FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Muxima, lugar de crenças, lendas e do espírito africano, o expoente maior da saudade, do coração, de gente desprendida à força ou sem o querer; O coração dos Kimbundos transformado no maior santuário Mariano do continete africano. Coração da globália negra, branca, mestiça e parda num reino extinto da "Cerca dos Macacos" no Zumbi dos Palmares, gente levada nos porões para tratar a terra, lembranças do chicote do poste, da zansala com grilhos, da canga e infortúnio. Companhia,... só mesmo a Nossa Senhora da Muxima. Ai.iu.é!
E, os retornados, pretos e brancos, e os martirizados pela DIZA, pela PIDE em defesa dum estado, dum pedaço, duma tumba e,... Nossa Senhora da Muxima para segredar, orar, rogar. 138 quilómetros de Luanda, perto de todos os continentes, todos os planetas com vida, com Angola no coração; a saudade de Muxima, do Kwanza e da Kissama.
As angústias, desejos, rogos e preçes começaram lá para tráz, no longínquo ano de 1645, cada um com seus motivos, portugueses, holandeses, gente dos Dembos e tantos outros corsários e negreiros, que por ali passavam. Kwanza a baicho, kwanza acima, fugidos M´Bundos, N´Golas, uma canoa que se esquiva, ou galeão que atraca, um terrorista de então que se esfuma na bruma do cacimbo. Memórias que ficam na oralidade, no conto e na ficção.
Intimamente, com o pensamento ali, estamos ligados ao universo e uns aos outros. A nossa influência, nós gente sem cor, com Ela, Nossa Senhora da Muxima, atravessamos o espaço telepáticamente, uma premonição dum bem querer ao próximo e a nós mesmos; As nossas atitudes têm mais positividade e, até enxergamos mais além de coisas comesinhas ou materialistas com Muxima no pensamento. O sentido ìndigo filosófico apodera-se de nós dando mais sentido ao verbo, à ciatividade, vivos e livres.
Se uangambé uanga uami, gaungui beke muá Muxima.
No espírito de Ganazumba (Ganga-Zumba)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Este arbusto tem o nome de manihot (maniva) e, sua origem é conhecida como sendo proveniente do sudoeste da Amazónia. Creio que Pêro Vaz de Caminha quando se referiu às novas terras de Vera Cruz: - " esta é uma terra tão fértil que tudo quanto se plante, tudo dá", baseava-se no pau de mandioca que espetado no solo rápidamente se faz planta com raizes na forma de tuberculos.
Os Portuguêses da era Cabral, acompanhando os índios na lavagem da mandioca nos rios tomaram o gosto pelo banho; é assim que rezam as histórias de picardia dos homens de letras do Brasil, ácida como o cianidrico suco daquelas longas batatas com nomes de aípím ou macaxeira. Este cianeto, ainda é visivel nos artigos oriundos do Brasil em que o Português pessoa física, é com alguma freqência ternamente substimado.
Deprende-se que no ato de Globalização, os portuguêses levaram este novo alimento para África e, a partir da Guiné e Angola, na senda da escravidão, espalharam essa cultura por todo continente.
A raiz desta planta, venenosa quando crua, torna-se a base alimentar de todos os territórios de clima tropical ou equatorial de influência Portuguêsa. A raiz da mandioca pode ser utilizada entre seis e dezoito meses após o plantio e a farinha daqui extraida tem longa durabilidade com boas condições de consumo.
Diz a tradição Tupi que a filha de um chefe engravidou ainda virgem tendo dado à luz uma menina chamada Mani que morreu um ano depois; no lugar do seu túmulo surgiu um arbusto desconhecido, tempos depois a terra abriu-se deichando à amostra as raízes da mandioca ou manioca que era o nome da oca (casa, palhota) de Mani.
Os Tupis usavam a farinha de pau, "ui-atã" como seu principal alimento. A raiz é descascada e ralada com instrumentos feitos de cardos ou dentes de animais ou casca de ostras quando junto à costa marítima; ainda húmida, era espremida numa prensa de palha em forma de funil longo, o tipiti, extraindo-se assim todo o veneno, ácido cianídrico na forma de caldo. A massa seca, em seguida, era levada ao fogo (ainda o é) em grandes vasilhas rasas e redondas, ficando assim, pronta a farinha. A Tapioca, o beiju, a maniqueira, fuba ou farinha de bombó entre outros, são sub-produtos da mandioca.
Entre superstição negra, esperteza branca e moleza índia, os nossos ancestrais avós, núos até ao pescoço, deram-nos este legado.
Da N´Nhaka do Soba T´Chingange
FÁBRICADE LETRAS DO KIMBO
Foi em Olinda de Pernambuco no Brasil que tomei de novo, contacto com o termo genuinamente Angolano. As expressões culturais ameríndias e afros diluidas no sangue latino e africano, colonizadores e escravos cozidos no grande caldeirão genético do Brasil com os pretos, pardos, mulatos, cafuzos, caboclos, matutos, caboclos, mamelucos e mazombos que originaram um maracatu muito caracteristico no carnaval de Olinda, altura mais certa para extravazar coisas incubadas.
No espectáculo carnavalesco surgiram ao longo do tempo nomes que mais pareciam ser dos Dembos ou kwanza de Angola tais como "os Xurimbas" , "os Muximas" ou " as capotas e o papa-angu"
Li algures que Calunga é o plural de lunga ou malunga mas, tanto quanto pesquizei, Calunga é um elemento sagrado do Condomblé de Pernambuco, Brasil, e simboliza uma rainha morta, talvez a N´Zinga mas, simboliza em verdade uma "boneca de cera do Maracatu".
Em 1932 surgiu um grupo Calunga com o nome de "Homem da meia noite", fruto do maracatu nação vinda do culto Banto, da lingua Kimbundu .
No carnaval esta figura é feita de barro, palha, madeira ou cera.
Referem alguns pesquisadores que pode ser o nome dado a carregadores de carrinha de caixa aberta mas, eu a esses chamo de monangambas ou monangambés.
Creio que este termo de Calunga, significa irmandade, fidelidade, a amizade feita divindade, uma boneca de encantar a quem se quer bem.
Do Soba sem makotas (ficaram salalé),
T´Chingange
Finalmente, acabei de ler o Fado Alaxandrino. Havia no início um Tenente Coronel, um comandante de patente omissa, um Capitão, um Tenente Oficial de Transmisões, um Alferes e um soldado. O Oficial de Transmições acabou por se enterrar numa faca, ninguém se denunciou mas tudo indica que foi o soldado que o ajudou nisso. O macho do Tenente andava a comer as mulheres do Tenente Coronel e do soldado. As mulheres, deusa do strip-tease, nuvem de perfume, a anã, a ajudante do ilusionista e a mulata deram volta ao miolo desses militares. São 607 páginas de suplício, descrições micro-métricas, persistentes mas belas. De todo o livro retirei um extrato último que me impressionou, fala da Beira Alta, talvez os anos 40 e poque conheço a geografia do local, aqui transcrevo um pouco dessa miséria social de então:
"..., e o meu padastro despia o colete, a camisa, as calças, descalçava os atacadores das botas e avançava para mim, sem uma palavra, soprando com força o pifaro dos beiços, com a cadela das codornizes a trotar nos calcanhares, tão magro e frágil e ridículo que ninguém diria poder matar um homem de indiferença tão absoluta como a do meu pai, e sentou-se ao meu lado, e segurou-me nos ombros, e obrigou-me a deitar-me, e cheirava a pólvora, a pulga de cachorro, aos lençóis da minha casa, os meus cabelos misturavam-se com as ervas, as minhas nádegas misturavam-se com o xisto, um sapo resvalou rente à minha orelha na marcha pesada e doente do farmacêutico da vila, e recebi o peso dele no meu corpo, abracei-lhe o lombo e fechei as pálpebras para o odiar ainda mais, com um ódio tão grande como os gritos dos mochos nas insônias de agosto,(...)
E a seguir a ele se vestir e ir embora, com a cadela a enrolar-se-lhe nos pés e os testículos úmidos de mim ocultos no riscado das ceroulas, enquanto me lavava do seu sumo de nêspera e das manchas violetas, quase negras, das coxas, percebi que nessa semana, ou na seguinte, ou na seguinte, a minha mãe e ele me mandariam embora, de comboio, para muito mais longe que o longe que eu a altura concebia, muito mais longe que Viseu, e Santar, e Tondela, e Mangualde, e Mortágua, que as vilas..."
