“Beach do Francês” - 1ª Parte
Condição de Mulher
Praia do Francês
Eram grilos, cigarras ou tensão desmedidamente descontrolada, zunindo insistentemente nos ouvidos; será vento será chuva e, … o cão, uivando. Para lá do recife via-se o infinito redondo, formando uma linha mais azul separando os dois fluidos, água e ar. Uma jangada de vela triangular ondulava depois da espuma, entre o reflexo do sol e o refluxo das ondas, espumando brancura nos rochedos escuros; às seis da manhã as cores são mais azuis e as nuvens mancham o mar de escuras sombras. As cadeiras, chapéus e mesas iam surgindo ao longo da língua de areia que crescia conforme a secura da maré na “Beach do Francês”. Uma gorda velha, furava a areia, contorcendo o suporte da sombrinha num vai vem de vice-versa, até completar a correcta fundura para suportar a verticalidade mais o vento teimoso, que se fazia sentir. A mulher curiosamente tinha uma perna branca e outra preta; isto não podia ser, … fugia das características habituais.
Praia do TUGA
Entrei na água entornado de curiosidade e fui-me acercando até que pude definir uma prótese, branca e mais fina, desajustada na forma e estrutura; o sapato também desdizia com o resto e, fiquei com muita pena, desejando que as suas bóias fossem todas alugadas p’ra suprir carências tão óbvias. Não havia dúvidas, a senhora não tinha uma perna e sobrevivia alugando inflados pneus de carro, a baleia às riscas e o golfinho azul, aos pivetes que surgiam pela mão de seus pais; Não sei se por pena ou artimanha a coisa transparecia. A vida não é fácil neste paraíso. Esfregam-se ternuras com prótese, para encanto de tantos que nem dão por isso; aquela perna branca e fina era tão parte integrante da senhora que a vi coçar como se um mosquito a tivesse picado; como é possível, tanta familiaridade no apego àquilo que é nosso.
O flay-boat da Praiai da Francês
A balsa já tinha contornado o recife, podia ver-se a silhueta do homem ximbicando para norte até às piscinas baixas do recife; também ele estava esfolando a vida de todos os dias, numa tarefa que só ele sabia fazer daquela maneira, pescando no recife os frutos do mar. Já sentado no patamar do “Tarrafas bar”, acarinhado na sombra dum jango de folhas de coqueiro, com outros a rodear o espaço, podia ouvir a cantoria dum sábia e, não muito distante, misturava-se com insistência a cantoria dum bem-te-vi; estes e o mar conjugavam-se numa sinfonia com ondas sonoras batendo no recife e beijando a praia em suave batimento. Era a música da vida, um arrastar de cadeiras, um estalar de dedos tamborilados, um encher de bóia a sopro; era um novo dia que começava para a Malu, com o seu acarajé quentinho e, uma leva de gente a embarcar no Massunim I, barco de recreio e passeio. O ladrar do cão não condizia com o lugar mas este, lambuzava-se na água, de rabo a dar a dar, gania para o dono e, peneirando o corpo, salpicava o ar.
O Soba T´Chingange
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