Sábado, 30 de Janeiro de 2010
POVO IMBINDA . I
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
O Kimbo, de forma sumária dá a conhecer a obra de Adulcino Silva intercalando os seus escritos “POVO IMBINDA” com as crónicas de Mayombe do Soba T´Chingange. De quando em vez, o Soba acrescenta como relator pequenos pormenores aos ítens de “A verdade Oculta” por ser conhecedor do território de Cabinda..
CABINDA - A VERDADE OCULTA
De Adulcino Silva
O problema de Cabinda não é militar, nem político. E uma questão jurídica.
O autor de Cabinda - A Verdade Oculta mostra o esbulho, libertinagem e traição que envolveu genéricamente as descolonizações do após 25 de Abril de 1975.
Além de jornalista, Adulcino Silva foi operador de imagem de TV, tendo sido produtor radiofônico em Luanda.
Possui, também, colaboração dispersa em vários jornais de Língua portuguesa espalhados pelo mundo, e pronunciou algumas palestras em Luanda, Lobito, Aveiro, Lisboa e Toronto no Canadá.
Buco Zau
Sumula abreviada do livro
Os descolonizadores portugueses, não tiveram em conta aspectos de ordem histórica, social, cultural e jurídica em Cabinda
Os resultados dessas imprudências e desses erros podem ser trágicos para os Cabindas, e poderão no futuro vir a levantar a tese da restauração do antigo Reino do Congo
O tratado de Simulambuco não foi respeitado pelos responsáveis morais e materiais da descolonização. 0 espírito independentista dos Cabindas foi ignorado, o mesmo acontecendo às ligações existentes entre Cabinda e Portugal (antes mesmo de 1 de Fevereiro de 1885), bem como a Constituição da República Portuguesa de 1933, no parágrafo 2º da 1ª parte das garantias fundamentais da Constituição da Nação portuguesa.
Os Imbindas ou Cabindas, somente uma vez, foram livres de escolher quem queriam como governador, amigos ou aliados (1/2/1885). E essa vontade expressa democráticamente em documento jurídico, não foi respeitado pelos descolonizadores, nem mesmo, pela própria ONU.
Cabinda tem a superfície de aproximadamente, dez mil quilômetros quadrados, correspondente a cerca de quinze vezes a superfície da ilha da Madeira. Para além de petróleo, o subsolo de Cabinda possui urânio, ouro, diamante, fosfato, manganês, ferro, entre outros minérios. Produz café, cacau, banana, mamão, papaia, milho, mandioca, cítricos, feijão, batata, entre muitos outros produtos agrícolas. É, também, produtora de madeiras, algumas de espécies raras, e reúne todas as condições para várias espécies de pecuária.
A um de Fevereiro de 1885 tomou-se protetorado de Portugal por vontade expressa dos legítimos representantes dos seus povos, o que revela, na «opinião júris» internacional, um princípio de um «certo direito dos povos de disporem de si próprios».
(Continua)
O Soba T´Chingange
Sexta-feira, 29 de Janeiro de 2010
CURIOSIDADES
ANGOLA E O MUNDO
A mulher mais poderosa de Portugal é angolana - Pedro Santos Guerreiro
MULHERES DE ANGOLA
Lisboa - Portugal tem muitas mulheres importantes, algumas são ricas, poucas são poderosas.
Uma é as três coisas. Tem 36 anos e não é portuguesa. É a angolana Isabel dos Santos.
O "dinheiro dos angolanos" pesa sobre muitas consciências
Os angolanos são entronizados em Portugal
Dizem que detesta ser tratada como "a filha de José Eduardo dos Santos". Pela maneira como se está a afirmar em Portugal, um dia trataremos o Presidente de Angola como "o pai de Isabel dos Santos".
É a nova accionista da Zon. E de muitas outras empresas. Uma atrás da outra, todas lhe estendem tapetes. Tapetes verdes, da cor do dinheiro.
A mulher mais rica de Portugal, segundo a "Exame", é Maria do Carmo Moniz Galvão Espírito Santo Silva, com uma fortuna de 731 milhões de euros. Não tem metade do poder de Isabel dos Santos.
E tem apenas uma fracção do seu dinheiro: só na Galp, BPI, Zon e BESA, a empresária angolana tem quase dois mil milhões de euros. Fora o resto.
A lista dos dez mais ricos de Portugal está aliás cheia de pessoas que fazem negócios com a família dos Santos. Américo Amorim é sócio de Isabel na Galp e no Banco BIC.
Belmiro de Azevedo, segundo foi noticiado, quer ser parceiro de distribuição em Angola.
O Grupo Espírito Santo tem interesses imobiliários, nos diamantes, na banca. Salvador Caetano tem concessões. O Coronel Luís Silva acaba de fechar negócio para vender acções da Zon a Isabel dos Santos.
Zon onde João Pereira Coutinho e Joe Berardo são accionistas.
Da lista dos mais ricos, só a família Mello e Soares dos Santos estão "fora" da geografia.
O "dinheiro dos angolanos" pesa sobre muitas consciências.
Soares dos Santos foi o único a assumir publicamente o desdém pelos níveis de corrupção de Angola.
Isabel dos Santos é accionista da Zon e sócia da PT.
É accionista do BPI e sócia do BES.
É accionista da Galp e a Sonangol é parceira da EDP.
A empresária garante que não tem relações com as actividades do seu pai e da estatal Sonangol.
Identificando todos os interesses em causa, as relações de sociedades portuguesas alargam-se ainda à Caixa, Totta, BPN e Mota-Engil. Dá um índice bolsista.
O que faz com que tantas empresas portuguesas implorem para fazer negócios com Isabel dos Santos?
E que Isabel "jogue" em equipas rivais, concorrentes confessos em Portugal, sem um pestanejo?
Só uma coisa consegue tanto unanimismo: o dinheiro.
A liquidez angolana, que desapareceu de Portugal. A contrapartida de acesso ao crescente mercado angolano.
Os portugueses não abrem os braços a Isabel dos Santos, abrem-lhe as carteiras - estão vazias.
O casamento entre angolanos e portugueses tem as prioridades do das famílias feudais: o interesse está primeiro, o amor virá depois, se vier. E o interesse é recíproco: os angolanos são entronizados em Portugal e na Europa; os portugueses são-no em Angola e em África.
Não há equívocos, há dinheiro.
Os últimos dois grandes negócios de Isabel dos Santos em Portugal, no BPI em 2008 e na Zon em 2009, tiveram uma curiosidade cabalística: ambos foram fechados na terceira semana de Dezembro, ambos de 10%, ambos por 164 milhões. Na Zon, pagou um prémio de 26% sobre a cotação.
Comprou caro? Comprou mais barato que os accionistas que estão na empresa. Comprou bem.
Isabel e José Eduardo construíram um poder tão ramificado em empresas portuguesas que só o Estado e Grupo Espírito Santo os ultrapassarão.
Tanta concentração de poder é mais ameaçadora do que uma nacionalidade.
Em Portugal, Isabel e José Eduardo não são Santos da casa mas fazem milagres.
Fonte: Jornal de negócios MULHERES DE ANGOLA
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . XV
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
A habilitação de herdeiros
ITAPURIBÁ 
A LAGUNA DE ORNELLAS
Aos vinte dias do mês de Janeiro de 1771, na fregueseia do Senhor Bom Jesus do Triunfo, Jerónimo de Ornellas, faleceu com a idade de oitenta anos.
È interessante descrever aqui o inventário de Jerónimo de Ornellas Meneses e Vasconcelos por ser de mais valia a sua descrição para se perceber melhor os conceitos de posse de então na distribuição de bens e partilhas.
Assim, descreve-se de forma suscinta os ítens que compõem a habilitação de herdeiros:
« - 1º Bem: Títullo de prata, descrevendo “suas colheres de prata com o peso de 74 oytavas avavaliada quada oytava a noventa reis, somam seis mil seiscentos e sessenta reis 6#660.
- 2º Bem: Títullo dos escravos, entre vários Inácia Crioulla de idade de doze annos avaliada em 76 mil e oytocentos reis s Domingos Angolla de idade de 60 annos avaliados em 12 mil e oytocentos reis, 12#800 e um possivel filho de nome Christovão Crioullode idade de quinze annos avaliado em 51 mil e duzentos reis, 51#200.
- 3º Bem: Títullo de animais, entre vários, cento e sessenta e seis vacas de rodeyo avaliado cada hua a seiscentos e quarenta reis; Setenta e sete egoas de cria de burros avaliada cada egoa a mil quatrocentos e quarenta reis; Tres burros Echores avaliado cada hum a trinta e oyto mil e quatrocentos e quarenta reis.
- 4º Bem: Titullo de movens, entre alguns outros, Humoratório com varias imagens avaliado em quatro mil reis (4#000) / Hua toalha de guimarãens nova de meya marca com seus guardanapos avaliada em três mil e duzentos reis (3#200rs.) / Duas Bacias de Arame de ourinaravaliadas ambas por seiscentos e quarenta (640rs.) / Quatro pratos de lonça de Veneza, seis com seis pires avaliado tudo por tres mil e duzentos reis (3200rs) / Hua fisga avaliada em duzentos reis (200rs) / Hua foice e hu Machado avaliado tudo por novecentos e secenta reis (960rs.); Três foucinhas de cegar trigo avaliadas por novecentos e secenta reis (960rs.).
- 5º Bem: Titullo casas, onde se lê: Huas casas nesta Freguesia cobertas de capim avaliadas em trinta e oyto mil e quatrocentos reis (38#400 rs.) / Hua chácara cita no subúrbio desta Freguesia avaliada em trinta e oyto mil e quatrocentos reis (38#400 rs.).
- 6º Bem: Adenda de “gado vacum”: No ano de 1755 houve marcação de “dezoito Bestas muares que avaliaram cada hua a mil e siscentos reis e todas a soma e quantia de vinte mil e oitocentos reis (20#800)” / “quatro potrancas que avaliaram cada hua a seis centos e quarenta reis e todas a soma e quantia de dois mil quinhentos e sesenta reis (2#560)” / quarenta e oyto terneiros e terneiras que avaliaram cada hua a oito centos reis e todos a soma e quantia de trinta e oito mil quatrocentos reis (38#400 rs). »
Na separação dos bens à viuva Lucrécia Leme Barbosa coube o escravo de nome Gregório, avaliado em 90#600rs e mais outros 4 escravos que aqui não referimos.
Os dados de partilhas apresentados em resumo sobre Jerónimo de Ornellas e Vasconcelllos, serve para demonstrar à sociedade, o seu papel no Brasil – Meridional.
Como pioneiro desbravador de territórios até então não explorados, Ornellas, quer tropeiro, quer orgnizador de comunidade, tem-se em conta a “estância” ou fazenda como núcleo civilizatório; a sua “casa grande”; a sua sanzala; a sua capela, cemitério e a igreja ladeada de casas sociais ou comerciais na rua principal. Frontarias de edificios de administração ao estilo português como qualquer outra urbe do reino distante de Lisboa.
Outros interesses sociais como a justiça, arquivo e administração económica, cuiltura e política não foram descuradas pela mão de Ornellas.
( Continua... As heranças... XV I )
O Soba T´Chingange
Quinta-feira, 28 de Janeiro de 2010
MAYOMBE 2010 . III
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Na floresta do Mayombe
ENCLAVE DE CABINDA
Quarenta e tantos anos depois estou no “Brasil”, terra de matutos, piratas e almocreves tropeiros, vendo ao longe a terra que me deu luta em dois anos cobiçados numa paz que não se chegou a firmar: - Cabinda!
Mudam os ventos, mudam as politicas e, enganam-nos, sem outras formalidades ou aqueles trâmites chatos de explicar o inesplicável. A notícia no Puto empolga os defensores duma outra integridade explicitada na envergadura patriotoca ao EmPeLá. A bajulação continua; a submissão, também.
Os filhos do Puto, empoleirados em casos de galhos gordos, confundem e obstroem silêncios de raiva arrumada como um tufo de seu pasto, a propósito.
Mais seco e com a idade bastante riscada, atrevo-me a dizer que este CAN.2010 é em Cabinda, um atentado ao tratado de Simulambuco, feito algures ao largo da foz do rio Zaire na corveta Rainha de Portugal entre o capitão-tenente Guilherme Brito Capelo e os chefes locais de Cabinda e Bumelambuto.
Desde entâo, 22 de Janeiro de 1885, decorridos que são cento e vinte e cinco anos após tal tratado que preservava a floresta, os habitantes Fiotes e os bichos, deparamos que preservar esses valores naturais, como então se fazia constar, agora e na Angola do Zé-Dudu, esses mesmos valores tornam-se irrelevantes por um acto de liberdade feito com metralha pelos homens da FLEC.
Há convicções ou ideias que precisam de ser expostas ou defenidas por um exercício de cidadânia na vontade firme de se sêr livre. E, quanto a isto pergunto:
- Não vai este CAN ser o início de uma sucessão de soberbas excrecências políticas?
A prosápia Kaluanda do Zé-Dudu leva a decisões envenenadas, pretensa reforma com ideias de perpectuar o seu mando, seguindo as pisadas loucas do Ugo Chaves da Venezuela. E, o povo Imbinda, menosprezado, vai ter de se acomodar ao deixa andar, arejando farras novas no Kinaxixe para engodar consciências?
Este filme já foi visto à pouco mais de um século quando o Império Colonial tinha supostos amigos e aliados da Lusa Pátria.
Os sem dinheiro, pelintras almocreves kaluandas, irão continuar a sobreviver vendendo bugigangas nos cruzamentos da Luua, sem nada perceberem.
( Continua......IV )
O Soba T´Chingange
Quarta-feira, 27 de Janeiro de 2010
CORRIA O ANO DE 2002 . III
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
EXPEDIÇÃO "Angola,terra da Gazosa"
Voo TP, destino Luanda.
CACHOEIRAS DA BINGA
Voo TP, destino Luanda.
A lufada de ar quente da chegada foi há dias atrás; Neste meio tempo li levemente a obra do sociólogo Paulo de Carvalho com o subtítulo desta crónica e que, só por si, revela a preocupação na mudança das coisas. O desejo de Kianda do Maurício dos Santos ( Pepetela ) também vem demonstrar que hoje as vivências fazem-se num confronto de ambivalência, das coisas com-fundidas no seio deste povo; o mesmo sol da secura e aridez, amadurece os produtos, a chuva que inunda é a mesma que os rega; a linguagem mitológica, a verdade das coisas é colhida entre o falso e o verdadeiro, baralhando o conceito da razão; No entretanto destas divagações de um Tuga, que sou eu , vamos a caminho do Sumbe, lá onde está o Cantinho do Inferno.
São 320 Quilómetros de Luanda até ao Sumbe (Ex Novo Redondo). Passada a Samba vem o Rocha Pinto a Corimba o Benfica o Futungo o Morro dos Veados e o Morro da Cruz onde a capela foi promovida a Museu da História da Escravatura; diga-se que com alguma razão de sêr pois, que foi dali do reino de N´gola que saíram muitos escravos para o Brasil mas, que fique claro que quando o Diogo Cão chegou á foz do rio Congo surpreendeu-se com a prática dos Indígenas, pois estes, já negociavam com as gentes de outras tribos e daí e, por falta de mão de obra noutras paragens resolveram fazer negócio como negreiros. Estes, estavam longe de imaginar que estavam espalhando uma diáspora de negros pelas Américas, um povo multicolor de uma só Raça, a Humana. E, daqui sairam mestiços, cafusos, mamelucos, pardos, matutos e mazombos.
Continuando viagem com marcação do meio fio e, quase sem buracos chegamos ao rio Kwanza. Aqui o controle é mais refinado mais pelos veículos do que propriamente pelas pessoas; a ponte suspensa tem alguma relevância, mas a destoar sucede o facto de alguns militares que por ali estavam desempoeirando preguiça nos terem abordado pedindo gasosa, a mesma que nos acompanhou sempre e por todo o lado e, desta feita perante o nosso semblante de interrogação, o militar de camuflado em jeito explicativo e em leque, indicou os demais companheiros preguiçando as pulgas matacanhas no varão da ponte, e estendendo a mão disse: - kota!... ajuda só... é p'ra levantar a moral e, com este pretexto engraçado escorregamos cinquenta kwanzas o que corresponde a duas fresquinhas cucas e ainda sobram cinco kwanzas a dar ao engraxador lá no Sumbe.
Cabo Ledo fica em plena reserva da Quiçama; até aqui não vimos qualquer espécie de bicho. Paramos na área de serviço provisoria, um amontoado de xinguiços tortos dispostos ao alto (paus tortos) cobertos com capim mal amarfanhado. Estas estruturas de mukifo tão "importantes" para quem tem de se refrescar e matar a fome, e além do mais ocupam as empresárias de nova geração; estas, fazem negócio vendendo as frias sagres, taifel, hansen ou cuca com galinha assada no espeto. Mas que bué, Háka!
( Continua... Angola, terra da gazosa )
O Soba T´Chingange
Terça-feira, 26 de Janeiro de 2010
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . XIV
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
A emigração Açoreana
AÇORES . 9 ILHAS
S. Miguel - Terceira - Sta Maria - Graciosa - Pico - S. Jorge - Flores - Faial - Corvo - (Florianópolis, a 10ª Ilha)
Recorde-se que ontem dia 25 de Janeiro, São Paulo, fez 456 anos após sua fundação
VI – AÇOREANOS NO POVOAMENTO DE SANTA CATARINA . SÉCULO XVIII
Alexandre de Gusmão e Rafael Pires Pardinho, agigantaram-se na tarefa de repovoar o Sul do Brasil, mais própriamente Santa Catarina; estava em causa produzir os efeitos de posse de terra entre 1748 e 1756 tendo em conta o novo tratado de Madrid que veio a ser lavrado a 13 de Janeiro de 1750.
São mandados afixar editais nas Ilhas dos Açors e da Madeira. Com um total de 400 editais em ambos os Arquipélagos deu-se início o alistamento para as pessoas que querendo emigrar para o Brasil, especificamente para a Ilha de Santa Catarina e a terra da costa fronteira a esta, o fizessem tendo em conta as vantagens apontadas na provisão de 1747 de transoporte gratúito por conta da Fazenda Real com a doação de “um quarto de légua em quadrado”, sementes, alfaias agrícolas e animais.
Pelo Natal de 1747, chegaram à Ilha de Santa Catarina as duas primeiras galeras com açoreanos, tendo nos anos seguintes e até 1753, tendo chegado um total estimado em 7.000 pessoas com mais de três anos de idade. As ajudas de custo para tal viagem eram nesse então de 16.000 Reais por pessoa a expensas da Fazenda Real.
António José de Freitas Noronha em 1803 e a mando do Governador da Capitãnia de Santa Catarina, Coronel Joaquim Xavier Curado, organiza um catálogo de árvores e frutas do qual se relembram alguns nomes: “ – Anga cabeludo, banana angá, bacupari, banana imbé, camarinha branca, camarinha preta, coucp de indiá, couco de butiá, couco de gerivá, couco de toucum, cardo figos-de-urubeba, fruta do conde, frutas do galo, fruta da macaca, gabiroba, goiaba, guapé guassú, garvatá, jabuticava, jaracatiá, jambo, maracujá grande e pequeno, mamão, oraprorobi (gimboa), pitanga e timbo peba, entre tantas outras.
VII – COLONIZAÇÃO NO SUL-MERIDIONAL . O TROPEIRISMO
Em continuação à ocupação do Brasil seguindo a doutrina do tratado de Madrid de 1750 negociado por Alexandre de Gusmão, havia que efectivar a ocupação desse tratado garantindo a ocupação por “Uti-Possidetis” desse meridiano estipulado, daqui chamar-se a zona Sul-meridional .
Jerónimo de Ornellas, que nasceu na vila de Santa Cruz, num ano próximo ao de 1690, lá pelo ano de 1721, já andava por Guaratinguetá aonde veio a casar em 1723 com Dona Lucrécia Leme Barbosa, natural da freguesia de Santo António de Pádua na Vila de Guarantinguetá.
Jerónimo de Ornellas com mais uns quantos patrícios seus, atraídos pelo negócio do gado, fixaram-se nas novas terras do Sul, formando suas estâncias e campos de procriação; entenda-se, de gente e de gado.
Estes pioneiros deram início àquilo a que se veio a chamar de tropeirismo, gente que com sua tropa, levavam os muares até ao centro do país, negociando-os e outros que com sua gente faziam caravanas de burros carrregando mercadoria a troco de soldo. Um burro sempre levava mais peso do que um escravo ou de um indígena dolente; os muares não reclamavam nem estavam tão sugeitos a doenças, independentemente de resistirem muito mais às agruras do terreno, tempo e alimentação. Eles faziam viagens que duravam meses; toma-se por exemplo a viagem entre Sacramento no Uruguai até Sorocava , um povoado em ascenção situado perto de São Paulo.
Em 1732 foram concedidos os primeiros títulos de “sesmarias”. Por esta época Jerónimo de Ornellas apropriou-se primeiro de terras às margens da Lagoa dos Patos, a seu belprazer, tendo mais tarde levado para aí sua família sediada em Laguna a uns duzentos quilometros a sul da Ilha de Santa Catarina. Nesse então, radica-se em Viamão reinvindicando toda aquela área para si, seus agregados e demais gente de sua “tropa”. A 5 de Novembro de 1740 é-lhe conferido o direito de posse de três léguas de comprido por uma de largura. Era a sesmaria melhor situada, abrangendo além do promontório, o lugar aonde hoje é o centro da cidade, os Bairros de Caminho do Meio, Petópolis, Bom Jesus, São João, Passo da Areia, Navegantes, Independência e Monte Serrat.
O porto da Viamão de então, agora o porto D´Ornellas em sua homenagem, é em esse tempo, procurado para objectivos militares e, destino do Comissariado dos Reinos de Portugal e Castela para dar início aos trabalhos demarcatórios de fronteiras segundo o Tratado de Madrid de 1750
( Continua... As heranças... XV )
O Soba T´Chingange
Segunda-feira, 25 de Janeiro de 2010
PROMISCUIDADES . II
CORRESPONDENTES AVULSO
FATURA DA EDP
Já toda a gente reparou na factura da EDP que recebe em Casa?
Contribuição Audiovisual pelo valor de 3.42 Euros???
E porque temos nós, portuguesinhos, de pagar isto??? Eu não pedi nada de Audiovisual... Estou a pagar porquê e para quem???
E para onde vai esse dinheiro???
E mais grave ainda. Porque é que as escadas de condomínios também pagam OS tais chamados euros para OS audiovisuais. Temos televisão quando subimos as escada de Casa?
E outra, porque é que a casota de campo para apoio agrícola, também paga para OS meios audiovisuais? Só neste País!
Um milhão de facturas dá mais de 3 milhões de Euros...Aonde anda esse dinheiro??
Eu quero saber... E se me disserem que é para a RTP eu exijo a devolução do dinheiro. Afinal pago a TV-Cabo para ter TV, outros pagam a TV-Tel, outros a Cabovisão, etc.
E,... os contadores agrícolas espalhados por esses campos fora cada um a pagar esse imposto, deve ser para as plantinhas ouvirem música,... e as explorações agro-pecuárias... é que os animaizinhos parece que produzem melhor leite, ovos, carne,... se calhar até se justifica !?
Neste país (Putoa), tudo se paga,... até as incompetências dos nossos desgovernantes.
EXISTE UM DOCUMENTO NA EDP QUE todos PODEM PEDIR E PREENCHER, A NÃO AUTORIZAR QUE ISTO, (esta merda de cobrança) SE FAÇA.
Andamos a ser comidos por parvos e ninguém faz nada... "Não venci todas as vezes que lutei, mas perdi todas as vezes que deixei de lutar"
abraços do
Chato do Xissa
MAIOMBE 2010 . II
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
A CAMINHO DE MICONJE
CABINDA
FLORESTA DO MAYOMBE
Tudo aconteceu ao sabor de uma chavena de café de Cabinda, da lembrança acesa de uma roça verde com labuta preta do Buco-Zau, ar impregnado de catinga.
Era só abrir o sol, a neblina soltava-se dos cafezais e das frondozas árvores.
Lendo noticias novas do Puto, e no Brasil, senti uma vergonha antiga de quando as noites eram dias num lugar chamado de Chimbete.. Por força do alerta aos “turras”, carregado de cacimbo no meio da segunda maior mata do Mundo depois do Amazonas, ficavamos atentos aos ruídos da mata escura.
Chimbete era uma terra pouco maior que um sítio, no meio dum mar de verde com o nome de Território de Cabinda; chegavamos lá a pé levando abastecimentos vários e muita cuca no lombo de uns quantos burros que lentamente venciam a distância sem tino da realidade; podiam ir pelos ares num qualquer repente por pisar uma armadilha enterrada no solo ou um fio atravessado na picada. Em fila de “pirilau” seguiamos atrás duma ansiedade húmida que colada ao corpo, escorregava-se pela testa e pernas camufladas. Os mosquitos insentivados no cheiro do suor, perturbavam-nos com todo o guzu furando o próprio camuflado.
Para melhor entender o conteúdo leia a obra de :
Adulcino Silva O livro "A Verdade Oculta"
Naquela floresta grande, protetorado dum além mar, naquelas quase seis horas da manhã seguia o carreiro de sombra e folhas quebradas até dar num monte de folhas ainda quentes. Alí, naquela esteira de folhas verdes tinha pernoitado um gorila até momentos antes.
Estava num santuário de gorilas guardando soberania á sombra de frondosas árvores exóticas de pau rosa, ferro ou preto eu, um filho do Puto.
Quarenta e tantos anos depois, o vento vinha rispido de novos terrores, mortes de metralha em novas revoluções também chamadas de terroismo. As opiniões vagarosas e cautelosas saudavam a nobreza do petróleo, cheios de cuidados e amizades países de cínicas posturas sopravam novas coisas em gestos gastos, filosofias novas futeboleira s de esquerda a perturbar a direita e,... muito dinheiro engravidado de mais valias especulativas. “Cabinda é nossa” dizem os Angolanos do Sul.
A grande selva verde do Mayombe veio-me à mente, do seu tratado de Simulambuco aonde por “interesse público, a sustentabilidade do território” andava de quase mãos dadas com os macacos. Agora foi o CAN.2010 com o Togo de fora.
( Continua......III )
O Soba T´Chingange
Domingo, 24 de Janeiro de 2010
PESTANADAS
Notícia antiga, derrogada

Juro por tudo, não queria tratar este assunto. Até já tinha uma crónica prontinha para o número de Janeiro, falando de coisas mais interessantes. Mas houve alteração de programa e pedem-me os editores para escrever sobre algo relevante que aconteceu este ano em Angola, a jeito de tiro final.
E sou obrigado a cometer o que recusava fazer: escrever sobre lambe-botas, atipicismos e outras esdruxulices que relampejaram nos calmos e previsíveis céus da política cá do burgo. (Angola)
Há tentativas de revisão constitucional, comissão, metodologia e propostas para se conseguir obter nova lei magna. Parece ser desperdício de tempo e talentos. Para alguns será sempre um ganho, atirando algumas questões importantes para mais longe, mas a insinuação vem de maldade minha, concedo.
Só num aspecto me parece útil, e diz mesmo respeito ao sistema do poder: se acabarem com o dito semi-presidencialismo, fico contente. Porque essa invenção francesa, talvez sirva para eles, que sempre foram de andar entre o peixe e a carne.
Para o resto, não vejo utilidade de tanto dinheiro gasto para se mudar uma lei. Ainda por cima se não se respeita a metodologia adoptada para o fazer. Muito provavelmente, só o peixe miúdo vai apanhar com essas regras em cima e forçado a obedecer, pois os graúdos passarão por cima dela com 4x4 de luxo.
Afirmo, fazendo chover mais no molhado, um partido mudando à última hora a proposta que todos os seus membros defendiam a golpe de catana se necessário fosse, presumivelmente estará a jogar contra os regulamentos. Se fosse um cabulas qualquer a tentar jogar em fora de jogo, logo o árbitro lhe dava cartão vermelho. No entanto, a Constituição que vai ser mudada nunca foi cumprida, o semi-presidencialismo idem, quem duvida?
