FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
O cabra José Baiano
Perfazendo hoje 20 meses deste Blog Kimbolagoa, com 19.600 visitantes saúdo leitores, colaboradores, amigos da kizomba, gente do reino Manikongo e amigos em geral. A saga de Lampião está quase a terminar; em breve visitarei Bom Concelho no estado de Pernambuco e auscultarei as visões distanciadas das passagens de Lampião por ali.
O BANDO DE LAMPIÂO
18 – JOSÉ BAIANO – SUB-TENENTE DE LAMPIÃO
O governador do Estado de Sergipe em 7 de Setembro de 1937 e, em Aracaju, dava conta em mensagem da morte do temido bandido José Baiano. Justificando a preocupação da administração pública falava da necessidade de manter os volantes dentro do sertão até o extermínio de todos os meliantes.
Em 30 de Janeiro de
O Estado de Sergipe gastava então mensalmente dez contos para pagar a oito volantes cujos grupos eram compostos de 15 homens; era um dispêndio vultuoso mas que, vinha dando frutos de sucesso após os combates ao grupo de Mariano na fazenda Caboleiro em 30 de Maio de 1936 sob o comando do sargento António José e, em 20 de Outubro do mesmo ano pelo destacamento de Previdência.
Baiano, tinha a particularidade de levar consigo um ferro de marcar gado com as iniciais de seu nome JB e, marcava as mulheres no rosto, na coxa ou braço conforme os critérios de ocasião.
Entre as mulheres que exibiam as pernas por uso de saias curtas, depois de copular com a peça de caça, como ele dizia, marcava-as com ferro em brasa na coxa; a sua permanente acompanhante tinha as letras JB na fase da cara.
Posso imaginar ir numa montaria rodeado de árvores desgalhadas, vestidas de folhagem amarelecida, ladeando cactos espinhosos imitando candelabros, no ar um cheiro intenso de carne queimada, de repente puxo as rédeas de brocotó meu dócil cavalo cinza com olhos de surucucu; de patas dianteiras retesadas empina as orelhas, abrindo as ventas em sacudidos gestos. Ouvia-se um vozeirão não muito longe e até o cheiro de cachaça se sentia como hálito duma caatinga conspurcada.
Desci da montada e, entre carnaubas de pé resvalando o crocante da areia ressequida vi através do lusco fusco aquele teatro dantesco, uma turba de gente com estapafúrdia vestimenta, longos facões e silhuetas de rifles contornando uns casebres em frente a uma desolada clareira, uns raquíticos pés de mandioca, bananeiras mirradas, uma majestosa mangueira e um cajueiro mais distante envolto em fumaça de churrasco.
Ala que se faz tarde, recuei com todo o jeito entre as manhas mais escuras e pus-me a vilas Diogo que aquilo não era terra de gente. Tinha quatro léguas para chegar a Bom Concelho e entretanto tinha de pernoitar na caatinga calcinada.
Adormeci envolto em apitos de pássaros de mau agoiro saudando a noite como um grito sinistro; adormeci murmurando uma oração, livrai-me de Lampião.
A figura de José Baiano era de alguma imponência; com chapéu de aba larga e espelhos lanternins, enfiado numas calças de zuarte as pernas engrossavam antes de enfiar nas polainas como um polícia montado do Canadá. Levei toda a noite com este sono e sonho intermitente até que o dia descortinou em cantares de “bem-te-vi”
19 – CANGACEIRISMO MODERNO. 2008
Os germes do cangaço não obstante passar meio século após os momentos áureos do banditismo sem controlo, podemos nos dias de hoje tomar contacto com práticas marginais aos sistemas de segurança e justiça; conhecedor do meio físico e social vi o problema como um qualquer cidadão vindo de outras latitudes e os germes do cangaço prosperam por uma ausência quase total da justiça; é justo dizer-se que através da imprensa se nota um forte esforço formativo para mudar a sociedade.
As mudanças sociais são por regra muito lentas e salienta-se notar que o coronelismo foi pouco a pouco sendo substituído por um caciquismo endémico com tentáculos nos representantes legais ao mais alto nível “this is América”, isto é América com todo o seu esplendor latino.
Sertão, terra de candelabros feito cactos, caatinga com gente nascendo a eito e sem jeito, crescendo sem instrução, sem educação, sem justiça social, amulatados em fumaça e cachaça. Ainda é assim ou quase igual, com caciques exploradores de todas as maiores da pobreza, a ignorância, o analfabetismo e a iliteracia.
( Continua... Cangaceirismo moderno... XXX)
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