FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“PAJUÇARA COM EMPATIA” . o xicululu do soba
JANGADAS NA PAJUÇARA
“XIPALA: - Fotografia, cara, rosto”
“XICULULU: - Olhar de esguelha, olho gordo, mau olhado”
O dia estava límpido neste vinte e oito de Fevereiro na orla majestosa da Pajuçara. A brisa bulia levemente as folhas da amendoeira com a sua sempre cobiçada sombra dum sol impiedoso que, já pelas nove horas da manhã esquentava esbeltos corpos. E, já o vento agitava vida no areal dourado com as muitas velas das jangadas esperando gente desejosa de saborear lá nas piscinas naturais os frutos do mar de Maceió. O café do botequim coco frio estava um pouco forte exigindo mais açúcar e, enquanto mexia tão saboroso líquido, trincava o pastel ainda quente derramando queijo de coalha nas minhas papilas gustativas. Embebido em pensamento, recordava de fresca incidência as pupilas, as meninas dos olhos que tudo apreciam mas que por razões agora identificadas, foram objecto de observação no hospital da visão Santa Luzia. A vermelhidão do meu globo ocular normalmente alvo de cor, preocupou a Dona Rosa, amiga atenta ao mais leve descuido da visão dos outros e, era eu que estava em causa; seu sogro tinha ficado cego e, em seu início apresentava esses mesmos sintomas de derrame indiciando cataratas. Dona Rosa, peremptória, lá pelas vinte horas do dia anterior, deu-me a conhecer que tinha marcado uma consulta com um seu amigo oftalmólogo no hospital do Farol em Maceió. Sem relutar tal decisão fui dizendo da desnecessidade de ser observado, porque esta anormalidade já se tornava em mim, uma normal incidência sexagenária; ” qual quê, vamos, e está feito, passo por aí, no encontro do mar pelas oito horas”. Até já tinha itinerários definidos para este dia vinte oito de Fevereiro, um roteiro empático a mostrar os aromas da orla em seu tom de esmeralda. As estravagâncias artesanais rendadas a preceito de pescador, pequenos regalos de pudicos quereres à mistura com macias apetências e, para todas as idades.
PAJUÇARA . MACEIÓ
No bem apetrechado hospital, rapidamente fui atendido pelo doutor na sala seis que repetiu o que já outros oftalmólogos tinham dito: um coágulo de sangue rebentou numa dessas muitas veias aonde o vermelho agressivo só se torna visível por ser ali, no olho, que com o tempo se vai dissipando voltando ao aspecto de branco normal. Foi-me recomendado ir a um hematologista. A razão de documentar este sucedido está mais no facto de definir o que é isso do porquê de nos tornarmos amigos de alguém que há bem pouco tempo atrás era totalmente desconhecida. A amizade pura, sincera, desinteressada, nascia assim numa convivência que distingue o ser humano, fruto dum improviso, detalhe do cérebro a que se chama de “ocitocina”, curioso analisar-se o partilhar de macacos que, numa evolução, chegou até aos sapiens como uma troca de favores fruto de um hormónio pouco falado mas que entre o ser humano tem a maior importância; a amizade, porque surge e porque se mantem um instinto tão primordial no homem que origina a empatia, vulgo amizade. A ocitocina é a responsável pelo afecto que um conjunto de pessoas preserva de forma incondicional com outras gentes. Em algum momento da pré-história a relação de amizade com outros estranhos passou a ser necessária. A ocitocina faz com que tratemos estranhos como se fosse a nossa própria família. Isto é definido simplesmente com a palavra amizade. Esta forma de amizade já curiosamente tinha sido abordada pelos filósofos Aristóteles, Confúcio e Platão e só agora que o mundo está na viragem de valores e novas formas de estar se dá conta da importância que tem ter-se amigos. A manhã estava acolhedora como nunca e, eis que do nada e de forma quase mágica um senhor tisnado do sol, pescador, abriu uma bolsa a mostrar umas quantas lagostas transpirando frescura: O senhor quer? E eu quis; naquele preciso momento pensei em partilhar a amizade com a Dona Rosa regalando-lhe algo que a minha ocitocina dizia ser neste então a retribuição num pequeno hífen da vida. De compras feitas, início da tarde, eu António Português genérico 3, retemperei vontades num cochilo vespertino pensando em como é bom ter amigos e adormeci com um Bem-haja no canto do olho.
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