FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"HORA DO BRASIL" - Getúlio Vargas
Getúlio Vargas
O ano de 1891 foi determinante na futura história do Brasil pois que nasceu nesse então a nova Constitução Republicana, inspirada no modelo Norte Americano. Teve início a primeira onda migratória da Europa dos tempos modernos. Entre os anos de 1887 a 1930, entraram no Brasil cerca de quatro milhões de emigrantes que se fixaram no Centro-Sul e Leste do Brasil. O Estado de São Paulo absorveu 52 % desses emigrantes, sendo destes, 36% de Portuguêses, 35 % de Italianos e 15% de Espanhois. Os militares, que provinham da classe média-baixa dominaram a partir daí o país, fomentando revoltas e exigindo direitos do povo contra a oligarquia dos proprietários das terras. São Paulo e Minas Gerais absorvem o mando e comando. Porque ambos os estados, eram economicamente os mais poderosos, disputavam a época conhecida como a do "café com leite". Na noite de 3 de Outubro de 1930 o exército tomou o comando do país e nomeou Getúlio Vargas Presidente provisório da nova República que veio a permanecer no governo por mais 25 anos.
2ª Guerra Mundial ... O Soldado Brasileiro
A política de Getúlio Vargas baseou-se no nacionalismo e populismo garantindo um salário minimo, um sistema de previdência social, escolas públicas, bibliotecas, assistência médica e licença de parto. A união entre o poder político e a Igreja foi simbolizada pela estátua do Cristo Rei erguida no Rio de Janeiro com sua inauguração a 12 de Outubro de 1931. O Estado Novo de Getúlio Vargas em 1937, aboliu a constituição e criou outra com poderes quase absolutos. Os novos anos da ditadura faziam lembrar o governo fascista de Mussolini com o odioso DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda controlando tudo, jornais, cinema, teatro e rádio forçando os brasileiros a ouvir a propaganda governamental através da "Hora do Brasil".
Cristo Rei . RJ
Tortura e exílio faziam parte do quotidiano. Em 1942, Vargas cedeu à vontade dos USA, Estados Unidos da América e entrou na 2ª guerra mundial enviando 25.000 soldados para lutar aliado ao 5º Exército Norte Americano na Itália, tendo morrido 550 Brasileiros. Com a vitória dos aliados na Europa, o estado fascista de Vargas tinha os dias contados; Em 1945, Getúlio foi deposto pelos mesmos militares que o haviam ajudado a chegar ao poder anos atrás. Com o afastamento de Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra, Ministro da Guerra do ditador, foi eleito Presidente. Uma nova constituição foi aprovada em 1946, na qual o país passava a ser uma Républica Federativa. Foi a partir de 1930 que se deu a maior debandada de emigrantes portugueses no Brasil. A grande depresão mundial com início na América do Norte alastrou pelo resto da América enfeudada no lastro dólar. As ideologias espansionistas programadas por Theodoro Roosevelt, 0 26º presidente dos USA, o mentor do "Big Stick" começaram a dar seus frutos alastrando as degraças para longe do território dos E. U. A. O papel de polícia internacional no Ocidente deu-lhe prerrogativas do país mais arrogante, vulgo liberal no Mundo. Cem anos depois chegaria de novo a Grande Crise que alastrou no globo como uma peste de ratos; tudo começou na engenharia financeira a partir de Nova Iorque. O que se segue na história do Brasil é contemporâneo.
(continua...)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"Minguito.... A arte da sanfona"
O que conhecemos, sobre a música de Minguito, vem de J. Diangola, que diz o seguinte: “ Minguito rasga a sanfona (designação brasileira do acordeão), para enchê-la com o ritmo dos bongós e da dikanza até soltar a alegria que lhe escorre da alma. Passado e presente confundem-se numa linguagem plena de simbolismo. Celebra-se a independência e claros horizontes iluminam-se para o povo.Entusiasmados, de novo se abrem os braços de Minguito, puxando o acordeão ao ritmo envolvente dos meandros da cobra. As guitarras criam a atmosfera de festa. A cobra entra no turbilhão da dança e executa um bailado fantástico que atinge o clímax no momento da alienação. A sanfona cumpre-se num silvo penetrante. É a serpente traiçoeira que investe. São as palavras que lhe cortam o gesto. Quando a cobra ataca a primeira vez devemos batê-la, quando ataca a segunda vez, devemos matá-la. O ritmo alucinante, depressa faz esquecer o incidente. A África renova-se no segredo das experiências vividas. A música é o veneno. As palavras, o aviso sibilino das grandes sabedorias dos mais velhos”. Esta descrição tão real e bela não pode ficar perdida nos anais alfarrábicos da verdade amargurando a memória.
Eleuterio Sanches . Angola
A cidade de Luanda, que o acolheu em 1966, foram motivos de inspiraçãon às suas canções. “Ngui mona ni kima”, “Pequenas que se encostam”. A fama de Minguito ao longo de 1969, indiciam o encontro do cantor com os hábitos de uma cidade que crescia, com fortes ventos de uma cultura crioula, na razão inversa das tradições e costumes do Dande, sua terra natal. Na decada de entre 70 e 80, marcou destaque com singles gravados, maioritariamente, com a etiqueta “Rebita”, “Ngoma” e “CDA”. Durante este período, gravou, com o trio Os Três Jovens, “Mamã muxima”, “Minguito em Angola”, “A fama de Minguito”, “Se lhe falei”, “Merengue puxa comigo”, “Santa Ana” entre outros.. Com o conjunto Os Kiezos registou “Arrancando o capim”, “Merengue escorrega só”, “Bangú Muna ditari” e “Eme ngo kofele”, gravando, nos derradeiros anos da sua carreira, com o conjunto os Merengues, de Carlitos Vieira Dias, as canções “Ngi kalakala mivu ioso”, “Pensando conforme o tempo”, “Kwanza” e “Cantar em tempo de Liberdade”.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"O LADO DESCONHECIDO - D.PEDRO I - D. PEDRO IV"
O triângulo de D. Pedro
Convem recordar o quanto foram menosprezados os monarcas pais da pátria brasileira ridicularizando até o acto do grito do Ipiranga dizendo ter sido este proferido no meio de um forte desarranjo intestinal; não tem propósito desmerecer de forma picara um feito que deve ser enaltecido como de vulto; não fica bem diminuir-se a grandeza de um estadista que conseguiu governar em um dos periodos mais turbulentos para os regimes monárquicos; ter-se em conta que a todo o momento a monarquia caia numa viragem social consagrada pela revolta francesa; Imaginem os franceses, diminuirem a grandeza de Napoleão por ter pés chatos ou, os americanos modernos, colocarem em Xeque John Kennnedy por ter escapadelas conjugais.
VASILI KANDINSKY
Dom Pedro I que cresceu tão livre como qualquer jovem carioca da época, adorava andar de cavalo e gostava até das artes de marceneiro e ferreiro consideradas proprias de escravos. Cresceu entre amigos de origem simples ficando sugeito a comentários não muito elogiosos por esse convívio popular; Namoradeiro, era considerado um dos mais conquistadores do Rio de Janeiro mas veio a casar com Leopoldina Carolina filha do Imperador Francisco I, do Império Austro-Húngaro, nesse então uma potência europeia. Como a irmã de Leopoldina se tornou esposa de Napoleão, D. Pedro I tornou-se cunhado por afinidade de Napoleão dando realce ao Reino Unido de Portugal, sacramentando o Brasil como sede do império português enquanto o Portugal Luso se submetia a uma humilhante ocupação militar Inglesa. A pitada da revolução francesa resplandecia do outro lado do mar na figura de D. Pedro I.
HENRI MATISSE
Quando seu pai, D. João VI resolveu retomar a Portugal, em Março de 1821, D. Pedro tornou-se o príncipe regente tendo este decidido ficar defenitivamente no Brasil. Esse dia, 9 de Janeiro de 1822, ficou conhecido como o "Dia do Fico". Na tarde do dia sete de Setembro desse ano, ao voltar de uma viagem à capital paulista para apaziguar disputas políticas, a comitiva de D. Pedro foi alcançado numa colina sobranceira ao Riacho Ipiranga pelo serviço de correio da corte. A assembleia Constituinte do Portugal Luso, exigia a demissão de todos os ministros nomeados por D. Pedro, destituindo por assim dizer o próprio principe de sua regência. Foi então que, com alguma fúria, D. Pedro, pisoteou a a carta recebida de Portugal; arrancando do chapéu o laço com as cores lusitanas tendo dito: "Laços fora, soldados. Viva a independência a liberdade e a separação do Brasil" proferindo o lema que ficou agrafado à bandeira com "Independência ou Morte".
(Continua...)
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DO KIMBO
“O Puto e a vida do Papalagui” - Visão de Tuiavvi *
Dedicada ao Exmo Embaixador do Kakuaku "Bonybony" o T´Chikukuvanda da Catumbela de visita ao Puto
Manuel Duango . Angola
Quando se faz uma pergunta a um homem instruído, ele atira-nos logo com a resposta à cara, antes de nós termos tempo de fechar a boca. A sua cabeça está sempre carregada de munições, prestes a disparar. Os "gente do Puto" e Europeus, passam o mais belo tempo da sua vida a transformar a cabeça num carro de fogo o mais rápido possivel. Háka! Os que tentam furtar-se a isso, são obrigados à força. Todo o Papalagui tem por obrigação, acima de tudo, saber e saber pensar. O único remédio capaz de curar tão grandes e graves doentes, seria o esquecer e afugentar tais pensamentos, mas eles não exercem tal medicina. O homem Branco suportou todos os reveses para nos trazer o Envangelho, mesmo quando nós, cabeçudos como crianças kandengues, nos negávamos a aceitar a doutrina que ele apregoava. Mesmo já tendo o nosso Deus N´zambi, rendemos-lhe graças por tanto ter suportado por nossa causa na entrega da luz mas, não podemos deixar-nos enganar para que não nos arraste de novo para a escradidão e suas trevas. O branco tem o esperto nos cabeça n´dele; que táz pensar?
:Abias kayenga Ukuma . Angola
Todos os Brancos, atribuem a si próprios o nome de filhos de Deus, crença essa atestada em esteiras pelos chefes de tribo da terra; mas embora todos eles tenha recebido ensinamentos nessa esteira chamada de «Biblia», e todos conheçam Deus, Deus continua a ser-lhes estranho. Nem mesmo aqueles que foram formados para falar de Deus, em grandes e magníficas cabanas construídas em sua honra têm Deus em si; falam ao ar, falam no meio de grande vazio. Esses mensageiros que falam de Deus não sabem discorrer sobre Deus, falam como as ondas que vêm quebrar-se de encontro às rochas: embora ressoem continuamente, ninguém já, as ouve. O Papalagui só muito raramente pensa em Deus. Só quando é apanhado pela tempestade e essa tempestade está prestes a apagar a chama da sua vida, só então é que eles se lembra que há poderes que lhe são superiorese aos chefes de suas tribos; que se reconhecem como da mais alta estirpe. O seu coração está repleto de ira e ódio, de cobiça de hostilidade e, mais parece um gancho enorme e pontiagudo, um gancho tão só destinado ao roubo. Jura mesmo!
PAPALAGUI: - Homem branco; *Tuiavvi: - Chefe de tribo das Ilhas Samôa que visitou a Europa no primeiro quarto do século XX e descreveu o que viu desta forma. As adulterações estão referênciadas.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
"Minguito....A arte da sanfona"
Minguito
Minguito, acordeonista de raro talento, invisual desde os 14 anos após ter contraído sarampo, viveu tacteando o teclado, introduzindo novos acordes na música popular. O cancioneiro de Angola a partir do Bengo potenciou a humildade músical do batuque em uma eloquente interpretação, jamais vista nos meios Luandinos. A entrega plena com afeição à concertina acompanhou-o até à sua morte prematura. Bem cedo, foi influenciado pelo merengue de Luís Kalaff, um compositor de intervenção dominicano, cujo lema era: "Cantar em Liberdade". Os processos de assimilação da cultura portuguesa, são os responsáveis pela introdução do acordeão, sanfona, gaita, harmónica ou concertina nas tonalidades da musica angolana dando à rebita um folgo diferente, história que não deve ser desvirtuada por arrogância ou soberba pelas novas gerações como se tudo tivesse sido parido do nada ou em uma singela esquina do Sambizanga. O acordeão emigrou da música folclória portuguesa para a massemba ou rebita entrando a gosto no panorama da música popular angolana.
:
Um militar do exército colonial português, vendo todo o potencial musical de Minguito, ofertou em 1964 um acordeão e, não se enganou porque como ninguèm, Minguito introduziu este instrumento de origem Oriental na crioula música Angolana que marcou um momento alto, que perdura. A primeira apresentação pública de Minguito foi numa sessão musical do “Dia do Trabalhador”, no emblemático N´gola Cine, bairro do Caputo de Luanda, em 1967. A pose com o acordeão e a sua invisualidade, conferiram a Minguito uma personalidade própria que o fazia distinguir dos demais artistas, numa época em que o uso deste instrumento bem como o da concertina estavam circunscritos ao tango de Gardel, ou figuras emblemáticas de Fançony e Firmino e outros como Eugénia Lima que tocavam concertina na música ligeira e folclórica portuguesa.
O Gaúcho Teixeirinha, fazia sucesso com suas músicas usando a sanfona tão ao gosto dos carreteiros e tropreiros das pampas do Sul e matutos do sertão; nesse então todo o brasileiro tinha em casa um disco de Teixeirinha com seus passos de bolero e marchas juninas tão popularizadas em todo o Brasil com especial enfoque nas principais cidades Nordestinas. São famosos os arraiais nos estados de Sergipe, em Aracaju, o de Alagos em Maceió e Marechal Deodoro do Brasil, em estilo de forró, lembrando as festas-marchas de Santo António, São João e São Pedro com baile de mastro, bem à maneira das terras do Sul de Portugal e nas cidade de Natal do Ceará e Olinda de Pernambuco no Brasil. O arrasta-pé Nordestino, ao som da sanfona fazem peregrinar milhares de foliões aos bailes pé-de-serra no Cariri e Araripe, alegrando o adro do Padre Cícero, bem ao geito das rebitas de Angola ou os arraiais com mangerico nas faldas da Serra de Monchique no Algarve, nas Serras do Marão e Alvão em Trás-os-Montesou ou nos bairros Alto, Benfica, Alfama, Restelo ou Alto do Pina em Lisboa. No espaço da Lusofonia não podemos esquecer as festas floridas em homenagem aos Santos no Funchal da Ilha da Madeira ou entre milhares de hortenses em Ponta Delgada dos Açores e demais ilhas com seus mistérios beira de estrada.
Teixeirinha
(Continua...)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"O LADO DESCONHECIDO - D. PEDRO I - D. PEDRO IV"
D. Pedro - Imperador do Brasil
Os livros didácticos mostram D. Pedro I do Brasil numa pose sizuda, porte imperial, pouco atraente nas estampas e, mal conservado como estátua duma qualquer praça pública, mas em realidade, há uma outra face dele bem menos conhecida no Brasil e pouco explorada nos círculos da Lusofonia. "O Libertador Luso" do Brasil e de Portugal por via de acabar com a monarquia absolutista, merece à distância temporal, ser relembrado sem aquela picardia mordaz tão própria de uma rebeldia emancipalista. D. Pedro de Alcãntara e ectcetares do Áquem e Álem Tejo, Álem Mar, foi na Europa, até 1834, ano em que faleceu com a idade de 35 anos, o simbolo da moderna liberdade. D. Pedro que em Portugal se tornou o 28º Rei por sete dias no ano de 1826 com o nome de D. Pedro IV, abdicou no Brasil em nome de seu filho D. Pedro II e em Portugal a favor de sua filha D. Maria I. Foi considerado na monarquia de então, o percursor das ideias liberais; o mesmo que deu o grito às margens do riacho Ipiranga, tornou-se um consultor das cortes dominantes, que vieram de certa forma a tornar as leis no mundo, mais justas.
Simon Bolivar
No Brasil, novas pesquisas biográficas revelam-o como um fascinante homem e político culto que conseguiu transformar a América Lusa em uma única nação, destino bem diferenta da América espanhola que se fragmentou em várias repúblicas. Em termos de vastidão de território a repercução deste libertador Luso, pode equipaear-se a Simón Bolivar por ser um diplomata à altura de gerir turbulências de revoluções permanentes sem fragmantação; teremos em abono de verdade, de considerar estes dois libertadores na mesma tribuna honorífica de George Washington. Passados já longos anos daqueles periclitantes periodos da história, os brasileiros deveriam mostrar-se mais maduros no entendimento dos factos, abandonando aquela torpe insubordinação de maldizer com escárnio dos seus ascendentes; vêr com orgulho os episódios sem incutir neles a devassa ideia de que tudo foi fruto duma indisposição após se ter comido sururu impregnado de tóxinas à beira dum rio com o nome de Ipiranga.
George Washington
Não posso sentir alguma repulsa quando a maldade da picardia, menospreza monarcas que foram os progenitores da pátria segundo os conceitos hodiernos, ridicularizando-os como estadistas, monarcas ou simples homens. Como venho relembrando, nos dias de hoje, deveria coexistir uma ambiência cordial entre os países de Língua potuguesa, dissolvendo arrogâncias. Estou a avivar a memória dos Angolanos, Brasileiros, Moçambicanos e Tugas entre os demais, que de igual para igual, têem de dialogar sem a prepotência "patriota" fantasiando a história num corriqueiro piquenique, fanatizando inverdades, deformando consciências ou avivando torpes preconceitos com um riso de pedófilo sarnoso. Não se pode apear a história como se fosse um conjunto de gente feita pedra ou um pedaço de pedra feita gente.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"Os Tugas brazucas" - 5ª Parte
Contrastes do Brasil
Alguns destes portugueses seguiram a trilha dos ex-escravos nas explorações agrícolas do Brasil, e viviam pobremente e sem felicidade, de acordo com o Primeiro Inquérito Parlamentar sobre Emigração, de 1873. Porém, muitos daqueles portugueses que se dedicaram a pequenos estabelecimentos comerciais nas cidades, como no Rio de Janeiro e em São Paulo, fizeram verdadeiras fortunas. Esta emigração foi tão acentuada que na região do Minho a maioria da população teve ou tem um avô ou bisavô no Brasil, assim como tios, padrinhos, enfim, cada família teve ou tem ainda hoje algum emigrado no Brasil. O “brasileiro”, nome dado ao emigrante que regressa a Portugal, trazia verdadeira fortuna e chegado à sua terra construía uma casa luxuosa, também conhecida por “chalé”, na qual procurava ostentar o seu perfil de homem rico. Estas casas vão sobressair na arquitectura das terras, porque são grandes, vistosas, de amplas e muitas janelas, varandas, geralmente com clarabóias no interior da casa e uma palmeira no jardim.
