MORAL DE HOJE – O FALSO E O VERDADEIRO
Crónica 3355 - a 13.03.2022 no AlGharb do M´Puto
PorT'Chingange – Otchingandji
A maioria de nós já não é capaz de compreender hoje, os grandes problemas morais do Mundo. Já lá vai o tempo em que era só separar o joio do trigo, rezar um pai-nosso ou uma ave-maria para suspender as preocupações circunscritas, porque o longe era-o em demasia e no cercano, o senhor padre comunicava na missa avisos de alvissaras e outros recados pé-de-chinelo com umas quantas defuntações, pois que sabia de tudo e até sabia encobrir o que era para não ser sabido. Parece que hoje, já muito poucos se acercam do confessionário pois que têm o facebook e muitas distracções que os telelês, nos oferecem a troco de umas publicações não desejadas que até impingem os bitcoins como sendo a fartura do século vigente. Aleluia! Até o bataklam vem até nós para desvirtuar-nos nos agrafos de valores.
Para se lidar com problemas morais de grande escala, fabricam-se teorias da conspiração dando azo a muitas e controversas falas dos milhares de comentaristas, comentadeiros que sempre surgem como especialistas, alguns não o parecem pelo perfil e silhueta mas, desempoeiradamente falam pelos cotovelos suplantando o mestre dos mestres no lugar de Presidente da Réspublica. Nossas capacidades de gestão são limitadas ou menosprezadas pelos grupos reivindicativos a coberto dum taxo ou filiados num tal de sindicato, partido ou lá o que seja; uma nojeira de pura porcaria.
Eles, esses tais que nos fazem gatafunhos à mente, movem os cordelinhos conchavados com o senhor que manda no executivo mais o outro que consente porque está no poleiro mais alto ou o é, chefe dos apitos ou do deliberativo, por vezes um safado de todo o tamanho que sabe como ordenhar ideias bestiais. Eles fazem connosco tricot, bordam e costuram-nos em croché ou fazem intrincados arabescos para pendurar nos nossos sete sentidos ou tapetes algodoados para nos aquecer os pés. Por vezes confundem-se com grupos de tropeiros carregadores de droga a contento da chusma que se inebria no deixa andar para ver como fica ( daí a maioria absoluta).
Os dogmas religiosos ou ideológicos ainda são muito apelativos na nossa era cretina, cínica, hipócrita ou cientifica e, assim forçam-nos paulatinamente (gosto deste termo…), a acreditar numa qualquer teoria que através duma instituição ou afins, como essa coisa de “observatórios”, nos arranjam um líder despoluído que nos convence a seguir e, seguimo-lo como um dos muitos burros ou muares de tropeiros (carroceiros). E, surpreendentemente, seguimo-lo até aonde nos leve. A contento de todos dão-nos uns rebuçados em dinheiro ou retiram horas ao nosso trabalho. Coisa que nunca entendi de isso o ser “a bem da Nação”. Observe-se isso no SNS e nos muitos balcões de atendimento deste estado, cada vez mais senhor de tudo e de todos. Paulatinamente levam a água ao moinho usando-nos de carneiros…
Embora por um tempo, por teorias ou doutrinas ideológicas, se ofereça à turba de gente (o povo) algum conforto intelectual, não será tão certo que nos entretantos, se garanta justiça porque, a omnisciente visão dos teóricos lideres políticos, não conseguem de todo, oferecer refugio à face frustrante na prática e, porque todos os dias nos tentam tramar. A interpretação da realidade, por variadíssimos motivos, com a falta da ética, a venda de valores e a usura das soluções; a realidade dificilmente será fiável. A todo o momento é possível dizer e atestar que tal e tal figura tem problemas de Alzheimer sem que o seja, possível confirmar. Os arranjos do sistema sempre irão salvaguardar tal afirmação.
No conforto intelectual do deixa andar, torna-se no dia-a-dia tão esmagadora que nos leva à rejeição de todos os dogmas. Estamos assim na era do Pós- Verdade com muitos “talvez o seja” com mentiras e ficções que muitas vezes e até, infantilmente somos envolvidos nos olhos de esquecimento do “ não sei” ou “não me lembro”, ficando-nos um sabor amargo do “fui enganado”.
Com tanta fartura de coisas destas, não é difícil encontrar exemplos no nosso país do governo do M´Puto, na nossa autarquia e, nosso silêncio cúmplice. Teremos assim de graduar as mentiras, catalogar as plausíveis verdades e traçar um rumo de consciência do género “ que posso eu fazer”. A guerra fria entre a NATO, os EUA e a EU, culminou com o desmantelamento da Rússia. Por sua vez, estes, os Russos deceparam partes de seu corpo tornando-as “Países Falsos” Estes países não querem fazer parte dessa antiga mentira e, é óbvio que lutam afincadamente para se tornarem verdadeiros.
As leis aceites anteriormente pela Rússia de Putin, que salvaguardavam a soberania com fronteiras independentizadas, foram simplesmente deitadas ao lixo. Putin e alguns algozes, países correligionários de puxa-saco, interesseiros, ignoram a propósito sobre o que milhões de ucranianos pensam sobre si mesmos. Não terão eles o direito de decidir quem são? A Ucrânia não é em verdade um Falso País. A República “Popular de Donetsk e a República Popular de Luhansk” que a Rússia criou foi-o só para disfarçarem a sua invasão unilateral da Ucrânia. Assim, não me apetece brincar estando tantos milhares a morrer, todos os dias. Irra!
Soba T´Chingange
O Mundo actual tornou-se um espaço muito complicado. A justiça, é uma treta…
Crónica 3354 - a 10.03.2023.
Por T'Chingange (Otchingandji) no AlGharb do M´Puto
Os cidadãos hodiernos são fartos de valores; o difícil é a aplicação desses valores num mundo globalizado complexo. Mesmo que fique quietinho no meu canto sempre haverá um socialista muito perfumado em valores a perturbar a minha quietude, retirando cotação à minha tranquila vida, sem ter nada a ver com essa tal de exploração infantil, ou actos violentos cometidos por soldados do tempo colonial.
Os defensores dos direitos dos animais lembrar-me-ão que dar ossos ao cão pode ser perigoso, bem como dar espinhas de sardinha ou sargo ao tareco, porque podem causar ulceras; os naturalistas irão insistir com persistência que devo lavar os dentes com seiva filtrada de aloé vera feita baba-de-camelo e por aí vaí, sem mencionar as lambisgóias oferecidas que surgem do nada na minha página escancaradas a oferecerem alvissaras – Cruzes credo!
Os activistas de esquerda lembrar-me-ão que minha reforma foi criada a custo de exploração de alguém e sem mais nem menos, lembrarão a exploração de gente desmilinguida com crimes hediondos da História incluindo-me no rol de engravidados de fortuna arregimentada no exercício de cargos, cargos dum tal de sistema que nunca exerci. E, afinal que culpa terei eu? Não é fácil desfazer o conceito pois que minha existência depende de uma grande rede de ligações económicas e politicas nas ideias causais com ideais que outros formataram por mim, mesmo sem delegação firmada .
E, uma vez que essas ideias causais do mundo se misturam tanto, é-me difícil responder às perguntas simples, tais como de onde veio o meu jantar ou de quem fez as minhas botas que tenho calçadas. Também se metem com a minha minguada aposentação querendo saber qual o fundo financeiro e a cor dele, do meu pecúlio. Já velho, pois quase sou do tempo em que as pessoas só tinham um fundo de pensões chamado de “filhos”, dá voltas ao cerebelo. Hoje que há escritórios repletos de advogados conciliando os cofres do estado estudam parâmetros, redescobrem furos da lei e modos de fanar, de como fazer no esmiuçar matemático das taxas para suprirem suas necessidades governamentais, uns finórios…
Esmiuçando um tal e um qual, até querem saber qual o destino das galinhas de cujos ovos comi ontem ao jantar. Estruturam o esquema da economia estatal do modo de quem não faz esforço de investigar o quanto gastei na chocadeira sem averiguar as reais dificuldades. Depois de tudo só poderei ter alguma ganho se criar aos fiscais as certas dificuldades em descobrirem a verdade. Penetram na minha casa ajustando-a e dando fins ao modo de como posso explorá-la a contento dos “lóbis hoteleiros” como se o fossem, donos dela! Estalinistas!
E, então como é possível evitar o roubo ou lucro quando o sistema nacional tabelado com a economia mundial, estar constantemente a roubar em meu nome e sem o meu conhecimento. Como é!? O mandamento que nos dita que não devo roubar, dizem que vindo de Deus, acredito piamente, foi formatado num tempo em que roubar significava apoderarmo-nos fisicamente de algo que não nos pertencia. Hoje, porem, as discussões importantes sobre os roubos dizem respeito a cenários bem diferentes pois que com chancela do governo retiram de nosso pecúlio somando milhões para dar vida a uma CP – Comboio de Portugal ou de uma TAP – Transportes Aéreos de Portugal, mantendo legiões de advogados ajustados com políticos dados à corruptela para protegerem os deslizes.
Posso então ser eu o responsável pelo roubo, pelo desvio, pelo despifarrar, corruptela ou compadrio!? E, como podemos agir moralmente, com sucesso e sem custos, se não temos forma de conhecer todos os factos de traquinices?
A amarga verdade é a de que o mundo se tornou demasiado complicado para o nosso cérebro de cidadão, gente de pé-de-chinelo. E, afinal todos seremos cúmplices por acreditarmos nos valores daqueles tais senhores, daquele grupo político, do presidente rolha, da chusma de gente com rabos-de-palha que nunca deve nada ao fisco, gente de falsa “Ficha Limpa”. Não vale a pena! A elite que nos comanda, que domina o discurso, torna-se quase impossível ignorar suas perspectivas. Eles, os grupos políticos, têm subgrupos, labirintas barreiras, critérios e ambiguidades e até insultos a nozes (plural de nós); insultos mesmo, codificados com discriminação institucional. Eles, sempre irão fazer de nozes: Totós.
O Soba T´Chingange
ENTRE OS PINGOS DA CHUVA
Crónica 3353 de 06.03.2023 no AlGharb do M´Puto
PorT´Chingange (Otchingandji)
Nos dias de hoje, como poderemos descobrir a verdade acerca do mundo e evitar cair nas garras da propaganda dos Fake News e de desinformação - notícias falsas ou informações mentirosas que são compartilhadas como se fossem reais e verdadeiras, divulgadas em contextos virtuais, especialmente em redes sociais ou em aplicativos para compartilhamento de mensagens. O termo, embora largamente usado, ainda não foi formalmente integrado à lista de palavras da Língua Portuguesa, tratando-se portanto de um estrangeirismo.
E, sempre iremos ficar com a incómoda sensação de que tudo é demais para nosso cabal conhecimento pois decerto, não iremos assimilar tudo; acho mesmo que ninguém o irá conseguir sem recorrer à inteligência artificial. A democracia, baseia-se na ideia de que o eleitor é que sabe, que o capitalismo de mercado livre considera que o cliente tem sempre razão e, que o sistema educativo ensina os alunos a pensarem pela própria cabeça.
Em verdade, é um erro depositar tanta confiança no individuo racional. Este suposto individuo pode muito bem ser uma fantasia que glorifica a autonomia e o poder dos homens de classe alta ou de suposto alto coturno. O Mundo anda frustrado e ninguém sozinho, sabe tudo o que é preciso para fazer uma catedral gótica ou romana, assim como uma bomba nuclear ou um avião supersónico.
Pude mais ou menos, ler estas dissertações nas 21 lições pra o século XXI de Yuval Harari que um caçador da idade da pedra sabia fabricar sua própria roupa, seu sapatos, fazer fogo, caçar javalis e fugir dos leões mas hoje, pensando que sabemos muito mais, como indivíduos, em realidade sabemos muito menos. Dependemos dos conhecimentos especializados dos outros no que diz respeito a quase todas as nossas necessidades.
Todos temos a ilusão de conhecimento embora individualmente saibamos muito pouco pois tratamos o conhecimento nas mentes dos outros como se fosse nosso. Numa perspectiva evolutiva, confiar no conhecimento dos outros trouxe evolução ao homem mas, e porque o Mundo está a tornar-se cada vez mais complexo, os seres humanos não conseguem compreender a extensão de sua ignorância quanto ao que se passa em seu redor, das leis de seu governo e amolgadelas em seu cofre económico com taxas subterfugias.
Por sequência, técnicos genuínos que nada sabem de metereologia ou biologia, propõem políticas sobre as alterações climáticas, advogados falam sobre os alimentos transgénicos ou genéticamente modificados, ao passo que outros, sempre classificados como especialistas, ou graduados peritos militares, têm pontos de vista muito fortes sobre o que se deve fazer no Iraque, no Irão ou na Ucrânia em guerra. É raro as pessoas (algumas), contemplarem a sua ignorância pois que se fecham numa caixa-de-ressonância de amigos que pensam como eles ou canais noticiosos que reforçam suas convicções mesmo sem o serem questionados. Alguns propalam-se no sentido de se alcandorarem a cargos mais altos no gabarito da gestão pública.
A maioria de nossos pontos de vista é moldada pelo pensamento de grupo e, não pela individualidade racional; convém dizer que também nos agarramos ao erro, narrativas ou perspectivas devido à lealdade ao grupo. Mutas vezes caímos no logro deste ou daquele personagem e, ficamos defraudados com tal figura decepcionante, gente que deveria ter o porte de estadista e sai um vulgar pé-de-chinelo com truques de cacaracá e até falsidades. A maioria dos seres humanos não gosta de factos em excesso e, certamente não gosta de se sentir estupidamente enganado.
As democracias modernas estão cheias de multidão a aplaudir e a seguir como ovelhas, gente supostamente sábia e que só diz besteira para bode dormir. E, todos repetem: “o eleitor é que sabe!”, “o eleitor é que sabe!”. Explorando becos sem saída aparente crio muitos esparadrapos de fricção de muita dúvida. Surge daqui o tédio em sempre esperar que as pequenas sementes de lucidez cresçam e floresçam. Agora, mais velho, sei que o poder em grande quantidade (muitas paletes), isso da maioria absoluta, distorce a verdade inevitavelmente e, muito repetidamente! É um Ai Jesus nos acuda. Quando temos uma marreta na mão tudo nos parece um prego. Bem! O poder engravidado funciona como um buraco negro que distorce todo o espaço ao seu redor. Para além do Acosta, o Selfito põe-me CAFUZO…
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
Crónica 3352 – 25.02.2023 em AlGharb do M´Puto
PorT´Chingange (Otchingandji)
Pude ler e, agora transcrevo ao meu jeito, que todos os mamíferos em sociedade como macacos, golfinhos ou lobos, têm códigos éticos adaptados pela evolução, para se promoverem na cooperação de um grupo. Os mamíferos humanos também têm esses códigos mas, ao longo de milénios foram sacrificando sua prática usando inverdades para subirem de estatuto no grupo social usando derivações e modos de falar com sofismas e maneirismos nada comparáveis com o aprumo dos demais animais ditos irracionais.
Uns serão safados, bestas, ladrões mas todos, em geral, aspiram subir na escala, mesmo que seja atrapalhando os outros. Usam a mentira ou a fraude acomodando-se quando têm descaramento, lata ou dialéctica para se superarem perante a tibieza dos demais. Enquanto os lobos usam regras de “jogo limpo” os homens mordem o adversário com agressivos dizeres, acções de pintar e bordar julgando em casa própria e até (quando políticos), refazem as leis a seu contento com a satisfação inerente ao seu ego. Todos serão iguais mas, sempre há uns mais diferentes…
A democracia tão badalada fica assim eivada de truques enganadores com falácias recobertas em creme doce ou baba-de-camelo. Entre os macacos nem o alfa-macho retira a banana que um outro encontra para se alimentar. “Não matar” e “Não roubar” eram principios bem conhecidos dos códigos legais e ética das cidades estado sumérias do Egipto faraónico e do Império babilónico. Lembrar Hamurabi que dizia ter recebido dos grandes deuses a instrução: “demonstrar-se justiça sobre a terra, destruir-se o mal e malevolência, e impedir os fortes de explorarem os fracos”.
Ao invés de tudo isto a corrupção oficial sufoca-nos com entupimento de taxas e muitas mais alcavalas entupindo-nos as narinas, olhos e orelhas secando-nos os bolsos. Em verdade, entre os judeus já havia mandamentos para amar o próximo não havendo qualquer mandamento para amar os gentios.
A Bíblia ordenava (e ainda ordena aos judeus) que exterminar certos povos como os amalaquitas, e os cananeus - "Contudo, nas cidades das nações que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês por herança, não deixem vivo nenhum ser que respira”; “Conforme a ordem do Senhor, o seu Deus, destruam totalmente os hititas, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus – assim o diziam: como Deus seu senhor, ordenou”… Podemos ler isso em Deuteronómio, 20.16-17.
Putin, o senhor da Rússia, deve ter esta passagem bem por debaixo de seu travesseiro pois que segue a descrição desse “Velho Testamento. Testamento que detesto com dentes rilhados, sendo em verdade o primeiríssimo registo da história humana e, em que o genocídio foi apresentado como um dever religioso. Vejamos: O cristianismo divergiu do judaísmo exactamente por isso! Tudo mudou com o surgir do apóstolo S. Paulo em sua Epistola aos Gálatas - Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Jesus Cristo (Gálatas 3:28)
Pópilas! Caramba…ainda bem que surgiu S. Paulo que pela primeiríssima vez afirmou que como um ser humano, pregou uma ética universal. Desta feita e em consideração a esta postura santa, deduzo por reflexão que a Bíblia está, ela também, longe de ser uma fonte exclusiva de moralidade humana. Confúcio, São Tomé, Buda e Mahavira estipularam códigos éticos em outros moldes e muito antes de S. Paulo e Jesus, sem nada saberem sobre a terra de Canaã ou sobre os profetas de Israel.
Pelo dito, não tem qualquer sentido atribuir ao judaísmo e aos seus descendentes cristãos e muçulmanos a criação da moral humana. Por via disto não venero ninguém para não ser apodado de preconceituoso! Só sei que ainda ando a reconstruir-me revendo a moral como uma utopia.
O Soba T´Chingange
O Mundo actual tornou-se um espaço muito complicado…
Crónica 3351 - a 21.02.2023. Dia de ENTRUDO
Por T'Chingange (Otchingandji) no AlGharb do M´Puto
O Mundo actual tornou-se um espaço muito complicado; muito mais que um jogo de xadrez e, a racionalidade humana não consegue entender na perfeição. A estupidez humana tornou-se numa das forças mais importantes na hodierna história mas, todos tendem a desvalorizá-la: a estupidez! Vários líderes do Globo, frequentemente acabam por fazer coisas estupidas ou ridiculamente impensáveis.
E, todos estamos errados em pensar que não irá existir um líder suficientemente louco a pontos de provocar uma guerra de âmbito mundial. Mesmo que uma guerra seja catastrófica para todos nós, não haverá Deus nem lei da natureza que nos proteja da estupidez humana. Sempre se salientará a falta de humildade a esses líderes; a arrogância só piorará pondo o seu interesse à frente da dos outros e, sempre irão entender que a sua cultura, religião ou estória, terá o factor de querer fazer girar o Mundo à sua volta.
Os norte-americanos, os russos, britânicos, franceses ou portugueses e uma infinidade de outros tais como os brasileiros da linha Lula ou Bolsonaro, estão convencidos de que a Humanidade viveria numa ignorância bárbara ou imoral se não existissem os feitos espectaculares de sua nação. Deste conceito podemos salientar os britânicos com a sua sempre arrogância com laivos de superioridade e, de sempre se afirmarem como os senhores donos da verdade.
A saída da Comunidade Europeia da Grã-Bretanha por referendo e, por esta maneira de estar altiva, originou a sua saída da UE pelo designado BREXIT. Relembrar que os Aztecas acreditavam que sem os sacrifícios que faziam todos os anos, o sol não se ergueria e, todo o Universo se desintegraria. Os judeus também se julgam a coisa mais importante no Mundo pois que sempre reclamaram autoria dos valores e invenções da humanidade. De forma cautelosa entra agora na contenda a China com suaves avisos ao Ocidente mandando balões espias e, não só…
E, o grande erro ou mal, para o resto do Mundo é o de que estas nações desaforadas, estão genuinamente convencidas de suas fofocas. Bem! Neste capítulo convém relembrar a postura dos americanos que são useiros e vezeiros em suas prosápias. No entanto, a Rússia pela mão de Putin tem saltado a mais alta fasquia de insolência, blefando a todo o momento como se, pelo medo nos pudesse tolher. Sem duvida é o campeão do desaforo…
Se o Mundo ceder a esta provocação com terror e carnificina praticadas todos os dias na Ucrânia, iremos ficar mal e sem a necessária Liberdade; se nossos líderes se agacharem estamos feitos ao bife! Que fique claro que o Yoga foi inventado pelos judeus, eles assim o dizem; Os indianos irão dizer que o inventor desse jogo foi Buda e os Cristãos que foi Santo Inácio de Loiola. Provavelmente até foi o Abraão ou o Noé – Juro que não sei…
Os britânicos acreditam veementemente que são eles os heróis, o centro da estória e a fonte última da moralidade, espiritualidade e do conhecimento humano na generalidade. Eles, fazem de nós genuínos, uma grande multidão de genéricos… Quando os portugueses chegaram à Austrália antes de 1500, depararam-se com tribos aborígenes com uma mundividência ética apurada apesar de desconhecerem totalmente Jesus, Moisés e Maomé.
Seria difícil defender-se que como colonos cristãos expropriaram com violência os nativos que tinham padrões éticos superiores. O tempo de “jogo limpo” e de “fixa limpa” só muito recentemente chegaram à política com a vitória de Lula na presidência do Brasil que ganhou por uma “unha negra” a Bolsonaro que usava a palavra virada para o céu “Deus acima de todos e Brasil acima de tudo”. No meio de tanta fraude e mentiras descaradas, vou antes gozar os últimos suspiros do carnaval…
O Soba T´Chingange
AS GUERRAS DE HOJE SÃO MANOBRADAS PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Crónica 3350 – a 19.02.2023, em um Domingo
Por T'Chingange (Otchingandji) no AlGharb do M´Puto
Lendo as lições das 21 medidas para o século XXI vou relembrando coisas recentes que nos ficam esquecidas num canto da nossa cuca. Os EUA e o Iraque envolveram-se numa guerra que lhes destruiu o apetite em fazer confrontos no chamado Médio Oriente e permitindo ao Irão ficar com os despojos da guerra; este episódio fez-me lembrar a saída apressada do Vietname.
