tentar influenciar os planos de viagem ou posições públicas do oficial sobre a política chinesa. Estes intermediários, é claro, não estão dizendo à autoridade americana e as demais Ocidentais, que são instrumentos do Partido Comunista Chinês - e pior ainda, alguns destes intermediários podem nem perceber que estão sendo usados, porque, também eles foram enganados. Em última análise, a China não hesita em usar a fumaça, os espelhos e a má condução para influenciar os americanos e os demais pelo Globo. Da mesma forma, a China frequentemente empurra académicos e jornalistas à autocensura, se eles quiserem viajar para a China.

E vimos o Partido Comunista Chinês pressionar a mídia global e, em especial a americana e, os gigantes do desporto a ignorar ou reprimir as críticas às ambições da China em relação a Hong Kong ou Taiwan. Este tipo de coisaS está acontecendo repetidas vezes, em todo o Mundo. Infelizmente a pandemia não conseguiu impedir nada disso - de facto, ouvimos de autoridades federais, estaduais e até mesmo locais que os diplomatas chineses estão insistindo agressivamente no apoio à China para lidar com a crise da COVID-19.

CHINOCAS1.jpg Sim, isto está acontecendo tanto em nível federal quanto estadual. Não há muito tempo, tivemos um senador estadual americano que, recentemente foi até solicitado a incluir uma resolução apoiando a resposta da China à pandemia. Ameaças ao Estado de Direito na América - O ponto principal é este: Todas essas pressões aparentemente inconsequentes somam-se a um ambiente político no qual os americanos se vêem à mercê do Partido Comunista Chinês. Durante todo esse tempo, o governo chinês e o Partido Comunista violaram descaradamente normas bem estabelecidas e o Estado de Direito.

Desde 2014, o secretário-geral chinês Xi Jinping, tem liderado um programa conhecido como “Caça à Raposa”. Agora, a China descreve a Caça à Raposa como um tipo de campanha internacional anticorrupção – e, não é assim. Em vez disso, a Caça à Raposa é uma oferta abrangente do Secretário-geral Xi para atingir cidadãos chineses que ele vê como ameaças e que vivem fora da China, em todo o mundo. Estamos falando de rivais políticos, dissidentes e críticos que procuram expor as extensas violações dos direitos humanos na China. Centenas de vítimas da Caça à Raposa que eles visam moram aqui mesmo nos Estados Unidos e muitos são cidadãos americanos ou portadores de “Green Card”.

CHINOCAS2.jpg Bem!? Em Portugal será o “Golden Card” com direito a cidadania sem sequer saberem dizer um “Bom Dia” ou “Obrigado”. O governo chinês quer forçá-los a voltar à China e as tácticas chinesas para conseguir coisas chocantes. Quando não for possível localizar um alvo da Caça à Raposa, o governo chinês envia um emissário para visitar a família do alvo aqui nos Estados Unidos ou lá aonde o seja, por esses países, seja na Europa ou África. Qual a mensagem que eles mandaram transmitir? O alvo tinha ou tem duas opções: voltar à China imediatamente ou cometer suicídio. E o que acontece quando os alvos da Caça à Raposa se recusam a retornar à China? No passado, seus familiares, tanto fora quanto na China, foram ou são ameaçados, coagidos e os que voltarem à China são até presos para serem usados como influência ou enviados para um campo de reabilitação.

Christopher Wray, Director do Departamento Federal de Investigação Instituto Hudson: -Vou aproveitar esta oportunidade para observar que, se você acredita que o governo chinês está visando você - que você é uma vítima potencial da Caça à Raposa - por favor, procure o escritório do FBI mais próximo de você. Compreendendo como uma nação poderia se engajar nestas tácticas, chego à terceira coisa que o povo americano precisa se lembrar: que a China tem um sistema fundamentalmente diferente do nosso - e está fazendo tudo o que pode para explorar a abertura do nosso, ao mesmo tempo em que aproveita seu próprio sistema fechado. Muitas das distinções que têm grande significado aqui nos Estados Unidos são ténues ou quase inexistentes na China - estou falando de distinções entre o governo e o Partido Comunista Chinês, entre os sectores civil e militar e entre o estado e o sector “privado”.

CHINOCAS3.jpg Por um lado, um grande número de grandes empresas chinesas são empresas estatais - literalmente de propriedade do governo e, portanto, do Partido. E, mesmo que não sejam, as leis da China permitem que seu governo obrigue qualquer empresa chinesa a fornecer qualquer informação que solicite - inclusive dados de cidadãos americanos. Por certo o mesmo acontecerá pelos países da América do Sul, África e Europa. Além disso, as empresas chinesas de tamanho significativo são legalmente obrigadas a ter “células” do Partido Comunista dentro delas para mantê-las alinhadas. Ainda mais alarmante é o facto de que células do Partido Comunista têm sido estabelecidas em algumas empresas americanas que operam na China como um custo de fazer negócios lá…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:47
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Quarta-feira, 24 de Maio de 2023
VIAGENS . 18

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”

TEMPOS CUSPILHADAS – Crónica 3402 – 24.05.2023 

- ATÉ CHEGAR AO PARAISO, TIVEMOS O PURGATÓRIO…

Por:chicor1.jpg T´Chingange (Otchingandji) – No Bom Concelho de Pernambuco

santi1.jpg Li algures de que a mortificação do corpo acontece para superação do espírito. Se para os cristãos ir desde longe para Fátima será sempre por uma promessa em troca de um benesse que se concretiza, uma cura, um milagre de mudança, uma esperança que se realiza. Os muçulmanos também necessitaram de inventar que Nossa Senhora era filha de Maomé. Anos a fio andei tentando seguir a pé pelos caminhos conhecidos até Santiago de Compostela mas tal desejo sempre se vetou ao esquecimento na hora que nunca surgiu.

Já fui de carro várias vezes a Santiago, mas não será de nenhum valor acrescentado o facto de ir na comodidade de um carro. Até fui lá no dia 25 de Julho, dia da consagração de São Tiago que calhando a um domingo, a porta santa da Catedral é aberta excepcionalmente nesse ano; foi o caso do ano de 2010. Juntei-me assim a histórias de cavaleiros Templários, um misto de religiosidade e desafio, buscando o autentico de si mesmo num percurso de estilos romântico e gótico, como um monge beneditino cruzando montanhas, rios, cidades e bosques de pinheiros, faias e trigais só em pensamento.

PAPAL4.jpgRecordar a Catedral de Santiago de Compostela aonde desde a idade média se juntavam peregrinos idos de toda a Europa. O Bota-fumeiro gigante balouçando no átrio principal-altar da Catedral, que era nem mais nem menos para fazer desaparecer o cheiro nauseabundo que acompanhava os viajantes. Hoje, não podemos imaginar o fedor que soprava então por entre aqueles antigos prédios das muitas cidades, do estrume acumulado nas travessas, becos com matilhas de cães mordiscando restos como se abutres fossem.

Também das centenas de carroças despejando toneladas de excrementos que por ali iam sendo pasto de milhares de moscas com milhões de bactérias. Pois foi assim que fizemos no chegar ao sítio da xácara do Senhor Ferreira, um homem que a vida curtiu entre bizarrias de superstições misturadas com aflições; e desta feita, eu, Arrais de Bustos e Ana de União dos Palmares, terras de Zumbi, da nação de N´gola lá no Morro dos Macacos numa serra chamada de Barriga. Agora a descrição passa a ser dele a relembrar seus artigos de antigamente com o nome de Arico Siarra:  

santiago3.jpeg COMO TRANSFORMAR UM Fim-de-semana NUMA EXPERIÊNCIA INESQUECÍVEL! - Tenho consciência de que escrevo este texto um tanto ou quanto húmido de tanta garoa (cacimbo). Por isso, concluo a recomendar que cada um o leia com o humor possível, já que a nós, nos bastam nossas roupas molhadas, os buracos e as lamas rupestres mas, as estrelas vão com prazer para a tão dedicada hospitalidade de Aldaide e António, pais de Quitèria. Pois, neste fim-de-semana (de 19 a 22/04/023) fomos até um município de Pernambuco divisa com Alagoas – “O Paraíso”…

Se tivéssemos ido por União teríamos demorado menos mas, tivemos que ir por Arapiraca, a fim de pegarmos uma pessoa da família que visitamos, o que nos exigiu mais tempo. Foi uma viagem muito desafiante. Destino? Cidade de Bom Conselho. Do centro daquela cidade até o sítio de nossos anfitriões, demoramos uma hora a chegar. Existem apenas quatro casas: moram lá, pais e filhos. Alto da montanha e, sempre subindo, sempre resvalando. 

santiago1.jpeg Faltou pouco para chegar ao céu! Passamos em seis porteiras por via da criação de gado pastando por lá. Depois que passamos a antepenúltima porteira, o carro começou a derrapar na bosta do gado e argila e parou. Tivemos que carregar nossas atrangalhas (bikuatas, tralhas) às costas, uns 800 metros de subida com o chão todo bosteado... E, tome chuva! Nunca pensei viver tão dignificante experiência pingando que nem um pinto no baptismo.

Nem sei, como agradecer esta oportunidade de podermos avaliar toda a nossa capacidade de resistência física e mental, com chuva durante três dias e duas noites (o diluvio). Sem dúvida nutrimos a certeza de que teremos condições de viver ainda bons anos, sem percalços fatais! Para a impecável hospitalidade encontrada, nota mil e um.... Conseguiram extrair água pura das pedras, para nos servir açucarada de cayena. Da parte de Deus, que a forneceu na forma de garoa cacimbada, um bem-haja para toda aquela família visitada a saber para além dos citados; Docas (o voluntário), e Francisco (o churrasqueio e bebedor de pitu) - filhos, assim como para com o nosso amigo Monteiro T´Chingange o coordenador-mor, desta desafiante aventura

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T´Chingange (O Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola)

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:13
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Terça-feira, 23 de Maio de 2023
N´GUZU - LVI

CONHECER MELHOR O BRASIL BATUQUES

Parte - Crónica 3401 – 23.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por tonito16.jpgT´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió

kilo01.jpg Nestes encontros, celebravam identidades étnicas e até mesmo ensaios de levantes (revoltas). Algumas revoltas aconteceram ou foram planeadas para os dias de festa, como o grande levante dos Malês da Bahia no ano de 1835; esta aconteceu com o ciclo das festas de Nossa Senhora do Bonfim e com a celebração muçulmana do ramadão. A disposição que os escravos apresentavam para realizar os batuques, dificultavam as autoridades pelo efeito de dissimulação, bem à madeira moderna da política chinesa...

Isto indica que em volta da subordinação e resistência havia sempre reticências pela forma ordeira com que tudo faziam por sequência da disciplina laboral, uma forma de treino permanente que dava motivos de preocupação nas alturas dos batuques: dali poderia advir sempre algo de surpresa ou espanto. Nos municípios do Império sempre procuravam estar estabelecidos com preocupação mas nem sempre havia anuência ou unanimidade entre os detentores do mando.

socie2.jpg O controlo sobre a festa negra, sempre requeria cuidados reforçados. No Rio de Janeiro, capital do Império eram proibidos os ajuntamentos de pessoas, mais propriamente de escravos; com “tocatas, danças e vozerias” facilitavam-se os “batuques, cantorias e dança de pretos dentro das casas e xácaras”, desde que não perturbassem os vizinhos.

Em uma das principais áreas da cafeicultura chamada de Vassouras, no século XIX, as posturas permitiam “ danças e candomblés” apenas para escravos de uma só fazenda; sobre o caxambu (um derivado de batuque), existiam proibições nas ruas e casas das cidades mas, era autorizado pela polícia no meio rural. Em Porto Alegre, o código se posturas, não abria excepções, proibindo “batuques, zungus e candomblés” em qualquer local e hora.

ROXO13.jpg As posturas das cidades de Pernambuco, também seguiam esta linha mais dura do sul do Império proibindo as “danças de pretos escravos ou maracatus” nas ruas e praças, os “sambas ou batuques de caixa” em casas públicas ou particulares, assim como a “farsas públicas” – origem do bumba-meu-boi. As diferentes restrições por posturas municipais, longe de controlarem os batuques, revelavam um impasse entre senhores e autoridades sobre a melhor forma de se lidar com aqueles…

Na Bahia quando os indícios de rebelião chegavam a vias de facto, na década de 1830, os “batuques lundus” de negros foram terminantemente proibidos em qualquer hora e local, Surpreendentemente, com seus contínuos ressurgimentos, a Assembleia Provincial, em 1885, determinou a proibição de “batuques e vozeiras em casas públicas”.

praga3.jpg Ao longo do período Imperial, do “Brasil, do mundo Luso, Oriente, Timor, África, Algarves e edecéteras de escambau”, o batuque sempre haveria de encontrar um espaço como o candomblé, nas negociações entre autoridades que vigiavam e, a liberação para a diversão, ainda a melhor forma de controlar os conflitos entre os senhores coronéis e os escravos. Relembrar que os Povos Lusófonos eram comandados a partir do Rio de Janeiro.

Registe-se neste epílogo do assunto batuques, que na Colonia de Angola, o procedimento era análogo e, posso ainda lembrar-me do controlo feito por auxiliares da Administração do Posto, em Luanda, os cipaios africanos que exerciam sua autoridade usando bastões chamados de cassetetes. Era normal vermos estes polícias de Bairro, africanos com um chapéu de cofió enfiado na cabeça, cor vermelha e, tendo uns fios a penderem para os lados. Estávamos então no inico da segunda metade do século XX. A jurisdição da Maianga era o Posto de Belas e, nesse então, era o famoso chefe Poeira que mandava na cipaiada.

FIM

O Soba T´Chingange                             



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:31
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Segunda-feira, 22 de Maio de 2023
VIAGENS . 17

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”

TEMPOS CUSPILHADAS - A natureza tem suas normas! Com tantas experiências o sapo Cururu tornou-se canibal …

Crónica 3400 – 22.05.2023  

Porsapo1.gifT´Chingange (Otchingandji) - Na Pajuçara de Maceió do Brasil

corimba4.jpg Desde que o mundo é mundo, milhares de milhões de seres humanos, armados de ramos, de mata-moscas milhares de venenos caseiros, acabaram por chegar aos sprays vaporizados para travar guerra implacável com formigas diligentes, carrapatos ousados, nojentos ratos e baratas furtivas mais escaravelhos insensatos. Lá na minha horta todos os santos dias tenho de mirar as folhas de couve senão, senão fico sem caldo verde.

Neste grande palco aonde se desenvolve a história da humanidade, o bicho homem acumulou cada vez mais coisas, uns classificados patrimónios de trastes e outros de difícil ou impossível locomoção. E, foi juntando muitos corotos, muitas imbambas que chegaram ao futuro. Para tal tiveram de inventar o planeamento para que tudo tivesse ordem no sentido da criação. As ligações de ele com ele e ela com ela com os desígnios de LGBTYL+ ainda não eram reconhecidos nos cartórios como uma união de facto.