Mas o espantoso não é isso, estamos habituados a que não se respeite metodologias e acordos passados; o espantoso é que bastou o chefe dizer que talvez tivesse outra ideia para todos declararem que nunca estiveram de acordo com a proposta apresentada com fanfarra e fogo-de-artifício, para se arregimentarem militante e agressivamente atrás da palavra do chefe. E lá vimos os mesmos de sempre a argumentar convictamente sobre a perspicácia, a ousadia intelectual, a inovação, etc. (já se conhecem os encómios dos discursos de fim de ano ou de aniversário)...
O lambe-botismo de alguns políticos e comentadores raia a sem-vergonhice mesmo. Estão lá só para cantar angélicas melodias aos ouvidos de quem manda e apanhar as migalhas. O problema é que de tanto lamber botas os responsáveis menores e intelectuais de plantão já têm a língua áspera como lixa. De onde se conclui que o melhor militante é o que tem língua de gato. Por isso, a entrada para um próximo congresso será a aspereza da língua.
Certamente 2010 trará novas surpresas. É a nossa idiossincrasia. Por isso deve haver presidencialismo puro e duro, sem atipicismos moderadores, ou sim ou sopas, ou carne ou peixe, abaixo o semi! A propósito, só uma dúvida: bacalhau é mesmo peixe? É que se aproxima o natal e nós comemos bacalhau com vinho tinto, como se de carne se tratasse. Perplexidades típicas de afrancesados!
Pepetela
Concordo!
O Soba T´Chingange
UM GRITO DE CUBA
POR AMISTAD
Yoani desde Cuba
Generación Y es un Blog inspirado en gente como yo, con nombres que comienzan o contienen una "i griega". Nacidos en la Cuba de los años 70s y los 80s, marcados por las escuelas al campo, los muñequitos rusos, las salidas ilegales y la frustración. Así que invito especialmente a Yanisleidi, Yoandri, Yusimí, Yuniesky y otros que arrastran sus "i griegas" a que me lean y me escriban.
Mi perfil

Yoani Sánchez
La Habana, 1975
Estudié durante dos cursos en el Instituto Pedagógico la especialidad de Español-Literatura. En el año 1995, me trasladé a la Facultad de Artes y Letras donde terminé, después de cinco años, la especialidad de Filología Hispánica. Me especialicé en la literatura latinoamericana contemporánea y discutí una incendiaria tesis titulada “Palabras bajo presión. Un estudio sobre la literatura de la dictadura en Latinoamérica”. Al terminar la Universidad había comprendido dos cosas: la primera, que el mundo de la intelectualidad y la alta cultura me repugnaba y la más dolorosa, que ya no quería ser filóloga.
En septiembre del 2000, me fui trabajar a una oscura oficina de la Editorial Gente Nueva, mientras arribaba al convencimiento –compartido por la mayoría de los cubanos- de que con el salario ganado legalmente no podría mantener a mi familia. De manera que, sin concluir mi servicio social, pedí la baja y me dediqué a la mejor remunerada labor de profesora de español –freelance– para algunos turistas alemanes que visitaban La Habana. Era la etapa (prolongada hasta el día de hoy) en que los ingenieros preferían manejar un taxi, los maestros hacían hasta lo imposible por trabajar en la carpeta de un hotel y en los mostradores de las tiendas te podía atender una neurocirujana o un físico nuclear. En el 2002, el desencanto y la asfixia económica me llevaron a la emigración en Suiza, de donde regresé –por motivos familiares y contra la opinión de conocidos y amigos– en el verano del 2004.
En esos años descubrí la profesión que me acompaña hasta hoy: la informática. Me di cuenta que el código binario era más transparente que la rebuscada intelectualidad y que si nunca se me había dado bien el latín al menos podría probar con las largas cadenas del lenguaje html. En el 2004 fundé junto a un grupo de cubanos –todos radicados en la Isla– la revista de reflexión y debate Consenso. Tres años después trabajo como webmaster, articulista y editora del Portal desde Cuba.
En abril de 2007 me enredé en la aventura de tener un Blog llamado Generación Y que he definido como “un ejercicio de cobardía” que me permite decir en este espacio lo que me está vedado en mi accionar cívico.
Para sorpresa mía, esta terapia personal ganó, en poco tiempo, la atención de miles de personas en todo el mundo. Gracias a la red ciudadana y virtual que se ha tejido alrededor de GY, he podido seguir actualizando este blog cada semana. Desde marzo de 2008 el gobierno cubano implementó un filtró informático que impide ver mi bitácora en los sitios públicos de Internet en Cuba. De manera que necesito de la solidaridad de amigos fuera de la Isla para colgar mis textos en la red. Gracias también a otros colaboradores voluntarios, Generación Y está traducido a quince lenguas.
Mi exorcismo personal también me hizo ganar en mayo de 2008 el premio dePeriodismo Ortega y Gasset en la categoría de trabajo digital. Fui seleccionada por la revista Time entre las 100 personas más influyentes del mundo en la categoría “Héroes y pioneros” y mi bitácora fue incluida entre las 25 mejores blogs del mundo, en una selección hecha por esa misma revista junto a la CNN. Merecí el premio del jurado en el concurso español Bitácoras.com y el máximo galardón en los connotados premios The BOBs, que incluyen a más de 12 mil participantes de todo el mundo. La revista semanal del periódico El País publicó en su edición del 30 de noviembre una selección de los 100 hispanoamericanos más notables del año; la revista Foreign Policy eligió en diciembre los 10 intelectuales más importantes del año y otro tanto hizo la prestigiosa revista mexicana Gato Pardo. Esta modesta servidora está incluida en todas esas enumeraciones. ¡Mucho más de lo que podría haber soñado cuando comencé a unir frases para subir mi primer post!
Vivo en La Habana, he apostado por quedarme y cada día soy más informática
y menos filóloga.
Com grande admiração
O Soba T´Chingange
Sábado, 23 de Janeiro de 2010
CONVEM LER
Eugénio Costa Almeida
ver mais em em http:// pululu.blogspot.com

Oficiosamente Angola tem, a partir de hoje, uma nova Constituição. (21 de Janeiro de 2010)
Um Constituição feita à medida e vontade de um partido político, o MPLA, e de alguns dos seus mais importantes dirigentes, nomeadamente, do seu Presidente e ainda Presidente de Angola, Engº de Petróleos José Eduardo dos Santos que advogava a eleição presidencial por via indirecta, particularmente, como a que se faz na República da África do Sul.
E essa foi a versão contemplada.
Com 186 votos a favor – foram por voto secreto? –, duas abstenções e nenhum voto contra (sabendo que a Casa tem cerca 188 assentos assentos (são 220 os deputados e só o MPLA tem… 191 lugares) há algo que escapou aos jornalistas da ANGOP, ou seja desconfio que nem todos os deputados estiveram presentes na votação, mas isso não convém dizer…) a nova Constituição entrará em vigor após promulgação do seu principal interessado: José Eduardo dos Santos.
Mas creio que alguém se anda a esquecer que esta nova Magna carta pode – deve – ser escrutinada pelo Tribunal Constitucional a fim de se verificar que não houve violações às limitações materiais impostas pela Constituição de 1992.
E na minha perspectiva, existem e não são poucas, além de haver algumas graves incongruências no seu postulado.
Desde logo o caso da Vice-presidência. O artº 111, alínea a) do projecto que deu corpo à nova Constituição – o Projecto “C” – se diz que compete ao Presidente a sua nomeação não diz, ao contrário da eleição presidencial (artº 100 da “Eleição” “…é eleito … nas listas dos Partidos ou coligações de partidos concorrentes às eleições gerais”) que o Vice-Presidente tenha de ser do mesmo partido ou coligação de partido.
Bem pelo contrário, havendo uma clara omissão que pode, caso o presidente eleito decidir nomear um líder oposicionista. O referido artº 111, §a9 diz, textualmente, que compete ao Presidente “Nomear e exonerar o Vice-Presidente da República de entre personalidades eleitas no quadro do sufrágio para o Parlamento”. Ou seja, qualquer um!
Nada mais interessante do que ver, por exemplo Eduardo dos Santos ser eleito Presidente, e para mostrar ao Mundo que a democracia é evidente em Angola nomeia Samakuva como Vice-Presidente. É certo que é um cenário pouco exequível, mas possível. E, num outro cenário: estarão a ver, por exemplo, o Vice-presidente substituir, no quadro das suas funções prevista na Constituição, o Presidente, e impor como Chefe de Governo normas governativas ao Partido mais votado que colidem com os interesses deste?
É o que acontece quando as coisas são feitas sobre o joelho e com demasiada rapidez sem que sejam bem analisadas e escalpelizadas.
Ou a questão da “Terra”. Quero ver qual é o Governo angolano que vai conseguir “retirar” as terras aos povos do Sul que as consideram suas pelo uso costumeiro. Legalmente poderá fazê-lo; mas estará o Governo preparado para as consequências sociais que isso possa acarretar?
Caberá ao tribunal Constitucional, apesar da grande maioria ter sido nomeada pelo Presidente analisar isto. Acredito que o bom senso e larga visão dos nossos juristas constitucionais será muito mais elevados que eventuais suspeitas de incapacidade analítica.
O Soba T´Chingange subscreve!
Sexta-feira, 22 de Janeiro de 2010
PARA DESCONTRAIR
CORRESPONDENTES DO KIMBO
UMA RAPIDINHA

MONTE ALENTEJANO - SERPA
Encontram-se dois alentejanos
Pergunta um deles: "Atão compadri, já conseguiste a carta de condução?"
Responde o outro: "nam, chumbê"
Pergunta o primeiro: "como é que foi isso?"
Resposta: "ora cheguê a uma rotunda onde tava um sinal a
dizer 30!"
"E atão ?"
"Dê 30 voltas à rotunda"
"E depois"
"Chumbê"
Diz o primeiro: "atã,... contaste mal?"
O Embaixador do Kakuacu
BRASIL E O CANGAÇO . XXX
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Cangaceirismo moderno
A DANÇA DO XAXADO 
No dia de São José, 19 de Março de 2008, pode ler-se na imprensa:
- Índios Xapurí-Kariri com seu cacique Xiquinho ocuparam mais de 600 hectares na fazenda de Basílio da Silva em Palmeira dos índios. Com o apoio sub-reptício da Funai e com alguns elementos da tribo Pancararú, reclamaram essa área como pertencendo à reserva índia, zona ainda não demarcada da tribo Xapurí-Karirí.
Basílio da Silva, dono da fazenda foi preso na operação carranca por ter cometido crimes contra a administração pública.
Os índios assessorados pela Funai aproveitaram esta oportunidade para montarem acampamento, construírem barracas e cancelarem os acessos daquele património em contestação.
Fica sempre uma dúvida subjacente na legalidade do acto perante a passividade das instituições constituintes e a esta debilidade dos órgãos oficiais acresce a dúvida da conveniência do uso desta táctica de tomar posse das coisas por este tipo de força. Não seria mais claro haver uma reforma agrária e dar terra a quem não a tem com a devida indemnização aos expropriados? Ninguém vai responder a esta questão porque o risco da frontalidade pode desencadear adversidades acomodadas.
Esta prática dos índios, as actuações das ONG´S pró-índios com antropólogos e sociólogos aderentes com tentáculos nos sem-terra dão um panorama de cangaceirismo sofisticado, moderno, organizado com rótulos beneméritos, filantrópicos ou dito humanitários.
Nesta fotografia social não aparecem no negócio os novos coronéis, os muitos gestores, as sanguessugas do povo, os engravatados do sistema; o povo embalado faz preces ao padre Cícero, Nossa Senhora da Aparecida e vai à bruxa porque os doutores ficam caro.
Em 12 de Dezembro de 2007 através da operação “Carranca”, a polícia Federal do Brasil desbaratou o esquema de fraudes em licitações e desvio de verbas federais envolvendo 12 municípios. Prenderam na operação 21 pessoas; estas faziam contratos fictícios para construção de drenagem em infra-estruturas, construção de ginásios e obras outras que ninguém via, indo a verba direitinha para o bolso dos vereadores corruptos e corruptores.
Estes crimes de corrupção activa e passiva, peculato, falsidade ideológica, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, são uma forma requintada de cangaceirismo; Lampião não tinha esses recursos nem esse marketing de requinte.
Nesta onda, foram indiciados de crime por roubo 11 vereadores da cidade de Marechal Deodoro tendo os seus bens ficado congelados até averiguação final do roubo ou desvio de 450 mil cruzeiros.
Como é possível ter ruas transitáveis, escolas a funcionar, luz eléctrica nas ruas, se os impostos são desviados para roças lá num outro estado, pertença do prefeito e capangas eleitos.
Continua escandalosa a missão do poder judiciário mas, há escassas excepções como a do Desembargador António Sapucaia que em Março de 2008 teve a coragem de afastar nove deputados à Assembleia Legislativa de Alagoas sem recurso ao tribunal da Justiça e ficando com os seus bens bloqueados.
A decisão do Desembargador Sapucaia foi o culminar da operação “Taturana” levada a rigor pela Polícia Federal; aqueles deputados foram indiciados por desvio de verbas públicas; de salientar que dos substitutos, cinco foram impedidos de tomar posse por estarem impedidos por anterior abuso de poder económico, desvio indevidos do erário público e também assassinato.
( Continua... Cangaceirismo - final ... XXXI)
O Soba T´Chingange
Quinta-feira, 21 de Janeiro de 2010
CORRIA O ANO DE 2002 . II
FÁBRICA DE LETRAS DO JIMBO
EXPEDIÇÃO "Angola,t erra da Gazosa"
Voo TP, destino Luanda.
RIO KICOMBO . A CAMINHO DO SUMBE
Chorou ao despedir-se de mim no mesmo aeroporto e, eu que me fiz forte na altura agora relembrando correram-me as lágrimas, numa forte vontade de o rever, no mesmo aeroporto cuja sala de entrada perdeu o tecto falso pois os tubos semi descascados em desalinho correm em todos os sentidos e fica-se sem saber se são vias de ar condicionado ou os tubos de esgoto; francamente não fica bem aquele desalinho mas supera-se o descuido. Ali naquela sala de entrada tem controlo sanitário, alfândega, controlo de policia e bagagem; De vacinas na mão é-nos indicado o sitio de carimbação aonde gente improvisada e com bata dá valia aos papeis amarelos, e depois das boas chegadas por parte da policia vem a secção da bagagem aonde a dita gasosa agiliza as vistas, isto é tanto na chegada como na saída.
O primeiro impacto com os buracos destapados foram logo ali em frente ao aeroporto aonde os esgotos correm a céu aberto e, bem junto á saída da base da Força Aérea, entre esta e o bairro que já foi novo quando os cubanos o construíram; os bolos de batata doce, mandioca e banana assada com outras iguarias vendem-se no meio do espezinhado e nalguns casos vê-se lavar carros com as águas mais brancas ou fruto de águas negras ou águas vindas de tubos que pedem arranjo há muito tempo. Enfim o desenrasca funciona paredes meias com sítios nobres, lá aonde apearam o Afonso Henriques, o Luís de Camões ou a Maria da Fonte.
O sinaleiro da Maianga faz milagres para dar ordem ao trânsito quando não é deliberadamente desrespeitado e até lhe chamam nomes de macaco para cima; claro que não tem jeito, mas com tanto desarranjo é só mais um; e os vendedores que não nos largam nos cruzamentos ; desde a coleira para o cão às peúgas e até mobília vendem em plena rua. Os Libaneses resolvem o problema pondo milhares de crianças a venderem de tudo desde batatas fritas às ultimas novidades de CêDês produzidos em estúdios de Cazucuteiros do esquema.
O imbondeiro do bairro da Maianga entre a rua João Seca (continua assim) a rua da Maianga continua lá e com múcuas embora tapado com chapas altas a toda a volta e, de lá sai um ruído permanente esmerilado de quem, se calhar ganha a vida fazendo grades. Fazer grades tornando as casas prisões, continua a ser um bom negocio.
Nota: Este tema vai ter glossário na ultima crónica.
( Continua... Angola, terra da gazosa ... III )
O Soba T´Chingange
Quarta-feira, 20 de Janeiro de 2010
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . XIII
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
A emigração contemporãnea
MULHER RENDEIRA DE NITEROI
V – A EMIGRAÇÃO CONTEMPORÃNEA NO ESPAÇO LUSO
Já com o rasto da saga do povoamento distante, é interessante analizar entre os madeirenses “o mito da ascenção social” pelo trabalho árduo com privação sistemática. Efectivamente, a maioria dos emigrantes entre 1940 e 1960 idos para o Estado do Rio de Janeiro, o trabalho árduo e a poupança de aforro, forma meios, tanto de ascenção social como de integração à sociedade de acolhimento, os Fluminenses (nascidos no Rio de Janeiro).
Esta ideologia dos madeirenses “trabalhar e trabalhar”, define uma fronteira para com os demais grupos de emigrantes e, em especial os Portuguêses do Continente que eram mais cultos e conhecedores de novas relações humanas. Os madeirenses, numa esmagadora maioria eram analfabetos, impreparados no tracto, outras éticas e posturas de vida moderna, já bem acentuado no povo Fluminense. Esta maneira de estar na vida, foi motivo de ao longo do tempo, rebaixar ou “cotucar” a condição de se ser Português, denegrindo-o ao estigma de parolo ou caboclo de pé-de-chinelo.
A mulher madeirense impresiona pela tenacidade que, após um dia estafante de trabalho em casa, cozinhando,lavando ou passando roupa para fora ou no balcão, substituindo os maridos ou criando os filhos, dedeicam-se à noite ao bordado,ofício de muita criatividade e precisão. A jornada de trabalho da mulher, supera em muito o labor do homem pois que se prolonga do amanhecer às magrudadas, quando sobrava tempo para bordar.
ILHA DA MADEIRA 
As bordadeiras da ilha de de Niteroi, reprodução do quotidiano das bordadeiras da ilha d Madeira, trabalham sem sessar para fregueses ou lojas do Rio de Janeiro. Foram estas actividades do bordado, fortes vínculos de solidariedade na tradição do bordado transposto da Camacha ou ribeira Brava.
A maior parte dos homens madeirenses a viver em Niterói eram leiteiros,”para trabalhar neste ramo, só portuguêses da Ilha da Madeira” porque eram quase todos analfabetos. Alguns, ao chegar da Madeira iam trabalhar para chácaras sem qualquer condição, descalços saiam cortando com facões o capim e cuidar de vacas que davam leite ao senhor e tornava-se difícil amealhar dinheiro para pagar uma passagem de regresso ou mandar vir da Ilha a sua família; família que desesperava, esperando anciosamente por carta. E, os poios lá da ilha não eram suficientes para suportar os encargos da família. As mulheres naquelas encostas de Curral das Freiras ou Camacha, rezavam à vela trepidante “para que ele, o marido, nunca se esquecesse da gente”; e cobria-se com um xaile escuro para encobrir surradas vestimenta e os choros,... era um sinal de sina triste, sem vivacidade, até que um dia, um compadre acena um papel, uma carta de chamada do seu Manel, seu Joaquim; passados anos de angústia e choro, embarca com seus filhos no porto do Funchal para juntar-se ao seu amor.
E, tantos outros anos passando com a saudade da avó ainda viva lá na Ilha; mas,... um dia aconteceu voltar por algum tempo a rever a já velhota avó : - “Ela vinha com um feixe de folhas de inhame, sabia que eu ia mas não naquela hora. O inhame p´ra fazer p´ros porcos,... lá me viu, parou de espanto, jogou p´ro lado o inhame, assimm,...para se abraçar comigo,... foi,... foi a coisa mais dolorosa da minha vida toda, ter de deixar a minha família,... e voltei de novo”.
O vizinho, também leiteiro diz: - “A minha vida lá, era trabalhar na fazenda, catar lenha, catar areia p´ra ganhar roupa. Era uma vida muito difícil, acordar de madrugada para ir p´ra serra, cortar lenha e durante cinco horas andar com ela às costas p´ra ganhar 6 ou 7 tostões a arroba. Por isto tudo, eu saí dali; já o Continental, eles eram diferentes, eles era, o ramo deles era mais assim, fazer horta, chácara,... quase 70% deles. Depois que eles arrumavam dinheiro, era padaria,... era bar”.
- “Os nascidos e criados aqui, e a gente, e no caso eles depender da gente. Ah,...você vem de lá,... chamam de galego, chamam de,... burro,... isso ofende, doi, mas tem que engolir”.
- “ No negócio quantas noites eu não conseguia dormir. A gente ia fechar a casa e sempre tinha aborrecimento, era xingado. Uns comia e não pagava já de propósito já ia magoado,... aquilo foi magoando,... ( a gente ) sofre muito, até se controlar sofre muito!!!”.
( Continua... AÇORES - A emigração dos Ilheus... XIV )
O Soba T´Chingange
Segunda-feira, 18 de Janeiro de 2010
DESABAFO DE UM ANGOLANO
CORRESPONDENTES DO KIMBO
EMBAIXADOR DO KACUACU
A BANGA NO SEU EXPLENDOR DE PALANCA
CAN . 2010
Este CAN para mim é só mais uma demonstração do rumo que este país esta a tomar.
Em minha opinião poderiamos organizar um CAN sim mas não agora, nem nestas condições.
O que é que Angola quer mostrar ao mundo? Porquê que queremos mostrar aos estrangeiros que estamos a "subir" quando na verdade a vida do Angolano continua mal? O que é mais importante para o país?
Soube ontem que há sectores da funçao publica que ainda não receberam o 13° salario de 2009.
Luz e água nem sequer há na capital. País que organiza o CAN só consegue ter com irregularidade. Construimos hoteis novos mas temos o Hotel Turismo, Meridien, Panorama a cairem aos pedaços.(nao sei em que estado estao hoje)
Acompanhei pela TPA a caravana da selecção quando se dirigia ao estadio, engarrafamento vergonhoso a 1 km do estadio. Nem acessos em condições para o estadio conseguimos criar.
O guarda redes do Togo é baleado em Cabinda, atrevessa todo pais para ser atendido na Africa do Sul!!! E os hospitais de Cabinda? e de Luanda? Não têm qualidade? Claro que não; a qualidade é apenas para os estádios e para os hoteis. Hospitais não fazem parte das prioridades, alias os Angolanos são tão especiais, que nem sequer ficam doentes!
Esta nossa mania de viver de ilusoes e aparências quando é que vai terminar?
Vamos fazer festa com o CAN, grande show de inauguração, espectáculo nunca visto em África, estádio com sistema de iluminição 3 x mais potente que o do Stade de France em St Dennis, etc, etc e bla, bla, bla.
Quando tudo acabar continuaremos com todos os nossos problemas que "não se podem resolver porque saímos agora de uma guerra", para organizar o CAN (não houve argumento de estarmos em paz ha pouco tempo).
O terminal do Aeroporto 4 de Fev. foi restaurado para receber os visitantes na altura do CAN. Depois de décadas e décadas de reclamações de Angolanos q aquilo estava mal e precisava de ser melhorado. Parecia um problema sem solução, mas o facto é que por causa do CAN tivemos o Aeroporto reparado em 6 meses!!! Afinal era possivel !!!
São apenas alguns exemplos que espelham o rumo ( ou desrumo ) que este pais está a tomar.
Mesmo que individualmente consigamos "nos safar" por conseguirmos meios de enriquecer através de business, esquemas, corrupção ou comissões, a nossa vida continuará mediocre. Porque nossa sociedade está doente, não existe ordem!
O Soba T´Chingange
HAITI
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
RECADOS AO MUNDO
Esta pequena introdução à história do Haiti serve para diferenciar as várias colonizações e afirmar que afinal os portuguesas fizeram nesta matéria diferença pela positiva pois que construíram escolas, fizeram estradas e misturaram-se por abaregamento, alambamento ou amigamento; queiramos ou não, uma forma de amor.
HAITI
*
Em 1804, uma revolução de escravos levou os Haitianos a conquistar o poder, sendo a segunda república independente das Américas, depois dos Estados Unidos.
Até então a França explorava até ao tutano a sua “jóia das Antilhas” altamente produtiva. Usando o sistema escravocrata extraiu tudo do que podia da colônia, café, cacau, tabaco, algodão entre outros produtos que eram refinados na França e reexportados para o resto da Europa.
O mundo de então de preponderância colonialista decretou boicote à nova república; achavam subversivo aquele modelo, pois atentava contra seus interesses. Os Estados Unidos que já era um país e escravocrata, aderiu também ao boicote.
Sob boicote generalizado, o Haiti entrou em dificuldades extremas; não podia exportar nem importar. Por outro lado a França passou a cobrar do Haiti uma suposta divida para indenizar os ex-colonos e donos de escravos. Esta contenda de dependência do tipo FMI, só acabou quando em 1838 o governo haitiano aceitou pagar 150 milhões de francos. Durante 80 anos, essa divida, foi paga incontáveis vezes através de juros intermináveis, que drenaram a economia haitiana. Foi considerada paga em 1922.
Mas, nesse então, o Haiti já estava sob jugo dum novo opressor: Os Estados Unidos da América ocupam militarmente o país em 1915 tendo lá ficado até 1938. Após o fim da ocupação, os Estados Unidos apoiando escolhas trágicas levaram ao poder a dinastia dos Duvalier, o Papa Doc e Baby Doc .
Dos anos 60, até anos recentes, os Duvalier, dominaram a população pelo terror através da mais violenta das polícias políticas de que se conhece nas Américas: Os Tonton Macoute.
Os governantes ou líderes, que se lhes seguiram jamais fizeram qualquer esforço para educar a população e retirá-la da ignorância; ali a democracia chegou vulnerável, comprada na forma de santinhos tendo como esfinge seus “irmãos”, corruptos algozes.
O país que tinha uma intensa biodiversidade foi empobrecendo o solo, produzindo erosões, aumentando assim os riscos de desastres ambientais. Hoje restam apenas 2% da rica cobertura vegetal original. Furacões e terremotos fazem o resto da tragédia haitiana.
Haverá futuro para o Haiti se os haitianos e o mundo aprenderem com essa história.
O Soba T´Chingange
Domingo, 17 de Janeiro de 2010
GRÃ CRUZ DE N´ZAMBI
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
HOMENAGEM
KIMBO DE LAGOA
POR FEITOS RELEVANTES AO REINO DE MANIKONGO, EM ASSEMBLEIA DE 12 DE JANEIRO DO ANO DA GRAÇA DE 2010, SÃO CONDECORADOS COM A GRÂ CRUZ DE N´ZAMBI OS ILUSTRES MEMBROS DO REINO DE MANIKONGO:
- O REI D. GRAFANIL I
- O MARQUÊS DO LIMPOPO
- O M´FUMO MANHANGA
GRÃ CRUZ
SEGUIRAM-SE OS RITUAIS DO REINO COM UNGULO E CHUPA-MÚKUA, POR ORDEM SOBERANA DO AGORA GRANDE SOBA EM TERRAS DE VERA CRUZ .
FORAM DADAS ALVISSARAS COM UM VIRÓ-VIRÓ PELO PRÓPRIO REI TENDO COMO RESPONSÁVEL DAS COMENDAS E PROTOCOLO DO CHOCALHO, O EXMO VISCONDE DO MUSSÚLU E EMBAIXADOR ITENERANTE DA GLOBÁLIA NO APÓS SIENFUEGOS.
Para que se registe na Torre do Zombo
O Grande Soba T´Chingange
Sábado, 16 de Janeiro de 2010
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . XII
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
A colonização do Nordeste Brasileiro
NOSSA SENHORA DA APARECIDA
Havia a preocupação expressa nos seguintes termos: “ Cuideis muito que eles sigam a sua condiçam acostumando-os ao trabalho e cultura das terras na forma que praticavam nas ilhas, porque nam sendo diferente genero de trabalho, e indo acostumados a ele, nam ha motivo para que nam cultivem pelas suas mãos as terras que se lhes repartirem, evitandose asim hua ociosidade muito prejudicial”.
O “oficio” do cultivo da terra, até aí aviltante, passa também a ser uma forma digna de acesso à honra.
Com casais das ilhas, procedeu-se à fundação de aldeias e vilas na Amazónia e ilha de Marajó.
Com o propósito de casarem portugueses com índias, neste processo de colonização, vemos ao longo do Amazonas, rio Negro e Solimões, povoações com os mesmos nomes de Portugal tais como e de juzante para montante: - os povoados de Soure, Portel, Porto de Mós, Almeirim, Alenquer, Óbidos, Faro, Silves, Moura, Barcelos, Santo António do Iça, São Paulo de Oliveira, Borba, Santarém, Monte Alegre, Bragança, Viseu, Guimarâes, Alcântara ou Alter do Chão.
Este listado de nomes transpostos do Continente induzem-nos na lógica de que foram destas povoações de Portugal e Ilhas Insulares da Madeira e Açores, grandes ou pequenas, que saíram os primeiros povoadores. Foi esta incógnita gente que engrandeceram e perpectuaram um bastião que agora é património Brasileiro. Não me parece ser de bom tom o cidadão Brasileiro esquecer estes ascendentes e menospresar tamanha dedicação à sua saga.
Vale a pena transcrever um extrato de carta enviada a 5 de Fevereiro de 1750 pelo Juiz de Fora de Belém do Pará, João Inácio de Brito Abreu : - “ Com o mayor numero destes cazaes, se estabeleceo a vila e S. José de Macapá, que hoje com alguns outros moradores do Estado e soldados cazados com as povoadoras passa a ter cento e setenta vizinhos e he certamente o mais util estabelecimento neste Estado, pois lhe serve de chave por ser fronteira aos francêses...”
IV – A COLONIZAÇÃO NO NORDESTE BRASILEIRO
Corre o ano de 1550; o donatário Duarte Coelho, preocupa-se em contratar operários especializados e peritos madeirenses encomendando para o efeito, maquinaria para o fabrico do açucar comprovando-se a presença de um importante mestre de açucar madeirense de nome Manuel Luis.
Desse então, há uma carta de Pero Borges dirigida a D. João III (1521 – 1579): “... nesta capitãnia de Porto Seguro, alguns homens que tinhão e têm suas molheres no reyno e nas ilhas haa annos, he estão abaregados publicamente com gentias da terra christãs outros com suas próprias escravas tambem gentias de quem têm filhos...” Facto sobejamente comprovado.
- Meu próprio avô (do relator) materno, Manuel Lopes Loureiro, emigrou para o Brasil algures lá pelo ano de 1930, “abaregou-se “ com uma indígena algures em terras da Bahia e legou 2 filhas à familia Lopes Loureiro; ouvi falar em pequeno nestas tias brasileiras e do meu avô têr regressado já muito debilitado e “tisico” para referir as palavras certas escutadas nesse então. Sem dinheiro para se tratar creio ter sido levado para o sanatório do Caramulo para respirar ar puro mas, chupado de amarguras entrelaçadas na saudade das noites quentes, cachaça e quanto baste, mirrou-se de morte. Sõ me lembro da foto amarelada, sua estatura alta, bem aparentado e bem penteado a preto e branco, tendo uma bigodaça retorcida para riba e, uns olhos brilhantes.
Talvez o terno (fato) com camisa branca daquela foto de meu avô, fosse o mesmo que levou no caixão; um homem de nariz e perfil beirão, descendente de gente normanda. Isto, é tudo quanto me foi legado. Uma visita a casa de uns primos meus nos arredores de Viseu do Puto, deparei com um velho quadro mostrando Nossa Senhora da Aparecida (negra) tendo no roda pé inferior deste, dois pescadores em um canoa recolhendo o pau negro, busto naufragado daquela Nossa Senhora em águas dum lago brasileiro.
Algures, num sítio perto desse lago do Brasil, meu avô andou talvez, servindo de carreteiro levando leite de casa em casa. O mistério deste quadro, ninguém soube dizer direito como ali foi parar mas tenho de concluir que aquela senhora preta, foi a guia espíritual do meu avô materno.
Tal como meu avô, quantos carpinteiros, calafates, torneiros, ferreiros, serralheiros, almocreves, carvoeiros, serradores, cordoeiros, cavouqueiros, besteiros, pedreiros, ou oleiros não ficaram nesse mundão do Brasil.
( Continua... A emigração contemporãnea... XIII)
O Soba T´Chingange
OUSADIAS
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Filosofia da Vida
FILOSOFIA DA VIDA
Depois do mar, depois do pântano, depois da duna de areia branca, no cimo, encontrei-me com a Kianda exilada do Januário Pieter. Foi uma alegria de todo o tamanho e depois de repor a conversa no dia falou-me de coisas inteiras. A vida disse ele, é uma filosofia de ressentimentos.
- Mas, que estás aqui a fazer? perguntei eu.
- Vim obrar!
Fiquei na dúvida se tinha vindo a esta longinqua terra do nada, p´ralem do tudo fazer obra ou simplesmente cagar.
- Quem sou eu para contrariar uma assombração!
Januário Pieter, a Kianda Kwangiade disse:
- O sentimento de gratidão pela vida está no simples segredo de tornar a mente alegre, cultivando agradecimentos de forma permanente. Por ti e por tudo que te rodeia estou aqui.
Estava rodeado por mata atlântica, cactos de coroa de fadre e candelabros de lampião.
- Não adianta armazenares remédios para evitar as doenças, se não, olha o lado bom da vida, e prepara o teu "eu". Pessoas nervosas e queixosas são mais susceptiveis de contrariar doenças; vivem-se lamentando envoltas em angustias e fatalmente tudo lhes chega como atração por efeito contrário.
Aquele discurso era uma excrecência para mim, mas deixei que falasse. Ouvir não custa.
- Ser-se livre é controlar o seu próprio destino usando a mente como o mais forte remédio ao seu alcance. A mente projecta a sua forma em matéria; se, se cultivar a amizade ao seu redor como quem rega um jardim diáriamente, terá em si, a harmonia vital da vida.
Estava sismudo, subjugado à sapiência da minha ilustre assombração.
- Em tudo, há necessidade de se ver o lado positivo, sabendo de antebraço que o género humano tem defeitos e qualidades mas descuremos o resto a favor das qualidades; pouco a pouco a mente generosa tem um efeito favorável.
Bem! Tudo isto servia para mim; mas que é que terei feito para levar esta seca?
- Levar uma vida confortável, não é ter muitos bens em seu nome; é viver satisfeito com o que se tem gerindo uma vida espíritualmente tranquíla sem cobiça, sem usura, com amor.
Esse discurso não é para mim! Retorqui.
- Vai falar isso para os políticos de Portugal, e de Angola! Mas, fiquei sem resposta.
A assombração concluiu :
- Vivamos a vida um dia de cada vez, o futuro é uma qualquer vírgula desta ousadia que não altera o conteúdo " as circunstâncias e ambiente nós mesmos, criamos".
Ficamos por aqui, voltaremos a ver-nos creio.
O Soba T´Chingange
Sexta-feira, 15 de Janeiro de 2010
MAYOMBE 2010
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
CABINDA E A FLEC
MONUMENTO AO TRATADO DE SIMULAMBUCO
O Tratado de Simulambuco foi assinado em 1 de Fevereiro de 1885, pelo representante do governo Português Guilherme Augusto de Brito Capello, então capitão tenente da Armada, comandante de corveta «Rainha de Portugal», comendador de Aviz Rei de Portugal e pelos príncipes, chefes e oficiais do reino de N'Goyo e colocou Cabinda sob protectorado português. O tratado foi uma resposta à Conferência de Berlim, que dividiu África pelas potências europeias.
No tratado, Portugal compromete-se a: "Portugal obriga-se a fazer manter a integridade dos territórios colocados sob o seu protectorado." - "Portugal respeitará e fará respeitar os usos e costumes do país."
A colonização de Cabinda foi assim pacífica. Na altura Cabinda estava separada de Angola apenas pelo rio Congo. O território só se tornou enclave após os acordos celebrados com os belgas, em 5 de Julho de 1913 em Bruxelas, onde foram definidas as novas fronteiras coloniais luso-belgas.
A Frente de Libertação de Cabinda tem todo o direito de reinvidicar o enclave como um território autonomo. O tratado de Simulambuco é claro quanto às aspirações do povo Imbinda em ser independente ou autonomo.
O MPLA, a UNITA e a FNLA fizeram chacinas muito mais orripilantes do que a que se agora verifica em um ataque à equipa do Togo nas competições de futebol em Angola CAN 2010.
Como é que agora vêm repudiar uma actuação levada pelos mesmos ideais que os motivaram à sua "liberdade".
Não deixo de lamentar o facto das mortes mas, não venham carpir lágrimas de crocodilo. Os governantes de Angola têm de se sentar e negociar; não lhes resta outra alternativa.
Nesta infeliz cena aparecem de novo os gestores políticos de aviário e militares do portugal de então entregue a um MFA tendêncioso e políticos mediocres que queriam protagonismo a qualquer custo. Portugal é ainda o responsável por este desaire e, teremos mais pela frente. Porquê, não chamam às coisas os nomes certos.
Houve traição com o povo Imbinda e agora a história tem de corrigir o erro desses governantes do puto. Esta é a verdade.
( continua... iremos até Miconge )
O soba T´Chingange
Quinta-feira, 14 de Janeiro de 2010
CORRIA O ANO DE 2002 . I
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
EXPEDIÇÃO "Angola,terra da Gazosa"
Voo TP, destino Luanda.
AEROPOTO ACTUAL . 4 DE FEVEREIRO
Uma lufada de ar quente ao sair do Douglas no aeroporto internacional de Luanda, “Quatro de Fevereiro”, em Belas. Momentos antes na acomodação da aterragem já lusco fusco circunsobrevoamos Luanda e, ali estava ela cheia de pontinhos de luz dando indicações do crescimento emancipado para mais além do que se poderia imaginar em 11 de Novembro de 1975 e, lá estava a ponta da ilha e a sua baía de luz reflectida em nuanças multicolores, os barcos e, também uma nova coisa chamada de plataforma petrolífera mesmo na embocadura.
Do morro da Cruz e em circulo passando por Viana até quase ao Cacuaco tudo é Luanda, não se distinguindo aonde acaba o muceque e começa a cidade; o centro perdeu-se numa imensidão de cubatas e, ai temos a grande metrópole com quase cinco milhões de habitantes, a transbordar nas barrocas e linhas de água, que já o foram mas, a catinga sente-se no ar à mistura com estagnados descuidos de águas negras a que vulgarmente chamamos de esgotos mas, ali, não há impedimento de notar, o costume habitua-se.
Outro dia e, à luz do dia deu para pisar o pó e as escorrências, sentir os cheiros fortes de mabanga e peixe frito, odores de lixo desentulhado e muita gente circulando, fazendo não sei o quê , talvez queimando o tempo e, cruzando arrepiadamente por todo o sitio e ruas definhadas, esburacadas onde o passeio e asfalto já o tinha sido e existido respectivamente.
Na encosta do Prenda cortava-se a carapinha num telheiro meio chapa, meio palha, quase que meio por fazer e mais ao lado deste pseudo cabeleireiro lá estava o salão de senhoras " Dona Xepa ", um pouco mais requintado e com letreiro que dizia desfrisam-se cabeças; a côr do imóvel tinha fugido, faz tempo!...
Vou tentar pôr em crónica o que vi e, fazer retrato do que me apercebi com as dificuldades inerentes dum branco de segunda, quase preto por defeito e ousadia, que não esquece o calor daquela terra quando ainda candengue pisou todo aquele espaço que também me viu crescer amulatado de jeitos, crioulo de imperfeição. Mas diga-se, o calor continua também nas gentes, com vontade de agradar; ali a amizade faz-se rápido, flui mais repentinamente num abuso de empatia como doença de querer e, desta feita ganhei mais um amigo de nome Humberto e rebatizado de "Bien". Foi ele o meu cicerone durante vinte e cinco dias e é a ele que esta crónica vai dedicada, em agradecimento de me levar desde a foz do rio Dande perto do Caxito, até ao Cantinho do Inferno , mais além do Sumbe; ali voltarei na descrição mas para não perder o fio à meada direi do resto aonde me levou que, foram o Sumbe, Canjála, Lobito, Benguela e Baia Farta.
Bien, ex-comandante formado em Cuba, técnico de Construção civil. Como tantos outros neste momento está no desemprego mas desenrasca a vida peneirando diligências aqui e ali furando o esquema, comprou uma rolote e lá para os lados do Sambizanga tem uma catorzinha a vender peixe frito, banana assada e cachorros quentes com cerveja Cuca quando calha e, quando calha também se acomoda com ela nas ternuras do farfalho; diz que são necessidades mas lá no Sumbe e Benguela também tem mulher e filhos; Mancomunou a vida aqui e ali nas facilidades acostumadas das saias desprendidas e descomprometidas e a isto disse-me que não é de ferro.
( Continua... Angola, terra da gazosa )
O Soba T´Chingange
Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2010
BRASIL E O CANGAÇO . XXIX
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
O cabra José Baiano
Perfazendo hoje 20 meses deste Blog Kimbolagoa, com 19.600 visitantes saúdo leitores, colaboradores, amigos da kizomba, gente do reino Manikongo e amigos em geral. A saga de Lampião está quase a terminar; em breve visitarei Bom Concelho no estado de Pernambuco e auscultarei as visões distanciadas das passagens de Lampião por ali.
O BANDO DE LAMPIÂO
18 – JOSÉ BAIANO – SUB-TENENTE DE LAMPIÃO
O governador do Estado de Sergipe em 7 de Setembro de 1937 e, em Aracaju, dava conta em mensagem da morte do temido bandido José Baiano. Justificando a preocupação da administração pública falava da necessidade de manter os volantes dentro do sertão até o extermínio de todos os meliantes.
Em 30 de Janeiro de 1936, a volante do sargento Saturnino na fazenda de Queribas, município de Porto da Folha, abateu o bandido conhecido por “Pau de Ferro” e em 26 de Maio de 1936, o contingente da Polícia Militar sob o comando do tenente Óscar Pinho, combateu o grupo de José Baiano na fazenda Moreira, no Município de São Paulo. José Baiano veio a morrer por ferimentos nesta contenda.
O Estado de Sergipe gastava então mensalmente dez contos para pagar a oito volantes cujos grupos eram compostos de 15 homens; era um dispêndio vultuoso mas que, vinha dando frutos de sucesso após os combates ao grupo de Mariano na fazenda Caboleiro em 30 de Maio de 1936 sob o comando do sargento António José e, em 20 de Outubro do mesmo ano pelo destacamento de Previdência.
Baiano, tinha a particularidade de levar consigo um ferro de marcar gado com as iniciais de seu nome JB e, marcava as mulheres no rosto, na coxa ou braço conforme os critérios de ocasião.
Entre as mulheres que exibiam as pernas por uso de saias curtas, depois de copular com a peça de caça, como ele dizia, marcava-as com ferro em brasa na coxa; a sua permanente acompanhante tinha as letras JB na fase da cara.
Posso imaginar ir numa montaria rodeado de árvores desgalhadas, vestidas de folhagem amarelecida, ladeando cactos espinhosos imitando candelabros, no ar um cheiro intenso de carne queimada, de repente puxo as rédeas de brocotó meu dócil cavalo cinza com olhos de surucucu; de patas dianteiras retesadas empina as orelhas, abrindo as ventas em sacudidos gestos. Ouvia-se um vozeirão não muito longe e até o cheiro de cachaça se sentia como hálito duma caatinga conspurcada.
Desci da montada e, entre carnaubas de pé resvalando o crocante da areia ressequida vi através do lusco fusco aquele teatro dantesco, uma turba de gente com estapafúrdia vestimenta, longos facões e silhuetas de rifles contornando uns casebres em frente a uma desolada clareira, uns raquíticos pés de mandioca, bananeiras mirradas, uma majestosa mangueira e um cajueiro mais distante envolto em fumaça de churrasco.
Ala que se faz tarde, recuei com todo o jeito entre as manhas mais escuras e pus-me a vilas Diogo que aquilo não era terra de gente. Tinha quatro léguas para chegar a Bom Concelho e entretanto tinha de pernoitar na caatinga calcinada.
Adormeci envolto em apitos de pássaros de mau agoiro saudando a noite como um grito sinistro; adormeci murmurando uma oração, livrai-me de Lampião.
A figura de José Baiano era de alguma imponência; com chapéu de aba larga e espelhos lanternins, enfiado numas calças de zuarte as pernas engrossavam antes de enfiar nas polainas como um polícia montado do Canadá. Levei toda a noite com este sono e sonho intermitente até que o dia descortinou em cantares de “bem-te-vi”
19 – CANGACEIRISMO MODERNO. 2008
Os germes do cangaço não obstante passar meio século após os momentos áureos do banditismo sem controlo, podemos nos dias de hoje tomar contacto com práticas marginais aos sistemas de segurança e justiça; conhecedor do meio físico e social vi o problema como um qualquer cidadão vindo de outras latitudes e os germes do cangaço prosperam por uma ausência quase total da justiça; é justo dizer-se que através da imprensa se nota um forte esforço formativo para mudar a sociedade.
As mudanças sociais são por regra muito lentas e salienta-se notar que o coronelismo foi pouco a pouco sendo substituído por um caciquismo endémico com tentáculos nos representantes legais ao mais alto nível “this is América”, isto é América com todo o seu esplendor latino.
Sertão, terra de candelabros feito cactos, caatinga com gente nascendo a eito e sem jeito, crescendo sem instrução, sem educação, sem justiça social, amulatados em fumaça e cachaça. Ainda é assim ou quase igual, com caciques exploradores de todas as maiores da pobreza, a ignorância, o analfabetismo e a iliteracia.
( Continua... Cangaceirismo moderno... XXX)
O Soba T´Chingange
Terça-feira, 12 de Janeiro de 2010
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . XI
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
A colonização da Amazónia
AMAZÓNIA 
Quando em 1641 os Malufos (Holandêses) dominavam grande parte do Nordeste Brasileiro, aportaram a São Luis do Maranhâo e, tomaram a fortaleza cometendo atrocidades de guerra raiando a pirataria de saque; prenderam as autordades, destruiram prédios públicos e exilaram os civis notáveis. Segundo descrições, 150 dos mais notáveis cidadãos, foram deportados para a Ilha da Madeira em um navio podre e mal aparelhado, que por merçê de de Deus, foi arribar à ilha de São Cristovão, nas mãos de administradores piratas inglêses e francêses.
Para se ter ideia dos procedimentos e negócios de então, temos que em 1764 o rolo de pano e o fio de algodão serviam para pagar pré aos soldados e governadores. Por esta data em Angola, do outro lado do Atlântico acontecia o mesmo geito de negócio de permuta, sendo os libongos os tais panos com que compravam escravos aos chefes tribais. Estes libongos substituiram a moeda de conchas, bivalves n´zimbo e caurins, apanhadas nas costas marítimas de África e Brasil.
O dinheiro moeda, só começou a ser cunhado em princípios de Maio de 1749. Um decreto de 12 de junho de 1748, mandava substituir os novelos de algodão ou rolos de pano, por moedas de ouro, prata ou cobre, tendo na inscição de faces, o valor, a lei e o tipo. Desse então em diante, os governadores passaram a receber o soldo de seis mil cruzados.
A colonização portuguêsa no Maranhão teve início só em 1615, depois de se expulsarem os francêses.
São Luis do Maranhão é uma cidade singular do antigo império português; o seu traçado rectílineo com uma ocupação ordenada, permitiu com base nas plantas urbanas do século XVII, sob a tutela do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Mello, que a Unesco em 1997, a defenisse como património da Humanidade.
III - A COLONIZAÇÃO DA AMAZÓNIA
Quando da subida ao trono de D. José I, na Amazónia Brasileira decorria uma virulenta epidemia de variola entre os índigenas. Por este motivo, dimínuiu de forma drástica a percentagem demográfica, afectando assim os moldes prescritos no novo acordo de Madrid, “Utis Possidetis”. Quarenta mil índios terão perecido desse “mal de contágio” e, havia que tapar esta lacuna, pois que a posse, exigia gente na Amazónia. Assim, manda D. José I na pessoa de seu ministro, o Marquês de Pombal, que se transporte com a maior brevidade o maior número de gente para as Capitânias de Maranhão e Pará. Esta ocupação teria de ser feita em articulação com as forças militares na fixação efectiva de colonizadores.
Naquela onda e, com a expulsão de outras praças do Oriente pelos mouros, como Mazagão, vêm estes, a ser encaminhados para o Amapá, onde se viria a fundar a Vila Nova de Mazagão. O preço do transporte e sustento desde as ilhas de Madeira, Açores, ou do Continente até ao Pará, ficava ao encargo da Fazenda Real. O valor da passagem era de 19.350 Reis por cada pessoa acima dos três anos. Esse transporte marítimo, só seria pago após conferência das pessoas à chegada, fosse Pará ou outro qualquer destino da costa bresilerira.
Aquele pagamento era referente só a pessoas vivas como garantia de bom trato na travessia e, por forma a evitar perdas. Só para Maranhão, no ano de 1576, foram levadas 480 famílias que ali se estabeleceram.
À nova condição de colonizadores, era dito que “não iriam na mira de virem a ser senhores de escravos, devendo consciencializar-se de que teriam de cultivar as terras que lhes eram dadas nas sesmarias pelas suas próprias mãos, tal como o faziam em seus locais de origem”. Daqui dizêr-se que a colonização Portuguêsa foi “Sui-genéris” sem igual e, por isso terem sidos os ultimos a ceder as suas posseções; a última foi Macau em 1999.
( Continua... O Povoamento... XII)
O Soba T´Chingange
Domingo, 10 de Janeiro de 2010
PROMISCUIDADES
CORRESPONDENTES AVULSO
Angola - Meios ilícitos
JORNALISTA RAFAEL MARQUES
uma homenagem à verdade em notícia velha
Rafael Marques de Morais
Cidadão Angolano
E-mail: rm_demorais@hotmail.com
Luanda, aos 13 de Agosto de 2009.
Ao
Presidente da República
Sua Excelência José Eduardo dos Santos
RE: A Actividade Empresarial do Procurador-Geral da República
Na qualidade de cidadão nacional, atento aos actos de governação do país, recorro aos bons ofícios de Sua Excelência para manifestar a minha profunda preocupação com o silêncio institucional que encobre a recente denúncia pública sobre a participação do Procurador-Geral da República no capital social da Imexco.
Gostaria, antes de mais, explicar as razões que me levam a dirigir esta correspondência a Sua Excelência.
De acordo com a legislação em vigor, a Procuradoria-Geral da República “é uma unidade orgânica subordinada ao Presidente da República, como Chefe de Estado (…)”. A mesma lei determina que “o Procurador-Geral da República receba do Chefe de Estado instruções directas e de cumprimento obrigatório”.
Como o mais alto magistrado da Nação, Sua Excelência tem reiterado, ao longo dos anos, sem efeito prático, a necessidade de se combater a corrupção e o abuso de poder. Em 2008, Sua Excelência afirmou, de forma categórica, a urgência em separar “a actividade empresarial privada da activididade política e administrativa dos dirigentes e chefes que ocupam cargos no governo e na administração pública em geral.” Mais disse: “devemos aprovar regras mais claras para pôr cobro a certa promiscuidade que se verifica hoje.”
Queira, por isso, aceitar a minha petição como um acto de cidadania dirigido à competente entidade. Assim, reporto-me aos factos.
A 13 de Setembro de 2008, o Diário da República consagrou a alteração do pacto social da Imexco, por decisão dos seus sócios. Estes são os Srs. Salim Firojali Hassam e Faizal Samsudin Alybay Ussene (ambos de nacionalidade portuguesa), os generais António dos Santos Neto (actual presidente do Tribunal Supremo Militar) e João Maria Moreira de Sousa (actual Procurador-Geral da República). Essa decisão respeita o Artigo n° 13, dos estatutos da Imexco sobre a representação de todos os acionistas na Assembleia-Geral da empresa, cujas decisões são obrigatórias e vinculativas. Em resumo, ambos generais e magistrados representam-se a si próprios na Assembleia-Geral da Imexco, uma empresa ligada aos sectores imobiliário, de investimentos, importação e exportação.
Excelência,
A actividade empresarial do titular do cargo de Procurador-Geral da República, o General João Maria Moreira de Sousa, não se esgota na Imexco. A 1 de Dezembro de 2008, em sociedade com a Construtel - Construções e Telecomunicações e o Sr. João Raimundo Belchior, o referido general, enquanto magistrado, estabeleceu a empresa Construtel Serviços Limitada, cujo objecto social inclui a prestação de assessoria jurídica, consultoria e auditoria. Nessa empresa, de acordo com o Artigo 7° do seu pacto social, os sócios constituem a Assembleia-Geral dos seus órgãos sociais.
Na Deljomar Limitada, o General João Maria Moreira de Sousa, enquanto magistrado, faz parte da Assembleia-Geral, em obediência ao Artigo 9° dos seus estatutos. A Deljomar presta serviços de consultoria não especificados intervindo, também, na construção civil, comércio geral, exploração mineira, etc. Com quotas iguais a do Procurador-Geral da República, fazem parte da referida sociedade comercial os Srs. Delfim de Albuquerque e Mário Albuquerque.
Todavia, é na Prestcom - Prestação de Serviços e Comércio Geral Limitada, que o General João Maria Moreira de Sousa, enquanto magistrado, exerce a função de gerente, conforme o estatuído no Artigo 7° da referida sociedade comercial e legalmente reconhecida pelo Ministério da Justiça. Na Prestcom, uma empresa vocacionada ao comércio geral e à prestação de serviços não especificados, o actual Procurador-Geral da República partilha a sociedade com o compatriota Mário Alberto Paulino e o Sr. Moussa Thiam, de nacionalidade Maliana.
Em termos legais, as actividades empresariais do General João Maria Moreira de Sousa, enquanto magistrado, ferem, de forma grave, a lei fundamental do país.
O Artigo 141° da Lei Constitucional estabelece, como incompatível, “o exercício de funções públicas ou privadas, excepto as de docência ou de investigação científica e ainda as sindicais da respectiva magistratura”, por parte dos magistrados do Ministério Público. O n° 2 do Artigo 17° da Lei da Procuradoria-Geral da República especifica que o Procurador-Geral é o mais alto magistrado do Ministério Público.
Ademais, como pode, o Procurador-Geral da República estar directamente envolvido, no foro privado, na prestação de assessoria jurídica, consultoria e serviços não especificados? Porquê Sua Excelência, o Sr. Presidente da República, não exerce autoridade para pôr termo aos abusos de poder e de confiança depositados em servidores públicos como o General João Maria Moreira de Sousa?
Ao nível da administração do Estado, o caso do Procurador-Geral da República deve ser visto no quadro de uma prática generalizada aos mais altos níveis do Governo, Forças Armadas Angolanas, Polícia Nacional, Assembleia Nacional e da Presidência da República. Essa prática, conforme dados oficiais que tenho recolhido nos últimos três anos, para a análise académica da economia política de Angola, revelam a efectiva privatização do Estado para benefício exclusivo dos dirigentes, suas famílias, associados estrangeiros e apoiantes.
Todavia, a arrogância com que o Procurador-Geral da República desrespeita a Lei Constitucional e legislação afim ridiculariza, sobremaneira, a seriedade das instituições do Estado, sobretudo a justiça, pois este tem a função de exercer “o controlo da legalidade, de forma a que a lei seja respeitada pelos organismos de Estado e entidades económicas e sociais, em geral, utilizando o mecanismo de protesto, se necessário (…).”
Excelência,
Como Chefe de Estado, do Governo, presidente do MPLA (partido no poder) e Deputado à Assembleia Nacional, com mandato suspenso, assume as maiores responsabilidades política e moral, na prevenção e no combate contra a corrupção.
Assim, cabe a Sua Excelência, investido de poderes absolutos e como responsável directo pela conduta do Procurador-Geral da República, anunciar à sociedade medidas concretas que visam garantir o respeito pela lei, por parte dos titulares de cargos públicos e a devolução do poder do Estado à esfera pública.
A Procuradoria-Geral da República requer, para seu governo, uma personalidade com integridade moral e com elevado padrão de ética. Essa personalidade não deve ser vista, pela opinião pública, como sendo influenciado pela necessidade pessoal de aquisição de riqueza ou estar sob suspeita de a obter através de meios ilícitos. Só um procurador respeitador da lei poderá exercer a fiscalização da legalidade dos actos do governo e seus titulares.
A falta de medidas contra os indivíduos que abusam dos seus cargos, para enriquecimento pessoal, podem expor Sua Excelência como o principal responsável pelos males causados à sociedade angolana por abusos de poder, corrupção, má-gestão e saque do património do Estado.
Com sincero optimismo, acredito que Sua Excelência agirá com celeridade para assegurar o cumprimento da lei e honrar o seu compromisso de combate ao tipo de promiscuidade ora manifestado pelo Procurador-Geral da República.
« - Imexco Investimentos, S.A, Diário da República, III Série, N° 26, 13 de Fevereiro de 2008, pp. 1107-9.
- Construtel Serviços Limitada, Diário da República, III Série, N° 12, 20 de Janeiro de 2009, p. 545.
- Deljomar Limitada, Diário da República, III Série, N° 100, 3 de Junho de 2008, pp. 3977-8.
10 Prestcom – Prestação de Serviços e Comércio Geral Limitada, Diário da República, III Série, N° 145, 3 de Dezembro de 2007, pp. 5355-6.
- Vide Alínea A do Artigo 2° da Lei da Procuradoria-Geral da República. »
Queira aceitar, Sua Excelência, os meus votos de cidadania.
Respeitosamente,
BRASIL E O CANGAÇO . XXVIII
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
O Velho Chico e o Padrea Cícero
Padre Cícero . O padrinho de Lampião
Autoridades próximas de padre Cícero fizeram apelo a este para chamar seu afilhado Virgolino Silva; este acudiu conjuntamente com cento e cinquenta homens sendo recebidos em Juazeiro em ambiente de festa. Já com fardamento de militares receberam a promessa de amnistia para todos tendo Lampião recebido a patente de capitão. Seu irmão António Ferreira foi nomeado 1º tenente, Sabino teve o posto de 2º tenente, Luís Pedro o de 1º sargento e o descritor desta passagem, José Ignácio Vieira, de alcunha “o gato”, o posto de 2º sargento.
O resultado daquelas medidas vieram somente a reforçar a posição de Lampião; este recebeu armamento novo oxigenando os ânimos: - numa contenda política na luta contra o embrião contestatário daquilo a que veio a ser o Partido Comunista Brasileiro.
No meio de ineficientes quadros miscigenados com outros valores, a adesão de Virgolino deu em nada; uma grande parte do grupo abandonou as forças da lei e voltaram à sua habitual conduta rebelde de freios soltos, ditando novas leis pelo sertão. Acobertados por coiteiros de todas as classes mas, principalmente pelos muitos “coronéis” de então, sentiam-se os senhores do mando.
Este homem casou com Maria Bonita natural de Malhada da Caiçara no estado de Bahia, não muito distante da cidade de Paulo Afonso. Hoje, um dia de Março de 2008, pode ver-se no jardim das mangueiras desta cidade, um monumento em granito com uns três metros de altura a homenagear essa figura de mulher, que veio a ser degolada ao lado de Lampião em Angico.
Com um calor intenso, descansava eu a uns escassos trinta metros deste monumento e, sucedeu meter conversa com o Senhor Falcão; um aposentado, indignado com a feitura daquela figura; que não havia o porquê de aquela mulher, estar ali em destaque deixando de lado milhares de mães que andaram pelo lado bom da vida. Quantas outras mulheres não tinham de sobreviver nas dificuldades do sertão criando seus filhos; disse-me que aquela homenagem era uma afronta ingrata induzindo ao erro o cidadão. Por aqui ficamos matutando enquanto nos aproximávamos da igreja da Nossa Senhora de Fátima para assistir à missa de domingo.
O Interventor Osman Loureiro de Farias, que exerceu o cargo entre 1935 e 1940, ficou com a glória de eliminar Lampião através da Volante Alagoana estacionada em Piranhas e, comandada pelo tenente João Bezerra no estado de Sergipe e, no lugar da Fazenda Angico.
A 28 de Setembro de 1938, um telegrama enviado de Piranhas pelo prefeito local Corrêa de Brito, dava conta que os volantes aspirante Ferreira, sargento Aniceto e tenente Bezerra, que comandava ao grupo composto de quarenta e cinco elementos, emboscaram no covil de Angico Lampião e seus cinquenta e sete cabras; às cinco da manhã foi disparado o primeiro de muitos tiros que resultaram na morte de onze bandidos, entre eles duas mulheres a saber: - Virgolino, o Lampião, Maria Bonita sua companheira, Luís Pedro, Ângelo Roque, Eléctrico, Caixa de fósforo, Mergulhão, Cajarana, Diferente, Enedina e um outro não conhecido. Houve uma baixa do lado volante e a contenda terminou com a fuga de todos os restantes meliantes.
Findou aqui o homem cujo facão tinha mais de cento e cinquenta ranhuras (só em 22 de Maio de 1931 tinha 113); A sua vida foi ditada pela sociedade de então, se não tivesse sido essa lendária figura de cangaceiro morreria como um desconhecido almocreve de Delmiro Gouveia transportando uma incógnita vida de simples campesino para um e outro lado o sisal, a palma, o algodão ou as muitas fibras para fabricar tecidos.
( Continua... José Baiano... XXIX)
O Soba T´Chingange
Sábado, 9 de Janeiro de 2010
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . X
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
A reconquista de Angola,
... O povoamento com os mouros de Mazagão

MAZAGÃO
Guararapes decorria em Recife enquanto se repercutiam noticias sobre a tomada de Angola pela frota de Salvador Correia de Sá e Benevides em 1648.
D. João IV correndo o risco de ser denunciado ao Papa pelos inquisidores da Santa Inquisição, por colaborar com os judeus capitalistas, em Março de 1664 por alvará, cria a Companhia de Comércio para o estado do Brasil, um pouco há semelhança das companhias Holandêsas. Foi de muita visão D. João IV ter optado por esta via de entendimento com os judeus pois que estes detinham o controlo dos circuitos de comercialização desse tempo.
A semente da nacionalidade nasceu no após Guararapos; os filhos de pais portugueses nascidos no Brasil chamados de Mazombos formavam o gentílico brasileiro. Foi à custa destes, seu sangue e suas fazendas que se fermentou o brasileiro de hoje; e tudo começou nesta chamada “ Nobreza de Olinda”.
O grito da emancipação após Guararapos surgiu porque com o sacrifício solidário e contrariando ordens do rei de Portugal D. João IV, manietado pelo Papa e acordos do foro europeu, a tetrarquia do “Panteão Restaurador” ou a “Nobreza de Olinda” representada por João Fernandes, o reinol mulato madeirense, por Vidal Negreiros o mazombo brasileiro, filho de pais Portosantenses, por Filipe Camarâo o matuto filho de branco e índio e por Henriques Dias o negro mameluco filho de negro e índio, deu azo ao ideário do futuro movimento emancipalista de 1710, quando, pela primeira vez a “nobreza da terra” propôs um contrato social entre os habitantes de Pernambuco e a coroa Portuguêsa, um caso de sublevação de que não havia memória na nação Portuguêsa.
O quadro “A saga do açucar”, ficaria incompleto se, se não referisse o intenso tráfico negreiro do circuito de intereses triangulado na qual, os madeirenses criaram a sua própria rede de negócios com familiares ou conterrâneos residindo em Angola, Brasil, Guiné, ilhas do Caribe de Aruba e Curaçau ou Venezuela na América e, África do Sul.
Há um facto de relevante honra na pessoa do madeirense João Fernandes Vieira que convêm salientar; os Holandeses mafulos, fizeram a Vieira a oferta tentadora de 200.000 ducados para abandonar a causa de inssurreição a Pernambuco, na condição de se retirar para um outro local escolhido por si. Tendo Vieira menosprezado o edital dos mafulos, estes, põem sua cabeça a prémio em forma de retaliação conjuntamente com os componentes do Conselho da rebelião de Pernambuco oferecendo 12.000 Florins por cada um.
João Fernandes Vieira recebeu da corte inumeras mercês entre as quais a nomeação de Governador e Capitão General de Angola a 18 de Abril de 1658 cargo que ocupou por três anos; em 1661 foi substituido por André Vidal de Negreiros, um homem de destaque na história de então, um herói mazombo, de Pernambuco
II - O POVOAMENTO
O Tratado de Madrid foi elaborado com o sentido de garantir a viabilidade do “Utis Possidetis” que veio a substitui o Tratado de Tordesillhas em função das novas realidades. Foi lavrado a 13 de Janeiro de 1750 exigindo gente para definir a demarcação de limites das fronteiras dos territórios colonizados.
Alexandre de Gusmão, braço direito de D. João V, foi o articulador do Tratado de Madrid. Conhecedor das realidades do Brasil por contacto com o Ouvidor Geral do Reino da Capitânia de S. Paulo, Rafael Pires Pardinho, que na qualidade de membro do Conselho Ultramarino na grande onda de imigração entre 1748 e 1756, contribuiram diligentemente à chamada da razão “Utis Possidetis”, a legal posse de terras, um momento alto da diplomacia na saga de pioneirismo povoador, novos métodos de colonização.
Estes dois personagens a não esquecer foram os ideologos que motivaram mais tarde Norton de Matos e as sequentes colonizações do sul de Angola e a parte central da Cela, com terrenos ricos para a agricultura.
( Continua... O Povoamento... XI )
O Soba T´Chingange
Sexta-feira, 8 de Janeiro de 2010
BITACAIA TUNGA
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Tunga penetrans
Durante duas noites senti uma comichão no dedo grande do pé direito, bem junto à unha; este desconforto, não sendo acentuado, transtornava. Se não dei nenhum tombo, teria de haver uma explicação para tal. Mas, aconteceu ter dado uma topada num pé de cadeira e, observando melhor achei conveniente lavar o pé com água morna. e ver à lupa.
Pé com matacanha
Em uma bacia, com aquela água, limpei melhor toda a área do pé. Foi quando reparei num ponto negro circuncrito por um circulo de um tom mais amarelado. Está aí!... Esse ponto negro era uma pulga matacanha.
Tinha tido um bicho destes em Luanda e, como tal, não me surpreendeu nem me atormentei. Essa coisa, foi a minha crisma ou o carimbo da angolanidade e desse modo obtive a chancela de camundongo sanzaleiro. Não havia nesse então o termo de cazucuteiro nem tão pouco de kizombaqueteiro.
A pulga bicho-de-pé
Tudo isto, aconteceu porque fui até ao pântano e de forma descuidada, chinelo no pé, cruzei os charcos da minha kianda bem por detrás da minha casa grande, branca de barras azuis.
Após amolecer a pele, com um alfinete fui contornando cautelosamente o círculo composto pela bolsa da pulga e o que ficou foi um buraco de carne esponjosa no tom vermelho de sangue.
Lembro-me que em Angola me meteram um morrão de cinza de cigarro negrito "caricoco" ainda quente, mas aqui resolvi desinfectar com metiolat, uma solução parecida com a de mercúrio-cromo.
Bicho-de-pé é como se chama aqui em Brasil. Em Angola tem o nome de matacanha, bitacaia ou bicho-de-porco; em Moçambique toma o nome de zunga ou xiquexique.
O nome cientifico do bicho é "tunga penetrans" sendo um insecto da família dos fungídeos. Apanha-se na terra, junto a capoeiras, pocilgas ou na praia, e por isso também é conhecido com essas terminações.
O saco da matacanha
Por tudo isto, fiquei enriquecido na minha cidadânia pois que medalhado desta forma fico agora com a chancela de mazonbo de Angola e Brasil, um cidadão do mundo.
O Soba T´Chingange
Quarta-feira, 6 de Janeiro de 2010
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . IX
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
As emboscadas dos filhos da terra
BATALHA DE GUARARAPES
Já com 1300 homens, tiveram a seguir uma nova vitória a Janeiro de 1654 no engenho Casa Forte dos Mafulos.
Em Setembro de 1645, os “Luso-brasileiros” isolaram a capital do Brasil Malufo deixando seus habitantes à mingua; Johan Nieuhof, alemão residente em Recife, testemunha que “os gatos e cachorros, dos quais havia em abundância, eram considerados finos petiscos. Viam-se negros desenterrando ossos de cavalo, já muito podres, para devorar o tutano com incrivel avidez”.
Algumas atrocidades entre os cítiados atingiram foros de bestialidade como alguns descritos existentes no Instituto Ricardo Brennand; descrevem actos cometidos pelos holandeses e índios antropófagos seus aliados: - Foi-lhes entregue para alimentação, corpos das vitimas feitas por seus soldados. “Selvagens Tapuias a quem animavam como a tigres ou lobos sangrentos, e diante de seus olhos, comiam os corpos mortos daqueles que haviam matado”.
D. João IV não tinha efectivamente escolha quanto à decisão de resgatar Pernambuco para Portugal porque, sem o açucar do Brasil, não teria como pagar aos exércitos incumbidos de defender a fronteira continental dos beligerantes espanhois. A perda do Brasil, envolveria o desaparecimento de Portugal como nação independente.
Os Mafulos tinham em seu contigente militar, mercenários francêses, alemães, polacos, húngaros, inglêses, e de outras nações do Norte, todos versados e experimentados nas clássicas guerras de então da Flandres e Alemanha. Desonheciam a tocaia, a guerrilha de arco e flecha, o ataca e foge em matos dificeis; para eles era uma guerra desmoralizante pois nem sempre divisavam o inimigo.
Um cronista de nome Pierre Moreou, testemunha presencial daqueles dias de cerco no Recife em continuo bombardeio de artilharia feito pelos inssurectos Luso-brasileiros refere: “Todo o Brasil é povoado com numerosos guerreiro, sabem como subsistir e vivem do que a terra produz de forma abundante, prescindindo dos produtos da Europa o que é impossível aos Holandêses que não têm senão soldados de carreira, recrutados em diversas nações, mais comprados que escolhidos de cuja fidelidade não se pode fiar. Pouco adaptados aos costumes e ao clima diferente de seus países, não conhecem atalhos e nem o local apropriado para emboscar.
Os portuguêses ao contrário, nasceram aí em sua maioria, e são robustos, um mesmo povo, os mesmos costumes, as mesmas crenças e compleição auxiliando-se uns aos outros, não deixando de valorizar a terra aproveitando-se dela. Conhecem os menores recantos e basta-lhes esperar seus adversários em determinados locais e, abatê-los.
Enquanto decorriam as vitórias nos Montes Guararapes pelos inssurretos de Pernambuco a moral das tropas Holandêsas entravam em declinio descrevendo-se assim os acontecidos: - “ Os combatentes Luso-brasileiros por natureza ágeis e de grande firmeza nos pés, são capazes de avançar ou bater em retirada com grande rapidez, com ferocidade natural constituidos que são de brasileiros Tapuias, mamelucos, etc.,... Todos filhos da terra.
O governo do Brasil Holandês capitulou a 26 de Janeiro de 1654 tendo sido então o mais importante registo da História Militar de toda a América do Sul; depois deste acontecimento há a salientar de relevante saga, a libertação dos cinco paises americanos por Simon Boliver.
Após a capitulação de Recife, os moradores aclamaram a liberdade contra a dominação Holandesa e, a 7 de Outubro de 1645, os homens de guerra de Pernambuco lavraram certidão de aclamação a João Fernandes Vieira como Governador da liberdade.
Restaurado o domínio Português sobre os mares do Atlântico Sul e, após a conquista de Luanda, o conflito entre Portugal e os Paises Baixos ficaram confinados ao campo diplomático tendo como o mais notável embaixador em Haia, Francisco de Sousa Coutinho.
( Continua... A reconquista de Angola ... X)
O Soba T´Chingange
Segunda-feira, 4 de Janeiro de 2010
SABOR DE MABOQUE . IV
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
" No tempo dos caricocos"
LUSOFONIA
Recordando o livro de Dulce Braga, Sabor de Maboque
Ficticiamente como um gavião, transladei-me para Luanda, capital do país da banga e da gasosa. Pouso na avenida Marian N´gouabi, (António Barroso) em pleno ano de 1960, numa Maianga tão cheia de recordações. Passei no sítio aonde meu pai jogava cartas de batota, uma vaza, vai um tinto, uma nocal.
As recordações são mesmo assim, etéreas; viajam no tempo muito mais rápido que a velocidade da luz! E, ali estava debaixo da mulembeira do Baía, lugar do Malhoas, mesmo ao lado do rio seco ouvindo as falas de agora, início do 2010:
- Caricoco, traz-me uma caipirinha, dizia um a outro preto.
“Quem beber água do Bengo não mais o esquecerá”; quem fumou cigarros Caricoco, também. Eram doces.
Mas os tempos mudaram mesmo.
- Tudo se radicalizou a partir da chegada a Luanda do Vermelhão Rosa Coutinho como Presidente da Junta Governativa de Angola, precisamente em Julho de 1975.
- Estava tudo traçado, dizia-me a kianda “Januário Peter”. Rosa Coutinho, tempos antes como Alto Comissário escreve uma carta timbrada do antigo Gabinete do Governo Geral de Angola a Agostinho Neto, presidente do MPLA nos seguintes termos:
“Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do processo: Aterrorizar por todos os meios os brancos, matando, pilhando, e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis, sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos,...”
Carta datada a 22 de Dezembro de 1974, terminando com saudações revolucionárias, a vitória é certa, seguindo-se a assinatura, Alves Rosa Coutinho, Vice-Almirante
O sonho surge ás vezes, feito pássaro, ora nas Mabubas ou Barra do Dande feito cazumbi de Muxima fumando sempre caricocos.
Ai iu é!… Aonde já se viu pássaro fumar ? Só mesmo em Angola.
O Soba T´Chingange
Domingo, 3 de Janeiro de 2010
MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
O LIVRO DE ALCIDES SAKALA
ALCIDES SAKALA 
AUTOR DE MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO
De rio em rio, muxito em muxito, como leões cautelosos, agachando-se por debaixo de espinheiras, espevitavam odores do embaciado ar da manhã. Pé ante pé galgavam mais uns metros penetrando o olhar por entre as copas das árvores, captando helicópteros das Forças Armadas de Angola. O cerco apertava os guerrilheiros resistentes da UNITA.
As descrições dos ouvidos dando conta ao menor estalido de um graveto, ou um chinguiço ressequido partindo o silêncio da mata. Ali, todos os ruidos significam um perpectuar da vida ou a morte.
São sobrevivências que nos levam aos rios da salvação nem sempre fáceis de transpôr.
Passo às descriçõe do livro do meu ilustre mano, mais velho na aparência do que na idade verdadeira. Também é a homenagem a um homem que merece ser referênciado, porque ele é parte integrante da história contemporânea de Angola.
Foi dele que recebi um galo em madrepérola que orgulhosamente ostentei na lapela.
Do embrulho atado em meu baú com entrançadas e improvisorias matebas releio de novo partes do livro:
“...Para nossa surpresa a delegação do Governo era dirigida pelo General Implacável. Mesmo assim, o ambiente manteve-se calmo e distendido. O facto de ter sido o Genaral implacável a dirigir a delegação das FAA distendeu ainda mais o ambiente. Estávamos sentados, frente a frente, em uma mesa construida de paus frescos, com a delegação do Governo de Angola. Vinham bem vestidos, fardados a rigor e com bom aspecto físico, luzidios e perfumados. Alguns gordos demais para as circunstáncias. Era um contraste físico extraordinário. Mas, mais do que o aspecto físico, o mais importante era o simbolismo político desse acto. Os nossos corpos falavam por si e transpareciam a dura realidade das dificuldades em que vivem os guerrilheiros. Tinhamos os corpos debilitados mas uma inteligência esmerada e vigilante para a defesa dos nossos legítimos interesses. Divididos por essa longa e difícil guerra fratricida, resultante de um nacionalismo fracturado, acirrado pela Guerra Fria, selávamos com o governo do MPLA, nas margens do rio Luconha, uma nova parceria, como aliados para a construção da paz e da reconciliação nacional.
Ficavam, assim, para trás, os nossos mortos, os heróis da resistência de Angola, os protagonistas da grande epopeia de combate pela conquista da liberdade e da democracia, entre os quais o timoneiro da Revolução dos pobres de Angola, Jonas Malheiro Savimbi, Presidente Fundador da UNITA, tombado heroicamente nas matas do leste no dia 22 de Fevereiro de 2002.
Jona Savimbi nunca se renderia, nem se ajoelharia, e se fosse capturado nunca deploraria que não o matassem. Não era homem dessa estirpe de covardes.
Seria negar-se a si próprio, o que nunca faria. Seria negar o seu projecto de sociedade. Com a sua morte, perdemos uma batalha importante, mas não a guerra.”
Gesticulando braveza de fingir, pulando ao redor dum heroi de verdade, os luzidios e gordos generais do medo, fizeram a foto macabra.
Um herói não morre, nunca. Só fica no rascunho.
O Soba T´Chingange
Sábado, 2 de Janeiro de 2010
TUNDAMUNJILA . 2ª parte. 2009
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
ENTREVISTA AO SOBA T´CHINGANGE
Votos de bom ano de 2010 chupando múcua na Lua
UM SOMA MODERNO
P. Arrais: - Você, pelo que sei de conversas passadas era a favor da independência embora fosse um mazombo (filho de brancos) ou como refere às vezes, um branco de segunda.
R . T´Chi: - Sim; juntei-me aos Umbundos da Unita, gente do planalto Central de Angola, tendo tido cargos de alguma responsabilidade mas, a luta pelo poder das armas entre os três movimentos armados, MPLA, FNLA e UNITA, não prevaleceram em mim enquanto estive em Angola ou seja até 7 de Agosto de 1975.
Depois disso, já em Portugal continuei sendo um militante da Unita, sentindo-me no entanto um elemento acantonado.
P. Arrais: - E, teve algum cargo de relevo nesse movimento ou partido? ... (Não consigo distinguir a diferença entre movimento e partido)
R . T´Chi: - Bom!... Partido é uma instituição definida em constituição; Angola antes de 1975, nesse então, era só um projecto de país, por isso terem o nome de movimentos. Só se tornaram armados por incúria das chefias das forças militares que estavam desejando voltar para o seu Puto e a qualquer preço. Note-se que eram os senhores do mando absoluto, sem Assembleia ou outro orgão da Nação credível.
Quanto a cargos, ocupei em Angola os de Secretário de Informação e Propaganda e mais tarde o de Scretário de Relações Públicas no Comité da Caála sendo o braço militar representado pelo Comandante Kalacáta (falecido em combate).
Dos seis anos que estive em Venezuela pertenci a uma “Comissão Adoc” de refugiados de guerra oriundos de Angola.
Em Portugal fui Presidente do Comité de Lagoa no Algarve e depois Coordenador dos Comités da Zona Sul de Portugal (eram 3 zonas no total) empossado pelo companheiro Alcides Sakala, um braço forte de Jonas Malheiro Savimbi, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Unita e Adalberto Costa Júnior um mano que se salientou em Portugal na defesa da Unita; Agora pelo que sei é o Porta Voz da Unita para a imprensa em Angola.
Ajudei estudantes Angolanos em Portugal e desloquei-me à Namibia numa missão secreta de observação da logistica de apoio ao Movimento a partir da Ovobolândia; percorri o rio Okavango em toda a sua extenção a partir de Ot´xakati, Ondângua, Rundu, Andara, Divundu, Faixa de Kaprivi, Ómega, Catima Mulilo e Popa-falls a caminho do Botswana. Tive um contácto esporádico com San Nujoma Presidente da Namíbia aquando de uma reunião com comerciantes nas margens do Okavango e com um jornalista da Rádio Comercial que escreveu uma odisseia sua no livro “Baia dos Tigres”, um tal de nome Mendes.
Em Portugal o meu telefone estava grampeado pela Secreta Portuga. Foi o tempo de em Portugal se dar luta sem tréguas à Unita. Portugal estava totalmente submisso ao governo do MPLA. Sabiam de todos os nossos passos, até mesmo em kizombas de amigos aparecia gente estranha a sondar tudo sobre nós e, o Movimento. Revelo isto em primeira mão mas, omito coisas para segurança de gente ainda viva e que são alguns dos meus heróis, gente incógnita que não abandonaram os ideais de liberdade.
P. Arrais: - Tem ainda algum lider vivo Angolano ou Mundial por quem nutre uma deferência especial?
R . T´Chi: - Dos ainda vivos, tenho três! Mandela da África do Sul, Alcides Sakala e N´Dachála em Angola.
P. Arrais: - Sei que administra um Blog cujo lema principal é Angola e os Angolanos e a Lusofonia. Têm para estes alguma mensagem?
R . T´Chi: - Tenho!... Para que os políticos em Angola, não façam batota; dêm abertura a empresários que criem emprego e trabalho, estradas boas com um bom circuito de comercialização, liberdade de expressão e, que não roubem tanto!
P. Arrais: - Vamos poder falar de novo?
R . T´Chi: - Claro! Há muito para dizer. Relembrando Luandino, digo: - “que as lições da vida têm de ser sempre passadas a limpo, só nossa morte é quem pode ficar em rascunho”. Obrigado.
Com a responsabilidade do
Chato do Xiça
Sexta-feira, 1 de Janeiro de 2010
SABOR DE MABOQUE . III
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“ " A ponte dos retornados"
PEDRAS DO PUNGO ANDONGO
Elaborava listas e folhas de embarque para agilizar tal retirada até que, por indicação do chefe de secção numa das listas incluí o meu nome e de todo o meu agregado, mulher, dois filhos e a sogra com 57 anos de idade.
No dia 7 de Agosto de 1975, vôo TAP, nº 13 da “ponte de refugiados”, com folhas de embarque e salvo conduto passei um mar de gente amontoada entre caixotes em todo o espaço fronteiro ao aeroporto.
O anterior estacionamento de carros era agora um amontoado de desesperados.
Com a roupa do corpo, muitos sonhos numa inexistente mala de cânfora ou de pandora levavamos uma máquina de costura oliva; talvez a nossa sobrevivência dependesse daquela máquina que, anos mais tarde e, na Venezuela foi vendida a uma senhora brasileira.
À chegada ao aeroporto da Portela em Lisboa, havia gente da Cruz Vermelha e uns tantos funcionários a questionar-nos sobre o destino, e coisas de logistica sem aparente articulação. Deram-nos 500 escudos por adulto para as primeiras necessidades e, daí seguimos para terras do Ribatejo, casa de famíliares.
Até se compreende que um homem nesta situação aflitiva tivesse posto uma arma em sua boca e estilhaçado o céu da sua vida; não foi o meu caso e, estou aqui para lembrar o pesaroso que isso foi. Dulce Braga têm uma descrição suave porque era jovem, e tinha um saquinho de diamantes em seu sapato, felizmente.
Dulce chegou a Viracopos do Brasil no dia 27 de Setembro, um mês depois de mim; passado um ano, encetou um caminho secreto de falar num faz-de-conta em cópia de linguajar brasileiro, ludribiando a lingua vernácula, “sotacava” formas diferentes de dizer para não ser “cutucada”.
Em Portugal passava-se o mesmo; tinhamos de fingir ser mudos e moucos para não denunciar a nossa latitude ou esmurrar num qualquer maxchimbombo, muito filho-da-puta.
Tudo passou e, também aqui estou no Brasil, país de empatia rápida, de amigos que se visitam e fazem churrascos levando a vida como em Angola, ou,...quase.
Passei a ter três refências; no Brasil sou português, em Portugal sou brasileiro e em Angola sou mwangolé, um gweta da manhanga mas, sempre besugo do puto, t´chindere.
Agora relembro estórias mal-contadas, outras mal-amadas; como a Dulce, dialogo em paz com esses pedaços de eruptas crispações, um resgate de irrequietude, de impossibilidades que o tempo firma. À terra dos maboques,... pr´a lá irei um qualquer dia fazer companhia aos pastores das anharas e deitar pedrinhas na t´chimpaka, vê-las saltitar até findar.
( Continua... No tempo dos caricocos...IV)
O Soba T´Chingange