Segunda-feira, 31 de Maio de 2010
PUTO . V

MALEMBE-MALEMBE

   As escolhas do Exmo Visconde do Mussulu

 Henrique Medina Carreira

- Numa entrevista à SIC Noticias, para ler e reler,... Para quem não viu, leia a síntese (Final):

JOSÉ SÓCRATES É UM HOMEM DE CIRCO

Quando sobe a linha de desenvolvimento da União Européia sobe a linha de Portugal. Por conseguinte quando os Governos dizem que estão a fazer coisas e que a economia está a responder, é mentira! Portanto, nós na conjuntura de médio prazo e curto prazo não fazemos coisa nenhuma. Os governos não fazem nada que seja útil ou que seja excessivamente útil. É só conversa, portanto, não acreditem...

Em longo prazo, também não fizemos nada para resolvê-lo e esta é que é a angústia da economia portuguesa.

"Tudo se resume a sacar dinheiro de qualquer sítio”. Esta interpenetração do político com o económico, das empresas que vão buscar os políticos, dos políticos que vão buscar às empresas,...Isto não é um problema de regras, é um problema das pessoas em si...Porque é que se vai buscar políticos para as empresas?

 

É o sistema, é a (des)-educação que a gente tem para a vida política,... Um político é um político e um empresário é um empresário. Não deve haver confusões entre uma coisa e outra. Cada um no seu sítio. Esta coisa de ser político, depois ministro, depois sai, vai para ali, tira-se de acolá, volta-se para ministro... É tudo uma sujeira que não dá saúde nenhuma à sociedade.

Este país não vai de habilidades nem de espetáculos.

 

Este país vai de seriedade. Enquanto tivermos ministros a verificar preços e a distribuir computadores, eles não são ministros. São propagandistas! Eles não são pagos nem escolhidos para isso! Eles têm outras competências e têm que perceber quais os grandes problemas do país!

Se aparece aqui uma pessoa para falar verdade, os vossos comentadores dizem «este tipo é chato, é pessimista»...

Se vier aqui outro trafulha a dizer umas aldrabices fica tudo satisfeito,... Vocês têm que arranjar um programa aonde as pessoas venham à vontade, sem serem pressionadas, sossegadamente dizer aquilo que pensam. E os portugueses se quiserem ouvir, ouvem. E eles vão ouvir, porque no dia em que começarem a ouvir gente séria e que não diz aldrabices, param para ouvir. O Português está farto de ser bobo! Todos os dias tem a sensação que é enganado!

(Final)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:56
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Domingo, 30 de Maio de 2010
LIMPOPO - III

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

NA ROTA DOS IMBONDEIROS

O Jardim do Edem tem Baobás

 RIO LUVUVHU EM PAFURI

Como um patrão do Limpopo, de botas grossas, calções e chapéu de coiro, seguindo o rumo dos sons cheguei com o tempo fugindo para a noite com elefantes empestando o ar em esterco.

De narinas abertas captando a vida selvagem,  uma das cinco grandes espécies africanas “big  five” ainda por extinguir, aqui estava, no canto dos limites de fronteira entre os países de África do Sul, Moçambique e o Zimbabwe de Robert Mugabe.

Nas margens do Luvuvhu e Limpopo sentia-me feliz ao percorrer estes mesmos caminhos que há uns mais de cem anos Livingston, Serpa Pinto, Roberto Ivans e Hermenegildo Capelo percorreram conquistando soberania para seus países. Aqueles brancos de olhos azuis e cabelos loiros deram origem à repartição de África através de rios e entre estes, rectas com  régua e esquadro os países de hoje. Isso aconteceu em Berlim no ano de 1885. Depois disto por aí andaram metendo marcos, Sacadura Cabral e Gago Coutinho nos confins do mato de Angola, locais aonde deixei feromonas de furriel mazombo a cuidar das coisas dos outros, garantindo um país que nos relegou só porque o outro lado estava do lado de lá. Matei para garantir essa soberania; os defuntados eram Zairenses que estavam pisando soberania de Cabinda só para vender CeDês piratas em Tando Zinze; podia adivinhar que eles eram só gente traficando mercadoria. As espiras da granada ofensiva não perdoaram a introdução em coisa que nem minha era. Sukuama!

 

De língua colada ao céu, mantinha-me ali desfrisando maleitas e, entre imbondeiros mijava saúde em espaços curtos marcando o trilho num perímetro palúdico; bufava calores curados a amarelo de medo com raspas de quinino.

Já noite em Punda Maria:

A fogueira do churrasco (braai), crepitava, lançando sombras bailantes ao longo dos troncos de amarulas e espinheiras com picos de meter medo.  Ali a noite, entre o bangalow e milhares de acácias cai escura como breu, tapando lapas, catinga e coragem.

Assei a maçaroca de milho nos tições ardentes e, ratando-a a dente cru, acompanhei o repasto com “rump steak” e salsichas em rodilha à maneira dos farmeiros “Bohers” ou rodesianos das bandas do Zambeze; não faltou a sempre presente “castle lager”.

 

Com luz ténua, sem televisão, nem outros requisitos modernos, o sono chegou tão cedo que nem deu p’ra trespassar a noite; o xipefo relampejando moléstia de fabrico Tsi Venda crepita ânsia de descrever sons e  cheiros. Espreitei através da cortina e só vi noite sarapintada de pios, gritos e sopros de feitiço recobrindo o choro da hiena.

Sonhei comigo próprio, com um turbante de pele de onça, um miama  Swahili abanando-me com um rabo de boi farfalhado de pelos na ponta e, uma lança na mão sobrante; os olhos rebrilhavam um  vermelho de meter respeito entremeado a medo.

Lá fora no terreiro, o povo à maneira Chossa, ou talvez Zulu, repetiam inebriados a pó, a dança toytoy; de corpos curvos, repetiam o gesto em sintonia com as mãos, empunhando lanças, e escudos de pele de búfalo; pintados a cores garridas alinhavam-se para a guerra do Empangeni igual à do Kwata-kwata de N´Gola.

 

Glossário: bangalow - casa de mato coberta a capim; farmeiro - dono de fazenda ou Lodge; xipefo - candeeiro (Moçambique);  castle lager - marca de cerveja; hiena – animal malhado de preto e castanho, com o tamanho de cão selvagens das savanas;   miama – como o negro se chama a si próprio (Zulu); chossa - etnia daquela zona de África (Kwazulu); Toytoy - dança de empolgar vontades, luta ou reivindicação; kwata -kwata - agarra-agarra (branco ou preto); catinga - cheiro de suor; sukuama! – expressão de espanto.

(Continua…)

O Soba T´Chindere



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:48
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Sábado, 29 de Maio de 2010
AM'ERICA II

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

 

O festival Rock Woodstok

 

 

 

 

 O FESTIVAL WOODSTOK

 

 

 

 

Entre os dias 15 e 18 de Agosto de 1969, em plena guerra do Vietnãm, 450 mil jovens encontraram-se numa quinta para uma grande confraternização.

 

 

 

Jimi Hendrix e Joe Cocker celebridades do rock, também lá estavam atendendo ao chamado de "Blues pela Paz". Numa sequência do movimento hippie dos anos sessenta contra os costumes implantados por seus pais ex-emigrantes, gente determinada, empreendedora, com espírito de risco, gente sem eira-nem-beira, um refugo da Europa, insurgiam-se agora "os rosinhas", seus filhos, contra valores caídos em descrédito.

 

Ateus, agnósticos, abortistas, feministas, gays e lésbicas em euforia, desiludidos do conservadorismo de seus pais puritanos, e contrários à guerra que lá longe dizimava seus amigos em muitas mortes, o Vietnãm, envoltos na fumaça da maconha indignavam-se com as leis e valores de formação cristã, culto de seus pais.

 

Quando a guitarra de Hendrix encerrou os acordes do hino nacional, numa interpretação contrária à convencional marcialidade, era assim dado o sinal para o início de uma América alternativa, baseada nas ideias anarquistas com drogas, kock and roll e sexo livre.

 

 

 

Esta celebração a Baco, nunca antes tal se tinha verificado no respeitável Estados Unidos da América.

 

Este rompimento da ordem com um outro comportamento, início do uso dos anticonceptivos e o fácil acesso a todo o tipo de pilulas e sexo alternativo eram já, as normas correntes numa forma de "guerra cultural".