Um livro a não perder pelas descrições da verruga, adjacências ao Tejo e partes úmidas das zonas intimas nas noites de putaria em Lisboa
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Chovia quando ali cheguei pela primeira vez Indo de Orange River, coisa rara para quem passa exporádicamente como o é, neste meu caso; não há cheiro igual noutro qualquer lugar do Globo. Voltei lá com a familia por mais duas vezes e, mais vezes voltarei se, se proporcionar.
Após as primeiras chuvas, o pó em África, tem um cheiro de terra especial; quem o não cheirou, não consegue conciliar os sentidos inebriadores duma mistura de pólenes invisiveis dos escassos tufos de vegetação.
O sol ali não é docil, pus o meu chapéu do Karoo, montamos o toiota e, bem cedo seguimos à descoberta do Fish River mais a norte; fomos três a descer ao fundo do Canyon que parecia perto, era logo ali e, o que pensamos fazer em uma hora na descida e subida, levamos bem perto de quatro horas, Ufa!!! Que calor .
Havia uma fria Windhoek lager à espera no restcamp. Que delicia!
Maior que este, só o canyon Americano. A adrenalina escorria nos olhos, nas faces, tremia nas pernas, abanava os sentidos comuns à magnitude em banda larga com “óoos e áaais” de espanto. Estou em crer que foram estes Ais de admiração que deram o nome ao acampamento desta canyon.
Dias depois subimos a Brandberg a ver as acácias solitárias, entre pedras vermelhas sobrevivendo a um deserto impiedoso.
Os dias terminavam com suspiros de plena satisfação em curtos goles de marula tree.
O Soba T´chingange
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IMAGENS EMPRESTADAS
UMA VIAGEM POR NAMÍBIA. Corria o ano de 1999.
O Vulcão estinto era visivel da estrada barrenta com predominio do tom vermelho. No meio do nada o mapa indicava um vulcão, era o Brukkaros, um morro que se salientava dum plano infínito. Era mesmo só aquele grande morro, pedras avermelhadas que despertam a curiosidade de um qualquer tinhoso viajante. Subi o dito cujo na parte mais baixa e pude ver lagartos ameaçadores, vegetação rasteira e barulhos de escorpiões.
Estavamos num lugar designado de Karas e assim ficou na mente.
Num calahari imenso e místico aonde a vida parece ser um milagre, sobreviver-se com quase nada, apetrechos mínimos acompanham as necessidades dúns boskimanos que rodeiam os chinguiços que lhe dão calor à noite. As noites ali são frias e o fogo tem mais encanto, mais feitiço; é sagrado.
Tenho de lá um dente de facochero que encontrei entre pedras e, que me acompanha nas andanças da vida, ...sempre!
Entre as dunas, acácias e anharas do Karoo, passando o delta de Okavango até Cazombo em Angola, vive-se a verdadeira intensidade biológica.
Retive comigo palpitações, e emoções que de quando em quando me dão melhor interpretação da "inconciência do mundo atual"
O Soba com makotas de Salalé,
T´Chingange
O PAPA ESTÁ EM ANGOLA
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
KAKUAKU. 20 DE MARÇO DE 2009
Recebi uma missiva do nosso Embaixador em Angola sem fazer menção da visita do Papa Bento XVI; tudo indica que está indisposto pelas afirmações que este fez contra o uso do persevativo e do agravamento da Sida pelo seu uso. Eu, que sou Soba não me dou ao direito de ir contra o meu estimado súbdito e tal e qual, assim fica.
Não deixo passar em claro a notícia que interessa revelar: - O Papa está em Angola para comemorar os 500 anos após a Cristianização de N`Zinga-a-N´Kuvo com o nome de D. Afonso I. Esse ato foi em terras da M´banza Kongo não muito longe do Rio N´Zaire e deu início à cristianização não só do reino de Manikongo como de toda a África. O Kimbo regozija-se por este fato porque Manikongo é no seu memorial a referência de topo. O nosso rei do exílio Dom Grafanil I, progressista de primeira linha, ignorou esta visita como protesto mas, eu o chefe supremo do executivo, responsável pela Torre do Zombo, não a vou deixar em claro.
Os digníssimos Vanguardistas medalhados nas anharas do infortúnio vêm-se agora por auto-iniciativa, relegados para simples Makotas de Salalé. Suas insígnias, badalos, catanas, cartilha-de-Cienfuegos, Dikromas e adereços, gozam de cacimbo com caruncho na sala nobre da torre do Zombo à guarda do cipaio Ninja H N o Quimbanda do Reino e M´bica do Soba
Segue a gíria da Luua dos Kaluandas /Camundongos com sua inteira banga, ao ritmo do kuduro.
Caro Soba:
Aí vai a ultima atualização do dicionário Angolano
Respeitosos cumprimentos
O Embaixador do Kakuaku
Boniboni Katumbela - A.R.
DICIONÁRIO ANGOLANO ACTUALIZADO 2009
EM ANGOLA não tem policia, TEM MAGALA OU MALAIKE
ANGOLANO não fica com má aparência, fica NGAXI OU REBENTADA
ANGOLANO não foge, TIRA VOADO
ANGOLANO não é passageiro, É PAX
ANGOLANO não é mais velho, VELHO, É KOTA, PAPOITE, MAMOITE
ANGOLANO não vende , PÁYA OU EMPORRA
ANGOLANO tem dinheiro, ESTÁ BOSSANGA OU FERVE
ANGOLANO não está mal, TÁ MALAIKE
ANGOLANO não fala,DA UMA DICA
ANGOLANO não atrapalha, MAIA
ANGOLANO não é cidadão, É MUADIÉ OU WI
ANGOLANO não tem problema, TEM BABULO
ANGOLANO no taxi não encosta, EMAGRECE
ANGOLANO não goza, ESTIGA
ANGOLANO não é grosso, É CAENCHE
ANGOLANO não Viola, NGOMBELA
ANGOLANO não mente, da BILINGUE OU DÁ JAJÃO
ANGOLANO não bebe cerveja , BEBE BIRRA OU PIVEN
ANGOLANO não bebe uísque, BEBE MAMBITO
ANGOLANO não tem Dinheiro, TEM CUMBU/TEM MASSA/TEM OS QUE
FAZ RIR
ANGOLANO não Viaja, SAPA
ANGOLANO não liga Luz ,FAZ UM GATO
ANGOLANO não é diplomata, É NGUVULO
ANGOLANO não escuta música, CURTE OS BRINDES OU SON
ANGOLANO não trabalha, BUMBA OU BULI
ANGOLANO não luta, BILA
ANGOLANO não curte, TCHILA
ANGOLANO não faz amor, TCHACA, CUNA, PÉRA,ORÇA OU TIRA UMA
AGUA
ANGOLANO não peida, BUFA
ANGOLANO não conquista mulher alheia, TROLA
ANGOLANO não tem moto, TEM UMA TURRUM
ANGOLANO não é multado , É PENTEADO
ANGOLANO não está aflito ,ESTÁ PAIADO
ANGOLANO não difama ,ESTENDE, ZONGOLA
ANGOLANO não tem ressaca , TA OVER
ANGOLANO não vê mulher bonita , Vê MBOA
ANGOLANO não tem namorada,Tem GARINA...DUCHA....GADAIA
ANGOLANO não fica pobre, fica WAZEBELE OU ANCORADO
ANGOLANO não olha,GALA, MARA
ANGOLANO não tem traje de gala, Tem GRIFE
ANGOLANO não pega , CANGA
ANGOLANO não tem rabo, Tem MBUNDA,TURUGO
ANGOLANO não tem alguma coisa, TEM UM BOM MAMBO
Angolano não passa a perna ,FACA
Angolano não extorque, PARTE BRAÇO
Angolano não facilita, DA FALIDA
Angolano não tem Mulher ou Namorada, TEM DAMXKINDOSA,TUCHA
Angolano não conquista a mulher, DICA DAMA
Angolano não e polígamo,É GAJO DE GAJAS
Angolano não atende funeral, VAI AO KOMBA OU OSCAR
Angolano não faz credito, FAZ KILAPI
Angolano não pensa, BANZELA
Angolano não vai, TIRA O PÉ
Angolano não diz: tudo bem?, DIZ TASS
Angolano não rouba, GAMA
Angolano não ultrapassa, DA MBAIA
Angolano não morre, DA CALDO OU DA NTUM
Angolano não estuda, AMARRA
Angolano não conduz, ELE PEGA OU NDUTA
Angolano não come, PITA
Angolano não bebe, CHUPA
Angolano não roça., TARRACHA
Angolano não dança, BAILA
Angolano não toma o pequeno almoço, MATABICHA
Angolano não vai a festa, VAI AO BODA
Angolano não veste, TRAPA
Angolano não faz xixi, DA UMA SUSSA
Angolano não tem amigo, TEM CAMBA
Angolano não tem mama, TEM XUXA
Angolano não vai para terra, VAI PARA BANDA
Angolano não tem mau hálito, .TEM DIZUMBA MALAICA! CATINGA
Angolano não Pendura em carros, SE MAGWELA
Angolano não faz a bola passar por cima, CABRITA OU DÁ MÉ
Angolano não faz a bola passar entre as pernas, DÁ DA OVA OU
CAGUERO
Angolano não tem sorte/oportunidade, TEM FEZADA
Angolano não se Droga, CHUTA-SE
Angolano não é criança, É NDENGÉ
Angolano não passeia, ZUNGA
Angolano não sente frio,SENTE KAWELO
Angolano não afunda,SMASHA
Angolano não faz musculação,MANGUITA
Angolano não sai à noite, DESBUNDA
Angolano não joga,PÉLA
Angolano não arranja dama,LHE MORREM
Angolano não tem finta, TEM VIRA-VIRA.