Até o início da guerra na Ucrânia a 24 de Fevereiro de 2022, os países na sua maioria seguiram a estratégia de se abster em conflitos deixando que outros o fizessem em seus lugares. A Haver guerra, que o fosse lá longe seguindo as pisadas dos carcamanos gringos americanos e, com a anuência de todos os seus primos da Commonwealth. A haver guerra que o fosse entre outros bem longe das casas deles…
A invasão da Crimeia pela Rússia em Fevereiro de 2014 resultou na anexação desta sem tomar em conta o não reconhecimento da grande maioria dos países ditos civilizados. Quase sem combates, a Rússia ganhou um território de grande valor estratégico mundial. O Mundo ficou mudo e quedo de calado com as pernas tapando as tremuras dos teodósios. Grande façanha de Putin, do jogador de poker nas horas vagas e chefe por inteiro daquela grande nação. Qual ONU! Qual diplomacia de fortes e engrossadas atitudes? Nada – Nadica de nada…
Aquele aviso foi sério para as Potências ditas Ocidentais, civilizadas potências que só tardiamente reagiram por via da invasão da Ucrânia – Potências que levaram oito anos para suscitar antipatia mundial, dentro e fora do território massacrado para não dizer assassinado. Vilipendiados o quanto baste para provocar revolta e fazer acordar os lideres do mundo dito livre. Os russos de novo tomaram e anexaram quatro parcelas do leste da Ucrânia salientando o Lugansk e Donetsk. Aqui, o Ocidente, arrebitou as orelhas, abriu os olhos com crepitação por detrás das vontades com medo.
Foi necessário anexarem para além da Crimeia, Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson para que o Ocidente civilizado se unisse contra esta nação predadora e terrorista chamada de Rússia. O Ocidente moribundou-se na apatia. Se o exército russo tivesse o espírito de Estaline, de Pedro, o Grande ou Genghis Khan, à muito que os tanques russos tinham tomado Kiev ou Tbilisi.
A guerra que parecia ser aqui fácil e rápida, teve um efeito não esperado por Vladimir Putin. A resistência Ucraniana foi sofrida mas, deitou por terra a ideia inicial russa de fazer da sua hipócrita “intervenção especial” num passeio de fim-de-semana. As acções militares da Rússia, na Geórgia e na Ucrânia revelaram claramente ter a Rússia, um impulso imperial ousado e, não fosse a posição heróica de Volodymyr Zelensky, Putin já teria tomado a Ucrânia.
Os EUA e a UE, que têm cinco vezes mais habitantes do que a Rússia com dez vezes mais dólares fazem passar o tempo com reuniões atrás de reuniões pra dissidir o óbvio; mas o óbvio custa a chegar às frentes de combate. A Rússia torna-se assim num estado terrorista sem olhar a meios para alcançar seus objectivos de expansão.
Se o Ocidente assobiar para o lado e deixar andar sem acudir às necessidades militares da Ucrânia, podemos bem preparar-nos para o pior! Podemos sim, ter em conta que as bombas de lógica de malware podem parar o tráfego aéreo em Dallas, Moscovo, Paris ou Lisboa, provocar colisões de comboios em Filadélfia ou Londres e até desligar a energia eléctrica em Washington. Pode-se assim usar ferramentas para destruir países à distância. Isto está para durar.
O Soba T´Chingange
ENTRE A ESPADA E A PAREDE - Os “ELES” e “NÒS”
Crónica 3349 de 04.02.2023 no AlGharb do M´Puto
Por T´Chingange (Otchingandji)
No século XXI as religiões não fazem chover, não curam doenças e não constroem bombas mas, são elas que determinam quem faz parte de “Nós” e quem faz parte de “Eles”; de quem devemos curar, e a quem devemos bombardear. Hoje o mundo que não anda ao sabor dos abades, bispos e profetas, sente o medo ao terrorismo mas, o mundo no geral não estava preparado de todo para ver uma nação do topo dos Grandes, do G7 mundial, virasse uma grande potência terrorista com práticas genocidas – a Rússia!
No estado actual da guerra fratricida levada a cabo pela Rússia na Ucrânia numa operação que dizem ser “especial”, o sucesso ou o fracasso nessa prática terrorista de tudo destruir aleatoriamente, vai depender de todos “Nós”- o Ocidente! Se permitirmos que nossa imaginação fique refém desta nação terrorista e, depois exagerarmos os nossos medos, o terrorismo, triunfará.
Se libertarmos a nossa imaginação do terrorismo e reagirmos de uma forma equilibrada e calma, o terrorismo Russo fracassará. Hoje que vivemos esta guerra de invasão sem justa causa, leva-nos a recordar o ano de 1846, 177 anos atrás em que os EUA invadiram o México por “coisa pouca” com cariz de expansão.
Esse foi o primeiro grande conflito impulsionado pelas ideias do Destino Manifesto (coisa vaga), ou seja, na crença de que os Estados Unidos tinham o direito, dado por Deus, de expandir suas fronteiras por toda a América, civilizando-a. Os Estados Unidos ampliaram o seu território em cerca de um quarto (25%), em 2,3 milhões de quilómetros quadrados.
Enquanto o México perdeu aproximadamente metade do seu (50%). Os EUA tomaram ao México partes do Colorado, do Kansas, do Wyoming, do Alabama e do Texas. Toda essa área soma mais do que a França, a Grã-Bretanha, Alemanha, Espanha e Itália juntas.
Esta pechincha do milénio, aconteceu! O futuro surge-nos cada vez mais incerto e há sempre latente a ousadia de lançarem mãos das armas nucleares. Sabemos bem das recentes tentações desperdiçadas em biliões de dólares em vários fiascos militares, humilhantes até, levados a efeito no Iraque, e Afeganistão. Loucos, surgem a todo o instante!
Nenhum major General ou político tem o condão de adivinhar o que aí virá. Estes comentadeiros e especialistas terão o condão de nos distrair e nada mais do que isto aparecendo nos écrans de nossas casas vendendo palpites a troco de euros. Irradiam também suas prosápias petulantes como se tivessem o condão de falar verdades.
Isto está muito difícil pois temos um país a morrer por todos “nós”. No entanto os pseudo mágicos especialistas e outros com galões vão conseguindo ter o condão de prosapiar seus egos contornando nossos medos com resultados carnificinicos. Recordem-se que recentemente o Irão ficou com os despojos e, tão-somente porque os EUA ficaram sem apetite na continuação do confronto. Isto dá mesmo muita volta! Dá que pnsar…
O Soba T´Chingange
Hoje as munições de precisão são comandadas por computadores mas, os kamikazes eram aviões banais cheios de explosivos, comandados por pilotos dispostos a morrerem nessas missões suicidas. Era um espírito de sacrifício levado à morte pela crença Shinto; quem sabe se os russos nesta guerra actual com a Ucrânia não obrigarão prisioneiros a enveredar por esta versão de sacrifício humano. Tudo pode acontecer! Nas guerras nunca se sabe como vai ser seu fim.
Convém recordar que o Shinto estatal japonês deriva do cristianismo ortodoxo praticado na Rússia, pelo cristianismo da Polónia, pelo islão xiita do Irão e pelo judaísmo de Israel. Pela lei da vida ou obrigado a relembrar que o mesmo oxigénio que nos dá a vida, também nos leva à morte por oxidação; é uma questão de tempo. O mesmo oxigénio necessário para fazer o vinho, o torna ácido em contacto com o ar; o mesmo sucede com o ferro que em escassos anos se desfaz em ferrugem.
Os terroristas kamikazes e gente comum forçados por rapto em um grande avião, demoliram as torres gémeas nos EUA, no World Trade Center, foi uma prática terrorista com intenso efeito audiovisual. A actual guerra na Ucrânia por invasão russa, tem como função macabra mudar o equilíbrio do poder político através da destruição maciça de pontos de infraestruturas civis. É o medo levado ao extremo sacrificando o comum cidadão.
Centenas de organizações terroristas foram extintas nas últimas décadas mas, o mundo nunca se deparou com um estado terroristadestruindo aleatoriamente infraestruturas não militares, vitimando o povo a não poder fazer uma vida normal, não se aquecer, a sequente fome e todos os transtornos inimagináveis. O líder Putin, a todo o custo tem de ser abatido com um tiro certeiro. Esta besta tem-se revelado como um jogador de poker, que tem na mão um conjunto de cartas e que tenta a todo o momento convencer com bluff os rivais no embaralhar das cartas.
O 0LEIRO – Meu pai foi de tudo um pouco! Até vendeu volfrâmio a Hitler na 2ª GUERRA para seguir em frente...
Crónica 3347 – a 21.01.2023, em um Sábado
Por T'Chingange (Otchingandji) no AlGharb do M´Puto
Geralmente, as mais belas peças artísticas que arrebatam sentidos e dão asas à imaginação são moldadas a partir de algo que parecia desprovido de maior importância - um vaso. Mas, neste caso são vasos só em barro simples, que me dão gosto no sustento do confinamento - porque têm algo que me refaz na vontade... Esses outros vasos do antigamente, com rabiscos que são transformados em belíssimos quadros, formam notas a compor as mais impressionantes peças. Da matéria bruta, fundida em fogo ardente, o artesão cria a partir do barro, areia, delicadas figuras de cristal. Do barro, o oleiro fabrica objectos de cerâmica, vasos riquíssimos em todos os sentidos. Neles, coloco sementes que trazem cheiro à vida!
Tendo em mente o símbolo do vaso de barro, na vida o “conhecimento da glória na face de Cristo”, da Natureza. Trata-se de mais uma bênção resultante da graça; graça que só damos conta nos momentos de reflexão, ou num confinamento forçado pelo desconhecido. Quem somos nós para merecer esse prémio de podermos apreciar um simples “vaso de barro” com umas verduras que nos felicitam quando regadas! Tanto quanto podemos imaginar, o barro é, em si mesmo, desprovido de valor; é matéria-prima frágil que depende da intervenção do oleiro. Do nada na forma de bola, sai algo que se torna útil, assim seja para ver, guardar azeite ou doces de compota. Mas também uma orquídea ou uma ervilheira...
Assim, é ele, o oleiro, que determina a forma para a utilidade do vaso, e o resultado contém a assinatura do artista anónimo que o faz, para só ganhar sua tarefa. Essa é sua - nossa condição. No texto bíblico, os vasos de barro contêm justamente esta ideia: utensílios frágeis, sujeitos a se despedaçar com facilidade, de pouca duração e de pouco valor. Mas, nosso destino, estará sempre disposto a usar as pessoas como fragmentos de barro num qualquer momento! Somos pedaço de terra sim!
Existem pessoas que, com o olhar voltado para elas mesmas, não conseguem ver nada além do que consideram irrecuperável. De forma alguma aceitam serem fragmentos de vasos, de barro! Os corações despedaçados que carregam profundas feridas resultantes de tropeços e quedas sempre estarão mais preparados... Muitos achando serem um barro diferente, cobrem-se de porcelanas vidradas, coisas envernizadas! Outros, perdem a esperança, ficando nos sonhos evaporando seu sentimento de fracasso...
Aparentemente, a voz da consciência de uns quantos, lhes dirá que algo quebrado não pode ser consertado e, por isso mesmo, deve ser jogado fora. Contudo, o Oleiro pode tomar nas mãos o barro disforme, juntar os cacos, e formar a partir dele um vaso precioso e útil ou fazer uns gatos unindo as parte! Meu pai Manuel, jeitoso em tudo fazia isto! Ele, era um bom Oleiro! Juro que era! Mas, também de uma vareta de guardas chuva fazia sovela para consertar sapato! Agora é meu herói, nem sempre o foi assim...
Nesta estória teremos de chegar a Jeremias da Bíblia a lembrar o que escreveu aos israelitas: “Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu" isto deve estar escrito algures. Parte-se um vaso, outro se fará! Pensem, um dia vai acontecer... A Natureza pode criar vasos novos e recriar vasos estragados.
Toda a pessoa que sofra nesta quadra de pandemia de valores e altercações na governação, um dia sim, outro dia não, um dia é e no outo deixa de o ser, pode sentir-se em Oleiro, mas também fazer um sovela e virar sapateiro embora a grande maioria curtam a mentira... Meu pai foi de tudo um pouco! Até vendeu volfrâmio a Hitler para seguir em frente... Era outra guerra! Nossa infinita graça, se transformará dia após dia, até um dia!
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
Crónica 3346 – 18.01.2023 em AlGharb do M´Puto
Por T´Chingange (Otchingandji)
Se não tivermos cuidado acabaremos desactualizados usando mal os computadores avançados por provocação, provocando o caos com a ajuda dos algoritmos, originando ditaduras digitais que nos impingirão liberdade desprovida de realidade. Posso constatar que muitas notícias são truncadas a contento dos DDT - Donos Disto Tudo, abraçados a políticos com Maioria Absoluta. No presente século XXI podemos ser divididos em “castas biológicas” e elites monopolizadoras de riqueza, que nós gente comum, passaremos a aceitar como algo natural.
Malucos e políticos incompetentes ficarão no topo da hierarquia prometendo algo que nunca farão. Da forma como tudo vai ficando, só pode piorar. Hoje, os 0.9 por cento mais ricos do mundo, detêm metade da riqueza mundial. Alguns destes, tal como Cristiano Ronaldo, para além de ricos, ficam símbolos de estatuto social.
Assim sendo, o futuro do povo “massa”, dependerá da boa vontade de uma pequena elite. Tambulakonta!? (vamos ficar atentos). Como uma catástrofe será muito tentador e fácil, mandar as pessoas supérfluas borda fora da Nau-Nação; a eutanásia em rigor, irá servir de justificativa como se o fora coisa comum.
É claro que o mundo está sempre em mudança; na década de 1970 os teólogos da América Latina inventariaram a Teologia da Libertação apresentando Jesus Cristo como um Che Guevara. E, afinal Jesus pode também ser recrutado para analisar o aquecimento global pois os princípios religiosos sempre surgirão eternos e usados em novas posturas políticas.
Enquanto o Papa Francisco lidera a luta contra o “aquecimento global” em nome de Cristo, sermões exaltados de pastores evangélicos, resistem à regulação ambiental com sermões exaltados. Ao invés de outros tempos, no século XXI as religiões não farão chover com procissões.
As mesmas, não curarão doenças com mezinhas, benzeduras e rezas com oxalá nem construirão bombas de matar mas, ainda serão elas, as religiões que determinarão quem faz parte de “Nós” e quem fará parte de “Eles”; quem devemos curar e quem devemos bombardear.
Seja a Arábia Saudita, o Irão, o Congo, Israel ou os USA, todas as Nações seguirão políticas mais ou menos capitalistas, todas vacinarão crianças contra o tétano ou sarampo, todas recorrerão a químicas e físicas e todos fabricarão bombas. Os Russos continuarão a fabricar misseis inteligentes, para delinearem fronteiras a seu gosto, matando gente e destruindo infraestruturas civis.
E, todas as sextas-feiras à noite as famílias judias sentar-se-ão à mesa para em família partilharem uma refeição especial vivida em alegria, gratidão e união. Na história, na política, na religião de cada qual, as pequenas diferenças podem originar grandes efeitos. O Mundo, ainda anda a reconstruir-se…
O Soba T´Chingange
A CAMINHA DA RECESSÃO – De cada 100 euros de PIB, 39% vão para o estado
Crónica 3345 – a 15.01.2023, em um Domingo
PorT'Chingange (Otchingandji) no AlGharb do M´Puto
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Winston Churchill afirmou que a democracia é o pior Sistema político, à excepção de todos os outros. Nesta e em muitas outras situações, as emoções humanas sobressaem às teorias filosóficas. Quantos cristãos, judeus ou budistas estarão imunes às singularidades do ego amando em realidade o próximo como a si mesmos!?
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Seres humanos, zangados, raivosos ou anciosos matam milhões de outras pessoas em desavenças, guerras ou acidentes rodoviários. Recentemente morreu um pensador nascido Joseph Aloisius Ratzinger e tornado Papa com o nome de Bento XVI; teremos de reflectir de vez em quando, pelo menos, em como depurar nossos programas de vida para nos livrarmos dos muitos e variados preconceitos humanos.
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Ao longo da estória, a dificuldade em fazer cumprir as leis foi uma boa protecção contra os preconceitos e erros dos legisladores. Se assim não acontecer, deve o estado intervir regulando o código de ética?
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Sim! Pois queremos um sistema em que as decisões de políticos falíveis, se tornem inexoráveis! Que não cedam a rogos nem a lágrimas se tiverem curriculum de FICHA LIMPA! Caso contrário será melhor ficarem no seu canto gerindo seu galinheiro. Que o seja como prescreve a Lei de Peter ou como o é a lei da gravidade de Murphy. Pude ler isto de outro jeito no livro de Ywal Harari em seu livro das 21 lições para o século XXI.
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E, também li algures que não estamos a fazer grande coisa para investigar e desenvolver as capacidades humanas, segundo as necessidades do sistema económico e político em detrimento de favores e benesses indevidas…
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Pode aperceber-se assim, que será possível que toda a riqueza de uma Nação e todo o poder fiquem concentrados nas mãos de uma elite ínfima, um Governo de Maioria Absoluta, famílias e afins, enquanto a maioria das pessoas, os cidadãos, sofrem não de exploração mas, algo muito pior: -De Irrelevância…
O Soba T´Chingange
A TEORIA DA MENTIRA
Crónica 3344 – 14.01.2023 em AlGharb do M´Puto
Por T´Chingange (Otchingandji)
Pesquisando vários pensadores acerca do tema da mentira, facilmente cheguei ao cerne da pesquisa: Mentir é dizer algo que não é certo, ou algo que é parcialmente certo de acordo com uma parcela muito pequena da realidade que a pessoa escolhe para discutir. Quando a estratégia de comunicação deliberada é baseada neste tipo de argumento para construir relacionamentos, constitui-se uma mentira através de manipulação, o que constitui uma grave violação à ética no trabalho (Pedace, 2011, p.109).
O mentiroso, antes de tudo, omite a verdade e, em seguida, elabora uma declaração alternativa plausível para o ouvinte, ao mesmo tempo em que oculta os sinais do nervosismo. Tal processo implica em um maior uso dos recursos cognitivos do que quando se diz a verdade (Williams, Bott, Patrick, & Lewis, 2013). Para filtrar as inverdades os novos candidatos a fazer parte do governo português, estes, ficarão sujeitos a um escrutínio por formulário composto de 37 perguntas ao qual responderão com um sim ou não. Isto não vai aquecer nem arrefecer e será simplesmente um mecanismo interno para poder ilibar o Primeiro-ministro nas responsabilidades de escolha co-responsabilizando de certa forma o Presidente Marcelo.
A proposta do tal formulário foi discutida na reunião semanal do Governo, em Conselho de Ministros, aprovada pelo Partido da Maioria Absoluta sem avançar detalhes sobre este mecanismo de escrutínio, dos nomes escolhidos para o elenco governativo com muitos edecéteras e por forma a “tapear” a opinião pública já tão saturada de inverdades, arranjos e práticas incestuosas no uso da palavra. O PM Costa socorreu-se da interpretação do "constitucionalista" Marcelo Rebelo de Sousa para clarificar os poderes dos órgãos de soberania.
"Devemos ser muito rigorosos nas competências próprias de cada órgão de soberania, a Constituição é muito clara", lembrando que os "membros do Governo são nomeados pelo Presidente da República sob proposta do Primeiro-ministro". E recorreu à interpretação de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o facto de o Presidente da República ter nisto "um poder substancial". Tudo indica que as futuras comissões parlamentares deverão, anunciar quais os géneros de mentiras que aceitam por parte dos convocados e quais os géneros de mentiras que, por parte dos convocados, não aceitam.
Tudo indica que aqui, vai funcionar um ardil para que o PM se iliba das escolhas sob o risco de serem elas, as comissões parlamentares, responsáveis por falta de adequada sinalização, e de o serem por elas convocados vítimas de um logro. Mas, lendo a teoria da mentira segundo Marcelo Rebelo de Sousa: As mentiras são substanciais e insubstanciais. Dividindo-se, porventura, as mentiras substanciais em mentiras muito substanciais, mentiras medianamente substanciais e mentiras pouco substanciais. E, porventura, dividindo-se as mentiras insubstanciais em mentiras muitíssimo insubstanciais, mentiras medianamente insubstanciais e mentiras quase substanciais. Pelo que as comissões parlamentares não deverão exorbitar. Será justo colocar todas as mentiras ao mesmo nível? Por exemplo, dizer que as mentiras muito substanciais valem o mesmo que as mentiras medianamente substanciais e as mentiras pouco substâncias?
Relendo o artigo de Artur Portela, escritor e jornalista chega-se à dúvida: “Não é justo. E será justo, por exemplo, dizer que as mentiras insubstanciais valem o mesmo que as mentiras muitíssimo insubstanciais e que as mentiras quase, mas só quase, substanciais? Que Eu (Artur Portela) permito antecipar-me ao meu querido e velho amigo desde os anos 70 e poucos, arriscando que, para ele, são aceitáveis, em sede de comissão parlamentar, quase todas as mentiras insubstanciais. Vamos, todas. E arriscando que são inaceitáveis, para ele, boa parte das mentiras excessivamente substanciais. Embora, porventura, não todas. Deixando passar as mentiras medianamente substanciais. E as mentiras pouco substanciais. Há que ser generoso. O Povo é sereno. E importa que a verdade não exagere”.
Metido neste molho de brócolos mais me certifico que a Mentira reina sobre o Mundo, digamos que é a frase que paira neste espectáculo encenado por António Costa, o dono do pedaço chamado de PMM - Partido da Maioria Absoluta. Hoje a mentira tem vários nomes, utiliza o utilitarismo, ordem social, senso prático. Ela, a mentira, como ordem social, pode praticar impunemente, todos os assassinatos; é preciso estar alerta… Onde estão então os limites entre a verdade e a mentira? Não são só factos que as caracterizam, mas a maneira como são vistos ou apreendidos, neste espectáculo que vivenciamos.
