AS ESCOLHAS DA CONDESSA DO QUIPEIO - (TZ)
A MULEMBA DA MALDIÇÃO DE SEBASTIÃO COELHO
“...quando a mulemba secar, o Huambo vai desapa-recer,destruido pelos seus próprios filhos. E as riquezas do solo não serão para ninguém...” – 2ª PARTE
DA MALDIÇÃO DE ALBANO CANTO DOS SANTOS, dos anos 20
Nova Lisboa foi o nome com que a rebatizou o coronel Vicente Ferreira, ao decidir que a capital de Angola devia situar-se nesse ponto estratégico do Planalto Central. A lei ou portaria com a transferência de nome e da capital surgiu no Boletim Oficial no dia 21 de Setembro de 1927. Desde aí, esta data tornou-se o dia da cidade que só foi capital no papel, mas sempre foi cidade, porque nasceu cidade, a 12 de Agosto de 1912, por decisão do Alto Comissário da República Portuguesa, general Norton de Matos.
Acabava de chegar ao lugar o que seria o grande impulsor do progresso da região, o Caminho de Ferro de Benguela. Para celebrar o acontecimento, o general deslocou-se ao Huambo a fim de anunciar, pessoalmente, “in loco”, a fundação da nova cidade. Ele mesmo, de pé, sobre a tarimba montada frente ao barracão pomposamente designado gare ferro-viária, leu o auto fundacional, na presença dos primeiros habitantes europeus da cidade, dois homens e uma mulher. Logo a seguir e ali mesmo, o Alto Comissário lhes entregou, em mão, o rascunho da planta da nova urbe, traçado pelo seu próprio punho.
Dados geográficos, orográficos e hidrográficos de notavel precisão documentavam o projecto. A cidade seria implantada a sul da ferrovia, alcandorada sobre a linha divisória de águas da região. Não registava nenhum povoado nesse lugar e apenas dava conta da existência de uma incipiente mina de diamantes.
A CATATUA DO T´CHINGANGE - PINTURA DO SOBA
As sanzalas importantes, pertencentes ao forte sobado do Huambo, estavam anotadas e dispersas pelos arredores. Havia a embala 4 do soba 5 grande da Kissala, a duas léguas a ocidente, a do sobeta 6 Sanjepele, três léguas ao norte e a do Sumi, a umas cinco léguas a sul.
As sanzalas do Kalumanda, Karilongue, Kanhé, Kakeléua, Sakaála, Mukolokolo, Bomba e outras por aí, apareceram depois e foram bairros periféricos com entidade própria e nenhum aspecto de musseque 7. Os deterioros e a expansão incontenivel, são posteriores a esse tempo de que vos falo, quando o Paulino leiteiro ainda ia de casa em casa para entregar as bilhas de leite fresco. A lenha e o carvão chegavam na carroça do Sô Domingo, avisando: -“Toc, toc, toc. Cravão, cravão. Toc, toc, toc. Cravão, cravão mé- sióra !”. O rio da Granja era rio de água cristalina, que regava as hortas do Figueiredo e dava nome à única via alternativa entre a alta e a baixa. O grande “boulevard”, de duzentos metros de largura, era tão amplo que a vista curta das autoridades não suportou o desafio e o reduziu a um quarto.
A cidade, desenhada em meia lua, contemplava, em cada ponta, um centro cívico. No meio, o enorme vazio de tudo, estava reservado a projecto futuro. Tudo era futuro na futura cidade de concepção Nortoniana, de particular generosidade nos espaços. Os bairros, distantes uns dos outros, levariam tempo a unir-se, até conformarem, algum dia, a grande e moderna urbe, sonhada. Por enquanto, era um punhado de bairros à espera de serem uma cidade, dominada por zonas verdes e praças enormes.
4 - Embala – Cubata. Casa ou lugar onde vive o soba, nas tribus africanas.
5 - Soba – Chefe. Cacique. Régulo de tribu africana.
6 - Sobeta – Chefe Gentílico. Soba pequeño.
7 - Musseque – Favela. Bairro marginal.
Nota: Contributo para a história do Huambo- Angola por SEBASTIÃO COELHO
Subscrito por
O Soba T´Chingange
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