FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“ " A ponte dos retornados"
PEDRAS DO PUNGO ANDONGO
Elaborava listas e folhas de embarque para agilizar tal retirada até que, por indicação do chefe de secção numa das listas incluí o meu nome e de todo o meu agregado, mulher, dois filhos e a sogra com 57 anos de idade.
No dia 7 de Agosto de 1975, vôo TAP, nº 13 da “ponte de refugiados”, com folhas de embarque e salvo conduto passei um mar de gente amontoada entre caixotes em todo o espaço fronteiro ao aeroporto.
O anterior estacionamento de carros era agora um amontoado de desesperados.
Com a roupa do corpo, muitos sonhos numa inexistente mala de cânfora ou de pandora levavamos uma máquina de costura oliva; talvez a nossa sobrevivência dependesse daquela máquina que, anos mais tarde e, na Venezuela foi vendida a uma senhora brasileira.
À chegada ao aeroporto da Portela em Lisboa, havia gente da Cruz Vermelha e uns tantos funcionários a questionar-nos sobre o destino, e coisas de logistica sem aparente articulação. Deram-nos 500 escudos por adulto para as primeiras necessidades e, daí seguimos para terras do Ribatejo, casa de famíliares.
Até se compreende que um homem nesta situação aflitiva tivesse posto uma arma em sua boca e estilhaçado o céu da sua vida; não foi o meu caso e, estou aqui para lembrar o pesaroso que isso foi. Dulce Braga têm uma descrição suave porque era jovem, e tinha um saquinho de diamantes em seu sapato, felizmente.
Dulce chegou a Viracopos do Brasil no dia 27 de Setembro, um mês depois de mim; passado um ano, encetou um caminho secreto de falar num faz-de-conta em cópia de linguajar brasileiro, ludribiando a lingua vernácula, “sotacava” formas diferentes de dizer para não ser “cutucada”.
Em Portugal passava-se o mesmo; tinhamos de fingir ser mudos e moucos para não denunciar a nossa latitude ou esmurrar num qualquer maxchimbombo, muito filho-da-puta.
Tudo passou e, também aqui estou no Brasil, país de empatia rápida, de amigos que se visitam e fazem churrascos levando a vida como em Angola, ou,...quase.
Passei a ter três refências; no Brasil sou português, em Portugal sou brasileiro e em Angola sou mwangolé, um gweta da manhanga mas, sempre besugo do puto, t´chindere.
Agora relembro estórias mal-contadas, outras mal-amadas; como a Dulce, dialogo em paz com esses pedaços de eruptas crispações, um resgate de irrequietude, de impossibilidades que o tempo firma. À terra dos maboques,... pr´a lá irei um qualquer dia fazer companhia aos pastores das anharas e deitar pedrinhas na t´chimpaka, vê-las saltitar até findar.
( Continua... No tempo dos caricocos...IV)
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