RESUMO: No contexto da interacção interpessoal, no qual são utilizados recursos comportamentais como gestos, expressões faciais, postura corporal e modulação de voz, destaca-se o fenómeno da mentira, que é caracterizada pela dissimulação de ideias, sentimentos e emoções. Mentir é um processo psicológico pelo qual um indivíduo deliberadamente tenta convencer outra pessoa a aceitar aquilo que o próprio indivíduo sabe que é falso, em benefício próprio ou de outros, para maximizar um ganho ou evitar uma perda (…). A mentira é um acto instintivo e funciona como uma arma de preservação social, no entanto, do ponto de vista jurídico, ela é avaliada por seu dolo, ou seja, pela intenção e pelo prejuízo moral ou material que causa (Castilho, 2011). Um indivíduo pode mentir por ocultação, quando omite informações verdadeiras, mas não apresenta informações falsas, e também por dissimulação, quando apresenta falsas informações como se fossem verdadeiras, retendo aquilo que sabe que é verdade… Fui!
O Soba T´Chingange
A GRAÇA - A CAMINHA DA RECESSÃO
Crónica 3343 – a 13.01.2023, em uma Sexta-feira - Ando a interpretar a Bíblia; só alguns trechos...
PorT'Chingange no AlGharb do M´Puto
Verifico que tal como Pedro, sou Impulsivo, irreflectido por vezes e, nem sempre vou na diapasão dos demais - penso por mim; não vou em cartilhas, em posturas mal desenhadas ou leis descabidas como este recente escrutínio formulado com trinta e tal perguntas para averiguar se, se tem Ficha Limpa em seu curriculum e, daí poder a vir a ter um lugar no Governo. Sou cada vez mais desconfiado porque nem sempre o que parece, transparece! O homem, não me infunde confiança...juro!
Pedro em sua sinceridade também friccionava sua mente com novos parâmetros e análise de paradigmas. Até segundo se diz e, porque se lê, parecia difícil vê-lo com alguém equilibrado, coisa diferente em mim que sempre ando com gente desclassificada dos carretos! E, ando por isso, muito descrente! Como ele Pedro, ora estou em um lado, ora estou num outro distante mas, agora tenho de ficar agarrado ao sofá ouvindo coisas repetidas na exaustão para preencher o tempo! Mas, vale a pena estar informado, sim! Em meus altos e baixos, nós os dois, em épocas longínquas falamos quando teria sido melhor permanecermos calados, curtir o NADISMO em sua plenitude, pois!
Ou também fazendo afirmações inspiradas, à semelhança da que vimos ontem e antes de anteontem, ou quando Jesus quis saber o que todos pensavam a Seu respeito: “Tu és o Cristo?!”. Ao ouvir o Mestre Messias falar da própria morte e do abandono de que seria vítima, Pedro falou: “Ainda que todos Te abandonem, eu nunca Te abandonarei!” - Esse, era seu problema: Queria mostrar-se forte, quando deveria expressar dependência; era rebelde! Foi quando então aconteceu o que Jesus, o Messias, previu: Pedro O negou. Tendo caído em si, arrependeu-se e por isso ganhou uma nova chance. Lembro esse meu tempo de fantasma que era noite, e a lua brilhava intensamente.
No entanto, recordo o ambiente pesado. O passado havia sido decepcionante, o presente parecia incerto, e o futuro, ameaçador. Pópilas! Agora acontece a mesma coisa, ando aqui metendo tudo na água sanitária, esfregar-me com gel, gargarejar com água salgada e usar muito sabão só para eliminar um invisível e extremamente perigoso diabinho... Também usar alho cru, que afasta as minudencias. Será? Pedro, naquele tempo, estava deprimido, moralmente caído. Se é verdade que a pescaria o ajudava a relaxar, talvez tenha sido essa a intenção dele quando disse: “Vou pescar”, no que foi acompanhado pelos outros parceiros. Isso, agora no 2022, não o poderia fazer sem ter uma especial licença retirada no caça niqueis estatal chamada de Caixa Multibanco. Naquela tentativa, Pedro fracassou. Todos temos um tempo, Noé!?
Aqueles pescadores profissionais tentaram pescar a noite inteira sem apanhar nenhum peixe. Eu pesquei no Auchan a troco dum crédito que o cartão cuspilhou! Dinheiro, hoje, assusta! Contudo, a noite de fracasso com Pedro, chegou ao fim, e os raios do Sol trouxeram-lhe mais do que um novo dia; veremos... Na casa de Caifás, um outro personagem, ele Pedro, pois então, havia negado conhecer Jesus, mas na praia, naquele alvorecer, o Mestre o esperava orientando o método correto para o êxito na pescaria. Naquele tempo não existia um Costa, um Primeiro-ministro auxiliado por um Merdina, cobrador de impostos; era tudo assim mesmo, governamentalizado na palavra…
Pedro teve azar, mesmo; porquê?! O Costa actual, explicou e bem tim-tim por timtim como pescar com máscara no Auxan, assim e assado e só depois frito ou cozido; de preferência português porque peixe chinês, está provado, trás vermes! Naquele tempo de há 2022 anos, mais coisa menos coisa, um tal de João O reconheceu, Pedro se apressou a encontrá-Lo. Porque precisava Dele naquele momento! Pedro sentiu que Jesus ainda o amava e se interessava por ele. Ficou taciturno... E, quando os demais chegaram, o desjejum já estava pronto.
Foi naquele ambiente restaurador que Jesus fitou profundamente os olhos e o coração de Pedro e lhe perguntou três vezes: “Você Me ama?” E tantas vezes quantas O havia negado, o discípulo respondeu: “O Senhor sabe que eu O amo, Senhor!”. E recebeu a missão! Cuidar de nós vindouros... Pedro ainda estava nos planos do Mestre, apesar de suas fraquezas...
Bom dia de Sexta Feira 13 com uma feliz semana. Curioso ser aquele encontro animador para nós, porque nos identificamos com Pedro, digo eu. Eu explico: Somos trambiqueiros por natureza, dizemos hoje o que amanhã reclamamos; somos inconstantes e até outras coisas nada abonatórias mas... E, afinal Pedro também o era! Se em Jesus vemos nossas possibilidades, em Pedro vemos nossas fraquezas! E, foi ele Pedro o fiel depositário das chaves de nosso curral - este nosso Mundo, Noé?! Afinal, existe algo que a GRAÇA não possa superar?
O Soba T'Chingange
T’XIPALA DO M´PUTO - FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA
Candengue da Maianga - Mau-olhado – Xicululu – Crónica 3342 – 09.01.2023
PorT´Chingange (Otchingandji) no AlGharb do M´Puto
Desengrenando o meu disco a fim de dar arrumo a todas as mokandas, na rapidez, desconsegui acompanhar a velocidade do pensamento. No espaço de lembranças com odor de tamarindo e gajaja, o branco kandengue que era eu, teria os meus seis anos quando fui tirar a minha primeira fotografia no largo Serpa Pinto. Minha mãe Arminda da Maianga reparou que tinha um escuro de tição no rosto e, ali, entre as acácias da minha rua da Maianga, tirou um lenço de linho de sua bolsa, molhou na língua para amaciar e esfregou este no meu rosto como se eu fosse um gato
Uma gata a lamber seu filhote que era eu. Lembro-me de ter barafustado com coisa tão díspar e chorei de raiva até chegar ao fotógrafo que se situava no largo de Serpa Pinto. A fotografia tirada naquela máquina caixote, com manga preta de esconder susto, parece agora, ter andado num tornado castanho de fúria amarela, pontilhada a cagadelas de mosca.
O relâmpago daquela coisa susteve-me os últimos soluços. Desconsegui saber que já era hiena antes de saber que bicho era esse – um puto reguila da mulola do Rio Seco. Depois foram os apitos roucos dum barco que chegava a um cais, muitas casas compridas e homens em tronco nu segurando um saco com malas de chapa pintadas, bikwatas e cacarecos vários. Gritando ordens e, entre eles dizendo palavrões mais um mwadié branco como eu gesticulando ao homem aranha pendurado numa coisa chamada de guindaste; deveria ser o capataz.
Era um tio que estava chegando do M´Puto. Grandes máquinas circulando com luzes a piscar na água; muita água balouçando o azul na linha de horizonte mostrando uma ilha que mais tarde vim a saber ser a ilha da Mazenga; uns peixes brincavam voando ao redor duma cabeça e tripas, talvez dum roncador ou mariquita. Por força das circunstâncias, coisa que me transcendia, meu tio Zé, o Nosso Senhor topeto teve de atravessar o atlântico num vapor de nome Uíge.
Meu tio chegou assim calças largachonas, um chapéu palhinhas muito usado na época, de um branco besugo avermelhado pelo sol do equador. Recordo agora as fotos com ele sentado junto à mandioqueira que dava sombra ao tanque de lavar, uma selha feita de uma metade de pipo de vinho, aduelas do tintol do M´Puto baptizado com água do Beno na loja do Senhor Rente Cruz, o tio do Tony Melo, mais uma tábua ondulada aonde a Dona Arminda esfregava as flanelas da família.
Aquela foto era para entregar no Colégio João das Regras junto ao Martal – Martins e Almeida para compor meu livro de aluno. Até sobraram para mais tarde, um outro colégio chamado de Moderno que ficava bem junto da estação de Caminho de Ferro da Cidade Alta. Lembro-me de ter lido algures que o vapor transatlântico Uíge, tinha escrito numa bandeira, Companhia Colonial de Navegação.
Naquele tempo que pensava ser um kamundongo, percorria os bairros desde a Maianga até o Bairro do Café, com os pés entrançados na grande bicicleta do meu tio Zé Nosso Senhor; assim mesmo feito chambeta, calcorreava a Luua, as encostas dos musseques com o Pica mulato que mais tarde virou oficial superior do glorioso MPLA. Isto de glorioso era ele que dizia, mas o tempo escondeu-nos do convívio, tal como o Aninhas das motas, seu irmão, mais o preto Batalha do Catambor.
Sem sabermos, construíamos todos os dias uma descolorida amizade, impregnada duma vivência que o tempo dissolveu por ideias ou ideais mas Luanda estava ali mesmo, ai-iu-é! Naquela foto de menino, eu não tinha verdadeiramente uma cor de gente; era assim como um boneco com umas calças de ganga grosseiras, sarapintado de manchas a descair sobre uns sapatos quedes da macambira.
Vendo-a, a foto amarelecida, podia passar por uma cor de pele das que os meus amigos tinham. Podia muito bem ser cafuzo, matuto ou mameluco mas, só era mesmo um mazombo, filho de colonos saídos do M´Puto com uma carta de chamada. Até Pica e Batalha, duvidavam que eu fosse mesmo branco! Subia ao coqueiro com a mesma agilidade deles, matava sardões com a mesma pontaria de fisga tiradeira e tinha o mesmo jeito para apanhar rabos-de-junco, plim-plau, xiricuatas, celestes e januários nas lagoas do Futungo ou um qualquer charco de Belas.
Íamos lá longe por detrás do aeroporto de Belas, Craveiro Lopes apanhar pássaros na rede. Mais tarde num dia de inspirada arte, com muito jeito, pintei de branco a minha t’xipala mas, não se parecia. Só Necas me levava a sério chamando-me de Mandrak. Um dia após uma investida de valentia no quintal do Malhoas às maças da índia, gajajas e goiabas, mostrei a dita foto à turma dos “salta muros”; a minha turma! Ué… Seguiram-se risadas desconformadas - Foi um chinfrim que trespassou o silêncio muito para além do Almeida das Vacas, o rio seco, as bananeiras.
Aquele riso não era verdadeiramente de alegria; era, isso sim, um misto de valentia lambuzada na gozação pois que parecia ser mesmo um besugo. Pica, pulou de macaquice, chamando-me de T’Chingange da Manhanga. T’chingange?! Naquele tempo perfumávamo-nos de ignorância atrás do carro da tifa chamando de monangamba aos trabalhadores da recolha do lixo. Mais tarde, fiquei a saber que aquela figura, T’Chingange, era gente de verdade; pintados com argila branca ou cal, no terreiro do kimbo, pulavam como que possuídos de katolotolo…
Glossário:
T’Chingange - um misto de feiticeiro, justiceiro, advogado do diabo (de quem se tem medo); mokanda - carta; M´Puto - Portugal; kandengue - moço, rapaz; kamundongo: Kaluanda - natural de Luanda, rato; rabo-de-junco - pássaro; t’xipala - fotografia (de rosto); besugo - labrego ou simplório, chegado do M´Puto - (gíria de Angola); monangamba - trabalhadores sem classificação especial (pejorativo); kimbo – sanzala (planalto central de Angola), povoado; Carro da tifa - desinfestação de ruas ou quintais para matar o mosquito e outras pragas; selha: Meio barril feito de aduelas; quedes: sapato simples de ténis, em pano; Manhanga: o mesmo que maianga, charco ou poço de água; catolotolo: Zuca, mal da cabeça, maluca, passado dos carretos, com feitiço…
O Soba T´Chingange
UM POR TODOS, TODOS POR UM - Meditação do T'Ching
Depois da SEXTA-FEIRA vem o SÁBADO... Vamos ver se nos toca algum desse tal pacote de RESILIÊNCIA…
Mau-olhado – Xicululu – Crónica 3341 – 06.01.2023 dia de REIS
Por T´Chingange (Otchingandji) no AlGharb do M´Puto
Se um membro sofre, todos sofrem - deveria ser assim! Poucas coisas na vida, são tão tristes quanto alguém insinuar a disposição de deixar de estar... Algumas vezes, o motivo apresentado é de abandono, desiludido, amargurado e, um sem numero de adjectivos ou e, também o de ficar sem vintém. Isso! Sem ver a cor do dinheiro...
Em muitos, é a falta de apoio e solidariedade, quando a pessoa enfrenta momentos extremamente difíceis, sem trabalho, sem ânimo por falta de condições para continuar. Essa indiferença com alguém ou grupos de gente, em especial como os muitos velhos, creio que 35.000 em lares ilegais, que é sempre desoladora. E, perguntar-se do porquê do estado, ter descuidado esta gravidade!
E, os políticos da oposição que nem tudo apontam à gestão do Costa! Que dizem amém a tudo fazendo de avestruz nos casos cruciais. O PCP só lembra os trabalhadores, o PSD anda na concórdia, os outros andam distraídos não falando de outros desvios que voam na TAP. Isso! Daqueles preços super facturados na compra de aviões, na ordem de 20 a 30 % perfazendo milhões em luvas, desvios para as contas de alguns. Aqueles tão falados 500 mil dados a troco de silêncio a uma alta funcionária, é só um entretém!
Justificativas defensivas e bolinhas de sabão por parte da comunidade e grupos do poder não ajudam a clarificar o que tantos sabem e teimam em não querer saber! Mariolas, afinal, somos todos irmãos em Cristo e devemos nos importar uns com os outros, Noé? Charles Swindoll, um sociólogo, cita um pensamento profundo de John Donne, poeta e pregador inglês do século XVII: “Nenhum homem é uma ilha inteira em si mesmo; todo homem é uma parte do continente, um pedaço do todo”.
Antes da criação de Eva e do Adão declarou-se: “não é bom que o homem esteja só” – a fim de que todos sejam um” São símbolos que devem estar sempre presentes! São estas e apenas, algumas das referências que se indicam na pertinência do envolvimento entre cristãos; mesmo entre gente que se diga ateu - porque o ser ou não ser, não o isentará de só ser mais UM
Não parece haver dúvidas de que este envolvimento será um dos grandes efeitos da conversão e necessidade de comunhão tendo como fundamento o amor sincero. Sobre os dons espirituais, também nos podemos comparar a um corpo cujas famílias que compõem uma tribo, uma nação, neste caso o M'Puto - Portugal, todos diferentes e com funções distintas, são tão interdependentes a ponto de um ser afectado pelo sofrimento do outro ou pela honra a esse outorgado.
“Se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um membro é honrado, com ele todos gozarão de honrarias. Assim deveria ser mas não, Noé! Temos o simples, o lei-off com empresas que necessitam e outras contempladas que não o necessitariam! E, muitos aproveitamentos! Convém que nos envolvamos mutuamente, alegrando-nos com os que se alegram, chorando com os que choram, e não que vivamos como ilhas.
Como diz o livro dos livros: “Acima de tudo isto, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição... Instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em sabedoria” num distanciamento salutar, obrigando os perdigotos a ficarem isolados! Tenham um Bom dia de REIS no sofá, na poltrona, na butaca, no mukifo, na cubata, no chalé ou no chulé com parede de taipa... Conforta saber que, em um mundo indiferente, talvez alguém nos ame e se importe connosco. É bom pensar assim! Em algum lugar, outro alguém precisa sentir que fazemos diferença em sua vida. Vamos ver se nos toca algum desse tal pacote de RESILIÊNCIA…
O Soba T'Chingange...
A GRANDE TRAGÉDIA - Depois da QUINTA vem a SEXTA-FEIRA...
Mau-olhado – Xicululu – Crónica 3340 – 05.01.2023 na Meditação do T'Ching
Por T´Chingange (Otchingandji) no AlGharb do M´Puto
Harmonizar a existência do sofrimento com a realidade é talvez, o mais antigo dilema da mente humana. Em busca de respostas, mergulhamos em especulações que resultam normalmente em dúvida e descrença. Com o pensamento voltado na busca de satisfação de alguma coisa pequena, alargamos sua importância de forma desmedida. Calma! Tudo irá passar...
Epicuro, filósofo grego, não entendia o que lhe parecia ser a inércia de Deus diante do sofrimento humano. Hoje, perante esta pandémica situação covidesca, que ainda por aí anda, muitos apelam a Ele como recurso e, as respostas não chegam como se pretendia! Numa amostra de descrença e irreverência em uma argumentação na qual se questiona o poder, a bondade e a existência do Senhor, adentram-se em considerações que nada têm de humilde seguidor...
Cá por mim, já estou comendo terra antes que ela me coma. Verdade! Argila verde com radioactividade e, que tem zinco entre outros minerais espaciais. De facto, não podemos entender plenamente todas as nuances do sofrimento, pintando-O como injusto e até tirano, mandando às urtigas os ensinamentos; isso é com os outros, digo eu ao diogo. Se o sofrimento continua a magoar não será causa de inércia, conivência ou impotência da parte da Natureza porque as perdas e singularidade são-nos inerentes; teremos de ser nós a cuidar-nos com a integridade e confiança possível ou admissível. O mesmo ar que respiramos com seu oxigénio, oxida-nos no tempo como se o fossemos um tubo de ferro.
Por mais cruel que seja o sofrimento com todas as suas perdas, a maior tragédia é sempre deixar de confiar nessa fé que sempre dizem mover montanhas... Ou mato, ou morro! Para onde ir? Como é? Como foi? Pois se até o ferro que é duro enferruja! Mas sempre consciente ou não, levaremos a Ele as cargas que nos oprimem, enquanto aguardamos... Quantos pára-brisas de carro, pau de arara, camião TIR têm pintado: "Deus, é fiel"
Malembemalembe! Cada qual tem de esperar na beira da vida pelo seu machimbombo. Quer se dizer: devagar se vai ao longe... Hoje ou amanhã sempre haverá aquele momento em que, “desde o minúsculo átomo até o maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza sucumbirão". Sempre irá ser assim! Na imperfeita alegria, na leveza do ser, teremos de encarar normal esse conflito - Nem grande, nem pequeno! Sempre foi assim… Amanhã será SEXTA-FEIRA, teremos futebol, depois virá mais bola até fim do campeonato! Vamos aproveitar o Sol, a chuva e um dia novo que como missangas lhe seguirá um outro. É a vida...
O Soba T'Chingange
MEDITAÇÃO DO NOVO ANO DE 2023
*PLANO ÚNICO* - UM DIA DEPOIS DA MORTE DE BENTO XVI AOS 95 ANOS DE IDADE...
Crónica 3339 de 01.01.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) em Lagoa do M´Puto
De acordo com uma lenda, quando Jesus ascendeu ao Céu, alguns anjos se mostraram curiosos para saber algo mais a respeito da experiência Dele na Terra e foram interrogá-Lo a respeito: “O Senhor fundou um grande movimento! Quantos seguidores deixou?”
Jesus teria respondido: “Geralmente Eu atraía grandes multidões, mas deixei apenas 11 discípulos, alguns poucos amigos e dedicados seguidores.”- Bem, continuaram os anjos: “sendo tão poucos, certamente devem ter sido seres humanos excepcionais, dotados de excelente carácter, pessoas influentes em suas comunidades e de sucesso profissional.”
CA - A resposta teria sido: “Realmente, eram fora do comum: alguns pescadores, um colector de impostos, pessoas simples. Os anjos continuaram: “Nesse caso, formavam um grupo extremamente leal e confiável!” Jesus: “Eles tinham uma vontade imensa de ser leais, mas, no momento mais crítico, um Me traiu, outro Me negou, e quase todos os outros fugiram.”
“E o Senhor ainda espera que esse grupo continue Seu trabalho? Tem algum plano alternativo?” - Jesus teria respondido: “Não, não tenho plano alternativo. Esse é o grupo com que posso contar.”- À parte da lenda, o facto é que os discípulos aos quais o Mestre incumbiu a tarefa de pregar o evangelho e estabelecer Sua igreja eram repletos de limitações. Mas não foram limitados na esperança de que Ele cumpriria a promessa de enviar o Espírito Santo que os capacitaria com poder para testemunhar.
Esperaram conforme a ordem (Lc24:49), “unânimes em oração”, em profundas e sentidas confissões, conscientes de sua incapacidade, até que, no Pentecostes, foram cheios do Espírito. O livro de Actos está cheio de factos reveladores da ousadia com que pregavam, do poder com que realizavam milagres e da pureza de vida que os caracterizava. Somente no poder do Espírito foram capazes de cumprir seu papel missionário, apesar da oposição. Para alguns, nem a vida era tão preciosa que não pudesse ser deposta no altar do sacrifício. A transformação foi radical. A igreja débil se tornou invencível!
Bom dia, feliz ANO. Com aquele grupo, Jesus iniciou o trabalho. Com o grupo do qual fazemos parte, Ele planeja concluí-lo. Não há plano B. A promessa contínua a mesma: “receberão poder”. A busca desse poder é uma experiência diária e individual. O Espírito Santo não será derramado sobre papéis, cofres, computadores, câmaras, edifícios, mas sobre pessoas como você, eu, ou o Papa Francisco
O Soba T'Chingange
Porque depois de amanhã! Depois de Amanhã?! Pois será outro dia…
DPOIS DE AMANÃ, SERÁ OUTRO ANO - 30.12.2022
Crónica 3338 em Amieiro de Arazede do M´Puto
Por T´Chingange
Como à cinco anos atrás, de novo aqui voltei. Levantei-me tarde, eram horas de tomar banho, vi-me ao espelho sem óculos e fiquei espantado com minhas sobrancelhas! Nem Álvaro Cunhal as tinha assim tão desaklinhavadas. Procurei uma tesoura para as cortar, busca e rebusca e só encontrei um corta unhas. Bom! Estava em casa de Mfumomanhanga e, era até normal desencontrar o pretendido. Mas um corta unhas serve pró efeito! Aproximei o rosto ao espelho e mais parecia ver uma cratera com riscos e, lá estava bem junto ao olho esquerdo um senhor cabelo preto e grosso com um quilómetro de extensão, salvo as proporções da mirada. E cortei o dito-cujo ouvindo-se um estalido e, depois ouvi-me mesmo dizer em vos alta: Já está!
