FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“Mokanda . 39 anos depois”
AMIGOS DA GLOBÁLIA
UMA MOKANDA DE VERDADE ( Igual a tantas outras! )
Amigo Nelo, estou de novo a enviar notícias nossas com mais um pouco das nossas odisseias, pois não sei se será viável encontrarmo-nos pessoalmente. Apesar de estarmos no mesmo país a distância ainda é considerável. Gostaria imenso de nos encontrarmos e darmos aquele abraço do reencontro 39 anos depois.
Em 7 de Agosto de 1975 deixámos Luanda com muita mágoa e chegámos a Lisboa ainda mais magoados. Foi terrível descer aquele avião e ter à nossa espera umas sras da Cruz Vermelha ou de outra organização qualquer, que nos deram uma esmola de 500 escudos por adulto, como se pedintes fossemos.
Fomos para Torres Novas porque aí vivia uma cunhada, irmã de meu marido. Eu fui logo tratar de concorrer ao quadro de professores agregados do distrito de Santarèm e meu marido inscreveu-se no Quadro Geral de Adidos e também na imigração. Ele detestava estar em Portugal, por isso queria sair nem que fosse para o fim do Mundo de barco à vela. Fomos muito mal recebidos pelo povo português que nos considerava ladrões, nós que chegámos de mãos e almas vazias!
Meus filhos foram com minha mãe para o Alentejo, para casa de minha irmã que idolatrava a Catarina Eufémia que, até andava com o seu retrato no peito enquanto o marido destelhava montes de ricaços latifundiários. Era um poder popular besta em que Vasco Gonçalves queria tornar todos uns pobretões. Os generais de aviário queriam meter-nos no Campo pequeno e passar-nos na quentura da metralha Estivemos um mês sem os ver, separados deles pela 1ªvez.
Comecei a trabalhar a 17 de Outubro em Alcanena (14kms de Torres Novas)
Meu marido só foi colocado em Novembro.
Meus filhos, por caridade das freiras do colégio Santa Maria, começaram a frequentar o infantário.
Só comecei a pagar o infantário quando recebi o 1º vencimento... Tantas mudanças,... tudo tão diferente!
Meu irmão, por caridade do director, foi com a família para a Casa Pia de Beja, onde tinha crescido. Enfim, lá nos fomos aguentando. Hoje fico por aqui. Não te quero massar. Espero que nos contes as tuas odisseias, se achares bem.
Houve tempo em que não conseguia falar disto, só queria esquecer, mas o tempo tudo suaviza e até já consegui ir a Angola ( no ano que mataram Savimbi ) e apesar das mudanças, gostei de ir. Envio uma foto recente do nosso filho,que está a trabalhar na África do Sul. Ele já está com 38 anos e ficou careca muito cedo. Quando tiver fotos recentes do outro filho enviar-tas-ei. Creio já te ter enviado da minha querida neta Aral.
As nossas vidas também foram descolonizadas.
Dá muitos beijos à tua linda família. Um grande abraço do Soba. Um beijão saudoso da tua irmã adotiva Ibib.
PS: Manda teu nº de telefone para ouvir a tua voz, ok
22 de fevereiro de 2010
Dá notícias,
Maria Ibib
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA