FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
ENTREVISTA A T´CHINGANGE
Dedicada aos meus amigos, especialmente aos mais próximos súbditos colaboradores do Reino de Manikongo o Fintador de Jacarés “O Boni da Katumbela” e Embaixador do Kacuacu ; Ao Jamba Ouvidor-Mor nas terras de Vera Cruz; à correspondente do T´Xissa, Marquesa do Quipeio e ao Chato do Xiça, meu mano cazucuta.
Entrevista de quando eu não era mentiroso; agora tenho de falar verdade para não me mentir. Votos de bom ano de 2002 chupando múcua na Lua
Chato do Xiça
Estava por mim prometida entrevista a um cronista do jornal regional chamado de Devaneios da Praia do Françês, em Alagos do Brasil. Por ano e meio, foi-se adiando o momento, até que em fins de Dezembro de 2009 (Hoje) se proporcionou tal.
Aristides Arrais, um natural de Bustos de Aveiro, uma zona costeira da Beira Litoral Portuguêsa, ávido de conhecimentos históricos da sua Lusa pátria, intrigava-se do porquê, dum conterrâneo seu, optar nos dias de hoje por ser um seu vizinho.
Arrais, com mais de 45 anos de permanência no Brasil, nunca deixou de ter contacto com a sua terra natal, da qual mensalmente lhe chega um jornal dando conhecimento das inovações dessa sua terra.
Ele e eu, estabelecemos uma empatia de cumplicidade com troca de vivências e, de assunto para curiosidade, fez-me o convite para me entrevistar; sem gravação foi tomando anotações de minhas respostas.
Despido de inibições, subterfúgio ou medos, fui-lhe dando as respostas da qual se reproduz com o beneplácito de ambos:
P . Arrais: - Você está com um camarada cujos dedos da mão comportam o amigo T´Chingange mas, uma dúvida subsiste
R . T´Chi: - Fundamentalmente porque aqui, existem as caracteristicas mais parecidas com as de Angola. A empatia e formas de convívio são de relacionamento rápido, um pouco à semelhança de Angola. Em Portugal, talvez pelo clima, as pessoas são frias, introvertidas e calculistas no relacionamento e, leva anos para que por exemplo, haja abertura de se ser visita de casa. Pode viver-se com um vizinho durante anos, sem nunca haver um cumprimento formal; quando muito dá-se um bom dia mal humorado ou distanciado.
O uso da gravata, a desmedida concorrência entre profissionais, a ostentação no ser e no ter com a sempre persistente inveja estão sempre presentes. Bem, além da quentura do clima, temos aqui as mesmas frutas de Angola e, queiramos ou não, influi-nos bastante.
Em Portugal não se cultiva a amizade como aqui no Brasil ou a Angola do meu tempo.
P . Arrais: - Mas, em Portugal, a esmagadora maioria tem medo dos assaltos, mortes e raptos. Porque não tomou isto em conta?
R . T´Chi: - Essa não é a minha filosofia de vida. Não adianta procurar o que o destino já nos reserva. Não vou escravizar-me escondido no medo.
Pensar nas coisas ruíns, é como ter herança dum relógio roscófe embrulhado em papel besuntado de quicuanga; a todo o momento o rato roe.
P. Arrais: - E, que me diz dos políticos?
R . T´Chi: - É tudo igual, cá e lá. Quanto mais a gente mexe mais fede. Todos são bonzinhos cordeiros quando contactam com o poder mas, com o tempo tornam-se vampíros e chupam-nos o tutano. È uma penicada de corruptos que cometem incestos todos os dias e os tribunais nada fazem porque navegam nas mesmas águas. Eles, estão a derrubar a democracia! Há excepções felizmente.
Tem políticos que valem menos que um molho de capim. Nem uma ovelha alimentam;... Só eles mesmo.
P. Arrais: - E, não pensa volar à sua Angola?
R . T´Chi: - Angola ainda é um eco de tundamunjila. Ouço sua tosse nas matas da minha vida; seus rios correm dentro das minhas águas mas, fuba de bombó tenho por aqui mesmo. Angola ainda é uma casa meio construida de adobes secos de pouco sol, com muitos kizombaqueteiros ou cazucuteiros. Nunca é tarde para virar salalé e ir lá pepetelar mwangolé,...Pode ser.
P. Arrais: - Se bem entendi parece guardar algum rancor de ser forçado a sair de Angola, de forma abrupta e sem nada?
R . T´Chi: - O meu rancor anda a ser dissipado pelo mundo e vai direitinho para os políticos de tuji do Puto que num faz-de-conta de estadistas só fizeram bosta em Angola.
Tudo o que sucedeu no após 975, foi por culpa dos “PREC´S” e seus generais de aviário do MFA que em vez de salvaguardar seus patrícios, vergonhosamente até os saquearam.
Os movimentos armados fizeram o que poderam. A guerra foi uma sequência tendo Portugal e seus políticos de então como únicos culpados; nossas memórias são o gestemunho no sangue do tempo.
(Continua....2ª parte)
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