FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
O LIVRO DE ALCIDES SAKALA
ALCIDES SAKALA
AUTOR DE MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO
De rio em rio, muxito em muxito, como leões cautelosos, agachando-se por debaixo de espinheiras, espevitavam odores do embaciado ar da manhã. Pé ante pé galgavam mais uns metros penetrando o olhar por entre as copas das árvores, captando helicópteros das Forças Armadas de Angola. O cerco apertava os guerrilheiros resistentes da UNITA.
As descrições dos ouvidos dando conta ao menor estalido de um graveto, ou um chinguiço ressequido partindo o silêncio da mata. Ali, todos os ruidos significam um perpectuar da vida ou a morte.
São sobrevivências que nos levam aos rios da salvação nem sempre fáceis de transpôr.
Passo às descriçõe do livro do meu ilustre mano, mais velho na aparência do que na idade verdadeira. Também é a homenagem a um homem que merece ser referênciado, porque ele é parte integrante da história contemporânea de Angola.
Foi dele que recebi um galo em madrepérola que orgulhosamente ostentei na lapela.
Do embrulho atado em meu baú com entrançadas e improvisorias matebas releio de novo partes do livro:
“...Para nossa surpresa a delegação do Governo era dirigida pelo General Implacável. Mesmo assim, o ambiente manteve-se calmo e distendido. O facto de ter sido o Genaral implacável a dirigir a delegação das FAA distendeu ainda mais o ambiente. Estávamos sentados, frente a frente, em uma mesa construida de paus frescos, com a delegação do Governo de Angola. Vinham bem vestidos, fardados a rigor e com bom aspecto físico, luzidios e perfumados. Alguns gordos demais para as circunstáncias. Era um contraste físico extraordinário. Mas, mais do que o aspecto físico, o mais importante era o simbolismo político desse acto. Os nossos corpos falavam por si e transpareciam a dura realidade das dificuldades em que vivem os guerrilheiros. Tinhamos os corpos debilitados mas uma inteligência esmerada e vigilante para a defesa dos nossos legítimos interesses. Divididos por essa longa e difícil guerra fratricida, resultante de um nacionalismo fracturado, acirrado pela Guerra Fria, selávamos com o governo do MPLA, nas margens do rio Luconha, uma nova parceria, como aliados para a construção da paz e da reconciliação nacional.
Ficavam, assim, para trás, os nossos mortos, os heróis da resistência de Angola, os protagonistas da grande epopeia de combate pela conquista da liberdade e da democracia, entre os quais o timoneiro da Revolução dos pobres de Angola, Jonas Malheiro Savimbi, Presidente Fundador da UNITA, tombado heroicamente nas matas do leste no dia 22 de Fevereiro de 2002.
Jona Savimbi nunca se renderia, nem se ajoelharia, e se fosse capturado nunca deploraria que não o matassem. Não era homem dessa estirpe de covardes.
Seria negar-se a si próprio, o que nunca faria. Seria negar o seu projecto de sociedade. Com a sua morte, perdemos uma batalha importante, mas não a guerra.”
Gesticulando braveza de fingir, pulando ao redor dum heroi de verdade, os luzidios e gordos generais do medo, fizeram a foto macabra.
Um herói não morre, nunca. Só fica no rascunho.
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