Angolano não reprova, PICA
Angolano não telefona, FONA
Angolano não tem fome, TÁ FOBADO
ANGOLANO NÃO COME, PÁPA
ANGOLANO NÃO É ANGOLANO, É MWANGOLÉ
ANGOLANO NÃO É REFUGIADO, É TURÍSTA
ANGOLANO NÃO ESTÁ BEM, está BALA
KUIA MALÉ (BWE) SER MWANGOLÈ.....
Da N´nhaca do Soba T´Chingange
A serenidade da Ponta Verde convidava a passear por entre coqueiros. Cada momento se transformava em um nobre instante de vontade. Havia ali, entre altos coqueiros, condições de uma envolvência agradável de plena satisfação espiritual, sem inibições.
O céu e mar ora azul ora verde esmeralda, compunham o panorama de encanto naquela Ponta. A aragem entrelaçava o cheiro de mar com ansiosos abraços de ondas e gente que iam até ali tendo como testemunha o Gogó-da-Ema, um torcido coqueiro que desafiava a todo o tempo o vento e a gravidade. À sua semelhança, pares de namorados arriscavam conquistas em aventuras, usando-o como um pretexto.
Aquele preciso pretexto, era o nectar da vida a pulsar, a galopar no meio duma estrela de uma longinqua galática, a empatia dum abraço ansiado, o apetite ao passeio, a vontade do encontro de gente por conhecer . A luminosidade para além do luar chegava chispando fagulhas.
Aquele era o lugar nobre do Gogó-da-Ema.
Fábrica de letras do Kimbo
o nectar dA VIDA
Até que numa tempestade, farto da vida agressiva, mal escorado, desajeitado como era caíu corcunda, molhado inteiramente numa tristeza sem fim. Foi a 27 de Julho de 1955 que isto aconteceu.
No lugar do defuntado coqueiro aleijado ficou um monumento a relembrar a sua docil corcunda. A vida tem destas coisas, Gogó, proporcionando tanto amor, veio a morrer por falta desse sentimento; as autoridades de então pouco fizeram para salvar o moribundo coqueiro.
Por sua causa quantas mães choraram, quantas Emas tiveram de casar e, tudo porque só queriam ver o mar e, o luar. Ficou a saudade, as noites de luar, os íntimos aconchegos, a silhueta dele com o mar e o firmamento mitologicamente conivente, zarolho, vendado.
O Gogó ficou como simbolo de Maceió. O folclore Alagoano, relembra-o porque deichou muitos parentes feitos gente, descendentes.
E... eu, fui ali; estava ali à procura de me encontrar, como viajante insaciável dum tão maravilhoso e enigmático acaso de forças invisíveis. Por aqui fui ficando.
Hoje quem por ali passa, sombras e imperceptíveis tremidos, rebocam névoas para longe dali; galgando o infinito do cais novo, o Jaraguá, um amor alado feito vapor com força de muitos invisíveis cavalos.
De olhos cerrados, num turbilhão perfumado de luz interior, pude caminhar pelas praias da Pajuçára e Jatiúca, tremendo numa mística sensação; pude entender melhor as vibrações doutros, ansiedades onduladas e cegonhas num céu de Paris.
Descobri os chakras, o canal de luz fluindo através de mim e Indícios de mudança, coisas desconhecidas de levitar num poiso quieto.
Como peregrino, ou viajante intranquilo, busquei registos, sem segredos. A Dona Rosa Casado quase por picardia, deu-me o tópico e mote, falar dum a árvore aleijada cheia de amor e,... como um dasafio gratificante, regador de insuspeitas tropelias e beijos clandestinos, aqui o transcrevo para que conste na Torre do Zombo, um lugar para lá do imaginário reino da qual sou Soba.
Esta liberdade dá-nos hoje a possibilidade de acreditarmos em nós próprios; aprendermos a gostar com respeito de tudo o que nos envolve, as árvores, as pedras, os animais brancos e os outros.
Neste lugar de muitos caminhos, poderia imaginar outro postal mas, esta foi a verdadeira foto, à auto-estima da dona do Paraíso da Massagueira, Dona Rosa Casado, de nome e de facto.
A partir de Sírios e Órion, saíu a raiz e espiritualidade de muitos séculos atrás e, através de Shiva, foi incorporado ao nosso corpo um código genético como um adquirido direito de nascimento para cada um de nós.
O Soba T´Chingange
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SOSSUSVLEI . NAMIBIA
NAMIBIA, em dialecto Ovambo significa terra do nada. Foi aqui que vi as melhores paisagens nas minhas viagens por África. Saindo de Luderitz atravessei com o clã T´Chingange todo o Nauklefut Park para chegar às grandes dunas do Sossusvlei; acampamos em duas tendas em um espaço próprio no início da zona interdita, activamos uma fogueira comunitária e deliciamos o ouvido aos sons da noite. As noites ficão frescas assim que o sol desaparece no horizonte. Aqueles montes enormes de areia deixam em nós a sensação estranha da pequenez que somos ?!!!
Tivemos de preencher uns papeis para recebermos autorização de entrar no parque dos diamantes, não nos podiamos afastar do trilho e havia outras recomendações a cumprir. Iriamos saír ainda de noite para chegarmos ao nascer do dia á duna nº 45. Ainda noite, saimos em comboio de carros, jeepes 4*4 e turismos como o nosso. A claridade ia surgindo e, apanhamos o nascer do sol a meio da subida à duna, em fila indiana gente de muitas latitudes, falando linguas diferentes estavam ali para saborear a natureza na sua maior plenitude. O sol com o seu disco grande amarelo ia subindo no horizonte e um mundo de sombras moviveis rodavam à nossa volta como coisa doutro mundo; o amarelo das dunas contrastavam com o preto-preto das sombras em figuras sinuosas que mudavam a todo o instante.
Valeu a pena subir aquele morro de areia; levou talvez uma hora, dois pés á frente, desliza um para trás. Ali, e naquele momento, era o céu. Envoltos em azul vivo, o vermelho longinquo das terras altas, o amarelo ouro das dunas e o preto das sombras, cada um de nós se sentia "um senhor do mundo".
Sussuvlei ficou para sempre gravavado na nossa memória.
Naquele dia casei com Sussuvlei; a fina cortina de areia desprendida pelo vento mais parecia uma seda ondulante de noiva roçando o meu rosto, os meus olhos, a minha boca. Beijei a areia feita um véu, como se fora um deus menor e os sinos das cigarras disseminadas em esqueletos de árvores perpectuaram ao ouvido aquele som.
Ali era um bom sítio para entregar a alma ao criador. Foi sem dúvida a mais bonita catedral que já visitei. Se viver 394 anos, quero lá voltar na segunda metade do meu percurço.
