Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009
TUNDAMUNJILA . 2009

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

          ENTREVISTA A T´CHINGANGE

 

Dedicada aos meus amigos, especialmente aos mais próximos súbditos colaboradores do Reino de Manikongo o Fintador de Jacarés “O Boni da Katumbela” e Embaixador do Kacuacu ; Ao Jamba Ouvidor-Mor nas terras de Vera Cruz; à correspondente do T´Xissa, Marquesa do Quipeio e ao Chato do Xiça, meu mano cazucuta.

Entrevista de quando eu não era mentiroso; agora tenho de falar verdade para não me mentir. Votos de bom ano de 2002 chupando múcua na Lua

 

 OSOBA NA 1ª ENCARNAÇÃO

 

Chato do Xiça

Estava por mim prometida entrevista a um cronista do jornal regional chamado de Devaneios da Praia do Françês, em Alagos do Brasil. Por ano e meio, foi-se adiando o momento, até que em fins de Dezembro de 2009 (Hoje) se proporcionou tal.

Aristides Arrais, um natural de Bustos de Aveiro, uma zona costeira da Beira Litoral Portuguêsa, ávido de conhecimentos históricos da sua Lusa pátria, intrigava-se do porquê, dum conterrâneo seu, optar nos dias de hoje por ser um seu vizinho.

Arrais, com mais de 45 anos de permanência no Brasil, nunca deixou de ter contacto com a sua terra natal, da qual mensalmente lhe chega um jornal dando conhecimento das inovações dessa sua terra.

Ele e eu, estabelecemos uma empatia de cumplicidade com troca de vivências e, de assunto para curiosidade, fez-me o convite para me entrevistar; sem gravação foi tomando anotações de minhas respostas.

Despido de inibições, subterfúgio ou medos, fui-lhe dando as respostas da qual se reproduz com o beneplácito de ambos:

 

Com a responsabilidade do

P . Arrais: - Você está com um camarada cujos dedos da mão comportam o amigo T´Chingange mas, uma dúvida subsiste em mim. Porque optou pelo Brasil para viver?

 

R . T´Chi: - Fundamentalmente porque aqui, existem as caracteristicas mais parecidas com as de Angola. A empatia e formas de convívio são de relacionamento rápido, um pouco à semelhança de Angola. Em Portugal, talvez pelo clima, as pessoas são frias, introvertidas e calculistas no relacionamento e, leva anos para que por exemplo, haja abertura de se ser visita de casa. Pode viver-se com um vizinho durante anos, sem nunca haver um cumprimento formal; quando muito dá-se um bom dia mal humorado ou distanciado.

O uso da gravata, a desmedida concorrência entre profissionais, a ostentação no ser e no ter com a sempre persistente inveja estão sempre presentes. Bem, além da quentura do clima, temos aqui as mesmas  frutas de Angola e, queiramos ou não, influi-nos bastante.

Em Portugal não se cultiva a amizade como aqui no Brasil ou a Angola do meu tempo.

 

P . Arrais: - Mas, em Portugal, a esmagadora maioria tem medo dos assaltos, mortes e raptos. Porque não tomou isto em conta?

 

R . T´Chi: - Essa não é a minha filosofia de vida. Não adianta procurar o que o destino já nos reserva. Não vou escravizar-me escondido no medo.

Pensar nas coisas ruíns, é como ter herança dum relógio roscófe embrulhado em papel besuntado de quicuanga; a todo o momento o rato roe.

 

P. Arrais: -  E, que me diz dos políticos?

 

R . T´Chi: - É tudo igual, cá e lá. Quanto mais a gente mexe mais fede. Todos são bonzinhos cordeiros quando contactam com o poder mas, com o tempo tornam-se vampíros e chupam-nos o tutano. È uma penicada de corruptos que cometem incestos todos os dias e os tribunais nada fazem porque navegam nas mesmas águas. Eles, estão a derrubar a democracia! Há excepções felizmente.

Tem políticos que valem menos que um molho de capim. Nem uma ovelha alimentam;... Só eles mesmo.

 

P. Arrais: -  E, não pensa volar à sua Angola?

 

R . T´Chi: - Angola ainda é um eco de tundamunjila. Ouço sua tosse nas matas da minha vida; seus rios correm dentro das minhas águas mas, fuba de bombó tenho por aqui mesmo. Angola ainda é uma casa meio construida de adobes secos de pouco sol, com muitos kizombaqueteiros ou cazucuteiros. Nunca é tarde para virar salalé e ir lá pepetelar mwangolé,...Pode ser.

 

P. Arrais: -  Se bem entendi parece guardar algum rancor de ser forçado a sair de Angola, de forma abrupta e sem nada?

 

R . T´Chi: - O meu rancor anda a ser dissipado pelo mundo e vai direitinho para os políticos de tuji do Puto que num faz-de-conta de estadistas só fizeram bosta em Angola.

Tudo o que sucedeu no após 975, foi por culpa dos “PREC´S” e seus generais de aviário do MFA que em vez de salvaguardar seus patrícios, vergonhosamente até os saquearam.

Os movimentos armados  fizeram o que poderam. A guerra foi uma sequência tendo  Portugal  e seus políticos de então como únicos culpados; nossas memórias são o gestemunho no sangue do tempo. 

(Continua....2ª parte)



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:08
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2 comentários:
De kimbolagoa a 31 de Dezembro de 2009 às 18:18
Ò Soba, isso de não ter medo de viver no Brasil e não fugir ao destino marcado é um bocadinho "papo furado"... Não tenha cuidado não... é qualquer dia tiram-lhe o escalpe... Aqui todos os cuidados são poucos... e os brasileiros não são tão amigos como parecem ser.... Prefiro os Portugueses.. são mais sinceros... pelo menos não "puxam o saco"

Abraço
JAMBA


De kimbolagoa a 1 de Janeiro de 2010 às 16:07
Ao meu amigo Jamba
Aceito outros pontos de vista e nem contesto a verdade do conteúdo. A visão de T´Chingange, o soba, engloba-se numa comparação de vivências em África de outros tempos. As mazelas mordem-nos e, no correr do tempo, lambendo feridas filtramos os ditos "puxa-sacos"; o meu filtro de seleção é de malha apertada, assim como um coador de café; temos de rodá-lo para sair o produto final.
Em todo o lado há "bitacaias" (pulgas do pé ou do porco). É necessário distinguir a comichão, analisar o saco e retirá-lo com cuidado para não deixar óvulos.
As referências, os amigos verdadeiros, cultivam-se como as orquidias mas, estas, sendo bonitas não deixam de ser parasitas.
Vou escrever nos próximos tempos sobre a bitacaia ou matacanha e pepetelar (ver com as pestanas) sobre o tema. fica atento meu! fui!!!
Um kandando do Soba


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