DIA76.jpg Inventaram o comércio, a compra e a venda de coisas ou géneros distribuindo ou retraindo riquezas, favores, invejas, vinganças, ofensas e retaliações a estas. Inventaram o trabalho, a semana das 40 horas e depois 35; o trabalho em casa, o nomadismo digital recente, preguiça, a inveja, a cobiça e, deram início á economia, o apego ao poder mentindo socialisticamente com truques de encarecer a dívida. Formaram grupos a que chamaram partidos e como gangues fizeram roubo com repartição de benesses furando o saco de dinheiro.

Estranhamente surgiu a compra de divida, juntaram os impostos com taxas e alcavalas chegando ao tecto de gastos para vedar o despilfarro. Surgiu a ansiedade, a subsidiodependência, o cabaz de compras mais o auxílio extraordinário e normalizaram o preço dos ansiolíticos para superar as tensões, as mazelas ouvidas lidas e engolidas. Surgiram os especialistas da mente, peritos em trepanação em frio, especialistas do sono, do bocejo, da terapia do relax e da levitação, técnicos do riso e da clavícula.

Namibia4.jpg Surgiram vendedores de banha da cobra, quimbandas a granel, “personal trainer” e dentistas ao domicílio. Diversificaram as colheitas, as mudas e milhares de novas químicas para matar desde o pulgão à cochinilha mais fungos, parasitas e bichezas de toda a espécie com bichos de mil pés e filárias chamando a isto, maravilhas transgénicas; passaram a manusear as sementes, alterando-as, introduzindo-lhe logologo o veneno a só despontar na hora do desabrochar ou do florir …

Colocaram rosas e cravos nas fileiras de parreiras para antecipadamente se poder detectar as doenças nos bagos de uva, deram-lhe musica para adocicar a casta, anti ácaros, anti fungos e muitos edecéteras especificados por enólogos e carrapatologos. Coisas chamadas de fitogénicas a fim de se ter a máxima rentabilidade. Nesta evolução de coisas e tratamentos ouve desaires. Em um dado momento a Austrália levou do Canadá 102 sapos para matarem os besouros do milho; estes alimentando-se das pragas aumentaram vertiginosamente seu número, passando também a serem pragas.

monteiro4.jpg Já havia sapos por todo o lado, nas casas, nos demais pastos e o gado começou a morrer por via da baba destes que era venenosa. Então levaram milhares de cobras de um outro país que comiam aqueles sapos. Sucede que estas cobras que comiam sapos, ao degluti-las um que fosse, morriam envenenadas. Este tipo de sapos tinha um veneno no seu costado. Acabaram por ficar sem cobras e os milhões de sapos, aumentaram em número ao ponto de perderem o controlo. Acabaram por fazer caça aos mesmos triturando-os em grandes tanques para fazer biodiesel. Tudo isto começou lá no ano de 1930. Os sapos-cururus se multiplicaram “como praga” às custas de outras espécies. Suas glândulas de veneno são altamente tóxicas e assim, derrotam facilmente os oponentes predadores…

Agora, para surpresa dos cientistas, os mesmos sapos-cururus estão se transformando em canibais implacáveis. Segundo um novo estudo experimental, a selecção natural tem favorecido girinos que comem outros girinos da própria espécie. Os girinos do sapo-cururu que costumavam alimentar-se de algas e matéria orgânica em decomposição agora é o que é! Os iniciais 102 sapos individuais que foram originalmente introduzidos no passado agora, a espécie já soma mais de 200 milhões de exemplares. Para além de os usarem como combustível, testam outras hipóteses. Se tivessem cumprido com a lei de Deus na ordem natural das coisas, nada disto aconteceria noé!?  

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:41
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Domingo, 21 de Maio de 2023
N´GUZU - LV

CONHECER MELHOR O BRASIL – BATUQUES

2ª Parte - Crónica 3399 – 21.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por entrudo1.jpg T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

batuque1.jpg As cavalhadas de batuque na colónia de Angola, do outro lado do Atlântico tiveram maior impulso nos fins do século XIX saindo dos seus nichos habituais dos vários musseques e, tendo maior expressão na marginal de Luanda que então tinha o nome de Diogo Cão, em meados do século XX. Os grupos eram patrocinados dela Organização de Turismo Colonial. Também tinham grande expressão as manifestações na Cidade do Lobito mais a Sul.

Em ambas as cidades havia magotes de gente brincando o carnaval com batuque e lançamento de farinha uns aos outros, ficando todos mascarados de brancos. Tal como o jogo da bassula originária de Lândana de Cabinda, a acompanhar o batuque era usada a dança de uma forma acrobática como um jogo de pega e larga para enganar a proibição das autoridades.

batuque2.jpg Em dias de carnaval tudo era tolerado; os batuques de tambores ecoavam por toda a Luanda suburbana. O batuque para além de acentuar indecências, sua licenciosidade era ciente de sua imoralidade com o caracter selvagem e grotesco, pelo movimento das ancas, o trepidar do mataco, (bunda) na presença de instrumentos inebriantes e de sempre surgirem apelo de contenção da elite, dos nobres e outros suspensórios sociais.

No Brasil e em Angola os métodos de abordar o entrudo era bem tolerado. O batuque em realidade era uma forma de proporcionar ambientes de bebedeira, muito vinho a martelo, baptizado pelos comerciantes locais com água e outras catchipembas fermentadas em barris situados lá no fundo de quintal da venda  para disfarçar cheiros fortes.

entrudo01.jpg Tanto em Luanda como no Rio ou São Paulo do Brasil, os ambientes curtiam-se do mesmo jeito. Em Loanda ainda me lembro do vinho comprado em garrafão da marca Camilo Alves, uma zurrapa que subia rápido ao cérebro e cerebelo. No Brasil havia a particularidade de se jagunçar a festa com matanças; havia crimes sem se desvendar o móbil do acto e também um desperdício do trabalho dos escravos, sobretudo nos encontros propícios a movimentos revoltosos.

Posso imaginar o que se poderia dizer das actuais danças tão incentivadoras ao sexo e de uma forma abusada e tolerada por todos – gestos obscenos de “kuduro”, de fazer corar donzelas virgens… Enfim, destes ritmos bizarrocos de fazer espichar o vermelho do mais puritano do que não é bonito, banalizado no ridículo que ironicamente se banaliza numa de “pois é moda” deitando o ridículo na lixeira para tudo terminar num jogo amistoso.

batuque4.jpg Relatos antigos referem imagens da época permitindo rever algumas marcas do género com coreografia de danças em círculo movimentos ati-relógio, de anti vergonha ajustando ao gosto da bunda, mataco e obscenidades. Obscenidades ao jogo com versos e desafios, contestação a tudo com dançarinos rebolando sós ou em pares, improvisando-se em sexualidades estranhas.   

A moderar tudo surgiram novos conceitos a que chamaram de “festas juninas” de cariz social evitando as umbigadas, massembas e, usando o bater de mãos associado ao canto. Danças com cariz religioso de acalmar famílias tradicionais de costumes bem conservadores. Em torno do batuque, no tocar de bombo e, a partir destes, tornava-se possível fugir ao trabalho tecendo relações de solidariedade entre escravos e libertos, entre africanos e crioulos…

(Continua…)

O Soba T´Chingange    



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:41
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Quinta-feira, 18 de Maio de 2023
VIAGENS . 16

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA“SONHAJANDO A VIDA”

TEMPOS CUSPILHADAS . O Espírito da China! Eles já chegaram …

Crónica 3398 – 19.05.2023 - (publicado um dia antes… estou viajando)

Por mfa1.jpg T´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió do Brasil

alentejo1.jpg Chegado recentemente a Portugal, vindo de Angola na ponte LUALIX no ano de 1975, 48 anos atrás, assisti em pleno Alentejo a uma acção da reforma agrária. Em casa de Maria, via seu marido atarefado andando nervoso de um para outro lado. Fui ficando por ali curioso - seria uma caçada à raposa, perdizes ou coelhos mas, apercebi-me bem rápido que não era nada disto. Era o chamado PREC – Processo de Revolução em Curso…

Ele e um grupo organizado desse tal de PREC, iam caçar fascistas nos montes vizinhos de Escanchados, Daroeira, Buena Madre entre outros montes e mesetas daquela estepe. Tudo era um espanto para mim, atordoado que andava com uma saída apressada da Luua e tendo só de património em mãos, uma máquina de costura Oliva. Sem sítio certo para ficar ali ficaram meus dois filhos até que eu e minha mulher tivéssemos nosso rumo de vida em acção!

alentejo2.jpg Não vou entrar em muitos pormenores para me não magoar muito. Naquela acção de caça aos fascistas e depois de ter vivenciado coisas de esquecer, fiquei aturdido com esta pseudo milícia que de forma voluntária lá iam caçar gambuzinos com caçadeiras e máquinas subtraídas ao patrão; as máquinas retroescavadoras substituíam tanques de guerra – supunha eu inocente na condição de assim ser, por conveniência pois, de nada resolveria apagar qualquer fogo com um bochecho de angústia.

Interrogando-me do que poderiam ir fazer em prol duma mudança só desconsegui obter uma razão plausível. Estamos em 2023, 48 anos depois com um Portugal de uns dez milhões de cidadãos e o estado, continua sugado por políticos que usam a falácia para nos entorpecer. Mesmo sem haver esse tal de PREC sempre haverá um plano novo para dar directivas ao leque de ousadias, assim se chame um PRR - Plano de Recuperação e Resiliência.

mfa2.jpg Mas, como tudo está de bradar aos céus assim iremos ficar porque nem o Costa morre nem a gente almoça. Além do mais o presidente anda demasiado atarefado com sua colecção de selfies – por alguma razão todos o conhecem por Selfito. Não se nota desenvolvimento, uma lástima de saúde, administração desmilinguida e, educação aos gritos. Uma cambada de gente que nem sabe o que fazer com o dinheiro despifarrando as resiliências pelos amigos, compadres e filiados do partido que se chama de PS.

Naquele ano, as conquistas do vinticinco do povo pelo PREC foram direitinhas para o ralo; as chapadas de trigo, nos lameiros, os montes foram ficando desventradas, sem telhado, ruínas a gritar desespero aos vindouros. Uns fugiram para Trás-os-Montes, outos foram para o Brasil e alguns até escolheram a Argentina ou a Austrália para iniciar vida. Afinal, de nada valeu aquela caça aos fascistas da qual João Cailogo fez parte. Ainda hoje me arrepio de tal façanha.

prec5.jpg Ultimamente deram guarida ao negócio de chineses! Agora queixam-se de que estes querem tomar conta não só de nós como de todo o Ocidente. Até há bem poucos anos atrás, o ocidente fechou as portas à possibilidade de compreender a China. Hoje, buscam formas de se entender diplomaticamente com estes, permitindo-lhes a entrada em seus territórios com obtenção de benesses e isenções em sua actividade comercial – vistos GOLD e outros edecéteras.

Tome-se em conta que o peso de impostos que os demais cidadãos nacionais são obrigados a pagar, é bem menos vantajoso do que o oferecido a estes empresários vindos do outro lado do mundo. Deduzir-se assim que os donos disto tudo, só o serão com os países de capital que nos compram divida. Um dia o futuro chega e quase sem se saber, as instituições que eram estatais formam-se de um conjunto de accionistas sem rosto e, dum qualquer país. Se neste futuro vamos ter de ficar entregues a um dragão, teremos de saber um pouco que seja, do que não nos une e divide!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:54
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N´GUZU - LIV

CONHECER MELHOR O BRASIL – BATUQUES

Parte - Crónica 3397 – 18.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por amendo5.jpg T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

festa 2.jpg Batuque, é dança com acompanhamento de tambores. Era ao longo do século XIX, genericamente, para designar danças, músicas e tambores negros de características populares. Em criança, candengue e, na ainda colónia de Angola, capital de Luanda, morando eu no subúrbio (Maianga) e perto de alguns musseques (favela aquilombada), podia ouvir o toque de tambores durante as noites de sábado para domingo. Fui influenciado por esses firmes traços do povo banto que legou ao mundo e em especial ao Brasil, além da música, a forma de nutrição, folclore e a sua mística.

Enquanto em São Tomé, mulheres com lenços amarrados na cabeça como baianas desfilam seus longos e largos vestidos coloridos, com os seus balangandans, com seus tabuleiros à cabeça, com doces, batendo os pés com os bons sapatos que Deus lhes deu, exibem a sua dança do Kongo ao som do batuque. Isto da Lusofonia, aqui descrito, não é mais do que o auto do Cucumbi ou Kongo na forma de cavalhada ou Folia de Reis, relembrando as batalhas de funantes em que prenderam a irmã da rainha N´Zinga. Pois assim, foi em terras de N´Dongo, no bastião dos nobres de Pungo Andongo numa batalha chamada de M´bwila do outro lado do Atlântico.

Francês1.jpgFoi, a raiva dançada ao estilo de capoeira que os escravos de N´Gola levaram para o Brasil, encrespada nos tempos, de fedorentos porões de navios, lembranças do chicote no poste da sanzala, dos grilhões, da canga e infortúnio; era a camangula e a bassula com finta e a esquindiva que depois de transferida foi cantada com um fio e um pau, instrumento chamado de berimbau. Sim! Foi aí em Lândana do enclave de Cabinda, com os originais povos imbindas, que tudo começou. No centro da paliçada chamada de terreiro (sambódromo), o Rei traja gibão e calças brancas e manto azul bordado, tendo na cabeça uma coroa dourada tal e qual como o rei N´Zinga-a-N´Kuvo, baptizado em 1509, o primeiro rei a ser cristianizado pelos Tugas.

Esse rei, N´Zinga-a-N´Kuvo tomando o nome de Dom Afonso I deu a seu filho, o nome cristão de Henrique; foi mandado para Portugal estudar as artes da magia da Cruz, tendo dali regressado em 1521 padre de estola com todos os rituais. Vale a pena referir essa luta da bassula, finta ou esquindiva utilizada pelos pescadores imbindas do Kongo (Cabindas e Boma do N´zaire).

frances.jpg Foram também os Muxiloandas da ilha da Mazenga da baia de Loanda e Mussulo (Kaluandas ou Camondongos) da região dos Dembos e foz dos rios Dande, Bengo e Kwanza que como escravos, levaram isso para o Brasil derivando na Capoeira, uma forma de dança para ludibriar o patrão fazendeiro, usando a falsa ginástica de dança como luta com um dá e um larga sem agarrar, usando a força do adversário com suaves e mágicos “toques de bassula” ou “toque de finta”. A “negralhada” seminua dançava e cantava alegremente, livre do senhor do engenho e do feitor com seus ralhos (era assim que diziam seus patrões)

E o batuque veio junto, com as galinhas d´Angola, o pregão que surgiu já depois da proibição do tráfico de escravos. Dizia o pregoeiro mazombo, indo de fazenda a fazenda, de engenho a engenho; não quer comprar, coronel? Esta festa negra chamada de batuque, poderá ser vista como sinonimo de Lundus, sambas, caxambus e maracatus, segundo as variações regionais. As posturas municipais do Rio e São Paulo, documentam discussões nas câmaras, jornais e relatos de viajantes como sendo os batuques uma reunião de negros – escravos, africanos ou libertos, em variadas ocasiões.

FRANCES2.jpg Aos domingos e dias santos, nos locais, nas fazendas, nos cortiços da periferia das cidades, podem observar-se momentos altos desse costume. Surgem associações de batuques conhecidos como “danças de pretos” ou “baile do Kongo” que reafirmam o quanto esta prática estava envolvida com valores culturais trazidos de África, expressando nesse então, uma identidade muito distante das marcas alcançadas pela “civilização” europeia salientando-se visões preconceituosas.

Embora não se referisse nessa época, o termo de preconceito, veio no correr do tempo a se relacionar com o racismo. Por outro lado, foi a partir destas associações que surgiram as “escolas de samba” originando o carnaval - evento tão afamado no mundo cujas características deram ao Brasil a quase exclusividade. De lembrar que tendo sido os europeus, mais propriamente os portugueses, a levarem o entrudo com cavalhadas para as colónias de Angla e Moçambique, estes, por sua vez - os indígenas locais, deram largas a seus teatros de fingir, terminando nestes batuques.

(Continua…)

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:02
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Terça-feira, 16 de Maio de 2023
VIAGENS . 15

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”

Estado = Marcelo x Costa² - REINVENTANDO O FUTURO DO *M´PUTO

Crónica 3395 – 16.05.2023 – A EQUAÇÃO ATÓMICA

Por dia63.jpg T´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió do Brasil

dy23.jpg Ainda não fui ao futuro! Ando só a vislumbrá-lo. O primeiro LAR, conhecido do homem nos primórdios, muito antes do AC - Antes de Cristo, foram os montes, os rios, os bosques e o firmamento. Progressivamente sua táctica recolectora mudou, fixando-se num espaço encurtado, domesticou lobos e outros animais que foram suporte de sua resiliência, coisa ainda desconhecida nesse então. Domesticaram ovelhas e vacas agasalhando-os próximo de seu lar para lhes proporcionarem aquecimento. As grutas e cavernas foram sendo abandonadas na procura de novos pastos para alimentação de seus animais domésticos; buscaram terras mais férteis para cultivar hortas e macieiras. Para além doutros indígenas, havia um tal de Adão umbigado com a Eva e, foram estes os percursores do futuro.

Este prólogo de vida teve mau inicio porque cometeram logologo o pecado original; a única coisa que lhes foi proibida! Lixaram tudo. Saltando este prólogo, todos tiveram de se disciplinar criando regras. A partir dai a ligação ao LAR requereu ajudas extras, recursos de vizinhos, tornando-se no traço distintivo psicológico de criatura humana. Nesses tempos ele, era ele e, ela era ela. Ele tinha um caroço no pescoço por castigo daquele tal erro e, que por isso ficou a “maça de Adão” e ela, castigada com dois contrapesos de procriação com o nome de seios ou mamas.

dia35.jpg Bom! A partir desse pecado, surgiu o stresse, a inveja, a mentira, o egoísmo e um sem número de coisas ainda desconhecidas mas, sempre com o sentido de melhorarem relações entre si, tornando-se até afáveis, solidários mas e também, raivosos ao ponto de usarem coisas afiadas e que, espetadas causavam morte. Utensílios em cobre, em ferro em madeira e até ossos como por exemplo tíbias.

Dentro dos lares meteram lajedos aonde queimavam lenha para aquecimento pois o frio era muito e, foi quando e porque dali saia fumo, passaram a se chamar de “fogos” – porque em verdade, não há fumo sem fogo! Ali havia gente. No decorrer dos anos e séculos, abriram clareiras pelo abate de árvores. Inventaram a enxada, fizeram canais, faziam monturos perto dos fogos com restos de comida e ramos juntando-lhe esterco dos animais. Esta compostura melhorava suas colheitas de legumes vários menos a batata porque se desconhecia tal tubérculo.

ARAUJO232.jpg Passaram a viver em lugares cada vez mais seguros protegendo-se nos píncaros das fráguas com ameias a que chamaram de castelos. A roda já era usada em cangulos, carros de mão e carretas puxadas por bois cornudos dando lugar ao ciclo da vida organizada com estratégias e segredos. As ervas daninhas foram arrancadas, nasceram cactos, folhas e raízes comestíveis, foram defumados fogos com arruda para espantar maus-olhados, outras para curar maleitas.

Os raizeiros testaram cascas de árvore como o ipê roxo, o doutor e o doutorzinho que tudo cura mais o samba caetá, a salsa e o coentro para dar cheios e sabores, outras para delas se fazer azeite, pomadas ou lamas de curar. Exterminaram bichos rastejantes, roedores, baratas e centopeias de mil pés. Das peles fizeram canoas a servir de sapatos, chapéus e alforges. Higienizaram com rudimentos de folhas com mamona, amaciaram as carnes com folhas de mamão. Com tudo isto, criaram ilhas artificiais.

dia65.jpg Fizeram artefactos e acumularam conhecimentos com tralhas fazendo vassouras de giestas e baldes pintados a verniz natural, cabazes entrançados com arte, fizeram cajados e bengalas e um sem número de coisas que hoje dão dinheiro a artesãos e no qual nem damos o real valor tais como agulhas feitas em madeira ou ossos, linhas entrançadas saídas de cascas. Foram tempos de superstição, ainda nem se falava em um Deus omnipresente ou omnipotente. É quando surge um homem que apregoa, faz milagres , das pedras saem peixes e pães para matar a fome.

E num mundo estranho aparecem astrólogos e outros cientistas a dizer que o mundo não tem bordos, não tem nem cinco nem quatro linhas, não tem fim, estudam as estrelas a anos-luz de distância. Entretanto matam aquele homem com o nome de Cristo que por coisa pouca cruxificam pregado numa cruz e com pregos artesanais de muito comprimento. E num repente um homem sábio e matemático, descobre a fórmula do epílogo com o nome de Albert Einstein. É ela: E=mc². Entre o início de prólogo e o fim de epílogo decorrem nossas vidas na espectativa de que Deus é forçoso que exista e, que por favor, venha cá abaixo meter ordem nisto…

Notas - * M´Puto é Portugal

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:42
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Segunda-feira, 15 de Maio de 2023
N´GUZU - LIII

CONHECER MELHOR O BRASIL – CORTIÇOS

Parte - Crónica 3394 – 15.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por:missosso2.jpegT´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

booktique11.jpg Feito dramaturgo, do prólogo ao epílogo, sigo-me como um sonho de T´Chingange (feiticeiro), que ora está no M´Puto, ora está em Angola, em África, ora está na Pajuçara do Brasil lambendo as águas como quem lambe o tempo; é o caso de agora, da minha, nossa “hora extra” da vida. Com o tecto do sótão a se dismilinguir, renovo a testa e o mataco com pomadas anti fungos, desoxidando tubos com Cabernet Sauvignon - "a rainha das uvas tintas" feito de uva de vinho no rio da integração brasileira e conhecido ternamente como Velho Xico, no lugar de Petrolina.

Mas, quanto a cortiços – lugar de gente, lugar de residência, de segmentos da população livre, libertos, emigrantes de origem europeia, maioritariamente portugueses e italianos, sobretudo em Rio de janeiro, de negros e mestiços. Assim, os cortiços, constituíram o espaço fundamental para a construção de laços de solidariedade, ancorados nas tradições socioculturais comuns ou de proximidade. Coisas que pude presenciar…

aaa3.jpg Com a experiência dos brancos gwetas da astucia dos rufias, da rusticidade dos matutos ou mamelucos tornando-os pardos com a superstição dos africanos de N´Gola e Minas. Casos houve, de serem locais de excelência para esconderijos a perseguidos da justiça, ladrões, estropadores, marginais na generalidade e gente vivendo de expedientes, namoricos de horas altas com proxenetas e profissionais na arte antiga do sexo.

Neste período Imperial brasileiro, sobretudo a partir de 1870 e, quando os sinais de mudança no universo do trabalho já despontava na sociedade brasileira. Os cortiços seriam seriamente condenados com a prática republicana. Hoje, que estamos no fim do primeiro quarto do século XXI, ano de 2023, existem os mesmos problemas mas mais agravados pelas técnicas de Inteligência Artificial com a luta permanente pela segurança.

picasso3.jpg Pelo uso de celulares que nos dizem por onde andar, do conhecimento ao segundo do lugar, do semblante reflectido no ecrã, leitura labial, das rugas analogicamente decifradas da pessoa, algures em um dissimulado ponto do Globo, da colagem em algures, nossa etiqueta de ADN digital. Bem!

Mas e, nos cortiços com abastança ou carência de notícias há união e fraternidade na dose certa, uma característica quase única no mundo; em nenhum outro lado pude verificar esta postura, um facto da razão porque ninguém se esquece desse viver, daqueles aromas tão próprios. Pois existem hoje os problemas com abuso e, que levam a existir técnicas especiais de propaganda política com ou sem a actuação policial…

Por vezes, vivenciamos pela televisão acções filtradas de agentes de alto coturno virando a controvérsia no uso da dialéctica nas “rebaldarias” que confundem as gentes que votam, sem saber se há mesmo um ministério da verdade que prolifera mentiras e um ministério da paz que mostra filas de carros armados, helicópteros com infravermelhos e até com misseis de sofisticadas estruturas para furar o aço e as quatro ou mais linhas constitucionais.

dia97.jpg Gente do crime, gente da droga, estados de narcotráfico, caminhos livres, soltura de uns maus e prisão duns bons, putaria e pacotes de cheiro forte que viciam; muito dinheiro a correr com apostas oficiais no jogo do bicho, mentirosos cartões amarelos a jogadores que alteram as sortes e azar num jogo que ainda não existiam no tempo em que Aluízio de Azevedo de São Luís do Maranhão descreveu em seu livro, com este nome abelhudo. As coisas agora estão tão mal que só podem ficar pior… Faz parte da Guerra Global – Um Deusnosacuda, assim mesmo, tudojunto.

FIM  

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:41
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Domingo, 14 de Maio de 2023
A CHUVA E O BOM TEMPO . CXXXI

NAS FRINCHAS DA VIDA

Crónica 3393 de 14.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil

Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…

O PERIGO É AMARELO – Vêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO… Parte

Por pica2.jpgT´Chingange (Otchingandji) - No Nordeste Brasileiro

eleuterio4.jpg  (…) Em um dos aspectos mais desagradáveis e flagrantes do esquema, os conspiradores realmente patentearam na China o próprio processo de fabricação que tinham roubado, e então ofereceram à sua empresa americana vítima uma joint venture usando sua própria tecnologia roubada. Estamos falando de uma empresa americana que gastou anos e milhões de dólares desenvolvendo essa tecnologia, e a China não poderia replicá-la - então, em vez disso, pagaram por a terem roubado.

E recentemente, Hao Zhang foi condenado por espionagem económica, roubo de segredos comerciais e conspiração por roubar informações proprietárias sobre dispositivos sem fio de duas empresas americanas. Uma dessas empresas passou mais de 20 anos desenvolvendo a tecnologia que Zhang roubou. Estes casos estão entre mais de mil investigações que o FBI tem sobre roubos reais e tentativas de roubo de tecnologia americana pela China. Na Europa acontece o mesmo panorama - o que não quer dizer nada diante de mais de mil investigações de contra-inteligência em curso, de outros tipos periclitantes relacionados com a China.

dragão2.jpg Estamos conduzindo esse tipo de investigação em todos os nossos escritórios. Na última década, vimos casos de espionagem económica ligado à China aumentar em aproximadamente 1.300%. As apostas não poderiam ser maiores, e o potencial dano económico para as empresas em geral e a economia como um todo, desafia qualquer cálculo. A China, também está fazendo uso liberal de hackers para roubar nossos dados corporativos e pessoais - e eles estão usando hackers militares e não-estatais para fazê-lo. A intrusão da Equifax que mencionei lá atrás, que levou ao indiciamento de militares chineses, não foi a única vez que a China roubou as informações pessoais confidenciais de um grande número do público americano.

Por exemplo, algum de vocês tinha seguro de saúde da Anthem ou de uma de suas seguradoras associadas? Em 2015, os hackers da China roubaram os dados pessoais de 80 milhões de clientes actuais e antigos da empresa. O Ocidente que alimenta o Dragão tem o dever de progressivamente os mandar para os seus próprios guetos; seus campos de reabilitação que mais não são do que campos de concentração com escravos anti regime a trabalhar de borla. As coisas sucedem na calada entre o prólogo e o epílogo sem se saber o conteúdo. Talvez você até seja um funcionário federal - ou costumava ser um, ou se candidatou a um emprego no governo uma vez, assediado por um membro da família ou um colega de quarto. Bem, em 2014, os hackers da China roubaram mais de 21 milhões de registos do OPM, o Escritório de Gestão de Pessoas do governo federal (Nos EUA).

luua03.jpg E, porquê estão fazendo isso? Em primeiro lugar, a China tornou a liderança mundial em inteligência artificial como uma prioridade, e esses tipos de roubos alimentam-se apenas no desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial. Adicionando à ameaça, os dados que a China roubou são de valor óbvio enquanto tentam identificar pessoas para colecta secreta de informações. Nessa frente, a China está usando plataformas de mídia social - as mesmas que os americanos ou europeus usam para se manter ligados ou de encontrar empregos - para identificar pessoas com acesso a informações confidenciais dos vários governos e, em seguida, focar-se nessas mesmas pessoas para as tentar roubar.

Só para citar um exemplo, um oficial de inteligência chinês, passando-se por “headhunter” (Caçador de cabeças) em uma plataforma popular de mídia social recentemente, ofereceu a um cidadão uma quantia considerável de dinheiro em troca dos chamados serviços de “consultoria”. Isso soa benigno o suficiente até você perceber que esses serviços de “consultoria” estavam relacionados a informações confidenciais, que o alvo americano, teve acesso como especialista em inteligência militar dos EUA. Agora essa história em particular tem um final feliz: o cidadão americano fez a coisa certa relatando o contacto suspeito, e o FBI, trabalhando em conjunto com nossas forças armadas, tirou-o de lá. Será bom afirmar que todos esses incidentes terminaram assim.

dia01.jpg  Por meio de programas de recrutamento de talentos como o Programa Mil Talentos já mencionado, a China paga aos cientistas das universidades americanas para levar à China o conhecimento e inovação - incluindo pesquisas valiosas, financiadas pelo governo federal. Falando claramente, isto significa que os contribuintes OCIDENTAIS estão efectivamente pagando a conta do desenvolvimento tecnológico da própria China. A China, aproveita seus ganhos ilícitos para prejudicar as instituições de pesquisa e empresas ocidentais em geral, e as americanas em particular. E, estamos vendo este tipo de casos cada vez mais; somente em Maio, prendemos Qing Wang, um ex-pesquisador da Clínica Cleveland que trabalhava em medicina molecular e genética de doenças cardiovasculares, e Simon Saw-Teong Ang, um cientista da Universidade do Arkansas que fazia pesquisas para a NASA.