Ali, o feitiço tem mais encanto, coisas que não se apagam da retina. Esta é uma das imagens que afagamos nos dias de indulgência, nos dias de amarguras involuntárias, nos dias impregnados de incontidas revoltas,
O Soba T´Chingange
Corria o mês de Agosto de 1998. Saimos de Whindooek capital da Namíbia, com destino a Ai-Ais no Fish River afluente do rio Orange River, fronteira com a África do Sul, lugar de grandes depressões.
Consultando o mapa, houve um nome que nos despertou curiosidade. Meteorit era o nome indicado com a referência de Hoba West, não muito longe de Grootfontein (em África tudo fica perto, é ali mesmo patrão, mwadié).
Rumamos para a esquerda para ver aquele pedaço de coisa caído do céu, uma bola de fogo rija como o titânio; eis que chegamos no meio do nada, uma pequena recepção num imenso Calahári. Após pagarmos uns poucos "Randes" a um homem fardado , entramos no tal lugar. Lá estava aquela coisa com 60 toneladas, uma liga de fusão vinda do Universo, dum infinito lugar.
Toquei aquele titãnio rijo e frio, embasbacado sentei-me observando-o por algum tempo. Anoitecia e tinha ainda de percorrer uma distância razoável, ali a noite cai rápida. Atropelei umas quantas capotas que atravessaram descuidadamente a picada.
Foi um relâmpago na vida do,
Soba T´Chingange
Continuo a ler o Fado Alexandrino de Lobo Antunes. Ando á uim ano a ler esta compacta escrita; como um desafio insisto na leitura relembrando as bissapas da guerra, a curva da morte, o abrigo do medo, o jogo da sueca e muitas asneiras como é comum entre muros de quarteis, a picada, a sanzala. Estou a levar tanto tempo a lêr que me aproximo dos dois anos que levou a escrever-lo. Só me faltam cento e trinta e sete páginas; a festa do regimento está longa mas vale a pena peneirar os textos e retirar os muitos quadros com detalhes que só Lobo Antunes consegue descrever, as angustias e os pedaços de trapos entalados na valeta. Aqui vai um pedaço das seiscentas e sete folhas:
“ ...Vai amanhecer não tarda nada, pensou o soldado, não tarda nada é dia. O preto telefonou do escritório em incompreensiveis guinchos veementes, a dali um par de horas uma incontestável mulitdão de escarumbas espalhafatosamente andrajosos desembarcou aos borbotões de uma camioneta ainda mais decrépita do que a nossa, rindo, acotovelando-se, conversando aos uivos numa língua colorida, sumiram-se vorazmente nas sombras do armazém à maneira de formigas operosas no capim, somaram um restolhar de murmúrios, sapatilhas e assobios ao restolhar habitual dos ratos, as cômodas carunchosas gemiam e agitavam-se como pos arbustos da mata, a fumegante tipidez de Moçambique apertavava-nos o pescoço com os dedos molhados, um ventinho de trovoada soprava da ferrugenta colina da camioneta lá embaixo, Vão disparar sobre nós, pensei eu a tremer, de cócoras no abrigo da secretária do escritório, vão matar-nos aos dois, ó sócio: faíscas de morteiros, bazucas, exclamações, tiros, protestos. O mundo, alheado, avançava pedras no tabuleiro das damas e o peito, ferido por uma primavera de granadas,...”
Porque sei o que é a guerra e o quanto se desprende ao longo do tempo como farrapos voláteis, não resisti a passar este pequeno quadro sem moldura num bairro degradado de Lisboa. Aqui também há musseques.
O Soba T´Chingange
A CRISE E A PETULÂNCIA DOS GOVERNANTES
ENTRE 1914 E 1945 E O AGORA
Por absoluta incapacidade de gestão as colónias Portuguesas por volta de
Nesse então, a 1ª República Portuguesa era composta por deputados que faziam absurdos e floriados discursos no parlamento sem sequência na realidade do dia a dia. Eram uns pavões e cagões que vendiam petulância nos cafés do Chiado; era ver qual deles tinha mais protagonismo na pópia faroleira do Russio ou no Café da Arcádia.
Neste aspeto, Portugal viveu sempre em crise, (e continua a enfermar desses resquicios) envolto em devaneios de gente acomodada à politica de faz-de-conta, devaneios de gente que se sente insubstituivel.
Naquele então, senhores latifundiários, donos de muitos hectares, muito gado, muitos chaparros pavoneavam política em Lisboa enquanto seus ganhões ou moirões lhe garantiam os bolsos cheios. Lá na província, na lezíria, ou seára alentejana, no cortiçal, olival, nas chapadas de trigo, nas lameiras, a courela havia a míngua.
Angola distante estava simplesmente abandonada.
Estamos em 2009 com dez milhões de Portugueses e o estado vive à mingua sugado por corruptos e corruptores. As conquistas do povo foram direitinhas para a nova casta de políticos que dividem o bolo por quotas, tanto para ti, tanto para mim e estamos de novo naquela merda desses idos anos; o povo fugindo para Angola, Brasil e lugares para onde ninguem pensava ir depois dum 25 de Abril.
Será a sina do Portuga, andar pelo mundo buscando subsistência enquanto eleitos incompetentes singram com grandes salários nas administrações repartidas pelo Arco-Iris político.
Toda a banda larga será inutel se esta gente de mente estreita continuar na festa. Na próxima vou votar em branco para não errar.
Não é normal meter-me nestas citações mas que ando revoltado lá isso ando!
Um branco de segunda com manias de ser,
O Soba T´Chingange
"PAIXÃO DE CRISTO"
Hoje, domingo, fiquei por casa cuidando do jardim. Andei subtraindo anseios descompostos ao redor do alpendre olhando as flores, lançando feromonas de doença verde. Peguei no pincel e fui de flor em flor polinizar a paixão. É isso mesmo, o bezouro habitual deve ter metido férias pois não apareceu; presumo que anda envolvido em exigências sindicais e hoje num fim de semana não vai aparecer de certeza.
As flores amarelecem numa tristeza murcha e caem de desgosto sem dar o fruto desejado, o maracujá. Cabe a mim ser o bezouro.
Um dia descobri que uma espécie de zangão grande, aparecia todo preto, e rápidamente de flor em flor retinha nas suas costas aspras o polem amarelo desta bela flor polinizando-a.
A "Paixão de Cristo" é de origem Tupi-Guarani e tem o nome gentílico de "murokuia".
Uma abelha normal não tem envergadura para poder captar o polém dos 5 estiletes amarelos em forma de chapéu oval. A flor, também faz lembrar uma daquelas condecorações que só os herois têm o prazer de ostentar ao peito. Nesta tarde de domingo eu, fui esse heroi da paixão, um cazumbi de bezouro; Nesse efémero feitiço, a mangonha do domingo festejou a primavera com a antecipação de seis dias.
Pretendia falar da adiáfa dos moirões mas fica para mais tarde,
O Soba TChingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
E, eu estive lá, na Serra da Barriga e, do que vi e li, concluí o que antes e a seguir descrevo.
Os termos de Muxima que é a saudade dos mwangolés, kimbundus, pode ler-se no quadro de entrada na Serra da Barriga: “Muxima dos Palmaresé uma homenagem aos Comandantes-em-Chefe que formavam o Conselho Deliberativo do Quilombo dos Palmares: Acaíne , Acaiuba, Acutilene, Amaro, Andalaquituche, Dambrabanga, Ganga-Muiça, Ganga-Zona, Osenga, Subupira, Toculo, Tabocas, e seus principais lideres: -Aqualtune, Ganga-Zumba e Zumbi, Banga, Camoanga e Mouza, que resistiram depois da morte de Zumbi, aqui também são homenageados, assim como todos os negros e negras, guerreiros e guerreiras , que ao longo de quatro Séculos lutaram e ainda lutam pela liberdade racial”.
Uma outra placa com fundo preto e letras salientes reconhecido no final pelo Governador Alagoano, Engenheiro Ronaldo Lessa a 20 de Novembro de 2002 : -“Homenagem aos Heróis Quilombolas que tombaram lutando pela liberdade em 06 de Fevereiro de 1694: Ganga Zumba, Dandaro, Acotirente, Andalaquituche, Aqualtune, Gana Zona, Ganga Muiça, Acaiúbo, Toculo”.
A SERRA DA BARRIGA - “CERCA DOS MACACOS”
O termo Sansala ou Senzala em Angola é um povoado normal enquanto que no Brasil está conotada com as casas de tortura, da canga, dos grilhos, da chibata, da bola, da máscara de sino e correntes. Kimbo é o nome de zanzala na região de fala Umbundo em Angola, planalto Central com suas casas, libatas ou embalas.
Todo este trabalho de pesquisa, foi objecto de promessa minha ao fiel depositário do Guardião da cultura em União dos Palmares e Zelador do Museu de Maria Mariá, Senhor Paulo de Castro Sarmento Filho, que teve amabilidade de me mostrar o actual mocambo de Muquém, a Serra da Barriga e descrever o seu trabalho ainda em esboço duma Cartilha Pedagógica, um projecto de cultura viva.
Acompanharam-me nesta visita que durou todo um dia, a Dra Rosa Casado, natural daquela cidade de União, e filha de um dos ultimos prefeitos de União dos Palmares de quem me prezo ser amigo.
Ficou a promessa de uma futura visita aos mocambos de Cajá dos Negros e Palmeira dos Pretos, povoados em que ainda são visiveis os costumes antigos trazidos de África. Vivem da agricultura, da venda de artesanato, potes em cerâmica feitos de forma manual. Estar ali, é o mesmo que estar em qualquer sanzala de Angola nos dias de hoje. Por todo o interior de Pernambuco, perto Guaranhuns e Alagoas em União e Palmeira dos Indios, as caracteristicas levam-nos à África longinqua.
É este, um modesto contributo a juntar à história dos países Lusofonos intervenientes, Angola, Brasil e Portugal. As omissões ou lacunas em anteriores crónicas podem ser rebuscadas em blogs que focam estes temas.
E, para que conste na “Torre do Zombo do Kimbo”aqui ficam os agradecimentos a Paulo Sarmento, Governador Assistente do Rotary Internacional, Distrito 4390 e Rosa Casado, Advogada aposentada, que me proporcionaram horas de encanto e convívio.
Da lavra (n´nhaca) do,
Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Zumbi, nasceu livre em terras do Nordeste em 1655 e morreu a 20 de Novembro de 1695. Em homenagem a todos os negros que lutaram para se libertar do jugo da escravidão O Brasil considerou este dia como Feriado Nacional “ O dia da Consciência Negra”.
No final do século XVI as terras Pernambucanas eram das mais prósperas das novas colónias portuguesas. Havia 66 engenhos na regiãoe, e no litoral funcionava já toda uma estrutura que permitia o escoamento dos produtos da terra. A cidade de Recife a cada dia que passava, ficava mais organizada e urgia pôr ordem lá no lugar da “Cerca dos Macacos”, acabar com os mocambos daqueles guerrilheiros com caracteristicas de luta bem definidas e com algum enquadramento nas chefias.
Aqueles fujões, usavam um tipo de flexa, zagaia, lança ou um cajado nodoso em tudo semelhantes com as usadas pelos gentios junto à costa dos Dembos
ZUMBI O HERÓI DA CONSCIÊNCIA NEGRA
As tatuagens eram um uso habitual das terras de N´Gola para serem reconhecidos, dar a saber a todos qual a sua ascendência, era a sua cartilha de identificação. Recordar que a escrita era de pouco uso e a história passava de pais para filhos por transmissão oral. Por este motivo faziam e ainda usam reunir junto à molembeira, uma àrvore frondosa e nobre por nela se abrigarem as assembleias do povo, sanzala, mocambo ou kimbo. Nos kimbos melhor organizados há uma casa aonde se reunem para fazer tertulias, falar com os mais-velhos Kotas e saber para poder transmitir aos vindouros. A essa casa grande e normalmente aberta e circular, chama-se Jango. Nos aglomerados urbanos surgem os musseques (favela do Brasil) e, quando muito reunem-se numa casa de assembleia, salão social, clube ou missão duma qualquer igreja (as mais normais são: a igreja Invangélica, aIgreja do Corpo de Deus e do Sétimo dia).
Também é de salientar o conhecimento da cura através de plantas do mato, coisa que os quimbandas faziam nas suas terras de origem por saberem já usar unguentos, chás e sempre o exorcismo em obediência ao seu deus N´Zambi.
Nas artes de batuque, o bate pé da dança em circulo tipo a que se veio a chamar de xanchado; a umbigada da massemba e trajeitos que vieram a resultar no merengue e semba brasileiro moderno, sempre com muito erotismo, estímulo à procriação.
Vale a pena referir a luta da bassula, finta ou esquindiva utilizada pelos pescadores imbindas do Kongo (Cabindas e Boma do N´zaiire), os Muxiloandas da ilha da Mazenga na baia de Loanda e Mussulo (Kaloandas ou Camondongos) na região dos Dembos e foz dos rios Dande, Bengo e Kwanza, no brasil derivou para a Capoeira, uma forma de dança para ludibriar o patrão fazendeiro e usar a ginástica de dança como luta do dá e larga sem agarrar ou usar a força do adversário com suaves e mágicos “toques de bassula”ou “toque de finta”.
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Soba T´Chingange
FABRICA DE LETRAS DO KIMBO
AQUALTUNE E GANAZUMBA
Aqualtune era uma princesa que tudo indica pela estirpe ser filha do Rei N´gola Kiluanji Kabassa. Esta, por fruto de vingança de Paulo Dias de Novais, foi aprisionada juntamente com os principais makotas e jagas desse reino e outros reinos menores que lhe deviam obediência. Estes prisioneiros passaram a ser simples peças para os negreiros mercadores de Massangano e Makulussu.
Há historiadores que referem Aqualtune como sendo filha do rei do Kongo; genericamente referem-se aos reinos de Angola como se tudo fosse o Kongo. Em realidade o Kongo ficava e fica situado a norte do rio Dande e o dialeto falado é o Kicongo e não o Kimbundu da região dos Dembos e Matamba.
Muitas vezes os auxiliares dos pombeiros na chamada “guerra preta”, eram os próprios chefes negros, os sobas, que trocavam seus súbditos por vinho, tecido, sal ou pólvora. Aproveitavam-se das suas disputas, "guerras constantes" para tirar benefício disso.
Para um melhor confronto de idéias o dialeto Kimbundu era falado em N´Gola ou N´Zinga, Bondo, Bangala, Halo, Cari, Chinge, Minungo, Songo, Banbeiro, Kissama, Libolo, Kibala, Haco e Sende. Foi este dialeto que originou a grande parte de vocábulos encontrados na “Cerca dos Macacos” situados na Serra da Barriga, atual União dos Palmares.
Aqualtune, embora tenha sentido a proteção dos demais súbditos kimbundos conhecedores de sua linhagem nobre, acabou, no entanto por ter como destino um Porto Galinhas (Recife) como todos os demais. Não era mais que uma peça a ser vendida pelo melhor preço como galinha do mato, capotas do reino diziam. Foi por ali perto, (Porto Calvo) que Alqualtune pariu Ganazumba, fruto talvez dum forçado amor para procriar aquele que veio a ser um dos primeiros fujões do Brasil e o 1º rei dos fujões negros de Palmares. Não obstante ser escravo mantinha as prerrogativas de nobreza entre as gentes Kimbundas perpetuando as atenções devidas.
Pelo anteriormente dito, Ganazumba (Ganza-Zumba), filho da princesa Aqualtune estava na linha direta de descendência do Rei N´gola Kiluanji Kiassamba.
O cidadão que em Angola, provavelmente em Muxima ou Massangano, viria a ser um Imbangala (Senhor das terras) dos Dembos, tornou-e o Rei do Quilombo numa terra distante. A história retrata-o indevidamente como um traidor por ter pactuado a paz com as autoridades sediadas em Recife, mas consta que essa paz solicitada pelos senhores do mando foi aceite por Ganazumba na condição de que, a todos os nascidos na “Cerca dos Macacos” em serra da Barriga, seria dada alforria de livre cidadão, o que veio a ser aceite.
A altivez nobre de Ganazumba e Zumbi não se perderam num porão nauseabundo dum galeão, nem num poste de Sanzala, porque o respeito pelos seus feitos gritou mais alto. Mesmo em situações de submissas vergonhas, as crenças não se perderam.
O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597 por cerca de 40 escravos ao que se juntaram outros “fujões“ brancos desavindos da ordem régia, ladrões ou gente de desacato perseguida pelos capitães de mato das fazendas e engenhos dos senhores coronéis.
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FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“Ganazumba (Ganga-Zumba) vida wa lila, wa lila okeka iahé N´Gola” – Ganazumba, se chorou, chorou pela sua terra Angola (Grito da etnia bailundo do planalto central de Angola)
N´gola Kiluanji Kiassamba nas primeiras investidas de Paulo Dias de Novais a Angola, subindo o rio Kwanza acabou por ser preso e ali se manteve em cativeiro entre os anos de 1560 e 1565, noventa anos antes do nascimento de Zumbi no Brasil.
Paulo Dias de Novais ficou com elementos linguísticos, costumes, dados geológicos e Geográficos de toda aquela zona da foz do Kwanza até Kabassa, que lhe vieram a ser úteis numa segunda visita. A 20 de Fevereiro de 1575, oitenta anos antes do nascimento do Zumbi no Brasil, voltou com uma armada ás margens do Kwanza, terras de N´Gola levando indicações do rei Dom Sebastião para pactuar com o rei de N´Gola e chegar às minas de Kambambe, local aonde existiam metais nobres, prata e ouro (assim se pensava).
Nesse então já havia pombeiros que pactuavam com sobas da região de onde traziam “peças” para negociarem
Ao longo do rio Kwanza havia interpostos comerciais e assentamentos de sanzala a que se veio a chamar de Muxima, Massangano, N´Dondo e Kabassa. Foi dum desses sobados dos Dembos, no lugar de Massangano, que saíram os ascendentes de Zumbi dos Palmares como pagamento de tributo aos capitães portugueses ali estabelecidos. Entre 1565 e 1580 havia pequenos reinos de Sonso, Quacar, Punamunjinge, Sundi, Casem e Damba que deviam obediência ao rei N´Ggola Kiluanji Kiassamba. Os avôs de Zumbi dos Palmares saíram dum destes reinos.
Cabe aqui lembrar que a capitania de Paulo Dias de Novais ia desde a foz do rio Kwanza até duzentos quilômetros mais a Sul, umas trinta e cinco léguas.
Interessa saber nesta fase do roteiro pela história, que foi a partir de 1538 que começaram a chegar às costas do Brasil, os negros da África Ocidental, principalmente de Minas, Guiné e Angola.
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O Soba T´Chingange
Fábrica de letras
Os negros da rainha N´Zinga é que não quiseram sujeitar-se, e arrojaram os maiores impropérios aos holandeses, por os desampararem. A guarnição de Benguela rendeu-se a dois navios portugueses sem disparar um tiro, e a da ilha do São Tomé foi simplesmente abandonada e até astearam a bandeira portuguesa como sinal declarado de rendição.
Expulsos os holandeses, subjugou os negros que os haviam seguido. Salvador Correia, dispondo de poucas forças, alistou no seu exército os franceses que se voluntariaram, que até ali alinhavam com os holandeses. Bartolomeu de Vasconcelos, tomou o comando desta nova força de guerra que facilmente subjugou os dissidentes, forçando a rainha Ginga a pedir paz.
Como se pretendia, a reconquista de Angola resultou na rearticulação do abastecimento de escravos para a Bahia, o Rio e, depois o Nordeste com a expulsão dos holandeses de Olinda
Os bens sacrificados por Salvador correia à jornada de Angola voltaram aumentados e sem falta da tal mão-de-obra para as suas fazendas de todo o Brasil. Tudo o que o Brasil deu a Angola, Salvador restituiu, incluindo o capital adiantado pelos habitantes do Rio de Janeiro para a reconquista de Luanda.
Seu objetivo era agora a procura de minas. Seu filho João Correia de Sá, por alvará do rei, de 9 de Março de 1658em foi-lhe concedido o foro de fidalgo. Partiu à frente de nova bandeira para explorar a região das minas e Sabaraçu . A expedição encontrou filões auríferos, prenúncio do grande Ciclo de Ouro do Brasil. Como sempre a cobiça, o ouro, a prata ou as esmeraldas.
É aqui que abandonamos o clã dos Benevides para refazer a história do clã do “Zumbi”
O HIATO BRASIL . ANGOLA
O CLÃ DO ZUMBI
A versão que se segue pode ser um pouco fantasiada, mas tenta encontrar a versão mais coerente tomando em conta, datas, significados, costumes e dizeres da região de N´Gola de fala Kimbundu
Embora tudo indique que Zumbi dos Palmares tenha como avós gente de N´Gola da etnia Kimbundu faço aqui referência a um dito Umbundo porque na escravidão para lá do mar, depois duma amarga travessia em porões de esterco, a fusão entre gentes de tribos diferentes foi uma realidade. Angola esteve em permanentes conflitos e decorridos que são mais 360 anos após a restauração de são Paulo de Assunção de Luanda encontrou a paz. 33 anos após a desgraça diplomática do Alvor e Penina com a intervenção de políticos portugueses traumatizados, e novos generais de aviário sem experiência de governação ( 1974 / 1975). Finalmente angola entrou na ansiada prosperidade.
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O Soba T´Chingange
Continuação::::
O fim evidente da dilatação do prazo era reunirem as tropas que andavam pelo campo. No fim do prazo marcado. desembarcou em chalupas 650 soldados e 250 marinheiros, deixando 180 nos navios com muitas figuras pelas enxárcias e pelas amuradas, para que de longe se julgasse muito mais numerosa a tripulação dos navios. Os holandeses, repelidos de todos os pontos exteriores, refugiaram-se na fortaleza do Morro de S. Miguel e no forte de Nossa Senhora da Guia. Abandonaram tão à pressa o fortim de Santo António, que nem tiveram tempo de encravar mais do que duas peças das oito que o fortim possuía. Salvador Correia, aproveitou-as e juntando-as àos quatro meio canhões que mandou desembarcar. Formou assim uma bateria dando desde logo a bombardear a fortaleza, causando pouco dano, mas produzindo grande terror aos holandeses.; estes assombrados com a rapidez com que a bateria se assentara ainda mais se alarmaram. Salvador Correia porém, viu que seria demorado o êxito da bateria, queria isso sim, impedir que os holandeses fossem reforçados.
No dia dia seguinte, 15 de Agosto de 1649 manda fazer o assalto às duas fortalezas ocupadas pelo inimigo. A temeridade era incrível e seria indesculpável, se não fosse a situação perigosa em que se via. Salvador Correia tinha apenas 900 homens e ia assaltar duas fortalezas guarnecidas por 1.200 soldados europeus e outros tantos negros. Depois duma escalada audaciosa em que os assaltantes foram repelidos, Salvador Correia mandou recolher as forças, e viu que havia 163 soldados mortos e 160 feridos. Tinha fora do combate mais da terça parte do seu exército. Sombrio mas resoluto, ia fazer uma segunda tentativa, quando com grande surpresa, viu aparecer um parlamentário, que vinha propor uma capitulação, o que Salvador Correia resolveu aceitar.
A capitulação foi concedida com todas as honras, facilitando-se-lhes logo a amnistia que eles pediram para os seus partidários, e assinada a capitulação viu-se o caso estranho de saírem rendidos, de duas fortalezas, onde nem quase havia brecha. 1.100 homens a passarem diante de menos de 600. Era essa a força a que estava reduzida, depois do primeiro assalto, o exército sitiador de Salvador Correia.
Havia já 5 dias que Salvador Correia tomara posse das fortalezas, quando apareceu na cidade, vindo do sertão um corpo de 250 homens acompanhados por mais de 2.000 negros, súbditos da rainha N´Zinga. Bem desejariam eles romper a capitulação, mas Salvador Correia tomara as suas precauções, fazendo logo embarcar em três navios a guarnição holandesa da cidade; de sorte que os recém chegados, vendo-se sós, capitularam também.
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O Soba T´Chingange
SALVADOR CORREIA DE SÁ E BENEVIDES
Esta crónica tem a finalidade de relacionar temporalmente a possivel origem do Zumbi dos Palmares, dando a conhecer os movimentos da época em termos de transladação de escravos, sua anatomia negróide e termos da lingua Bantu de Kimbundo usados na “Cerca Real dos Macacos”, em Serra da Barriga, uns cem quilómetros da costa de Alagoas e duzentos do Rio São Francisco.
Em Portugal governavam os Filipes de Espanha. Este periodo debaixo do domínio Espanhol durou entre os anos de
A importância de Angola era extrema, porque dali se fornecia o Brasil de escravos indispensáveis para a cultura das suas terras. Era indispensável que Salvador Correia encontrasse meio de tomar Angola sem que parecesse que tomara a ofensiva, para se não considerarem rotas as pazes com a Holanda.
Em 1644 foi organizada uma expedição para tomar Angola, chefiada por Francisco Souto Maior, que era o Governador interino do Rio. Souto Maior acabou por morrer em Massangano ou
O padre Antonio Vieira continuava pregando um acordo diplomático, acreditando que Angola estava perdida. Não sabia ele que Salvador Correia já rumava para Angola. Foi o próprio Salvador Correia que tratou das guarnições e mantimentos dos navios entre os anos de 1645 e 1648.
Salvador Correia lançou no Rio de Janeiro uma contribuição de 80 mil cruzados, o que agravou a crise de então, para a qual fez contribuir as Ordens religiosas, sobretudo São Bento.
Desde 9 de Maio de 1648, Salvador reunia em sua casa no Rio os Capitães de Mar e Guerra e os pilotos práticos dos galeões e navios da Armada. Apelara no Rio ao patriotismo e até aos interesses dos homens abastados que a perda de Angola prejudicava os interesses da colónia Brasileira, e dispendendo do seu próprio dinheiro, conseguiu juntar 15 navios, quatro dos quais comprados à sua custa.
A armada, seria formada de 15 embarcações com 1400 homens dos quais 900 homens de desembarque. Levavam mantimentos para seis meses. Para o financiamento, o povo do Rio de Janeiro contribuiu com 60.000 mil cruzados.
Salvador Correia de Sá e Benevides, chegou a um pequeno forte na enseada kikombo( talvez barra do rio Dande perto de Kifangondo), a 12 de Julho de 1648. Este pequeno forte, permitia estabelecer comunicações com os portugueses, que desde a perda de Angola se tinham refugiado no Forte de Massangano nas margens do rio Kuanza. Dali, seguiu por mar até São Paulo de Luanda tendo chegoado à Ilha de Mazenga,
Os Holandeses surpreendidos com esta inusitada determinação, avaliaram por excesso o poder dos assaltantes, e pediram 8 dias para tomarem uma decisão. Na verdade queriam dar tempo para que regressassem à cidade 300 soldados, vindos do interior. Salvador Correia deu só dois dias e, em 14 de Agosto de 1648 desembarcou suas tropas a meia légua da cidade, num lugar conhecido por Bungo.
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O Soba T´Chingange
José Eduardo Agualusa
No gerúndio da vida ou na própria terceira pessoa do plural, é curioso ler as interpretações dadas por escritores, cronistas, gente de letras e até comentaristas, às tradições dum qualquer lugar mas, na Lua dos mwangolés, as tradições falam mais alto. Tomara, estão mesmo na Lua.
Picasso, o grande pintor, dizem os muxoxos ou mugimbos da Lua do Mussulo que passou por ali. Parece que assim foi porque, José Agualusa, diz que Picasso se inspirou na arte tradicional Angolana. Diz que foi um plagiador de cores (o vermelho revolucionário e o azul do mussulo) que só havia ali. Tirou ideias e nem por isso foi condenado e, até ficou um famoso pintor. Agualusa também diz que a Bahia de São Salvador do Brasil começa ali, na Lua, Luanda. Assim mesmo!
É interessante ter assim um arco-íres tão abrangente da Globália,... só mesmo Agualusa. Falando disso, de tradições,... ele escreve:
“...alguns dos nossos grupos de carnaval, (Angola) inspiraram-se em modelos brasileiros ( Eu relactor, discordo ). A mim, já me vêm faltando paciência (...) para falar de tradições,...dizem, há que respeitar as tradições. Quais tradições? Quem trouxe o carnaval para Angola foram os portugueses, além da língua, de Jesus Cristo, do bacalhau, da mandioca, do óleo de palma, do milho, da guitarra, do acordeão, do futebol e do hóquei
Veja-se o quanto tem de polémico o termo tradição. A história, mesmo mal manuseada, é quer queiram ou não, uma coisa que fica como nossa. É como um pneu que quanto mais é usado, mais liso fica. Esse nada gasto do pneu, corresponde á tradição e é irreversivel, mesmo que se recauchute.
Em suma, as tradições são coisas que mesmo malparidas ficam de vez.
O Soba T´Chingange
Quem com ferros mata!... Com ferros morre!
O ajuste de contas na Guiné Bissau foi consumado. O general Tagmé Na Waie, que tudo indica ter sido mandado abater por Nino Vieira, tinha dito aos seus oficiais Balantas: - “ Se eu morrer de manhã, Nino morrerá à noite”. Não foi bem assim,... demorou um pouco mais.
Nino Vieira foi assassinado a golpes de catana. No mundo da selva mandam os gorilas que lá estão!
A Guiné Bissau um dos países mais atrazados do Mundo vive numa permanente “desEpopeia”; o filme segue se não houver uma intervenção da ONU ou dos PALOPS ou, ainda essa instituição de penumbrosa evidência com o nome de CPLP.
O Kimbo, não manda condolências a nenhum daqueles credêncialmente defuntados e, nem vai desejar paz à sua alma. O purgatório que se encarregue deles.
Inteiramente do foro do,
A ilha de Marajó é a maior ilha fluvial do Mundo; o Amazonas envolve-a quase por completo na sua foz com o Oceâno Atlântico.
Esta ilha que visitei em 2005, entre os anos 400 e 1300 da era cristã teve uma das civilizações mais desenvolvidas para o seu tempo. Os Marajuáras (naturais de Marajó), viviam numa sociedade dividida em classes sociais praticando agricultura no cultivo de arroz e mandioca. Calcula-se que os aglumerados humanos de então eram já da ordem dos 10 mil habitantes e, para se salvaguardarem das cheias periódicas do Amazonas, protegiam-se construindo diques na forma de aterros.
O traço mais marcante do seu legado, foi o trabalho de cerâmica. Pude pessoalmente verificar a feitura de deslumbrantes desenhos ao vivo, nos arredores da cidade de Belém, em barros pretos trazidos da Ilha de Marajó da outra margem do rio; gostei tanto que estive na iminência de encomendar um pote da minha altura a fim de ser enviado para a Europa. Tinha espirais de enigmáticos traços, intrincados de mística e formas de sinuosas serpentes.
As espirais de serpentes estão mais patentes em peças sacras e funerárias.
Os Marajuáras, por volta do ano 1300, desapareceram misteriosamente, tal como os maias Toltecas do Yucatan Mexicano. Não sei se haverá alguma relação entre estas duas civilizações mas, caberá aos Arqueólgo, Antropólogoe e Etnólogos decifrarem este mistério. Parece-me de muita importância que não fique à solta este hiato na história da Humanidade.
Quando ali chegaram os Tugas, à ilha de Marajó, encontraram-na habitado por índios Aruaques.
Para que se saiba, os Marajuáras foram os primeiros seres humanos a usar bikini; eram tangas feitas em barro que se prendiam ao corpo por furos feitos nas extremidades dessa cueca primitiva; atravês dos furos eram passadas cordas de resistentes lianas.
Das tangas de barro encontradas, chegou-se à conclusão ser este tapa-sexo usado por homens e mulheres como roupas a exibir em cerimónias; persiste a dúvida de se, se usavam esta roupagem no dia a dia porque, nalgumas tangas os furos estavam muito desgastados. Com o tempo, saber-se-há a verdade.
De lembrar que na Europa, em plena idade média, os homes militares, iam para as cruzadas de guerra lutar contra os infieis mussulmanos por longo tempo e, as suas mulhers ficavam fechadas em um cinto de castidade em ferro para que as mesmas não se metessem em aventuras xifrudas. Não sei como faziam necessidades mas, eles homens, levavam as chaves e “códigos especiais” consigo (tudo em ferro, claro!). Isto reza a história.
Do lado Norte do rio Amazonas fica Amapá e, foi a 16 quilómetros da cidade de Calçoene que encontraram 127 blocos de granito colocados em intervalos regulares. Trata-se do primeiro observatório astronómico Pré-colonial do Brasil ainda sem Tugas no horizonte. Este “stonehenge brasileiro” tem cerca de 2 mil anos de idade e, deduz-se que este observatório servia para marcar a chegada do solstício de Inverno (convém averiguar isto porque ali, os invernos quase não existem).
Estas pedras estão lá porque alguém as pós e convêm os estudiosos não nos deixarem na incógnita; agora que, os testes de carbono e outras técnologias de ponta são tão fidedignas.
Em minhas modestas buscas encontrei indícios de que os Fenicios, exímios navegadores chegaram à Ilha de Marajó por volta do século XII antes de Cristo. Parece haver uma grande similitude na técnica de defesa contra as cheias do Amazonas por meio de aterros e, as defesas das cheias do Crescente Fértil e rios que desaguam no Mediterrâneo. Há também expressões fonéticas em alguns vocábulos indígenas que se assemelham. Não esquecer que “A Pedra da Gávea” no Rio de Janeiro, abriga um túmulo já comprovado de um “Rei Fenício”.
Antes de Álvares Cabral e a escrita de Pêro de Caminha, já outros por aqui andavam.
Isto, não é nenhuma inventação. È um contributo gracioso para o meu Kimbo e a Globália.
Da lavra (n´nhaka) do,
Soba T´Chingange
CHAPADA DO ARARIPE
ÁFRICA,...NOSSA AVÓZINHA
APÓS O ACHADO DE LUZIA
Antes da escrita, há outras histórias a que só recentemente se tem dado atenção. Após se ter encontrado as ossadas desa mulher Luzia, em Boqueirão da Pedra Furada
Na Chapada do Araripe, depararam com o maior depósito de fósseis de peixes e plantas ainda desconhecidas no Mundo. Notaram ali que, os fósseis já rochas com 110 milhões de anos, conservam ainda perfeitas células musculares, podendo até saber-se quais as últimas refeições deglutidas para o aparelho digestivo. Não é interessante?
Na busca dos Pterossauros com cinco metros de envergadura, os homens munidos de conhecimentos anatómicos, dão a conhecer ao Mundo o que, em 2006, se veio a chamar de Geopark do Araripe.
Na Chapada do Araripe, até nos quintais das casas se podem apanhar fósseis; tantos que até confecionam ornamentos de parede e pisos com peixinhos da pré-história e plantas de exóticas formas.
Há cerca de 100 milhões de anos naquela mancha grande que engloba o Piauí, Ceará e Pernambuco, havia aves rastejantes e jacarés voadores. É um parque natural, científico e ecológico que pode proporcionar um turismo para tal vocacionado.
Ainda estão a tempo de não desarranjar a história com devastações desse património com queimadas e gratuítas intervenções de pessoas menos informadas que sem culpa formada e por ignorância reconhecida, fazem atropelos à história da vida.
Aquela vasta àrea com 5 mil metros quadrados, convêm ser resguardada numa tal política de desenvolvimento sustentado.
A Chapada do Araripe do Ceará, é um lugar a visitar!
Afinal o Brasil, não é só praias, carnaval e mulatas sem bikini, a Sodoma dos tempos modernos ou a Gomorra dos tempos vindouros.
A Chapada do Araripe, é um alti-planalto de vegetação rasteira do cerrado e caatinga do Agreste aonde a vida, pela dureza de reciclagem natural, põe em risco a extinção de uma ave que só ali existe; o Soldadinho-do-Araripe. Vamos acudir a isto?
Do Nordeste Brasileiro,
O Soba T´Chingange
ANTES DA HISTÓRIA
LUZIA . UMA HISTÓRIA COM 60 MIL ANOS
Antes da escrita, há outras histórias que explicam as origens do ser humano. É a história, antes da história.
Os arqueólogos, descodificando novos achados, analizam com testes de carbono outras supostas verdades. Foi assim que olhando pinturas rupestres em Boqueirão da Pedra Furada na região de Lagoa Santa, Minas Gerais, com a exploração de mais de 200 grutas, decifraram os vestigios dum anterior passado, antes dos Egipcios que também se acredita terem aqui chegado e, mais recentemente os Tugas com todas aquelas escondidas diplomacias de Papas e poder Régio da idade média definindo fronteiras ao tratado de Tordecilhas.
O dinamarquês Peter Lund, descobriu em meados do século XIX , 12 mil fósseis, um cemitério de 30 esquelectos humanos ao lado de mamiferos de grande porte do tipo gliptodonts, uns tatus com cerca de um metro de altura. A estes achados, foi designado o periodo da pré-história Brasileira, em realidade, o continente da América do Sul.
Em 2002, com técnicas mais sofisticadas e fidedignas, confirmaram o evidente, gentes vindas de África Central e do Sul, à cerca de 7 milhões de anos, atravessaram pelo sul do Mediterrâneo, a seguir a Ásia e atravéz do estreito de Bering desceram desde o actual Alasca à América Central, chegando consequentemente ao Brasil que hoje se conhece.
Na decada de 1997, encontraram um crãnio feminino com serca de 11.500 anos; referiram este achado com o nome de Luzia, uma mulher dos seus vinte anos, olhos grandes e nariz achatado do tipo negróide.
O terem chamado de Luzia a estas ossadas, é uma evidente referência ao fóssil de mais de três milhões de anos encontrado na Tanzãnia em 1974, de caracteristicas muito próximas àquele achado arqueológico da Lucy
Novos vestígios foram encontrados na serra de Capivara no Piauí, Nordeste Brasileiro.
Foi sem dúvida o início da caça ao tesouro a comparar com as novas modas de Indiana Jonas. Machados e artefactos indicam que eles, os pré-históricos manos e primos de Luzia, viviam na idade da Pedra Polida entre 12 mil e 4 mil anos antes de Cristo.
O Boniboni da Catumbela em Angola disse sobre isto o seguinte: - Mazé, esse tal de “Peter não sei das quantas”, tem que vir aqui nas barrocas da Luua destabilizar os defuntados ossos dos mais que passados primos da Luzia porque aqui, tem por demais, montes, paletes de ossadas pré-históricas meu,...
(è um comentário pouco sério! Não façam caso!)
Somos, em verdade, ainda, um enigma indecifrado.
Do Nordeste Brasileiro,
O Soba T´Chingange
LOBO ANTUNES, DE NOVO
Por alturas da página 364 do Fado Lisboeta
Não Consigo avançar a leitura do Fado Alexandrino de Lobo Antunes. Num dado momento apetece-me deitá-lo na nitreira mas, num repente vejo dentro do texto enrolado uma beleza para lá do normal. Faço esforço para rencontrar o rumo da estória, não, não tem estória, são palavras amontoadas sem aparente lógica. As ameias do castelo de são Jorge de repente arranham as águas do Tejo, as caganices de putas sabidas enganam magálas com pinta de espertalhões e vão no choro, na conversa das gajas sabidas; e, de novo ai vai um pequeno extrato:
“... Esquece lá o maxismo-leninismo-maoismo e beija-me, deixa por uns minutos o camarada Ho Chi Min e vem comigo num estantinho ali atrás do restaurante, onde o cozinheiro despeja os desperdícios e os restos da comida em grandes baldes de zinco, para eu poder tocar-te o peito, para eu poder tocar-te o ventre, para eu poder chupar-te o pescoço, seguido, espiado, espiolhado por cachos de vagabundos e cachorros que se embrulham friorentamente para a noite em ramos secos, frascos de aguardente, trapos imundos e folhas enodoadas de jornal, larga o almoço, caga no socialismo, levanta as saias, estende-te na relva, segura no que sinto crescer nas minhas cuecas e enfia-o, com um breve, rouco, solto ganidozinho animal, no porão de ti. (...), e para mim, em segredo, Quero que isto se lixe, quero que isto se foda, o que é que isto me importa, há umas moitas mesmo a calhar ali adiante, Dália.”
Como é que posso deitar o livro para o lixo se ele já está nesse meio. Mas que é bonita a descrição, lá isso é! Mesmo errolado, vou continuar a lê-lo, ainda me faltam 250 folhas. Tem de ser saboredado folha por folha (tenho tempo).
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