HISTÓRIAS DA TZÉ-TZÉ . 2ª parte
Tempos de quitanda e tipóia
“A manha aparecera fresca nas margens do Cuanza naquele treze de Outubro…, muitas pretas, conduzindo à cabeça ou ás costas enormes quitandas, cheias de várias mercadorias indígenas …junto da sede do Bom Jesus (roça).
Isto é no rio Cuanza não muito longe do Dondo e, também perto de Muxima.
Ás oito horas daquele Domingo, a quitanda estava completa e no seu maior auge. Apesar do barulho que os indígenas faziam , falando todos ao mesmo tempo na língua bunda, apesar do cheiro nauseabundo, devido à aglomeração de negros e ás mercadorias ali expostas aos raios enérgicos deste sol de África…ali estavam expostos tabaco em rolos como torcidos, grãos de den-den, fuba, mandioca, azeite de palma , maçambala, peixe seco e toda essa enorme diversidade de géneros indígenas, alimentação dos pretos e que à vista dos europeus causam tão desagradável impressão…
Vemos pretas todas cobertas de panos. É um pano geralmente chita, que é apertado pelos seios, enquanto outro pano assenta sobre os ombros, cobrindo-lhe todo o corpo. Na cabeça turbante branco. Outras apresentam-se com o peito e os braços a descoberto. São as que pretendem mostrar as suas tatuagens, algumas dolorosamente feitas… sobre esses traços pinceladas mais claras feitas com fuba e cremos que com óleo de palma. Outras aparecem com o cabelo como se fosse lã churra, a cair-lhe em canudos para a testa e para a nuca. .São as quissamas (creio serem missangas). Fazem esses efeitos selvagens, deitando na carapinha óleo e casca moída de uma árvore.
Falta um detalhe, é que todas as pretas fumam . Usam uns cachimbos com uma grossa boquilha; tiram meia dúzia de fumaças e fazem passar o cachimbo de mão em mão para que todas fumem. Outras fumam cigarros, mas metem a parte acesa na boca”.
Lida esta passagem que não comento por os tempos serem idos, passo a outra página ; a travessia do rio para o lado da quiçama, sitio de muitas pacaças, elefantes, hipopótamos e sobretudo jacarés.
“Depois do mata-bicho metemo-nos num dongo (canoa) e navegamos. É encantadora uma viagem pelo Cuanza, sempre marginando por um verde capim, … e, lá está um senhor jacaré…
Os indígenas não deixam de ir banhar-se ao rio por causa dos jacarés, porque estão convencidos de que só é comido pelo anfíbio quem tem feitiço. E todos aqueles que teem consciência de não terem feito mal algum que mereça as iras do jacaré entram pelo rio sem medo, porque o bicho não lhes toca. E é assim… depois de comidos, ainda ficam desacreditados, porque todos outros indígenas ficam com a impressão de que a vitima fora muito bem castigada.”
Mais à frente acerca da tzé-tzé…
“O desgraçado que tiver a infelicidade de ser mordido por um vehiculo desses que esteja infectado tem que ter sérias apreensões.”
Crónicas de outros tempo, do tempo dos caprandanda! Ambaquistas!
Nota: Tzé-tzé – mosca portadora da doença do sono; Caprandanda – tempos antigos , quando do uso de arcabuzes; Ambaquistas - naturais da Ambaca, pioneiros cafuses dados ao trambique.
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