Aqueles dois pesquisadores, supostamente cometeram fraude ao ocultar sua participação em programas de recrutamento de talentos chineses, enquanto aceitavam milhões de dólares em fundos de financiamento federal americano. Nesse mesmo mês, o ex-professor da Universidade Emory Xiao-Jiang Li declarou-se culpado de ter apresentado uma falsa declaração de renda, por não ter relatado a renda recebida através do Programa Mil Talentos da China. A investigação, descobriu que, enquanto Li estava pesquisando a doença de Huntington na Emory ele, também estava embolsando meio milhão de dólares não declarados provenientes da China…

(Continua…)

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:18
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Sábado, 13 de Maio de 2023
N´GUZU - LII

CONHECER MELHOR O BRASIL – CORTIÇOS

Parte - Crónica 3392 – 13.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por lagar2.jpg T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

cortiço01.jpg Nos cortiços dos puxadinhos, era comum haver mutirões (voluntários ajudando) para fazer esses puxadinhos de varandas e espaço para mais um filho, fazer gatos de luz sem contador nem gastos adicionais, a amizade fabricava-se como família, havia trocas e baldrocas entre eles, permutava-se para além do feijão, a alegria e tristeza quando era necessário recorrer à solidariedade.

A água escassa, era armazenada em caixas redondas e azuis no topo e bem junto à antena da emissora da rádio (nos anos mais recentes). Havia calor humano à mistura com zumbidos, cheiros partilhados e zangas repartidas; havia namoros farfalhados e ensaios para o carnaval com a marchinha cantada no banheiro, raivas deslizantes untadas a boato e de deitar fora aparafusando uma profusão de gambiarras, uma geringonça com muitos estralhos e desaforos. O beija flor aparecia com encanto nas manhãs de sempre.

cortiço4.jpg Também havia vasos com avencas, samambaia e pé de goiabeira nascida só átoa porque Deus é grande. Acho até que vivia ali! Também havia uma orquídea alimentando-se do ar húmido. Havia redes colgadas zoando um agudo persistente, um raspar de olhal de baloiço, a zoada do relato de futebol com aqueles golos de espantar pardais, goooooolo. Mais vasos na beirada do terraço com coentros, salsa, doutor e doutorzinho.

Um feijão-maluco que trepava por qualquer lado fazendo comichão ao toque e acasalando com o feijão de corda e até chá caxinde ou capim doce ou cidreira, para fazer o chá da tarde a juntar a dona Alzira e a dona Josefa; Isso! Que contando novidades daquela outra que roubava descaradamente o marido da outra, outra! Línguas de trapo, visse!

roxo223.jpg Um forrobodó giro como dizem os Tugas recém-chegados, os caramurus excêntricos fumando erva do diabo, tranças de tabaco de cheiro forte, de efeito forte, droga pela certa. Queixas de um vizinho que anda a fazer uma máquina de avoar, faz chinelos, faz vassouras com uma máquina inventada por ele mesmo e, arranja sapatos na hora. Bem! Um outro fazia química de onde saiam cheiros fortes para limpar chão, sanitas e espantar bichezas rastejantes mais calangos das paredes sem reboco ou encrespadas de ranhuras com plantinhas a nascer.

Em principios de 1870, o termo cortiço, adquiriu um sentido cada vez mais estigmatizado das habitações colectivas servindo para dar nome de enfase aos defensores do higienismo. Modernamente, temos os condomínios, as vilas muradas, os alojamentos locais e hoteleiros com regras bem definidas, uma outra coisa com cheiros caos e mais diferentes!

olinda2.jpg Mas, voltando ao ano de 1873, foi feito um edital em Dezembro que proibia expressamente a construção de cortiços nas áreas centrais de Rio de Janeiro e São Paulo. As controvérsias em torno dos critérios desta tipologia de construção e habitação tornaram-se confusos, pelo que fortalecia os interesses dos pequenos e médios investidores, que controlavam a exploração daqueles.

Associados às epidemias, à malandragem, promiscuidade e desordem social, as habitações populares de um modo geral e, em particular os cortiços passaram a constituir o lugar privilegiado para a identificação entre classes pobres e classes perigosas, bem à semelhança do que sucede hoje na favela brasileira, musseques de Angola ou bairros de lata da Amadora, cidade cercana a Lisboa em Portugal…

(Continua…)

 O Soba T´Chingange

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:54
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Sexta-feira, 12 de Maio de 2023
A CHUVA E O BOM TEMPO . CXXX

NAS FRINCHAS DA VIDA

Crónica 3391 de 12.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil

Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…

O PERIGO É AMARELO – Vêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO… Parte

Por malamba01.jpg T´Chingange (Otchingandji) - No Nordeste Brasileiro

CHINOCAS1.jpg Dos mais de trinta países devedores à CHINA, maioritariamente africanos, sobressaem: 1º- Angola com US$ 42,6 bilhões: 2º - Etiópia com US$ 13,7 bilhões; 3º- Zâmbia com US$ 9,8 bilhões e Quénia com US$ 9,2 bilhões. Não demorará que parte de seu património passem a ser geridos directamente pela China…Também na Europa há Bilhões de dólares em dinheiro chinês impulsionando algumas economias - Dos acordos que estão sendo fechados há um problema - muitos projectos são "ARMADILHAS DE DIVIDA", em que a China tem poder para decidir o que acontece quando os empréstimos não são pagos. Vivi isto no Zimbabwé… No dia de abertura de seus próprios Jogos Olímpicos de Inverno, a China declarou uma parceria "sem limites" com a Rússia e prometeu colaborar mais em uma posição contra o Ocidente. Desde então, a China se recusou a condenar o ataque do presidente Putin à Ucrânia seguindo-se-lhe outros líderes bajuladores como por exemplo o do Brasil. O maior cego será sempre aquele que não quer ver…

O destino da humanidade repousa irremediavelmente e, cada vez mais que nunca, sobre as forças morais do homem. A China está engajada em um esforço de todo seu Estado ditatorial para se tornar a única superpotência do mundo por qualquer meio. Entram mansamente e, irão com tempo, conseguir dominar o Ocidente se, se não abrirem os olhos! Christopher Wray, Director do Departamento Federal de Investigação Instituto Hudson, alerta na evidente tentativa da China influenciar instituições dos EUA e do resto do Mundo. Um caso ocorre no porto grego de Pireu, Europa, perto de Atenas. É um daqueles momentos de câmaras de segurança em que logo se percebe que um desastre está prestes a acontecer; mas há mais e parece que Bruxelas não está aí… Em toda a Europa, enquanto os governos se preocupam com a invasão da Ucrânia pela Rússia no pós-pandemia, Pequim está expandindo seu portfólio. Gerindo portos e minas na Europa, construindo estradas e pontes e investindo onde outros não investem.

paradi2.jpg Numa abordagem diversificada diz: A maior ameaça a curto prazo à informação e propriedade intelectual das nações Ocidentais, e suas vitalidades económicas, é a contra-inteligência e a ameaça de espionagem económica da China. Uma ameaça à segurança económica do resto do mundo - e, por extensão, à própria segurança usando a dissimulação. Disse em suas recentes observações: não podemos fechar os olhos e ouvidos para o que a China está fazendo - e hoje, à luz da importância desta ameaça, são aqui dados mais detalhes sobre a ameaça chinesa do que o FBI já apresentou em um fórum aberto. Essa ameaça é tão significativa que o procurador-geral e o secretário de Estado também abordaram muitas dessas questões. Mas se vocês acham que estas questões são apenas um caso de inteligência, ou um problema do governo, ou um incómodo para grandes corporações; vocês não poderiam estar mais errados.

São as pessoas dos Estados Unidos que são vítimas do que equivale ao roubo chinês em uma escala tão massiva que representa uma das maiores transferências de riqueza da história humana. Se você é um adulto americano ou outro, é bem provável que a China tenha já roubado seus dados pessoais. Em 2017, os militares chineses conspiraram para hackear a Equifax e fugiram com as informações pessoais confidenciais de 150 milhões de americanos - estamos falando de quase metade da população americana e da maioria dos adultos - e como discutirei em alguns momentos, este não foi um incidente independente e casual. Nossos dados não são a única coisa em jogo aqui - assim como nossa saúde, nossos meios de subsistência e nossa segurança.

CHINOCAS2.jpg Chegamos ao ponto em que o FBI está abrindo um novo caso de contra-espionagem relacionado à China a cada 10 horas. Dos quase 5.000 casos activos de contra-inteligência do FBI, actualmente em andamento em todo o país, quase metade está relacionada à China. E neste exacto momento, está trabalhando para comprometer organizações de saúde americanas, empresas farmacêuticas e instituições académicas que conduzem pesquisas essenciais em vários itens. Mas antes de continuar, deixem-me ser claro: isso não é sobre o povo chinês, e certamente não é sobre chineses; quando falo da ameaça da China, quero dizer do governo e do Partido Comunista Chinês.

O Mundo livre deve lembrar-se de três coisas: - Precisamos ser claros sobre a ambição do governo chinês. A China do Partido Comunista Chinês - acredita que está em uma luta geracional para superar o Ocidente. Isso já é preocupante o suficiente. Mas, está travando esta luta não através da inovação legítima, não através da concorrência justa e legal, e não dando aos seus cidadãos a liberdade de pensamento, discurso e criatividade que valorizamos aqui nos Estados Unidos e no mundo dito civilizado; - A segunda coisa que todos precisam saber é o de que a China usa uma gama diversificada de técnicas sofisticadas - desde invasões cibernéticas até corromper insiders confiáveis envolvendo-se até em roubo físico. - Eles foram pioneiros em uma abordagem expansiva para roubar inovação através de uma ampla gama de actores - incluindo não apenas serviços de inteligência chineses, mas empresas estatais, empresas ostensivamente privadas, certos estudantes de pós-graduação, pesquisadores, e uma variedade de outros actores trabalhando em seu nome.

maian1.jpg Para alcançar seus objectivos e superar o mundo livre, a China reconhece que precisa dar saltos em tecnologias de ponta. Mas o facto triste é que, em vez de se envolver no trabalho duro de inovação, rouba a propriedade intelectual usando-a depois para competir contra as próprias empresas americanas e no resto do mundo, que vitimou. Estão mirando pesquisas em tudo, desde equipamento militar a turbinas eólicas e até arroz ou sementes de milho. Por meio de seus programas de recrutamento de talentos, como o chamado Programa Mil Talentos, o Partido Comunista Chinês, atrai cientistas para levar secretamente nosso conhecimento e inovação à China, mesmo que isso signifique roubar informações ou violar controlos de exportação e regras de conflito de interesses.

ARAUJO235.jpg Veja-se o caso do cientista Hongjin Tan, por exemplo, um residente permanente legal chinês e americano. Ele se inscreveu no Programa de Mil Talentos da China e roubou mais de US$ 1 bilhão - ou seja, com um “b” - em segredos comerciais de seu antigo empregador, uma empresa de petróleo com sede em Oklahoma, e foi preso. Há alguns meses, ele foi condenado e enviado para a prisão. Ou, o caso de Shan Shi, uma cientista do Texas, também condenada à prisão no início deste ano. Shi roubou segredos comerciais sobre espuma sintética, uma importante tecnologia naval usada em submarinos. Shi, também, se aplicou ao Programa de Mil Talentos da China, e se comprometeu especificamente a “digerir” e “absorver” a tecnologia relevante nos Estados Unidos. Ela fez isso em nome de empresas estatais chinesas, que finalmente planeavam colocar a empresa americana fora do negócio e assumir-se no mercado.

(Continua…)

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:08
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Quinta-feira, 11 de Maio de 2023
N´GUZU - LI

CONHECER MELHOR O BRASIL – CORTIÇOS

Parte - Crónica 3390 – 11.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Por ARAUJO259.jpg T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

ARAUJO255.jpgC.A. CORTIÇOS – Era como se chamava às habitações colectivas que de forma desordenada faziam um conjunto de casebres, aonde viviam os segmentos mais pobres da população, sobretudo nos aglomerados existentes no centro do Rio de Janeiro a partir de meados do século XIX. Num cortiço de abelhas, havia melhor organização! Nesta época o aumento populacional vinha-se incrementando desde 1808 com a chegada da Corte portuguesa tornando-se cada vez mais expressiva, pela ampliação crescente dos fluxos migratórios, sobretudo de portugueses e italianos.

Emigrantes portugueses que na metrópole, já faziam trabalhos para os senhores do reino, em trabalhos auxiliardes como costureiras, padeiros, cozinheiras e condutores de coches ou cuidadores de animais domésticos dos nobres. Eram os chamados condomínios de hoje só que, sem as condições de boa habitualidade pois que nem havia os instrumentos de lei, nem humanos, para tal; tudo era feito ao jeito e necessidade de cada um, puxadinhos anexos, desenrasca com os materiais mais díspares, normalmente mais económicos.

cortiço2.jpg Já no século XX, pude vivenciar em jovem, esta forma de trabalhadores sem formação especial, que assim viviam na Luanda em expansão, do outro lado do Atlântico, a capital de Angola e, que em tudo se parecia com o Brasil. Mais tarde também verifiquei haver cortiços em Argentina em um lugar conhecido por “Barrio el Caminito” junto ao porto de Buenos Aires. Todo colorido, alegre, com construções diferentes e inusitadas. Antigo lugar de bodegas aonde se dançava o tango na gesta italiana. Em todas estas áreas de cortiço viviam imigrantes analfabetos. Ser-se pedreiro, calceteiro ou marceneiro era já de um razoável estatuto social.

Mesmo com a tendência à diminuição do número de escravos por motivo da extinção do tráfico africano, ano de 1850, apesar da crescente ampliação na estrutura urbana, mantendo ainda, as oportunidades de emprego reduzidas; isto, agravava as condições de vida da maior parte da população. Para álem das dificuldades no acesso à alimentação, o problema habitacional tornava-se cada vez mais grave. O relatório do Ministro dos Negócios do Império relativos a 1868, registou a presença de 642 cortiços na cidade do Rio de Janeiro distribuídos por várias paróquias sendo a de Santana a que tinha maior número delas, 154 almas, seguida da Glória com 107,

cortiço0.jpgHavia muitas mais em várias paroquias que funcionavam em paralelo com estalagens ou cómodos, casas de pasto e barracas de livres, libertos pobres e também escravos ao ganho, que vendiam seu trabalho como carregadores, recolectores, artesãos, ambulantes camelós, ficando obrigados a pagar por percentual ao seu proprietário ao qual haviam obtido de seus senhores a autorização de “viverem sobre si”- fora do tecto de seus senhores.

