A Polícia do Rio de Janeiro prepara-se para invadir o Complexo do Português. Depois da invasão ao Complexo do Alemão a polícia do Rio de Janeiro está já a estudar a forma como vai tomar de assalto o Complexo do Português, uma favela com cerca de 10 milhões de habitantes, situada numa extremidade da Europa e sob domínio dos traficantes de influências. O complexo é dominado por vários bandos que dividem entre si o território: o bando da cavaca com vários gatunos ligados ao assalto a bancos, o bando do maroscas com grandes ligações ao bando da melancia e de macau, os bandos dos janelas em extremos opostos, os bandos do santo espírito e do mel, com ligações a todos, o bando do socas com ligações ao bando comercial e ao bando construtor através do lebre, o bando do avental que domina o bando sem juízo e vários outros. Alguns destes bandos estão em decadência mas ainda têm alguma influência e por outro lado, estão a aparecer bandos novos, ávidos de poder e com pressa de encher. Existem também alguns bandos pouco conhecidos, com perfis de actuação muito discreta mas de grande influência e lucro na favela.
A favela
A operação levanta alguns problemas porque, apesar de serem vários os bandos, não existem verdadeiras lutas entre eles, tendo a favela bem dividida entre si, havendo normalmente respeito pela zona dominada por cada bando. Só aparentemente e com intervalos de alguns anos, os bandos mais politizados aparecem a lutar pela organização da favela, aspecto verdadeiramente importante entre eles porque permite a entrada em novas zonas ou em zonas de outros bandos. Mesmo assim conseguem sempre um patamar de entendimento sobre o sistema de domínio da favela. Têm um sistema de leis que os protege, com vários túneis por onde fugir no caso da polícia entrar. Acontecem também algumas denúncias mas muito limitadas porque todos têm esqueletos nos armários. O que é particular nesta favela é o facto serem permissivos à mudança de pessoas de uns bandos para outros, havendo pessoas que começam num bando onde estagiam antes de se mudar para outro mais rentável. Também existem pessoas que são nomeados pelos bandos para estarem à frente de bancas e que vão rodando de bancas sendo sempre nomeadas para uma banca qualquer, mas por bandos diferentes. Este tipo de elementos por vezes parece pertencer a um bando, depois sai e depois colabora com outro pelo que, nunca se sabe bem aonde pertencem. São, no entanto, normalmente fiéis ao sistema, pelo que, deles, a polícia não consegue qualquer ajuda. Esta permissividade social entre os bandos gera uma teia de cumplicidades que está a causar dificuldades à polícia no assalto ao complexo.
O CRIME
Existem inclusive famílias com elementos espalhados por vários bandos. Também preocupa a polícia brasileira o facto de haver muitas ligações a máfias internacionais, o que permitirá ajudas e apoio em caso de fuga. Existem inclusive antigos elementos de alguns bandos a dirigir bandos estrangeiros, como é o caso do cherne. Foram construídas nos últimos anos vários caminhos rápidos e túneis o que permitirá uma fuga rápida em caso de invasão, razão pela qual a operação está a ser muito bem preparada, sendo esta considerada a favela mais difícil de entrar. Os elementos mais jovens dos bandos, os bandalhos, têm uns gangs de rua, com organização semelhante à do bando que não são mais que escolas de tráfico de influências e de ascensão rápida, de forma a prepará-los para a actividade dentro dos bandos, designada por bandalheira. Estes bandalhos são usados para fazer alarido, quando necessário.
O Chato do Xissa
AS ESCOLHAS DO EMBAIXADOR
HONORÁRIO DE MACEIÓ - CRF
"Os critérios de selecção hás vezes falham!!!"
IRENA SENDLER
|
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“3º Império – Nome de banga”
Mobutu Sece Seku N´gbenga Wa Za Banga
A história de Angola colonial começou a ter foros de emancipação por alturas do segundo quarto do século XX com o Quibanguismo. O fundador deste movimento foi Simão Quimbango tornando-se num dos movimentos mais perigosos dado o seu cunho nacionalista-racista. Esta chamada seita pelas autoridades coloniais destacou-se entre os Tocoistas moderados tendo grande representação popular entre o Uíge e o Zaire. Simão Quimbango dizia-se inspirado por Deus, com a missão de salvar os negros; é nesta seita que a maioria dos militares e membros da FNLA se encontram inseridos; são-no de características xenófoba comprometendo todos os Bacongos, os mesmos que até canibalismo cometeram quando do início da luta a 15 de Março de 1961.
O ENROLAR DA BANDEIRA . FIM DA KIZOMBA COM OS 3 MOSQUETEIROS
Comendo peixe seco do Puto com funge, quiabos, mandioca, jimboa e saca-saca com óleo de dendém e jinguba moída, o calulu era apreciado com bolunga suave ou se quiserem t’chissângua feita pelo soba a recordar o kimbombo ou substituindo o marufo das palmeiras do profundo Dinge perdido no meio da mata do Mayombe. Relembrando amigos e, entre amigos das terras de África alguém relembra as diabruras do mando negro e das peculiares africanizes na pessoa de figuras exóticas como Idiamine ou Mobuto. Aquele exótico presidente que surgia com o seu chapéu feito de pele de onça e portando sempre um bordão trabalhado à boa maneira tribal, decidiu alterar em dado momento o nome de seu país e de Republica Democrática do Congo passou a chamar-se de Zaire, Leopoldeville para Kinchassa, mexendo mesmo no seu nome passando de Joseph Desiré Mobuto para Mobuto Sece Seku N´gbenga Wa Za Banga. Creio ter sido a partir daqui que os Kaluandas passaram a usar este termo como sendo coisa de estilo, giro ou de boa pinta (é a semântica da coisa).
Tarzam Taborda - Lobo da Costa - A ILHA DOS VEADOS
Os Kizombeiros do reino de Manikongo, neste repasto de Calulu, foram dissertando sobre temas curiosos e as excrescências bacocas, até infantis de gente só de nomeada mas, no fundo crianças com banga de adultos dando uma de senhores plenipotentes; matumbos de outros tempos, felizmente distanciados da figura de José Eduardo dos Santos que se tem mostrado moderno e até descortinando abertura às realidades actuais da Globália. E, demos uma viva final por Angola, levantamos os copos num “Ginga Malaia”, fizemos votos e xingamos ao toque do chocalho. Pintamos o caneco a recordar vivências antigas como num qualquer quintal dos Coqueiros. Até lembramos o Lobo da Costa e o Tarzam Taborda, já desfalecidos no tempo dos mirangolos.
( Continua…)
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DO KIMBO
“Discursos de Tuiavii"
O PAPALAGUI NO SEU BAÚ
Cabanas há, é claro, com maior número de baús. Como também há cabanas onde cada criança, e cada servo do Papalagui, possuem o seu próprio baú. Há-os até para os cães e para os cavalos. Estes baús de pedra encontram-se em grande número e muito próximos uns dos outros; nenhuma árvore, nenhum arbusto os separa; encontram-se ombro a ombro como homens, e em cada um deles há tantos Papalaguis como numa aldeia de Samoa. Do outro lado, à distância de uma pedrada, encontra-se uma outra fila de baús, igualmente ombro a ombro e habitados por homens. Entre essas duas filas há uma estreita greta a que o Papalagui chama «rua». Essa greta é, às vezes, tão longa como um rio e coberta de pedras duras. Muito se tem que andar, primeiro que se encontre um sítio mais desafogado; mas é aí precisamente que vêm desembocar outras gretas. Têm o mesmo comprimento dos rios de água doce e as suas aberturas laterais são outras tantas gretas de pedra, semelhantes às demais. Pode-se assim deambular dias inteiros entre essas gretas antes de se dar com uma floresta ou um naco de céu azul. Nunca, no meio das gretas, se vê na realidade, a cor do céu.
FLORES
São as ruas que comportam enormes caixas de vidro onde estão dispostas todas as coisas de que Papalagui necessita para viver: - panos, ornamentos para a cabeça, peles para os pés e para as mãos, provisões de comida, carne, alimentos a sério como sejam os frutos, os legumes, e muitas coisas mais. Tudo ali está para tentação dos homens. Mas ninguém tem o direito de tirar o que quer que seja, mesmo em caso de extrema necessidade; para isso é preciso ter recebido uma licença especial e feito um oferenda. Nessas gretas, o perigo ameaça por todo o lado pois não só os homens caminham em tropel, como circulam e galopam a cavalo em todas as direcções ou se fazem também transportar em grandes baús de vidro que deslizam sobre rampas metálicas. O barulho é enorme. Fica-se surdo dos ouvidos, por via dos cascos dos cavalos e dos pés dos homens cobertos de peles duras, que ferem as pedras do chão. Resumindo: - baús de pedra com os seus muitos homens, fundas gretas de pedra para um lado e para o outro, quais mil e um rios, com seres humanos lá dentro, barulho e estrondo, poeira negra e fumo por toda a parte, árvore alguma no horizonte e nada de céu azul, nada de ar puro ou de nuvens – a isto o Papalagui chama uma «cidade», criação de que muito se orgulha; dos que ali vivem, muitos há que nunca viram uma floresta, um céu lavado ou o Grande Espírito, face a face. Todas as ilhas de pedra estão ligadas entre si por caminhos já traçados. Mas pode-se também viajar num barco terrestre, comprido e estreito como um verme, que cospe fumo sem parar e desliza com grande rapidez sobre uns fios de ferro, com mais rapidez do que uma canoa de doze lugares em plena corrida.