Numa busca mais apurada e, já tinha pelos e cabelos dinossáuricos em tudo quanto era buraco, orelhas com pretos encaracolados e, brancos e grossos das sobrancelhas que foram cortados num pisca-pisca, as pestanas a tremer de medo e a menina dos olhos a engrossar-se de receios. Mas convém dizer aqui que Mfumomanhanga Xkalibur é meu filho – vulgo Marco! Vim a casa dele passar o Natal e acabei por ficar até o fim de ano porque é neste dia último que fará seus 50 anos de idade. Bem! Quando começou a fazer parte da Kizomba dos mais-velhos foi-lhe dado esse nome que vem de m´fumo que quer dizer chefe e Manhanga que era a velha forma de se chamar a Maianga, sítio de nascentes com água boa para se beber lá na Luua. O grande problema gora é que ainda continua chefe de nada… enfim!...
Tomando banho com água bem quentinha, saída da serpentina, meio-dia mesmo, os pensamentos vieram assim procurar-me para dizer que minha vida me fazia escorregar só assim gordote, careca e tisnado nos contrafortes, mataco balofo e chocho, minha vida afinal não era mesmo como antigamente. Háca! Já não ia sempre nas farras nem kizombava meus merengues naquela banga swinguista kaluanda, mesmo nada, só mesmo deixar o tempo passar, comer e beber. Aiué menino Tonito naqueles tempos te conhecia logologo mas agora xiii, nem mesmo, só pensando, digo navegar os olhos naquele tempo de Lifune e cassoneira, botar fuba na água pra chamar peixinho dos cacussu, mesmo de fazer biala de zuza. Tu tás mesmo velho, patrão, diria agora o Chiquinho Pernambuco.
Pópilas! Nem sempre homem, nem sempre jovem, já mais velho, nos intervalos, aprendi a aprender, a ser grande. Hoje mesmo, vou-me ensinando a ser gente tomando aqui e acolá, por onde calha, o saber dos mais sábios para ficar esperto, dos amigos mais simples aos meus insuspeitos inimigos também. Já sem cabelo, rapo o que resta ainda mais curto até ficar zero que nem a monaliza e mão-na-liza. Li-me no espelho e fiz-me gaifonas vendo as rugas enquadradas num diferente tempo de pó de variadas espessuras, nem sempre alegres, nem sempre tristes, por vezes vaidosas. Vesti lãs frescas, despi-me de calor e desabotoei o único botão.
Calcei pantufas quentes, ultima oferta de natal, pisei descalço os ladrilhos de verde esperança e azul-turquesa. Fui ao computador ocupar o tempo, escrever a mokanda, li poemas do Zeca e do Edu, reli baladas e muitas tretas de fazer caretas; ouvi cantigas, muitos gostos, li desaforos, coisas choradas, lamuriadas, cânticos gospel humedecidos, vídeos foleiros, alguns brejeiros e fui à China comer baratas. Verdade, mesmo! Ouvi as balelas vulgares do rolha presidente e a saída do Nuno da TAP, da desgovernamentação do Costa com Marcelo e Companhia e, da tomada do Lula como presidente no Brasil…
Mas a confiança ficou periclitante com as demais noticias da Ucrânia, a morte do Pelé e também da Linda de Susa, uma cantora bem conhecida em Paris, a segunda cidade portuguesa, A confiança aui neste porém, tinha fugido mesmo no antigamente com os pássaros pírulas a continuar gritar assim como nos braços do imbondeiro gordo. Enaná ué-ué! Melhor ficar assim mesmo e falar com meus kambas nas falas de Bom Natal 22 e um 2023 com muita bangula. Ver amanhã da janela, o fogo dos artifícios e na TV o fogos do Funchal acima dos 18 graus centígrados.
Darei meus dez dedos de parabéns a meu filho Mfumomanhanga Xkalibur, vulgo Marco, não lembrarei o que queria e deixava de querer – cada qual é que vai saber, que ele não esquecesse de bombar seus cinquenta anos com enxurradas de luz. Pra passar o tempo, comi bolinhas de suspiros, sonhos de abobora, gelado de sape-sape e tamarindo, mangaba só de pensamento! Sol malé! Ceu tapado de frio. Pensando no Chico Honório, meu cunhado que muito mal, está no hospital. Caté botei missangas de vida pra ele com magalas, malas e gente com galões mais brasões; comboio fumaça, vapor que apita, trópicos e equador.
Parti para outro e, mais outro e outro lugar, sem me encontrar. Teci-me na linha dum destino só meu. Criei a teoria do esquecimento, burilei-me nela e voei entre nuvens turbinadas de sucção, aspiração, compulsão e impulsão, vida de cão. No calor do tempo queimo cansaços, fracassos vazios, decepções e até solidões, também! Criei projectos, levantei paredes, agora nem quero saber, só mesmo comer! Depois de manha será outro dia e novo ano. Mais nada! Mungweno…
O Soba T´Chingange
A CAMINHA DA RECESSÃO - Os mecanismos de manipular o cérebro
Crónica 3337 – Em Coimbra do M´Puto a 29.12.2022
Por T'Chingange
Divididos entre a nossa alma eterna e nosso corpo efémero, teremos de definir o que vai ser importante saber, até se ter um tal de doutoramento e ser-se lançado à feroz competição social com lutas politicas até alcançar os luxos não básicos. Em verdade, tudo anda muito baralhado no que concerne à racionalidade humana. No tocante a países e lembrando a Grã-Bretanha em recentes episódios do tal chamado de Brexit, nunca o cidadão comum deveria ser chamado para se decidir escolha entre o SIM e o Não.
À esmagadora maioria destes, gente comum, faltava-lhes as necessárias bases de economia e o devido conhecimento de ciência política para serem chamados a votar! A iliteracia nesta área é voraz, até para quem se julga saber tudo… Esse livre arbítrio profundo e misterioso da liberdade, viu-se que nem Boris Johnson tinha a afincada aptidão para interpretar a Europa. Pode agora concluir-se que o tal de referendo sempre se prendeu aos sentimentos humanos omitindo ou não observando com acuidade a racionalidade humana em questões económicas ou em políticas específicas.
E, sendo assim, se um profissional recolector de lixo tiver esse tal de livre arbítrio, em todas as matérias, poderá dizer-se que a política democrática irá transformar-se paulatinamente em um espectáculo de marionetes; a fonte de autoridade muito rápidamente mudou das divindades para os homens de carne e osso e, tudo indica estar a mudar-se dos humanos para os Algoritmos.
A revolução tecnológica progressivamente irá instituir o ALGORITMO como a autoridade máxima; assim e em breve, a partir de antes de ontem, os algoritmos informáticos dar-nos-ão melhor concelhos do que os sentimentos humanos, destituindo o “livre arbítrio” destronando nosso mecanismo bioquímico. O nosso reino interior irá para o espaço porque o algoritmo biotecnológico será capaz de monitorizar e melhor compreender nossos sentimentos; melhor do que nós próprios.
O “livre arbítrio” irá desintegrar-se à medida que as instituições, governos, empresas e sindicatos condicionem nossas vontades, nossas escolhas. Isto já está a acontecer! Falando do nosso mundo envolvente relembro as falas de António Lobo Antunes. “Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida. Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.
“Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos. Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal-agradecidos, protestamos”. Eles, os políticos, deixam de ser ministros e a sua vida vira um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados”.
“Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram ao litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade. Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão”.
“O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal”. Por hoje chega meus amigos…Fui!
O Sob T´Chingange
NUMA ZUELA BURUNDANGA NA TEORIA DA INVEJA
- Mau-olhado – Xicululu – Crónica 3336 – 20.11.2022 – Republicação a 28.12.2022 em Arazede do M´Puto
Por T´Chingange (Otchingandji)
TEORIA DA INVEJA … A inveja segundo o dicionário é um substantivo feminino com origem latina. Ela vem da palavra “invidere“, que significa “não ver”. Assim, de entre seus significados vemos o sentimento de cobiça à vista da felicidade, da superioridade de outrem; sensação ou vontade indomável de possuir o que pertence a outra pessoa, o objecto, os bens, as posses que são alvos de inveja. A inveja é um fenómeno humano universal e intemporal. Faz parte da estrutura do psiquismo humano e actua sobre a cultura humana e a organização social. Ela é um dos maiores tabus da humanidade. Proibida pela Bíblia, como pecado (na tradição católica, a inveja é um dos sete pecados capitais).
Pessoalmente nunca soube lidar com a experiência emocional da inveja; nem da minha, nem da dos outros, negada por quase todos e exteriorizada com toques de ressentimento e rejeição. Consultando alguma literatura, verifica-se que a inveja é pouco estudada e, acerca dela, pouco se tem escrito. Na generalidade refere-se que não há dignidade neste sentimento. A raiva e o ódio extremos podem ser explicados por uma razão nobre qualquer, mas a inveja sempre representa um sentimento obscuro, sem justificativa legal, mesquinho e isolado, fútil, escondido como convém aos bandidos, ladrões e assassinos. Nos dias de hoje, a inveja surge refinada nos padrões de comportamento na gente de alto coturno, dirigentes de nações. E, surgem iminências pardas detrás de ideologias que pregam a igualdade, motivados crimes, políticas e revoluções. Pois bem, diferentes, somos todos e, haverá que aprender a lidar com estas diferenças. Será que isto é possível?
Entre os vários conceitos de Inveja pode também ser definida como o sentimento de frustração e rancor gerado perante uma vontade não realizada. Aquele que deseja as virtudes do outro é incapaz de alcançá-la, seja pela incompetência e limitação física, seja pela intelectual. Álem do mais, a inveja pode ser considerada um sintoma em certos transtornos de personalidade. É possível encontrar esse sentimento em pessoas que possuem o “transtorno de personalidade passivo” e, também em quem tem o “transtorno de personalidade narcisista”.
Como se aprende a lidar com as diferenças? Como se convive melhor com a injustiça primordial da existência humana? O que fazer quando eu sinto inveja? Como lidar com a inveja alheia? Será que eu provoquei inveja alheia? Quem me inveja pode fazer-me mal, o famoso "olho gordo"? Estas são as questões que me motivam a pensar neste tema. Por isso posso propor não nos calarmos sobre temas vergonhosos, percorrendo este árido caminho antes de supostamente se começar a conceber um terrível plano de vingança tendo como objectivo arruinar seus inimigos.
Não obstante, atire a primeira pedra, quem nunca a sentiu! Se nunca desejou mal a alguém por algum atributo que nele você admirava. Se jamais evitou situações que o confrontariam com aqueles que exibem qualidades que você não tem, ou nunca tomou partidos apenas para não favorecer aqueles que possuíam aspectos que você cobiçava etc. "Praticamente, tudo o que traz felicidade estimula a inveja" dizia Aristóteles. E talvez você também nunca tenha pensado que sem a inveja, e a consequente capacidade de sempre estarmos nos comparando e nos vigiando mutuamente, talvez não tivéssemos o desenvolvimento dos sistemas sociais a que todos pertencemos.
Porque ela, a inveja, jaz soberana, como eminência cinzenta, por detrás das políticas sociais e económicas e de quase todos os movimentos revolucionários da história da humanidade. Vive-se este lema da inveja com grande intensidade todos os santos dias e, ao mais alto nível, em todas as latitudes lançando por terra essa tão apregoada "igualdade, fraternidade e liberdade"…
Ainda a título de curiosidade nós habitualmente não invejamos os reis e rainhas e suas fortunas acumuladas sem trabalho braçal, mas podemos invejar nosso vizinho de porta, porque ele comprou um carro novo. A história de Caim e Abel parece ser a metáfora certa para ilustrar este sentimento. A inveja é em verdade o maior tabu humano não falado, todos a sentem, mas poucos admitem, o que torna o seu estudo difícil e indirecto. Curiosamente, entretanto, quando honrosamente revestida desta carcaça ideológica da igualdade, ela se torna o baluarte da justiça humana. Pude ler no brilhante livro de De La Mora (1987) a "Inveja igualitária", o argumento pela saudável necessidade da diferença e pelo absurdo de se imaginar que a igualdade possa ser conquistada pela coerção ou demagogia.
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
Mau Olhado – Xicululu – Crónica 3335 – 12.11.2022 - Republicada a 27.12.2022
- NUM ZUELA BURUNDANGA ASSIM SÓ NOS BAZA INSPIRAÇÃO AMI! Mokanda antiga do meu Kamba ZEKA MAMOEIRO da MAIANGA DA LUUA
PorT´Chingange (Otchingandji)
Kamba Kiami Ami Tonito! Tuas fala doeu nos meu Muxima: "ter virado intelectual das mulolas do katekero" que virou poeta no integralmente, quersedizer pirou no katotolo"!!! Kamba Kiami Ami! Te digo só no verdadeiro, estão nos quieto dos esteira das minha kubata! Ué! Mazé bwé descansam, nos recuperação dos gigler dos inspiração...!!!
Tambula conta! Lello faço essas mistura..., o quê? Ah!!! O Iogurte metido nos cabaça, com os painço e os massambala, tudotudo no n´guzo do pilão, assim de massemba, como nos chão riscado dos Marítimo de Loanda! N´ga! Sakidilá! Lagartinha Mopane, dos teu envio caixinha cartão dos Mu Ukulu!
Sim os teu milongo dos Lagartinha, os teus torresmo medicinal, que soeu dos meu medo, recusou bwé Matumbu!!! Te digo que foi os papel receita (acima) do Doutor dos Maria Pia, dos especialidade dos motricidade dos dieta com os cereal que pra soeu recomendou, por caso dos intestinos precisar romper os câmara d'ar, assim, num precisar sequer, os prego fininhos, que bota nos ar os quixotes de carnaval!
Intão, como é...! Xé! Como nesse mesmomesmo dia dos alegria de bwé estouro de cheirinho de bombinhas...,no corso patrício da uuabuama Marginal...
KATÉ MINGU – ZECA, na minha kubata
Explicação do Kamba T´Chingange: Faz tempo, mandei uma caixa de mopane (catato) para o Zeca que comprei no Zimbabwé. Era para ele matar saudades pantagruélicas da nossa terra de áfrica mas, sucede que ele ficou com muita cagufa de comer aquelas lagartinhas.
Vai daí, escreveu-me esta carta mokanda da qual só eu mesmo consigo interpretar… Mayanga ai-iu-é, que tanto berridei por esse tempo de paixão que enricou meu coração no uuabuama, chão colonial, disse ele. Desde esse tempo de miúdos candengues, assim vivemos coleccionando fugas com fisgas, como quando descalço, chutávamos a bola, trumunos de trapos no chão das barrocas, da mulola do Rio Seco, de quando subíamos na mulembeira a retirar visgo…
Ilustrações de Costa Araújo
O Soba T´Chingange
ANGOLA, TERRA DA GASOSA – Parte XVI - Crónica 3334 – 04.11.2022, em Messejana do M´puto – Republicada a 26.12.2022 em Arazede do M´Puto
CORRIA O ANO DE 2002 – EM TERRA DE MATRINDINDES
“Angola, quanto tempo falta para amanhã? Háka!” - Escritos antigos - Em Julho de 2002 (quatro meses após a morte de Jonas Savimbi - 22 de Fevereiro de 2002) - "O futuro anda empenhado ao diabo”...
PorT´Chingange
Aquele dia de domingo estava com uma temperatura amena, algo habitual em tempo de cacimbo. Eu e Chiquinho resolvemos dar uma volta a pé pulsando a vida real na admiração de pormenores, reparando as montras existentes com produtos variados ou publicidade às suas actividades. Em uma, curiosamente tinha a indicação manuscrita em cartão: “Vende-se gelo caseiro”; alusão a água filtrada, metida em sacos de plástico de uma qualquer geladeira chamada de frigorífico, de um lar normal. Cheguei a comprar deste gelo, do que cada um produz em sua casa para poder beber meus gins com água tónica, para espantar mosquitos em fim de tarde.
Viam-se muitas montras desactivadas, ocupadas com trastes ou tendo gatos a dormir curtindo a Kukia vespertina. Na rotunda e bem perto da Catedral de Benguela, resolvi trocar uns dólares junto às kinguilas cambistas; explicando para quem não sabe, estas pessoas, normalmente mulheres, agitam maços de notas retiradas de balaios como se o fossem laranjas ou tamarindos. Sempre se sinalizam assim quando surge um potencial turista ou forasteiro com necessidade de trocar dólares ou kwanzas - não há regra fixa para se chamar a atenção, é pela pinta!
Dispus cem dólares e, eis que a kinguila faz-me reparo de que as notas tinham a figura de Washington com a cabeça pequena e que, não podia mesmo trocar – Ué!? Como é então mamã, faço como? Não tenho ordens de aceitar, disse a senhora idosa. Nem fiz maka de confusão e do como assim, passei só a ver se tinha mais kúmbu verde com a esfinge do Tio George Washington em tamanho grande e afinal até tinha, troquei. Nada falei, caté porque sempre desconfiam das pessoas que muito perguntam, assim nos entretantos fiquei a saber que apareceram no mercado muitas notas falsas e, eram exactamente as do Tio Gringo no tamanho pequeno. Bem, quanto a Euros, nem sabiam bem o que era isso.
Talqualmente como em Luanda, aqui na terra das acácias, também havia as boutiques: “Rabo no ar, Tira bikinis ou de Paga e leva” assim do género Rock Santeiro, ou o Fardex dos tempos coloniais - mercados com novas calamidades. Na parte da manhã tive tempo de assistir parcialmente à missa admirando as vozes do coro naquele tom africano com dança à mistura. Nos ouvidos ficaram resíduos de tambores… Depois de um passeio rápido pela cidade, neste domingo, 30 de Junho, rumamos também a ver na rota a Sul, Baia Farta, Dombe Grande, Cubal e Cacula via Lubango.
Baía Farta, de grossas e dourada areia, uma extensa praia na forma de baía com chalés na contemplação, casas dos anteriores colonos e tão ao gosto dos generais do M. Progressivamente foram-nas ocupando a custo zero e na vertente dos acordos Tugas, vulgo da Penina ou Alvor património ofertado sem ressarcimento nem sentimento. As ideias turvas, por vezes vêem e vão no descumprimento da razão. Percorri aquele areal sem guarda-costas nem comitiva, como coisa minha e, sem ninguém a impedir pensar – continuo pensando só!
Sem pigmentar definições de integridade determino no presente a compreensão do precedente. Da Victória ou Morte mãos dadas com o MFA, das muitas mentiras entre muitas outras falsidades. Em verdade não estava ali e naquele agora para divagar em ideias e ideais perdidos, nos antigos sertanejos, pombeiros, carcamanos ou caramujos de África alterando mutações na medula da estória. Ficar assim com uma ou mais pátrias, acrioulado nos costumes, correntes separatistas; consciencializei o custo do todo suplantando o efémero. Aquele Domingo terminou mais tarde, no após Mundial de Futebol ganho pelo Brasil com dois a zero contra a Alemanha. Uma onda de barulho se fez ouvir por toda a Benguela. Foguetes e tiros em rajadas para o ar - também elas, euforias efémeras…
FIM
AGRADECIMENTOS:
À Dina que cumpria os cinquenta anos numa festa farta em Sumbe, distinta e distinguida por autoridades e o seu clã de família; Ao Sr. Pais da Cunha (já falecido) que nos deu guarida entre outros apoios; Ao General Wilson das FAA que nos mostrou os novos horizontes a Norte; Ao Jimba do Cassosso, marido de Dina com entusiasmo de amplificador Minolta (Já falecido); a alegria contagiante do Chiquinho; Ao Tio Francisco (já falecido), pai da Aldinha (…que vendia petróleo a caneco, sentado em seu Mercedes);a todos os meus novos sobrinhos em especial o Nando; à Sra Elvira e mãe Luisa que nos ofereceram casa e cama; Ao Eng.º Bien formado em Cuba, um verdadeiro irmão; à Miná que nos deu um dia de encantação em seu imbondeiro com d´jango ao redor perto das furnas do Sumbe; ao Eliseu que nos acompanhou com o aprumo de professor; Ao Zito, alto e musculoso que deu alegria ao grupo, o Lethor do Mandrak T´Chingange…
GLOSSÁRIO:
Bazou: saiu na socapa; Bimga: madeira muito leve, boa para fazer jangada; Bangasumo: vinho feito a martelo, com sumo de frutas; Kassoneira: tipo de palmeira de onde se extrai malavo ou marufo; kumbú: dinheiro; Cazucuteiro: gente de truque, embusteiro, trapaceiro; Camundongo: rato, natural de Luanda, caluanda, Muxiloanda; Ximbicar: acto de remar com um bordão ou pau longo; Corotos: trastes, coisas indefinidas, bikwatas; Gongo: árvore da marula em dialecto Amboim; Candengue: criança, pivete, gaiato; Dilengo: coelho; Gasosa: gorjeta, gosma, limosna, suborno, mata-bicho ou cala a boca; Gajajeira: árvore que dá gajajas, fruta pequena; Imbambas: corotos, bikwatas; IFAS/URAIS: carro militar russo, sucata velha de assustar criança; Jindungo: malagueta, piripiri, pimenta; Kota: Mais velho, idoso; Mabanga: Bivalve, berbigão de sangue, isco para matonas; Múcua: fruto do imbondeiro; Maboque: fruto das bissapas, do mato, com casca dura, massala; Matebeira: de onde se extrai o vinho de palma, marufo, malavo; Mujimbo: segredos, boatos ou calunia; Marula: baga de árvore parecida com o medronho; Mutamba: árvore de copa fechada da qual se retiram tiras para fazer cordas ao momento, Largo central da Luua; Machimbombo: autocarro, ónibus, por vezes pau de arara; Matacanha: Bicho de pé, bitacaia, pulga das pocilgas; Mulembeira: árvore de grande porte e frondosa que dá pequenos figos, de onde se retira o visgo para apanhar gungas, celestes, etc…,ande se corta o cabelo com gillete ou caco de vidro e se fazem rituais de cazumbi; Mulola: rio seco aonde só passa chuva quando chove; Mezungué: Tipo de caldeirada de peixe seco com óleo de palma, tipo calulu; M´Puto: Portugal; Quinamba: perna; Quitandeira: vendedora de rua que faz pregão à sinhola (Sra.); Sengue: lagarto grande, espécie de varano; Saca-saca: esparregado feito de folha de mandioqueira; Sape-sape: graviola, do tipo da anona; Tua: ave pernalta de meio porte; Upapa: arbusto chinguiço com pequenas bagas; Vata: povoado, amontoado de cubatas ou palhotas; Chinguiços: paus secos retorcidos, tufos de mato; Xingrilá: sítio mágico nunca alcançado, lugar longínquo e indefinido…
O Soba T´Chingange
O INÚTILISMO HUMANO – A CAMINHA DA RECESSÃO - A ditadura digital e os mecanismos de manipular o cérebro
Crónica 3333 – No AlGharb do M´Puto a 25.10.2022 – Republicação a 24.12.2022
Por T'Chingange – Em Arazede do M'Puto
É interessante saber-se que o Algoritmo pode excluir ou adicionar emoções segundo o nosso batimento cardíaco e assim, ser-nos transmitido em algum momento, somente aquilo de que gostamos alterando-nos os níveis de oxitocina; segundo os nossos dados biométricos é alterado nosso mundo de relações, coisas íntimas que só nós conhecemos! Um qualquer sistema bioquímico humano poderá passar a ser uma figura pública como o Tarzan, Mandrak, Fantasma ou Putin, algo trabalhado sem que o próprio se visione.
A inteligência artificial pode perfeitamente ajudar a formar melhores jornalistas, melhores políticos, soldados e banqueiros com essa ajuda de robots inteligentes. O ano de 2017 foi esse marco, esse hiato decisivo com a victória da inteligência artificial pela disputa de um jogo de xadrez. Kasparove, o campeão mundial da modalidade perdeu uma partida com um robot. Lá para meados do presente século XXI à falta de consistência mental humana, aparecerão “classes inúteis” incrustadas na robotização.
Infelizmente e devido à guerra da Ucrânia que já vai com oito meses, ( hoje já passa dos 10) estamos assistindo à substituição da mente humana com requintes de generalizada destruição; generais, líderes mundiais, políticos e especialistas, estão sendo substituídos por drones inteligentes com a possibilidade de escolher o alvo, optar por um plano A, B ou C fugindo à perseguição de outras máquinas voadoras, pensantes, arrasando as infraestruturas necessárias a uma vida normal de um humano. Apetece-me chamar de inúteis a todos esses militares de craveira que com uma subestimação persistente não o são, capazes de encontrar meios de os anular, os drones.
O impacto do uso de computadores nas muitas variantes será neste século XXI muito mais avassalador do que a era da industrialização e mecanização do século XX. Os cérebros das tácticas de guerra irão ser substituídos, subestimados por máquinas concebidas para matar. Eles, os generais falam, falam mas só supõem pensando nas trincheiras, nas emoções, nos calibres, nas hipóteses, no alcance; parece-me a mim que qualquer desvirtuador ou desfibrilhador de um GPS lançado ao ar por onda curta, onda modulada, ou outra onda artesiana poderia suprir carências de logística, de táctica e proporcionar um chapéu de defesa…
Cuidado com as palavras que outros usam, pois as hipotéticas falas na roda dentada e em um lugar e tempo previamente pensados por norma à nossa revelia, haverá um salto no contexto indiciando os possíveis utentes, consumidores, tornando-nos sensíveis a um conjunto de termos alterando o contexto das frases. É um pouco como se verifica em televisão, cortarem por apitos as aneiras inconvenientes ditas por alguém. Podem bem sair mentiras como se o fossem verdades. Estamos a assistir a algo assim na campanha presidencial do Brasil, na guerra da Ucrânia, no Reino Unido, em Angola e no dia-a-dia das peripécias políticas do governo de Portugal, folgado que está na maioria absoluta…
Por algum razão no nosso dia-a-dia verificamos a preocupação dos governos criarem na sociedade condições para que haja um rendimento mínimo de qualquer cidadão, uma cesta básica de dar ânimo aos pé-de-chinelo, por forma a que, os eleitos não percam o poder, A Nobel da literatura Yuval Harari, de forma interessante, refere: “…uma vez que os bebés de seis meses não pagam salários às respectivas mães, terá de ser o estado a assumir esse papel; uma mãe deveria ter um salário por cuidar de um futuro cidadão caso se mantivessem em casa nessa exclusiva tarefa”.
O cidadão, futuro trabalhador ou dirigente, governante ou CEO (Chief Executive Officer - Conselheiro delegado ou Director executivo - o responsável máximo pela gestão e direcção administrativa da empresa.) sempre surgirá entre os milhares, no seio da família que no mínimo terá de ter um rendimento básico em detrimento dum subsídio temporário. Deveríamos assim ter: educação gratuita, transporte gratuito, serviços de saúde garantidos e, por aí… É discutível se será melhor dar às pessoas um rendimento básico, um paraíso capitalista ou os serviços universais segundo os modelos de matriz comunista porque ambas as opções podem bem ser vantajosas e também, inconvenientes.
Nos países do oriente médio onde o petróleo jorra pelo tubo ladrão e tendo uma densidade populacional baixa é garantido ao cidadão viver bem sem ter que saber o que é isso de apoio básico ou de universal. Se formos a Qatar ou Kwait ou, outro estado daquela zona do hemisfério o apoio está garantido pelo estado. Com o aparecimento da inteligência artificial de robots e impressoras 3D a mão-de-obra, mesmo qualificada, tornar-se-á muito menos importante. Com a alta tecnologia cada vez mais surgirá a super riqueza como a actual Silicon Valley nos EUA enquanto em países de terceiro mundo, empresas sucumbem por falência; a política democrática vira um pouco por todo o lado do hemisfério em espectáculo de marionetas…
Ilustrações de Assunçõ Roxo
O Soba T´Chingange
O INÚTILISMO HUMANO – A CAMINHA DA RECESSÃO - A ditadura digital e os mecanismos de manipular o cérebro
Crónica 3332 – No AlGharb do M´Puto a 21.10.2022 na Lagoa do M'Puto; Republicação a 23-12.2022 em Arazede do M´Puto
Por T'Chingange
CA - Em meados do século XX o surgimento da mecanização resultou no desemprego de muita gente, tempos em que o ganha-pão no amanho das terras era quase o único meio de subsistência das famílias, Poucos eram os que tinham suas próprias terras, retirando o sustento trabalhando para um patrão latifundiário. Para o sustento da casa teria quando muito, um quintal de onde retirava suas couves, alfaces, um galinheiro ou até esporadicamente uns bácoros no fundo da courela quando fora ou, nos arredores de povoados para sustento próprio.
No tempo as máquinas foram substituindo o trabalho braçal nas lavouras, no plantio, na ceifa, recolha de cereais e toda a espécie de produtos, até mesmo tubérculos enterrados como as batatas, rizomas e frutas das árvores, retiro de azeitonas das oliveiras fazendo surgir por todo o lado as alfaias diversas e centros de fabrico destas mesmas. Paulatinamente o homem inserido num grupo social foi-se reciclando e mudando até com frequência sua actividade. A força física foi progressivamente sendo irradiada no correr dos dias.
CA - Agora que estamos no século XXI, são as máquinas de inteligência artificial que mudam as regras do trabalhos substituindo a rusticidade das antigas em elaborados zingarelhos de sensores, câmaras e pequenos circuitos eléctricos que fazem actuar num dado momento o movimento certo para apertar, soldar, furar ou estirar, máquinas que semeiam, que recolhem, seleccionam, calibram, lavam e encestam tudo numa rapidez estonteante, multiplicando por cem ou mais, a simples tarefa humana de usar uma chave, aperto de uma porca ou torneando até chegar ao produto final em cadeia de montagem…
A capacidade intelectual e tecnológica, em suma a inteligência humana foi sendo substituída pelo computador. O uso do conhecimento através de Universidades e escolas técnicas aperfeiçoando computadores introduziram a robótica, os circuitos integrados, os chipes, os códigos de acesso e num rápido todas as áreas profissionais desde o costureiro ao condutor, dos advogados, gestores, banqueiros foram sendo e continuam a ser substituídos por máquinas que usam milhares de fios e chipes substituindo os neurónios humanos, sem erros para uma dada função.
CA - Elas, as novas máquinas fazem cálculos de probabilidade em fracções de segundo e, usando a teoria dos erros entre outras produzem vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas sem questionar o patrão com as horas extras, subsídios, férias ou regalias sociais com creches para seus descendentes e muitos outros edecéteras. Acabam-se os sindicatos, as mordomias, os jeitos e resmungos mais chantagem e corrupção. Então, qual é o patrão que não opta por esta mordomia de fazer fortuna de papo para o ar, dando quatro dias de laboração aos seus empregados mais fieis…
Eliminando os erros humanos deitando por terra a falibilidade da dita “intuição humana” entre outros interesses e emoções com compadrios, a máquina comandará não só o cidadão como as instituições, governos e reinados banalizando a acção do homem por isenção de morbidez, ambição, mau uso dos dinheiros públicos, actuando na economia com seus milhões de neurónios artificiais triando os artificialismos tão usados pelo homem; mantendo registos progressivos e permanentes, evitando desfalques, incompatibilidades, o manuseio das leis com proveito próprio, juntando acórdãos com despachos e aplicando no certo o labirinto infindável de variantes, probabilidades e emoções. Extirpando os erros do homem e usando com mestria o tal de ALGORITMO separando o trigo do joio, o falso do verdadeiro, o manobrador do manobrado, dos que acreditam em Deus e dos que acham ser balela…
CA - Para além da democracia que temos, das suas incongruências, suas falhas e palpites, as máquinas irão sim, substituir os governos e principalmente no campo económico aonde a mentira é eivada de cativações, grosseiros cálculos, falsa teoria dos erros intuitivos e outos de lesa pátria, lesa família, também bluffs grosseiros de sabujos com escondidos interesses, coisas costumeiras, costumes das praxes e soturna tradição. Uma máquina assim, feito dum grande cérebro conseguirá fazer melhor e mais rápido os cálculos da economia global sem a criatividade falível do rigor que por vezes, muitas vezes o é paranóico ou trabalhado, torpe ou que nos cria reptícia dependência.
Que nos cria gastura, dívidas com taxas e sobretaxas misturando coisas do foro familiar como o aborto, quando nascer ou viver, identidade do género; fragilidades democráticas com escrutínios duvidosos, condicionando nossas capacidades, banalizando actos com corta fitas, selfies, subornando os agentes da concertação social e, o escambau…
CA - E, surgem acordos em um fim de semana, falácias com aditamentos de fingimento, transferindo seu querer, seu parecer num facto de regime, a loucura de boicotar até a automatização em áreas de saúde. O regime não pode em caso algum ser representado por um partido; de crise em crise sempre e desta forma, nos levarão indubitavelmente para fracassos em cima de fracassos, activando a recessão por falta de estratégia a um cada vez de menos longo prazo, cativados. Mas, quem sou eu, um pé-de-chinelo para o dizer – FUI!
Ilustrações de Costa Araújo
O Soba T´Chingange
A INTERNET E O INÚTILISMO - A ditadura digital e os mecanismos de manipular o cérebro
Crónica 3331 – No AlGharb do M´Puto a 21.12.2022
Por T'Chingange
CA - Na Rússia, um quarto dos oligarcas monopolizam a maior parte da riqueza e do poder no país, controlando os meios de comunicação para ocultar suas actividades mãos dadas com a governalidade. Pelo menos 10 milionários morreram desde a invasão russa à Ucrânia, a 24 de fevereiro. Alguns morreram depois de mostrarem forte contestação à guerra; por isso se questiona se se trata de acidentes, suicídios ou de assassinatos encomendados por Vladimir Putin. Desde que Putin foi eleito, em 1999, dezenas de opositores do regime foram detidos, forçados ao exílio ou assassinados.
A escritora Nobel da literatura, Yuval Noah Harari, autora do livro 21 lições para o século XXI refere a democracia bem ao jeito do mesmo princípio de Abraham Lincoln: “é possível enganar toda a gente em alguns momentos, ou enganar algumas pessoas a todo o momento, mas não é possível enganar toda a gente a todo o momento”. Mas, há sempre um mas! O controlo dos meios de comunicação por parte dos governos, minam aquela lógica de Lincoln e, por forma a impedir o cidadão comum de se aperceber da verdade. Nós vivenciamos isto nos tempos que corre sem sair dos povos PALOPS.
CA - Temos Angola, o baluarte da mentira com um partido (MPLA) dono do país; temos o escândalo das sondagens mentirosas no Brasil com o beneplácito da TV Globo e suas correias de transmissão de CNN e CIC em Portugal. Nem valerá a pena ir por aqui, fazer uma triagem escalpelizada porque, quem tem dois dedos de testa ou não está mancomunado com a esquerda o saberá analisar. Em Portugal são as muitas cativações que atropelam as promessas em varias áreas, a falta de rapidez na justiça e na justeza e, os sucessivos atropelos à lei das incompatibilidades que eles mesmos, governantes, fabricaram.
O que podemos verificar na crise genérica e dos dias de hoje, é que os governantes corruptos conseguem sempre prolongar os seus domínios e de forma indefensável colocarem sempre as culpas aos outros. Nas justificações sempre falarão em Portugal da governação TROICA - a famosa austeridade com corte de salários, pesados impostos e pobreza por via dos desmandos cometidos pelo clube do “punho fechado”, liderado por Sócrates, nesse então…
CA - E, assim andamos embalados numa tecnologia informática com verbas que saltitam entre a resiliência dos amigos deles à mistura com manobras de diversão. E, rebuscando nos anais da estória, escândalos mumificados, verdades escandalosas de pedofilia entre padres e gente imberbe da freguesia, da paroquia do escambau. Alimentando assim nossa distracção o tempo passa, os preços sobem e trepam e os Donos Disto Tudo rindo com estas trapalhadas. Assim não brinco!
E, sempre haverá outros casos a fazer sombra à realidade desviando a propósito nossas atenções, polinizando suas notícias com pinças de sabedoria, técnicas avançadas de contornar nosso azimute. No caso da Rússia, fingem ser uma democracia com valores ultranacionalistas. Quando tudo falha na boa harmonia social a corrupção afirmar-se-á mais endémica; mau funcionamento dos serviços públicos, maior deficiência na justiça, carência de meios na saúde e educação e uma progressiva desigualdade nos padrões de vida, da ética e da riqueza.
CA - Na Grã-Bretanha, o sonho dos brexiteers em se tornarem uma potência independente, procedem como se ainda estivessem nos tempos da rainha Vitória e, agora, sem a sua rainha Isabel acabar-se-á a utopia desse maravilhoso isolamento. Como diria Fialho de Almeida, os “carrascos ruivos do Tamisa” também irão seguir o rumo das geringonças nesta actual disrupção tecnológica, caminho da falência ecológica, novas visões na tecnologia de informação. Mas, será por tudo o exposto que virá por aí o apocalipse?!
Veremos sim, desconcertantes complexidades sem se conseguir na perfeição explicar o que aí virá. Lá teremos a inteligência artificial, cachorros de lata a guardar nossos quintais, o big brother visionados e comandados drones, gente ruim e os sempre algoritmos que de forma forçada ou suavemente penetrarão em nossas actividades, uma encruzilhada humana muito envenenada de mentiras benzidas de verdadeiras. Esta revolução tecnológica pode bem deixar milhões no desemprego e criar até uma classe social inútil. Tal como a visão de Yuval Noah, infelizmente também vislumbro isto.
O Soba T´Chingange
A INTERNET - A ditadura digital e os mecanismos de manipular o cérebro
Crónica 3330 – No AlGharb do M´Puto a 20.12.2022
Por T'Chingange - no M'Puto
A Internet a partir da última década do século XX mudou o Mundo; os políticos ainda andam a descobrir as novas tecnologias tentando perceber as muitas aplicações que rápidamente mudam o sistema democrático. Andam agora a enfrentar os combates da liderança com esta revolução da chamada inteligência artificial.
O prémio Nobel da Literatura Yuval Harari coloca em causa se os políticos conseguirão gerir esta crise antes de ficarem sem dinheiro. Citando-o: “se os mosquitos nos zumbirem nos ouvidos e nos perturbarem o sono, saberemos como matá-los, mas se um pensamento zumbir na nossa mente mantendo-nos acordados durante a noite, a maioria de nós, não saberá como matar esse pensamento”.
Hoje já se aprende a conceber o cérebro, sabe-se que a alma afinal tem peso na casa de mícrones e, também de prolongar vidas congelando até no lado do álem; também de matar pensamentos à nossa vontade. Verificamos na actualidade que as mudanças verificáveis não devem manipular o nosso mundo reconfigurando-nos a seu belo prazer mas, é isto que vivenciamos duma forma nua e crua, e como não entendemos sua complexidade, baralhamos nossas mentes.
As mudanças que aí vêm em um futuro próximo poderão afectar o nosso sistema mental e, até entrar-se em falência. Custou-me entender até recentemente de qual era o interesse em comprar uma divida mas tanto que pode, que andamos todos a nadar no molhado e, isto até nem é calote! Sempre há uns poderosos oligarcas que vivem dos juros! Quando entendi esta mecânica emprestei dinheiro a prazo ao Estado através dos CTT e a cada seis meses dão-me uns trocos; o mais certo é todo o lucro ser comido pela inflação, mas parado, seria maior a perca.
As eleições brasileiras ficaram emaranhadas numa engenharia electrónica como se o fora um laboratório com algoritmos mentirosos usando a tecnologia da informação até nos rasparem todo o tutano da compreensão. Menos mal que surgiu o tal de PIX que é um meio de pagamento electrónico instantâneo e gratuito oferecido pelo Banco Central do Brasil a pessoas físicas e jurídicas, sendo o mais recente meio de pagamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro – salvé!
Verifica-se também o arredondamento da mentira que chutada até à exaustão vira verdadeira; um colapso na perca da fé, da narrativa liberal que adultera todo o processo democrático, desmultiplica multidões dando-nos a liberdade de pressentir que há fraude sem burla e burla sem fraude; tantas manobras que nós gente comum, que o futuro está a deixar-nos de lado. Num paulatino repente que se repete, todos ficamos robotizados, feitos numoito e cada vez mais irrelevantes. Surgem até misteriosas palavras, novas no suficiente mistério com difícil interpretação! Aló meu irmão…
E, agora e num repente que já dura em demasia, surge vindo do inferno um tal de Vladimir Putin com manias de que é deus mas, que não passa dum grande filho da puta que quer acabar com a lógica das coisas. Cumpre-me avisar ao Nosso Senhor, meu tio por parte de mãe, que se vier à terra sanar este desarranjo, por favor que venha armado, muito bem armado, senão pode lixar-se! Fui…
Ilustrações de Assunção Roxo
O Soba T´Chingange
O ALGORITMO - A ditadura digital e os mecanismos de manipular o cérebro.
Crónica 3329 – No AlGharb do M´Puto a 19.12.2022
Por T'Chingange - no M'Puto
O Mundo anda confuso! Com tanta informação irrelevante tona-se difícil mantermos a clareza do pensamento com a necessária lucidez de entender o futuro, o amanhã. Nossa espécie, cada vez mais parece estar na mão de gentes que se julgam deuses e, nosso destino que anda demasiado enevoado, pode ficar bem pior, manipulado no cérebro.
Nossos paradigmas ficarão aprisionados subtilmente nos palpos de hodiernos mecanismos tecnológicos de desinformação como se o fossem, aranhas. Usando a informação deformada a propósito, alteram-nos por sútil sabotagem o raciocínio lógico das coisas, acontecimentos que inevitavelmente mudam o pensar de milhões, fazendo de todos nós escravos de uma ditadura digital.
A liberdade num repentemente, fica perigosamente periclitante e nas mãos de uma pequena elite que nos ditará o que, como e quando a devemos usar ou desvirtuar. Os meios que são mais que muitos, surgem como sondagens, estatísticas tiradas não se sabe como e de onde, opiniões nitidamente deturpadoras da realidade, opinião vendida em supostas obras literárias.
CA - Também prosas mentirosas e panaceias em que se relata um suposto acontecimento ou um conjunto de inventações, com intervenção de uma ou mais personagens, figuras ditas publicas para se dar credibilidade num espaço e num determinado tempo. Narrativas! Os casos são muitos e por todo o Mundo relatados pela televisão, jornais e comentadeiros que dão enfase a comissões de averiguação a supostas inverdades!
Estamos feitos num oito na forma de fita de nióbios que não tem como parar, sem fim. No M´puto andamos todos muito inchados de narrativas com factos aprisionados pelas cativações com políticos de primeira instância a assobiar pró lado; no Brasil a mentira é tão arrasadora que adoecemos de tanto nos torcerem a mente e, Lula com magia algoritma sai às escuras, vencedor.
CA - Nosso destino pode assim ser apalpado pelo futuro feito novelo de teias de aranhas, aranhiços e carrapatos servis; para culminar surge essa manipulação do cérebro por mecanismos novos chamados de algoritmos que coarctam nosso comportamento alterando de forma sútil nosso contacto social, nosso voto, nossa ambição. De forma ostensiva os governos democráticos restringem a liberdade chamando-lhe de traição; são numerosos os casos do Supremo Tribunal Federal no Brasil e das muitas prescrições na justiça em Portugal…
O sistema judiciário é minado na sua independência proporcionando aos donos do poder o poder, à custa do erário público, das massas, uma elite que tende a ultrapassar a fasquia do aceitável. Com a construção de muros e “firewals” pelo mundo, corre-se o risco de subitamente ficar-se sem narrativa nenhuma e isso, não é nem será bom pois contribuirá para termos algo apocalipto, a lembrar o assassino Putin…
CA - As pessoas devem no amanhã pensar por si mesmas seguindo a sua vontade ao invés de obedecerem cegamente a um pastor preconceituoso ou um político com erros vincados em seus procedimentos e, tendo sempre presente os direitos humanos. Chegados aqui terei de mencionar Yural Harari (prémio Novel da Literatura em 2017) ao perguntar: “Consegue imaginar um governo que espera com humildade que um algoritmo aprove o seu orçamento ou uma reforma fiscal?” – FUI!
O Soba T´Chingange
KAZUMBI DE BURUNDANGA... I
Crónica 3328 - Republicação a 18.12.2022 - Chorando em inglês pelo desfalecimento da Rainha Isabel II
Por T'Chingange - no M'Puto
Desmilinguido de pesares, ando até a esquecer o passado - Será que tomei essa coisa de burundanga - Uma droga extraída da Datura Stramonium, uma planta ornamental de flores brancas em forma de sino, vulgarmente conhecida como trombeta ou trombeteira... Óh folha do diabo...!
O Mundo necessita de nós para respirar e por isso as autoridades de saúde pública fazem a lei de forma rápida na mira do boteco das bifanas abrir quanto antes, pois que a economia tem de correr, também porque o socialismo é muito bom a lidar com o dinheiro dos outros – o nosso!
Recordar agora o exercício de minha mãe Arminda equilibrando o orçamento do lar, fazendo comícios às galinhas na capoeira coberta a zinco lá na Rua José Maria Antunes numero vinte e dois na Maianga da Luua, propriedade de João Lourenço e seus muchachos. Um prédio com arcos construído no rigor da salubridade colonial, na casa dos fundos a dar para o pátio da cantora Sara Chaves, quase mesmo no início do Catambor. Lugar que nem sabíamos que não era nosso porque eramos brancos de pele e colonos de condição.
AR - O tempo tratou de nos dar a seguridade dos hipócritas filósofos que falam com as latitudes e algoritmos dos rumos de cada qual como se fossem os senhores dos outros, que tu não és daqui, vai para a tua terra fazer semeaduras e tratar da casa do senhor teu feitor… Ué! Tudo na mesma como a lesma! Afinal a luta CONTINUA. "Juro, Sangue de Cristo". Ela, a luta anda passando pelos pingos do medo, SUNDIAMENO! O povo é quem mais ordenha - mentira descarada do MPLA...
Dona Arminda, minha mãe, sozinha falando com rispidez com as poedeiras pedreses num canto do fundo do quintal, logo a seguir ao tanque de selha e depois da mandioqueira que só dava sombra: - Ou vocês põem ovos ou corto-vos o pescoço - vão prá panela fazer de cabidela! E, elas, com cagufa, punham ovos grandes! A vizinhança só queria os ovos da dona Arminda porque pareciam mamões da Luua. Sim! Isto decorria numa rua do bairro Maianga com cheiro a acácias rubras e zumbido permanente de cigarras, um calor do caraças!
O dinheiro que Dona Arminda, minha mãe, fazia, dava decerto para comprar um peixe-espada kixibi à quitandeira que sempre parava naquele número de rua e, aonde apregoava do seu jeito jeitoso, chamamento do peixié sinhola – tá fresquinho, compra só! A vida assim gerida de toma lá-dá-cá compara-se aos governantes do M´Puto que não também não fazem milagres sem ovos; Eles, vindouros daqueles outros descolonizadores, andam cansados…
AR - Numa de recuperação da economia, Inventando regras a definir como e por onde andar por forma a agradar à velha carência dos recursos nacionais, incentivam o pessoal a ir ao café, ao teatro, aqui e ali e até à praia notando-se que estimulam da forma que julgam mais certa para e, como as galinhas começarem a chocar ovos, fazer omeletes, pataniscas e trespassá-las em dinheiro porque senão ficamos à rasca - Já estamos nela! Ainda se tivéssemos uma colónia, se tivéssemos colonos, se e, mais se…
Num esforço para desentorpecer a apatia amarelada dos rostos encafifados num desespero entorpecido dos galináceos - eu, tu, ele, nós, vós, eles – todos! A realidade que ninguém conhecia é bem complexa ao ponto de tornar rapidamente os cabelos brancos por tantos ansiolíticos tomados por quem tem esse cariz de ambição – de ser governante; com tanto nada e tão pouco incerto, muito fica por explicar na inactiva justiça, na improvisação da educação, nas falácias de aumento de aposentação e edecéteras... Todo mundo a mentirar-nos...
AR - Tudo isto com comentadores cambutas, longos e oblongos a zurzir à perna inflacionando sortes e azares como se tivessem o futuro na ponta dos dedos ou o tivessem comido por inteiro com arrotos de carapau frito bebido com morganheira tinto ou verde Casal Garcia… Foi neste então que recordei aquele mítico provérbio africano ”a chuva bate na pele do leopardo, mas não lhe tira as suas manchas” aonde para além da onça, do leopardo e da chita existem a hiena e o mabeco que também as têm.
Bom! Agora que sou zebra noto ocorrer-me o mesmo fenómeno em manter as riscas mas agora, mesmo que chova ou faça sol, acontece um outro pormenor – também me embranqueceram no decorrer do tempo… As riscas irregulares das verdadeiras zebras são para fazer com que o leão fique tonto ao persegui-las perdendo a noção e desequilíbrio. O facto de todas correrem em simultâneo causa o efeito psicadélico e, o que era, fica turvo com tantas riscas a se moverem. Às tantas as ordens variam conforme o desequilíbrio das ondas! O Costa é zebra, zebrum de caipira - bode velho e fedorento... A natureza ensina muito a quem se detém a observar os mistérios tão perfeitos dela…kiákiàkiá
AR - É por estas e outras que uma grande parte das pessoas com quem vou tendo contacto, sentir-me desiludido! Posso até perguntar ao mundo e para quem me lê, que interesse poderá ter no dizer de lindas ou ortodoxas de alguém com falas tão cheias de façanhas agigantadas - Para quê? Fica tudo assim como uma nítida imagem de uns tantos petulantes que não perdem a oportunidade de afectar as minhas sensibilidades, os meus cheiros, as minhas impressões como se fosse um desmilinguido. Termino como comecei, bufando àtoa...
Ilustrações de Assunção Roxo da Roxomania
O Soba T´Chingange
ANGOLA, TERRA DA GASOSA : Parte XVI
-CORRIA O ANO DE 2002 – NA TERRA DE MATRINDINDES
- Crónica 3327 - 01.08.2022 – Republicada a 17.12.2022
“Angola, quanto tempo falta para amanhã? Háka!” - Escritos antigos - Em Julho de 2002 (quatro meses após a morte de Jonas Savimbi - 22 de Fevereiro de 2002) - "O futuro anda empenhado ao diabo”...
Por T´Chingange – No AlGharb do M´Puto
Escrevo agora: Aqui me encontro na Diáspora! A batota continua em Angola e, tudo é do MPLA: É a Comissão Nacional de Eleições, é o Tribunal Constitucional, são as Forças Armadas, é a Polícia Civil, são os Kazukuteiros, é sua opinião, são os Tribunais, é o escambau, como dizem nossos manos brasileiros. Angola deveria mudar o nome para “Terra da Batota”, “Terra do M” ou “Terra dos Matrindindes”; Também “Terra dos Marimbondos…Háka!
Depois deste interlúdio em dois compassos de raiva rilhada, feito prefácio assobiado em graves e gravíssimos tons aonde se vislumbram muitos jogos de luzes, telões que mudam o cenário, fogo e fumaça com os neurónios do povo a arder, surgem as poses estudadas dos DDT (Donos Disto Tudo), coreografias milimetricamente ensaiadas por assessores da mututa pagos em milhões.
Há, vídeos e silêncios que servem de interlúdio duma batuta única para manterem a mesma farpela. Ali o texto governamental, não tem contexto, não há prefácio nem postfácio; tudo é como eles querem, sem notas, sem sumário, sem introdução, nem capítulos. Lembro a minha empregada de Kampala, a Mery falando: - Patrão, aquilo mesmo vai ser só de faz-de-conta, rematando “This is áfrica”
Mary estava Certa! Escrevo agora: Ali continua a ser a terra da bagunça, terra do J.L. Sesse Seko Nkuku Ngbendu wa Za Banga. Háka… Naquela viagem de 2002, a Benguela mulata salientou-se de forma diferenciada. Em casa de gente mulata fiquei; a Dona Adelaide foi o máximo de carinho que nos reservou, seu fino trato em um escasso fim-de-semana.
Por imperativos mútuos só ali ficamos o tempo que se quis mas, naquela casa do Amor (nome de família) o almoço de muamba, o saca-saca com gimboa, o muzungué e os bolinhos de fabrico próprio deram tempo para matar as falas antigas com ongweva animando aqueles sábado e domingo de Julho (…há vinte anos atrás). Os mosquitos, também eles nos acariciaram de amores e, tantos eram que, tivemos de nos refugiar no quarto, exactamente o do dono da casa, no primeiro andar, janela a dar para o grande adro da catedral de Benguela na forma de V invertido. E, no canto da casa lá estava uma arma kalashnikov, municiada para qualquer contratempo – mosquitos de duas pernas. Amor esfacelou sua perna em luta com um ladrão de quintal, perna que agora, não tem!
A muleta substituiu a pena – os tempos condicionaram a vida da família amores ao rubro. Naquele quintal havia uvas, gajajeiras, sape-sape, tamarindo e goiabeira; também havia uma maça-da-índia. Os cubanos nada puderam levar daqui mas, foi dito que as lápides em mármore dos cemitérios despareceram sim! Recordei em falas que quando da minha ida a Cuba vi uma carrinha fechada aonde ainda se podia ler de forma sumida “Futebol Club do Lobito”.
Em nossas conversas de fundo do quintal relembramos o tempo sem aprofundarmos em exagero porque cada qual, naturalmente teria suas próprias periclitãncias e, não convinha recordar cacimbos defuntados. A última vez que tinhamos estado com a família Amor tinha sido em um almoço no João do Grão, ali bem perto do Rossio de Lisboa. Formando frases curtas e sinceras rematávamos nas voltas certas, driblando de certo jeito nosso passado. Sim! Porque de outro qualquer modo ele, o passado podia, reconhecer-nos.
Tivemos de aprender com as formigas grandes, kissondes que em andamento seguro arrastam pelo pó do chão seus ventres escuros sem discutir com Deus por assim andarem, sempre se arrastando. É a vida, dizia o homem que mais tarde foi para a ONU; que ainda lá está… Se pudéssemos adivinhar o futuro sem o ter de deslocar, tê-lo-íamos beijado, sugar-lhe as energias, deixando-lhe um montão de problemas, porque cada vez que se respira agora, torna-se tudo mais caro e, nossa escrita que até podia ser criativa, fica lodosa; um pântano languinhento com taxas e taxinhas mais a água, a luz, revisão do carro ou pagamento ao jardineiro que quer ganhar como se o fora o primeiro-ministro…
Nossa vida, nossa prosa fica assim como um deserto, estendendo-se até ao horizonte da kúkia, sem nada acontecer; fica só uma vida de estórias com partidas e chegadas. É por isso que me regalo com as estórias alheias como a da minha empregada de Kampala chamada Mery. Na manhã de antes de anteontem disse-me que sua mãe mandou-lhe por correio expresso um pacote de formigas fritas, embrulhadas numas folhas de bananeira… Ele há coisas…Lá teremos de papar formigas.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
ANGOLA, TERRA DA GASOSA – Crónica 3326–24.08.2022 – Republicada a 16.12.2022
CORRIA O ANO DE 2002 . XIV – NA TERRA DE MATRINDINDES - “Angola, quanto tempo falta para amanhã?” - Escritos antigos. Em Julho de 2002 (quatro meses após a morte de Savimbi - 22 de Fevereiro de 2002
N´Nhaka: - Do Umbundo, lameiro, plantação junto aos rios, horta…
Por T´Chingange – (Otchingandji) – No Al.Gharb do M´Puto
Já no Alto Liro do Lobito - De um qualquer lado, bancas de bolos de batata-doce e mandioca desprendiam odores fortes mas, do lado esquerdo, estava uma escura e abandonada ruína que em tempos tinha sido bloco de apartamentos. Talvez! Neste redor de muitas coisas e dúvidas senti uma náusea, uma multidão de gente barafustando ou incitando, rodeava um negro de aspecto encorpado, que tombado, rolava no chão ensanguentado.
Não sei o que teria originado aquele bate e chuta de alguns ou de todos mas, correu-me um calafrio pela tardoz coluna e, os senhores dois polícias que ali estavam, a escassos trinta metros se tanto, nada pareciam ver; ali havia coisa de roubo mal sucedido porém, o nosso guia “Bien” (Beto), também de acostumado, continuou sem nada dizer; conclui que a justiça popular estava a seguir as normas ao jeito do antigo “Tira Biquíni da Luua”, lugar aonde aconteceu queimarem supostos ladrões com pneus envoltos na cintura. Até dói, relembrar gente a morrer literalmente regados, nas chamas de gasolina.
Daquela parte e do envolvente não gostei e, quando olhei para trás as barrocas estavam apinhadas de cubatas eclecticamente construídas com os mais diversos materiais – plásticos, chapas de zinco, madeiras e remendos com latas de tinta, latas de azeite galo do M´Puto ou leite Nido, tipo patrocínio da Nestlé. Seguiram-se as lagoas de imundas margens, os barracões armazéns de todo o género de mercearia e bebidas, controlados pelos Libaneses e Sírios; todo o grande armazém dizia-se ser de uma destas castas, gente de resiliência permanente.
A dona Andresa esperava-nos de refeição posta; sabendo das carências nos caminhos ultimou um repasto de muitas iguarias e as frias e gulosas cervejas; A restinga, o barco no ar, o porto, o clube náutico, as casuarinas e os bares da pontinha estavam de melhor agrado do que tudo o visto anteriormente; dou nota positiva a este istmo a que chamam ilha mas o resto sempre ficará amachucado na lembrança sem a ongweva peculiar de um qualquer que queira ver progresso.
Noite entrada e já para lá da Catumbela a polícia fez alto ao nosso carro, ou melhor o zingarelho do Bien e, eu nem saí pois sabia que teria de forçosamente de haver uma conversa longa de convencimento e respectiva gasosa. Bem! Os motivos eram por demais evidentes. Da parte de trás o carro era fantasma, só tinha o escuro da noite e fuligem de má combustão, luzes, nem uma.
Luz de stop nunca tinha sido necessária mas, agora o polícia não saía das más conclusões e só a promessa de arranjo e o cuidado a ter com a outra patrulha mais à frente, fez deslizar o desejo em vontade e, o agrado ficou registado com uns quantos kwanzas. Entretanto, a meia hora perdida passou-nos à frente e deu-nos luz; a aventura estava a decorrer.
CA - Depois do canavial da cana-de-açúcar da Catumbela vimos a antiga fábrica de whisky “Sbel” enferrujada por abandono, ferros retorcidos a suportar chapas feitas catavento, rugidos agudos e penetrantes dando vida aos zingarelhos, vento do oceano guinchando desmazelo. Eu que fiz minha festa de casamento com aquele whisky na estalagem Leão de Luanda, fiquei abanando o cérebro penumbrado de muita tristeza. Seguiu-se no trajecto uma ponte que já o tinha sido em Rio Cavaco; contornámo-la antes de entrar em Benguela.
Aquele contratempo de não haver ponte forçou-nos a um pequeno desvio pela mulola seca mas, num repentemente, aí estava a cidade das acácias, Benguela aiué… Aqui os crioulos mazombos em rebeldia de afazeres e dizeres e ao rubro, reforçavam seus valores de mwangolés e, com algum aprumo, não permitiram aos cubanos levarem suas acácias para a sua ilha do desespero. Pois nesta cidade mestiça, fiquei bem ao lado da linda catedral em forma de bivaque de magala, na casa do Amores… Aqui o caldeamento do mundo negro num predisposto protesto com os t´chinderes brancos, os Silvas e os Ferreiras mais Pereiras, nunca atingiu a negritude plena – ficou mestiça com ongweva, estímulos e sentimentos… Escrevi então: Aqui me encontro – isto continua a ser Benguela!
O Soba T´Chingange
ANGOLA, TERRA DA GASOSA -.XII -" Alto Liro. Lobito à vista" - Crónica 3325 - 03.08.2022 – Republicada a 15.12.2022
CORRIA O ANO DE 2002 - CANTINHO DO INFERNO – TERRA DE MATRINDINDES
“Angola, quanto tempo falta para amanhã?” - Escritos antigos - Em Julho de 2002 (quatro meses após a morte de Savimbi - 22 de Fevereiro de 2002
N´Nhaka: - Do Umbundo, lameiro, plantação junto aos rios, horta…
Por T´Chingange – (Otchingandji) – No Al.Gharb do M´Puto
Rumo a Sul, na geografia natural, segue-se o rio Evale, fronteira do Quanza Sul e não muito longe o rio Colango aonde paramos e provamos cocoto, fruto da matebeira; cá para mim aquilo de tão rijo só dá mesmo para enfeitar centros de mesa ou chapéus de dama exótica e, brasonada. Foi aqui, no Colango que vimos indicação de minas em tabuletas vermelhas de caveiras brancas.
Havia pedras pintadas de branco a dar indicação do lado ruim além berma em ambos os lados da ponte. Aqui compramos aos acantonados da UNITA umas quantas perdizes por 50 kwanzas cada e, mais uma tua; estes faziam por ali desesperos de nada recheados de moleza rota e mal paga. Mais à frente - muitos buracos... Os táxis e candongueiros das "piruas" passavam por nós desafiando a gravidade, como batiscafos. Alguns ultrapassaram as indefinidas bermas e desmantelaram-se nos capins e cajueiros.
Os condutores das “piruas” andam que nem louco; estes chapas kazukuteiros trabalham no futuro condicional, juro, vai correr tudo bem “tio”- falam só assim com os mais velhos; vimos vários nos capins ainda cheirando de desastre fresco. Foi a partir do rio Balombo ou, melhor, lá atrás na Kanjala, aonde começou a dança, aonde parámos para provarmos as frias Nocal, Eka ou Cuca à sombra de uma grande mulembeira; mesmo ao lado do hotel aonde o Jimba (Peixoto, já falecido) passou a sua lua-de-mel e, do outro lado do rio lá estava o bananal do Setas.
Demoramos seis horas contornando buracos nos 180 quilómetros, sendo os últimos oitenta os piores. A cassete enquanto desprendia música na perplexidade de tanto solavanco e, no recordar de palavras memorizadas de sal sujo, com as matubas (testículos) pisadas o “havemos de voltar “ incubava-se de vontade.
Entretanto as canções dos Irmãos verdade “Deixa eu entrar no teu coração “ ou o “Ka Bu Fronton“ do Jota Neto e mesmo “Os amigos da Onça” do D.J. Rafa e Isidora, perturbavam-me, juro mesmo!... Talvez pelo fumo do petróleo que entrava pela chapa do zingarelho –lastro do fundo sem fundo, misto de carrinha com ximbeco colado com chwingame nos muitos buracos do escape e periferias.
Carro chinguiço do engenheiro de Matanças, o Bien, francês de faz-de-conta. E, também com adjacências estranhas e estrambólicas que talvez, de certeza, perturbava nossos sete sentidos virados num oito de indefinida duração. Se não morrer por aí lá chegarei – aiué. Passado o cruzamento da estrada que liga ao planalto central através do Bocoio via Bailundo segue-se o desvio para a barragem do Biópio no rio Catumbela a montante dali, o Alto Liro do Lobito já estava próximo.
Era um era num era neste caminho de destino às acácias rubras e buganvílias de Benguela. Se Deus quiser, vamos chegar; pelo menos uma vez, olhe pelas nossas carcaças Tio do Ceu, viu! Sem saber se viu ou ouviu, lá fomos, sem ter chegado à nascente do Nilo ou Zambeze, tal como Livingstone e, ressalvada a lonjura no tempo e no espaço, também parte do meu coração foi ficando por ali em dedicação com fidelidade canina a África, terra de largos gestos! Saí de Angola mas ela nunca saiu de mim... Bien?... Prego no fundo que já cheira a maresia.
“Benguela, terra das acácias rubras". O lixo era por demais naquela descida para o sapal do Lobito, era-o de um lado e outro nas encostas do morro que nos levava lá abaixo. A estrada no final não se distinguia do resto e a gente era mais que muita no meio de uma suja poeira e fumo desmaiado de tendas mal-amanhadas; ali bem perto e do lado esquerdo corriam umas águas vindas do Alto Liro, dos esgotos claro! Ou, nem tanto, pois que talvez estivessem filtradas pela terra ou então, uma rotura nas águas domésticas porque estava a ser recolhida em baldes e já se via um Jeep luzidio da lavagem! Tudo indicava ser de um Libanês – aqui tem gente daí pra caramba. Até Sírios, tem…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
ANDAMOS A VIVER DIAS MENTIROSOS
Crónica 3324 de 27.07.2022 – Republicada a 14.12.2022, em Lagoa do M´Puto
Por T´Chingange (Otchingandji)
Andamos a viver dias mentirosos. Acho que Deus Nosso Senhor, não quer consertar nada a não ser pelo completo contrato da morte pois permite que seus súbditos na terra descumpram a palavra dada sem que o Sol se ponha, uma espada muito cheia de ranhuras de aflição. Dou conta disto por ver o que se descumpre quebrando qualquer regra de bom entendimento – cuspir repetidamente no próprio verbo.
Numa de diabo contra satanás, Putin contra o cidadão comum que nada fez para ficar arruinado com pontaria GPS de um míssil, dum obus que aleatoriamente manda um tiro curvo a cair aonde calha. Quantos de nós estão consumindo a palavra piedade, sofrendo com a urgência de não entender a dor.
Qualquer, um pacato cidadão lá no lugar de sua moradia, no dar dois passos no eirado que lhe resta repentinamente a morte surge; do nada e na forma de fuzilamento esvai-se da vida varado com muitas balas, muitos estilhaços, restos de destruição, uma outra Guernica que ninguém acreditava acontecer de novo e, por nada, ou talvez dum quase nada…
E, quem somos nós para excomungar Nosso Senhor e os chefes da Guerra, se nós nem escapulário temos para tornar os olhos avessos, sem púlpito nem qualquer poder de estilhaçar um Não! Os donos da Guerra sem temor a Deus, sem justiça no coração que surgem a judiar o Mundo, a estragar e rasgar o que há de rasgável na alma das gentes. Tiros altos, revoantes, que surgem como pássaros de balas a cair num aleatório lugar.
Coisa nunca vista ou prevista, bombas caindo ao calhas, também em sítios prévios, um sítio destinado, matando conforme o querem, matança de genocídio de arruinar, só por arruinar; e, atiram nos bois, nas vacas, no gado tão manso. Nesta hora a gente força um escape, pode ser que sim, que se tenha sorte mas, mesmo assim sofrendo muitas mortes…
Sim! Pode ser até que tenhamos sorte, pode ser porque estamos longe! O pensar caladíssimo do Ocidente perturba-me mesmo que elas as balas, não façam zumbido revoado em minha cabeça. E, se afinal todos estamos condenados à morte porquê omitirmos as dos outros. Escrevo esta missiva feita crónica para o Senhor Oficial, o Comandante em Chefe das Forças Armadas.
Não vale a pena ficar na retaguarda porque a morte não tem alçado frontal, nem tardoz – vem num aí, num ui e, juro, careço de querer calma. Os cacos continuam caindo do alto! Ando sofrido a espiar o desdém do Mundo. O Sol Kukia, não tem como se abraçar a nós, nem se pode esperar isto. O tempo escasseia-me muitas vezes, para poder redigir histórias escondidas, antigas, chamar nomes feios a gente que tem dois olhos, duas pernas e até duas orelhas como eu.
Nessas alturas de revolta subitamente levanto voo, plano como um albatroz e por aí vou fora, sem parágrafos ou pontos finais, com diálogos dinâmicos, que só o serão na ficção! Falo para o boneco! Creio que também aqui “ a guerra, que mata e estropia tantos, alimenta um punhado de pessoas, que se tornam ou tornarão insultuosamente ricas e prepotentes” – São estes que agora governam o Mundo (Ainda…)
O Soba T´Chingange
ANGOLA, TERRA DA GASOSA . XII
CANTINHO DO INFERNO – TERRA DE MATRINDINDES
“Angola, quanto tempo falta para amanhã?” - Escritos antigos - Em Julho de 2002 (quatro meses após a morte de Savimbi - 22 de Fevereiro de 2002)
Crónica 3323 de 01.08.2022 - Republicação a 13.12.2022, no Al.Gharb do M´Puto
N´Nhaka: - Do Umbundo, lameiro, plantação junto aos rios, horta…
Por T´Chingange – (Otchingandji)
Voo TAP – Destino Luanda – Ano de 2002. A viagem de teimosia ao Lobito e Benguela respirou coerência porque queríamos sentir o ondulado de 180 mil buracos em oitenta quilómetros e, ficarmos zonzos no jeito de internar doidos na reclusão da paciência, mas valeu pela beleza das vistas além asfalto, além urbano, para lá do Morro do M´Gelo. Os sabores da antiga infância, sinuseavam aquela picada promovida a estrada trazendo à ideia o muxoxo da quitandeira lá do bairro e no tempo em que o contentor não era o mini- mercado de alguns desinfelizes.
Assim e sem luz, barulho engasgado do gerador Honda no fundo do quintal, entre queixas de uns e outros com muito sundiameno e toparioba pelo meio, tudo era intercalado com vírgulas de carvalhos sem vê, que isto assim não pode ser e, sem luz nem televisão havia silêncios misturados com prazer – a vida continua! Só o velho Pernambuco, o cozinheiro que sabia fazer lagosta suada como mais ninguém, se desfazia em queixumes silenciosos como essa dor de reumático que lhe entorpecia tudo e até o prazer de viver. Menino, estou nos finalmente, disse ele para mim e, eu fiquei bwé de triste, tristíssimo mentindo-lhe com falas baratas; falas de matrindindi…
Na inventação disto tudo vejo que todos têm um forte compromisso na reconciliação dos direitos do homem, para no fundamental irem para além do marasmo, se solidarizarem com o comprimido aspro e paracetamol a que tudo acode, a tudo do quanto baste. Quinino, Kamoquina ou Rezoquina se houver tremuras com frio. Mas, o fado era mesmo deixa para lá que tudo passa com o que tiver que ser, missangas de vai ser com outras filosofias empoleiradas no varão da coisa fácil, amarrotadas no canto das alvissaras porque em tempo de crise urubu vira galinha, o chuço, talqualmente…
Só mesmo o Bien, engenheiro civil formado em Varadero e Matanças de Cuba, nos poderia levar a estes muitos lugares, em seu carro de muitas verguinhas soldadas no chassi, só mesmo metade do vidro retrovisor do lado dele, do outro só mesmo o espaço oco e enferrujado, era um carro de metades, biónico e ajustado nos ruídos de alerta, chiadeiras dos ferodos do travão com cheiros espaciais, com ajustes devido aos fumos saindo da carcaça sem reflectores, sem pára-choques, a mola da esquerda helicoidal com H e, da direita improvisada de molas de carrinha estiradas, batidas e ajustadas, Uma aranha andante que arrancava com gasolina e depois de virar o zingarelho de arame, gastava petróleo de candeeiro (Bien engenheiro, aprendeu isso em Matanças de Cuba)
Quase na foz do Cubal, junto à estrada das tormentas, o rio sai das alturas por um fundo canal com rápidos e margens escarpadas, cheias de vegetação nas vertentes; dos jacarés que dizem haver não vi nenhum mas, imaginei vislumbrar uns quantos em surdina da frescura. Bem perto, na antiga estrada para a praia do Kilombo lá estavam aqueles imbondeiros, referência da infância na viragem à direita naquela mesma picada. À vez cada qual dos ocupantes tinha vez de ir com a cabeça de fora para não intoxicar (verdade mesmo…)
Nas agressivas barrocas e antes dos tais penhascos misturavam-se um alcantarilha de cubatas feitas a taipa, cor da terra que desciam em presépio pobre terminando num terraço aonde se mantinha uma escola cuidada; na cornija desta podia ler-se “Havemos de Voltar”, penso eu que, uma alusão de que ali as crianças eram oriundas do planalto central de Angola, gente deslocada pela guerra. Recordar que tantas vezes repeti esta pequena referência como busca desenfreada que nunca se proporcionou, por uma qualquer razão até que entardeceu por demais…
Como erva do diabo, o desejável raramente passa no mesmo sítio. Uma erva que existe no Calahári e deserto do Karoo muito para lá da Namíbia. Afinal, esta gente, tal como eu, também foram intornados para ali, lugar possível, foz de um rio chorado nas terras altas do Huambo. Como é necessário refazer os afectos, matutei.
Saindo deste sapal aonde as mil formas de vida contemplam, a natureza sobrepõe-se à resiliência e, faço mais o quê!? - Sigo o rumo febril de cheirar por inteiro a mítica África que me viu nascer só de faz-de-conta no barco Niassa. Já no cair da noite, deixamos o kota da Vata de nome Diogo Cão, seu verdadeiro nome de pescador de lagostas naquele lindo lugar de Kilombo, lugar de antigas salgas de peixe seco; Fiquei a saber por ele que para além daqueles crustáceos há cacusso, também um bagre de nome tipioco e lagostim do bom, parecido com o “pitu” do Rio São Francisco do Brasil…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO, NA PRAIA
– Crónica 3322 de 15.06.2022 – Republicada a 12.12.2022 - Quando tudo nos ultrapassa no tempo, apalpamos as medidas da natureza …
Por T´Chingange (Otchingandji) – No AlGharb do M´puto
O barulho no escuro da noite continuou mais intenso e, já levantado segui para a sala. Pude constatar que o ventilador maior estava soprando sua perene ventilação sem qualquer preâmbulo de coisa ruim; digo isto porque trabalha infindavelmente por meio de um relógio travado com um garrancho feito com rolha de cortiça para enganar o tempo. Sendo assim este dito cujo, trabalha sempre!
Os trinta e nove graus fizeram com que ficasse todo o santo-dia de ontem com as janelas tapadas; o escuro era tanto que tive de usar um pequeno candeeiro para poder ver as teclas do computador. Como devem saber a luz, transporta o calor e vai daí corri os ferrolhos artesanais vedando a luz e ar quente. Foi por isso que liguei os dois estropiados ventiladores que só lançam vento numa direcção – seus botões de rodar pifaram e servem assim mesmo dando vento aos cantos que rodopiam nas esquinas e nossos corpos…
A televisão das antigas com um TDT HD – DTB700PT adaptador, também deu o berro. Aparece o sinal verde mas a TV, nicles de bitocles – Ou alteraram as frequências ou fizeram um cambalacho governamental para nos extorquir mais uns cobres. Esta terra do M´Puto tem mais espertos que grilos no verão! Lá pendurada no tecto a TV, diz que não há sinal! Não dá nada, porra nenhuma – rodei a antena para o lugar de Santiago do Cacem e, nadica de nada! Está na hora de mudar por uma nova com ligação à internet por Bluetooth, uma moderna forma de ficarmos controlados pelos anjos, arcanjos e o capeta chifrudo – estamos feitos ao bife!
Isto é importante saber porque no mundo de hoje o Bluetooth representa uma ameaça mais significativa, pois é um sinal sem fio frequente e constante emitido por todos os nossos dispositivos móveis pessoais. No futuro, que já o é, teremos de aprender como modificar a estrutura de nossa existência e forçar nossas vidas e nossa psicose em moldes novos, alguns ainda mal conhecidos.
Teremos assim de compreender como e porquê perante uma nova primeira vez, um novo potencial surge amolgando-nos no futuro. Todos os dispositivos sem fio têm pequenas imperfeições de fabrico no hardware que são exclusivas de cada dispositivo creio que a propósito – É a nova ordem das coisas!
Aquelas impressões digitais são um subproduto acidental do processo de produção. Estas imperfeições no hardware Bluetooth resultam em distorções únicas, que podem ser usadas como uma impressão digital para rastrear um dispositivo específico. Daqui eu dizer sempre que é muito perigoso pensar, falar, comentar e até muxoxar asneirentas verdades. Para o Bluetooth, isso permitiria que um invasor contorne técnicas anti-monitoriazação, como alterar constantemente o endereço que um dispositivo móvel usa para se ligar a redes da Internet.
Os investigadores, engenheiros das sombras e almas, projectaram um novo método que não depende do preâmbulo, mas analisa todo o sinal Bluetooth. Eles desenvolveram um algoritmo que estima dois valores diferentes encontrados em sinais Bluetooth. Estes valores variam de acordo com os defeitos no hardware Bluetooth, dando aos investigadores a impressão digital exclusiva do dispositivo – nosso ADN
No silêncio da manhã, pardais chilreando, sigo até à padaria do Tonico a comprar o pão bom para se fazer as açordas de poejo ou coentros. Nas ruas daqui aonde estou, nascem poejos nas frinchas, nasce salsa e coentros que só não são usados porque os cães ali fazem javardices mijadas. Passo no antigo posto da GNR do tempo em que usavam cavalos; a porta larga por onde passava a tropa está encimada com um escudo de nobre lembrança e em cima duma cimalha há um leão segurando uma bola mundo – uma esfera armilar à semelhança do Leão de Ceilão. E, o futuro traz-nos senilidade, artérias endurecidas, pele enrugada por frouxas, calvície e uma apetência ao isolamento por não entendimento ou não aceitação. Amanhã será outro dia…
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA - Crónica 3321 - 24.06.2022 –Republicação a 11.12.2022.
Do Pantanal à Amazónia - 2ª parte
Por T´Chingange (Otchingandji) – No AlGharb do M´Puto
Ainda na Fazenda do Pantanal pude recordar com Peixinho, nosso guia, o neto do rei do Império de Oyó com o título de “Dom Obá II” (Dom Obá, na língua do seu povo ioruba, significa “rei”). Então imaginei-o com fraque e cartola, a desfilar sua banga ninita, suas medalhas penduricalhos de mérito pelas ruas do Rio de Janeiro. Pois assim foi: Um príncipe africano, negro, que viveu no Brasil durante o período em que ainda havia escravidão e o país era governado por um imperador, Dom Pedro II.
Seu nome era Cândido da Fonseca Galvão, mas gostava mesmo era de ser chamado de Dom Obá II d’África. Nasceu no sertão da Bahia, na Vila dos Lençóis, por volta de 1845, filho de africanos forros, ou seja, ex-escravos que haviam conquistado a sua liberdade por meio da carta de alforria. Dizia-se descendente directo, neto legítimo, de um poderoso rei africano – Aláafin Abiodun, rei do Império de Oyó – daí o gostar de ser reconhecido como príncipe.
É interessante conviver de perto com estas alvissaras mistificadas de fantasia na vida real, como sempre vivessem um perene carnaval, resquícios de memória das terras de África. Alistou-se voluntariamente para lutar na Guerra do Paraguai e, devido à sua bravura, foi condecorado como oficial honorário do Exército Brasileiro. Depois da Guerra, fixou-se no Rio de Janeiro, tornando-se numa figura conhecida da sociedade carioca.
Ficando amigo pessoal do Imperador D. Pedro II era entre os negros e mestiçagem do Rio de Janeiro, reverenciado por sua representatividade, como neto do Obá Abiodum. De notar aqui a necessidade das pessoas alimentarem sonhos alheios e de tempos passados que nunca viveram.
Aquela guerra do Paraguai foi a mais sangrenta ocorrida na América Latina no século XIX, envolvendo uma aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, que terminou com a derrota dos paraguaios. Dom Obá II d´África foi promovido a alferes tendo sido desmobilizado por ter sido ferido na mão durante o conflito. Viveu no Rio de Janeiro, no Centro da cidade, região conhecida como Pequena África, um local historicamente habitado por africanos e seus descendentes.
Vindos de várias partes do país, a gente forra, iam ali como se assim o fosse uma peregrinação de romagem reafirmando-se em sua identidade. Uma Muxima na forma de Ongweva a alimentar uma fé inexplicável… Dom Obá tinha o hábito anualmente realizar uma visita oficial ao Paço, onde era recebido como herdeiro de seu avô. Foi defensor da monarquia brasileira, actuando na campanha abolicionista no combate ao racismo.
Já em Manaus de uma tremenda humidade, amanheci empoleirado em paus espetados no rio Negro. Aqui, quando chove de verdade o céu desaba. O Solimões, que é um rio, surge barrento mais abaixo. Em Alter do Chão o galo cantou despertando a neblina e, no balanço da palmeira entre fumo de fogueira, um novo dia chegou com paz saboreada a café, tapioca e maniçoba. Entretanto nós comprávamos bugigangas, cestos, catatuas de madeira e colares. E, o jabirú lá estava no meio da ilha alagada, dando soberania ao sítio do Alter, a terra do boto e da festa do “çairé”.
Sem saber que era um sonho à beira rio, cercado de Marabás, Caráraris, Ipixumas, Xaporis, Cajarás e Maués, dei comigo na festa do Carimbó comemorando vidas interrompidas num mundo de natureza hostil de onças pretas e pintadas. Estava tomando guarané Maué.: Como um caramuru de pele branca, transpirando forró, falando um português fluido entre garimpeiros, seringueiros e quebradeiras de coco, dei comigo a cantar:- Oi tira coco, solta coco - Vai descendo sem cessar – Bate-bate, racha coco - Quebra a palha devagar. Faz a roda, fecha a roda - Já é hora de cantar - Rapa coco, dança corpo - Na magia do lugar.
Em visita à floresta e no quartel base do Batalhão Militar de Guardas da Amazónia, fiquei impressionado com a pantera negra que por ali estava presa; sua pele brilhante e seus olhos de um amarelo intenso, provocaram-me arrepios reluzindo medo. Já vi muito felino, mas este olhar do bicho andando de um para outro lado, marcou definitivamente este momento; era bicho com que não me queria cruzar no meio dessa densa mata. Por ali fiquei beira pântano, beira rio,... Descendo por cinco dias o rio grande, de Manaus até Belém com Nossa Senhora da Aparecida sofri a soltura prolongada feita disenteria. Aiué, nem vos falo (por agora…)…
Glossário: Tuiuiú - pássaro pernalta símbolo do Pantanal; sucuri - cobra, jiboia; Jiboiei: - descansei em rede; Caimão - pequeno jacaré das Américas; Capivara - animal que parece um rato e é do tamanho de um porco, herbívoro; Kilombo (quilombo): o mesmo que quimbo, sanzala rural; Fujões - escravos fugidos das fazendas; Capitão-de-mato - cipaios ou guardas dos fazendeiros com alvará de busca ao infractor escravo; Obá II - escravo de linhagem que se tornou famoso entre outros; Caboclo - homem rude tarefeiro; Matuto - cruzamento entre índio e mulato (ou branco); Ipê-roxo: - árvore de grande porte, pau d´arco; Sukucaia - fruto do castanheiro do Pará; Manissoba - saca-saca, folha de mandioca fervida durante sete dias (para retirar a seiva venenosa); Jabirú - o mesmo que tuiuiú, pássaro do pantanal (nome popular usado em forma pejorativa); Boto: – golfinho do rio (toninha); “çairé” - festa anual em Alter do Chão, homenagem ao golfinho; Marabás, Xaporis:- tribos de índios; Carimbó - festa dos recolectores da floresta amazónica, seringueiros e agricultores de enxada e catana, pisteiro de onça; Guarané - o mesmo que guaraná em dialecto Maué; Caramuru - homem branco do sul, normalmente de Porto Seguro ou Santa Catarina; Forró – Farra batucada, excitação suada por ambiente festivo, que se traduz em alegria; Seringueiro – homem que extrai a borracha da árvore; Coxias: - herbívoros de pequeno porte; Cajá – taparabé, fruto tropical parecido com a nêspera, gajaja.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA - Cónica 3320 a 21.06.2022
– Republicação a 10.12.2022, no AlGharb do M´Puto
Do Pantanal à Amazónia - 1ª parte
Por T´Chingange (Otchingandji)
E, porque hoje aqui no velho continente começa o Verão, cuidados redobrados nas regas de gota-a-gota e, porque a chuva é escassa, lá teremos de preservar o que cai do céu, uma dádiva que só chega quando Deus quer ou se o quiserem quando a natureza assim o determina. Sabendo que em uns sítios transborda e noutros escasseia rebusquei frescuras alheias em minhas parábolas antigas na forma de malambas.
Com pensamentos molhados através da transpantaneira brasileira chegámos a Poconé, capital do garimpo - no céu nuvens carregadas de escuro com um sol deslumbrante, raiando luzernas multicolores como se o fossem olharapos espaciais. O português Aleixo Garcia foi o primeiro a visitar estas terras baixas no ano de 1524 tendo alcançado o rio Paraguai através do rio Miranda, atingindo a região onde hoje se situa a cidade de Corumbá. Num horizonte sem fim, araras, tuiuiús, mergulhões e minúsculos beija-flores davam-nos as boas vindas na fazenda Mato Grosso em mato Grosso do Norte..
Na beira-rio embarquei sonhos escondidos à mistura com mistérios de sucuri e esperanças caldeadas em saudade; uma inconformidade de querer sempre estar nas terras de onde me tiraram. Ali no Pantanal, jiboiei na rede picado a mosquitos, pesquei piranha e cavalguei no charco entre caimões, capivaras, aves pernaltas, cuxias e lontras luzidias. Espelhadas ao pôr de sol nas quietas águas do rio Pixaím, as baladas choradas do Peixinho, nosso guia ocasional, saído dum kilombo bem perto da fronteira com a Bolívia, tinham um encanto de lembrar a Kukia da Luua, que não sei descrever mas, do que ouvi, apreendi…
Aprendi com ongweva: - Eu sou cria desta água - Meu olhar, corre sem fim - O meu canto, chora as mágoas - D’ um rio dentro de mim… Aiué -Percorrendo um trilho aguado entre muita água vi o pantanal de Poconé limitar-se, ao norte com a própria cidade de Poconé, zona mais alta de savana, ao sul com o rio São Lourenço, no limite com o pantanal de Paiaguás, a leste com o pantanal de Barão de Melgaço e a oeste com o rio Paraguai. A vegetação mostra charcos imensos, repletos de ciperáceas e juncáceas, além de campos, savanas e florestas. Elementos da vegetação amazónica ocorrem em menor frequência.
Com o vento norte, impregnado de odores gentios, deslizavam longos e escorridos cabelos pela nossa mente. Cruzando mantos de verdura, a espalmada água escorria lentamente entre cordilheiras de rasa altura, currais, fazendas e roças de quilombos. Naquela largueza, em terras de fujões, escravos sem eira nem beira, recordávamos a história dos bandeirantes e capitães-de-mato, levando aqueles lá mais para longe, atrás da chapada, fazendo soberania escondida; tempos idos dum império que subsiste nas crenças e no espírito aventureiro dos descendentes do rei Dom Oba´ II.
O Cândido da Fonseca Galvão que ficou conhecido como Dom Obá II D'África foi um fidalgo e militar brasileiro que morreu com 45 anos no ano de 1890. Filho de africanos forros, seu pai, Fonseca Galvão, era filho de Abiodum, o Obá do Império de Oió. Cândido intitulava-se “príncipe Dom Obá II”, referindo-se a seu pai como “príncipe Dom Obá I”. Saídos das negruras de África, ainda perdidos no tempo, ainda arranham a terra garimpando a vida sem saberem que afinal construíram um país a que se chama de Brasil.
O índio, o caboclo ou o matuto, continuam a cortar o ipê-roxo, o pau-brasil, a cajá e os castanheiros que dão a sukucaia e, na beira-rio, vão cantando: - Canoa que não tem quilha - Não atende o canoeiro - Um país fora da trilha - É navio sem paradeiro. Andando por aqui e, ao calhas, fiquei a saber ao que chamam de cordilheira. Quando me disseram eu olhei a 360 graus e vendo tudo plano e inundado quis saber e, soube! Está a ver aquele alto e aquele, disseram: é a cordilheira! E, o que vi foram elevações de talvez dois metros com currais cercados aonde e, nas cheias do rio Paraguai resguardam as manadas de gado (foi em Março de 2011).
O que aqui é descrito num tempo passado está hoje coberto de água. Os rios que dão origem ao bioma constituindo a savana estépica, devido às grandes chuvas inundaram pelo que muito gado está a morrer afogado (ano de 2011). Os fazendeiros tentam minimizar os prejuízos deslocando as manadas para sítios mais alto – as cordilheiras, que diga-se são poucas e distantes entre si…
Glossário:
Tuiuiú - pássaro pernalta símbolo do Pantanal; sucuri - cobra, jiboia; jiboiei - descansar em letargia; capivara - animal que parece um rato e é do tamanho de um porco, herbívoro; kilombo – o mesmo que kimbo ou quilombo, sanzala rural; fujões – escravos fugidos das fazendas; capitão-de-mato – cipaios ou guardas dos fazendeiros com alvará de busca ao infractor escravo; Obá II – escravo de linhagem que se tornou famoso entre outros e, que se sublevou; caboclo – homem rude tarefeiro; matuto – cruzamento entre índio e mulato (ou branco); ipê-roxo – árvore de grande porte, pau d´arco; sukucaia – fruto do castanheiro do Pará; jabirú – o mesmo que tuiuiú, pássaro do pantanal (nome popular usado em forma pejorativa); coxias- herbívoros de pequeno porte; cajá – taparabé, fruto tropical parecido com a nêspera do M´Puto ou gajaja de N´Gola; ao calhas – ao acaso, aleatório; Kukia: Pôr-do-sol; Luua: d iminutivo de Luanda; Ongweva: Saudade (kimbundo) …
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO - UMA CHUVA ANTIGA
O mistério da vida... Não se deixe arrastar por ilusões...
Crónica 3319 de 19.06.2022 em Pajuçara – Republicação a 09.12.2022 na Lagoa do M´Puto
Por T´Chingange (Otchingandji)
Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada. O destino da humanidade repousa irremediavelmente e, cada vez mais que nunca, sobre as forças morais do homem. Se se quiser uma vida livre e feliz, forçosamente haverá necessidade de se restringir ao essencial e renunciar a muitas tentações; daqui dizer-se estar sempre limitado! Estamos vivendo no século da luz – não nos podemos deixar arrastar por ilusões, embora o pareçam ser bem-intencionadas.
Raciocine imparcialmente não aceitando à partida algo que não entenda. Se porventura não compreender alguma coisa, não a rejeite de todo; procure aprofundá-la pelo estudo, pela pesquisa. Não se conforme com a pior das escravidões, que é a submissão mental. Hoje o destino da humanidade repousa sobre os valores morais que consegue suscitar em si mesma. Todos, ou quase, percebemos que o livre jogo das forças económicas, o esforço desordenado e sem freios dos indivíduos para dominar e adquirir a qualquer custo, nos conduzirão mais e de forma automática a uma solução insuportável deste problema: tanto roubo, tanta hipocrisia e corruptela. Nascemos para ser livres, e só o seremos quando raciocinarmos de forma livre.
Será necessário rever velhas ordens, planifica-las em novas para que a produção de bens do emprego da mão-de-obra e da repartição em bens de consumo, não sejam uma simples quimera; evitar a todo o custo o desaparecimento de importantes recursos produtivos com o inerente empobrecimento levado a uma vida ultrajante de subsistência e dependência… Em um qualquer momento de nossas vidas passamos por isto! Sempre haverá alguém pronto a explorá-lo em nome de um Deus - o dinheiro.
Esses mesmos irão dizer-lhe que fazem o que fazem na graça de Deus – nunca saberemos ao certo que Deus é esse que menospreza um servidor humilhando-o na serventia – explorando-o. Conheço isto, vivo isto porque tenho amigos que se dizem profetas escravizando o próximo tendo Deus na ponta da língua com a graça e edecéteras em que sua seita de crenças dá crédito – as falácias são muitas e até estes, parecem enganar-se a si próprios e a propósito… O estado deverá ser permanentemente inovador nas áreas de educação e pesquisa. Será com novas áreas de modernidade e novos paradigmas que se alcançará o bem-estar social. Se na vida económica de um povo, o egoísmo e corrupção persistirem - então o “monstro”, inevitavelmente derrotará a democracia tal como a conhecemos e concebemos.
A política tornar-se-á tão nefasta que no dia-a-dia perigará a condição em se ser um cidadão honesto. Vamos viver condicionados a gente que tudo vê por interesse, por voto, por simples vaidade ou capricho, mesmo que sendo ou parecendo fútil. Os estragos serão cada vez mais atrozes ao entendimento da gente que cada vez mais detestará a política e os políticos. Detestará também os sindicatos e sindicalistas manobradores. A menos que os homens descubram e bem depressa, os meios de se protegerem deste desequilíbrio ético, caminharemos rapidamente para guerras internas… Podemos assistir a isto hodiernamente!
As dispersões de opinião serão cada vez mais distribuídas, originando uma incerta forma de governo e, proporcionando na certa, o aparecimento de associações do tipo geringonça, governos feitos com gente despreparada, gente seguidora de uma conduta politica comprovadamente nefasta, cativando ideias e ideais, seguindo os métodos de se permanecer no poder mantendo a nomenclatura que lhe é afecta. Estas terão pela certa jogos de sociedade respeitando escrupulosamente sua visão ideológica, suas regras, suas normas, seus interesses; teremos lideres a bajular-se, presidentes a ser coniventes e, aqui e além darem sua ajuda à revelia de interesses nacionais. Faltam Estadistas!
E, a dúvida de todos ou de uma grande parte subsistirá porque, quando se trata de ser ou não ser, as regras e compromissos, nada valem. Sei-o por experiência própria em um tempo não tão distante: 1975 – Um tal de acordo de Alvor – lugar do M´Puto! Aonde então, se meteram os estadistas? Diriam como salvaguarda posterior serem medidas revolucionárias! A evolução dos últimos anos põe em foco o facto de termos muito poucas razões para confiar nos governos; em confiar na ética e responsabilidade…
A confiabilidade dissolve-se assim, em permanentes duvidas e, nisto de assim ser, não há objectores de consciência. Na verdade trata-se de um combate desigual ou ilegal; um combate pelo direito real dos homens contra seus governos já que estes, exigem de seus cidadãos actos criminosos de demasiados e injustos impostos, demasiadas leis e, desadequadas. Demasiados impostos com taxas em cima de taxas. Juro que ando descrente. Vejo a saúde numa lástima, a educação dada a coisas de menor importância. O fim do abecedário com a inclusão do mais na sigla da bandeira de todas as cores. Sejam felizes, o quanto possam…
Ilustrações de Costa Araújo
O Soba T´Chingange
MULOLAS DO TEMPO – 33
RECORDANDO: Em Komatipoort e Sudwala Caves…
Odisseia “HAJA PACIÊNCIA” – Recordando o 10 de Novembro de 2018 – no 54º - um Sábado…
Crónica 3318 – 18.06.2022 – Republicação a 08.12.2022, na Lagoa do M´Puto
Por T´Chingange (Ochingandji)
Acomodados em um dos chalés do Komati River Chalets, na cidade de Kotmatipoort pudemos disfrutar da tranquilidade entre o variado arvoredo e a toalha de água dispersa pelos vários canais do Crocodile River bem na fronteira do Kruger National Park; situado muito perto da estação movimentada de comboios, podíamos ver de vez em quando, os quilómetros de extensão destes, cheios de minério ou carvão, passando pelo talude marginal e a ponte de ferro que bordeiam o condomínio desta agradável estância de turismo…
Havia bancos estrategicamente situados para apreciar as espraiadas e quietas águas do Crocodile, até de ver os peixes em sua moderada agitação e o crocodilo a jiboiar, bem na berma da ilha em frente e na direcção dos sons dos trens, agulhas de mudança e apitos, solavancos feitos de guinchos prolongadamente agudos, finas e compridas pancadas, os choques e as sonoridades da estação, barulhos diferenciados a agitar guarda freios, vigilantes das máquinas martelando o ferro, toques de ver e ouvir falhas, rachaduras ou frouxidões. Saudades de quem já trabalhou em uma estação, que cheirou e desenhou máquinas Garrett entre outras a vapor ou a diesel …
A jusante fica uma levada, rápidos envoltos em pedregais logo a seguir a uma ponte de mulola com guias na forma de pilares na lateral e, espraiando-se a seguir num rio de calado baixo pelo assoreamento; sucede então que os mais audazes animais tentam ultrapassar sua fronteira de reserva e por isso, ouve-se no ar barulho de pás de um helicóptero. O que é, o que não é e, dizem-nos estar a espantar uma manada de elefantes que tentavam passar seus limites de fronteira. Isto acontece por via de pastos mais agradáveis, grama verde e tentadora…
Passando o dia entre leitura, escrita e passeio pelo jardim de matiz tropical, há também tempo para pescar com isca ou amostra ao longo das margens limpas de mato fechado. Há sim, um aviso a recordar não dar comida a macacos, não bulir com cágados ou tartarugas, nem dar comida a animais de pequeno porte que possam surgir. Sobressai o aviso de ficar atento a eventuais investidas de crocodilos. Nos sítios estratégicos há menção dos muitos pássaros que por ali possam ser avistados; saliento o Kingfisher bird – um pássaro ágil a pescar ao jeito de mergulho picado.
Visitar o Kruger Park é sempre um momento alto na viagem para qualquer um de nós. Desta feita sugeri ao companheiro de odisseia, “O melhor condutor de África- Vissapa”, o dono da vontade, a visitarmos o Parque; tinha já sugerido irmos até às grutas de Sudwala Caves, lugar bem perto de Nelspruit, uma cidade situada na via N4 e a caminho do nosso destino final em Johannesburg, graças a Deus. A negativa foi peremptoriamente muxoxada de entretantos com considerandos e edecéteras – ali não havia bichos! Ponto final.
Lá atrás, ainda em Moçambique, também tinha sugerido irmos até Grascop uma bela e pequena cidade nas montanhas do lado Este do Kruger, lugar de muitas e bonitas quedas de água e das três mamas de África mais "God’s Window", cidade já minha conhecida. Mas, isso não estava no seu programa e, daí, nada a fazer – Tive de vestir a aldraba como se o fora um colete à prova de balas, enfiar a sugestão num saco, atá-lo para não feder e, deixar prevalecer na vontade do Big Chefe, o sabe-tudo para além de o ser: “O melhor condutor de África”…
Pois assim é, assim foi! A escassos quilómetros de Nelspruit de Mpumalanga havia em tempos, gente refugiada nas grutas que tinham um kazumbi tão forte que até guardavam a morte no sovaco. Bem! Quando lá entrei, havia realmente um forte cheiro a catinga. Catinga que já cheirava a cadáver mas aquilo eram estromatólitos colados ao tecto, um pouco diferente das estalactites ou estalagmites. Mas o certo é que havia sim, uma imagem em um grande salão com o nome de Nossa Senhora da Muxima. Para uns já era de Lourdes e para outros de Nossa Senhora de Fátima. Bem! Descrevo isto porque fui lá mas desta feita, nadica de nada! O pedaço estava longe de ser meu…
Os estromatólitos colados ao tecto por serem fósseis tão antigos, pensa-se que sejam testemunha dos primeiros organismos a realizar a fotossíntese oxigênica, responsáveis pelo gás oxigénio que surgiu no planeta há cerca de 3,5 bilhões de anos. Porém, a definição exacta, ainda é discutida podendo, por exemplo, excluir estruturas como oncólitos e trombólitos da lista dos estromatólitos. Compõem-se também de carbonatos calcita e dolomita. São formados a partir de uma sucessão de estágios, partindo de esteira microbiana, estromatólito estratiforme, para finalmente se consolidarem em uma rocha. Mas, o povo sempre acredita no que bem quer.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
KIANDA COM ONGWEVA - XXI de várias partes…
– Crónica 3316 de 14.06.2022 – Republicada a 07.12.2022 na falsa savana do Alentejo do M´Puto
MUXIMA NAS FRINCHAS DO TEMPO - Falar do futuro, até para as kiandas é tabu…
Ongweva é saudade
Por T´Chingange (Ochingandji)
Quem se mete com kiandas fica kiandado ou oxorizado. Morgan Tsvangirai o pai de Roxo ficou avençado pelos Mwana-Pwós com o posto de tenente de segunda linha mandando os escravos m´bikas do kimbo fazer tarefas de soberania. Nesta tarefa de contar a estória lá teremos de ver para onde correm as águas de navegar na boleia da correnteza e eis que do lugar distante de Pernambuco e suas capitânias adjacentes, no reino de Terras de Vera Cruz, estavam carentes de braços para fazer o cultivo da cana para fazer andar os engenhos de assucar.
Os pormenores que podem até ser pensados insignificantes, têm de ser descritos para haver um melhor entendimento nos grandes gestos nos feitos, dos obreiros sertanejos e Mwana-Pwós em lados quase de mesma longitude mas afastados por um oceano na Latitude – Mar kalunga dos iemanjás - os Orixás das águas salgadas, mãe dos demais orixás; Rainha do mar, Mãe das águas ou mãe dos filhos-peixe. Filha de Olokum, dum Iemanjá que foi casada com Oduduá, com quem teve dez filhos orixás. Bom! Latitude serão os movimentos destes ao longo dos meridianos; ao longo do equador ou linha paralela a este.
A preguiça na cultura dos índios americanos dos brasis não permitia seu uso no trabalho – isso era tarefa de mulher e gente, dada ao desprezo. Talvez por isto, seus lugares tenentes mantinham contacto com alguns negreiros portugueses que detinham este negócio, pagando-lhes ainda mais do que a antiga coroa determinava. Era um quase pacto de negócio mantendo-os como principais fornecedores de peças á margem dos interesses dos reis do M´Puto.
As ordens que vinham do Conde Maurício de Nassau a partir de Olinda eram de subornar a todo o custo os intervenientes funantes do mato de N´Gola no negócio escravo. Estava em causa a política comercial da Companhia das Índias Ocidentais... O lucro! E, Portugal que era agora pertença dos espanhóis não havia por isso empenho nestas políticas de tanto trabalho; preferiam estabelecer severas taxas de soberania aos amarídeos de seus territórios com pagas em ouro.
As mordomias dos reis Filipe de Castela, Astúrias, Galiza, Catalunha Portugal e Andaluzia eram muitas - isso impunha uma política restritiva, sem dispersão. A tia da Kianda Roxo, N´ga Maria Káfutila de linhagem nobre do reino do Kongo ajudava Januário Pieter na quinda do mercado da paliça vendendo malavo e quitoto ou permutando com os indígenas ou mesmo n´gwetas produtos da terra como ginguba e fuba de mandioca.
A fuba originava um prato apetecível chamado de funje ou pirão, um preparo a partir da mandioca. E, ela, a Roxo, tornou-se assim uma cozinheira de primeira mão mas, no correr do tempo preferiu lançar suas fluorescências em pinturas. Por obra desconhecida ou talvez de *Olokun rodou trezentos e sessenta graus confundindo essas tais de Latitude e de longitude; hoje dificilmente frita um ovo! A casa dela nem cozinha tem… Ainda intentou fazer uso das folhas do pau de mandioca que era passada por cinco fervuras para anular o veneno da coisa e, desistiu a favor da Saka-Saka.
Agora a isto chama-se assim de Saka-Saka sendo impregnada de azeite de palma, um prato mais típico e requintado. De saber que ainda hoje e do lugar natural dos Mafulos (Holanda), daí advém em latas deste produto enraizado naqueles idos tempos e que perdurou - um caso menor mas de importante e curiosidade de no decorrer do tempo, ali e em todos os povos de fala francesa.
Kiandas e calungas! O tempo, na mística espiritual de N´Gola, não tem fidelidade à linha do tempo, anda do agora para trás e, se sabe no depois, nunca o diz! Também tem medo de virar poeira como o Plutão… O futuro é já a seguir… Como se diz, a calunga ou kianda é assim como um vírus de computador que sem se ver, se faz notar. Nossa kianda Roxo veio como Assunção por alguma razão que, nem ela própria sabe! Melhor seria Ascensão mas quis a semântica do uso dar-lhe esse quase igual nome. Podia ser só Maria mas quis o encontro com as calemas do destino encontrar o T´Chingange que estupfeito com suas bizarras cores do além e seus mágicos gatafunhos psicadélicos, simbiose de Naif com Dali, ascendeu aos espíritos. E, em viagem por esse Universo distribuindo alegrias tomando muito chá de funcho e oliveira a controlar sua intensidade de fazer gaifonas à vida, T´Chingange anda agora beulando porque não mais soube coisas da Oxor, a kianda espelho de Roxo. Acho que sim! Seguiu o rumo de Plutão, fez uafo, uafou…
:::::
*Do Olokun: Para as águas do mar, Olokun, Ye Olokun, Ya Olokun, são pontos de areia. Os destinos brilhando num só Olokun - Ye Olokun, Ya Olokun… Na cultura africana, Olokun possui diferentes representações, em alguns locais ele possui características do sexo masculino (Yorubá) e em outras, do feminino (Ifé). Mas em todas suas formas ele tem o corpo metade peixe e metade homem.
GLOSSÁRIO: Kalunga - mar; Kianda - sereia; Kituku - mistério; Kúkia – sol nascente; Ngana NZambi - Senhor, Deus; Mafulos - Holandeses; Kuatiça o ngoma! – Toquem os tambores;Tambulakonta – toma atenção, cuidado; matona – peixe da bahia da Luua; Luua – Diminutivo de Luanda; kifufutila ou kafufutila – perdigotos ao comer e falar ao mesmo tempo; Xipala, T´Xipala – foto; Malamba – palavra; átoa – de qualquer maneira; beulando – passeando o abandono; uafo – morte, morreu…
(Continua com “fricção”…)
Por: Soba T´Chingange (Ochingandji)
KIANDA COM ONGWEVA - XXI de várias partes…
– Crónica 3316 de 14.06.2022 – Republicada a 07.12.2022 na falsa savana do Alentejo do M´Puto
MUXIMA NAS FRINCHAS DO TEMPO - Falar do futuro, até para as kiandas é tabu…
Ongweva é saudade
Por T´Chingange (Ochingandji)
Quem se mete com kiandas fica kiandado ou oxorizado. Morgan Tsvangirai o pai de Roxo ficou avençado pelos Mwana-Pwós com o posto de tenente de segunda linha mandando os escravos m´bikas do kimbo fazer tarefas de soberania. Nesta tarefa de contar a estória lá teremos de ver para onde correm as águas de navegar na boleia da correnteza e eis que do lugar distante de Pernambuco e suas capitânias adjacentes, no reino de Terras de Vera Cruz, estavam carentes de braços para fazer o cultivo da cana para fazer andar os engenhos de assucar.
Os pormenores que podem até ser pensados insignificantes, têm de ser descritos para haver um melhor entendimento nos grandes gestos nos feitos, dos obreiros sertanejos e Mwana-Pwós em lados quase de mesma longitude mas afastados por um oceano na Latitude – Mar kalunga dos iemanjás - os Orixás das águas salgadas, mãe dos demais orixás; Rainha do mar, Mãe das águas ou mãe dos filhos-peixe. Filha de Olokum, dum Iemanjá que foi casada com Oduduá, com quem teve dez filhos orixás. Bom! Latitude serão os movimentos destes ao longo dos meridianos; ao longo do equador ou linha paralela a este.
A preguiça na cultura dos índios americanos dos brasis não permitia seu uso no trabalho – isso era tarefa de mulher e gente, dada ao desprezo. Talvez por isto, seus lugares tenentes mantinham contacto com alguns negreiros portugueses que detinham este negócio, pagando-lhes ainda mais do que a antiga coroa determinava. Era um quase pacto de negócio mantendo-os como principais fornecedores de peças á margem dos interesses dos reis do M´Puto.
As ordens que vinham do Conde Maurício de Nassau a partir de Olinda eram de subornar a todo o custo os intervenientes funantes do mato de N´Gola no negócio escravo. Estava em causa a política comercial da Companhia das Índias Ocidentais... O lucro! E, Portugal que era agora pertença dos espanhóis não havia por isso empenho nestas políticas de tanto trabalho; preferiam estabelecer severas taxas de soberania aos amarídeos de seus territórios com pagas em ouro.
As mordomias dos reis Filipe de Castela, Astúrias, Galiza, Catalunha Portugal e Andaluzia eram muitas - isso impunha uma política restritiva, sem dispersão. A tia da Kianda Roxo, N´ga Maria Káfutila de linhagem nobre do reino do Kongo ajudava Januário Pieter na quinda do mercado da paliça vendendo malavo e quitoto ou permutando com os indígenas ou mesmo n´gwetas produtos da terra como ginguba e fuba de mandioca.
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A fuba originava um prato apetecível chamado de funje ou pirão, um preparo a partir da mandioca. E, ela, a Roxo, tornou-se assim uma cozinheira de primeira mão mas, no correr do tempo preferiu lançar suas fluorescências em pinturas. Por obra desconhecida ou talvez de *Olokun rodou trezentos e sessenta graus confundindo essas tais de Latitude e de longitude; hoje dificilmente frita um ovo! A casa dela nem cozinha tem… Ainda intentou fazer uso das folhas do pau de mandioca que era passada por cinco fervuras para anular o veneno da coisa e, desistiu a favor da Saka-Saka.
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Agora a isto chama-se assim de Saka-Saka sendo impregnada de azeite de palma, um prato mais típico e requintado. De saber que ainda hoje e do lugar natural dos Mafulos (Holanda), daí advém em latas deste produto enraizado naqueles idos tempos e que perdurou - um caso menor mas de importante e curiosidade de no decorrer do tempo, ali e em todos os povos de fala francesa.
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Kiandas e calungas! O tempo, na mística espiritual de N´Gola, não tem fidelidade à linha do tempo, anda do agora para trás e, se sabe no depois, nunca o diz! Também tem medo de virar poeira como o Plutão… O futuro é já a seguir… Como se diz, a calunga ou kianda é assim como um vírus de computador que sem se ver, se faz notar. Nossa kianda Roxo veio como Assunção por alguma razão que, nem ela própria sabe! Melhor seria Ascensão mas quis a semântica do uso dar-lhe esse quase igual nome. Podia ser só Maria mas quis o encontro com as calemas do destino encontrar o T´Chingange que estupfeito com suas bizarras cores do além e seus mágicos gatafunhos psicadélicos, simbiose de Naif com Dali, ascendeu aos espíritos. E, em viagem por esse Universo distribuindo alegrias tomando muito chá de funcho e oliveira a controlar sua intensidade de fazer gaifonas à vida, T´Chingange anda agora beulando porque não mais soube coisas da Oxor, a kianda espelho de Roxo. Acho que sim! Seguiu o rumo de Plutão, fez uafo, uafou…
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*Do Olokun: Para as águas do mar, Olokun, Ye Olokun, Ya Olokun, são pontos de areia. Os destinos brilhando num só Olokun - Ye Olokun, Ya Olokun… Na cultura africana, Olokun possui diferentes representações, em alguns locais ele possui características do sexo masculino (Yorubá) e em outras, do feminino (Ifé). Mas em todas suas formas ele tem o corpo metade peixe e metade homem.
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GLOSSÁRIO: Kalunga - mar; Kianda - sereia; Kituku - mistério; Kúkia – sol nascente; Ngana NZambi - Senhor, Deus; Mafulos - Holandeses; Kuatiça o ngoma! – Toquem os tambores;Tambulakonta – toma atenção, cuidado; matona – peixe da bahia da Luua; Luua – Diminutivo de Luanda; kifufutila ou kafufutila – perdigotos ao comer e falar ao mesmo tempo; Xipala, T´Xipala – foto; Malamba – palavra; átoa – de qualquer maneira; beulando – passeando o abandono; uafo – morte, morreu…
(Continua com “fricção”…)
Por: Soba T´Chingange (Ochingandji)
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