O Gosto pela cachaça
Casas que contrastavam com as casas portuguesas existentes. A influência destes “brasileiros” na sua terra portuguesa é notória, não só pelas casas como também pelas avultadas ofertas para construção e obras da igreja, subsídios para outras benfeitorias e ajudas a familiares, juntando-se em alguns casos uma certa prosperidade que incutem na economia local. Com frequência adquirem antigos conventos. Estes emigrantes não vinham cultivados, no sentido científico e erudito, pois a vida no Brasil era o trabalho, mas muitos deles já com uns horizontes mais largos que os seus compatriotas - viveram noutros mundos, e, por isso, são mais conhecedores, como nos relata Júlio Dinis nos seus romances. São os nossos escritores do século XIX que criam a imagem jocosa do “brasileiro torna-viagem”, bem característica na maneira de vestir, de falar e de ostentar riqueza.
A Aldeia na volta
Apesar de por volta de meados do séc. XX a grande maioria da emigração portuguesa seguir rotas europeias, o Brasil nunca deixou de ser terra para emigrantes portugueses e, principalmente após a independência de Angola em 1975; Estes novos emigrantes enriquecem a sociedade Brasileira por terem trazido com eles a partilha de vivências e novos conceitos por via também de terem uma cultura acima da média. Sempre permaneceu um certo intercâmbio entre descendentes da primeira geração de emigrantes “brasileiros” e os familiares que viviam e vivem deste lado do oceano Atlântico. Só que agora, geralmente, os filhos dessa emigração optam por viverem no Brasil, fazendo várias visitas ao país de origem dos seus antepassados, ficando admirados com a evolução que a terra lusa sofreu, desvirtualizando positivamente um pouco a imagem do país contada pelos pais e avós. O filho do “brasileiro” de hoje geralmente é culto, e em alguns ainda paira a ideia de tornar melhor a sua terra portuguesa.
Dados de Manuela Gama & José Gama da Faculdade de Filosofia UCP - Braga
(continua...)
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DA CONDESSA DO KIPEIO - TR
"Inteligência Espiritual (Liderança) - 2ª Parte"
Sociedade Inteligente
“Inteligência Espiritual é a capacidade de pensar, sentir e agir, crendo que existe algo ou alguém além do tangível ou material, que traz consciência, significado e equilíbrio para o papel das pessoas nas organizações, na família, na sociedade e no mundo” (Marco Fabossi). Uma organização espiritualizada prioriza o compartilhamento em vez da competição, para evitar que apenas poucos vençam, levando assim todas as pessoas juntas ao primeiro lugar do pódio. Nestas organizações já não existe espaço para cabeças e ambientes evolucionistas, onde o lema darwinista é “cresça ou morra”, “sobreviva ou desapareça”. Uma organização espiritualmente inteligente age com ética e não tem apenas metas a cumprir, mas causas a desenvolver. O líder inteligente espiritual age com ética, está sempre pronto a ajudar seus colegas, prefere servir a ser servido e não se envergonha de dizer que depende da equipe para crescer. Seu grande propósito é ajudar as pessoas a se desenvolverem para que se tornem melhores seres humanos, pais, filhos, cônjuges, amigos e profissionais, alinhando suas necessidades e valores aos da organização.
Engenhos de Miró
O líder espiritualmente inteligente está disposto a pagar o preço por agir com os princípios e valores que acredita, mesmo quando isso lhe possa trazer prejuízos pessoais, políticos ou econômicos, porque sua estrutura de valores está acima de qualquer possibilidade de vantagem pessoal ou corporativa. Ele sabe que amar não é apenas um sentimento, mas uma atitude, tratando as pessoas com decência e respeito e levando toda a equipe a agir da mesma maneira. Ele não compactua com resultados e desempenhos ruins, mas obtém o máximo da equipe por meio de inspiração e motivação. Ele jamais denigre as pessoas a quem serve, e busca incessantemente compreender como suas atitudes podem beneficiar essas pessoas, a organização e o mundo. É por isso que a Inteligência Espiritual é a essência da Liderança; porque transforma pessoas comuns em líderes extraordinários, que realmente se importam com o ser humano, com a vida e com o futuro.
Cafufutila: -farinha de mandioca simples misturada com açucar; falando de boca cheia lançam-se falrripos dessa farinha, fuba ou bombô que perturba o interlucotor; Perdigotos sêcos.
Treza R
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"Escândalos na Lusofonia e Jornalismo - 2ª Parte"
Jornalismo e interesse público
Um jornalista, mesmo embuído da mais nobre missão profissional, pode ser o autor intelectual de um crime, protagonizando uma farsa, noticiando a informação nubelosa ao seu público. Decerto, haverá casos de que com o pretexto de que o interesse público está acima de tudo e, de que a imprensa existe para informar esse mesmo público. A mídia, que debate contradições de outra instituições, frequentemente amordaça-se no momento de discutir suas mazelas, inconfidências protegidas sob sigilo judicial, alvoraçando os tão propalados códigos de conduta. Claro que há jornalistas que roubam documentos, que se apresentam com falsa idntidade, que gravam conversas às escondidase agindo acima da lei. A mídia não possui ética especial nem está acima da lei para justificar actitudes orvalhadas só que, às vezes, muitas vezes, há uma cortina institucional aonde todas as questões se apresentam como de "interesse público" com o argumento insufismável de que a imprensa é uma actividade privada.
Supremacia
Normalmente, um restaurante que desrespeite normas sanitárias ou do estipulado em clausulas de alvará, será exposto pela mídia à execração e ficará sem clientes; todavia, um jornalista, quase sempre está imune a esse rigor ou risco; não fica exposto públicamente e, quando muito em caso extremo, é afastado temporáriamente ou demitido pelo jornal. Em geral, o sistema de avaliação à ética do jornalista peca com excessiva complacência, comportamento próprio das corporações fechadas, uma questão interna. Os escândalos tanto no Brasil, como em Portugal ou Angola, têm quase sempre o detonador dentro do aparelho do estado. Nestes países é prática o procedimento comum, que vem da mesma herança cultural, remetendo ao tempo dos Filipinos ou Manuelinos do século XVI em que o Estado surge sempre com um "selo real" muito natural da oligarquia da "Coroa". Nos países do CPLP, (Lusofonia) os escândalos acabam quase sempre por receber autenticação do Estado.
Bibliográfica de consulta: A era do escândalo de Mário Rosa ; escritos de Luis Nassif, jornalista de Toledo - Brasil
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DO KIMBO
“A vida do Papalagui” - Visão de Tuiavvi *
Milagres . Dali
Mas a maior parte dos doentes do pensamento persiste na sua voluptuosa paixão; e é assim que, de mil e uma maneiras, o pensamento faz o homem extraviar-se do seu caminho - como alguèm que pretendesse avançar através da floresta virgem num sítio aonde não houvesse qualquer atalho aberto. É particularmente grave e nefasto que todos os pensamentos - quer bons, quer maus - sejam de imediato projectados sobre finas esteiras brancas. A isso, o Papalagui chama de «imprimir»; de modo que tudo o que esses doentes pensam, fica, ainda por cima, inscrito com a ajuda de uma máquina misteriosa que obra milagres com as suas mil mãos, máquina essa que possui a determinação de muitos e grandes chefes juntos. inscreve os seus pensamentos não uma ou duas vezez, apenas, mas um número infinito de vezes. Agarram depois numa grande porção de esteiras com pensamentos, comprimem-nas em pequenos maços - a que chamam «livros» - e enviam-nos para todos os recantos do país. Quem absorver esses pensamentos ficará imediatamente contaminado, e eles ingerem essas esteiras como se fossem bananas doces.
Nó
Em casa do papalagui há baús cheios de esteiras prensadas (livros). Velhos e jovens roem daquilo como ratos em cana de açucar. Da mesm forma e com o mesmo método, encafuam o maior número de pensamentos na cabeça das crianças. Obrigam-nas a consumir todos os dias uma certa quantidade de esteiras com pensamentos. Só as mais saudáveis é que repelem tais pensamentos, ou deixam que se lhes escoem pelo espírito como se esse fosse uma rede. A maioria sobrecarrega de tal modo a cabeça com pensamentos, que não há possibilidade de o mais ténuo raio de luz lá penetrar. Chama-se a isso «formar o espírito», e a esse estado de constante desvario, «instrução». Na terra dos Brancos, a instrução é coisa já muito difundida. Ser instruido significa: atravancar a cabeça com saber, até ela quase estoirar. O homem instruido sabe qual é a altura de uma palmeira, o peso de uma nós de coco, o nome de todos os grandes chefes de tribo e as datas das guerras que eles fizeram. Sabe qual é o tamanho da Lua, das estrelas e de todos os países.Conhece o nome de cada rio, de cada animal e de cada planta. Sabe tudo, tudo,... tudo.
PAPALAGUI: - Homem branco; *Tuiavvi: - Chefe de tribo das Ilhas Samôa que visitou a Europa no primeiro quarto do século XX e descreveu o que viu desta forma. As adulterações estão referênciadas.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DA CONDESsA DO KIPEIO - TR
"Inteligência Espiritual (Liderança) - 1ª Parte"
Por Marco Fabossi
“A vida é como jogar uma bola na parede. Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde; se for jogada uma bola azul, ela voltará azul; se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca; se a bola for jogada com força, ela voltará com força: Por isso, nunca jogue uma bola na vida, de forma que não esteja pronto para recebê-la. A vida não dá, nem empresta; não se comove, nem se apieda. Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos.” (Albert Einstein)
Valentim Catar . Angola
Quando falo sobre Inteligência Espiritual ou Espiritualidade, não me refiro à religião, mas à capacidade de transcender tempo e espaço; da consciência de que nossas atitudes vão muito além deste momento e deste lugar e de que, como disse Teilhard Chardin, “não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual, mas seres espirituais tendo uma experiência humana”, ou seja, o ser humano é na verdade um ser essencialmente espiritual. Quando transcendemos tempo e espaço, percebemos que fazemos parte de algo muito maior e naturalmente desenvolvemos nossa Inteligência Espiritual, que na sua essência é o amor, que na prática se revela através da solidariedade e do altruísmo.
Lino Damião .Mussulo . Angola
Uma pessoa espiritualmente inteligente não se vê separado do outro, da comunidade ou do universo. E se você não se sente separado do outro, é bem provável que não faça mal a ele, porque se o fizer, o estará fazendo a si próprio. Se você não se sente separado da natureza, cuidará dela com o mesmo carinho que cuida de si mesmo. Esta é a Regra de Ouro ou Ética da Reciprocidade: “Trate os outros do modo que você mesmo gostaria de ser tratado. Não faça aos outros o que você não quer que façam a você”. Liderança é cuidar do presente enquanto cria o futuro, e isso é essencialmente espiritual. Nosso mundo passa por uma crise de sustentabilidade e falta de perspectivas para o futuro, e um dos principais motivos é justamente a ausência de líderes que pensem e ajam com base em princípios e valores que rompam os limites do aqui e agora; líderes que elevem seu olhar para além de interesses que apenas solucionem o imediato e o individual, porque são justamente estes interesses que têm levado a práticas e iniciativas que estão devastando o meio ambiente, consumindo recursos finitos, criando desigualdades, conduzindo a uma enorme crise de liderança nas organizações e acabando com a saúde e o moral das pessoas.
Cafufutila: farinha de mandioca simples misturada com açucar; falando de boca cheia lançam-se falrripos dessa farinha, fuba ou bombô que perturba o interlucotor; Perdigotos sêcos.
(Continua...)
Treza R
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"Assim não brinco "
No Brasil, o maior país consumidor de "telenovelas", há uma forma própria de relatar e observar a realidade no qual o elemento drama, está sempre presente. Os personagens da notícia estereótipos da vivência social, de vilões, fracos, justos, injustiçados e justiceiros, convivem no dia-a-dia e a cada edição do telejornal, nos jornais ou revistas. Num mundo de cada vez maior exposição, políticos, empresas e empresários personalizam em um dado momento esse papel de actor. A sua retratação, dependerá muito da sua própria actitude. Na prática e, em questão do escãndalos, o caminho a percorrer, não é o de fazer o que já está feito mas, avançar sobre outros campos, outras necessidades, para que outros problemas da sociedade brasileira possam vir ao de cima, oxigenar-se à luz tais como: a pedofilia tão vulgarizada e tão comum, do assédio sexual, da defeciente formação básica na escola, a falta de apetrechamento aos orgãos de ensino, segurança e saúde, o uso indevido de acessorias comendo despilfarros do erário público, a falta de acesso à higiene básica e normas de salubridade nas cidades com esgotos a céu aberto com porcos e galinhas chafurdando em fetos, restos de visceras e maus cheiros de margens nojentas, o preconceito da cõr desperdiçando o arco-iris social da raça humana, do laxismo no trato do cidadão pelo poder público e gente impreparada para cuidar dos demais, a austeridade e prepotência inchada em gente sem mais valia do que pura sacanagem ou vilanagem no uso do mando e desmando entre tantos maus exemplos de conduta. Assim não brinco!
Cactos . Tarsila do Amaral
E, quantas vantagens pecuniárias se celebram em negócios entre duas empresas ajustando preços em prejuízo do consumidor; e, o preço excessivo que se paga em produtos com peso roubado e embalado com valor adulterado, ou mesmo contas de soma com um factor extra e constante adicionado à factura sem maior explicação. Como é que se comprende que o leite tão básico para a alimentação infantil esteja mais caro do que nos países da Europa, da linha da frente mas, sem gado nem pastos. E, a constante pressão ao consumo "compre agora e pague depois" em prazos de vida dinossáurica e, que forçosamente resultam num endividamento da família, da sociedade; isto tudo assediado pelos mídia e a banca exploradora cobrando taxas para uma qualquer operação. A velha lógica " tudo que a lei não proibe" é usada e abusada exaurindo leis, esvaziando regulamentos, omitindo o ponto e a vírgula a pretexto de interpretação dúbia. Assim não brinco! E, desde quando no Brasil, rico vai para a cadeia. Pobre é forçosamente ladrão e se for negro agudiza o crime. Nisto que não só consta, como transparece, o Brasil, só será rico, mesmo,...quando acabar com toda essa pobresa.
Moamba do Brasil: Negócios escuros, ilicitude, candonga, tráfico clandestino.
Moamba de Angola: Prato típico de Angola com galinha, pirão, farinha de mandioca, óleo de palma e quiabos.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"ESCÂNDALOS... sua tipificação e a gasosa* "
Escândalos . picasso
É interessante vereficar que os mesmos escândalos, têem importãncias diferênciadas em países distintos; enquanto que no Brasil se despreza os escândalos sexuais atribuindo-lhe um valor secundário, em Portugal ou USA a imprensa inspira-se em plenitude. Só os escândalos de poder, da corrupção, do entesouramento, das luvas e favorecimentos, estão no mesmo patamar de interesse pelo grande público. A demissão do Ministro Chefe da Casa Civil - Brasil, António Palocci Filho do partido dos Trabalhadores, do governo de Dilma Roussef é bem patente. Em 2005, Palocci viu-se envolvido no escândalo do mensalão pelo seu ex-secretário do município de Ribeirão Preto, sendo acusado de receber entre 2001 e 2004 luvas ou propinas (gasosas) de uma empresa favorecida em licitações do município. O dinheiro da gasosa seria usado para abastecer a caixa dois de candidatos do PT, seguindo-se-lhe um rol de acusações que não cabe aqui nesta crónica esmiuçar, que lhe afectaram a defesa. O povão não perdoa ser defraudado em licitações para a compra de cestas básicas, um pecúlio de ajuda a gente pobre, à semelhança do rendimento mínimo ou de sobrevivência.
Povo . Neves de Sousa . Angola
O "cara" como, se diz, meteu a mão no "negócio" tendo inchado o seu pequeno naco em um bolo de milhões de Reais. Diz a imprensa, ser mais que evidente, o "cara" ter metido a mão em dinheiros públicos por sobre-facturamento e outras manigâncias tão comuns neste mundão. O "Sêlo Real" de herança cultural desde o tempo d do rei D. Manuel de Portugal, arrastou-se desde então até aos dias de hoje provocando desvios ao erário público, implicando por isso em escândalos político-financeiros de ligações ocultas entre os três poderes: económico, político e os Internautas (cidadania).
Manchas . Henri Matisse
O distinto professor da Universidade de Cambridge, John Thompson em uma de suas palestras afirmou: «Nesta era moderna, de visibilidade midiática, o escândalo é um risco que ameaça constantemente tragar os individuos cujas vidas se tornaram o foco da atenção pública». Os escândlos públicos manifestam-se exencialmente nessas três formas e, sendo assim convém recordar como tópicos: Nos escândalos sociais temos o caso de Monica Lewinskie Bill Clinton nos USA; como abuso de poder temos os IRÃ/Contras e Watergate de Richard Nixon; em escândalos financeiros ou "patrimoniais" envolvem-se o pagamento de luvas, favores ou favorecimentos de contratos como o caso de Palocci no Brasil e os muitos casos das empresas público-privadas que levaram Sócratas ao abandono depois de deixar seu partido no fundo dum lago cheio de corruptos e corruptores. O panorama em Angola embora com outros contornos, não difere nos propositos na forma de sigilosa perseguição e retiro de alvissaras ao portador da mensagem.
* Gasosa: Termo angolano de suborno, luvas, propina, corrupção - (a moamba do Brasil).
(Continua...)
O Soba T´Chingange
CRÓNICA DO SOBA T´CHINGANGE
" OSCAR RIBAS . PAI DA KIZOMBA "
Pintura de Valentim Catar . Angola
Angola foi palco de violência e instabilidade política até ao 11 de Novembro de 1975 contra a ocupação portuguesa e, após esta data a luta continuou entre irmãos Kimbundos a Norte e Umbundos a Sul até ao ano de 2005, quando da morte do patriota Jonas Savimbi. Seus músicos foram oprimidos pelas forças governamentais, tanto durante o período da colonização como após a independência. O ritmo quente de Angola com variantes de melodia Congolesa e Imbinda, influenciaram fortemente os ritmos do Brasil e toda a bacia do Caribe através dos Cubanos, apoiantes ditos progressistas do Movimento Popular de Angola com seu carismático presidente Agostinho Neto. Assim, podemos considerar Luanda a capital ou berço de estilos diversificados como o merengue, kazukuta, kilapanda e semba tendo daí derivado o samba tão popular no país de irmandade lusófona. A rebita, nasce na zona de influência do antigo reino de N´Gola tendo como baluarte a Ilha de Luanda e por instrumento o acordeão trazido pelos Xi-Colonos, os Mwene-Putos ou t´chindeles tal como a harmónica, concertina ou sanfona, ritmos já muito usados no Noredeste Brasileiro por via da ida de muitos escravos a trabalhar nos engenhos de açucar com os nomes de Xanxado, forró e até o Frevo de Olinda.
Óscar Ribas
O samba derivado do semba ou umbigada é predecessor da kizomba e do recente kuduro tão erótico num rebolado mais profundo do que o simples toque de massemba (choque) de umbigo. Estas músicas têm um forte componente na marginal vivência do musseque, a favela do brasil com seus morros transpirando a vida na sua maior plenitude gozada ao minuto por via dum incerto futuro, "deixa-me gozar enquanto é tempo e posso". E, os musseques crescem com inventações novas misturadas com Rep e trageitos de banga ninita, mostrando toda a agilidade dos antigos jogadores de bassula mostrando toda a banga fecula de seus antepassados guerreiros destemidos do Pungo Andongo com sabedoria de esquindiva de Kuiloanges. Deste dançar e jingação, nasce a capoeira tão ao gosto do brasileiro. O musseque, lá aonde a areia entra pelos quintais e no meio de tamarindos e frondosas mulembas juntavam-se os kandengues tamborilando latas velhas de azeite galo, bordão raiado de reco-reco e tambores formando a mariba. A percução soa e ressoa no cair do dia como um batuque de doce pasmar.
Dog Murras
Em bairros como os Coqueiros, Imgombotas, Maculussu, Bairro Operário, Maianga, Rangel, Cazenga e Marçal vivia-se um ambiente intimista de preservação das músicas e tradições angolanas, preservadas e estimuladas por gente dos arrabaldes como eu, um mazombo que teve o prazer de conhecer Óscar Ribas. Marginalizados pela dominação Lusa presente na época, o folclore dos musseques (bairros pobres) fascinam parte de uma geração de jovens lutadores de famílias humildes e resistentes, que resolve criar o seu próprio estilo musical, afirmando a especificidade da cultura angolana, crioula na sua excência e, numa época muito conturbada que origina o surgir de cantores quase repentistas que denunciam os governantes, cazucuteiros do poder que esquecem a vida dura para além do asfalto. Para nós a dança e a música era uma forma de intervenção sem lutar com armas, era uma forma de resistência cultural. Óscar Ribas sem a natural visão (era cego) que acaba por ver mais que muitos, transmite esse rebelde querer de reviver nos Kamundongos estimulando através da Liga Africana essa forma de estar, cantar e ficar. O primeiro grupo a tornar-se popular dentro e fora de Angola foram "os Jovens do Prenda" paredes meias com o Catambôr. Depois surgiram muitos a recordar, como Os "N´Gola Ritmos", "Os Cunhas", os "África Show" dos anos sessenta e vocalistas como o Teta Lando. Não cabe aqui descrever todos, mas não me quero esquecer do Minguito que originava nesse então as maiores rebitas de Luanda. Agora já mais velho, kota raiando o século, fiquei fâ do Dog Murras porque do Bonga, já o era há muito.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"Os guardiões da moralidade"
Equilibrista. Entre o sim e o não
O teóricamente louvável na sociedade civil, será assegurar que determinadas salvaguardas do direito individual sejam respeitadas, tomando por princípio de que ninguém pode ser considerado culpado antes que sejam apresentadas provas cabais dessa culpa e que, o ónus da compravação de um delito cabe a quem faz uma acusação. Nos tribunais de causas políticas a lógica é outra; o que mais importa é a chance dos políticos aparecerem nos noticiários como "os guardiões da moralidade" aonde quase sempre, saem transvestidos de "cordeiros" na dramaturgia do noticiário com abusos de promotores nos procedimentos judiciais. Em um interrogatório de muitas horas e tensão, uma mínima contradição é o suficiente para gerar a "notícia" do dia seguinte em que o acusado será pintado como um monstro.
Moralidade da minha roça
Há todo um terreno na área do escândalo a ser radiografado, sendo fundamental eliminar no conflito de interesses, a chance de proporcionar isenção, uma investigação mais proveitosa sem criar dividendos a um qualquer investigador de carreira política do Ministério Público. A história, ensina que todas as vezes que grandes organizações ou partidos políticos criaram esquadrões reservados, subordinados a regras desconhecidas, inclusivé pela maioria dos seus pares, em algum momento, o interesse público corre o risco de ser prejudicado; recorde-se aqui que Adolfo Hitler iniciou um processo igual que conduziu à segunda guerra mundial. Este tipo de acção especial, fica reservado a uma "élite" na forma de comissão política do sistema, de lealdade extrema à doutrina revolucionária que não faz concessão na hora de enfrentar o "inimigo". Tudo isto é fruto do poder e da vontade de de o ter.
Moamba: Negócios escuros, ilicitude, candonga; Prato típico de Angola com galinha, pirão, farinha de mandioca e óleo de palma
Bibliográfica de consulta: A era do escândalo de Mário Rosa; escritos de Luis Nassif, jornalista de Toledo - Brasil.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"Escândalos na Lusofonia e Jornalismo"
Flor de porcelana
Collor de Mello, presidente do Brasil, foi obrigado a renunciar em Dezembro de 1992 por abuso de poder entre vários escândalos financeiros já largamente abordados na mídia, perdendo o direito de ocupar qualquer cargo público durante oito anos. Collor usou a máquina do estado para prejudicar adversários e formação de quase quadrilhas, na forma de uma rede de "macaxeira / mandioca / kinguilas" e contas-fantasmas abastecidas por uma teia de cobrança de "propinas / gazosas" e sonegação de impostos secretariados por P.C.Farias. O ADN dos escândalos são referênciados pela sencibilidade e hábitos de um povo; o exercício de observação a estes fenómenos sociais produzem regras práticas a que os entendidos da mídia chamam de "método indutivo". O facto de muitos protagonistas de escândalos assim sejam de Angola, Portugal ou Brasil serem fornecedores do Estado, tal como empreiteiros, favorecem a descoberta de vínculos obscuros entre autoridades públicas e agentes privados.
Retrospectiva . Lasar Segall
A imprensa de hoje deve exercer um papel fundamental no contexto das instituições. Graças à sua permanente vigilância, vem sendo possivel denúnciar todas as formas de abusos e e práticas corruptas, revelando ultrapassadas formas de execrcício e manutenção do poder e suas redes de corruptos, corruptores e corruptela do deixa andar, incompativeis com a sociedade. Ser-se justo e transparente são as qualidades necessárias de um qualquer veículo de notícia. Ignorar o clamor dos que se sentem injustiçados, é uma actitude antidemocrática que põe em risco os benefícios sociais de todos. Liberdade de imprensa, não é o mesmo que liberdade da imprensa; corrigir erros e reconhecê-los não torna as instituições mais fracas e, devem ser corrigidas assim que detectadas. A ideia de que os bons propósitos servem como atenuante para eventuais erros, é uma grosseira reedição do príncipio de segundo a qual os fins justificam os meios.
(Continua...)
Bibliográfica de consulta: A era do escândalo de Mário Rosa ; escritos de Luis Nassif, jornalista de Toledo - Br.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMB
"ESCÂNDALOS. Um país só é rico quando eliminar a pobreza"
Musseque. Antiga Praia do Bispo / Samba
Estamos na onda de surfar a vida com precauções acrescidas na preservação da reputação. Os "escândalos de encomenda" avivam a mídia a ser parte interessada na perpectuação do alarme ou até dum silêncio conveniente, dando-lhe um poder nunca antes visto ao portador de opinião, assim seja via Internete, jornal, TV ou rádio. A grande massa de consumidores da notícia, povo indiferênciado, não vê com bons olhos a impunidade dum político porque se sentem defraudados, por isso os actores de escândalos das últimas décadas, atingiram mais directamente os políticos do mundo Lusófono.
Obiageli Ezekwesili
Obiageli Ezekwesili, a vice-presidente do Banco Mundial para África defendeu que "é preciso envolver a população" e criar "confiança pública na forma como o governo está a abordar este tipo de problemas. Referindo-se a Angola relembrou: a pobreza e o excesso de população em Luanda são uma "bomba-relógio" e aconselhou o governo angolano a incluir os cidadãos na discussão sobre o futuro do país. E, disse mais:"Espero que os angolanos percebam a urgência de resolver este problema (da pobreza). Angola urbanizou-se muito rapidamente e quando olhamos para a capital Luanda vemos uma concentração massiva de pessoas e sinais diários de pobreza urbana que o governo precisa combater.
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DO KIMBO
“A visão do Papalagui” - Visão de Tuiavvi *
ESCULTURAS DE AREIA
Quando alguém pensa muito e com rapidez, diz-se que é uma grande cabeça. Em vez de ter dó dessas grandes cabeças, o Papalagui respeita-as sobremaneira. As aldeias elegem-nas para seus chefes. Se houver, numa aldeia, uma grande cabeça, logo ela se sentirá no dever de comunicar os seus pensamentos a todos os presentes, que os admirarão e com eles se deleitarão. Quando uma grande cabeça morre, todo o país fica de luto e lamenta sua perda. Talham então na rocha uma imagem da grande cabeça e expõem-na à vista de todos, no largo do mercado. Para que a gente do povo possa admirar bem essas cabeças de pedra e isso as leve a reflectirhumildemente na pequenez da sua, talham-nas em tamanho muito maiordo que o que na realidade tinham. Quando se pergunta a um Papalaghui: «Porque é que pensas assim tanto?», ele responde: «Para não ficar estúpido!».
MALANGATANA . HOMENAGEM
o Papalagui atribui a sí próprio o qualificativo de "investigar", Este investigar quer dizer: ter uma coisa tão perto da vista que se pode tocar-lhe e meter lá o nariz, a mania de penetrar e esquadrinhar tudo com uma paixão desprezivel e de mau gosto.Ele agarra uma escolopendra, uma espécie de centopeia, trespaaaa-a com uma pequena azagaia e arranca-lhe uma pata: « O que é que parece esta pata, assim separada do corpo? como etava ela agarrada ao corpo?» E parte a perna, para ver a sua espessura, os ossos e nervos, p'ara ele, é importante , é fundamental .Tira da pata uma parcela do tamanho de um grão de aereia e coloca-a debaixo de um grande tubo possuidor de uma força misteriosa, que permite aos olhos verem com mais nitidez. Com a ajuda desse grande e potente olho, esquadrinha tudo - uma lágrima, um pedaço de pele, um cabelo - tudo, absolutamente tudo .Vai dividindo todas as coisas que vê, até chegar a um ponto em que já não pode parti-las nem subdividi-las mais.
PAPALAGUI: - Homem branco; *Tuiavvi: - Chefe de tribo das Ilhas Samôa que visitou a Europa no primeiro quarto do século XX e descreveu o que viu desta forma. As adulterações estão referênciadas.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"ESCÂNDALOS"
ESCÂNDALOS - DALI
Do ponto de vista social, os escândalos servem para focar a defesa do interesse público pelo jornalismo. Ao explicitar o escândalo, a mídia, automáticamente, está destacando os valores morais e éticos aos quais pretende estar associada ou comprometida. As inovações tecnológicas, produziram uma série de transformações impondo à mídia uma nova dinâmica no gerênciamento da notícia e proliferação de escândalos, fenómeno que se reveste de uma forte lógica empresarial ou encomenda ideológica com gastos relativamente baixos. Hoje, não é necessário custear investigações com viágens de equipas e repórteres a lugares remotos do globo por via desse partilhar gratuito de informação. Na nova realidade, o cidadão tem todos os meios ao seu alcance para documentar ao segundo, uma notícia e, num ápice de tempo, chegar ao outro lado do mundo.
Di Cavalcanti... Baianas
A todo o momento, e através da Internet, blogues, facebook e outros meios, grande massa de informação a custo zero, chega ao nosso "quintal" e rincões mais distantes de qualquer floresta inóspita. Se não houver bom senso e ética (que é o mais usual), o correcto funcionamento das instituições, podem ser bombardeadas com inverdades quebrando a vigilância dos agentes da lei e justiça. Toda a gente é reporter, toda a gente se acha livre para afirmar o que quer-que-seja e, a cidadânia vira "um novelo" dificil de culpabilizar alguém. Em todos os sentidos na visão dos mídia, o escândalo, é um bom negócio; gera conteúdo grátis e, não há comissões de investigação que cheguem rápidamente a bom termo, porque os interesses ficam comprometidos e confundindo a esfera publica com a privada e, as prerrogativas antes inéditas do poder, vazam notícias de sigílo bancário, fiscal e telefónico na pessoa física ou jurídica criando um ambiente propício à proliferação da "crises de imagem".
Referência bibliográfica: A era do escândalo de Mário Rosa
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"OS MUXOXOS DA CULPA
O sentimento mais difícil de combater é o da culpa, mesmo quando esta é baseada em em factos falsos; o que sobra no fim é uma enorme sensação de ter sido impotente e mesmo incompetente para lidar com o ocorrido. Muita gente esqueceu e, a maioria dos retornados de África tentou ultrapassar esse desaire a que se chamou descolonização exemplar; neste episódio triste da história recente, mais de um milhão de portuguêses do álem-mar foram manobrados e explorados sem nunca se lhes proporcionar qualquer hipótese de serem indeminizados de tudo o que lhes foi tirado. As informações ao longo do tempo demonstraram que a maioria, nada tinha feito de errado lá aonde quer que estivesse. Os retornados, tendo perdido tudo continuaram vulneráveis na sua vida quotidiana em sua terra madrasta. Sem lideres e com os orgãos de ataque governamentais do PREC a serem bem acolhidos pela população de Portugal, esta gente tratada de "vira-latas" foram paulatinamente sendo acantonados nos becos do desespero tuga ou diáspora. Havia e há um preconceito muito forte da população contra essa gente que humildemente vivia sem se aperceber dos meandros podres da geoestratégia comandada por diabólicos politicos . O boicote contra estes cidadãos "estereotipados" fizeram-se sentir, sendo-lhes muito difícil sair dos becos pela via de métodos de seleção restritiva. Os "esploradores de negros" por mais explicações dadas resignaram-se a assumir culpas pagando um alto preço revolucionário ao qual estavam alheios.
Malangatana . Homenagem
Um amigo próximo, refere-se amiúde a esse lado negativo de gente dita exploradora vindo ao de cima o tão propalada pelos meios de informação; esquecendo-se a propósito das nuances diferenciadas na qual me incluo, bate demasiadas vezes na mesms tecla de minha mente. Resignadamente abano os ombros fazendo-me desentendido dos argumentos que regeito por serem inverdades grosseiras, claro! Para mim, foi o começo do recomeço repetido em mergulhos de solidão, uma fuga para dentro da alma, aonde averdade se esconde dos argumentos. O "escândalo da descolonização" tornou-se uma fita de cinema sem diálogo, cansativa de ser endurecida sem que se exija dinâmica; um veneno do qual provo todos os dias sem esperança de ser ressarçido da verdade, um processo crime na qual as vitimas são defenitivamente bandidos. Todos os santos dias busco uma reparação moral mas, sinceramente não me revejo na mentira mas, também não me é permitido iniciar o processo de reconstrução da minha imagem. Como eu, muitos mais se assemelham. Não tivemos defesa nem nunca seremos absolvidos; teremos de continuar a "muxoxar", abanar os ombros, e conviver resignadamente com a condenação geral.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"AVISO A PPC - A LENDA DE AQUILES"
PP Coelho
Derivando no formato e trato da escrita, ocorreu-me relembrar o caso da mitologia grega para referir o quanto um vencedor, está sugeito ao assédios da maldiscência. Na reputação do bom nome, fundamentalmente na politica, podem fabricar-se debilidades para a arruinar. Sabemos o quanto isto pode ser trabalhado na surdina do anonimato, urdindo a notícia, tornando um digno mandatário num "ladrão de patinetas". E, um facto da história é a de que Aquiles, um dos personagem da mitologia grega. Aquiles, filho da semideusa Nereide Tétis e do rei Peleu, foi batizado por sua mãe no rio Estige. Por forma a torná-lo invencível, sua previdente mãe Nereide, mergulhou-o no rio cuja água tinha o poder mágico de tornar invulnerável quem nelas se banhasse. Para que ficase totalmente coberto desse poder divino, sua mãe, colocou-o de cabeça para baixo segurando-o apenas por um calcanhar. Esse passou a ser o o único ponto fraco de Aquiles. O filho de Tétis teve uma trajectória memorável tornando-se em um grande general da guerra de Troia, temido por suas victórias, até que um dia foi atingido por uma lança envenenada no calcanhar tendo sucumbido imediatamente O que se chama "Sindroma de Aquiles" ou um vulgar dizêr popular "É um calcanhar de Aquiles" é justamente essa armadilha que abate lideres e organizações vencedoras quando atingidas no seu ponto fraco.
Tormentos de Dali
É asim que os "Aquiles" modernos, políticos e homens de gabarito com reputação, caem de um momento para o outro estatelados, viram poeira passando a representar o oposto do que eram. A esta inversão de 180 graus na imagem chama-se "Sindroma de Aquiles". Um lider vencedor ou sua organização, fica mais vulnerável a este panorama ou filme porque ao acreditar mais em sí, e suas certezas, menospreza ou substima as certezas dos demais. Um executivo de alto coturno ou de estirpe impoluta, não necessita de derramar lágrimas ou arrancar cabelos quando qualquer coisa se torna ruím mas, a falta de sensibilide ou desvario, transposta ao grande público, pode ser desatrosa. Em maior ou menor grau, quem conquistou sucesso, poder ou fama a um nível acima do mormal, produzindo uma sucessão de victórias e se sentir um predestinado, tudo isso abre um espaço para tornar essa invulgar realidade para um ponto fraco, o fracasso, a ruína. Depois,... Depois, nem mesmo com botas de aço se protegerá dessas lanças envenenadas. Aos meus amigos "laranjas" e a PPC, Pedro Passos Coelho, recomendo trabalho e prevenção. Muita prevenção no rumo. Se Aquiles se tivesse prevenido não usando sandálias abertas, talvez ainda estivesse vivo...
Referências: Ilíade de Homero
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DO FIDALGO KELLERRICO . BR
Correspondente do Kimbo
CANDONGA COM QUIABOS
"Nada é tão ruim que não possa piorar" - 2ª Parte
GIOVANI FERRI, Promotor de Justiça de Toledo-PR
Moamba: Negócios escuros, ilicitude, candonga; Prato típico de Angola com galinha, pirão e farinha de mandioca e óleo de palma
Além disso, a nova lei estendeu a fiança para crimes punidos com até 04 anos de prisão, coisa que não era permitida desde 1940 pelo Código de Processo Penal! Agora, nos crimes de porte de arma de fogo, disparo de arma de fogo, furto simples, receptação, apropriação indébita, homicídio culposo no trânsito, cárcere privado, corrupção de menores, formação de quadrilha, contrabando, armazenamento e transmissão de foto pornográfica de criança, assédio de criança para fins libidinosos, destruição de bem público, comercialização de produto agrotóxico sem origem, emissão de duplicada falsa, e vários outros crimes punidos com até 04 anos de prisão, ninguém permanece preso (só se for reincidente). Em todos esses casos o Delegado irá arbitrar fiança diretamente, sem análise do Promotor e do Juiz. Resultado: o criminoso não passará uma noite na cadeia e sairá livre pagando uma fiança que se inicia em um salário mínimo!
Moamba de Dali
Esse pode ser o preço do seu carro furtado e vendido no Paraguai, do seu computador receptado, da morte de um parente no trânsito, do assédio de sua filha, daquele que está transportando uma tonelada de produtos contrabandeados, do cidadão que estava na praça onde seu filho frequenta portando uma arma de fogo, do cidadão que usa um menor de 10 anos para cometer crimes, etc. Em resumo, salvo em crimes gravíssimos, com a entrada em vigor das novas regras, quase ninguém ficará preso após cometer vários tipos de crimes que afetam diariamente a sociedade. Para que não fique qualquer dúvida sobre o que estou dizendo, vejam a lei: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm. Também para comprovar o que disse, leiam o artigo do Desembargador FAUSTO DE SANCTIS sobre a nova lei, o qual diz textualmente que "com a vigência da norma, a prisão estará praticamente inviabilizada no país": http://advivo.com.br/blog/luisnassif/de-sanctis-e-o-codigo-de-processo-penal
Keller, (O Figalgo)
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“REVOLUÇÃO DO CARIRI” - Falar de Padre Cícero*
VALE DO CARIRI
Verso . 9 : Nasci na tua vida, para te conduzir à casa do Pai. (Lambert Nolen)
Kianda (Quimbundo de N´gola): Espírito, sereia, kalunga de contos africanos, miragem das águas, visão das lagoas
No início de Dezembro de 1913 rebenta em Juazeiroa a revolução do Cariri. Um pouco por todo o Brasil, havia manifestações de descontentamento com o poder longinquo e o despotismo ditatorial nas várias regiões. Despoletaram revoltas como a dos Canudos e esta, a do Cariri, tendo como chefe da rebelião o Dr. Flôro Bartolomeu, muito próximo ao padre Cícero e, usando a popularidade deste para fazer vingar sua ambição. O capitão Ladislau que comandava o batalhão estacionado na cidade de Crato, procurava amedrontar os revoltosos, usando seus militares para açoitar romeiros indefesos na Serra do Araripe e Taboleiros de Barbalha. Sob seu mando faziam-se comicios nas ruas gritando a todo pulmão ameaças de destruir "a raça maldita do Padre Cícero"; afiavam os sabres para degolar os jagunços, povo de Juazeiro. Era a guerra dos romeiros-jagunços contra os "macacos" das forças legalistas. Dr. Flôro Bartolomeu que vem a ficar Presidente do Estado do Ceará defenderá mais tarde em livro a honra do "Painho Ciço" afirmando: «Será possivel que não se saiba ainda hoje que fui eu o chefe da revolução do Juazeiro e o único responsável por ela ? ». No meio daquela turbulência social podia vêr-se as ruas cheias de polícias armados de carabinas mausers tendo a seu lado homens da sociedade Cretense, armados de rifles, punhais à cintura, lenços coloridos enrolados ao pescoço, chapéus de couro quebrados à frente, anciosos pelo momento de entrarem em cena contra as forças rebeldes de Juazeiro.
SOLDADOS DA REVOLTA DE CARIRI -" OS MACACOS"
Os revoltosos, homens armados de rifles, bacamartes, espingardas de matar passarinos, cacetes, foices, facões, punhal e chuços, facas de cozinha, garrafas cheias de cacos de vidro, pimenta em pó e pólvora; enfim, uma desconcertante algazarra de audazes guerrilheiros e aventureiros voluntários vestidos de cangaceiros. Era a independência de Juazeiro separando-a da cidade do Crato que estava em causa. O lado legalista afirmavam que os combatentes da revolução eram bandidos, fanáticos criminosos que usavam rosários ao pescoço, rezavam pela manhã purificando-se das mortes a fazer nesse dia; criminosos fanáticos, sentenciados cangaceiros importados do Navio e desesperos da fome. De facto havia gente sem eira nem beira dispostos a morrer defendendo Juazeiro e seu fundador Padre Cícero. Ao lado de toda esta gente, também se juntaram homens de bem de todas as classes sociais, residentes dalí e de outros municípios que se sentiram na obrigação de pegar em armas para fazer frente aos legalistas aquartelados em Crato.
BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA: Verdadeira históri de Juazeiro do Norte de Amália Xavier de Oliveira
Padre Cícero Romão Batista*: Ou Padim Ciço na versão popular, foi um sacerdote católico brasileiro, nascido no Crato de Cariri a 24 de Março de 1844, tendo falecido no Juazeiro do Norte a 20 de Junho de 1934.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
" A Cruz da 1ª missa no Brasil" - 4ª Parte
O aleijadinho - Mestre António Lisboa
Para além do aspecto artístico que se deve, em Braga, a várias campanhas de trabalho que culminam com Carlos Amarante, e, em Congonhas do Campo, ao mestre António Fernandes Lisboa, uma particularidade do mestre brasileiro contribuiu para a divulgação da obra: uma enfermidade incurável, que lhe roeu as mãos e fez perder o uso dos pés, não impediu a sua total dedicação à arte da escultura, e granjeou-lhe o apelido de Aleijadinho, nome por que é geralmente conhecido.
As semelhanças podem ser apontadas em várias outras cidades mineiras, como Ouro Preto, São João del Rei eDiamantina. Existem mesmo alguns casos em que a reciprocidade de influências é de admitir, como acontece com as igrejas de plantas elípticas com torres redondas, de Ouro Preto e São João del Rei, que surgem depois também na região do Minho, nomeadamente em Barcelos e Braga.
Padre Manuel da Nóbrega
A magnificência do barroco aponta, por si mesma, para uma realidade marcante das relações entre Portugal e o Brasil, no período correspondente ao florescimento deste estilo. É a concretização do sonho da riqueza, não apenas na extracção de madeiras caras e produção do tabaco, mas sobretudo nas jazidas de ouro e de pedras preciosas, que começaram a ser descobertas pelos fins do séc. XVII, e vieram alimentar o fausto e esplendor dos reinados D. João V e de seu filho D. José. Da ostentação dessas riquezas vindas do Brasil, nesse período, temos no coro alto e nas caixas dos órgãos da Sé Catedral de Braga “o mais espectacular conjunto barroco do género no País”. Todo esse conjunto é trabalhado em madeira de jacarandá da Baía, vulgarmente conhecida por “pau santo”.
Uma época
Os monumentos religiosos sempre foram um bom reflexo das tendências artísticas e decorativas de cada época. A profusão da talha dourada do barroco bracarense reflecte bem o fausto de uma época, em parceria com os monumentos do barroco mineiro, comungando do mesmo espírito e da mesma exaltação da riqueza comum. A tradição popular do “brasileiro”. No século XIX, a forte corrente emigratória das gentes do Minho para o Brasil foi intensa, porque os trabalhadores do campo eram muito mal pagos ou não tinham trabalho, e a indústria não se desenvolvia. A língua aproximava os dois povos e a facilidade em arranjar contratos faz com que os portugueses, de trouxa na mão, e movidos pela esperança de um sol doirado, atravessem o oceano em barcos a vapor.
Dados de Manuela Gama & José Gama da Faculdade de Filosofia UCP - Braga
(continua...)
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DO FIDALGO KELLERRICO . BR
Giovani Ferri - Promotor de Justiça de Toledo-PR
"Nada é tão ruim que não possa piorar" - 1ª Parte
Moamba: negócios escuros, ilicitude, candonga; prato típico de Angola com galinha, pirão e farinha de mandioca e óleo de palma
Carlos colegas, após 15 anos de atuação na área criminal estou pensando seriamente em abandonar a área com a nova LEI 12.403/2011 aprovada pelo CONGRESSO NACIONAL e sancionada em 05/05/2011 pela Presidente DILMA ROUSSEF e pelo Ministro da Justiça JOSÉ EDUARDO CARDOZO. Quem não é da área, fique sabendo que em 60 dias (05/07/2011) a nova lei entra em vigor e a PRISÃO EM FLAGRANTE E PRISÃO PREVENTIVA SOMENTE OCORRERÃO EM CASOS RARÍSSIMOS, aumentando a impunidade no país. Em tese somente vai ficar preso quem cometer HOMICÍDIO QUALIFICADO, ESTUPRO, TRÁFICO DE ENTORPECENTES, LATROCÍNIO, etc...
Prisão preventiva
A nova lei trouxe a exigência de manter a prisão em flagrante ou decretar a prisão preventiva somente em situações excepcionais, prevendo a CONVERSÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE ou SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA em 9 tipos de MEDIDAS CAUTELARES praticamente inócuas e sem meios de fiscalização (comparecimento periódico no fórum para justificar suas atividades, proibição de frequentar determinados lugares, afastamento de pessoas, proibição de se ausentar da comarca onde reside, recolhimento domiciliar durante a noite, suspensão de exercício de função pública, arbitramento de fiança, internamento em clinica de tratamento e monitoramento eletrônico). Para quem não é da área, isso significa que crimes como homicídio simples, roubo a mão armada, lesão corporal gravíssima, uso de armas restritas (fuzil, pistola 9 mm, etc.), desvio de dinheiro público, corrupção passiva, peculato, extorsão, etc., dificilmente admitirão a PRISÃO PREVENTIVA ou a manutenção da PRISÃO EM FLAGRANTE, pois em todos esses casos será cabível a conversão da prisão em uma das 9 MEDIDAS CAUTELARES acima previstas. Portanto, nos próximos meses não se assuste se voce encontrar na rua o assaltante que entrou armado em sua casa, o ladrão que roubou seu carro, o criminoso que desviou milhões de reais dos cofres públicos, o bandido que estava circulando com uma pistola 9 mm em via pública, etc.
( Continua...)
Keller
AS ESCOLHAS DO KIMBO
“O Puto e a vida do Papalagui” - Visão de Tuiavvi *
Newton Mesquita . Pintor BR
Para o Papalagui não basta pois olhar para uma coisa, há também que tirar qualquer saber. É esse saber que o Branco exerce do nascer ao pôr-do-sol. O seu espírito está sempre carregado como um cano de fogo, como um canhângulo ou uma cana de pesca lançada à água. E sente pena de nós indígenas, crioulos, matutos e povos de muitos lados e ilhas da Samôa por não exercermos esse saber. Somos, a seu ver, pobres de espírito e tão estúpidos como um animal em estado selvagem. O Papalagui pensa tanto, que o acto de pensar se tornou num hábito, uma necessidade, e até mesmo uma coacção. Vê-se obrigdo a pensar continuamente. Só a muito custo consegue não fazê-lo e deixar viver todas as partes do seu corpo ao mesmo tempo. Na maioria das vezes, vive apenas com a cabeça, enquanto os sentidos dormem um profundo sono. Muito embora isso o não impeça de andar normalmente, de falar, de comer e de rir, permanece fechado na prisão dos seus pensamentos, os quais são os frutos da sua reflexão. Deixa-se por assim dizer embriagar pelos seus próprios pensamentos. Esses pensamentos amiúde, barrem o caminho do Papalagui, como um grande bloco de lava impossivel de deslocar. Se pensa em coisas alegre, não sorri; se pensa em coisas tristes, não chora. Tem fome mas não se serve de taro ou palusami (pratos tipicos de Samôa). O Papalagui, é regra geral, um ser vivo dominado por uma perpétua luta entre os seus sentidos e o seu espírito, um ser humano dividido em dois.
O Balão de Dali
Ainda mal passou a baía e a montanha, e já um novo pensamento o atormenta: «Daqui até à noite não irá haver tempestade? Sim, não irá levantar-se um temporal?» E, ei-lo em busca de nuvens negras no céu limpido, farejando o ar e a direcção do vento. Pensa e torna a pensar nessa tempestade que pode vir a desabar. Não desaba tempestade nenhuma, e assim chega pela noite, ao lugar de Savaú ou Xingrilá sem contratempo. Foi como se não tivesse feito qualquer viagem, pois os seus pensamentos andaram sempre longe. Mais valia ter ficado na cabana, no quilombo, na sanzala ou kimbo ou mesmo Upolu com seus suspiros anciosos. O Branco nunca faz passar fome aos seus espíritos, venera-o e alimenta-o com os pensamentos da sua cabeça, seus mujimbos e chipurulos (boatos e mentiras). Nunca o faz passar fome e não sofre por aí além pelo facto dos seus pensamentos se devorarem uns aos outros. Faz imenso barulho com os pensamentos que tem, e rega-os como se fossem preciosas flores. Que triste sorte a do homem que pensa em coisas tão longinquas como por exemplo: «Que irá acontecer amanhã ao alvorecer do dia? E, dia cinco de Junho de 2011 quem vai ganhar as eleições da Putolândia? Como vai ficar o dono da crise e o contra a crise? e será que o Puto vai escolher a peste do Sócratas? Que não vai dar o voto à mudança com o PP Coelho? (adulterações ao texto original)»
PAPALAGUI: - Homem branco; *Tuiavvi: - Chefe de tribo das Ilhas Samôa que visitou a Europa no primeiro quarto do século XX e descreveu o que viu desta forma. As adulterações estão referênciadas.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“MILAGRES DE JUAZEIRO” - Falar de Padre Cícero*
Paisagem do Cariri na seca
Verso. 3 : Nasci num estábulo, para que aprendas a santificar cada ambiente. (Lambert Nolen)
Kianda (Quimbundo de N´gola): Espírito, sereia, kalunga de contos africanos, miragem das águas, visão das lagoas
Padre Cícero que se abstinha de comentar publicamente os "factos misteriosos da hóstia sangrante" é obrigado a relatar o sucedido ao bispo de Fortaleza Dom Joaquim Vieira. No seu relatório, regista o que aconteceu naquela quinta feira santa; sem que pudesse evitar, muitas pessoas presenciaram a comunhão de Maria de Araújo quando o corporal que ele dera para servir de toalha de comunhão, ficara completamente embebida em sangue que ele teve de recolher ao altar para não gotejar no chão. Naquele tempo, estes e outros panos foram depositados numa pequena urna de vidro, guardada em lugar seguro, sendo de vez em quando, exposta aos peregrinos que os desejavam vêr, até que as autoridade Diocesana os mandasse recolher. Foi no "dia do precioso sangue" que os muitos romeiros, puderam ver expostos em ambiente de missa campal os ditos panos, pela mão do monsenhor, nesse então padre Francisco Rodrigues Monteiro.
Beata Maria de Araujo do "precioso sangue"
A Igreja, baseada nos conhecimentos teológicos aprovados em seus concílios, jamais confirmaria que aquele sangue da hóstia poderia ser o sangue de Jesus Cristo como asseguravam os crentes desse fenómeno nunca explicado; afirmava isso sim, que esse sangue nunca poderia ser do Senhor. Depois daquela missa "dia do precioso sangue", os 3000 romeiros presentes derramaram lágrimas de crença ao verem as toalhas ensanguentadas. A notícia correu célere por todo o Nordeste atraindo a partir daí as muitas curiosas almas piedosas que desejavam ver o prodígio. O boato com laivos de superstição tão costumeiros naquelas paragens do Carirí, não necessitou correr atrás das pessoas para as apanhar, aonde elas estivessem, nas cidades ou no mato, o sucedido surgia. Em sentido figurado se galinha do mato não quer capoeira, a superstição corre a seu lado. No fundo, no fundo, manda a verdade que se diga, aos olhos do sussurro, todos somos da mesma maneira supersticiosos, mesmo que se diga não, a verdade se equivalha.
BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA: Verdadeira históri de Juazeiro do Norte de Amália Xavier de Oliveira
Padre Cícero Romão Batista*: Ou Padim Ciço na versão popular, foi um sacerdote católico brasileiro, nascido no Crato de Cariri a 24 de Março de 1844, tendo falecido no Juazeiro do Norte a 20 de Junho de 1934.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DO KIMBO
“A imagem e a vida do Papalagui” - Visão de Tuiavvi *
É raro que um Papalagui adulto saiba dar cambalhotas ou fazer cabriolas como uma criança. Ao andar arrasta o corpo, como se houvesse alguma coisa a entravar-lhe os movimentos. Ele nega que isto seja uma fraqueza e pretende que correr, dar cambalhotas ou fazer cabriolas é contrário à dignidade de um individuo que se preze. Mas é uma explicação falsa, esta; na realidade os seus ossos endureceram e tornaram-se rígidos e os múscolos perderam toda a flexibilidade, pois a profissão dele os condenou ao sono e à morte. O Papalagui está sempre ávido de ler o jornal, muito embora narrem horriveis acontecimentos, que um homem sensato deveria querer esquecer imediatamente. Além disso, tudo quanto é mau e faz mal, vem descrito com mais precisão do que aquilo que é bom, contado até ao mais ínfimo pormenor, como se não fosse mais importante e mais gostoso dar conta do bem, em vez do mal. Os jornais são maus para o nosso espírito, não só porque relatam o que se passa, mas também porque nos dizem o que devemos pensar disto ou daquilo, dos nossos chefes de tribo, sobas de outras terras, e de todos os acontecimentos e acções dos homens.
Di Cavalcanti Br
Os jornais gostariam que todos os homens pensassem o mesmo; atacam a cabeça e os pensamentos do indivíduo. Pretendem que toda a gente tenha cabeça e pensamentos iguais aos deles. E, sabem como levar isso a cabo. Quem leia pela manhã, os muitos papéis, saberá o que, ao meio dia, o Papalagui tem na cabeça e em que pensa. A todo momento todos falam a mesma coisa em todo o lado. O jornal é também uma espécie de máqiuina que todos os dias fabrica uma quantidade de novos pensamentos, muito mais que os que uma só cabeça conseguiria produzir. Atafulha a cabeça com esses muitos papeis, inútil alimento. Mal acabou de consumir um, e já se prepara para engolir outro. A sua cabeça assemelha-se muito a uma região pantanosa, afogada no seu próprio lodo, onde já nada cresce de verde e de fecundo, onde só há miasmas e nuvens de insectos que picam. O Branco perdeu a noção do real, que confunde a luz com a sua imagem e a vida com uma esteira coberta de inscrições. O Papalagui tem a grave doença de estar sempre a pensar.
PAPALAGUI: - Homem branco; *Tuiavvi: - Chefe de tribo das Ilhas Samôa que visitou a Europa no primeiro quarto do século XX e descreveu o que viu desta forma.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA