AS ESCOLHAS DA CONDESSA DO QUIPEIO - (TR)
A MULEMBA DA MALDIÇÃO DE SEBASTIÃO COELHO – 5ª PARTE
FIGO DA MULEMBA
As imagens que recortei e descrevi da primitiva cidade que me viu nascer, acompanham-me agora como um postal de esperança, seguro de que não há guerras que sempre triunfem sobre a paz. E que não há males que nunca terminem. E que as pragas também se diluem com o tempo. Não sei, não vi, mas dizem as notícias que o Huambo de hoje é um campo de destruição e silêncio. Não quero acreditar em maldição ou mau olhado. Por isso gostaria muito de voltar à minha cidade natal, para espiar lugares que conheci. Há vinte e cinco anos que não vou ao “Ambo”. Há vinte e cinco anos que os génios do mal se encarniçam sobre a cidade.
Queria lá voltar para ver o que sobra das minhas recordações e investigar um pouco acerca do legendário Albano Canto Dos Santos, que não conheci. Acerca deste homem que escrevia versos e tocava guitarra ao luar, os “Maisvelhos”, que já não estão, contavam que foi ele o verdadeiro fundador do Huambo e foi muito antes da chegada do combóio. E pode ser.
O FUNDO DO MAR . PINTURA DE T´CHINGANGE
O aterro onde assentam os carris, tapam parte do enorme buraco que ele mandou escavar, conhecido então pelo buraco grande, tão grande que terminou sendo nascente do rio Karilongue, que dali serpenteia até ao Soque, onde lança e mistura as suas águas diamantiferas, com as pepitas de ouro que arrasta o rio Kussava.
Sei, pela insistência dos relatos que ouvi, que o branco Albano, entusiasmado pelos brilhos que iluminavam as estórias fantásticas de povos e riquezas do tempo do Kaparandanda,19 instalou-se sobre a colina dos tesouros e mandou construir a casita, de cuja porta podia vigiar o pessoal, cavando e cavando na mina, de sol a sol. Foram dias monótonos até aquela madrugada dos anos vinte. Sentado na cadeira de viagem, 20 Dos Santos tomava café e olhava o mundo à volta e o buraco da sua esperança. De repente, como numa alucinação, viu como os primeiros raios de sol iluminaram diamantes na profundeza do buraco. Os diamantes reflectiram o sol e Dos Santos pensou num milagre. Louco de alegria, desceu, correndo, à mina. Mandou sair o pessoal, ajoelhou-se no chão e agarrou as primeiras pedras, que guardou num lenço.
19 - Tempo do Kaparandanda – Expressão típica que significa tempos idos. Tempo muito antigo.
20 - Cadeira de viagem – Tradicional cadeira de lona, desarmavel, que exploradores e empacaceiros
Nota: Contributo para a história do Huambo- Angola por SEBASTIÃO COELHO
Subscrito por
O Soba T´Chingange
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