A CIDADE
O barulho é enorme. Fica-se surdo dos ouvidos, por via dos cascos dos cavalos e dos pés dos homens cobertos de peles duras, que ferem as pedras do chão. Resumindo: - baús de pedra com os seus muitos homens, fundas gretas de pedra para um lado e para o outro, quais mil e um rios, com seres humanos lá dentro, barulho e estrondo, poeira negra e fumo por toda a parte, árvore alguma no horizonte e nada de céu azul, nada de ar puro ou de nuvens – a isto o Papalagui chama uma «cidade», criação de que muito se orgulha; dos que ali vivem, muitos há que nunca viram uma floresta, um céu lavado ou o Grande Espírito, face a face. Todas as ilhas de pedra estão ligadas entre si por caminhos já traçados. Mas pode-se também viajar num barco terrestre, comprido e estreito como um verme, que cospe fumo sem parar e desliza com grande rapidez sobre uns fios de ferro, com mais rapidez do que uma canoa de doze lugares em plena corrida.
Do Livro: O PAPALAGUI – discursos de Tuiavii, nos mares do Sul; Recolha de Erich Sheurmann
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“O silêncio de Ai-Ais”
CASAS NO HOBAS DO FISCH RIVER
Num amplexo olhar dum cenário de largos horizontes e pontos verdes de muchito, aí estava o Namibe. Em alturas despertinas há dias em que a beleza é tão avassaladora que magoa, como qualquer coisa mágica que despoja o ego dos humanos. E, não é só no Namibe que esta atitude volátil acontece e embevece; idênticas paisagens podem ser observadas em todo o Caroo, Costa dos esqueletos ou Naukluft os quais percorremos fascinados
Naqueles dias de correria louca num quatro por quatro éramos donos do que víamos; tudo era nosso na vastidão. Da doce vista das areias eternas entrecortadas com tufos de capim sobrevivente do nada, havia em nós um misto de atracção e raiva carregada de adrenalina. O medo protector balançava alegria escondida e também curiosa tranquilidade impregnada de um silêncio pacificador; a coisa nunca sentida fora deste mundo, empolgava-nos a existência num esmagador pórtico dum além sem fronteiras, de para além-de-tudo ou as terras do fim do Mundo.
ÁRVORES DO Ai-Ais
Éramos uma mini-tribo procurando experiências de vida num ermo só nosso. Éramos cinco despeitados “Tugas”: Pai, mãe, dois filhos “angolanos” e uma parceira genuinamente metropolitana dos sete costados partilhando vontades. Todos sequiosos, desbravando o nada como se, se nos procurássemos ali e, naquele agora.
De Sul para Norte depois do Orange River, descansando no “Ai-Ais” e subindo o Canyon do “Fiche River ” procurou-se pinturas rupestres, pegadas de dinossauro e vestígios de meteoritos. No meio de triliões de anos petrificados, rosnávamos ininteligíveis admirações brilhando argumentos tirados à pressão duma imaginária visão. Há noite, entre zunidos e guinchos vindos da negra escuridão em assalto nocturno, olhávamos as fagulhas saltando da fogueira explodindo térmitas; improvisando jantar, assamos carne de “Orix” e “Biltong” que gulosamente deglutimos com rega de cerveja “Ansen”, “Whindooek Laager” e chá “Rooibos”. Já mortos de sono, dávamos por findo o dia atirando pedaços de ossos aos quase inofensivos chacais que de olhos brilhantes nos metiam susto no lusco-fusco do escuro. Estávamos no majestoso deserto do “Caroo” , um fragmento do Calahári.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“3º Império - Guerra de Tuji”
CAIXOTES-DE-REGRESSO
A FUA, Frente Unida Angolana foi criada pelo Eng.º Dáskalos, Ernesto Lara Filho e o Eng.º Falcão; este último teve a alcunha de Falção por via de tendencialmente ser um lacaio do MPLA, não tendo o aprumo de se distanciar da onda dita “comuna”. Não obstante toda a agitação provocada pelo FMA (Movimento das Forças Armadas) e toda uma chusma de parasitas, uns cabeludos anárquicos à frente de politização do Processo de Revolução em Curso (o famigerado PREC). Estes foram enviados à pressa pelo MFA a Angola em ajuda ao MPLA, politizando as massas e ensinando aos jovens pioneiros as técnicas de luta. Em verdade, já existia uma massa crítica de elites entre a sociedade Angolana que de forma coesa demonstrava alguma determinação; o suficiente para consumir o poder colonial e os novos generais de Aviário. Embora fosse o MPLA a força multirracial mais credenciada para representar Angola, a preocupação dos “talentos políticos no Puto" de então tiveram pressa na entrega das “peças coloniais” e por pouco não “passaram a ferro” uns muitos retornados que mostrando alguma rebeldia lá por Lisboa, foram contidos na ameaça de execução no Campo Pequeno. O General de Aviário Otelo Saraiva de Carvalho teve a desfaçatez de alvitrar esta cagança a conter gentes desesperadamente afoitas, até que se deu o 11 de Novembro.
ALGUNS JÁ MORRERAM
Recuando um pouco no tempo, convêm recordar que em Angola, 60 % da população tinha nascido em Portugal e que entre estes, a percentagem de analfabetos era 10 vezes menor do que a existente entre os metropolitanos. Aqueles que concluíram um curso superior constituíam mais do dobro dos da metrópole. Todos estes tinham casa com água e luz e retrete enquanto as gentes idas da metrópole tinham por hábito ir ao barranco mais próximo despejar a tripa junto às couves. Não vem daqui um grande mal mas convêm dizer o quadro rústico-medieval que emanava das ruas das terrinhas do Puto feitas nitreiras a céu aberto. Em Angola as bactérias andavam mais rápido e não se podia curtir o estrume dessa forma nem recolher o surume para as hortas. O Puto, país minúsculo, exaurido, atrasado e sem recursos no solo ou subsolo, só nos tinham a nós para explorar: Os Angolanos. Angola era então o 4º produtor de café a nível mundial; poderíamos ter em Angola olivais, pomares, vinha, e industrias mas, o proteccionismo do e, para o Puto travavam ousadias. Verdadeiramente estávamos condenados a um retorno ao Puto sem troca, fornicados e mal pagos, uma guerra fomentada, e, uma muito feia mentira que convém desmistificar. Como uns filhos da Puta, uns sem-terra ou sem-nada ficamos literalmente entregues a nós próprios, frágeis quanto baste, explorados até ao tutano com caixotes de dinheiro de merda chamadas de Angolares. Chegados ao Puto deram-nos em troca e, por adulto 500 escudos para acudir emergências e um cobertor da Cruz Vermelha. Triste sina, esta de se ser português?
(Continua…)
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DO KIMBO
“Discursos de Tuiavii”
o Tuiavii na aldeia com sua mulher
Os homens têm sempre o pescoço e as costas muito tapados. Um cavalheiro (alii), usa do pescoço até aos peitos um pedaço de pano caiado, do tamanho de uma folha de taro (folha de uma planta). Por cima disso, coloca um aro alto, igualmente branco, o qual enrola à volta do pescoço. Passa, através deste aro, um bocado de pano colorido (gravata), dá-lhe um nó como os que prendem os barcos, fura-o com um prego de oiro ou uma pérola de vidro e deixa isso tudo dependurado sobre o escudo do peito. Muitos Papalaguis usam igualmente aros caiados nos punhos, mas nunca nos tornozelos.
O Papalagui mora como o mexilhão do mar, dentro duma concha dura. Vive entre pedras, como a escolopendra (deve ser caranguejo ou lagartixa) entre as fendas da lava. Tem pedras a toda a volta, de lado e por cima. A sua cabana assemelha-se a um baú de pedra posto ao alto; um baú cheio de cubículos e de buracos. Entra-se e sai-se da concha de pedra por um mesmo sítio. O Papalagui chama a esse sítio «entrada» quando entra na cabana, e «saída» quando sai, muito embora uma e outra sejam exactamente o mesmo. A maior parte das cabanas (baús) é habitada por maior número de pessoas do que as que há numa só aldeia de Samoa. É preciso, por isso, saber-se exactamente o nome da família (aiga) que se quer visitar. Porque cada aiga ocupa a sua própria parte do baú de pedra, no cimo, em baixo ou a meio, à direita, à esquerda ou mesmo em frente.
Ilhas Samoa . Antes e depois do tsunami
Além disso, na maior parte das vezes, uma aiga nada sabe da outra, mas mesmo nada, como se entre elas houvesse, não apenas uma parede de pedra, mas Manono, Apolima e Savaii, as 3 ilhas de Samoa, e inúmeros mares. Muitas vezes mal sabem o nome das que lhes estão ao lado e quando se encontram, ao entrar para o abrigo, cumprimentam-se de má vontade ou zunem, quais insectos hostis, como se estivessem zangadas de se verem constrangidas e viverem perto uma da outra. Quando uma aiga mora lá em cima, junto ao telhado da cabana, temos que trepar em ziguezague ou à roda, através de vários ramos, antes de chegar ao sítio onde o nome da aiga estiver escrito na parede. Vemos então uma graciosa imitação de um mamilo de mulher, o qual devemos premer até soar um grito que fará vir a aiga. Esta, graças a um buraquinho redondo e gradeado aberto na parede, vê se não se trata de um inimigo; só depois, abre. Se reconhece um amigo, desprende logo um grande batente de madeira solidamente fechado a cadeado e puxa-o contra si, o que permite ao visitante entrar por essa fresta na cabana propriamente dita. Cada baú tem o seu fim próprio. O baú maior e mais claro destina-se às fonos (reuniões) da família ou ao acolhimento dos visitantes; há outro que serve para dormir. É aí que se põem as esteiras, isto é, que as estendem sobre um estrado de madeira com pés altos a fim de que o ar passe por baixo delas. Num terceiro baú, tomam-se as refeições e fazem-se nuvens de fumo; no quarto, guardam-se os alimentos. Cozinha-se no quinto, e toma-se banho no último, que é o mais pequeno, e também o mais belo cubículo. Está enfeitado com grandes espelhos, o chão embelezado com uma camada de seixos multicolores e, mesmo ao meio há uma grande bacia de metal ou pedra na qual corre água fria ou água aquecida ao sol. É nessa grande bacia, maior mesmo do que o belo túmulo de um chefe de tribo, que uma pessoa se mete, para limpar, e lavar o seu corpo de toda a poeira dos baús.