 

Entre as nuvens de maconha, liamba, ervas alucinogéneas e afrodisiacas trazidas do Vietnãm, casais entregaram-se ao sexo em público, frente a uma plateia desvairada de homens e mulheres seminuos.

 

 

A classe média branca ficou chocada vendo seus filhos insurgirem-se despoduradamente em nova filosofia de liberdade sem saberem o que fazer perante tal libertinagem. Utilitaristas radicais, endinheirados que não admitiam ideias de ócio contemplativo ou instrutivo, pais daqueles muitos jovens já por si pouco intelectualizados, vêem-se abandalhados no culto de sua tradição cristã. É um ai-Jesus, me acudam.

 

  

 

 

A inexistência de um pensamento desligado de interesses materiais directos, foi ao longo de duzentos e poucos anos um dos factores que contribuiram para a pobreza intelectual do americano.

 

Foi a partir de Woodstok que os cidadãos passaram a desenvolver a paixão pelo conhecimento puro, algo inexistente entre os americanos emigrantes em segunda ou terceira geração, tendo a moeda verde como a coisa mais primordial. Até ali todas as suas energias eram consumidas na produção, não permitindo saltos muito para além da leitura do Envengelho, como bons puritanos que eram.

 

 

O abandono da verdadeira fé e o comportamento correcto, segundo seus parâmetros, levou que Deus lá do alto enviassem suicidas de turbante para punir, atacando a "Sodoma Nova York". O desabar das torres gémeas foi um sinal para dar início a uma guerra santa contra os Mouros. De novo os Mouros!

 

 

 

Para Bush, Maomé fora em tempos idos "o primeiro terrorista". O resultado de tudo isso desabou sobre Bagdá. Mesmo com o Rock Woodstock, culturalmente, o americano continua banal e mediocre. Só se vê a si próprio.

 

 

O Soba T´Chingange

 

(Continua…)

 

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:55
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Sexta-feira, 28 de Maio de 2010
LIMPOPO - II

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

NA ROTA DOS IMBONDEIROS

O Jardim do Edem tem Baobás

LIMPOPO .A.SUL   

Directos a Punda Maria, infletindo para nascente em direcção a Kruger National Park, passamos ao longo da montanha de Soutpansberg tendo o rio, ora areia (sends) ora água, o Luvuvhu, um afluente do rio maior, o Limpopo.

Para minha surpresa percorremos bastantes quilómetros entre matas de pinheiros e árvores de frutos tropicais tais como abacates, mangas, papaias e outras indefinidas; Este percurso passando por Thohoyandou, uma grande cidade estendida entre suaves elevações já se viam nos arrabaldes povoados comparados ao Norte da Namíbia, casas modestas  com cozinhas  redondas separadas  do corpo  principal,  e um  cercado ao redor deste conjunto; aqui e

além um negócio do tipo “Cuca Shop” e, assim chegamos ao fim de Sexta feira dia 7 no calendário, aos portões do Kruger, “Punda Maria Gate”.

 

A partir da fronteira do Kruger começaram a vêr-se os tão anciados “baobás”, imbondeiros também designados de “big tree” com alguma estatura e folhas verdes; não demorou muito até começarmos a ver Kudus (Holongues) e um ou outra impala (springbok) distinguindo os machos das fêmeas pelo porte e chifres. Não é barato ficar nas casotas (embalas) com telhado em forma de lapa e em capim; dois pequenos espaços com duas camas cada, tendo uma cabine como banheiro, uma pequena geleira, um roupeiro mixuruca ao lado de uma base para colocar malas e pouco mais, tudo em uns escassos 10 m2 cada. A varanda era um passeio a dar para a picada asfaltada tendo uma mesa encostada à parede, duas cadeiras e um candeeiro a petróleo (xipefo). Em dois dias, pagamos de instalações mais as taxas de ingresso para 3 pessoas e carro, o monto de 3180 Rands; Seria mais confortável e mais barato ficar de fora do parque e entrar só para a visita diurna mas, o nosso interesse era ficar dentro do Kruger  para sair à tardinha e por três horas percorrer zonas de difícil acesso  em carro todo o terreno 4*4 em “Night Drive”. De farolim, varrendo a mata, sobressaltamos vários animais presos á nossa intruza luz. Valeu a pena porque deu para seguir ainda no lusco-fusco uma leoa procurando presa; foi a primeira esperiência no gênero e ao vivo.

 

PUNDA MARIA CAMP 

Após a primeira noite dormida em Punda Maria entre os dias 7 e 8, rumamos  a Norte pela via longitudinal do Kruger H1-8 até Pafuri, um lugar designado de “Hipo Pool” na derivação S63 junto ao rio Limpopo, ou melhor o encontro do rio Luvuvhu com aquele.

Andados alguns quilómetros, um gigantesco elefante solitário impediu-nos a marcha por uns 15 minutos e, só depois de se afastar no arvoredo, podemos continuar. E, vimos impalas, zebras, springboks e uma avestruz isolada no meio duma vasta anhara.

O maior encanto foi deparar com vários imponentes imbondeiros que bordeavam a H1-8; de braços para o ar, os baobás estavam abraçando-me de saudades antigas. Fotografei alguns da mesma espécie dos das savanas Angolanas, ao redor do Kwanza e na fronteira Sul ao longo do rio Cunene, do Cubango ou Okavango a desaguar no Delta do Botwana e também o atravessando a faixa de Caprívi. 

Satisfeitas as recordações paramos em Pafuri, um lugar de descanço e feitura do típico brai Sul Africano, o nosso chorrasco e, também ponto de observação a moradores do rio, hipópotamos, búfalos e jacarés. Na escarpa da outra margem do Luvuvhu lá estava um corpulento búfalo enlameado de vermelho feito pedra num charco, enxotando moscardos impertinentes com rabo e orelhas.

 

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:32
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Quinta-feira, 27 de Maio de 2010
AMÉRICA . I

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

O SONHO AMERICANO

 A portrait shot of a serious looking middle-aged African-American male looking straight ahead. He has short black hair, and is wearing a dark navy blazer with a blue striped tie over a light blue collared shirt. In the background are two flags hanging from separate flagpoles: an American flag, and one from the Executive Office of the President. BARACK OBAMA

A rapidez com que na América um pobretão deixava de ser miserável, levou a que de todos os cantos do mundo para alí fossem tentando fortuna; a terra do Tio Sam de cartola alta à moda de Lincoln atraía uma geração de esfomeados, fugidos da Europa no após guerra, o faminto servo da gleba, o degradado, o moleiro, o remendão de sapatos, o funileiro, pedreiro ou ferreiro, aquele povo miúdo que vivia ao redor dos feudos tomavam ar de gente grande, ser alguém na América. Naquela parte do Novo Mundo não era estranho um amarrotado da vida, um zé ninguém vindo sabe-se lá de onde, tornar-se rei: rei do pão, rei do ferro, rei das galinhas poedeiras ou até mesmo um rei do petróleo.

As cantilenas de Marx comunista contra o capitalismo não conseguiam em plenitude subverter a antiga ordem das coisas e, nos Estados Unidos a pobreza, aos olhos do mundo, tornava-se obscena.

 

Pela 13ª Emenda dos Estados Unidos aprovada em Dezembro de 1865, a servidão voi varrida do país em lei, mas não na vida real. Abraham Lincoln em um célebre discurso afirmou que a  América, “eram uma casa dividida, meio livre, meio escrava” e propôs mesmo aos libertados negros que retornassem à África, porque ele, pessoalmente, não acreditava que algum dia os brancos aceitassem a igualdade racial. Prevendo muito sofrimento da parte destes, prometeu auxiliá-los na viagem de regresso mas, eles já não tinham nem país, nem casa para onde voltar; desde 1600, vivendo na América não saberiam aonde desembarcar. Eram americanos, nada mais tinham a ver com o continente negro.

Os estados do Sul fizeram letra morta daqueles direitos  e declarararam inválidas as 14ª e 15ª Emendas da Confederação; em Atlanta e Geórgia usavam bíblias diferentes, não podia olhar pela mesma janela dos brancos, os comboios tinham carruagens para brancos e para negros em separado e por todo o lado, restaurantes, hoteis, lanchonetes ou bebedouros, se podia ver placas de aviso “ only for white” ou “only for blacks”.

 

Os negros são convocados para servir o exército e lutar nas guerras, mas impedidos de votar e de frequentar uma escola pública com os demais brancos. Num dia primeiro de Dezembro de 1955, no Alabama, uma costureira negra chamada Rosa Parks, negou-se a sair do lugar do autocarro que tomou ao regressar a casa; este lugar reservado a brancos levou-a à esquadra da polícia  infringindo as leis segregacionistas. Martin Luther King, um jovem advogado de 25 anos virou uma celebridade ao defender aquela Rosa negra levando o tribunal federakl a revogar tal lei segregacionista. Luther King ainda teve a felecidade de presenciar a assinatura da lei dos direitos cívis “Civil Rights Act”  sancionada pelo presidente Lyndon Johnson em Agosto de 1964. O Dr Luther King que recebeu o prémio Nobel  em 1964,  findou-se na vida por assassinio em 4 de Abril de 1968 em Memphis.

Agosto de 1964 foi em realidade o fim da escravatura nos Estados Unidos ou a aquisição total dos deireitos de cidadânia aos negros.

Quarenta e quatro anos depois, os americanos, votam para presidente um cidadão de sangue negro,  um Afro-descendente. Barak Obama.

 Ali tudo anda rápido!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:27
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Quarta-feira, 26 de Maio de 2010
GOLPADAS . I

O KIMBO DO PUTO

Temos um pequeno e desgraçado país …“ OS TINHAS”

 AS ESCOLHAS DO SOBA

Os discursos optimistas de Sócratas e seus agregados, no meio do descalabro económico, torna-se no mínimo patético: Aí está o resultado de fazer do Estado uma máquina geradora de facilidades para contemplar os ideais socialistas. O povo que o escolheu uma 2ª vez não está isento de culpas.

O “crash” da crise económica no Portugal 2010 é um bom despertar dos valores abandonados pelos Tugas após um inebriante sonho do após 25 de Abril de 1974 numa “onda socialista” em que o “enrequecimento bateu à porta dos mais espertos”. Os Tugas tornaram lícita essa actuação por via do voto.

Do Soba T´Chingange

 

CLARA FERREIRA ALVES   

 

Edição do Expresso . ÚNICA . Abril de 2010

 

Somos um pequeno e desgraçado país. Não somos pequenos e desgraçados porque sempre fomos. (…) Tivemos os fundos europeus e a absorção de um milhão de retornados. Tivemos colónias, ouro, escravos e uma história que não nos envergonha. Temos uma longa e estabelecida nacionalidade. (…) Temos uma identidade e uma cultura e uma língua falada por milhões.

Temos 800 km de praia e sol. Temos muitas razões para sermos felizes e, não somos.  Somos um pequeno país que (…) aniquila a qualidade e promove a incompetência, que deixou que a administração pública fosse tomada de assalto por parasitas partidários, por gestores imorais e por políticos corruptos ou que fecham os olhos e promovem a corrupção como forma de manutenção do poder. Somos um país sem esperança onde nada avança e nada acontece.

Sai-se da pátria e regressa-se à pátria e as notícias são as mesmas; é como se o mundo girasse e nós parados. À esperança do apocalipso. (…)

Leio as notícias sobre o extraordinário salário de António Mexia, da EDP, os 3,1 milhões anuais , e penso o que pensa uma pessoa normal: não vale a pena. Os velhos morrem de frio no inverno porque não têm dinheiro para pagar “a luz” e o senhor energia tem um salária igual ao dos melhores 200 gestores americanos. Numa empresa falsamente privatizada que floresce num regime de monopólio e em que o Estado é o maior accionista. E aquilo é o salário, fora os benefícios e os cartões. Fora as reformas e as pensões. A permanente resignação perante a imoralidade é que nos torna passivos, fracos, assustados, irresolutos e cúmplices da delapidação do nosso dinheiro. E um governo socialista autorizou isto e promoveu isto. E pior do que isto. Não se trata de premiar o mérito, trata-se de premiar a estupiez. Porque deixamos isto passar. (…)

Em Portugal, deixamos de ter simbolos e não temos modelos. O português mais influente é um jogador de futebol. O segundo mais influente é um treinador de futebol. E ponto final. Temos uma elite sofrivel e uma classe política sem cultura política nem histórica ludribiada por autodidactas ou por rapazes com cursos tirados no estrangeiro que chegam a Portugal com um objectivo: enriquecer. Enriquecer à custa do partido, do padrinho na banca e do Estado. De nós. E a justiça trata de si e dos seus privilégios. Somos um pequeno e desgraçado país.

As escolhas do

Soba T´Chingange

 

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:07
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Segunda-feira, 24 de Maio de 2010
LIMITAÇÕES DE VIDA . II

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

CHICO XAVIER

Num Pambu N´jila de Uberaba  de Minas Gerais, Chico Xavier conciliava-se em vida espiritual ouvindo e vendo holográficas personagens de N´Gola recordando momentos épicos dos Matumbolas ora numa ilha distante com Camões, ora ouvindo Simbi e N´kuuyu na ilha da Mazenga á sombra de coqueiros e casuarinas. O exotismo dos trópicos atraia membros da Kianda e Mutakalombo.

Cantando, à gente nossa, gente vossa, que a Marte tanto ajuda, as Musas, as Tágides, as Ninfas e até as Kwangiadas protegidas pela Kalunga, retemperavam mudos intervalos de tertúlia, refrescando-se nas águas  da baía de São Vicente com o deus da guerra, filho de Juno e de Júpiter guardião dos exércitos troianos e mais tarde dos Portugas. Em todos os Janeiros na Praia do Gonzaguinha pode encorpar uma destas figuras históricas, fusão de verdade, mística e lenda de figuras do passado e sentir bulir em seu corpo o prazer da poesia, do amor, da alegria e tristezas por mares nunca dantes navegados.

Não é por acaso que os Portugas comeram os cabedais que o diabo amassou, tiveram de rapar os cabelos infestados de piolhos, ficar sem dentes deviado ao escorbuto e limpar o cu num pincel cebeiroso infestado de chatos e jimbos, coisa ruim que seca matubas; de bom mesmo, só as musas da costa brasileira de longos cabelos e de vergonhas ao leu como as Caetés e Tupinambás (Os mesmos que comeram o primeiro bispo do Brasil na foz do rio Cururipe de nome Pero Sardinha)

Já no conforto de sua modesta casa em Pirituba da Boa Viagem quase no sopé do pico Jaraguá, Ridlav exigiu de mim uma dedicatória. Escrevi na página de abertura uma frase já conhecida: - "Aqui, ali e no além com Chico Xavier recordando: - uma primavera sem andorinhas é o mesmo que uma vida sem amizades". Selava assim a missiva de amizada peregrinada na vontade de querer  transladada de Santiago e Vinhas del Mar em Chile, Buenos Aires em Argentina e Maceió das Alagoas no Brasil.

Mas, acrescentei algo mais àquela dedicatória :

- Um ideal não pode ser uma eterna prisão; há segredos, ideias ou ideais que motivam a ansiedade e despertam descobertas do desconhecido.

- Acredita-se que toda a gente tem poderes psíquicos mas, sabe-se que a grande maioria não chega nunca a ter consciência das suas próprias capacidades sensoriais.

 

GLOSSÁRIO. Todas as palavras salientes.:

Kianda: - Espírito das águas na forma de sereia, ritos de Angola; Mutakalombo: - Espírito das águas com incidência nos animais que nela vivem, divindade das águas; N´Gola: - Palavra bantu que quer dizer Angola; Marte: - Deus da guerra na mitologia Romana, filho de Juno e Júpiter, amou Vénus de forma adultera pois esta era mulher de Vulcano, foram presos por uma rede por Vulcano, tiveram um filho de nome Cúpido, o amor prendeu-os na eternidade; Simbi: - Espíritos ancestrais saídos do Kikongo com dois firmamentos, céu o lugar de deuses e terra, domínio dos mortais, na hierarquia espiritual são os avôs dos vivos; Nkuuyu: - são os espíritos pais dos vivos; Pambu N´jila: - Espaço místico, agente de ligação entre o espaço físico e místico, encruzilhada elo que liga os seres aos Minkisi , os elementos fogo, água, ar e terra; Mazenga: - Ilha das cabras, Ilha dos loandos, ilha dos N´zimbos ou Ilha de Luanda; Kalunga: - divindade abstracta podendo ter a forma humana que preside ao reino dos mortos, em Umbundo é um Deus, em Kimbundo é o mar, sereia na forma de homem musculoso tipo o Adamastor dos Lusiadas, quando alguém é levado pelo mar ou pela Kalunga faz Uafu (morreu nas águas), é uma jura de última instância apelando a kalunga; Kwangiadas: - musas do rio Kwanza; Matubas: - Testiculos, pop. tomates; Matumbolas: mortos vivos, vivos mortos, espíritos ou guias espirituais que surgem aos médiuns eleitos.

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:04
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Sábado, 22 de Maio de 2010
MOKANDA AOS T´CHIKUKUVANDAS . XII

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO  

        O projecto de Nelo

        O fiel depositário de Sakapwma* (Seu Pai) 

 

 SAKAPWMA . FILHO

 

PROPOSTA DE PROJETO

A- Criação de um local onde ficariam todas as obras - ilustradas e catalogadas.

      Elas, narrarão em escrita e em imagens (objetos, fotos, filme)  a  história do nascimento da tribo

      Lunda - Kioco; seus usos, costumes, ritus, etc. - Uma obra inteira forte, completa para estudo e

      conhecimento.

B- Elaboração  de  um livro  completo  que  registará  esta  obra, podendo ser desdobrados em dois  tipos

  • Um luxuoso, próprio para Museus, colecionadores, etc.
  • Outro mais simples, para escolas e alunos. 

C - Construir  fora  do  espaço  físico do  acervo,  uma  autentica  aldeia  indígena  com  a  ajuda  de

      nativos  e, com os dados das fotografias e  aquarelas, descontraidamente,  os estudiosos e visi-

      tantes se poderiam sentir na África tradicional, abrangendo o máximo possível do teórico.

 

D - Uma oficina  onde  escultores  angolanos  de  matriz  Kioca e  brasileiros motivados para tal, em

      parceria com fundações  como a dos Palmares e  Quilombos, iriam  ensinar  para  as crianças, a

      verdadeira  arte, raiz de seus antepassados  no campo da Arte e Foclore,  recurperando  danças

      típicas da Lunda e África em geral.

 

Esta obra, concluída, agregaria  informações  de  todos os  trabalhos  que existem espalhados pelo

Brasil, que dizem respeito à cultura Kioca / Tchockwe,  até o nossos dias.

 

 

 NO QUILOMBO

T´Chingange  com o  Sr. Sarmento  (Director do Museu Maria Mariá 

- Zelador do Morro da Barriga de Zumbi e Quilombo dos Palmares) 

 

Acreditamos que havendo contacto entre o Governo do Presidente Lula e os vários países da África em geral e Angola em especial, todos se orgulharão de ter no Brasil o resgate de suas raízes.

Obter colaboração diplomática por via deste projecto de outros povos oriundos do Senegal, Togo,  Costa do Marfim, Kénia, Guiné, Nigéria, Congo e tantos outros, preservando a CULTURA E HISTÓRIA AFRICANA, o Brasil multirracial, poderá ser uma referência para o resto do mundo.

Quer-se uma obra dinâmica  em crescendo que atravessará os anos e sempre, agregadora duma união e orgulho patriótico e porque não sonhar com um local tombado como patrimônio histórico tendo “Belo Horizonte como a capital do mundo negro e branco micigenados” em valores fortes.

Será também uma homenagem aos fazedores desta linda pátria verde,amarela e azul num arco íris de vida traduzida em mazombos, pardos, mulatos, cafusos, mamelucos, cabritos, matutos, cátires, galegos  ou simplesmente morenos.

Homenagem versada do soba:

Kiocos esquecidos do arco e lança

Deixam-se consumir no nome

Da civilização que desintegra

A raiz do ser e seu viver

 

Sakapwma Acácio tu o previste

Zumbis  mutalos* sacrificando gentes

Cultos e esculturas de antigos kimbos

Amoralidade irreversível do tempo.

 

* mutalo: - É o espírito das pessoas que são mortas pelos feiticeiros  sem que N´Zambi  mande. Este ordena-lhes que regressem aos seus corpos nas sepulturas, mas à noite dá-lhes a faculdade de matar quem eles bem entenderem.

zumbi: - Apresentam-se na forma de pigmeu pretovisto de longe; de perto parece feito de cacimbo cerrado sem qualquer outro dedo que não seja o indicador – cheira muito mal (tipo caluviaviri) e, têm os pés ao contrário

 (Final)

José Manuel Primo Videira (Nelo)

Revisou: O Soba T´chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:45
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Sexta-feira, 21 de Maio de 2010
GLOBÁLIA . II

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

AS “ONG’S” E  A HIGIENE RACIAL . I

 ESTÁTUA DA LIBERDADE . MACEIO

Por detrás da estátua da liberdade estão os herdeiros da antiga Companhia das Indias Ocidentais e seus piratas, projectando domínios novos através das Organizações Não Governamentais (ONG´S); na falácia de velhos impulsos apelam à intelectualidade, a preservação da Natureza, criam bancos que fomentam a expansão subsidiada a troco de zelar as espécies, as etnias gentílicas, o solo, e paulatinamente, fazem lideres, organizam manifestações e revoltas, criando instabilidade nos povos, curiosamente de predominância católica, mais propriamente os agora conhecidos países dos “PALOP´S “, Países de Língua Oficial Portuguesa.

Tudo começou lá para trás no tempo, quando os Britânicos, precursores da ´”ONGS”, ainda não as designavam assim. No final do século XVIII, criaram a “ASI”, (Anti-Slavery Internacional); actuava como uma “ONG” supostamente dedicada no combate à escravidão, o meio ambiente, direitos humanos anti esclavagistas e dos indígenas. O “MST”, (Movimento dos povos Trabalhadores rurais, Sem Terra) no Brasil de hoje, surge com o apoio de base filosófica dessa que foi a verdadeira primeira “ONG”.

 

Na Grã Bretanha surgiu a seguir, a “Sociedade Geográfica das Nações” que, com o fim de catalogar o mundo desconhecido e mapear esses novos territórios, contornou verdades roubando a Portugal um vasto território chamado de “Mapa cor de Rosa”, que ligava Angola a Moçambique, do oceano Atlântico ao Índico. É sabido que Inglaterra adquiriu aquele vasto território por meio dum Ultimatum dirigido a Portugal e, este, enfraquecido com tricas políticas internas cedeu a este velho aliado desde as lutas Napoleónicas; e foi com a conivência do líder Alemão Bismark que determinaram o abandono por Portugal.

Perante tanta cobiça armada, Portugal não tinha outra solução senão encolher o rabo entre pernas, e deixar que tomassem conta dum vasto território assistindo de dentes arreganhados à divisão de África; dividiram-na com régua e esquadro com fronteiras separando povos Bantus que sempre o tinham sido até então, fazendo tábua rasa aos feitos dos exploradores portugueses tais como, Hermenegildo Capelo, Roberto Ívens, Silva Porto e Serpa Pinto. Não tiveram em conta estes, e tantos outros sertanejos conhecedores da nascente do rio Cubango, Okavango, Zambeze e Nilo muito antes de surgirem os Ingleses Salisbury e Litvingstone.

 

A Bélgica que nada tinha feito em África coube-lhe o vasto território do Zaire tendo às pressas enviado o explorador Stanley que subindo o rio Zaire, aportou um pouco mais acima das quedas aonde Diogo Cão já havia esculpido pedras na segunda metade do século XV, ou seja quatrocentos anos antes. O Rei do Congo e rainha Ginga já tinham nomes cristãos e relações de governação e comércio com o reino de Portugal.

A França, pouco antes daquela divisão de África mandou a propósito e, quase nos finais do século XIX o explorador Braza; só por isso foi-lhe oferecido o território da agora República Popular do Congo com capital em Brazaville em homenagem àquele explorador.

Um grande território como o Brasil (já independente), em África, era imperioso que não se tornasse uma realidade. As imergentes potências europeias assim determinaram e, assim foi!

Bibliografia: A máfia Verde – (EIR) – Executive Intelligence Review; Como eu atravessei a África – Serpa Pinto

 (Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:03
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Quarta-feira, 19 de Maio de 2010
PAMBU N´JILA

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

      O SOBA E O KIMBO  . 2010

       

        Exercitando vida feliz

A filosofia fundamental no trato com simpatia às gentes do Kimbo, das obrigações de amizade dando sem nada exigir aos demais, num exercício de compreensão expontânea, é a função dum soba que se preze; ter o previlégio de sorrir encorajando os demais com a luz do discernimento é já em si, um contentamento, uma alegria, uma kizomba.

Sêr senhor dum Kimbo é poder resgatar alegria de viver aos companheiros sem impôr deveres, nem obrigações, num encontro exacto edificante de valores novos, extirpando o despeito, a inveja, o azedume ou a critica no convívio do “Jango”, espaço místico do convívio social, um Pambu N´jila salutar.

Se todos nós capacitarmos em prodigios de equidade extirpando o “ressentimento” na covivência com os outros,  fulgirá em nós certamente, uma maior fraternidade.

 

Pambu N´jila nesta mokanda, corresponde ao espaço fisico do Kimbo de Lagoa, ligando este à mistica das kiandas de Angola; uma ponte entre os seres humanos e o Minkisi, senhor dos caminhos que guardam os portões da nossa casa, nossa mente e nosso espaço como uma “Porta de Sol”.

Minkisi, ocorre e corre com fluidez, tem o saber do ontem, do hoje e do amanhã.

O espírito de N´zambi está connosco sempre que essa vontade é desperta na consciência de cada qual e, é por isso que o kimbo vai perpectuar-se nas estórias dos nossos Candengues, nossos notáveis M´bikas, Senhores nobres, Senhores ricos, Cipaios, Juizes da festa e do Povo, Embaixadores (baixas dores), Comendadores (encomendam dores), kimbandas e outros senhores kamalundus.

 

De Johanesburg afinando o VUVUZELA para a COPA DO MUNDO

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:07
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Terça-feira, 18 de Maio de 2010
LIMPOPO - I

 NA ROTA DOS IMBONDEIROS

        O Jardim do Edem tem Baobás

        N´Zambi a tu bane nguzu mu kukaiela - Deus  dá-nos forças para seguir

 

Saindo de Johanesburgo rumo a norte ficámos em Bele Bela (Warm Baths) por três dias; uma aprazivel cidade da savana  africana com cheiros de “biltong” e chá roybós. Nos banhos quentes “hot mineral spings”, eu e Ibib por sermos “pensioners” ficamos em um chalé totalmente equipado, com ar condicionado com um desconto de 50%; o agrado ficou por 625 Rands por dia e, internados no meio de espinheiras do Karo pudemos tomar o mata-bicho tendo como companhia um facochero, duas cabras do mato (springbok) e um bando de galinhas de angola que nos visitaram após o abrandar do cacimbo da manha.

A atenção de gente assistente foi esmerada e as piscinas com jacuzi de água quente e borbulhante, retemperaram músculos e disposição.

Três dias depois num suave calor de Maio rumamos até terras mais quentes de Makopane, Polokwane e Makhado, cidades antes chamadas de Potgietersrus, Pietersburg e Louis Trichardt, respectivamente. Depois da independência alguns nomes foram alterados para outros gentílicos conforme constam nas placas verdes da estrada N1. Esta via extensa que tem início na Cidade do Cabo a terminar em Messina na fronteira com o Zimbabwe tem portagem a partir de Pretória, indicada pela letra T  (Toll gate) encerrada num circulo. 

 PUNDA MARIA

Escutando falas em afrikaans dos “padeces” (Bohers) e outras dialectos como o TshiVenda, o Xi Tsongo ou o Se Pedi vamos afiando o ouvido sem captarmos nada. Ricar, o chofer às ordens e também meu  filho, resmunga a cada passo comigo por ser demasiadas vezes importunado por mim o chato da caravana. Justificadamente eu ia preocupado pois que em Bela Bela soube  que um parafuso especial para desmontar as jantes dos peneus tinha ficado no bolso dum outro casaco que ficou em Benoni, lugar de onde saímos. Seja o que Deus quizer!

Esta era a nossa misteriosa África de muitas falas, muitas crenças e mistérios insondáveis revistos em esculturas de madeira, pau ferro, barro e cerâmica cozida em fornos artezanais.

A quarta noite foi passada no mato já no seio do Limpopo, no município de Vhembe a uns 12 quilómetros de Makado e a 90 quilómetros mais a Norte de Polokwane. Foi na Nature Reserve Manavhela Bem Lavin não muito distante da via N1, numa palhota VIP de telhado lapa em capim, com ar condicionado, cozinha, varanda panorâmica para o rio de areia mulola “doring river” e dois quartos com 5 camas com o custo de 650 Rands. Aqui no “Muvuvhu main camp” vimos pela manhâ enevoada somente uma impala, uns mangustos, uns quantos macacos, bandos de rolas e muitos pássaros.

 BUFALOS . PERTO DE MOPANI

O chefe da reserva, um zimbabwano branco expulso da sua terra, que para aqui veio remodelar estas instalações, ficou satisfeito por sermos nós, portuguêses a estrear as instalações; também nos disse ter uma irmã casada com um português que por via da crise Mugabe foi forçada a ir para Portugal; Realmente, as instalações cheiravam a tinta fresca e, ainda não estava totalmente apetrechada. Os cortinados brancos, estavam pendurados sem amarras defenitivas com enfeites de madeira nos extremos representando cabeças de animais e aves noturnas com orelhas estilizadas que mais pareciam chifres. Faltava uma torradeira, faca de cortar pão, panos de cozinha e outros pequenos detalhes que à saida apontamos à simpática recepcionista Mathema Makoia tendo-nos agradecido e ofertado um livro com todos os parques da região do Limpopo com mapas e  indicações uteis.  Até anotou o seu numero de “cellphone”  0735902957, não fossemos nós ter alguma contrariedade e ficarmos sem apoio, razão para reafirmar que esta áfrica tem mistérios e encantos que só a aventura de livre correria pode mostrar-nos.

Molhei o dedo na boca e indiquei-o para cima decifrando de que lado estava o vento, coisas de caçador; iamos caçar imbondeiros no sentido do vento, fiel a um sonho maluco.

Sukuama!...

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:49
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Segunda-feira, 17 de Maio de 2010
MOKANDA AOS T´CHIKUKUVANDAS . XI

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO 

        O projecto de Nelo

        O fiel depositário de Sakapwma* (Seu Pai)

                                      

     Nelo . Sakapwma filho 

 

É importante deixar claro que esta obra está toda catalogada, com informações fidedignas, tiradas da observação de Acácio durante 28 anos e que por si só, dispensarão estudos e pesquisas profundos com especialistas tendo gastos exorbitantes para identificar as obras e suas relações. Meu pai seguiu o conselho do Iminente Doutor Câmara Cascudo “Acácio, nunca leia livros sobre esta cultura, escreva o que viu”    

O contacto directo com a obra é imprescindível, para se poder avaliar a força do acervo.

 

RESUMO DA COLEÇÃO:

 

Património genuinamente Africano:

51 cachimbos; 43 facas; 60 pentes de madeira; 40 pentes de bordão; 37 pentes de escova; 38 mahambas - estatuetas de magia; 20 aparelhos musicais tsisange; 02 chocalhos; 04 mayombos; 03 apitos; 09 cestos; 07 bandejas de adivinhação; 07 máscaras; 07 cachimbos - mutopas; 02 cartucheiras; 02 colares; 02 cabaças para condimentos; 18 diversos; 12 grupos de amuletos femininos; 01 máscara com ornamentos de conchas do mar.

TOTAL 336 PEÇAS.

 

- 2500 fotografias entre positivo, positivo com negativo e só negativo com os mais variados assuntos e já atrás referidos.

- 60 minutos de filme colorido em 8 mm, com actividades diversas, cerimônia da Mukanda (circuncisão) e do ritual secreto do Mongongue.

- O valor deste património é etnográfico - cultural - artístico - histórico / temático.

 

Património criado por Acácio Videira (Sakapwma):

01 Painel; 40 guaches; 30 máscaras em madeira; 30 estatuetas em madeira; 10 peças em marfim; 09 outras peças em madeira e bronze; 26 aquarelas; 26 obras em nanquim e aquarela representando armadilhas e 11 obras em nanquim que representam armadilhas.

TOTAL 184 PEÇAS.

 

- O valor deste Património é etnográfico - cultural - artístico – histórico / temático.

 

Com o Artista Acácio Videira morre um dos últimos baluartes do conhecimento profundo desta cultura, é a sabedoria ancestral preservada nesta coleção e no vigor da criação artística.

 

(Continua...)

José Manuel Primo Videira (Nelo)

Revisou: O Soba T´chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:13
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Domingo, 16 de Maio de 2010
LIMITAÇÕES DE VIDA . I

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO 

       

  CHICO XAVIER     

 

Johanesburgo 29 de Abril de 2010

Seis dias atrás estava do outro lado do oceano peregrinando-me por São Vicente, primeira vila do Brasil fundada por Martim Afonso; pisando pedras do passado buscava no escuro do tempo as verdades de hoje acocoradas na forma de pedras, fundação de um submundo esquecido de 2 a 3 metros de profundidade. Sobrepostas e repostas, as pedras, em épocas diferentes, falam silêncios dos tempos idos em simples prospectos que o senhor Marcos, antropólogo avulso passava para as nossas mãos .

Querendo varrer da memória conceitos de sofriveis gentes, dividendos, coisas oficiosas, do formal ou informal protagonismo ganho do lucro oprimido, quero agora acupar-me dos pequenos tédios, pequenas alegrias, pobre e livre quanto baste.

Os detentores do poder  e mando, forçam-nos a entender que nos podem tornar estúpidos, fazer coisas inúteis, divagar sem sentido, minudências, ir andando certo e, sem mais nem porquê torcer caminho, mergulhar os pés num atoleiro.

  O Soba com Martim Afonso

No embrião do acto generoso da vida, nunca tive a certeza absoluta de estar certo  na conduta do dia a dia. Por imperativos de leis feitas por mortais como eu, gente falível, renego por vezes pedaços de estranhas verdades ou absurdos menos claros, baixo a cabeça humilhado ou ultrajado, não raro, experimento impotente raiva de pedra fria como a daquela escavação do primeiro lar de Martim.

Após tirar uma foto com um Martim Afonso, manequim ricamente vestido e enegrecido do tempo e, como que conduzido por suas mãos eu e Ibib, mais os amigos Ridlav e  Enaile fomos até ao 5º andar do "choping  center " assistir ao filme  "As Vidas de Chico Xavier"

Emergindo lentamente das trevas como mortos dum horrivel momento, também como Cristo ressuscitamos em cada nova pascoa, em cada novo Abril; oprimidos pelo óbvio,  justificamo-nos pela inércia ou preguiça, ofertando as tarefas a anseios alheios.

Liberdade completa ninguém disfruta. Como Chico Xavier, sentimos também apertos de simpatia com mãos de felino, perfídias embrulhadas em sorrisos  envoltos em gaze ou celofane no pão de cada dia perdoando  humildemente, não sete vezes, mas setenta vezes sete. 

 O Soba . Ibib . Eniale . Ridlav        

O que tiver de acontecer, acontece, dizia eu seis dias atrás relembrando o início da nossa amizade na terra distante de Santiago do Chile e, eis que ali e agora aconteceu entrarmos numa livraria após assistirmos ao impressionante exemplo de fé e caridade demonstrado pelo médium Chico Xavier. Escolhi o livro tema do filme e Ridlav buscou um outro mais volumoso psicografado pelo próprio Chico. Informalmente, resolvi oferecer ao meu amigo, aquela escolha por via de fazer 41 anos no dia seguinte, um Sábado, 24 de Abril.

Naquele vinte e três de Abril, uma Sexta Feira, numa cidade chamada de São Vicente, reduzi-me  a um simples espírito ofertando tal obra. Existe em cada um de nós momentos destes em que  o pensamento foge da folha petreficando mizériazinhas que nos envolvem no dia a dia como as pedras que originaram aquela cidade fundada pouco depois do ano 1500.

 

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:20
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Sábado, 15 de Maio de 2010
GLOBÁLIA . I

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        O sistema financeiro mundia

 

 O SONHO AMERICANO

Por detrás da estátua da liberdade pode ver-se a sércia de muitos arranha-céus, uns reluzentes, outros empinados como charutos quadrados, que dão guarida aos gurus económicos de todo o mundo. Ali, os engenheiros financeiros e sociais, dão volta ao cérebro criando métodos de conquista, lá aonde for necessário.

O país mais rico do mundo, os Estados Unidos da América, não consegue viver com seus próprios meios e toma de empréstimo 2 biliões de dólares por dia de países mais pobres

O sistema financeiro mundial funciona mal, especialmente para os países em desenvolvimento. O dinheiro escorrega na direcção errada, indo dos pobres para os mais ricos, tendo no topo a USA.

 

Os países pobres como Portugal têm de suportar as crises que se tornaram um modo de vida e, que estão por detrás de erros do sistema financeiro mundial. No tempo de Salazar havia reservas em ouro para sustentar o escudo. Descobriu-se nos anos mais recentes que o papel-moeda dólar poderia ser convertido tendo o ouro como lastro. Por cada dólar  ou euro de papel moeda o governo ou banco central deve ter um dólar ou euro em ouro. Foi assim até que os americanos descobriram novas engenharias na base da confiança ou créditos, o mesmo dizer que as ilusões passaram a fazer parte de mentes ambiciosas vendendo projectos ou sonhos.

 

O que os EUA recebe dos países em desenvolvimento via sistema global de reserva, é mais do que dá de ajuda a eses mesmos  paises

Portugal alinhou nesta via americana excedendo a usura junto à banca dos “gringos“ no intuito de tirar dividendos e, deu-se mal com a insolvência de vários bancos. Aqueles fabricantes de inchaço financeiro, ficaram sem lastro e nós os pobres cidadãos dum inocente país, por tabela, fomos apanhados com as calças na mão com o (forever) desprotegido; obrigam-nos agora a encher o vazio espaço do lastro roendo-nos o salário, as compras mais elementares situando-nos na cauda do desenvolvimento com um PAC - pacto de estabilidade e crescimento à perna. Belos (FDP) governantes!

 

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:52
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Sexta-feira, 14 de Maio de 2010
DIVIDAS ENVENENADAS

 FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

         Portugal – O Congo Europeu

 

PROMOÇÃO PORTUGAL!!!! FORTE ONDULAÇÃO

 

Mobutu Sese Seko enquanto presidente do Congo contraiu empréstimos de potências ocidentais e instituições financeiras no intuito de ser gasto em desenvolvimento tais como estradas, hospitais, escolas etc; mas o dinheiro da dívida acumulado em oito milhões de dólares reverteu em seu proveito em contas bancárias secretas da Suiça e outros lugares, paraísos fiscais da Globália e também Portugal em emprendimentos no Algarve.

O objectivo dos emprestadores era comprar amizade ideológica na então guerra fria e, impedir que o Congo vendesse sua amizade à União Sovietica assegurando por outro lado o sucesso económico das empresas ocidentais explorando os recursos naturais daquele país.

Após a morte daquele ditador foram os cidadãos do Congo a pagar suas dívidas.

 

Em Portugal após 1975, os governos sucessivos democráticos e até aos dias de hoje  não fizeram mais do que o mesmo Mobuto ditador do Congo. Hipotecaram Portugal tendo como matéria esplorativa os 10 milhões de cidadãos pois outra coisa não tinham a oferecer, exauridos que estavam com a entrega incondicional das colónias sem ao menos garantirem algum estorno pelas infraestroturas estatais e património de privados.

É lucrativo para as instituições financiadoras ou credoras alimentar a irresponsabilidade ou inabilidade de governantes sem veia de estadistas que a tudo recorrem para se manter no poder respaldados por sua suposta ideologia conjuntamentes com os parceiros algozes, oligarcas ou detentores de instituições à revelia do voto popular.

 A ordem com direitos e obrigações estão para os cidadãos em geral que não pertencem à nomenclatura do poder e partidos. O progresso é exatamente para um conjunto de de cidadõs que por voto ocupam um poder, do qual deriva bem estar à casta dominante que lhes dá guarida e proteção social; é inerente dizer-se que o compadrio anda de mãos dadas com as corruptas actitudes de poder.

Os socialistas são eximios executores dessa prática comprometendo os restantes milhões de portuguêses a cumprir acordos de compromisso com potências, organizações ou instituições oferecendo-os como mercadoria.

 

Os salafrários governantes socialistas e opositores de conveniência, honram contratos com  aquelas instituições bancárias premiando a corrupção; dando benesses em forma de quotas de participação à corja instalada nas administrações de instituições públicas e privadas. A contrapartida desses empréstimos é colocarem no mercado produtos dessas potências como carros de última gama (ferraris por exemplo), máquinaria diversa para equipamento industrial, agricultura ou outros de âmbito social e até fornecimento de géneros de consumo de primeira necessidade, frutas tropicais, produtos do mar, roupa e bugigangas. O TGV é uma sequência desta análise; não poderam recuar aos contratos assumidos sem o consentimento do povo português e,… vai-se fazer!

A questão, não é apenas se as dívidas devem ser pagas ou respeitados os contratos honrados, mas se as instituições e os governos dos últimos anos devem ser responsabilizados no que resultou ficar-se em regime de estado de sítio que tende a perdurar.

Não obstante tudo o exposto, os últimos governantes são homenageados com as maiores honrarias e comendas pelo mais elevado cidadão, o Presidente da Répública. Tome-se como exemplo Santana Lopes que foi homenageado com a medalha da Ordem do Infante D. Henrique.

Neste estado de sítio caótico e de falência, haveria que mudar as regras a fim de de se salvar a democracia.

 

Hoje, 14 de Maio, continuemos a rezar a Nossa Senhora de Fátima para alterar este estado de coisas.

Da lavra do

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:00
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Quinta-feira, 13 de Maio de 2010
2 ANOS DE KIMBO . 13 DE MAIO

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

A        Limpopo . Na rota dos imbondeiros

 

 

Punda Maria, 2010-05-13

Abeirando-me do remanso do rio Luvuvhu bem junto do encontro com o rio Limpopo num lugar chamado de Pafuri, vi do outro lado um corpulento búfalo; encharcado de lama abanava o rabo e as orelhas para se distinguir das pedras buriladas ao seu redor. Aqui, estava no canto dos limites da fronteira entre os países de África do Sul, Moçambique e Zimbabwe de Robert Mugabe (o tal presidente vitalício por sua vontade).

O rio Luvuvhu ia barrento por resíduos levados das encostas férteis da cadeia de serras Zoutpansberg que começa lá atrás na cidade de Makhado, município de Wembe até por aqui, dentro do kruger Park. O “river” barrento, apresenta-se irregular esquindivando-se em rápidos e charcos empestados de crocodilos, búfalos, hipopótamos e  400 espécies de pássaros.

Estava fazendo um hino à vida no centro da Mama África tão ignorada no resto do mundo. Pafuri que quer dizer em  Swahili o “Jardim do Eden” tem além de muitos animais, espécies raras de árvores tais como o baobá, o nosso Imbondeiro, a Marula que dá o melhor licor do mundo, a Jackal Berry, a Angola pitta ou a magestosa Acácia Caffra.

Encardido de rugas em pele mulata, conduzo o meu txova xitaduma a caminho do Punda Maria aonde irei pernoitar. Enxotei um elefante da pista “main road” com uma vuvuzela; espantado e abanando as orelhas contrafeito pisou o capim para fora  do asfalto.

Esta manhã assim que o sol se pós atrás das espinheiras com o capim pintado de cacimbo noturno, sentei-me à frente da cubata em forma de lapa com capim da anhara ouvindo rugidos longinquos de indistintos animais, zurros de zebra e chilreio de passarinhos que me enchiam a mente de lindos e variados cantares. E lá estava saltitante o Ornbil Monteiro´s de bico desajeitado pulando na base do imponente Imbondeiro.  

 

Procurando o lado melhor das coisas, circunstâncias e a outra face das pessoas, conservava assim o coração agradecido a Deus para as aflições não me deteriorarem os sentimentos. Certas afeições no mundo, abandonam-nos em caminhos, afundando-nos em desânimo para nos ensinar que a provação é a alavanca psicológica do espírito.

E, lembrei-me do Kimbo, da longinqua Kizomba embrulhada na bruma dum torpe orvalho triste, dum país retrocedido tão cheio de restritivas competências.

Tal como eu, Fininho de nome, como um pau de papaia, torce-se todo e, em esforço de girafa esganiçada, sopra palavras ininteligíveis para o mufana wakuluka (gordo e ainda  jovem) entorpecendo-lhe o andamento na gordura sobejante.

Ambos pararam de cansados na sombra de Maruleira depois de aparar o capim estripando estórias antigas que ouviam falar aos cakuanas, madalas e chicoxanas. De quando em quando lá entendia uma palavra em português; afinal eram Moçambicanos.

De tanto ouvir a maruleira, já falava sózinha de tanta sabedoria ali contada; no tempo de quando ainda se podia cortar carapinha com gilette reforçada a caco de vidro! Lá no Xipamamine.

-Verdade mesmo! Afirma o Fininho só de nome, do Xipamanine, contando os rands da bassela  e, que num repentemente se calou quando viu que eu, o soba mazombo afinava melhor os ouvidos.

Deixei-os a falar sózinhos  guardando em seguida o xipefo. Em seguida seguiria na rota do Limpopo via Pafuri.

 

Glossário:

 Txova xitaduma – carro (de mão- Moçambique); Xipamanine – mercado; Ornebil Monteiro´s – pássaro de bico curvo, saltitante e do tamanho de uma catatua; mufana – rapaz, jovem; maruleira – árvore que dá a fruta marula; cakuana – avô;  madala – homem idoso; chicoxana – ancião com sabedoria, século (Angola); bassela – gorjeta; xipefo – candeeiro; Vuvuzelacorneta de plástico  de som forte e perturbador (a usar na Copa do Mundo por Portugal e Brasil); Rands – moeda da àfrica do Sul equivalente aproximadamente a nove Euros.

 

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:33
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Quarta-feira, 12 de Maio de 2010
olho vivo

Kizombeiros;

Em tempos que já lá vão, em terras de chã da abrótea, fui empossado no cargo de conde do grafanil, conjuntamente com os restantes membros, com as respectivas insígnias, na presença de vários membros e convidados, um número elevado de presenças, sendo presenteado com um belo repasto, não faltando o dito cujo “Ungulo “ com a serventia de gentes de terras de Vera Cruz, uma organização belíssima do nosso companheiro Mebika, que desde já e mais uma vez agradeço.

Constatei, que alguns dos convidados a este ato, ficaram de tal ordem entusiasmados com a nossa confraternização que, manifestaram o desejo de aderir à Kizomba, para que se sentissem mais enquadrados e nela pudessem participar.

Essa vontade expressa, não passou disso, não houve diligências nesse sentido, espero que num futuro próximo, aquando do regresso do soba, que anda por terras quentes e com perspectivas de escaldar, possamos empossar os novos membros, nos respectivos cargos que o soba já delineou.

Aproveitar para convidar, os que então faziam gosto na sua aderência e torná-los efectivamente kimzombeiros, em toda a sua plenitude.

O fato do soba já ter delineado os cargos, não se encontra concluído o processo, porquanto, devem ser colocadas as respectivas insígnias, com a presença do ungulo, e todo o resto do processo, com a dignidade que merece, não podendo faltar o bébéu, para fechar o ato.

Pode demorar mais um mês ou dois, mas acho que se deve manter a tradição, vamos aguardar serenamente.

 

O conde do grafanil  J.V.

 

PS. Amanhã é dia de aniversário do Kimbo.

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:36
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Segunda-feira, 10 de Maio de 2010
Olho vivo

Aproxima-se mais um aniversário do KIMBOLAGOA, a exemplo do que escrevi em véspera do aniversário anterior, manifestando o desejo para que os kizombeiros participassem mais, constato hoje que isso não aconteceu. Reitero o que na altura disse, os Kizombeiros andam adormecidos em matéria de escrita, deixando o soba e só ele puxar a carroça. Para ele, junta o útil ao agradável, passa o tempo e cultiva-se, mas devo confessar que é no mínimo desanimador, e, vou transcrever na íntegra o que por ele foi escrito a título de complemento dos meus comentários pela altura do aniversário anterior, para reflexão.

Então aqui vai. E eu acrescentaria, lançou os foguetes, apanhou as canas e dançou ao som da kizomba.

Percorri bem cedo o meu jardim  a fim de compor um ramalhete de flores a lembrar um ano de existência do KIMBOLAGOA. Juntei dignidade com vontades da natureza e reuni alecrim com tomilho, rosmaninho, goivo-da-praia, madressilva, estevas, trovisco e pés-de-burro e fiz a festa no topo da falésia.

Apaguei a vela do bolo e elaborei as alvíssaras a enviar aos súbditos, gentes das estepes ventosas, guardadores de razões sempre presentes e tal e qual aqui ficam os agradecimentos.

1-  Ao Rei do Grafanil, portador dos búzios.

2 - Ao Embaixador do Kacuacu, o maior jacaré da Catumbela com o nome de boniboni.

3 - Ao Exmo Visconde do Mussulu, portador da Cartilha de Cienfuegos, dono da mata de maboques e Embaixador Itinerante da Globália

4 - Ao Cipaio-Mor N´Dalatando, medalhado com a catana dourada pela criação deste Kimbo após inúmeras experiências no seu acelerador de partículas.

5 - Ao Quimbanda cipaio Comando-ninja HN, guardião da Torre do Zombo e seus zumbis.

6 - Ao Exmo Juiz da Festa, Jamba, algures em terras de Vera Cruz, Espírito Santo.

7 - Ao M´fumo Manhanga, que não deixou secar a cacimba.

8 - Ao Barão do Limpopo que relembrou Xi-Línguine.

9 - Ao Juiz do Povo que esteve atento às agruras da Roda Dentada.

10 - Ao Duque do Maculussu, que se perdeu entre garinas M´Boas  no bombordo da sua caravela.

11 - Ao Marquês da Figueira Rocha  que perdeu o Ga na Kizomba; aparece sempre quando há Ungulo.

12 - Ao exmo senhor da Abrotea, galardoado com a catana dourada.

13 - Ao Comendador de Vales D´el Rei que faz vida negra ao Ximba (o tal das ideias Salazarentas)

14 - Para a  Exma Dama de Ferro Agudo, que dignifica a Távola  do Zombo por ter muito  a ver com o treze de Maio, a data maior do Kimbo.

15 - Ao súbdito Ximba que passa as agruras do Inferno massacrado pela Roda Dentada.

16 - Ao súbdito Carmo, Senhor das Trevas Urbanas do Sambizanga da Luua e Icolo-e-Bengo.

17 - Ao Senhor Rico, Ex-Governador do Moxico  que às vezes dignifica a Távola com a sua presença.

18 - Aos Antónios da Globália e Alagoas  nas terras do Lampiâo.

19 - À Dona Rosa, Duquesa do Paraíso algures num lugar conhecido por Massagueira em terras de Lampião.

20 - A todos os Maconginos da Globália e dos barracões.

21 - A todos os Maianguistas, gente do Rio Seco e Malhoas.

22 - Aos leitores do Kimbo  que encontram algum gozo em nos contactar.

 

Uma moeda tem duas faces, quando mostramos uma, a outra não deixa de ser verdadeira; não é por não se ver que deixa de ser no seu todo, uma moeda.

 

Um grande bem-haja soba até breve

O conde do grafanil



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:20
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Quinta-feira, 6 de Maio de 2010
Olho vivo

 

O famoso grupo kizombeiro

 

Como já foi explicado nos seus primórdios, este grupo começou por um almoço entre dois amigos que se repetia às terças-feiras, que foi engrossando, hoje, conta com cerca de duas dúzias de participantes e com perspectivas de ir aumentando, daí ter nascido posteriormente este blog “Kimbo de Lagoa.”, para ir dando algumas noticias de eventos, o que tem falhado, mas fica a promessa dessa correcção.

É hábito, sempre que entra um novo elemento para o grupo ter que pagar a gasosa e ser vistoriado pelo veterinário, de modo a certificar-se dos cascos e outras coisas.

É tradição, que os aniversários sejam festejados, ainda que se possa adiar de forma a conciliar com um maior número de presenças, não podendo faltar o respectivo ungulo, bolo de aniversário e para encerrar o brinde do bébéu, coordenado pelo conde do grafanil.

Posto isto, quero aproveitar para esclarecer que parte destes elementos da kizomba, também estava ligada à roda dentada de Lagoa, que se tem vindo a desmoronar mês após mês, creio até que emperrou definitivamente. Estou convicto, a ser verdade, que tudo isto se deve ao facto de muitos dos seus elementos, não lhes estar incutido o verdadeiro espírito, para aderir à roda, cujo lema era “ fazer bem sem olhar a quem”.

Agora, alguns dentes da roda, estão tendentes a deslocarem-se para junto da Rocha-Mar, onde sempre se sentiram melhor ambientados, não deixando de injectar o ferrado no vizinho do lado, isto sempre foi assim, uns com o proveito e outros com a fama, mas, apliquemos o provérbio Africano “A chuva bate na pele do leopardo, mas não tira as suas manchas”.

Constato que o número de kizombeiros vai aumentando, para a kizomba é motivo de satisfação e orgulho, não pelos almoços em si, mas pelas pessoas que normalmente se juntam ao grupo, pelas conversas que ali se desenrolam e sobretudo pelo convívio que é proporcionado.

Aproveito para mandar um abraço ao soba de Portimão que de vez em quando nos honra com a sua presença, por vezes com algum sacrifício, é meritório e devo concluir que vale mais quem quer do quem pode.

Um grande abraço, até breve

O conde do grafanil  J.V.

                             

 

 

 

 

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:00
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Terça-feira, 4 de Maio de 2010
Vale a pena ver

http://kimboangolafeiticeira.ning.com/group/noticiasdeangola/forum/topics/a-realidade-angolana



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:09
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Segunda-feira, 3 de Maio de 2010
...

Olho Vivo

 

Acontecimento recente, embora se repita anualmente

 

Decorreu no passado primeiro de Maio, um almoço convívio do pessoal da Caala, que se realiza todos os anos desde 1976.

Este ano, teve lugar na Mealhada mais propriamente no restaurante O Licínio, contando com a presença de duzentos e cinquenta caalenses e acompanhantes, aproximadamente.

Não se pode considerar um número de participantes muito significativo para o que é habitual, contudo, se considerarmos o momento de crise actual e a distância que nos separa, sou forçado a concluir que foi razoável, no que me toca, tive de percorrer cerca de 1.000 km.

Quanto ao repasto em si, foi maravilhoso, começando com um bacalhau e acabando com leitão, como não podia deixar de ser, não estivéssemos na Mealhada, não falando nas entradas, sobremesas, digestivos, etc. No entanto é de salientar, que ninguém se deslocou certamente pelo almoço em si, mas sim pela convivência e pelo ambiente que norteiam estes encontros.

Antes do almoço, houve concentração junto à Câmara Municipal, cerca das 11 horas, para os habituais abraços, cumprimentos e para pôr a escrita em dia, houve ainda a necessidade de apresentações, pois naturalmente os que estiveram mais de 40 anos sem se verem, foi difícil à primeira, aliás, foi o meu caso, os cabelos brancos, os anos, enfim, a velhice. O primeiro argumento, a cara diz-me qualquer coisa mas não estou a ver, após dizer sou fulano, logo surgem os grandes abraços e o recordar os velhos episódios, as peripécias etc. Os velhos tempos do Clube Recreativo da Caala, onde se organizavam grandes bailes, aliás, o almoço foi musicalmente animado por alguns dos elementos desse tempo, onde tive a oportunidade de ouvir algumas músicas da altura, que desde essa época não ouvia.

Os Caalenses, quer os que lá nasceram quer mesmo os que por lá viveram uns anos, era notório o espírito de união, de convivência, de organização, de entreajuda, sempre que era necessária a mobilização, todos respondia à chamada, esse espírito, ainda hoje lhes está incutido. Considero uma mais-valia e de interesse extremo, manter estas iniciativas e de louvar quem organiza.

Quero deixar um abraço à Nanda Matos e Esposo, que vieram propositadamente dos Açores, à família Moniz, principalmente ao Conde de Manda, D. Adelino e Egas Moniz e todos outros com quem tive oportunidade de conviver, antes, durante e depois deste almoço festivo.

Bem-haja, um grande abraço à organização, sobretudo ao amigo Firmino.

Até para o ano.

 

O Conde do grafanil

Praia do Carvoeiro, Lagoa, Algarve

03 de Maio de 2010

 

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:00
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PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:56
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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