TEMPO DE MEUS KITUCUS (mistérios). TEOREMA DA VIDA: não vale a pena morrer de véspera… Crónica 3039
- N´gana N´Zambi, comendo saquinhos de muxima na forma de paracuca – 10.07.2020
N´gana N´Zambi – Meu Senhor
Por
T´Chingange - (Ot´chingandji) - No Sul do M´Puto – Barlavento ( …de onde sopra o vento)
O termo teorema foi introduzido por Euclides, em elementos para significar "afirmação que pode ser provada". Originalmente significava em grego "espectáculo ou festa". Actualmente, é mais comum deixar o termo "teorema" apenas para certas afirmações no campo da matemática que podem ser provadas mas que torna a definição um tanto subjectiva. Neste caso, teremos de ir para o espectáculo da vida na visão grega. Foi em um lugar de Nogueira com muito verde, terras de Alto Douro que, eu e mano Zeca Mamoeiro nos espojamos como ressuscitados em nossa amizade de infância que, morta pelo tempo, sucedeu a nosso contragosto e, em nossa contramão.
Constatando que mesmo para além de cinquenta anos de ausência, refizemos nossos traços sem melancólicos choros nem ranger de dentes, troçando até de nossas mazelas ou desgraças. E, assim num recordar de coisas maianguistas e afins com januários feitos pássaros e viuvinhas mais cardeais, chegamos às conversas bananais num cada qual falando suas sapiências a bulir na flor da pele, como caruncho, comendo nossas algazarradas. E, num diz que foi e talvez o seja, falei que o futuro da medicina está cada vez mais próximo do presente. O tempo passou e, agora aqui preso no meu mukifo revejo estas falas: Pois, no Paraná, pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina criaram uma membrana que é capaz de desenvolver tecidos de pele, ossos e cartilagem.
Logologo Zeca disse estar muito necessitado desses inventos para renovar toda a sua flora muito cheia de fungos e bitacaias escondidas em lugares tão recônditos que nem os médicos conseguem catrapiscar suas nuances biológicas. Isso! Do tempo da arqueológica sabedoria de matar pulgas com um cassetete. Pois! Diz ele com aquela cara de muita seriedade: Os pesquisadores criaram uma estrutura em plástico biodegradável na qual as células animais se desenvolvem e reproduzem no formato da estrutura biológica desejada; é isso mesmo que necessito para passar meu catolotolo. Afinal ele, o Zeca dos Santos era sabedor!
Ali, e por três dias fintamos o destino sem aquela fúria suicida do hiato duma guerra, missangas de búzios e estrondos, uma ousadia de gente alheia que nos superou, enganou e separou. Comendo saquinhos de muxima na forma de paracuca, quicuerra, mistura de farinha de mandioca, açúcar, jinguba torrada ou quitaba, usamos como refeição improvisada percorrendo na lembrança antiga de nas mercearias da Maianga e esplanada debaixo da mulembeira, terreiro de tasca com jogo de bisca, copiando os mais velhos: Jogando matraquilhos como assim num fingido casino de pobres, com tapas à sevilhana, polvo na vinagreta e carapaus fritos. Assim ouvíamos os kotas trafulhas, batendo na mesa para dizer ao parceiro que tinha uma bisca…
Assim entre tremoços e jinguba, tudo misturávamos nos avanços e recuos da medicina ainda muito longe de agora, cada qual estar na sua ouvindo suas dentuças a trincar notícias hospitalares! Ano de 2020. Bom, mas falando da tal de membrana eles, os médicos, formataram uma dessas que pode ser desenhada em qualquer formato na qual as células vivem e se reproduzem. Essa membrana é formada a partir de celulose, portanto, de matéria natural, e que utiliza pouco processamento químico.
Entrando já no impacto ambiental e biológico por modo a ser o menor possível íamos tomando uns brancos generosos, daquele que desce o rio e vira Porto, que mesmo sem as membranas desenvolvidas por pesquisadores nos desbravavam eloquência no cérebro e até pele e ossos! Fora de brincadeiras, disse eu a por fim às misturas de branco de Galafura, de Nogueira e tal e coisa pois a membrana criada pelos pesquisadores que é capaz de desenvolver tecidos de pele, ossos e cartilagem, mudar o coiso, mamas e desencurrucutar peles flácidas…
Como teste, os desenvolvedores do projecto fizeram uma orelha em impressora 3D e aplicaram as células, que formaram uma orelha animal. Vi isto ao vivo e cores lá na Petrolina do Brasil, colada na lateral do meu amigo ex-coronel FK – Fala Kalado com sua orelha parabólica no sistema de 5G. Os estudos estão sendo realizados provisoriamente com células de ratos e os resultados foram positivos. Fixe! Nas vendas do Morais, do Hernâni, do Baia ou do rente Cruz da Maianga, lugares extintos da Luua, vendiam esse milongo a granel, faziam vinho da água e permutavam alegrias em melancolias de cat´chipemba, que agora só são recordadas para fortalecer os corações da gente.
Bom! Assim inscritos e circunscritos num incêndio de falação recordamos as mulembeiras e imbondeiros tudojunto, pendurados lá nos altos galhos feitos monos, como se fôramos múcuas ou os figos batucando assim o tempo na mistura de dendém com peixe-frito. Devorando-nos até ao tutano, besuntamo-nos no visgo sem os contornos monstruosos de kalashnikov a tiracolo ou os monacaxitos de mata-mata – Tunda-a-munjila T´xindere! Troçando de nós, encharcamo-nos de riso misturados na sabedoria austera de Miguel Torga, como o Omo de lava-mais-branco, lá demos banho às nossas pulgas dinossáuricas…
Repito: - Em breve, os estudiosos acreditam ser possível utilizar as células dos pacientes humanos para recuperar partes de seu corpo, como pele, ossos e cartilagem que catrapiscamos atrás de nossas orelhas. Mergulhamos assim num escuro alucinante do nada revendo ao seu redor sofisticadas ilusões, veleidades a tomar banho em praias de doiradas e areias diamantinas e, a vacina infalível nadica de nada, que não aparece…
Com roupas estendidas nos varais de mau-bordo, esperando viajar mais um outro dia, chegamos até ao hoje com um bicho feito capeta a querer morder nossos calcanhares, subir até os pulmões e, até que o trabalho desses doutrores descubram uma outra matacanha que o mate. Esses professores e estudantes, desses mesmos, Departamento de Bioquímica, Biotecnologia, Centros de Ciências Exactas e Edecéteras estão demorados, noé!? E, foi assim que passamos aos pesquisadores ingleses que dizem ter criado neurónios artificiais…Balelas!
O Soba T´Chingange
FRINCHAS DA VIDA – 17.07.2018
- Angústias de modernidade… Na teoria do NADISMO…
Por
T´Chingange – Na Quinta das Telheiras de Vila Real de Trás os Montes
Controlando minha missão de aguentar a austeridade disponho-me a gozar mais um dia de sol nesta beirada de piscina a ver lá longe os moinhos de vento no topo da serra e, as encostas de vinhedos que descem para o rio Douro, pinhais, urzes e medronheiros com pássaros a chilrear vida e, andorinhas vindas do Sul, das Áfricas que já foram parte dum Império, de meio mundo, das índias e Brasis, da Etiópia e dum mais além do Algarve sem falar na Tapurbana, lugar aonde não fui e, que nem sei bem aonde fica.
Uma vez que estou aqui apetece-me falar da Nação que está cada vez mais na mesma mas, com os desejos dos governantes em movimento pelo que posso ler na imprensa. Olhando-se entre eles e também para o ar, apreciam suas proezas de geringonça que em verdade é o que se chama, um governo minoritário dum PS - Partido Socialista. Isso! Um PS que diz caminhar na convergência possível. Sim! Eles olham para a vaca voadora com o beneplácito do Presidente do M´puto que muito presente e beijoqueiro, a todos agrada.
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A todos vai dizendo que as coisas estão a ser apuradas e nós até podemos sentir o esturro de tanto apuro, tão sedentos que estamos de cheirar as verdades que o tempo fazem azedar. Isto encaixa perfeitamente na teoria do NADISMO que ando a laborar no meu cerebelo, meu templo sarapintado de velhice de tanta topetude.
Assunção Cristas vem-nos dizer que o estado da Nação é uma treta, aldrabice! Efectivamente nota-se que o milagre não tem as estrelinhas fosforescentes que normalmente deslumbram o consciente do cidadão. O estado de graça é jogado na sobrevivência e, dá para ver a degradação que vai por aí nos Serviços Públicos, na saúde, e de tanto emprego precário a fingir que quase estamos no pleno emprego; assim-assim, uma uva mijona de verão…
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Agora vêm descontar nas portagens; tomara! Desde o Algarve até aqui - Vila Real de Trás-os-Montes, mais ou menos uns quase 700 quilómetros paguei de tarifa-um, mais de trinta euros. Em Espanha andei em autovias iguais, muito mais do que o dobro sem pagar NADA. É este o Portugal práfrente que se diz termos. Mostram as sondagens que a grande maioria olha para o ar, assobia para o lado numa perspectiva de milagre em forma de VACA VOADORA. Dá para ver que este país está muito cheio de FANÁTICOS! Hó Cristo vem cá abaixo ver isto!
O PC – Partido Comunista, reclama em grandes pósteres que a Saúde anda doente, que é um direito e não um negócio; exige que esta tenha muitos mais profissionais. Ora eles que pertencem ao governo, vêm com esta demagogia brincar com a nossa inteligência como se o não fosse, do governo - uma UTOPIA! Até me atrevo a perguntar:- Quanto custa um daqueles pósteres colocados em todos os cruzamentos da estrada dos INDIOS chamada de EN125? A rua mais comprida e comprimida de toda a Europa – agora melhorada com milhares de pinos, um à vez e de cada vez …
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Sem pudor O PC- Partido Comunista, anda a mijar nas patas da VACA VODORA como se não fossem parte dela, da milagrosa! Exigem assim mais e mais despesa Pública gritando contra o montante da dívida como se uma coisa não decorresse da outra. Como são bons a instrumentalizar quem neles acredita, sempre vêm cortejar as gentes como se todos fossemos seus militantes! Hó gente madura, ide bugiar para a Mongólia de Cima.
Não demorará a colocarem pósteres gigante na RUA DOS ÍNDIOS a pedir ao Governo (a eles…) o cancelamento da dívida Pública à Europa, sem explicar como viveríamos depois. O Costa deve com isto, estar a aprender que a tal solução milagrosa era e é, apenas PROVISÓRIA. Lá terá de fazer olhinhos bonitos ao Rio do PSD - Partido Social Democrata, que já deu provas evidentes de ajudar a compor as suas caixinhas de surpresas e ambição. Como detesto estes políticos que para alcançar o poder até vendem a alma ao diabo! Serão todos ateus ou agnósticos? Fico-me só no PRÓGNOSTICO que, nem é carne nem peixe – é NADA!
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Dá para afirmar que a demagogia é uma coisa muito perigosa porque é uma forma de mentir, que a seu tempo alguém destapará da testa, o testo do caldeirão da sua própria memória; a não ser assim, lá terei de chamar de ignorância raiando a falta de pudor ou do nem querer saber nada disso. O Senhor Presidente Marcelo de quem muito prezo, vai ter de ser mais cauteloso e, não fazer olhinhos de carneiro mal morto às falhas do seu amigo da onça chamado de Costa que por um acaso é o nosso Primeiro-Ministro.
Não lhe cairá bem, fazer olhinhos de complacência a um qualquer inqualificado politico magarefe que ao invés de nos servirem, se servem! Não foi para isso que nós os elegemos para o poleiro! Com muitas lacunas e tanta precaridade dá para se aprender que o caminho da convergência sempre tão esbugalhado, caminha para um beco. E, num sempre já agora, o que é que não funciona bem na justiça? Pois é Senhora VanDunem! Os arguidos andam a ser culpados na praça pública das redes sociais porque a demora é tal ou tanta que o povo ajuíza o finalmente; isto, sempre na espectativa de que a prescrição corre mais rápido que a decisão.
Está mal! Estamos cansados de referirem este ou aqueles megaprocesso, de tanta demora, tanta revienga da justiça que no crucifixam, ao invés do presunto, presumível implicado. Neste presumível há a tendência para a culpa morrer solteiríssima da silva, dando azo ao enriquecimento ilícito, ao faz-de-conta com investigadores a se atafulharem nas mentiras, que tanto, mas tanto investigam gastando nosso dinheirinho para NADA! Andam nitidamente a surripiar-nos. Assim não brinco!
O Soba T´Chingange (O Soba é que sabe…)
CICATRIZES DO TEMPO - NEUTRINOS
A UTOPIA DE ONTEM É A REALIDADE DE HOJE - 15.07.2018
Por
T´Chingange – Na Quinta das Telheiras de Vila Real de Trás os Montes
Os físicos ficaram surpresos ao verificarem que os “Neutrinos não respeitam o limite de velocidade cósmica da luz” porque o resultado de suas experiências parece violar a previsão de Einstein de que nada pode viajar mais rápido que a luz. Essa ideia jaz no coração de sua teoria da relatividade especial – a base de grande parte de nossa tecnologia moderna e compreensão científica.
No ano passado, o Opera, um credenciado laboratório internacional mediu que os neutrinos faziam a viagem subterrânea de 730 km entre dois laboratórios de investigação mais rápido que a luz, chegando ao destino final 60 nanosegundos antes de um raio de luz. Cautelosos, afirmam hoje que a medição original possa ter sido errónea devido a um elemento defeituoso no sistema de cronometragem de fibra óptica do experimento.
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Começo a ficar preocupado com a minha futura viagem espacial até os confins dum buraco negro sem ter a certeza absoluta de poder cohabitar com os NEUTRINOS situados de forma simulada a quatro mil milhões de anos-luz no lugar deste infinito buraco.
As novas descobertas vêm de quatro experimentos que analisam feixes de neutrinos enviados do Laboratório Cern para o Nacional Gran Sasso do INFN, na Itália. Os quatro, incluindo o experimento por trás das primeiras suspeitas, de que os neutrinos são mais rápidos que a luz, chamado Opera, descobriram dessa vez que as partículas quase sem massa viajaram rápido, mas não tão rápido.
Uf! Fiquei um pouco mais tranquilo em saber que afinal posso com a mente concorrer com este olharapo do NEUTRINOS até prova em contrário. Os pesquisadores do Opera não tinham certeza em relação às possíveis explicações para resultados anómalos, então divulgaram suas descobertas para a comunidade de físicos, esperando que especialistas do mundo todo pudessem ajudá-los.
Ando a tentar colaborar seguindo a teoria do NADISMO só mesmo para ver como é possível conceber a velocidade do pensamento para e a fim de apagar a luz do meu candeeiro só com a ordem telepática de abre-te sésamo e ou apaga-te sésamo. Quero assim e a partir do NADA obter resultados surpreendentes de à boleia revolucionar a física moderna.
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Com uma xícara de café fumegante, tento a maneira de enganar o tempo a fim de não sucumbir à solidão ao invés de passar o tempo em um passe-vite esgotando os nanosegundos dos meus obstinados e silenciosos e abismos. Roçar assim nas perspectivas ortorrômbicas para e, dali extrair ausentes sentimentos. No intuito de mostrar o que ninguém viu antes, despojo intuídas ideias preconcebidas no dito de que no já e agora, “só vemos o que queremos ver”.
Comecei a averiguar obsessivamente os segredos de estado misturando a utopia e, entre grossas curiosidades sufoquei o meu espírito num estreito: conclui que muita gente inteligente não rouba por vício ou por necessidade mas pelo mau hábito de querer ser rico, dono da vaidade deles e senhor das alheias. É este o confuso laboratório da vida que passa ao lado de muitos sem terem a devida comiseração com eles mesmos (Compaixão por males alheios que sentimos como nossos).
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Segundo os dados do Google, o neutrino é uma partícula subatómica sem carga eléctrica e que interage com outras partículas apenas por meio da gravidade e da força nuclear fraca. É a segunda partícula mais abundante do Universo conhecido, depois do fóton e, interage com a matéria de forma extremamente débil (cerca de 65 bilhões de neutrinos atravessam cada centímetro quadrado da superfície da Terra voltada para o Sol a cada segundo) …
Embora preferisse uma guerra declarada aos meus obstinados silêncios trato com cortesia as reticências do meu envergonhado orgulho, erigindo uma muralha à volta de estabelecidos conceitos tidos como certos. Assim, no laboratório da vida deixo de lado minha personalidade para sonhar com um paraíso, humilho-me deliberadamente para driblar-me em golpes de liberdade; com recursos à imaginação, combato assim, o tédio das horas que sempre sobram.
Ilustraçõe de Assunção Roxo
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO . Apalpando as medidas da natureza, sarar as feridas do corpo … Algures no M´Puto…
Mokanda : É uma carta
Por
Em Vila Real de Trás-os-Montes os dias entre dezassete e o quarto final de Outubro passaram rápido. O tempo esteve suave, e até podia ver boas abertas das janelas do sótão no lado da serra do Marão, com seus moinhos de vento girando sempre sem adormecerem enroscados nos sovacos porque os não têem; giram com vento no frio e calor dando-nos energia medida em watts e volts na intensidade de amperes.
Escondido do mundo, neste mukifo, sussurro conversas traídas ao ritmo do barulho da chuva batendo nas telhas, respingos do andar de baixo e meus respiros sem pressas. O mundo, o vento, o moinho o despontar dos espargos nas encostas, decerto não irão parar seu curso de vida só porque os homens não se entendem, provocando na arraia-miúda entorses e artroses com neuroses de até nos fazer imaginar primavera em outono.
Desço do sótão e vejo na sala grande, Dom Honório colado às notícias da TV e murmurando palavras coxas como se estivesse a pular buracos na sombra ou lombas com um só pé, assim como o fazíamos quando criança candengues no jogo da cabra cega. E de novo a política saturando os ares secos das montanhas, atravessando pela décima terceira vez a mesma incógnita quase parecendo que a história irá ter um final diferente daquele que parecia ser; assim um desconforto somado e dividido com três dum lado, mais um hífen esquerdeando falas desalinhavadas com direitistas siameses.
Admiro-me até de como a democracia, aguenta tanto tempo sem estoirar de vez. Bolas! Andava farto! Tudo se repetia no que se tinha acabado de dizer e ouvir como se fosse uma nova novidade; sempre a mesma treta! O meu anafado corpo gordo, estava a ficar preparado para qualquer palavra repentina, porque qualquer grito, subia-me ao cerebelo com um esforço desabrido tendo de peneirar o silêncio nos neurónios, a conter a reacção. Reacção asfixiada por eruditos pensadores, muitos comentadores cheios de filosofias de fazer tremer de frio o sol. Falas aveludadas para fazer boi dormir.
Esquerda, centro e direita à batatada e a cabeça a mexer-nos os miolos; a estalar fagulhas. Pondo a mão na consciência Dom Honório falava com longos intervalos fruto da doença de Parkinson escolhendo as frases nesse seu jeito como se assim lhe desse tempo, de, e com coragem, concordar com o desacordo. Pois! É mesmo necessário coragem e desfaçatez para engolir trovisco. Isto está uma merda, fungandou ele por fim! Aquele cabrão não mede perigos! Respirou fundo e foi afagar o cachorro a dissimular a fúria invisível. Olhou-o no focinho e disse-lhe: - Vais-te chamar costamonhé; assim tudo junto. O dia ficou noite, com a palavra na onda alta de rejeição, e só assim, tudo na mesma com tendência para pior.
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO . Apalpando as medidas da natureza, sarar as feridas do corpo … Algures no rio Corgo no seio do Alvão…
Mukanda : É uma carta
Por
A terra desinquieta resolveu-se com boa paciência formar uma vala funda; entre rochas magmáticas remexidas que nos séculos formou o Rio Corgo. Com uma chuva de manso Outono, desci o empedrado da calçada do moleiro que me conduziu ao moinho de levada das hortas, feito destas rochas. Empilhadas ao longo dos tempos, assim aconteceu por muitas gerações. Nas mãos, fazia rolar um marmelo em cada, que por ali recolhi. Rodava-os em compasso de desentorpecer músculos fazendo-os ficar lisos pelo roce de seus fiapos de penugem que os cobriam. A água cantava no seu grato barulhar entre penedos visgosos formando corredoiros de muitos salpicos brancos; a rusticidade era preenchida por milhares de folhas caídas multicolores e nas formas mais diversas.
Os cheiros da natureza humidificavam-me as narinas, os sentidos, entrando assim em mim virgem, amargo e inebriante, aleijando-me o paladar. E eram tílias, faias, choupos, plátanos, cerdeiras e medronheiros, todos entrelaçados a envenenar-me os sentidos da visão, das tonturas e, já me via de repente em pensamento fazer uma salada de arroz de gato com malvas, fetos e rabaça ou fazer daquelas matizes um chá amarelado, mijo de burro, sumo de cor de cobre. Quando se caminha assim sozinhado com a natureza, o pensamento voa num segundo e, até molhamos a cuspo as palavras como uma criança, que saboreia moncos adocicados.
Já no sítio do complexo das piscinas, atravesso a ponte meio vandalizada, paro no meio, aprecio a cascata lá por debaixo e, sempre pensando no vazio das coisas, com as mãos em cima do parapeito, pude ver suas costas atravessadas também com veias azuis como este rio, a recordar-me que também sou velho como ele. Os meus olhos já não têem a pontaria de outros tempos, mas senti a felicidade de diferenciar bem as folhas caídas, amontoadas, coladas ao caminho, daquelas faias e choupos, caruma e até folhas de parra assolapadas nas encostas.
Comendo uns quantos medronhos bem vermelhos, detive-me a analisar este percurso geológico que por fusão consolidada, por aumento de pressão e temperatura, se tornaram em milhões de anos nestas rochas metamórficas ou sedimentares, passando de arenitos a quartzite e de calcário a mármore. A terra paciente conduziu as alterações mineralógicas, estruturais e texturais da rocha mãe. E, já vendo as pontes, nova e velha, pude relacioná-las com aquelas rochas que me ladeavam; rochas formando blocos saídos originalmente da fusão de minerais com sequente recristalização sob estas novas formas mineralógicas de corneanas e quartzitos. Já no topo entre caserio velho e o burgo moderno, pude ver imponente a pala do centro comercial Dolce Vita. Entre lajedos com fetos nas frinchas subi à avenida cruzando o centro histórico de Vila Real de Trás-os-Montes; pude assim compreender o abandono de espaços antes movimentados, que agora se deslocaram para as novas catedrais de consumo do outro lado do rio Corgo.
Tive pena de não ter encontrado sanchas ou míscaros que creio ser deste tempo mas, por fim já com duas horas de caminhada, pude apreciar a estátua imponente de Carvalho Araújo. O mesmo que na 1ª Grande Guerra Mundial ficou célebre por ter conseguido como 1º Tenente e, no comando do caça-minas NRP Augusto de Castilho, proteger o vapor São Miguel de ser afundado por um submarino alemão. Lothar von Arnauld de la Perière que comandava o submarino U-139, em 14 de Outubro de 1918 acaba por tecer as maiores considerações a este ilustre de Vila Real.
Andei só e taciturno, nada igual como o foi em Viseu de Viriato com a turma de Gumirães com a simpática companhia da professora Marisa Batista, suas medições de altos e baixos e até pulsações aeróbicas no sobe e desce da Igreja dos terceiros e a escalada para a Sé. Pois sim! Também na companhia das sobrinhas da Povoa mais a Anabela de Benguela, de pé meio chochinho a necessitar de condroitina, glucozamina e cartilagem de tubarão para esmerilar ossinhos perturbadores, e ainda a senhora Fátima. Sem a tal tecnologia do relógio espacial de Marisa, não sei quanta calorias perdi neste passeio, mas sei que transpirei vontade de perpetuar coisas que nos deviam ser sempre muito queridas, zelar pela natureza e apreciá-la com respeito, o quanto baste. Aqui ou ali, a vida pulsa, e temos de nos acomodar às agruras olhando a natureza que com sua dinâmica nos transcende, e nos transforma.
O Soba T´Chingange
TEMPO DE VINDIMAS – E, o Douro ali tão perto! Uma conversa pequena de uns pedaços de hoje e ontem em tempo de colher uvas...
Por
Saí para a mata ainda o sol não despontava por detrás da crista do morro verde, matizes em tons refrescantes de copas de giestas, carrascos, medronheiros, pinheiros e um montado de sobreiros recentemente descascados. Estava na quinta da Rainha do Dom Honório de Vila Real nas encostas trabalhadas a enxada, marreta e escopro, muros de xistos a formar planuras com fiadas de videiras, ora rectas ora desenhando sinuosos encantos em varias matizes.
Os recantos aqui são vistos de longe porque de perto não têm como ser vistos, barrancos e talvegues de permeio com giestas, maias, medronheiros ou urzes com mais de 2 metros de altura entrelaçando-se entre funchos e, lá está na curva uma casa feita de pedra expontânea. Xisto com aprumo de uma muito antiga casa que não o é mais. Num lugar assim os olhos são escassos para diferençar esta esta flor e aquelas carumas as bolas redondas germinando rebentos cansados na borda dos atalhos.
No lugar do lobisomem virei a encruzilhada da picada e, descendo, virei na direcção do Tanha que ora se via, ora se deixava de ver entre rosmanos e pinheiros novos; chegou a uma hora, passou depois da hora, fui mais à frente e de curioso fiquei-me no consolo da picada, vê-la dobrar-se não sei para onde e, eu não ver como lá chegar; andar na mata por um caminho desconhecido e com curvas num terreno inclinado não vislumbramos o eu se vê na outra encosta. Do outro lado aquelas fiadas de parreiras a perderem-se nas lonjuras sob torrões. Desde que me lembro de conhecer o mundo, o sol que todos os dias ressurge do lado nascente, passa para o outro lado do horizonte cumprindo seu curso, sua constância de nascer e morrer sem sepultura, na ordem astronómica dos astros que regem nossa vida.
Caminhando de regresso quinta fui pensando em coisas de como seria isto por aqui em tempo de alcateias de lobos, em que os homens por detrás destes montes cumpriam profecias, num constante nascer e morrer, o filho que sepultará o pai depois de muitos e fartos dias de inquietação desde a idade do bronze; gerações de gente trabalhando a terra contornando os níveis desde o longínquo ano de 1675, ano em que este vinho passou a ser conhecido como o “Vinho do Porto”. Um vinho que sai daqui generoso e se define assim dessa forma doce ao chegar ao Porto.
O Soba T´Chingange
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