AS ESCOLHAS DO KIMBO
“O tempo” - Visão de Tuiavvi*
Os minutos
O Papalagui nunca está contente com o tempo que lhe coube e censura ao Grande Espírito por não lhe ter dado mais. Blasfema contra Deus e sua grande sabedoria, dividindo e subdividindo cada novo dia que nasce, segundo um plano muito preciso. Corta-o como se corta em pedaços uma noz de coco mole com um cutelo. As várias partes do tempo têm todas elas, nomes: segundo, minuto, muitos minutos para fazer uma hora, muitas horas para fazer um dia, muitos dias para fazer um mês, ano, século e milénio. O segundo é mais pequeno que o minuto e este mais pequeno que a hora. As horas são feitas de todos os segundos e minutos juntos, e é necessário ter sessenta minutos para fazer uma hora. É uma coisa muito confusa que eu nunca percebi e, o Papalagui, contudo, faz disso tudo, uma ciência.
O espaço
Os homens, as mulheres e até mesmo as crianças que ainda mal se têm nas pernas trazem consigo, quer presa por grossas cadeias de metal que lhe pendem do pescoço, ou atada ao punho com a ajuda de uma correia de coiro uma pequena máquina achatada e redonda onde pode ler o tempo, o que não é mesmo nada fácil. Logo de criança, o homem fica escravo dessa coisa do tempo e, é ele mesmo que se prende às peles de coiro. Nas cabanas há outras máquinas do tempo, grandes e pesadas, e outras ainda suspensas no cimo das mais altas cabanas (igrejas) para que se veja bem de longe. Quando decorre um certo tempo, dois dedinhos, um pequeno e grosso e outro comprido e fino, é mostrado na parte de fora da máquina; ao mesmo tempo que a máquina solta um grito e um espírito bate num ferro que há lá dentro, fazendo-o ressoar.
o tempo
Há um barulho enorme, um estrondo que se ouve em todas as cabanas da cidade, ao fim dum determinado tempo. Nos campos, com poucas ou nenhuma cabana há pessoas que se ajoeçham e rezam viradas para a torre da cabana com a máquina fazendo cruzes ao Grande Espírito. Os relógio grandes das cabanas em vez dum ferro batendo noutro ferro, há um pássaro que sai assustando-nos igual a um qualquer pássaro colorido da nossa ilha de Samoa. O Papalagui quando bate a hora queixa-se “mais uma hora, bolas! Necessito de tempo para …” Ao dizer isto, mostra um ar triste, como alguém condenado a uma grande tragédia mas, logo a seguir principia uma nova hora! Que chatice diz ele. Nunca fui capaz de entender isso e julgo que se trata de uma doença grave. «O tempo escapa-se entre os dedos!», «Escapa-se como um cavalo». «Dá-me um pouco mais de tempo». São estes os queixumes do homem branco.
* PAPALAGUI: - Homem branco; visão de um chefe de tribo das Ilhas Samôa que visitou a Europa no primeiro quarto do século XX e descreveu o que viu desta forma.
(Continua…)
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