Em realidade ainda hoje existem estes tipos de cortiços na maior parte das cidades e de Norte a Sul, estando a maioria incridos em favelas ou musseques ou bairros de lata e bidonvilles - (Brasil e Angola, Portugal e França), aonde os camelós entre outros trabalhadores como empregados de baixas tarefas, vivem; lugar bem perto das grandes urbes como São Paulo ou Rio de Janeiro ou uma qualquer outra cidade aonde vivem outros cidadãos mais cotados e recebendo melhores vencimentos mas, necessitados de alguém para as várias tarefas domésticas.

cortiço01.jpg Na Europa há nos dias de hoje cortiços sofisticados para turistas designados de AL – Alojamento Local e AT – Alojamento turístico. Tudo adaptado às normas de vida moderna com exigente regulamentação com fiscalização de organismos estatais ou municipais que dão garantias de segurança tendo para o efeito passado por um crivo apetado de normas como sistemas de aquecimento, águas correntes e esgotos, protecção contra ruidos e efeito térmico funcional e, segundo normas de higiene e segurança com piscinas colectivas individuais ou colectivas vigiadas; tudo sujeito a impostos de imoveis entre outras alcavalas que garantem o andamento das muitas actividades circunscritas ao efeito do turismo.

cortiço3.jpg Os governos sempre encontram uma pernafernália de instrumentos para no fim do ano levarem à vontade 50% dos eventuais ganhos; os políticos sempre se encarregam de juntar mais uma vírgula com cheiro a dinheiro vivo. Mas no Cortiço original que surgiu no Brasil, não tendo nesse então uma esmerada atenção por parte do fisco, havia contacto entre vizinhos, entreajuda com solidariedade que hoje é bem rara. Raras porque, em blocos de habitação da urbe, nem se cumprimentam; fogem de contactos encharcados na televisão. Passam-se anos sem se relacionarem ou com uma saudação de bom dia e edecéteras arrancados à pressão…

(Continua…)

O Soba T´Chingange     



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:50
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Quarta-feira, 10 de Maio de 2023
VIAGENS . 14

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”

CHERNOBYL . 2 - Crónica 3389 – 10.05.2023

 A democracia portuguesa está a ficar uma imperfeita equação atómica a copiar o E=mc²

– Estado está igual a Marcelo.Costa elevado ao quadrado…kiákiákiá

Por cão1.jpg T´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió

chernobil1.jpg Não fui lá mas, também não quero ir a cuspir fogo - torna-se perigoso manusear ali, factos em artefactos vaporizados. Poderei fazê-lo como “nómada digital” informado que estou que, por ali a quietude é fantasmagórica. Mesmo antes do desastre na central nuclear, o facto de haver letreiros a dizer “carne”, “leite”, “queijo”, entre outros – não queria dizer que os houvesse.

Tratava-se da União Soviética ou URSS, onde o fosso entre a imagem projectada pela propaganda governamental e a realidade, só era ultrapassada pelas anedotas. Uma delas dizia: “Se quiseres encher o frigorífico de comida, liga-o á telefonia”. A rádio espalhava a estória em como o nível de vida melhorava constantemente enquanto a geleira vazia mostrava uma outra estória, bem diferente.

UCRANIA4.jpg Nos dias de hoje este tipo de falas mentirosas, passam nas televisões lá na Rússia em substituição das rádios por escritos de vendedores de assinatura pagos a preço de oiro. “Quer ter a casa cheia, ligue a TV directamente ao frigorífico”. Comentadeiros mentirosos, que mesmo fora desta URSS/ Rússia e, também no Portugal de Costa & Selfito, Isso! Com as canetadas esquerdistas de jornaleiros pseudo resilientes que só o são para serem custeados pelo Fundo de Recuperação do Banco Central – É assim como uma pescadinha de rabo na boca.

Os de lá e os de cá, os jornaleiros, são pagos ao tal preço de oiro para serem bons pintores. E, ou é da minha vista ou este processo de usar falácia nos meios de informação, generalizou-se por muitos nómadas digitais, jornaleiros que cospem fogo até pelas orelhas, consagrando-se no progressismo dito socialista, talqualmente como os comunistas - é moda ser-se assim, esquerdista. Artistas de “cospe fogo” só consagrados na arte de defraudar a sociedade em proveito próprio.

cronicas mano corvo.jpg Quando tudo está mal, só pode ficar pior, é quando se dá o caso de aparecerem legiões de desmilinguidos vendendo a alma ao diabo.Torna-se lamentável que nos dias de hoje não haja uma verdadeira RD - Revolução de Dignidade que acabe com essa ilusão, de que sim! Ser-se de esquerda é subir na cotação; não vejo em quê, juro! Estou sim incomodado! Porque Democracia portuguesa está a ficar uma imperfeita equação atómica a copiar o E=mc² – Estado está igual a Marcelo x Costa elevado ao quadrado…kiákiákiá

Como é possível que todos se calem desses secretismos, das muitas manigâncias nascidas do KGB, amachucando nossos valores, escamoteando factos. Valores pisoteados que adulteram as constituições instituídas; E, feito executada com gente que deveria ser guardiã da lei e da ordem, mantendo cativas ou açambarcadas a justiça que sempre se propuseram ser céleres.

O permanente uso da máquina estatal para nos plastificarem o pensamento, coisas inauditas a serem vivenciadas no mundo Lusófono. Tudo o dito, usando influenciadores, também uma forma de proporcionarem radiações que tal como reactores causam no tempo, problemas de tiróide, e formas outras imprevistas que inevitavelmente sacrificam nossa saúde, uma fusão com profusão de maleitas congénitas.

ARAUJO224.jpg Nas minhas narrativas de vida sempre haverá uma perspectiva de desastre nestes efeitos nefastos sociais e culturais desses ventos de Leste. O peso dessas ideologias colectivas tendem para o ódio, o desprezo pela vida alheia como o que se observa nessa guerra da Ucrânia, vencer a qualquer preço, eliminando aleatoriamente gente inocente de todo, sem um pingo de humana compreensão, disfunção feita barbárie gratuita, uma imperfeita equação…  

Nota*: E=mc² é uma equação da física moderna utilizada como parte da Teoria ou Princípio da Relatividade, desenvolvida pelo físico alemão Albert Einstein.

O Soba T´Chingange   



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:34
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VIAGENS . 13
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
CHERNOBYL - Crónica 3388 – 10.05.2023
PorUcrania01.pngT´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió

UCRANIA4.jpg Hoje mesmo, comecei a ler o livro de Chernobyl, propriedade do Conde do Grafanil, património do mukifo do San Lorenzo, aonde pude recordar que no dia seis de Abril de 1986 pelas uma hora e vinte e três minutos, que tudo aconteceu na Ucrânia quando ainda o era, território da URSS. Este complexo explodiu! Várias dezenas de pessoas tiveram morte imediata e, mais de 4.000 vítimas mortais, viriam a se registadas. Muitos milhares ficaram irreversivelmente doentes com encurtamento de vida por dias, meses ou anos.

A Europa testemunhava a maior catástrofe nuclear da história. Longe daqui, na cidade de Viseu em Portugal, a milhares de quilómetros deste acidente aonde meu pai se encontrava, dias depois, caiu chuva ácida destruindo na zona toda a colheita de vinho prevista para esse ano de 1986; isto foi vivenciado por mim, seu filho que até fiz registo dias depois em crónica na Gazeta de Lagoa do Algarve, lugar aonde vivia.

geri0.png Enquanto as autoridades tentavam perceber o que acontecera, trabalhadores especializados, engenheiros, bombeiros e famílias residentes na área, ficaram entregues a si próprios. Agora que há uma guerra aberta por indevida invasão que teve início a 24 de Fevereiro do ano de 2022 vive-se com receios do mau uso do potencial bélico nuclear que a actual Rússia tem. O ditador desse país faz ameaças constantes desse uso pondo todo o Ocidente em palpos de aranha. Poderá esse louco assim proceder? É a pergunta que paira no ar.

Embora a guerra tenha sido iniciada na Crimeia quatro anos antes, em 2018 com uma insipida victória russa, com a apatia e surpresa generalizada de todo o mundo Ocidental, desta vez, a Europa da NATO reagiu em força. À beira de um ataque de nervos, todos os membros da NATO assumiram defender aquele espaço chamado de Ucrânia, pais independente tendo como presidente Vladimir Zelensky, um jovem com envergadura de estadista.
Naquele Chernobyl de 1986 o perigo por contaminação radioactiva, afectou dois terços da Europa. A OTAN, Organização de Defesa do Atlântico Norte sem qualquer indício de interacção no caso não podia desta vez ficar a olhar passar os canhões e assumiu-se contra este terrorista intencional chamado de Putin. Um líder inconsequente, criminoso e destruidor de infraestruturas, mortes sem conta e de uma forma nunca vivenciada, aleatória no destruir por destruir.

CUCO1.jpg A possibilidade de ocorrer uma nova tragédia nuclear é hoje um risco tão perturbador que nenhum país deve descartar e, muito menos ficar hipocritamente a bajular um doido já condenado pelo Tribunal Internacional de Haia. Mas infelizmente há, um grupo de países que se escondem por detrás da falácia de “por bem da nação” – sua nação, esquecendo que se naquele desastre de Chernobyl e caso os três restantes reactores tivessem explodido ninguém mais restaria aonde quer que fosse para contar tal cena.

Infelizmente observa-se que no Mundo, muitos países estão no comando com ditadores, gente sem um pingo de pejo para alcançar seus objectivos desprezando o todo; alimentando-se na bajulação a um patético personagem que deve ser morto de pé para não ocupar espaço. Triste realidade que vivemos! Aquela explosão libertou 50 milhões de “curies” - uma unidade de actividade de radionuclídeos, que definida a desintegração do genes por segundo. (um grama do isótopo de rádio-226) - uma substância estudada pelos pioneiros de radiologia em 1898, por Marie e Pierre Curie.

cuca4.jpg Aquela explosão foi equivalente a 500 bombas de Hiroxima; recorda-se para salvaguardar nossa subsistência: A meia-vida do plutónio 239 libertada pela explosão de Chernobyl levada pelos ventos, nuvens negras até à Suécia, irá diluir-se em 24 mil anos. Está na altura de eu próprio entrar em contacto com meu novo amigo ET STAR 3C325 da estação orbital YYY3C, uma galáxia a mais de 260 mil anos-luz. Bom! Viver, está a ficar demasiado perigoso! Por Favor não dêem vivas ao KGB, por amor de Deus…

O Soba T´Chingange


PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:42
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Terça-feira, 9 de Maio de 2023
N´GUZU - L

CONHECER MELHOR O BRASIL – ALFORRIA 

Parte - Crónica 3387– 09.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)

Poraraujo38.jpg T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

quilombo3.jpg A partir do fim do tráfico Atlântico deu-se a falência do domínio senhorial com os escravos obtendo liberdade a despeito da vontade dos senhores, rompendo os laços de dependência por várias vias. A partir da década de 1860, outra forma de obtenção da alforria deu-se através do contacto entre abolicionistas, muitos deles advogados, e escravos , eu iam sendo informados sobre suas possibilidades de libertação pela via judicial, sobretudo depois das leis do ventre livre  de 1871 e, das sexagenárias em 1885. Tais leis abateram de vez a inviolabilidade d vontade senhorial, sancionando a intervenção do Estado nas relações entre senhores e escravos reconhecendo legalmente as lutas dos cativos pela liberdade.

No ano de 2009 estive lá, na Serra da Barriga, um Quilombo que funcionou com fujões que a tudo se submetiam para atingir a liberdade. Montaram ali no Morro dos Macacos, como era conhecido nos escritos e falas do povo, um governo que se manteve por alguns anos. Do que vi e li, concluí o que a seguir descrevo. O termo de Muxima que é a saudade dos mwangolés - quimbundos, pode ler-se no quadro de entrada naquela Serra da Barriga. “Muxima dos Palmares” é uma homenagem aos Comandantes-em-Chefe que formavam o Conselho Deliberativo do Quilombo dos Palmares.

quil6.jpg São eles: Acaíne, Acaiuba, Acutilene, Amaro, Andalaquituche, Dambrabanga, Ganga-Muiça, Ganga-Zona, Osenga, Subupira, Toculo, Tabocas, e seus principais líderes:-Aqualtune, Ganga-Zumba e Zumbi, Banga, Camoanga e Mouza, que resistiram depois da morte de Zumbi; aqui, são homenageados todos os negros e negras, guerreiros e guerreiras. Todos aqueles que ao longo de quatro Séculos lutaram (e ainda lutam) pela liberdade racial”. Uma outra placa com fundo preto e letras salientes reconhecido no final pelo Governador Alagoano, Engenheiro Ronaldo Lessa a 20 de Novembro de 2002: -“Homenagem aos Heróis Quilombolas que tombaram lutando pela liberdade em 06 de Fevereiro de 1694: Ganga Zumba, Dandaro, Acotirente, Andalaquituche, Aqualtune, Gana Zona, Ganga Muiça, Acaiúbo, Toculo”.

A SERRA DA BARRIGA - “CERCA DOS MACACOS”, o termo Sanzala ou Senzala em Angola é um povoado normal, enquanto que no Brasil, está conotada com as casas de tortura, da canga, dos grilhos, da chibata, da bola, da máscara de sino e correntes. Kimbo é o nome de sanzala na região de fala Umbundo em Angola, planalto Central com suas casas, libatas. Neste tema todo o mundo da actual lusofonia que banha os Oceanos Atlântico e Indico estão de pouca ou muita monta, relacionados com esse que foi o triângulo da escravidão. Temos assim São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Cabo Verde, Cabinda, Angola no lado Atlântico e Moçambique do lado do Oceano Indico, como terras fornecedoras e o Brasil, como terra recebedora.

quilombo0.jpg Até às vésperas da abolição, muitos senhores tentaram manter o controlo sobre a alforria, originando a geração de dívidas de gratidão, que resultassem na manutenção dos vínculos após o fim do regime. Estas manobras de diversidade não conseguiram conter as alforrias em massa que culminou no ano de 1888 cohartando as diligências dos senhores com seus representantes da lei; já poucos suportavam esta tão longa injustiça, dando total reconhecimento aos seus direitos de libertação.

Todo este trabalho de pesquisa, foi objecto de promessa minha ao fiel depositário do Guardião da cultura em União dos Palmares e Zelador do Museu de Maria Mariá, Senhor Paulo de Castro Sarmento Filho, que teve amabilidade de me mostrar o actual mocambo de Muquém, a Serra da Barriga e descrever o seu trabalho ainda em esboço duma Cartilha Pedagógica, num projecto de cultura viva.

araujo 42.jpgAcompanharam-me nesta visita que durou todo um dia, a Dra Rosa Casado, natural daquela cidade de União, e f ilha de um dos últimos prefeitos de União dos Palmares. Ficou a promessa de uma futura visita aos mocambos de Cajá dos Negros e Palmeira dos Pretos, povoados em que ainda são visíveis os costumes antigos trazidos de África. Vivem da agricultura, da venda de artesanato, potes em cerâmica, feitos de forma manual. Estar ali, é o mesmo que estar em qualquer sanzala de Angola nos dias de hoje. Por todo o interior de Pernambuco, perto de Guaranhuns e Alagoas em União e Palmeira dos Índios, as características levam-nos à África longínqua da qual saí no ano de 1975.

Sintetizo aqui, o essencial com algumas e poucas introduções de meu foro - “A África revelada por Arnon de Mello” e publicado no jornal Gazeta de Alagoas. No século XVII, Alagoas oferece reduto para os negros formarem os inúmeros quilombos que prosperavam em todo o território brasileiro, mas que tiveram na Cerca dos Macacos da Serra da Barriga, nos Palmares, sua maior simbologia. O Brasil foi o país com a maior concentração de escravos negros do mundo com dados indicadores de 3,5 milhões. A liberdade, por meio de fuga, consolidava-se pela anormalidade da vida administrativa e económica da capitania de Pernambuco.

FIM

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:18
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Segunda-feira, 8 de Maio de 2023
MUXOXO . LXIV

TEMPO COM CINSASXiritung, muito para lá do cú de judas

Crónica 3386 – 08.05.2023: Contacto hertziano com meu novo amigo ET STAR 3C325  

PorMANDRAK1.jpgT´Chingange (Otchingandji…)

mandrak2.jpg Tento por meios arcaicos saber da rejeição por incompatibilidade nas ideias, conjugar os spins de partículas subatómicas com os fotões; e da radiação electromagnética que colidem com os paradigmas teóricos. É alta a probabilidade de sofrerem rejeição nos mecanismos de conflito de ideias com os velhos conceitos, porque estes sempre irão competir com os novos e agora que tem o poderoso e ardiloso algoritmo…

Muitas vezes é uma questão de sorte, e nem sempre o caminho que encontramos, o é de elevada exclusividade. Cortei uma batata grande já grelada ao meio e, espetei nela as bananas eléctrodos plug-p2 stereo de dois auriculares de avião TAP, enrolei um fio de cobre a parecer uma bobine e, acreditem ou não, entrei na corrente electromagnética, um contacto hertziano da banda do meu novo amigo ET STAR 3C325 da estação orbital YYY3C, uma galáxia a mais de 260 anos-luz.

homem do fraque0.jpg Os zumbidos desta ligação ao mundo sideral diminuíram ao fazer uma segunda espiral envolvendo uma chapa daquelas que unem as folhas soltas aos cadernos de escola. Foi neste então e pela primeiríssima vez que ao invés da comunicação telepática recebi sons na forma de um chiado sussurrada de osga e, deu para entender algo pouco decifrável assim: “O Mundo real é uma excepção“. Liguei a mesma entre os plug-p2 stereo dos dois auriculares e, foi neste então que a ideia ficou como brilhantina com código para entrar no seu canal PiFaXaKaxinde. Vi então o quanto era difícil fazer coincidir completamente a Natureza com um paradigma de xiritung neste conjunto de zingarelhos feito bem ao jeito do professor Pardal, mesmo que estando iluminado nos vários tópicos com sintomas de crise envoltos num montão de estralhos.

Ficou assim claro que um conflito não se resolve em pleno quando se envolve na confrontação dois teimosos que não têem a perfeita noção do que é um buraco negro que suga raivas e desesperos tornando-os em nada. Assim e, por falta de dados em um mecanismo de reacções sugadas, mesmo tendo eu um código espacial PiFaXaKaxinde atribuído por um ET, nada posso concluir.  

tarzan.jpg Aonde já se viu alguém poder entrar em contacto com o cosmos com uma meia batata, quatro auriculares com dois plug-p2 stereo da TAP e uma latinha de prender folhas mais um clipe e uns arames enrolados no vazio?! O mais certo é que ninguém acredite. E, após a ideia veio o paradigma, os sintomas, o enigma e a crise do algoritmo não se sabe vindo de onde. Aí pensei e, ao deitar fumo pelas orelhas, liguei uma pilha normal duralex de um e meio voltes entre o clipe e a chapinha retorcida colocando um díodo e um condensador. Abracadabra, gritei!

Comecei então a ouvir grunhidos intermitentes à mistura com tiros e rajadas nas transferências de electrões, confrontando-me com um tal de MIE - modelo de intercepção de estados, com velocidade de reacção moleculares revolucionárias de um tal de CR - Concelho de Revolução fazedores de charadas magnetofónicas descolonizantes num tempo extra espacial. Não me perguntem nada porque simplesmente, aconteceu! Aí é! Foi o SIS**…

mandrakue.jpgA parti daqui a minha perspectiva de visão alargou-se quando a química da batata se alterou depois de aquecida à luz de uma vela benzida em Fátima da Cova da Iria, via SIS. No polo positivo surgiu uma mancha azul e, no outro negativo um amarelo de caca* (C). Sei que esta estratégia deu algum sucesso com a teoria do efeito túnel da minhoca; mas, foi mesmo só um grupo de guedelhudos feitos ninja-PREC do tempo antes da Dona Branca que também fazia milagres com juros brancoins (muito antes de surgirem esses tais de bitcoins…)

fantasma0.jpg Notas*: C de caca; **SIS: Serviço de Informações de Segurança - um dos serviços, integrado no Sistema de Informações da República Portuguesa fundado em 1984. (Wikipédia)

Homenagem a Carlos Fernandes, o criador do Xiritung na revista “Notícias” – Luanda – Angola.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:29
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Domingo, 7 de Maio de 2023
MUJIMBO . CXXX

FRINCHAS DO AGORA

- Em tempo de prescrições e outras procissões … ora toma!

Crónica 3385 – 07.05.2023

Por papi1.jpg Soba T´Chingange (Otchingandji) na Pajuçara de Maceió

soba002.jpg Por vezes é necessário ficar de longe para perspectivarmos melhor o quadro, a foto ou a cena porque de perto, tudo fica desfocado, não temos o alcance para ver tudo com nitidez pois o campo focal não o permite. Assim teremos de, no salão de exposições, retroceder uns quantos passos até tudo se harmonizar ficando com os raios de visão descruzados. No espaço de imagens e em fusos diferentes, também isto acontece!

Depois sim! Aproximamo-nos para ver ao pormenor aqueles fungos encortiçados entalados entre a unha e a carne, levantando a mesma de um lado e encravando-a do outro. Olhado ao pormenor podemos imaginar a seguir a dor que aquela personagem pintada ou em esqueleto de osso poderá sentir, essa dor ao calçar um sapato na justa dimensão e no padrão da moda.  

roxo68.jpg Na foto do governo do M´Puto, aqui de longe e com quatro horas de diferença, posso ver todos os políticos latinos, a querer alcançar o saco do dinheiro ainda recheado de ajudas à resiliência; esse tal de PRE - Plano de Recuperação Económica da UE que assenta em dois instrumentos de apoio financeiro principais: o Próxima Geração UE (750 mil milhões de euros para o período 2021-2024) e o Quadro Financeiro Plurianual (1 074,3 mil milhões de euros para o período 2021-2027). É muita prata!

Vejo os socratistas socialistas e outros esquerdistas, um ou outro desvirtuado de direita com pinças arreganhadas para se coligarem num programa de interesses; comandar a engenharia financeira socratista para desfrisar os muitos fechos ecleres do saco, um baú de contentar amigos, família, camaradas e outros urubus especializados com unhas de falcão. Essa é a arte muito própria redistributiva dos amigaços do partido socialista. Eles, até enganam! Só que não o conseguem fazer a toda a gente, todo o tempo.

mulola1.jpg Tenho observado que o povo que também é interesseiro, joga sim na não perca de reforma ou vencimento apegados ao quinhão manuseado pelo partido-estado. Partido que sempre se assenhora dessa prática ao invés do Passos Coelho que num dado momento teve de castigar a todos. Depois, e com a maioria absoluta adulteram a ordem das coisas, corrompem-se no poder estimulando as ideias já absurdas tipo estalinistas. Sim! E, que desta feita deram cabo do Serviço de Saúde, da educação, dos valores de nossa cultura, corromperam as infraestruturas com gente incompetente, boys do partido! Bordam e pintam em tons rosas – sempre parecendo!

As instituições descumprem-se na missão, sobrepõem-se a tudo pisoteando as próprias leis. A justiça protela-se, não tem papel, tudo quando lhes interessa, prescreve! O povo nas redes sociais fala e fala mas, tudo fica na mesma. Seus amigos da geringonça põem seus cachorros sindicalistas a perturbar a ordem e organizações a dar prejuízo grosso entram em semanas de paralisação, entende-se esta democracia!? E o presidente? O presidente nada - anda a nadar, isso mesmo!

xique xique4.jpg A palhaçada é generalizada, o presidente assobia pró lado ficando sem poder de manobra, as instituições não funcionam, a carestia de vida sobe, a saúde mazela-se. Quebram sigilos, dizem e desdizem, enganam-nos descaradamente, demitem-se ou são demitidos! Portam-se eles e elas, ministros ou ministras, como putos de escola, mau preparo, fazendo bosta. Já não há estadistas como antigamente. Não mais teremos honra à altura do Aio Egas Moniz do nacimento de nossa nacionalidade.  

Para os novos governantes, o que importa mesmo é sobressair, fazer-se notar no estágio do partido político, saber dizer mentiras e circunscrever-se de gente que diz sempre ámen, sim senhor, e após chegar ao topo como cereja no topo do bolo, distribuir benesses, altos vencimentos, altas percentagens, sobrevalorização das comissões, seguir a máquina redistributiva ao jeito jeitoso de Sócrates. Já não há mais figuras de gesta-Lusa, só mesmo de borrada-Lusa, uma cambada. Lembrar-me agora dum tal prócere chamado de D. João de Castro, quarto Vice-rei da Índia no século XVI que empenhou suas barbas para salvar Diu. O Vice-Rei da Índia, correu o risco de ficar com a cara escanhoada. Uau! Valeu

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:12
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Sábado, 6 de Maio de 2023
KWANGIADES. XXXVII.

ANGOLA DOS MWENE-PUTO

MAIANGA - Tempos de FANTASMA - Crónica 338406.05.2023

Por:ngola01.jpgT´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió - Brasil

mo1.jpg Marianita e Pombinha - Com um jeito de riso mole, Pombinha, com sua preguiçosa lealdade, pedia a Marianita algo que despertou em mim uma total curiosidade. Quero que você me dê um feitiço para prender meu homem! Disse ela. Com um saco de sisal cheio de capim seco fazendo de travesseiro que, esperava a quitandeira que sabia ir passar por ali a vender maças-da-índia enquanto lia achaparrado nos refolhos dos loandos, mesmo ao lado da venda do Senhor Cruz as comiquitas de Mandrake e seu auxiliar gigante, o negro Lohtar.

Ali estava eu, dissimulado e despercebido ouvindo com curiosidade as falas das duas amigas. Aquelas mulatas sacudidas em assanhamento, fumegavam num cheiro de suas roupas, prazer de fogo fervente refogado de mocotó fresco. Pelas frestas das aduelas, podia ver seus torneados pés morenos enfiados em chinelos coloridos que quase iguais, só diferiam nas flores; uma era nitidamente uma hortense e a outra quase jurava ser uma flor-de-lis.

abraço0.jpg Espevitado na curiosidade, espreitando mais acima nas frestas das aduelas de barril do vinho do m´puto, pude ver melhor o perfil de Pombinha. Tinha um farto cabelo, tipo juba de leoa, crespo com um molho de manjericão seguro de lado por um gancho a imitar uma joaninha; aquilo deu-me uma sensação e odor sensual de trevos verdes e caxinde com outras plantas aromáticas.

Pela conversa entendi que Marianita não queria cativeiro prolongado com homem nenhum porque a dada altura protestou! Casar, eu? Para quê? Um marido é pior que o diabo! Pensa logo em escravizar a gente! Deu para entender que a cafuza Marianita no delírio de enriquecer, adornou-se de todo à labutação de amigar com homem; homem que dispusesse de algum pecúlio ou patrimónios de baús de couros trabalhados com tachas de ouro ou até prata.

rosa1.jpg Pombinha, babada de amores anotou como fazer um chá de pulgas saltitantes à mistura com brututo e urtigas apanhadas na kúkia do sol nascente num dia de intenso cacimbo e, após uma noite com lua de quarto crescente. Comprometido pelos ouvidos, eu, que por ali estava lendo um livro de bolso de cowboyadas no remanso da solidão, como sombra, esgueirei-me quase rastejando para o capinzal dos fundos da venda. Por algum tempo, ali me mantive dissimulado em um tufo de bananeiras e, foi quando um meu vizinho de nome Alex, o travesti do choupal, amaneirando-se, dirigiu um bom dia àquelas damas e, lá foi botando cheiro de madressilvas na direcção da paragem do maximbombo número três, na rua da Maianga.

As duas, pelo adiantado da hora, ficaram comentando o tardio cumprimento, do porte de bichinha, louro e esbelto homem. Um desperdício! Remata a assanhada Marianita. Era normal encontrar-me ali com Rente, filho do senhor Cruz, Braga, Chiquito, Zorba, Guerra, Necas e o Almeida, mulato do cortiço das Vacas bem perto da oficina de tornos do Paulino Branco, um futura meu cunhado.

OSGA1.jpg Era ali que desfolhávamos avidamente os livros de quadradinhos do homem de borracha, do Fantasma, do Tarzam e Lampião mas, nem eles nem a quitandeira das maças-da-índia surgiram naquela biblioteca de aduelas, ao ar-livre do Rente Cruz. É sempre emocionante ler as mokandas de amigos mesmo que tenham nomes estranhos como N`dapandúla, nas falas genuínas dum kamba dum Rio Seco! Dum Rio que só o é na lembrança antiga que até tinha areia sem cacos velhos.

E, um amigo sempre tem missangas para enviar, por apitos ou estalidos ou mesmo muxoxos com uma máquina de fazer “alegria” para comemorar os kambas que cada qual tem; essa máquina é capaz de produzir arco-íris pra deslumbrar cazumbis mas, também duplos e triplos, e até alguns invertidos ou enrolados nas pontas para animar banga ninita. Até posso desvendar que o último protótipo é parecido com uma foice! Quero sim venerar meu culto crente, sem coisas desatinadas dos dias comuns do Malhoas antigo pois, sempre haverá um amigo que me vai  tentar convencer que sushi é a melhor comida do mundo!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:10
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Sexta-feira, 5 de Maio de 2023
VIAGENS . 12
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
TEORIA DA BESTIALIDADE - Crónica 338305.05.2023
- Na Praia do Francês como Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola…
PorÁFRICA7.jpg T´Chingange (Otchingandji)

sapatos longos.jpg TEORIA DA BESTIALIDADE - Ando cismado. Algo me tem chamado a atenção nos últimos tempos no modo como as mídias brasileira e portuguesa dão singelamente tanta ênfase à bestialidade, tornando coisas banais em episódios de relevância. Não seria melhor meterem a viola no saco como se diz em Coimbra. Para quê, usar falas de forma cínica e sem um pingo de sabedoria e que, em nada enaltece a cultura Lusófona.

Ao concebermos um texto, uma crónica ou um acontecimento, teremos de primeiro esboçar, pôr de molho, pô em barrela se necessário, ensaboar, depois lavar, torcer, colocar a corar, curtir, enxaguar, e fazer com que nosso sol aconchegue na secagem, a ideia final. Antes de a colocar no ar, de a escrever ou de a publicitar, haverá que dar uma última leitura para que já tudo engomado se possa dobrar e arrumar na gaveta correspondente!

cauny0.jpg Faço aqui referência ao grande escritor brasileiro Graciliano Ramos que mexia e revirava o texto muitas vezes para obter a capacidade literária optimizada. Em seu dizer, um escrito deve ser lido e relido, batido no lajedo, no burgau, como uma peça de roupa suja; depois, corar e enxugar e, de novo, voltar a ler.

O certo é que no tempo, tudo mudou e, muito rapidamente. O que interessa na mente de alguns utilizadores é a de “rasgar ou esfolar”, com ou sem razão, com ou sem conhecimento, no intuito de se fazer notar ou então fazer sobressair a ideologia que lhe é influente ou imposta. Não compreendo como é que não lendo, não interpretando e não pensando, se podem ter ou dar opiniões tão críticas e absolutas sobre o que seja…

Como sabemos, actualmente poucos lêem, poucos o fazem de cabo-a-rabo, pois isso dá trabalho e o tempo “ruge”. O bobão do Urubu só não ficou "a ver navios" porque não havia navios naquela lagoa. E é por isso que, quando alguém perde a partida e tem de sair quieto e calado, dizem que "fulano teve de meter a viola no saco".

METRALHAS.png Pode-se escrever direito com caneta torta, tal como fazer coisas desalinhavadas sem usar agulha e linha. Graciliano Ramos possuía uma loja de tecidos com o nome de Sincera na Cidade de Palmeira dos Índios; Sem o querer acabou por ficar prefeito (presidente) desse Município. Isto para acrescentar que ficaram conhecidos seus relatórios ou actas pela transcrição de forma muito pessoal.

“A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para se dizer”. Assim dizia Graciliano no ano de 1962, para comparar seu ofício de escrever com o acto de lavar roupa pelas lavadeiras do rio. Infelizmente nada disto é observado e, é lamentável que não se leia um artigo de fundo, um esboço ou síntese de um livro de que se goste, coisas acreditadas por busca consciente via internet ou em páginas credíveis e com senso comum; se assim não proceder entra nessa de teórico da bestialidade …

serrão7.png Há aqui uma visível ironia por via dos procedimentos de honestidade hodiernos, mentirosos o quanto baste a comparar com os governantes que são já mais que muitos, usando santinhos no Brasil, a gasosa com arrogância em Angola e a massala em Moçambique – todos eles, dos chamadas de PALOPS - LUSÓFONOS… Cansado do culto às coisas de preconceito, toda a gente fala do mesmo, correndo o risco de entornar a verdade da palavra - Isso! De inverter as cores e marginalizar os outros por sempre se vitimizarem…

T´Chingange


PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:45
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Quinta-feira, 4 de Maio de 2023
MOAMBA . LV

A NUDEZ DA VIDA – SOMOS GALOS, OU GALINHAS!?

Crónica 338203.05.2023 na Pajuçara de Maceió - Brasil

Por GALO1.jpgT'Chingange – (Otchingandji) 

galo2.jpgHoje estou virado do avesso porque entre a maresia viva e a secura da maré, pago o preço da subjugação a um modo de vida, que nem sempre me deu azo a seguir completamente os impulsos dos desejos. Dirão alguns ser assim e assado, uma vida quase completamente estranha mas, sem aquele vento de arrepiar o frio, num acontecer de razoável presumir que se eu fosse um touro preferiria passar meus dias de tempo extra, a vaguear pelas pradarias na companhia de outros touros e vacas do que, puxando carroças e arados.

Assim cismado na canga do atrito da dor – um modo de falar, sob o jugo de um macaco munido com um chicote, juntando pedaços de estórias na cabeça, meio touro, meio homem, cheirando e vivendo ideias de idiotas que criaram armadilhas de luxo. Estórias que sempre trazem consigo a presença de uma vida mais fácil, num todavia, por parte da humanidade e num porém duma visão, dum talvez de faz-de-conta se libertarem forças de imensas mudanças; que modificarão o mundo do futuro em formas que ninguém imaginará ou desejará.

o vazio.JPG E, os governos, aquela gente que manda em nós, desenvolveram, desenvolvem técnicas em como encerrar os animais que somos, dentro de pocilgas ou gaiolas refreando-nos com arneses, e zingarelhos outros de apaziguamentos, treinando-nos com chicotes, aguilhões e, outras estralhos feitos letras, um conjunto de leis, bem à semelhança da tradicional prática de agricultores no manejo do ferro ou cornos para fazer arados, para arejar-nos, talqualmente.

Sim! É certo! É este um processo de domesticação com outras formas sofisticadas envolvendo-nos como animais que somos, com uma agressividade controlada e, de maneira a nos reformarem gradativamente com a selectividade requerida, também com a suficiente humanidade na procriação de muitas manadas, muitas famílias. Famílias domesticadas na suficiente medida em apoio de cabaz de resiliência garantindo-se na continuidade como um regalo adocicado que regularmente se dá aos mais obedientes! Lorpas, dirão alguns…

arau156.jpg Hoje, a riqueza de algumas pessoas que tradicionalmente era determinada no antigamente pelo número de porcos que possuía, já tudo é feito de outro jeito; embora com a exprimidinha ideia do sabe-se lá, fundamentalmente no continuar tudo na mesma, sempre ascendendo. Dirão na maioria: para pior, antes assim! Radicalizando estas falas numa vertente metafórica mais fácil de entender, perspectivando a política na forma que sabemos sem ética nem verdade, veremos em detrimento, que numa visão economicista nos levaria a perguntar nesta utopia de se ser touro, porco ou um galo! Sim! Um galo…

Isso – um galo! Nos levaria a perguntar: Porquê continuar a alimentar um galo durante três anos, se ele já atingiu o seu peso máximo ao fim de 3 meses!? Na forma que vivenciamos o hoje português, façamos a pergunta de outra forma: Porquê continuar com um governo chamado de socialista, durante seis anos se ele, nada tem feito para engrandecer a Nação!? Sei que está com uma maioria absoluta e então? Vamos continuar iludidos por gente impreparada e na permanente graça dum ilusionista que devia presidir?

arau45.jpg Via Internet ouvi as balelas vulgares da rolha presidente, a não saída do Galamba da TAP da desgovernamentação do Costa com Marcelo e Companhia e, das fantochadas tomadas com Lula presidente no Brasil, falar português com sotaque, coisa ridícula, enfim! Estão um para o outro, chefes mestrados na hipocrisia, dizendo merdas átoa como se fosse o João da horta do vinticinco. Ué-ué! Melhor ficar assim mesmo e falar com meus kambas nas falas de bangula.

E, para passar o tempo, comi bolinhas de suspiros, coxinhas de galinha, suco de sape-sape, graviola, e mangaba, esta, só de pensamento! Parti para outro e, mais outro lugar, sem me encontrar. Teci-me na linha dum destino criando a teoria do esquecimento, burilei-me nela e voei. No calor do tempo queimo cansaços, fracassos vazios, decepções e até solidões, também! Criei projectos, levantei paredes, plantei árvores, agora nem quero saber, só mesmo deixar o tempo rugir! Amanha será outro dia – Sexta-feira. Sem mais, mungweno…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 02:49
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Quarta-feira, 3 de Maio de 2023
N´GUZU - XLIX

CONHECER MELHOR O BRASIL – ALFORRIA 

Parte - Crónica 3381 - N´Guzu é força (Kimbundo) – 03.05.2023

Porpombinho5.jpg T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

pombinho6.jpg Pois então, havia as alforrias concedidas pela Coroa a seus próprios escravos, sobretudo pela lei de 11 de Agosto de 1837 que tornou mais fácil a compra da liberdade e da emancipação dos escravos das fazendas, que ocorreu em 1866. Os escravos que tinham mais hipótese de conseguir alforria, viviam nas cidades ou exerciam funções domésticas com relações estreitas com a família de seus senhores ou socialmente, com outos escravos libertos.

Sobrepunha-se a isto, a constituição de vínculos familiares dentro ou fora do cativeiro, que muitas vezes, resultava na libertação de mulheres e crianças, por conta do pagamento de seus valores por cônjuges e pais. Era por isso, muito maior a dádiva de libertação a mulheres. De facto, mulatos e pardos (termo oficial para definir uma pessoa multirracial no Brasil), tinham mais possibilidades de libertação do que os escravos negros e as mulheres, sempre tinham mais possibilidades de consegui-la do que os homens.

pombinho9.jpg E, principalmente porque em cidades como o Rio de Janeiro e São Salvador, perfazendo 60% do conjunto de libertos, embora só 40% fossem escravos. Muitos desses libertos eram Africanos habituados ao trabalho braçal, em mercados e nas profissões urbanas, portanto mais aptos a acumular pecúlio para poder comprar sua liberdade ou negociar uma alforria condicional. Embora as alforrias tenham ocorrido em todo o território nacional e ao longo de todo o século XIX, a forma de como era conseguida e a maior ou menos possibilidade de obtê-la, variou muito conforme a época e o local…

Na Corte, por exemplo, cerca de 20% da população era composta de libertos em 1799; em 1834, a proporção era já de 6%, chegando a cair em 1849 para 5%; isto deve-se a que ao longo do século, as possibilidades para a obtenção de alforrias mais comuns, como a compra da liberdade e a prestação de serviços, tornaram-se mais restritas na medida em que eram tomadas providências para restringir o tráfico atlântico de cativos, abolido em 1850.

pombinho12.jpg Uma das principais consequências da política de restrição ao tráfico foi o aumento do preço dos escravos que triplicou entre 1840 e 1860, dificultando a estes, acumularem seu próprio valor, especialmente se fossem homens adultos, os mais valorizados. Por essa razão, somente até cerca de 1850, predominaram as alforrias compradas, desde esse então e, cada vez mais raras seguidas pelas condicionantes e pelas gratuitas, concedidas sobretudo a crianças mas, também a idosos.

Porem, depois de 1850, o número absoluto de libertos, começou a aumentar no Brasil tanto por causa da intervenção do governo na abolição do tráfico e na promulgação de leis emancipacionistas, quanto por conta da própria acção dos escravos que começaram a questionar do poder moral de seu senhores. Até então, embora fosse de interesse fundamental dos escravos, a alforria também exercia uma função importante para os senhores que por meio dela, controlavam seus cativos obrigando-os a anos de serviço obediente, em troca da concessão da futura liberdade.

pombinho14.jpg A alforria exercia papel central na ideologia senhorial, representando segundo Hebe Martos “o principal recurso moral dos senhores na efectivação da denominação esclavagista” por via de erros cometidos na história. Na descrição destes muitos pormenores tão cheios de amarguras, tanto descaminho e desgraça relembro que quando o almirante holandês da Companhia das Índias Ocidentais tomou Luanda de N´Gola aos Tugas, estes fugiram para Massangano, e por ali permaneceram durante a ocupação, até à chegada do luso-brasileiro Salvador Correia de Sá e Benevides, que reconquistou a Fortaleza de S. Miguel, na baía de Luanda em 1648.

pombinho1.jpg Nesta onda do tempo e do outro lado do Atlântico, vim a saber que a construção daquele forte de Massangano tinha para além da natural defesa das redes comerciais de mercadorias tais como cera, peles, dentes de marfim, pedras preciosas, mas, e especialmente da venda de escravos às Américas, aos engenhos de açúcar do Brasil para além de também o ser, lugar de prisão para criminosos saídos da metrópole, o M´Puto e do Brasil; os chamados degradados. José Alvares Maciel era um dos nomes de entre aqueles degredados que veio mais tarde a ser solto para divagar como pombeiro (vendedor ambulante) nos matos da Matamba de N´Gola e, acabando por morrer lá para os lados de N´Dalatando, deixando uma prole de filhos com o nome de Alvares.

Ilustrações de Pombinho da EIL da Luua

(Continua…)

O Soba T´Chingange        



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:55
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Segunda-feira, 1 de Maio de 2023
VIAGENS . 11

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”

Metáforas com ALGORITMOS - Crónica 3380 – 01.05.2023

PAJUÇARA - Em Maceió como Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola…

Por:algoritmo1.jpg T´Chingange (Otchingandji)

algoritmo4.gif As metáforas, ajudam a expressar conceitos abstractos de maneira que se entendam com mais facilidade. Só que, por vezes são tão poderosas que nos levam a algo desconhecido como o buraco negro do qual ainda temos bastante para conhecer e entender. O mundo das plataformas de comunicação digital está cheio disso, dos algoritmos, porque funcionam frente a temas tecnológicos difíceis.

Um exemplo, que pode ser menos agressivo que uma nuvem de algodão em uma nuvem útil. Aí é onde as plataformas nos pedem que guardemos copias do que fazemos, um lugar acolhedor, mas, obviamente, o que nos estão dizendo, é em verdade um conjunto  de aplicações  que essas entidades estão criando para que todos os  nossos  arquivos fiquem alojados em suas gigantescas gavetas de servidores, de modo a que possam fazer actuar os algoritmos desenhados ou formatados por essas mesmas empresas.

dom5.jpg O objectivo real é obter milhares de milhões de dados para uso comercial ou para fins políticos em campanhas ou até eleições, forçando os instrumentos a seguir suas mecânicas previamente balizadas em suas directivas; uma nítida adulteração a regras de transparência a que, democraticamente são chamadas de fraude. Não transijam, os responsáveis das plataformas são magníficos criadores de metáforas que deturpam o nosso rumo e nossa mente sem deixar rasto…

Pude ser informado por uma recente literatura que a constituição do algoritmo, supostamente, adverte-nos sobre a necessidade de se actuar no mundo digital, para que haja compatibilidade de nossos direitos de cidadania nos sistemas constitucionais. A instrumentalização dos algoritmos que desenham ou esboçam problemas constitucionais por um modo de viés, tanto em sua utilização como em seu próprio desenho originam uma plena incidência sobre direitos fundamentais dos cidadãos.

dia139.jpg O problema também é bem polémico quando se formaliza o uso desses algoritmos na administração pública. Dir-se-á ser óbvio seu uso porque facilita enormemente o trabalho o que parece acentuar a objectividade de se tomarem decisões e, porque sempre se abrirá uma interrogação sobre se o serão, uma fonte de direito. Em qualquer caso exigiria decidir se matematicamente realizam as funções assertivas.

O Facebook, por exemplo, fez frente às queixas dos usuários que pediam uma certa moderação em seus conteúdos criando para o efeito uma Junta de Supervisão que se encarregará de analisar essas queixas mas?!… Como se conhece popularmente a essa Junta!?... Como uma “Corte Suprema” do Facebook! Que é que pode despertar mais respeito do que um Tribunal Supremo?! La empresa ficará até encantada, noé!?. Mas o Facebook, ainda que pareça, não é um Estado, felizmente.

dedos 0.jpg Levamos anos falando de uma prodigiosa, utilíssima e revolucionaria Inteligência artificial (IA), máquinas com capacidade de aprender e de elaborar processos inteligentes por si, próprias. Inteligência artificial é também uma metáfora maravilhosa: não dá a entender em nenhum momento que esteja exigindo que centenas de milhões de pessoas se dediquem horas y horas a fio, em países pobres, ao aborrecido trabalho de colocar as etiquetas que essas máquinas possam reconhecer.

Depois do dito supra, segue-se sem haver consciência clara da necessidade de proteger directamente os direitos fundamentais, tal como se configura na Constituição. E, isto é válido para todos os países do Mundo. Durante anos observamos com alegria o como alguns jovens empreendedores davam, uma bola,  vendendo por quantidades superbilionárias suas inovadoras empresas a essas grandes corporações. Era pois, a metáfora perfeita do êxito, mas essas brilhantes aquisições.

demo4.jpg Francisco Balaguer, Catedrático de Direito Constitucional na Universidade de Granada, afirmou que as Constituições, deveriam ser submetidos por modo a dar garantias ao cidadão. Então, que se pode fazer às Constituições Nacionais para evitar lesões graves em direitos básicos? A esta pergunta o professor afirmou: Até agora tem-se feito bem pouco; entre outras coisas, pela natureza contractual da relação entre as companhias que oferecem seus serviços e seus usuários. A tendência será por agora, intervir em essas questões, não em defesa de direitos constitucionais, mas sim dos direitos do consumidor com a protecção  de dados. Esse será o caminho que marcará a inovadora e interessante normativa europeia sobre o tema…

Nota: Há alguns detalhes extraídos de uma crónica de “El Pais” – Espanha.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:49
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Sábado, 29 de Abril de 2023
N´GUZU - XLVIII

CONHECER MELHOR O BRASIL – ALFORRIA  

1ª Parte - Crónica 3379 - N´Guzu é força (Kimbundo) – 29.04.2023

Por araujo175.jpgT´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

arau44.jpg Ao longo do século XIX, no Brasil, várias foram as diligências buscadas pelos escravos para conseguir sua liberdade. Muitos tentaram a fuga refugiando-se em quilombos. O sonho da liberdade não se desvanecia, contudo a fuga do engenho, seu normal lugar de trabalho, só era possível em direcção ao agreste e depois sertão. Quase sempre os escravos fujões, voltavam ao engenho, normalmente ao fim de alguns dias, debilitados e até feridos pelas dentadas dos cães de fila que acompanhavam o guardas nas buscas. Vinham carregados de ferros!

Regressados ao engenho, eram submetidos a castigos no tronco. Eram chicoteados e por vezes ou quase sempre era-lhes aplicado um ferro em brasa na cara gravando-lhes um “F” de fugitivo. Os que não regressavam eram possivelmente capturados pelos índios selvagens e, nalguns casos, certamente comidos. Todos eles se interrogavam por muitas vezes sobre qual seria a situação do seu reino do outro lado da kalunga. Sempre que chegavam novos escravos ao engenho, procuravam saber por eles, notícias da Matamba, do seu Kongo de N´Dongo.

arau4.jpg Mas, nem sempre obtinham os resultados desejados, pois que ou eram de Minas, gente do Zaire, Benim ou Muçulmanos e, muito raramente da sua etnia. Assim, metidos num atoleiro aparecia o capataz, um encorpado mulato mazombo que por via deste empate e quebra no rendimento, logo o ameaçava levar ao pelourinho, o tal tronco das calamidades. Alguns até obtinham sucesso, escondendo-se nas cidades; outros participavam em rebeliões e alguns optavam por saídas mais drásticas assassinando senhores, feitores ou cometendo seu suicídio.

Mas, um grande número obteve a liberdade pela via institucional, por meio de formas de libertação previstas em lei legitimadas pela sociedade que geria as alforrias. Assim como no período Colonial, antes de 1822, ano do início do Brasil Imperial, os veículos legais de alforria eram a “carta de liberdade ou alforria”, registada em cartório, o registo de baptismo em que o senhor libertava a criança, a denominada “alforria na pia”, a disposição testamentária do senhor ou de um seu representante legal  ou por procuração.

quilombo2.jpg A alforria poderia ser de dois tipos: a gratuita ou a incondicional. Nesta última, quando o senhor dono dava a seu escravo carta de liberdade que doravante, como se dizia então e, que passava a dispor de si e do seu tempo como bem entendesse; também da compra da alforria, quando escravos ou terceiros interessados em sua liberdade, pagavam determinada quantia aos senhores pela troca; da restrição em que se condiciona ao escravo um tempo determinado para trabalhar por sua conta e assim, perfazer o valor previamente estipulado.

A alforria condicional, pressupunha a prestação de serviço ao senhor por tempo alternado ou até à morte deste. Um dos problemas causados pela concessão desses dois últimos tipos de alforria, era a definição jurídica dos filhos das mulheres libertadas condicionalmente ou, pela coarctação, pois havia os que entendiam que elas ficavam livres, desde que se estabelecessem condições para a liberdade, enquanto outros, defendiam que as mulheres só ficariam libertas de facto e, com elas o seu ventre ao receber sua carta de alforria.

arau155.jpg Teoricamente, todas as alforrias podiam ser revogadas caso houvesse ingratidão, por parte dos escravos, possibilidade que se foi tornando remota ao longo do tempo e, não mais admitida a partir do ano de 1860. Para além dessas alforrias concedidas de comum acordo entre o senhor e o escravo, havia outra cuja libertação era concedida contra a vontade do senhor.

Em primeiro lugar, a liberdade obtida por meio de acções judiciais quando os escravos procuravam a justiça reclamando escravidões ilegais, ou argumentar que seus senhores haviam descumprido acordos previamente estabelecidos. Em segundo lugar, as alforrias mediante serviços militares, nas quais escravos fujões, procuravam o exército  A fim de servir como soldados e, assim conseguir a tão almejada carta de alforria ou pelo simples recrutamento para as fileiras por via de guerras em curso. Esta prática da instituição militar foi exercida na Guerra do Paraguai.

(Continua…)

O Soba T´Chingange       



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:50
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Quinta-feira, 27 de Abril de 2023
N´GUZU - XLVII

CONHECER MELHOR O BRASIL – QUEM  FOI  BAQUAQUA

Parte - Crónica 3377 - N´Guzu é força (Kimbundo) – 27.04.2023

Por Baquaqua02.jpgT´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

áfrica19.jpg  A sentença favoreceu o capitão do navio que considerou os escravos como parte integrante da tripulação. Enquanto os abolicionistas recorriam da sentença os escravos fugiram da prisão. O caso repercutiu nas imprensas norte americana e brasileira. Baquaqua, o falso José da Costa, nome cristão, foi parar a Boston acabando por fixar-se no Haiti um país pobre mas, aonde a escravidão havia sido extinta décadas. Haiti um país caribenho que compartilha a Ilha de São Domingos com a República Dominana. A Revolução Haitiana, feita por escravos e negros libertos, durou quase uma década e, todos os primeiros líderes do governo foram antigos escravos.

Ali, converteu-se ao protestantismo mas, não se adaptou. Retornou a New York onde ingressou no Central College, havendo registo de sua condição de estudante no ano de 1850 com o seu verdadeiro nome de Mahmmah Garbo Baquaqua nesse mesmo ano. Uma descrição feita no jornal Grawville Expess descreve-o como usando roupas muçulmanas e, sendo referenciado como um africano de fala árabe. Na universidade sofreu por conta do racismo e esta forma de “Bullying” que designa actos de agressão e intimidação repetitivos, que nesse então originaram, sair em fuga para o Canadá aonde se naturalizou cidadão.

ÁFRICA11.jpg É provável que tenha escrito a sua biografia nessa nova etapa de sua vida no exílio que veio a ser publicada m 1854 por Samuel Moore em Detroit com o título Biograpy of Mahommah Baquaqua. Muitas das passagens na reedição de sua autobiografia podem ter sido alteradas ou crescentadas conforme os interesses missionários ou abolicionistas pelo editor, no ano de 1853, ainda antes da publicação do livro.

Baquaqua tentou retornar à sua áfrica oferecendo-se como tradutor para a American Missionary Association que estabeleceu missão em Serra Leoa. Ele pensava chegar a Djougon, sua terra natal, através de Serra Leoa, mas não obteve êxito, acabando por viajar para Inglaterra no ano de 1857. A experiência do falso cristão José da Costa, que conhecia vários dialectos africanos para além do árabe, português e inglês, é singular entre os africanos lançados na América.

ÁFRICA18.jpg A dado momento da descrição de sua biografia faz referência da astúcia dos homens brancos, da preguiça dos aborígenes índios e da muita superstição dos chamados africanos. Sua experiência como escravo, serve como exemplo de trajectória de cativos traficados do Benim para o Brasil, bem como do sonho acalentado por alguns, de retornar às terras de origem.

Ao invés desta biografia e para quem desconhece ou faz por isso, mais de um milhão de brancos, na segunda metade do século XX sentiram essa violência de sair de sua terra por via de uma descolonização mal feita; chamados de retornados são desenraizados de seus lugares de nascimento, mandados para outros sítios do mundo e, sem viagem de regresso. Foi a vergonha da descolonização Portuguesa que ninguém aborda com honestidade.

carocha4.jpg A Portugal se deve esta saga de maus agouros. Mesmo sendo brancos saborearam esse termo de retornado, largando tudo e, à margem de qualquer movimento humanitário. E, passados que são quarenta e oito anos, não houve um alto dignatário da nação de Portugal que no mínimo pedisse desculpa a este conjunto de gente como um ressarcimento do mal feito. No entanto, todos os anos e pelo vinticinco de Abril dão comendas, dão ordens de Cristo entre outras, a quem nunca, nada fez…

Esta crónica é elaborada no intuito de dar a conhecer factos que foram e são ainda passados, e dos quais ainda deixam marcas profundas para os vindouros. E, os vindouros são meus filhos, os filhos de outros milhares: na minha missão fictícia de ZelBdor-Mor da Fundação de Zumbi de N´Gola com sede no Baobá, imbondeiro sito na base da Serra da Barriga, no Morro dos Macacos, um kilombo dos Palmares e aonde o sobrinho Zumbi matou o tio Gana Zumba por este não usar a diplomacia acertada. A história deste mundo assenta em azedumes e desencontros que o tempo dilui no acaso com falsidade! E, ninguém é culpado porque o tempo, faz o especial favor de prescrever – A lei dos homens que fazem parte da globalidade…

O Soba T´Chingange      



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:58
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Terça-feira, 25 de Abril de 2023
N´GUZU - XLVI

CONHECER MELHOR O BRASIL – QUEM  FOI  BAQUAQUA

1ª Parte - Crónica 3375 - N´Guzu é força (Kimbundo) – 25.04.2023

Por roxo170.jpg T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió

roxo107.jpg Hoje irei contar em primeiro episódio o que foi a vida de um escravo entre muitos mais, muçulmano de nascimento, que se libertou do esquecimento por via de ter escrito sua biografia. Sendo assim começo pelo princípio. Seu nome era de Mahommah Gardo Baquaqua que porque se autobiografou, podemos hoje reconstruir sua trajectória, com detalhes desde sua captura em África até à sua ida para Inglaterra.

Baquaqua, passando pelo cativeiro no Brasil descreve diversos aspectos de sua captura em sua terra natal, a cidade de Djougou no interior de Benim. Convém recordar que Benim é um pequeno país situado no Golfo da Guiné encravado entre a Nigéria, o Gana e Burkina Faso. A economia mundial de então, facilitou que se estabelecessem, na costa denominada de Costa dos Escravos, entrepostos comerciais de ingleses, dinamarqueses, portugueses e franceses.

Baquaqua4.jpg Aquele interposto comercial ficava situado entre Asante e o Califado de Sokoto. Baquaqua, deu-nos a conhecer a forma de governo, da religião, dos costumes, sistemas de alambamento (casamento), procedimentos fúnebres e até economia. Não virá mal ao mundo dar a conhecer os rascunhos dele, membro de uma família muçulmana de comerciante, cursou a escola corãnica e participou de caravanas comerciais sendo capturado pelo exército Ashanta; foi resgatado por seu irmão mas, caiu de novo prisioneiro, sendo enviado a Ouidah no início de 1845; exactamente cem anos antes do meu nascimento.

Foi aí vendido ao Brasil para um engenho de Pernambuco. E, estando já na recta final do tráfico negreiro, então muito combatido por Ingleses e um crescendo de abolicionistas. Nesse mesmo ano seria decretada a Bill Aberdeen, a mais expressiva das leis anti tráfico. Sua vida de escravo no Brasil, que durou três anos e após a travessia do Atlântico nas insalubres condições no porão do navio negreiro, foi comprado por um traficante que o levou até o interior de Pernambuco, vendendo-o depois a um padeiro.

Baquaqua5.webp Padeiro que era um “patife com feições humanas”, segundo sua descrição. Recebeu nesse porém o nome de José da Costa (só faltou o Lopes para ser meu irmão de verdade…). O aprendizado em fazer pão, amassador de farinha, deu-se na base de surras de porrada e chicotadas, resultando em uma constante insubordinação como é evidente.

Fugiu por várias vezes e até pensou em matar o seu senhor; em dado momento embriagou-se e tentou o suicídio, que lhe valeu ser vendido a um traficante que o revendeu em seguida a um comandante de navio mercantil. E, do porto de Rio de Janeiro, fez viagens para o sul do Brasil sempre sujeito a surras de pancada com chibatadas.

quitandeira4.jpg Na autobiografia, descreve esse período em linguagem muito próxima à do discurso abolicionista, de que só posteriormente tomaria consciência. Em 1847, o navio partiu para os Estados Unidos com carregamento de café. Baquaqua, relatou a alegria que sentiu quando soube que ia para uma terra aonde não havia escravidão! Sabe-se da história que nos Estados Unidos não havia assim essa total liberdade. Lembrar a Ku Klux Klan, da roupa macabra, uma organização terrorista que surgiu nos Estados Unidos, no século XIX, e ficou marcada por ser a maior organização do tipo na história desse país.

No contexto em que foi criada, essa organização perseguia negros libertos e pessoas que apoiavam a concessão de maiores direitos aos negros no sul dos Estados Unidos e, que chegou a contar com quatro milhões de membros em meados da década de 1920. Quando Baquaqua descreveu aquela terra como libre, referia-se a NewYork, mas não foi assim tão simples. Membros da Vigilante Society, consideraram que havia escravos ilegais a bordo do navio pelo que iniciaram uma quezília judicial…

(Continua…)

O Soba T´Chingange       



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:44
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MAIS SOBRE NÓS
QUEM SOMOS
Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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