Do Livro: O PAPALAGUI – discursos de Tuiavii, nos mares do Sul; Recolha de Erich Sheurmann
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“Xipala dos esqueletos”
FISH RIVER . CANYON
A fotografia tem o condão de nos suspender a felicidade num dado momento que no tempo se reflecte em traição. Aquele instante dum abraço amigo, amanhece nos anos de combinações de sonhos idealizados, leviandades desordenadas guindadas a outras latitudes. As generosas aventuras acumuladas num sótão ou vão de escada, numa caixa de sapatos ou um álbum de cadeado, mostram doces recordações e longa, longamente, recuamos ao tempo a recordar aquele abraço numa manhã chuvosa de quando do cais partimos rumo ao desconhecido deserto. O inesperado espírito de adaptação deu solução definitiva aos contornos e detalhes que o tempo desbotou em lugares vazios: um conjunto de existências aonde como um deserto, só resta o nada. Também entre nós nada existia, nem existiu e, amando-nos, fizemos tudo para cada um por si, esconder o que o coração ditava; nunca confessamos um ao outro que nos amávamos e, o sacana do tempo enrugou-nos os destinos até que, tardiamente soube que o teu eu te levara para destino incerto.
Foi neste então que deixei cair uma lágrima de ressentimento e, pedi-te perdão.
COSTA DOS ESQUELETOS
E, vem o vento e o ruído arrastando permanentemente ondas de areia fina que num repente se levanta entranhando-se nos cabelos, olhos e ouvidos; e outra vez o deserto infindável, contrastes de nada ondulando areia; lugares em que falamos coisas estúpidas e que não se entendem, inutilidades de cabelos varridos pelo vento. Dando tempo ao tempo, juntos, olhamos a imensidão daquele cenário belo e devastador, correrias de marujos não tragados pelas águas daquela “costa dos esqueletos”. Sobressaindo da areia aqui e além, mastros de velhos navios picam o ar saídos da areia em permanente labuta que vai e vem na água revolta. E é Diogo Cão e tantos outros que por aqui vagueiam que nem kiandas, espíritos de calunga enfrentando além do vento frio do deserto, hienas e chacais que se aventuram na predadora tarefa de limpar os ossos; os esqueletos macabros de caveiras de gente, bichos e peixes fantasmagóricos. A terra do nada do Ovambo, a Namíbia pertence por inteiro aos Namibianos mas, a paisagem pertence a quem a souber observar. Há muito que não vou a “Cape Crosse” e, sinceramente, sinto saudades desse cemitério, património da humanidade.
(...Continua...)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“ Campanha de Montevideu – Frutuoso Rivera”
Frutuoso Rivera
Frutuoso Rivera teve um percurso atribulado que o levou a batalhar, primeiro pela independência da Banda Oriental ao lado de José Artigas vindo a integrar-se depois no exército português de ocupação da Cisplatina (Uruguai). Na luta emancipalista contra os espanhóis destacou-se como um dos principais apoiantes do líder histórico José Artigas mas, ficou inscrito em nome grande devido aos enfrentramentos com as tropas espanholas a partir de 1811 e mais tarde, contra os Portugueses. Rivera foi o iniciador da luta de guerrilhas contra as forças ocupantes do General Frederico Lecor o que acabou por ser derrotado; aceitou a amnistia que lhe foi proposta abandonando Artigas, incorporando-se com as suas tropas ao exército português. Num movimento conhecido como a campanha dos 33 Orientais, Rivera aderiu aos antigos camaradas rompendo com as tropas brasileiras. Rivera demonstrou a sua coragem nas batalhas de Rincón de Sarandi da qual resultou a expulsão das forças brasileiras do território da Banda Oriental. D. Pedro foi forçado a assinar a paz com Rivera quando este invadiu o território de Missiones. Em 1828 foi proclamada a independência do Uruguai e, dois anos depois Frutuoso Rivera seria eleito o primeiro Presidente pela Assembleia Legislativa governando o país nos quatro anos seguintes.
BANDEIRAS DA BANDA ORIENTAL E DO ACTUAL URUGUAI
O Uruguai após esta data resvalou para uma guerra civil que se prolongou até 1851, período que ficou conhecido como a Guerra Grande da Sul América tendo envolvido tropas dos países vizinhos da Argentina e Brasil. Como estadista, Rivera, o primeiro presidente, não deixou obra marcante ficando dela a figura de um bom estratega e guerrilheiro de grande combatividade no campo militar. A maior tragédia contra os índios Charruas que foram objecto de massacre na sequência de uma cilada foi atribuída a Frutuoso Rivera. Termina assim, a descrição daquilo que foi o sonho Português da Cisplatina após a ocupação efectiva entre os anos de 1816 a 1823. Foi o princípio do fim do Segundo Império Tuga.
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DA CONDESSA DO KIPEIO
“ Uma coisa perigosa – 2ª Parte”
A Magia
Não nos enganemos: - O problema, está na divida - E isso tem proporções enormes e necessitamos de limpar todos esses balanços públicos e privados mas, todas as peças estão interligadas. Se o sector público limpa o seu balanço ao mesmo tempo que os sectores privado, toda a economia se despenha. É a chamada falácia da composição: - o que é bom para as famílias, para as empresas ou mesmo para o estado torna-se um desastre se todos o fizerem ao mesmo tempo. Então porque é que a maioria dos governos do mundo decidiram fazer exactamente isso? E todos em simultâneo?
Lembramo-nos do buraco de 2 triliões de dólares! A resposta àquela pergunta é a de que alguém tem de os pagar! Mas, especialmente os bancos, não o querem pagar. Assim os governos, ou têm de aumentar os impostos ou cortam os serviços públicos (o mais fácil) especialmente quando a política vêm com “um anel de virtudes” sobre o assunto… “AUSTERIDADE”; o sofrimento após a festa, mas é aqui que está a chave: - a ressaca da austeridade não vai ser sentida de forma igual na distribuição das receitas. No inicio de 2010, o fórum dos países mais desenvolvidos do mundo «Os G.20» apelaram a uma “consolidação fiscal amiga do crescimento”. É como um unicórnio com um saco de pozinhos de perlimpimpim. É uma ideia simpática mas é sobretudo uma grande treta!
Porquinho magro
Precisamente porque a consolidação não atingiu a todos da mesma maneira. Lembra-se dos 40% mais pobres da população que não beneficiam com o boom financeiro? Tudo o que receberam foi divida e ilusão de prosperidade. Eles são os únicos que realmente usam os serviços públicos, justamente os serviços que serão tão virtuosamente consolidados. E aqueles que estão no topo da distribuição de rendimentos e que foram os primeiros responsáveis por toda esta trapalhada? Esses não! Onde é que esta força virtuosa e de senso comum, que é a austeridade, nos leva? Deixa-nos num ciclo onde aqueles que menos ganham pagam aos que mais ganham, com os rendimentos estagnados e distorcidos, que perderam poder de compra numa economia escandalosamente desigual e instável. Há um nome para isto: políticas de classe. E, geralmente acaba mal. Esta ideia de “senso comum” de austeridade da redução da divida pública toda de uma vez através do corte dos Serviços Públicos, envolve uma gestão de equidade. Quem paga, e quem não paga? Aqueles que fizeram esta trapalhada não vão pagar, enquanto aqueles que já pagaram o salvamento dos bancos, irão pagar novamente através da austeridade. É por isso que a austeridade não é de senso comum. Além de um absurdo e, é perigoso. Tudo o que receberam foi divida e ilusão de prosperidade
Final
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“3º Império - Guerra de Tuji”
O magala do Puto
Após 1962, tínhamos pela frente mais treze anos de Colonização. Angola e nós éramos os colonizados! Portugal era a potência colonial e esta verdade tem de ser repetida muitas vezes para não adulterarem a história.
Para completar o quadro de tropas Angolanas teremos de agregar os FLECHAS de Cabinda, Os TE, tropas especiais de Alexandre Táti, e os GE, grupos especiais do Leste. Todas estas unidades de ex-guerrilheiros assalariados enquadrados nas Forças Armadas, ficavam mais baratas, e eram muitas vezes mais eficazes que as do Puto incluindo mesmo, as forças de elite dos comandos. Estes, aliados às forças regulares da incorporação de Angola, eram só por si a força militar suficiente para esta se governar sozinha.
Embora Mao Tzé Tung tenha dito que nenhuma guerrilha podia ser vencida pela via militar, a guerrilha de Angola em 1974 estava sem grandes hipóteses de vencer por lhes faltar o apoio das populações pois que eram estes que denunciavam a presença de “turras” na área.
Um oficil do PREC (1975)
PROCESSO DE REVOLUÇÃO EM CURSO (Uma merda de putos indisciplinados)
Os muitos dialectos usados do Cunene ao Chiloango eram só por si uma barreira tribal, tendo como entendimento o único elo: a língua Portuguesa. Qualquer angolano sem distinção podia percorrer o vasto território sem ter que se justificar, mostrar qualquer documento e não havia qualquer tipo de controlo por um qualquer agente militar ou policial. Quem disser o contrário está a mentir com os dentes todos; claro que me reporto aos últimos anos de gestão Tuga. Cresci, estudei e brinquei com mulatos, cafusos, cabritos, indianos, cabo-verdianos, brancos de 2ª ou mazombos e, até namoramos com as mesmas miúdas; fui preso só de fingir junto com o meu amigo Batalha retintamente preto, porque saltamos o muro dum gweta da Vila Alice, p’ra roubar gajajas e maças-da-índia quando regressávamos a casa vindos da Escola Industrial de Luanda; coisa de candengues, mesmo.
A autodeterminação era uma ambição comum embora nem todos a justificassem do mesmo modo. O tempo, poliria as excrescências bacocas.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“MEMÓRIAS PETREFICADAS”
Naukluft . Soussuvlei
Na memória dos dias felizes vem-me à lembrança os dias passados nos desertos da terra do nada a que chamam de Namibia. Com medo de estragar as recordações dum mar de areia fina, movo finas camadas de nostalgia adormecidas na memória, de forma aleatória. Lembro-me de muita coisa dum cada olhar de duna ondeando a própria sombra como rugas conformadas com o tempo que não pára. Oiço também, às vezes, numa estranha pérgola, as estrelas e, a areia escorregando na ampulheta das nossas vidas; passeando a paisagem dos silêncios no “Naukluft”, sigo e até persigo as ilusões. Fora dali, nem tudo é justo e nem tudo é falso mas o que em mim perdura além das rugas, é o deserto. Numa sociedade em que já ninguém tem tempo a perder no deserto, foi e, é ali que eu me preencho longe dos atropelos, mensagens, redes Net e Faceboock onde se oferecem amigos a granel; paletes, como dizem esses amigos que nunca vi.
NAUKLUFT PARK
Ali o silêncio fala sem cessar, sem exageros expostos na forma das fotos deles, dos filhos, sobrinhos, do cachorro e do tareco. Quero lá saber das férias deles na Serra Nevada ou Cuba, das suas biografias, dos amores antigas e actuais. “Esses jovens softs” que julgam ter o mundo a seus pés, que não suportam uma hora de solidão, arranjam drogas para correr rápido no mundo. Nenhum quer atravessar o deserto e descortinar as manhãs límpidas do seu próprio ser; adoram ser bombardeados de mensagens, e-mails e coisas supérfluas do mundo cósmico.
Já o Sol ia alto quando do jipe retirei a minha espada de tuaregue, qual aço de Toledo enferrujada, e acenei ao Marco meu filho, que subia a duna da milha 45 do Naukluft no Soussuvlei, rumo ao topo; Demorou umas três horas no subir e descer e é curioso: já se passaram uns onze anos, e nunca cheguei a perguntar-lhe se, se encontrou. Tenho vontade de voltar e ver aquele ondulado de areia silencioso num balão.
(...Continua...)
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DO KIMBO
“Discursos de Tuiavvi”
Como o corpo das mulheres e das jovens moças anda sempre tapado, os homens e rapazes ardem em desejos de ver as suas carnes, o que é muito natural. Pensam nisso noite e dia e falam muito das formas do corpo das mulheres e jovens moças, sempre como se o que é belo e natural fosse um grande pecado e só pudesse ser apreciado nos sítios mais escuros. Se as carnes fossem vistas abertamente já eram capazes de pensar noutras coisas impudicas. Enquanto a mulher possui inúmeros panos de festa em todas as cores que dão para encher vários baús e, gasta todos os seus pensamentos a ver se sabe que panos lhe agradam mais pôr hoje ou amanhã e, se este deverá ser curto ou comprido falando também com muito amor da espécie de enfeite que nele irá pregar.
O homem, esse, só possui na maior parte das vezes um único traje de festa e, quase nunca fala dele; este, usa o traje de pássaro ou seja, um pano muito preto que termina em ponta nas costas, como o rabo de papagaio dos bosques (o fraque). Também usam peles brancas à volta das mãos e peles à volta dos dedos fazendo um conjunto tão apertado que o sangue ferve.
Uma vista de Samoa
A carne é pecado, obra do espírito maligno, o diabo (aitu). Irmãos, poderá haver mais estúpido pensar? Pelo que diz o homem branco, deveríamos desejar tal como ele, que a nossa carne fosse dura como a rocha vulcânica e desprovida do seu belo interno! O que nós devemos é regozijarmo-nos pelo facto de a nossa carne ainda poder dialogar com o Sol e de podermos mover as nossas pernas como o cavalo selvagem, pois que nenhum pano a entrava. Regozijarmo-nos à vista da virgem que mostra o seu corpo em plena luz do Sol e da Lua. O Papalagui crendo-se obrigado a muito cobrir-se para esconder a sua vergonha, é parvo, é cego, é insensível à verdadeira alegria.
Em verdade os preconceitos e costumes apertados levaram o mundo Ocidental a seguir uma fé cega e virada para uma vida calvinista tão cheia de travões ao desenvolvimento do ser humano. Deixo aqui um louvor às terras de Brasil que em tempo de Carnaval festejam o Entrudo exibindo o que de melhor se tem, o corpo. As mulatas esbeltas devem uma atenção especial a este chefe Tuiavii, das Ilhas longínquas de Samoa, e os homens devem agracia-lo com a Ordem da Vida.
O Livro: O PAPALAGUI – discursos de Tuiavii, nos mares do Sul; Recolha de Erich Sheurmann
(Continua…)
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DA CONDESSA DO KIPEIO T.R.
“ Uma coisa perigosa – 1ª Parte”
MARCK BLYTH
O que significa isso de AUSTERIDADE? - É uma coisa que confunde a virtude com o vício. Isto teve início à dois anos atrás quando o sistema financeiro explodiu; a crise abriu um buraco de dois triliões de dólares no universo financeiro e ao todo, os governos mais ricos do Mundo, gastaram, emprestaram ou financiaram entre 5% a 20 % do PIB dos seus países para salvarem os bancos. Um período de austeridade para alguns provocados pelos fazedores de catástrofes; parece ser uma boa ideia para depois tirarem daí dividendos mas, para a maioria esmagadora dos trabalhadores do Mundo, não é assim. Seguindo o raciocínio lógico de que existe um activo, um passivo e um balanço patrimonial antes da crise de 2008, toda a gente acumulou dívidas; nesse então, fazia sentido endividarmo-nos. Temos por exemplo que os 40% mais pobres da sociedade Americana não tiveram aumento do salário real desde 1979. Estes dados não andarão muito distanciados dos países europeus e principalmente para os povos do Sul, ditos mediterrâneos.
As empresas, sobretudo os bancos fizeram o mesmo mas, os bancos, fizeram engenharia financeira para ganhar dinheiro; ao invés de pagarem as contas “alavancaram” as dívidas ou seja, perspectivaram-nas duma forma diferente. Alavancar, é um pouco como jogar ”o dobro ou nada” no blackjack; se ficou endividado com uma hipoteca, ficará à espera que a sua casa aumente, se achar que há uma grande hipótese do seu valor subir, pode apostar num “tudo ou nada” e arriscar uma hipoteca maior só que, tal como no blackjack, há sempre o risco de perder. Desta forma os bancos criaram montanhas de dívidas, alavancaram o seu valor umas vinte ou trinta vezes mais; é como se tivessem apostado todas as fichas no blackjack, cada ficha era apenas uma promessa de pagamento, então quando as coisas correram mal os governos acharam que tinham de intervir porque os bancos tinham-se tornado demasiado grandes para falirem e, foi aqui que os problemas do balanço começaram. Esta é a razão pela qual esta ideia de austeridade teve dificuldade em ser explicada e, em realidade reconhecer isto não é assim tão simples.
Se você está a alavancar uma divida e os seus rendimentos perdem valor, como a sua casa ou o seu portfólio de derivados do crédito à habitação ou mesmo se for o banco, o conjunto do seu balanço patrimonial vai afundar. Quando isso acontece, quer você seja o financeiro da empresa ou uma mulher-a-dias, caso tenha rendimento, vai querer diminuir a dívida para ver o seu plano financeiro emergir, em vez de gastar esse dinheiro. Isto nesta fase, significa que ninguém está a gastar e, é aqui que o governo é obrigado a entrar em cena. Se todo o sector privado está a tentar saldar as suas dívidas, então o governo eleva-as para compensar. A receita fiscal cai, logo o défice aumenta, os subsídios de desemprego disparam e o consumo público assume o lugar de consumo privado.
(Continua – 2ª Parte)
O Soba T´chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“3º Império - Guerra de Tuji”
Não abdicando do direito de nos manifestarmos livremente Eu, Liló, Ferreira e Daniel, Furriéis de Angola, fazíamos a diferença entre os camaradas do Puto e, cada um de nós duvidava de si mesmo de como seria o futuro sem nos libertarmos desta interesseira guerra. Com quatro Furriéis, aquela Companhia Independente espelhava o que se constituía apanágio e orgulho do povo português ao longo dos tempos, somando séculos; a mestiçagem já tinha a noção exacta de que esta guerra interessava aos grupos económicos como a Diamang, Cotonang, os Quintas, Mellos, Espírito Santo ou Conde de Caxias. O enriquecimento de oficiais do quadro e Generais do ar condicionado que tendo a mulher a seu lado transferiam tudo o que queriam para o Puto: -asseguradas estavam as propriedades de rendimento, a casa da praia e a quinta da santa terrinha garantindo uma choruda reforma; ainda não tinham finda uma comissão e já se estavam oferecendo para outra.
Os sargentos “Xicos”, na sua grande maioria, ficavam dentro de portas, dentro do arame farpado secretariando coisas, a messe, o depósito de material, manutenção, a cantina ou fazendo a patrulha no transporte de géneros da base do Batalhão, zonas fora de perigo. Esta guerra era a grande árvore das patacas para esses militares de carreira e muito boa gente do regime do Puto. Um Puto cada vez mais distante das nossas mentes, para gozar a guerra em toda a sua plenitude, usando-nos.
O General Venâncio Deslandes tendo sido o Comandante das três forças armadas em 1962, tomou iniciativas à revelia do governo do Puto dando maior liberdade aos Órgãos Locais, tendo criado a Universidade de Luanda e até incutindo subtilmente à ideia do separatismo; tendo-lhe sido sugerido tal, ele não teve tomates para dar o grito do “Ipiranga” que ficaria o grito do “por Angola, eu fico”. Diga-se que Venâncio Deslandes era o General que nos últimos oitocentos anos da historia de Portugal, tinha mais soldados sob as suas ordens.
NA SERRA DO MASSÁBI Tivesse ele feito isso entregando aos militares Angolanos e principais chefes dos movimentos de então, FNLA, MPLA e destacadas figuras da governação local como por exemplo Pinheiro da Silva, Venâncio Guimarães, Dáscoles, os Van-Dunem e tantos outros. Se assim tivesse sido, Angola estaria muitos pontos à frente sem passar por esse êxodo que exauriu Angola e a levou a uma guerra parva como todas. De qualquer modo, a grande maioria de nós, antes de 1975, não tínhamos noção daquilo que não sabíamos e fomos apanhados com as calças na mão regressando ao país do fado, das bicas, dos cafés e simbalinos e das toiradas, às vezes. Nunca fomos ressarcidos deste contratempo; Agora 2011, da AUSTERIDADE, cada um que se desenrasque, o mesmo de sempre, triste sina.
Livro de referência: DEMBOS. A floresta do medo – Angola 1969 a 1971 de Carlos Ganhão
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“ Campanha de Montevideu – José Artigas”
José Artigas
José Gervásio Artigas alimentando um sonho que resultaram numa vida intensa e dramática tornou-se o herói Nacional do Uruguai. A sua vida atribulada envolta em guerrilhas, traições e desencantos levou-o ao exílio no Paraguai aonde viveu os seus últimos trinta anos em solidão. Neto de um dos primeiros povoadores de Montevideu, após as primeiras letras no Convento de São Bernardo, submete-se à escola da vida com sinuosos caminhos de criador de gado, contrabandista, polícia de fronteira e comandante de muitas guerras ao lado de descontentes agricultores, escravos negros, gaúchos independentistas e Índios Charruas, lutando pela emancipação destes. Senhor conhecedor de gado e cavalos, correu a vasta região de fronteira com o Brasil explorando as rotas de contrabando no negócio de couros, carne de charque, gado bovino e muar para as tropas. Escondido numa vida de mistério, manteve uma relação com as gentes comparada ao “Che-Guevara” dos mais recentes tempos.
Da sua boa relação com os Índios Charrua resultou beneficiar do seu apoio nas sucessivas lutas com Espanhóis, Argentinos e Portugueses. José Artigas, por um indulto é incorporado no exército Espanhol combatendo as invasões Inglesas de 1806 e 1807 com o posto de Capitão. Com a ocupação de Espanha por Napoleão de França, Artigas adere aos revolucionários de Buenos Aires que se rebelam contra o domínio Espanhol em 1810. Conhecedor da terra e gentes subleva a Banda Oriental (Uruguai) do Rio da Prata contra as autoridades lealistas acantonadas em Montevideu. Promovido Tenente-coronel pela Junta Revolucionária, apoiado pelos Índios Charruas e Gaúchos distribui terras conquistadas aos espanhóis a camponeses consolidando-se na posição de chefe maior da Banda Oriental. Foi talvez a primeira iniciativa de reforma agrária na América. A sua agenda política era ambiciosa de mais para não suscitar os receios da aristocracia política e económica em Buenos Aires.
Índios Charruas
Sentindo-se atraiçoado por um armistício assinado sem seu conhecimento entre a Junta Revolucionária e o Governo de Montevideu, retirou suas tropas do cerco de Montevideu arrastando-se num êxodo para lá do Rio Uruguai em busca de refúgio seguro. Apesar do desaire, abandono e fuga temendo retaliação de seus pares da Junta, consolida posições de suas tropas rebeldes resistindo a várias ofensivas militares. O poder por contágio de sua política de reforma agrária que os dirigentes de Buenos Aires tanto receavam, mostrou ser um facto indesmentível.
Dois anos depois da sua chegada a Montevideu, mantendo-se em seu comando, Artigas foi obrigado a retirar-se da cidade perante a aproximação das tropas do General Carlos Frederico Lecor. Acossado pelos Portugueses e por Buenos Aires, Artigas passou à guerrilha mas, pouco a pouco foi perdendo apoio com a deserção de parte dos seus oficiais próximos como Frutuoso Rivera que se juntou aos portugueses. Em 1820 acompanhado por um restrito grupo de leais amigos, ruma em direcção ao Paraguai que lhe concede asilo político. Antes de partir para o exílio, entrega a um amigo de confiança o pouco dinheiro que lhe resta para ser utilizado em apoio dos soldados Orientais levados prisioneiros para o Brasil entre os quais Andresito, líder Índio Guarani e, seu filho adoptivo. Em 1855, cinco anos após a sua morte, os restos mortais de José Artigas foram transladados para o Uruguai, nação independente desde 1828, cinco anos depois da saída dos Portugueses. Foi esta a vida do Herói Nacional Uruguaio a que a história só lhe permitiu vitórias efémeras.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“3º Império - Guerra de Tuji”
O Comando 001 . Coronel Santos e Castro
Sem localização precisa, carregados de incerteza e desconhecendo a localização do inimigo patrulhamos fronteira, às vezes levamos uma semana por entre a mata quente e húmida. Em alguns locais habitados, entramos neles com cuidados redobrados chamando pelos moradores dispersos e, um a um, iam vindo até junto de nós; Os TE (Tropas Especiais do Alexandre Táti, ex-guerrilheiros) em língua imbinda ou Fiote iam persuadindo-os a virem sem medo. Eram vistos por um médico ou enfermeiro militar recebendo os curativos possíveis de suas mazelas deixando-lhes remédios, tinturas e pomadas. Enquanto permanecíamos ali trocávamos enlatados, bisnagas, sal e frutas secas da ração de combate por malavo (vinho de palmeira), e chússus (galinhas) para ali mesmo, se fazer churrasco no espeto. Mais aliviados na carga regressávamos pé ante pé em fila de pirilau por um outro percurso carregando mochilas com o resto de latas de conserva, bolachas de água e sal, comprimidos vermelhos mata-bactérias e o cinturão com carregadores de munição, cantil, um punhal de estripador e no mínimo duas granadas agarradas ao camuflado à altura do coração.
A Batalha de Kifangondo
Os TEÉS (TE) eram ex-turras assalariados do exército Português que iam connosco em operações ao nível de companhia. Estas tropas têm os seus próprios regulamentos, seus oficiais e sargentos com divisas em forma de flechas; seus familiares que se mantêm no kimbo mais próximo recebem alimentos na forma de sesta básica; seguem suas regras e técnicas de combate vivendo dentro do mesmo arame farpado e têm a missão principal de agarrem os turras à mão, por isso, dos seus apetrechos faz parte um rolo de corda de sisal para uso diverso mas também para poderem amarrar os possíveis prisioneiros.
Naquela Companhia Independente de Caçadores nº 1734 formada em Beja foram destacados quatro Furriéis da incorporação de Angola; um branco, um mestiço e um negro de Luanda mais um branco do Namibe (Moçamedes). O branco de Luanda (O camondongo) que era eu, tinha chegado quase um mês antes; fiquei nos Gorilas do Maiombe a fazer tempo e, quando a companhia chegou a Miconge já eu lá estava emprestado a uma companhia de artilharia. Todos os dias mandavam bujardas de obus para os morros circundantes para dissuadir franco atiradores pois este quartel de Sanga Planície como o próprio nome diz estava num buraco.
O Canhão desactivado a mando dos americanos
Logo na primeira noite foi simulado um ataque, exactamente à hora de jantar para darem as boas vindas ao novo maçarico. Eu, que ainda não tinha arma distribuída corri rápido saindo da messe improvisada para o edifício ao lado aonde dormiam os oficiais em busca de uma arma mas, não me foi facultada por ninguém até que, me apercebi estar um dos oficiais mandando tiros para o ar do umbral da antiga Administração. Vocês estão a brincar comigo disse em vós alta quando me apercebo de não haver lógica naquilo e não ver fogo do lado de fora do acampamento. Dos morros ao redor não se viam fogachos e tendo referido isto, deram alto ao fogo terminando assim sem me verem rastejar pela parada de saibro áspero, que era o que efectivamente queriam. Boa reacção disse o Capitão e, nessa noite tudo ficou por aqui; ainda me restavam 900 noites para gozar a guerra do Mayombe em toda a sua plenitude.
Livro de referência: DEMBOS. A floresta do medo – Angola 1969 a 1971 de Carlos Ganhão
(Continua…)
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DO KIMBO
"Discursos de Tuiavii"
Intervalando com as crónicas habituais vamos oxigenar a fábrica do Kimbo com textos curiosos de, como um chefe de tribo de Tiavéa das Ilhas de Samoa, mais propriamente na ilha Upolu, no meio do Pacífico via os homens brancos da Europa, o Papalagui. Estávamos então na época do cinema mudo. Tuiávii tinha um apuradíssimo dom de observação; Tuiávii dizia então que todas as conquistas culturais do europeu não passavam de erros, de becos sem saída. Tuiávii explica-se com uma maravilhosa simplicidade espelhando seu coração humilde, achando a cultura europeia falsa, desnaturada, má e que cria ídolos sem vida aonde cada qual se julga um Deus.
Habitante das ilhas Samoa
O Papalagui cobre as carnes com inúmeros panos e esteiras; esforça-se o mais possível para se cobrir. Está da cabeça aos pés coberto de tecidos, pêlos e panos tão cingidos e grossos que jamais o olhar humano ou raio de sol poderá atravessá-lo, tão cingidos, que o corpo se lhe torna pálido, branco e depauperado como as flores que crescem no mais recôndito da floresta virgem. Aquele que deixa ver as carnes não pode ter a pretensão de ser considerado pessoa de bons costumes. O corpo do Papalagui, por baixo de tudo, carrega uma fina pele branca feita de fibras de uma planta que envolve o corpo nu. Uma outra pele é enfiada de cima para baixo sobre a cabeça, o peito e os braços até às coxas a que chamam de pele de cima; enfiada de baixo para cima pelas pernas e nádegas até ao umbigo metem uma pele a que chamam pele de baixo. Estas duas peles são cobertas por uma terceira mais grossa tecida com pelos de um animal lanígero de quatro patas, especialmente criado para este fim.
Da Tribo Tiavéa
Esta última pele constitui a tanga propriamente dita; é composto na maior parte das vezes por três partes, uma que cobre a parte superior do corpo, a outra, a parte média e a terceira as nádegas e as pernas. Estas três partes estão presas umas às outras por conchas e atilhos feitos com a seiva da árvore-da-borracha de modo que parecem formar uma só peça. Por fim, cobre-se os pés com uma pele macia e depois com uma pele muito dura. A pele macia é geralmente elástica e fica justa ao pé; a outra é tirada da pele de um animal robusto, pele essa que se mergulha em água, se raspa à navalha, se bate e se põe ao sol até que ela endureça por completo. O Papalagui confecciona com esta pele uma espécie de canoa de bordos levantados suficientemente grandes para que lá caiba um pé direito. Prendem-se e atam-se estas canoas para os pés com cordas e ganchos de modo a que os pés repousem num estojo rígido como um búzio em sua concha. Isto é contra a natureza e o branco dá-se conta disso! Como isto dá cabo dos pés e os faz cheirar mal, a maior parte dos pés europeus não é capaz de se sustentar nem de trepar a uma palmeira. O Papalagui, tenta disfarçar a sua loucura, cobrindo a pele, já de si vermelha desse animal, com uma grande porção de lama esfregando-a durante muito tempo até fazê-la brilhar, brilho esse que cega os olhos que os leva a se desviarem.
Livro de referência: O PAPALAGUI – Discursos de Tuiavii, chefe da tribo Tiavéa
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“3º Império - Guerra de Tuji”
A MACUTA DO 3º IMPÉRIO
A guerra colonial de Angola que tivera um início avassalador com o ataque selvagem às fazendas do Norte por parte da UPA, depois chamada de FNLA de Holdem Roberto, seguem-se anos de baixo nivel de destruição chegando a um fim fraco do lado dos movimentos estando o dispositivo militar português minimamente proporcionado às frentes debeis não permitindo grandes veleidades à gesta libertadora. O MPLA e sua “rota Agostinho Neto” estavam inoperantes, exauridos, sem quadros e sem armamento nem organização logística. O MPLA já nada tinha a facção dissidente de Chipenda; este, apenas comandava cerca de cem homens armados no leste. Acantonados na Zâmbia, havia uns quantos desclassificados combatentes desempregados.
A UNITA com uns quantos homens no Leste ia molestando os camionistas que pagavam portagem no negócio da madeira e trocavam simpatias com a rapaziada que fazia vista grossa à sua permanência controlada. A FNLA, que pouco mais tinha que trezentos homens, esfarrapavam sobrevivência espalhados nas cercanias furtivas duma insipiente acção.
Agostinho Neto
A guerra colonial acabou tendo 28.000 Angolanos e 38.000 militares do Puto. Os oficiais e sargentos da incorporação de Angola eram colocados em companhias metropolitanas para precaver qualquer altercação no curso da guerra nas várias frentes e de forma a não se sublevarem contra os militares do quadro idos do Puto; veja-se o caso do Coronel Norberto de Castro que abandonou o exército Tuga para comandar as tropas da FNLA após as nefastas negociatas do FMA. Não esquecer que o próprio Agostinho Neto tentou emparceirar-se com as tropas da metrópole a fim de combater as forças da FNLA; para o efeito mandou um emissário a entabelar negociações tendo sido recebido no Ministério do Ultramar por três altos funcionários na presença de um jornalista; só não foi avante, porque entretanto surgiu o livro “ Portugal e o Futuro” que desencadeou o 25 de Abril. O General exibicionista de luvas, pingalim e monóculos entrava em cena.
O GENERAL
Em Abril de 1974, o Mar Atlântico, constituindo um triângulo de domínio “Lusófono”, tinha como vértices Luanda, Lisboa e Rio de Janeiro. Com as forças guerrilheiras amputadas nos confins dos matos ou acantonadas fora do território nomeadamente no Zaire, Zâmbia e Républica do Congo Braza, as cidades angolanas desenvolviam-se na horizontal e vertical sem se notar a guerra. Não havia justificação para as “mentes traidoras” forçarem a 6ª tribo com mais de 800.000 brancos a abandonar um território e, que tanta falta lhes fazia. O pretexto foi falacioso e, nem a justificação do cançasso tinha consistência para o crime de lesa-vidas e prejudicar a todos levando Angola a uma guerra de 27 anos com milhares de mortos e a quebra de todas as infraestruturas que terminou em 2003. O sofrimento provocado a todos foi demasiado para se poderem desculpar na história. As gentes do mato, acabada a guerra, ficaram com o mato dentro delas.
Livro de referência: DEMBOS. A floresta do medo – Angola 1969 a 1971 de Carlos Ganhão
(Continua...)
O Soba T´Chingange
A 24 horas de ser anunciada a concessão do Prémio México de Ciência e Tecnologia, o primeiro português e cientista social a recebê-lo analisa a situação nacional e a crise mundial provocada pela especulação dos mercados financeiros. Será o Presidente mexicano que, dia 14, lhe entregará o galardão pelo trabalho no espaço ibero-americano, semanas após lhe ter também sido concedida uma bolsa de 2,4 milhões de euros para desenvolver as suas ideias
Por que razão é que os portugueses não se revoltam perante a imposição destas medidas de austeridade tão violentas?
Reformularia a pergunta para "porque é que ainda não se revoltaram?", ou faz parecer que nunca se revoltarão. Basta lembrar que também pensávamos que não haveria mudança na sociedade portuguesa devido aos nossos brandos costumes, e houve o 25 de Abril.
Que foi uma revolta tirada a ferros!
Sim, que começou como uma revolta militar dos que tinham o poder e ficaram desafectos dele porque os tinha metido no pesadelo e na armadilha de uma guerra colonial que nunca se poderia vencer. E o povo respondeu de uma maneira criativa a esse processo.
Desta vez não se vislumbram capitães para liderar a contestação.
Neste momento, não. Em primeiro lugar, porque os portugueses ainda não se deram conta de todas as consequências das medidas que estão a ser tomadas. Que nem serão as medidas definitivas, porque enquanto não forem regulados os mercados financeiros quaisquer planos de austeridade vão ser seguidos por novos planos de austeridade, porque os mercados estão numa fase absolutamente insaciável. Em segundo lugar, ainda estamos numa fase do susto.
Por isso é que a reacção demora?
Após um discurso de austeridade, as pessoas começaram a ver os salários, as pensões e as participações nos medicamentos a ser cortados, mas este tratamento ainda não entrou tão profundamente nos bolsos quanto acontecerá no futuro. Sobretudo, ainda não entrou na cabeça das pessoas e elas não se deram conta de que a erosão é irreversível e não ficará por aqui.
Irreversível em que sentido?
De que o nível de vida a que se habituaram nas últimas duas ou três décadas vai deixar de existir. Os filhos, eventualmente, podem vir a retomá-lo, mas eles, certamente, estão num período de declínio do nível de vida e não vão recuperá- -lo nos próximos anos.
Mesmo com tantas promessas?
Por mais que os políticos digam que vai demorar cinco anos, os danos são muito mais profundos do que se pode imaginar agora e ainda vai levar tempo para se darem conta dos verdadeiros efeitos. A verdade é que Portugal passou 48 anos em ditadura e os hábitos democráticos expressos nos conflitos e contradições sociais não foram vividos tão intensamente como noutros países da Europa.
Tal como a Grécia ou a Itália?
A Grécia teve um período de ditadura entre 1967 e 1974, mas tem uma tradição de sociedade civil organizada, enquanto a Itália tem um sistema político relativamente desconectado das formas de organização da sociedade civil. Portugal perdeu nesse meio século o período em que as sociedades se organizaram para a convivência democrática que originou a actual Europa.
Mas conseguiram unir forças para derrotar o projecto de reformas do 1.º Governo de José Sócrates.
Os portugueses têm-se organizado para questões pontuais e sectoriais em que os interesses estão mais organizados. No caso dos professores, tal como na função pública, há uma forma de organização sindical bastante forte, mas é evidente que não reagem espontaneamente para grandes manifestações como vemos em França, onde não foram apenas os sindicalistas que se revoltam mas o cidadão comum, quando chegou à conclusão de que bastava.
Estranhou que tivéssemos sido o único país que realiza uma Cimeira da NATO sem um único conflito?
Não temos grande tradição de mobilização e de contestação social. Mesmo as greves gerais, ao contrário doutros países, não foram complementadas com grandes manifestações de rua, porque as centrais sindicais têm temor do fracasso. Isto é característico da sociedade portuguesa, mas nada diz que amanhã não seja diferente.
As grandes contestações às medidas de austeridade vieram de sectores inesperados: do presidente socialista do Governo dos Açores e dos magistrados. Porquê?
São formas diferentes de contestação e processos políticos distintos. Temos, por um lado, as acções sindicais, os movimentos e as organizações da sociedade que se associam aos sindicatos e o cidadão em geral. Por outro lado, temos os interesses organizados e, mais complicados, quando mete órgãos de soberania na contestação.
Quando os magistrados não aceitam o mesmo corte de grande parte dos portugueses, estamos perante uma defesa corporativa?
Nesse caso, sim. Mas as providências cautelares não se dirigem apenas aos salários dos magistrados.
Até agora, quem lidera a contestação é o poder judicial. É normal?
O que temos neste momento é uma iniciativa judicial que em democracia é saudável. Não está a ser feita por desobediência civil a greve de magistrados judiciais, mas através de um mecanismo judicial que visa confrontar estas medidas com a nossa própria Constituição.
Ao dizer que os portugueses ainda não se revoltaram é porque prevê que haja alguma convulsão?
É muito difícil fazer essa previsão. Aliás, penso que os sociólogos são muito bons a prever o passado e muito maus no que respeita ao futuro. Principalmente, em situações de grande turbulência como a que estamos a assistir. Aliás, podemos dizer que aquilo que é impensável hoje pode ser inevitável amanhã: que o euro acabe, por exemplo. Pode ser que daqui a um tempo passe de impensável a inevitável com uma fractura dentro do euro. Por outro lado, sabemos que não são as desigualdades sociais nem as formas de empobrecimento que automaticamente provocam contestação, ou os sistemas despóticos não tinham funcionado. Os sistemas mais autoritários e desiguais criam formas de resignação que tiram às pessoas a capacidade de autonomia para se revoltarem. Ficam com medo do patrão e do que lhes pode acontecer, ou seja, não é automático que o agravamento das condições económicas leve à contestação política.
Mesmo em democracia?
É evidente que as situações de conflito vão surgir em Portugal e em toda a Europa. É evidente que, quando se fala de contágio dos mercados, não se deve pensar que está apenas a esse nível mas que quando os portugueses vêem os espanhóis, os gregos ou os franceses a revoltar-se é natural que se questionem: "Afinal, por que razão é que nós não nos revoltamos perante uma situação que até é mais injusta?" É bom não esquecer que Portugal tinha em 2009 as contas muito mais equilibradas do que a Grécia ou a Irlanda.
Mas se vier um PEC IV?
O que é bem provável vir a acontecer porque os portugueses ainda não se deram conta de que estão numa situação em que a soberania dos Estados - não havendo uma regulação dos mercados financeiros - está sujeita aos abutres financeiros. Uma das coisas que me horroriza é dizer-se na comunicação social cobras e lagartos do Estado ou que a festa acabou e que Portugal é insustentável, enquanto ninguém é tão veemente no que respeita ao facto de os mercados financeiros poderem ganhar rios de dinheiro com a nossa crise e até se façam apostas para ver se a dívida portuguesa será paga e que se ganhe muito dinheiro na aposta. Isto é crime contra a humanidade!
Há anos dizia que o mundo pós- guerra tinha duas superpotências: Estados Unidos e agência Moody's. O que mudou foi deixarem de ser contra o Terceiro Mundo e virarem-se para a União Europeia?
Exactamente, essa minha previsão deu certo! Neste momento, estamos nas mãos das agências de notação e algo deve estar profundamente errado quando os juros da dívida de Espanha são iguais aos do Paquistão. Acho que estamos a entrar numa disjunção que pode provocar contestação e é provável que ocorra ao nível europeu em geral e, portanto, em Portugal.
Voltemos a prever. O que se segue?
Penso que nos próximos anos vamos estar perante esta opção: mercados sem fim ou democracia sem fim. Ou seja, os mercados vão regular tudo e assistiremos a um empobrecimento da grande maioria e ao enriquecimento absolutamente injusto de uns poucos.
A União Europeia não conseguirá responder aos mercados?
Essa é outra questão que nem os portugueses nem os europeus estão a ver bem. Porquê? Se para Portugal a Europa foi até agora um benefício líquido que, desde 1986, alavancou um desenvolvimento notável através dos fundos estruturais e de coesão que nos deram oportunidades que se pensavam que eram sustentáveis, o que estamos a verificar é que a Europa desse período não é a de agora. Mudou, sem que se tenha alterado institucionalmente situações como o aprofundamento. Por isso, é dominada por interesses egoísticos nacionais.
A solução da actual crise passa pela forte ajuda da União Europeia?
De uma coisa estou certo, a Grécia nunca vai poder pagar esta dívida à União Europeia se não houver uma reestruturação da dívida. Nem a Irlanda vai conseguir! Estes processos só resultam com um perdão de parte dessa dívida. Como se fez à Alemanha em 1950. As dívidas pagam-se com dinheiro, não é? De onde é que vem o dinheiro para o Estado? Dos impostos. De onde é que vem o dinheiro dos impostos? Do crescimento económico! Se não houver emprego e crescimento económico não encontro forma de a Grécia, a Irlanda, e de amanhã Portugal, a Espanha ou a Itália também pagarem. São os que estão na fila - Portugal, Espanha e Itália - e os mercados financeiros estão a apostar na bancarrota destes países porque vão ganhar muito dinheiro até que ela ocorra. Como é que é possível que os países funcionem nesta base quando se aposta na nossa falência e no lucro que ela dá?
Então, Portugal não será capaz de pagar a sua dívida?
Se estas medidas de austeridade de curto prazo não forem compensadas com as de médio prazo, que só podem vir da União Europeia, para poder repor o crescimento económico, Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda não poderão pagar a sua dívida porque entrarão numa fase de estagnação económica e ficarão sem recursos para pagar. Precisamos de medidas a médio prazo e de uma refundação da Europa com políticas conjuntas e solidárias, de modo a que a Europa se afirme como uma alternativa aos Estados Unidos e não permaneça totalmente subserviente da desregulação dos mercados.
Mesmo quando a economia dos Estados Unidos já não é tão forte?
Os mercados favorecem, acima de tudo, os Estados Unidos, e não se pode deixar de pensar que estavam preocupados com a estabilidade do euro. Os Estados Unidos não tinham interesse em que o euro fosse uma moeda estável e, portanto, o ataque especulativo à Zona Euro começou pelos países mais fracos. Como os dirigentes europeus, com grande miopia e desconhecimento histórico, aceitaram que esta lógica suicida avançasse, bipolarizou-se a periferia e o centro da Europa perante a crise. Só que o que acontece à periferia hoje aparecerá no centro amanhã.
O Presidente Obama defraudou a confiança europeia?
Penso que sim.
Não é o tal amigo europeu?
Não é, de modo nenhum. Aliás, Obama desilude a muitos outros níveis porque tem a concepção de que acima de tudo é preciso defender os Estados Unidos. Está numa lógica nacionalista e como o seu país está em crise, procura ganhar alguns pontos à Europa.
Houve boa aplicação dos fundos estruturais em Portugal?
Acho que não. Deveríamos tê-los utilizado de uma maneira muito diferente: numa aposta na educação que foi menos forte do que poderia ter sido. Temos, no entanto, feito uma boa aposta na ciência e na promoção do sistema científico nacional, apesar de não se ter feito a articulação da investigação científica com o desenvolvimento tecnológico. Para isso, falta-nos uma economia mais assente na grande inovação tecnológica, só que os lóbis ganharam e grande parte dos investimentos foram em exagero, mesmo se necessitássemos deles para auto-estradas.
Se Portugal não consegue liderar na agricultura e na indústria, como é que iria fazê-lo na revolução tecnológica ou do conhecimento?
A agricultura foi um péssimo negócio em que Portugal entrou. Tínhamos uma das agriculturas familiares mais fortes da Europa e foi destruída em meia dúzia de anos porque o modelo agrícola da Europa é de grande extensão e de grandes empresas agrícolas e industriais. A nossa produção familiar até era produtiva ao seu nível e produzia, por vezes, também para o mercado. Hoje, está-se a tentar recuperar na Europa a agricultura familiar e nós, que tínhamos o potencial de ser a reserva da Europa da agricultura orgânica, ficámos para trás. As coisas foram feitas em Portugal sob complexos históricos do colonialismo e da ditadura e, quando se deu a entrada na União Europeia, aceitámos as coisas de uma maneira totalmente acrítica. A negociação não foi tão boa quanto devia ser feita.
A culpa é só dos governos ou também dos próprios portugueses?
É muito difícil responder porque eu sou daqueles que pensam que o Estado e a sociedade não se opõem mas crescem organicamente. Os Estados que são fortes e as sociedades civis fortes - o caso da Suécia e dos países nórdicos - têm sociedades civis muito organizadas e autónomas a par de Estados democraticamente fortes. Portanto, de alguma maneira, o Estado é o espelho da sociedade e não o seu oposto. Também, por isso, muitas críticas que se fazem ao Estado deviam fazer-se também aos empresários que não estiveram à altura das circunstâncias e das oportunidades dadas.
Qual deveria ter sido a resposta?
Tivemos sempre uma burguesia muito dependente de mercados cativos - o das colónias, anteriormente - e mantivemo-los com as benesses dos fundos estruturais da Europa. E isso pode resultar da ineficiência do Estado e pode estar também ao nível dos cidadãos e da sua pequena motivação dentro da organização social. O que é estranho porque os portugueses motivam-se extraordinariamente quando emigram e são extraordinários produtores e empresários.
Mas só em condições adversas?
Sempre disse que o nosso grande problema está nos empresários, que não estiveram à altura do risco e da capacidade de criar riqueza numa janela de oportunidade que tivemos e que praticamente se começou a esgotar no ano 2000. Foi a partir daí que começámos a derrapar e a deixar de nos aproximarmos da Europa. Desde então, temos vindo a distanciar-nos da média europeia e iremos continuar por esse caminho.
Nem com as medidas já tomadas se pode evitá-lo ?
Estes planos de austeridade podem acalmar os mercados - que são essa coisa mítica, mas que têm uma alma e vontade política por detrás desses falsos automatismos - e resolver a curto prazo o problema do défice orçamental, que é o problema de 2011. Mas não irão resolver a médio prazo porque nesse caso só temos uma solução: criar emprego e ter algum crescimento económico.
Que vai contra todas as medidas que o Governo está a tomar?
Neste momento, é essa a situação. A médio prazo, podemos vir a ter uma recessão, ainda por cima num conjunto europeu em que o nosso maior cliente é a Espanha, que, provavelmente, vai estar em situação muito semelhante. Precisaríamos de golpes de asa, de medidas europeias e também de políticas inovadoras por parte dos nossos líderes. Situações excepcionais exigem soluções também excepcionais.
Considera que este Governo já não conseguirá dar esse golpe de asa?
Nos governos europeus em geral criou-se uma ortodoxia que está a atravessar todos os líderes, sejam de esquerda ou de direita, que provoca uma certa exaustão em relação àquilo que é preciso fazer. Sabemos muito bem que, se neste momento queremos criar crescimento, é necessário ser mais tolerante com a inflação. Se calhar, o Estado pode ter de privatizar e até nacionalizar! Isto pode parecer um escândalo, mas se não houver a regulação dos mercados financeiros ou o Estado nacionaliza os bancos ou os bancos nacionalizam o Estado.
Que é o que está a verificar-se?
É isso que está a suceder, os bancos estão a nacionalizar o Estado ao fazerem o que querem, ao terem perdas como as que se observam. Como os bancos não podem falir, nem pagam IRC como as restantes empresas, é evidente que estão a nacionalizar o Estado português porque cometem todos os erros que querem e têm os lucros que se vê, para os quais os portugueses continuarão a contribuir.
Então, este Governo não será capaz de ter o golpe de asa que sugere?
Vejo com muita dificuldade que possa ocorrer. Penso que neste momento o Governo poderia aproveitar alguma transformação que ocorresse ao nível do Banco Central Europeu, onde há medidas urgentes que têm de ser tomadas. O Banco Central Europeu não pode continuar a ter o papel de emprestar aos bancos a um juro baixo e deixar que estes emprestem caro aos Estados. Nem podemos continuar a ter 10% do nosso PIB em offshores!
Será preciso um novo governo?
Creio que tem de haver medidas mas não acredito que, na situação em que vivemos, elas venham por iniciativa própria. Nem deste Governo nem, provavelmente, do que lhe suceder! Porque o que se vê num outro governo é que vão aprofundar-se medidas iguais. Será uma austeridade multiplicada.
JAMBA
AS ESCOLHAS DE BONIBONI . EMBAIXADOR DO KAKUAKU
PASSO COMO RECEBI
ANGOLA . Chaka Zulu de Benguela – 2ª Parte
ZUMBI
Os investigadores Lima, Chimuco e o Director da Investigação criminal de Benguela, em troca de valores monetários e duas viaturas corromperam-se sendo dado ao director a quantia de 150.000 USD. A Família apercebendo-se da promíscua corrupção, tentou recorrer sendo impedidos pelos mesmos de o fazer por coacção.
Estes actos têm sido prática comum na investigação criminal de Benguela. Os arguidos são postos em liberdade em troca de bens e valores monetários. É só verem como os investigadores em Benguela mudam de viaturas e quantas casas e empresas privadas têm. José Bento Cangombe, que é o actual Presidente do Académica do Lobito, segundo algumas fontes, conseguiu votos para a presidência do clube dando 100 USD a cada votante. Prometeu uma viatura ao seu chefe de campanha Esquerdinho não tendo sido entregue até hoje, gerando assim conflitos entre ambos. Ofereceu um carro ao seu assessor e namorado Dany, que é nesta altura treinador dos juniores do clube Académica e responsável
dos Flaminguinhos, uma equipa de bairro no qual também é presidente. Segundo informações, o seu vício de homossexual atingiu contornos de agitação dentro do próprio clube constatando-se estar a sediar atletas com dinheiro e viaturas para com ele se relacionarem sexualmente.
UM LOBO DA ALCATEIA
Existe um grande descontentamento e frustração no seio dos atletas. O dito cujo, foi visto no Huambo a dormir com um jogador de nome Viete, e no Sumbe com o Director para o futebol Tó Loy. Já namorou com 50% dos atletas seniores do clube e alguns juniores. O mais grave é que o mesmo é portador de HIV, e anda a transmitir aos atletas e jovens da cidade do Lobito essa gravidade. Para o bem do clube e de todos os Lubitangas, este jurista corrupto (e homossexual com HIV) tem que ser demitido do clube.
O saco azul de onde tirava dinheiro acabou. Agora vai ser o saco da Académica! Quem avisa amigo é!
O CHAKA ZULU DE BENGUELA
Nota: este alerta serve par demonstrar que pela Internet ninguém fica impune! Resta o contraditório para se descortinar a verdade. Isto pode até ser maquiavélico!
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“3º Império – o 15 de Março de 1961”
Região M´Bundu
“A filha do Senhor Nogueira casa-se no dia 15 de Março de 1961”. Era esta a senha para se desencadear o terrorismo no Norte de Angola; os americanos fornecem todos os requisitos para tal iniciativa, influenciando, doutrinando e preparando a sublevação com a eficácia tal como chegámos a conhecer por via da mortandade efectuada. Com uma ferocidade inusitada chacinaram mulheres indefesas desmembrando corpos por esquartejamento, decapitando até crianças de tenra idade; testemunhas houve, de gente que viu cortar ao meio homens vivos em serrações na área dos Dembos. Chacinaram brancos, mestiços, negros Ovibundos e Ganguelas muito para além do milhar. Tudo começou a ser forjado antes de 61 no então Congo com a formação de centenas de refugiados em guerrilheiros por tunisinos com o financiamento e habitual jogo duplo americano.
Soba dos Dembos
Em 1960 os americanos fizeram pressão sobre o governo Português para que fosse feita uma declaração de intenção na aceitação do princípio da autodeterminação para Angola. O 4 de Fevereiro com os assaltos da casa da reclusão da prisão de São Paulo e da Companhia Móvel da PSP não tinham qualquer conotação com o MPLA. Os verdadeiros participantes foram “assimilados” constituídos por protestantes e alguns estudantes católicos, tendo como mentor o Cónego Manuel Mendes das Neves, militante activo da UPA (União dos Povos de Angola). O MPLA reivindicou o início a luta armada a partir deste acto do qual não fazia parte, pois estes, encontravam-se ainda numa fase incipiente de formação e sem implantação significativa em Luanda.
General do Puto . Maçanita
Só em fins de 1961 é que o MPLA se vê forçado a surgir no enclave de Cabinda com grupos de guerrilheiros fazendo investidas nos povoados fronteiriços do enclave de Cabinda, em plena mata do Maiombe. Foi aqui que vim a conhecer em 67, 68 e 69 como Furriel, a sombra da morte, as muitas curvas e “fiotes” percorridos em fila de pirilau, lentamente e com ouvidos atentos à Serra do Massábi, Tando Zinze, Miconge, Caiguembo, Bitinas ou Batassano. Do outro lado da guerra, estava Pepetela; ambos éramos “brancos de segunda”e já nesse então tinha dúvidas de estar no lado certo. Como “militar de segunda”, incorporação de Angola, não podia transferir dinheiro para o Puto como todos os demais da metrópole. Neste tratamento era implícito que aquela Angola era a minha terra mas não, pois que puderam transferir-me em 1975 com viagens de borla.
Livro de referência: DEMBOS. A floresta do medo – Angola 1969 a 1971 de Carlos Ganhão
(Continua…)
O Soba T’Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA