Moçambique
Maning boé no kruger – ( 2ª parte )
Nesta curta paragem ensombrado por uma marula tree, dissecava a noticia fresca do jornal Savana de Moçambique que Kastarina me tinha dado; a notícia em tons redondos dizia que a avenida “Julius Nyerere”, era branca; os pretos que por lá passam ou são criados ou empregados domésticos. Um letrado professor saído da Universidade Eduardo Mondlane indagava sobre os avanços da revolução; que os moçambicanos, (com m pequeno) estavam gradualmente a ser acantonados no Zimpeto, um bairro periférico de Maputo, sem que previamente tenha ali havido preocupação em criar infra-estruturas; afinal quando noutro tempo, brancos e negros viviam harmoniosamente naquela zona “chique”, hoje, os primeiros levam a melhor, por causa da exclusão social.
Blá,...blá,...blá.
E,... reli de novo Savana que, mais à frente dizia:
- A desunidade nacional manifesta-se na construção de ideias sobre os pretos, de que são incapazes e, de que, os brancos são uma virtude e a salvação do país.
- É incrível que, ao longo destes longos anos, os etnocentrismos herdados do colonialismo português estejam presentes e actuantes. Vejamos por exemplo, no caso da exclusão, a estratégia das chaves ( entenda-se por trespasse ) está de novo, a tirar o direito de habitação condigna aos moçambicanos ( com m pequeno ) e a racionalizar a cidade.
Pelo que li em Savana, a vida vai maning boé para os moçambicanos (com émes de todo o tamanho). Vende-se as chaves duma casa nacionalizada ou descolonizada aos mesmos brancos, que anteriormente as habitavam como donos.
É lavagem de maning negócio de bafunfeiros,... dizem os cakuanas!
Estreitando a visão após Ressano Garcia, caveiras pintadas em placas davam indicação de minas por rebentar; o maximbombo moderno ”pantera azul” com serviço a bordo por uma maxim-moça, levou-me até Maputo.
Passei uns dias numa casa situada não muito longe do hotel Polana, na rua “King el Sung” pagando 85 dólares por cada dia. Quase vizinho do café e restaurante “Pik-Nik”, fui ali almoçar um churrasco de galinha, que pela vontade de comer me soube no melhor dos pitéus. O empregado de mesa com uniforme vermelho foi servilmente atencioso o que me surpreendeu pelo profissionalismo; ao deslocar-me ao banheiro para lavar as mãos não pude deixar de reparar em algo que me pareceu insólito, as peças sanitárias, lavatório e retrete estavam envolvidas com uma forte corrente, presa a um grosso grampo de verguinha chumbado ao chão com cadeado.
Ficou-me na retina este pormenor de como sobreviver num país em construção.
Glossário: chicoxana - ancião com sabedoria, século (Angola) Xipamanine – mercado, zona de Moçambique; maning – muito; boé - bom; bafunfar – dar-se ares, importante; cakuana – avô; marula tree – arvore frondosa que dá um fruto na forma de baga com o mesmo nome; Cassoneira – palmeira de onde se extrai vinho marufo, maximbombo: - autocarro, ónibus (Angola)
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