Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2013
KANIMAMBO . XXVII

“O ESPÍRITO DA COISA”Talento . 5

 AS ESCOLHAS DO SOBA

“Como podemos amar a Deus que não vemos, se não nos importamos com o nosso próximo que está ali bem a seu lado?” disse madre Teresa aos dirigentes do mundo sem hesitar, memo sabendo que ia agredir os anfitriões. Não se intimidou apesar de ter orientações no sentido controverso da palavra.  Nosso cérebro junta rapidamente todos os dados disponíveis e suas experiências anteriores como as opiniões de amigos, livros que lemos e novelas, somando-as e criando um padrão formatado em um veredicto instantâneo. Constata-se assim, a estranha influência que as circunstâncias têm sobre nossas escolhas. Nossa auto-estima necessita ser criada, desenvolvida e, existe apenas uma só forma de a desenvolver, ao se esbarrar em algo que não se consegue fazer, aplicar-se com veemência, trabalhar duro até descobrir que pode e, repetir o processo sempre que se queira.

 Todo o mortal sofre com a ansiedade, a saudade, as dificuldades de adaptação, a impaciência em função da rejeição e, em especial, as dificuldades no ligar com todas essas incertezas. Tenha muita disciplina e persistência naquilo da qual está convicto provando aos demais essas suas realidades. Se busca o sucesso, siga essa regra, crie imunidade à rejeição. Aceite o desafio e diga o que lhe aprouver nos moldes apropriados e verá que os seus pontos fracos tornar-se-ão os elos fortes e, nessa acção de determinação verá o quanto sua auto-estima se eleva. Não se acanhe, nem nunca se deixe subestimar; replique com subtileza e saber e verá que olharão para si de uma outra forma.

 Torne-se o senhor do mundo, escreva e fale o que lhe der na telha. Eu, não tenho ideia do que é necessário para viver da literatura, tornar-me um mercenário escrevendo livros atrás de livros no intuito de ter renda. Escrevo, porque apenas escrevo desabafando-me de maus agouros na tentativa de ser útil a alguém, mas antes desse alguém estarei eu e, isso apraz-me. É importante que você se torne um pouquinho maior, um pouquinho mais confiante, Se você está num grupo de gente e, sente vontade de falar, dizer alguma coisa, não se retraía, fale; rompa o medo, enfrente a forma como as pessoas vão receber o que tem a dizer. Decerto irá ficar um pouquinho maior, mais confiante. O importante é que você rompa o invólucro do medo.

Referência Bibliográfica: O Óbvio que ignoramos de Jacob Pétry

Kanimambo: Obrigado (Moçambique)

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:24
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Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2013
PARACUCA . I

Isto é verídico!!!

 AS ESCOLHAS DO SOBA

Uma mulher branca, de aproximadamente 50 anos de idade, em uma viagem de avião, chegou ao seu lugar da classe económica e viu que ao lado estava um passageiro negro. Visivelmente perturbada, chamou a aeromoça de bordo.

 - Qual o problema, senhora? Pergunta a moça…

 - Não está vendo? - Respondeu a senhora - Vocês colocaram-me ao lado de um negro. Não posso ficar aqui, tem de me dar outra cadeira'

 - Por favor, acalme-se! - Disse a aeromoça - infelizmente, todos os lugares estão ocupados; no entanto, vou ver se resolvo o seu problema.

 A comissária afasta-se e volta alguns minutos depois.

 - Senhora, como eu disse, não há nenhum outro lugar livre na classe económica. Falei com o comandante e ele confirmou que não temos mais nenhum lugar na classe económica. Temos apenas um lugar na primeira classe!

 E, antes que a mulher fizesse algum comentário, a aeromoça continua: -Veja, é incomum que a nossa companhia permita à um passageiro da classe económica assentar-se na primeira classe; porém, tendo em vista as circunstâncias, o comandante pensa que seria escandaloso obrigar um passageiro a viajar ao lado de uma pessoa desagradável!

E, dirigindo-se ao senhor negro, a aeromoça prosseguiu:

 - Portanto senhor, caso queira, por favor, pegue a sua bagagem de mão, pois reservamos para o senhor um lugar na primeira classe...

 Os passageiros próximos, que admirados assistiam à cena, aplaudiram de pé.

:: Paracuca: - jinguba com açúcar na forma de bolacha tipo torrão de Alicante.

Ingredientes

- Jinguba natural (sem ser torrada):1 kg

- Açúcar:1 kg

- Água: 1 Lt.

Preparação: Deitam-se todos os ingredientes numa panela e leva-se ao lume brando. Depois de levantar fervura, vai-se mexendo com uma colher de pau, sempre lentamente. Continua-se a mexer, até que a paracuca esteja pronta e bastante solta. Por fim, espalha-se a paracuca num tabuleiro para arrefecer.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:25
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Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2013
N´NHAKA . I

O valor de uma Vírgula


Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
     Não, espere.
     Não espere...
Ela pode sumir com seu dinheiro.
     23,4.
     2,34.

Pode criar heróis...
     Isso só, ele resolve.
     Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
     Vamos perder, nada foi resolvido.
     Vamos perder nada, foi resolvido.
A vírgula muda uma opinião.
     Não queremos saber.
     Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
     Não tenha clemência!
     Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo. Detalhes Adicionais: - COLOQUE UMA VÍRGULA NA SEGUINTE FRASE:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.
 

*** Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...

*** Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

* N´nhaka: - Do Umbundo, lameiro, plantação junto aos rios e em zona plana e húmida, horta.    



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:53
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Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2013
KIANDA . XLII

DESANOITECI EM ZANZIBAR - VIII

Verdade ficcionada

Por

T´Chingange

 Boyona Falls

Envolto em quentura húmida, balouçava ritmadamente ao som surdo das quedas de água. Apreciando o arco-íris quase permanente, bem por cima das cataratas Boyoma, dava chupadas divagadas em meu cachimbo de marfim feito de osso de corno. Apreciando os deliciosos biscoitos entre goles de uma bolunga feita por Charllôtte, empolgava-me no conforto de pai branco anafado de gordo e rodeado de muitos e leais serviçais. Kabila Kasavubu que zelava pelos cacaueiros era em bom dizer o feitor geral, mustafá T´shiluba que antes tomava conta da borracha, já mais-velho, tomava agora conta da granja, limpeza do terreiro, animais de estimação e galináceos; a mucamba Charllôtte ordenava as coisas da casa orientando a gente no amanho da casa grande e dirigia a cozinha no maior zelo.

::Eu, tomava as minhas precauções contra as muitas maleitas da região e religiosamente zelava da manutenção do meu físico tomando os minerais e vitaminas adequadas para precaver infortúnios; Para a próstata tomava todos os dias uma colher com farinha de pevide de abóbora, para os ossos bebia diáriamente um copo com cloreto de magnésio, comia abacate para regular os triglicéridos e efeitos degenerativos, água com a baba de quiabos para regular o açúcar e muitos chás com ervas e cascas que o kimbanda Good Lukuga raizeiro, me fornecia amiudadamente. O paludismo era tratado com umas folhas de árvore que ficava a macerar uns dias e eram depois pisadas com casca de ovo de avestruz; O kimbanda Good observara que os animais doentes bebiam água nas lagoas onde essa árvore se encontrava. Mais tarde confirmou-se que as folhas daquela tal árvore Cinchona tinham muito quinino em sua seiva e, por isso o milongo tinha funções antitérmicas, antimaláricas e analgésicas. Ele dava-me periodicamente um pó dizendo que aquilo era para eu durar sempre; vim a saber ser bicarbonato de sódio e usado com frequência elimina as células cancerígenas. Como é que aquele Good sabia que este milongo inibia as metástases do bicho câncer.

 Pensava agora na proposta de meu amigo mustafá Joshua Naili de Kisangani. Sugeriu-me que fizesse uma salga de peixe do rio Lualaba, pois que ele tinha muita procura em sua rede de lojas do interior do Congo; além do mais havia aqui, bagres muito apreciados na região a sul de Matadi. Eu, só teria de montar estruturas, armações de paus, escalar o peixe, colocar o sal e deixar passar uns quatro dias de sol. Os de Matadi e das regiões do Songo, Fiotes e Kiocos, gostavam de fazer um prato com óleo de palma a que chamavam de kalulu e mezungué. Para me convencer falou de espécies tais como o Alestidae (tetras Africano), Mochokidae (bagres squeaker) e Cichlidae (ciclídeos). Destes o mais procurado era o peixe-tigre-golia que feito em postas dava óptimas caldeiradas. Ainda estou pensando.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:21
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Domingo, 24 de Fevereiro de 2013
KANIMAMBO . XXVI

“O ESPÍRITO DA COISA”Talento . 4

 AS ESCOLHAS DO SOBA

O sucesso que alguém possa vir a ter, não será pela sua quantidade de inteligência mas, no uso que dela fizer. Temos tendência para acreditar que a inteligência justifica, em grande parte, as razões que distinguem os poucos que vencem na vida do grande imaginário que fracassa. Ao longo dos anos, essa convicção emudece qualquer pergunta contrária petrificando-se em nós. Mesmo provando o contrário, por meio de estudos e análises, essa convicção não desaparece. O desejo e a necessidade de perfeição manifestam-se em nós quando não somos autênticos. Em realidade temos uma tendência impulsiva de criar uma imagem de perfeição sobre nós próprios e confundirmo-nos com essa imagem.

 Pessoas felizes e de sucesso seguem um caminho inverso; são exigentes consigo próprios e menosprezam-se valorizando os demais em detrimento de si próprios. As pessoas de sucesso não vêm o erro como parte ou característica de sua personalidade tirando duma forma clara e espontânea o máximo proveito das lições que eles, os erros oferecem; em situações constrangedoras, que enfureceriam um qualquer, saem dessas situações ainda mais fortes, revigorados. A busca pelo autoconhecimento revela nossa essência fornecendo-nos o fundamento, a base da qual extraímos um conjunto de características que nos habilita a seguir nosso talento, nossa paixão; sairá daí um propósito com energia para desenvolvermos nossos sonhos e concretizar-mos realizações.

:::::::::

 Quando ao fazer uma análise de forma honesta descobrirmos que não somos o que pensamos ser, na busca da verdade sobre nós próprios, por detrás das opiniões nossas ou alheias, o nosso e verdadeiro autêntico eu, revelar-se-á cada vez mais claramente. Ao criar uma imagem sobre nós confundindo-nos com ela, desviamo-nos de nós mesmos, a autenticidade desaparece e corrompemo-nos na integridade. A defender essa imagem, criamos uma barreira feita de conceitos, opiniões e julgamentos que bloqueiam as nossas relações. Essa barreira pode impor-se entre nós e a natureza, Deus, os demais seres humanos mas, principalmente, entre o nosso autentico eu e a imagem que temos de nós próprios, uma barreira de ilusão de estarmos em uma permanente competição com tudo e com todos. Como consequência, sentir-nos-emos sozinhos e isolados; sozinhamo-nos.

Referência Bibliográfica: O Óbvio que ignoramos de Jacob Pétry

Kanimambo: Obrigado (Moçambique)

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:07
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Sábado, 23 de Fevereiro de 2013
MOKANDA DO SOBA . XXVIII

" DIPANDA* “ - Verdade ficcionada

Por

   T´Chingange

NA TERRA DO NADA RUNDU DO OKAVANGO        

 Corria o ano de 1975, tempos para esquecer! Metido em apertos, apanhei boleia numa Dodge até Namacunde com o administrador de posto do Ondjiva (Ex Pereira Dessa), o senhor Pinto. Um pouco antes de chegarmos a Namacunde, uns pseudo militares encostaram-nos à parede enquanto revistavam a camioneta partindo quase tudo, sem mais nem menos, nem porquê. A minha vida corria para trás, teria de me raspar na primeira distracção. Os olhos daqueles improvisados tropas chispavam raiva demais e, não se entendiam naquela grande maka de Angola. Pareceu-me serem, um misto de militares dos 3 movimentos destacados contra vontade deles, no intuito de assegurarem a fuga de património através das fronteiras.

 Encostado à parede duma casa destelhada e queimada, enquanto revistavam a carrinha, via o além preso por um fio, muito mais próximo do que pretendia. O próprio administrador não sabia como controlar aquele desrespeito à sua frágil autoridade, nem o seu desamor à revolução; segredou-me que não demoraria muito para largar tudo e, mudar-se para o Rundu; iria encontrar-se com João Miranda do Mukwé no Divundo, que ali se tinha estabelecido após ter fugido das prisões da Unita. Pinto, estava mais passado do que eu! Parecia estar bem informado pelo que veria posteriormente a acontecer, advertindo-me que saísse daquele inferno enquanto era tempo. Apareceu um cazucuteiro fintador, com divisas de tenente, penteado de balas em diagonal e boina à Che Guevara. Com pinta de herói rambo, deu ordens à guarda para deixar passar aqueles t´chinderes.  

- Um daqueles t´chinderes, era eu!

 A Agora já tinha uma referência para a onde ir: Faixa de Kaprivi. Aliviado, sai de Angola tendo em fundo um ruído de música do Congo que os militares camaradas ouviam na rádio Mandumbe,... “Ai bá ninike sala, táta rafael”. Sinto um frio do cachaço aos calcanhares no momento exacto em que um mabeco, sarapintado de castanho sujo, surge por detrás das bissapas quase ao chegara a Oshakati. A caminho do Mukwé mas, ainda longe, revia a estória de Miranda: - Ben-Ben, um ex-alferes do exército do Puto, às ordens da UNITA, foi a casa de João Miranda no Dirico para o escoltar à morte. Miranda era acusado de ser um agente da PIDE, um fascista reaccionário, mas ele não se revia em nenhuma dessas acusações. Após vinte dias de prisão foi aconselhado por Covachan da PSP, amigo do tempo de tropa, a fugir para a Namíbia: Dito e feito, enquanto João saia para Sul, em uma viatura apetrechada por Covachan, mulher e filhas em outra viatura, rumariam em sentido contrário fingindo ir fazer compras algures em Pereira Dessa (Onjiva). O plano era encontrarem-se no rio Cubango (Okavango) atravessando-o de noite em canoa no Calai.

(Continua…)

Glossário: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes, durante os longos anos da crise Angolana, e após o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional.

O Soba  T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:55
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Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2013
A ADIÁFA DOS MOIRÕES . II

Por

 O Soba T´Chingange

Por absoluta incapacidade de gestão, Angola após Abril de 1975 ficou simplesmente abandonada à sua sorte até que algures no largo ex-Diogo Cão deram o grito do tundamunjila festejando a independência com rajadas de kalashnikov. A República Portuguesa tinha sido tomada por panhares com militares empoleirados em sua carcaça agitando cravos na ponta das armas. Surgiram uns oficiais barbudos de aviário cheios de hormonas fazendo alarde duma valentia inexistente, em floriados discursos. Elaboraram regras dum criado MFA, Movimento das Forças armadas que logo desrespeitaram. Eles eram os donos da guerra, da opinião, e o povo levantava os punhos em aprovação de suas decisões democráticas; o povo é quem mais ordena e, todos se olhavam entre si ao levantar o braço nas reuniões magnas. O medo era farejado pela astúcia duns cagões auto-promovidos a pavões. Guedelhudos fingiam ser os Che Guevara duma Sierra Maestra, vendendo seu imaginário e petulância a custo zero.

Desde esse tempo, Portugal viveu sempre em crise, (e continua a enfermar desses resquícios) envolto em devaneios de gente acomodada à política de faz-de-conta, devaneios de gente que se sente insubstituível. Em Angola digladiavam-se pelo poder morrendo como tordos numa guerra a céu aberto. Neste então, senhores latifundiários, donos de muitos hectares, muito gado, muitos chaparros que antes pavoneavam política em Lisboa enquanto seus ganhões ou moirões lhe garantiam os bolsos cheios deram a vilas-diogo para o Brasil. Recém-chegado a Portugal, com um bilhete de vinda sem regresso, deram a mim e aos meus, 500 escudos por adulto. Com uma senha de viagem fornecida pelo IARN, Instituto de Apoio a Retornados levei meus dois filhos até o Alentejo. Na Funcheira tinha o meu cunhado Cailogo a receber-me e, lá fomos para a Messejana. Meus filhos ficariam aqui até que em terras do norte orientasse a vida em casa doutros familiares.

  No dia seguinte, ao sair para o quintal deparei com o Cailogo de caçadeira aos ombros agitando-se com os demais em empolgados esquemas de caça. Fui ficando por ali curioso; seria uma caçada à raposa, perdizes ou coelhos mas, apercebi-me que não era nada disto. Iam caçar fascistas nos montes vizinhos de Escanchados, Daroeira, Buena Madre e Pardieiro entre outros; Fiquei aturdido com esta pseudo milícia interrogando-me do que poderiam ir fazer em prol da mudança. Estamos em 2013 com dez milhões de Portugueses e o estado vive à míngua sugado por corruptos e corruptores. As conquistas do povo foram direitinhas para a nova casta de políticos que dividem o bolo por quotas, tanto para ti, tanto para mim. Lá na província, na lezíria, ou ceara alentejana, no cortical, olival, nas chapadas de trigo, nos lameiros, os montes estão desventradas, sem telhado, ruínas a gritar desespero aos vindouros. Afinal, de nada valeu aquela caça aos fascistas da qual o meu concunhado Cailogo fez parte. Ainda hoje me arrepio de tal façanha. Acabei por abalar também para um lugar distante chamado de Venezuela. E, não é que esse sacana do Hugo Chaves não autoriza transferência da minha aposentação. Foram cinco anos p´ro galheiro.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:38
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Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2013
PIAÇABUÇU . XVI

{#emotions_dlg.xa}FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

“DOS JESUITAS AOS TUBARÕES” . 14

Por

 Roeland Emiel Steylaerts

 O médico olhou-me, e disse que não tinha material para fazer esta operação. Disse-lhe que eu tinha isso em casa, mas ele me aconselhou ir para Brasília e fazer uma operação plástica bem feita; Brasília estava a a pouco mais de trinta quilómetros. Foi assim que eu fiz, e hoje não tenho nenhuma cicatriz. Regressei à chácara já de noite o que me levou a proceder com cuidado na chegada; tinha por lá uns macacos grandes, quatro araras e um cachorro pastor alemão; eu sempre descia de arma em punho (com registo e porte de armas) e nunca tive nenhum problema com a polícia, ao menos não, quando eu estava presente. A chácara já tinha sido assaltada doze vezes e, por isso vi-me obrigado a colocar alarme com cerca electrónica. Um dia roubaram-me 14 armas antigas da minha colecção. Fiz queixa à polícia, e coloquei um prémio em cima dos ladrões; espalhei propaganda nas redondezas mencionando que teria dinheiro para quem me indicasse algo. No dia seguinte recebi telefonema de um açougueiro, ao qual haviam apresentado as armas; ele não comprou, mas ficou conhecedor das pessoas envolvidas no roubo.

 Marcamos encontro às oito horas da noite em frente do supermercado Valparaíso. Informei que iria numa camioneta F-1000. Já parado no local, um carro encostou perto, olhando com jeito de dúvida para mim. Eu estava dentro do carro, com um revólver 38 na mão e uma cartucheira 12 de dois canos no colo. O homem aproximou-se, ar medroso, e repetiu o relatório dando nomes aos bois. Ele estava com bastante medo por denunciar o caso; para não levantar suspeita, queria ser preso junto, para eles, os ladrões, não suspeitarem dele. Fui direito à polícia, dei-lhes os nomes e forneci gasolina mais munições. Já tarde na noite vieram com um preso amarrado com arame farpado, jogado no carro. Vi-os empenhados em mostrar serviço para mim e todos nós seguimos para a Delegacia. Chegamos lá exactamente no momento em que faltou a energia. Acenderam velas, e pediram-me para ficar do lado de fora da delegacia. Seguiram-se gritos e mais gritos; o homem preso e amarrado delatou todos os seus comparsas. A polícia tinha simplesmente enfiado uma vela acesa no ânus dele, e ele abriu o jogo. Os outros comparsas foram presos na mesma noite; recuperei assim as onze peças. Três ficariam com a polícia como recompensa.

 Era esta a lei de Goiás, e assim a gente sobrevivia. Só que minha fama começou a crescer; virei perigoso, e todos começavam a me respeitar... provavelmente de medo, isto sem eu fazer nada para isso. Um dia, um novo vizinho compra uma chácara em frente à minha já com uma casa no terreno. Era dono de uma boite, ou melhor de um puteiro, e por costume, chegava a casa lá pelas quatro ou cinco da manhã, buzinando alto, até o caseiro abrir o portão, buzinão que demorava uns 15 minutos. Na primeira noite não reclamei de nada. A minha casa ficava a uns escassos 150 metros da dele. Na segunda noite, repetiu-se a mesma coisa, os 15 minutos de buzinão. Peguei uma espingarda, e mirei no seu farol que com um só tiro, se apagou; o silêncio passou a reinar! Nunca mais ouvi buzinão e, nunca fiquei a saber  quem era, pois se mandou de lá.

(Continua...)

Piaçabuçu: Cidade situada na foz do Rio São Francisco - Brasil

Nota: Esta é a estória vulgar de um emigrante Belga fugido da guerra e que se aventurou em terra estranha do outro lado do Oceano. Os tempos mudaram, as agruras são outras mas a vida é assim mesmo, um rodopio de acontecimentos com carrapatos que parecendo nada, mudam o rumo.

Compilado com correcções ortográficas e arranjo ao texto original por

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:57
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Quarta-feira, 20 de Fevereiro de 2013
MOKANDA DA LUUA . XI

ANGOLA - FLORES DE ACÁCIA PARA MATILDE2ª de 2 Partes

Por
  DyDionísio  de Sousa (Reis Vissapa)

Uma homenagem a uma das mais belas cidades de Angola e à ternura dos amores adolescentes - LOBITO

 O crepúsculo chegou os candengues partiram deixando a praia vazia dos seus risos contagiosos. Levei-a para casa no pensamento e a sua figurinha singela povoou-me os sonhos e a noite, fazendo-me madrugar e caminhar alvoraçado para a baía, Pelo caminho roubei às acácias viçosas um punhado de rubras flores. – Flores de acácia para Matilde. - Dei-lhas depois de ouvir da boca tentadora o seu nome. Olhou-me com doçura e os nossos dedos tocaram-se entrelaçando-se com ternura quando as recebeu. Corremos a praia de mãos dadas e amámo-nos na cumplicidade cálida das águas da baía. Desde esse dia nunca mais a vi. Perguntei aos candengues e fiquei a saber que trabalhava para o Sr. Torres. O Sr. Torres era um advogado solteirão com mais trinta anos que ela; atravessara o equador em busca do El Dorado. Quando finalmente descobri a sua morada tinha partido para Luanda levando-a consigo.

 Entramos no ambiente fosforescente de um cabaré da baixa de Lisboa já a noite ia adiantada. O meu amigo Fonseca tinha dado início à sua despedida de solteiro num restaurante de luxo e entre aperitivos, vinho e digestivos, a euforia tinha-se instalado nas cabeças de todos nós. Ia casar com a filha de um padeiro abastado da Beira Alta. - Agora é que vou ser colonizador. – Disse-me com cinismo. Também devias casar-te, a vida de solteirão é uma boa trampa, arranja mas é uma gaja rica e deixa de ser tolo. – Tu estás é tonto das ideias. – Estou muito bem assim. - Repliquei convicto.

 Foi quando as meninas disponíveis começaram a vir para a mesa do Fonseca, que reparei nela. Estava numa mesa a um canto contemplando o fundo de um copo, um vestido ousado e os lábios gritando batom. A voz de Manzanero brotava melancólica dos altifalantes interpretando “Te Adoro”. Sorriu com ternura quando lhe dei a rosa surripiada da jarra de vidro da mesa ao lado e murmurei baixinho na sua orelha “Flores de acácia para Matilde”. Dançamos agarradinhos “ Olhos Negros “ e “ Piel canela”. Levei-a dali para fora. Afinal o Fonseca tinha razão a vida de solteiro é uma trampa.

Reis Vissapa

As escolhas do

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:25
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Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2013
KANIMAMBO . XXV

“O ESPÍRITO DA COISA”Talento . 3

 AS ESCOLHAS DO SOBA

Algumas pessoas gostam de melancia, outras de manga. Isso não quer dizer que a melancia é mais saborosa do que a manga. Simplesmente, as pessoas têm gostos diferentes! Fazer escolhas entre a melancia ou a manga não é propriamente um dom exótico. Nós fazemos escolhas a cada segundo e para sobreviver necessitamos disso; o nosso caminho é trilhado por essas escolhas e de forma paulatina o vamos construindo. O mesmo se passa com as escolhas entre gentes, seres humanos. O problemático dessas escolhas é que temos a tendência natural de fazer escolhas que facilitam o momento, que evitam os penosos e inseguros enfrentamentos duma primeira jornada. Se não discernirmos a pressão dessa primeiríssima vez, perderemos a grande oportunidade de expandir nossas apetências e capacidades para o resto da jornada, a vida!

 Todos sofrem com a ansiedade, a saudade, as dificuldades de adaptação ou a impaciência pela rejeição mas, são as dificuldades de lidar com as incertezas que mais exigem determinação e disciplina na realização dum qualquer objectivo. Pessoalmente, já passei um pouco por tudo isso; na guerra do tundamunjila da Luua*, de repente vi-me sem nada, espoliado de coisas, algumas só de afecto mas, restou-me uma máquina de costura Oliva que proporcionou à família remendar aos poucos, a vida. Nada de mal fizemos para sofrer na pele tais agruras mas, cruzando os mares chegamos à floresta dos índios aonde refizemos tudo a partir do nada. A máquina acabou por ser vendida a uma brasileira habituada a dormir só em chinxorro, rede de dormir. Não entro em pormenores para não perder o meu elo de paixão, resignado a Deus, que às vezes, diga-se, parece abandonar-nos. Ele, não pode fazer tudo!

   O prazer de vida vem de dentro, da necessidade de desenvolver aquilo que arde dentro de nós: nosso talento e nossa paixão. Eu sei! Só o talento e a paixão não chegam para obter sucesso e felicidade; sem dinheiro, talento e paixão serão de pouca serventia; isso será um entretêm ou hobby que não proporciona a sobrevivência de alguém. Eu escrevo por prazer, e isso reconforta-me mas, se porventura me tirarem a parca aposentadoria, esta filosofia de estar será como dizem os turcos, deitar a felicidade para as águas. Estabelecer um propósito na vida exclusivamente a pensar no dinheiro é um erro mas, também será erro ignora-lo. O que me rói mesmo é saber que muitos figurinos, maldosos, gente do Puto, converteram burla e roubo em fabulosas contas bancárias á custa do nosso sangue; só podem mesmo, ser vampiros!

GLOSSÀRIO: Kanimambo:- Obrigado (Moçambique); Luua: - Diminutivo de Luanda; tundamunjila: enxotar, mandar embora, bazar, escorraçar; Chinxorro: - Rede de dormir; Puto: Como é referenciado Portugal, em Angola.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:08
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Segunda-feira, 18 de Fevereiro de 2013
CAFUFUTILA : XXXVIII

AS ESCOLHAS KIMBO

SODOMA E COMORRA

Por

  ALBERTO GONÇALVES - DN

Venho por este meio confessar um delito, o de não exigir facturas aos comerciantes. Se as facturas forem emitidas automaticamente, atiro-as ao lixo. Se as facturas me forem úteis para efeitos de garantia do produto, procuro guardá-las algures (e consigo perdê-las logo a seguir). Mas se as facturas apenas pretenderem denunciar uma transacção às Finanças para que estas beneficiem de um processo que lhes é moral e materialmente alheio, não contem comigo. Convencido de que o cumprimento universal aliviaria os contribuintes cumpridores, houve um tempo em que o bem-comum me parecia mais importante do que a margem de lucro dos particulares.

 Hoje, sei que, salvo pormenores, o bem comum é largamente uma artimanha propagandística e que os particulares em causa saberão dar à verba um destino melhor do que os senhores que nos governam: qualquer que seja o destino e quaisquer que sejam os senhores, não existe alívio para o contribuinte, excepto na medida em que invariável e crescentemente é aliviado do que é seu. Se o dono do restaurante X aproveita os rendimentos não declarados para adquirir um Mercedes ou 2 mil pares de sandálias, antes o Mercedes e as sandálias do homem do que o patrocínio de amigalhaços, grevistas, excedentários e aberrações em que o Estado desperdiça considerável parte do saque fiscal.

 a Uma das aberrações são os funcionários da autoridade tributária agora destacados para vigiar estabelecimentos, surpreender negociatas desprovidas de factura e multar os hediondos prevaricadores. Isto é, os impostos também visam pagar as criaturas incumbidas de policiar in loco o pagamento dos impostos. Perante tão perfeita paródia da racionalidade estatal, resta-nos rir primeiro e tentar com que o fisco não ria por último. Os resultados do nosso trabalho já são extorquidos em quantidade suficiente e segundo métodos impossíveis de contornar. É da mais elementar lucidez resistir, dentro do possível, a extorsões adicionais. Não vou ao ponto de, à semelhança de Francisco José Viegas, sugerir que se mande os empregados do fisco "tomar no cú". O Francisco exagera nos brasileirismos: os verbos "levar" ou "apanhar" chegam e sobram para um Governo com aura liberal, hábitos socialistas e processos napolitanos.

13 de Fevereiro.

Subscrevo por inteiro, o comentário feito por Rosa Lima no FB: Este governo tem o dom de me fazer mudar as minhas ideias! Eu que sempre defendi que toda a gente deveria pagar impostos, vejo-me agora a defender a fuga aos mesmos. E a razão é bem explicada neste artigo! Prefiro que o comerciante compre mercedes e não quero que o Estado continue a desbaratar com os Boys, aquilo que rouba ás pessoas!

Cafufutila - Quicuerra: farinha de mandioca simples misturada com açúcar; falando de boca cheia lançam-se falrripos dessa farinha, fuba ou bombô que perturba o interlocutor; pode também juntar-se jinguba torrada e pisada. Há quem diga que isto quando frito em tabletes se chama de paracuca; kifufutila: -Torrada e descascada a jinguba, junta-se farinha de mandioca, o açúcar e a canela., pisando-se tudo num pilão. Peneira-se tornando a pisar a parte grossa.

O Soba T´chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:21
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Domingo, 17 de Fevereiro de 2013
MOKANDA DA LUUA . X

ANGOLA - FLORES DE ACÁCIA PARA MATILDE1ª de 2 Partes

Por
  Dy – Dionísio  de Sousa (Reis Vissapa) 

Uma homenagem a uma das mais belas cidades de Angola e à ternura dos amores adolescentes - LOBITO

 Aquela paixão germinou sob uma palmeira na Baía do Lobito. De manhãzinha cedo lá ia eu para aquele lugar paradisíaco construído por Deus num momento de inspiração sublime. Um espelho de água deslumbrante abria-se perante os meus olhos. Até mesmo as calemas que esporadicamente martirizavam a estreita língua de terra do lado do mar alto, perdiam a sua ferocidade na ponta da restinga tranquilizando-se com a quietude das águas da baía. Calcorreava as areias refrescadas pelas temperaturas baixas da madrugada, colhendo conchas e búzios empurrados pela maré para a praia e encostava estes últimos às orelhas para ouvir os murmúrios do mar. As primeiras jangadas com os mastros inclinados e as velas emprenhadas pelas brisas matutinas faziam-se à faina fazendo lembrar um bando de pelicanos rasando a água. Na imensa baía os vapores mugiam as suas sirenes avisando da sua presença. O sol despontava no Compão e recortava-lhes as silhuetas dourando a água em seu redor. Como tartarugas gigantes os enormes cargueiros com nomes feiticeiros de terras longínquas ronronavam acostados ao cais aguardando que os esguios guindastes começassem a resolver-lhes as entranhas retirando cargas preciosas e colocando no seu lugar lingotes de cobre vindos da Rodésia distante. O cheiro a alcatrão e maresia penetrava-me as narinas e fazia-me sonhar aventuras mirabolantes noutros lugares e então navegava o mundo no convés de paquetes com estandartes estranhos. 

  Um enorme bloco de betão esverdeado pelas águas jazia adornado no meio da água e as gaivotas, os garajaus e os maçaricos tinham-no transformado no seu lar, substituindo a tripulação alemã daquele navio de guerra invulgar, que o abandonara ali ferido e agonizante. De regresso à minha palmeira preferida refastelava-me na areia morna e alternava os mergulhos na água tépida com o sol e a sombra. Contemplava os candengues brincando de futebol com uma bola de meia na areia molhada, enquanto outros lançavam as linhas de pesca nas águas tranquilas roubando-lhes peixes prateados que ficavam a estrebuchar na praia. Volta e meia maçaricos e garajaus mergulhavam em flecha na baía e emergiam com a mesma velocidade carregando no bico as suas vítimas, que transportavam para longe, para o lado dos morros onde se podia lobrigar a espuma alva resultante do fustigar das ondas nos seus costados.

   O entardecer aproximava-se quando um dia ela apareceu tímida como uma gazela que vai beber ao charco. Os negros olhos contemplando a quietude da baía e as pernas elegantes, cor canela contrastando a areia pálida. Uma saia de chita vermelha cobria-lhe as ancas roliças e o colo esguio emergia de uma blusa branca. Caminhava com a alegria de um passarinho deixando atrás de si um rasto de pezinhos delicados marcados na areia. De vez quando apanhava um seixo e atirava-o á água, rodopiando como uma bailarina sobre si própria. Os candengues olharam-na sorridentes enquanto caminhou até á ponta da restinga e no regresso passou por mim sem dar sinal de ter dado pela minha presença. O sol moldava-lhe os contornos quando se perdeu ao longe por entre as casuarinas e as palmeiras.

As escolhas do

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:35
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Sábado, 16 de Fevereiro de 2013
MOKANDA DO SOBA . XXVII

" DIPANDA*- Verdade ficcionada

Por

  T´Chingange

Naqueles muitos dias de dipanda aproveitava de espevitar a inteligência limpa de quem tinha só coração de ouvir. Nos tempos mangonhosos da idade maisvelha, sem precisar pôr mais minha conversa no ar, cadaqual ouvia o que cada um tungava. Cadavez, quando um ria, outro ria também só à toa. Agora, ali, Teles Ferrujado simpatizante do glorioso “Eme”, meu mais velho amigo da Chibia, Capunda-Cavilongo das terras do fim-do-mundo, contava seus dias de caça; tinha muito de esperto caçador e com 68 anos ainda estava vivo! Mentia em suas calmas, esfregando sua barba, companheira de muitos segredos, de mentira mesmo. Falava dos muxitos, das pacaças, desenhando aquela sua luz de verdecida vaidade chifruda.

 Eu e mano Teles Ferrujado amigos do tempo do tundamunjila sabíamos que os espíritos antigos, depois de tanta guerra necessitavam de descansar e, nós mesmo queríamos esquecer essa encruzilhada de muita maka e muito sangue. É que as lições da vida têm de ser sempre passadas a limpo, só nossa morte é quem pode ficar em rascunho. Teles me olhou muito mais macio, falar de caça de bichos não é o mesmo que a guerra do kwata-kwata e mata-mata; se via nos olhos dele medo de acordar outro medo.

 Á margem do Amazonas, longe das anharas da Chibia, do Calai e Munhango de Angola, sentiamos então o cheiro do grande rio Solimões que subia e descia ora barrento ora escuro, na junção do rio negro mas nós, só sentiamos mesmo o cheiro dos longínquos Québe, Cuito e Okavango. E, eu era de novo o Mazombo guerrilheiro gweta da Unita a afogar-me naquele cheiro de sol e mangue, pau ipé-rocho e nhiwa do pará, o vento do mato e do zungal aonde cassumbulavamos com seringueiros. Um, não era igual ao outro, nem um era como o outro ou contra o contrário do outro porque tudo o que se passava era só assim, mais nada, era como era, mais nada. Nesta cumplicidade, fugidos do mundo, nenhuma mata ia poder nunca lavar catinga de geração. Teles voltou à sua terra da Chibia Quipungo, levando seus candengues Hugo e Carmita, faz tempo, nunca mais que soube da sua vida mesmo buscando no FB nada de nada! José Manuel Fernandes Teles, seu verdadeiro nome, bazou mesmo! 

Glossário: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes, durante os longos anos da crise angolana, e após o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, Tundamunjila: sair à força em contra-vontade, bazar, nome de terra; Cassumbular: - ser matreiro e ligeiro em tirar algo de outrem, kazucutar, viver de expedientes, viver à toa; Zungal: - capinzal, erva áspera de charco ou pântano.

Bibliografia consultada: O livro dos guerrilheiros de Luandino Vieira

O Soba T´Chingange



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Sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2013
KANIMAMBO . XXIV

“O ESPÍRITO DA COISA”Talento . 2

 AS ESCOLHAS DO SOBA

Se você negligenciar seu talento omite seu potencial e, em consequência, estará impedindo a expansão da vida tornando-a um fardo. O tipo de habilidade que mais importa explorar é aquela pela qual se tem paixão. É esse o fundamento da vida vivida em plenitude, porque o impulso natural da vida é desenvolver seu potencial ao máximo com perfeito entendimento até o encontro de sua realização. Dispersos em tantos e variados assuntos, as nossas energias, não raro, dissipam-se em muitas direcções e, ao invés de criarmos um foco seguro que nos fortaleça e sirva de guia, nos tornamos vítimas de dúvidas, insegurança e sequentemente fraqueza.

 Todos os dias diante das circunstâncias impostas pelo ambiente de proximidade, somos forçados a optar por inúmeras escolhas, e diante dum entroncamento de opções e opiniões nem sempre tomamos o rumo claro e específico às nossas vontades ou aptidões. A cada momento surge algo novo, um canto de sereia que sinaliza algo que não podemos deixar de fazer. Essa dúvida entre fazê-lo ou não cria em nós uma espécie de letargia; necessitamos organizar essa complexidade, dar-lhe o rumo certo tomando o propósito como de um guia que nos orienta diante das muitas escolhas.

 Nem sempre as escolas encaminham seus alunos para aquilo que efectivamente são aptos em detrimento de possibilidades de ingresso ou negação dos talentos naturais desse aluno. Por falta de amor-próprio, falta de persistência e estímulo, ele acabará por frequentar um curso para o qual não possui a mínima inclinação vocacional fazendo da sua vida profissional uma enorme frustração. Infelizmente temos uma sociedade enquadrada por muita gente frustrada, fazendo o que não gosta de fazer. Eu direi mesmo que estamos vivendo uma época de incompetência generalizada porque não obstante seguir-se uma farsa de vocação, vai-se subindo nessa escada, agudizando o mal de raiz; e vai-se estimulando a mediocridade fazendo da própria vida um faz-de-conta. Os natos e humildes, neste caldo de cultura e valores, serão sempre subestimados. Creio não errar ao afirmar que na generalidade somos governados por gente incompetente, dada ao suborno, corrupção e compadrio porque não estão lá por paixão mas sim pelo poder, ter muito dinheiro ou ser influentes.

Referência Bibliográfica: O Óbvio que ignoramos de Jacob Pétry

Kanimambo: Obrigado (Moçambique)

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:31
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Quinta-feira, 14 de Fevereiro de 2013
MULUNGU . XXXIV

Cancro do Pulmão. Cura, mesmo quando em estado avançado.

Cuba

Cuba registou a primeira vacina terapêutica contra o câncer de pulmão nesta semana, após testar sua eficácia em mais de 1.000 pacientes. Não foram registrados efeitos colaterais.

O câncer ou cancro do pulmão é uma doença caracterizada pelo crescimento celular descontrolado em tecidos do pulmão. Se não for tratado, esse tumor pode se espalhar para fora do pulmão por um processo chamado de metástase, acometendo órgãos adjacentes e, eventualmente, se disseminando para outras partes do corpo. A maioria dos tumores que começam no pulmão, conhecidos como tumores primários de pulmão, são carcinomas derivados de células epiteliais.

A vacina nomeada CimaVax EGF foi criada após mais de 15 anos de pesquisas. A chefe do projeto, Gisela González, do Centro de Imunologia Molecular de Havana, explicou que a vacina oferece a possibilidade de transformar o câncer avançado em uma "doença crônica controlável".

 

O registo permite usar a vacina maciçamente no país e "atualmente ele avança para outras nações", disse a especialista. - A vacina é baseada em uma proteína que todos temos e que está relacionada com os processos de proliferação celular. Quando há câncer, [essa proteína] está descontrolada.

cubanos_1.jpg Gisela explica que foi preciso elaborar uma vacina que produzisse anticorpos contra essa proteína, que já é própria do organismo. A vacina é aplicada no momento em que o paciente conclui a terapia com radioterapia e quimioterapia. Ela ajuda a controlar o crescimento do tumor sem causar toxicidade, explica a pesquisadora.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:48
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Quarta-feira, 13 de Fevereiro de 2013
MUSSENDO DO PUTO . XXI

AS ESCOLHAS KIMBO

Por
 Dy – Dionísio  de Sousa

Kissondinho (Reis Vissapa) - Alô malta.. O carnaval findou. 2ª de 2 partes

A Felícia fora governanta desde nova na casa do Dr. Viriato e ajudara Dona Jacinta companheira do velho médico para toda a vida a criar uma ninhada de oito filhos; entre eles o Filinto. Em matéria de injecção certeira o Pica-Pica não se limitava só aos matacos dos doentes. – Perguntei pelos outros filhos de Jacinta, e fiquei a saber que as cinco filhas tinham-se casado, sendo que duas delas descasaram e uma fugira para a União Soviética com um russo de mau pêlo. Expressão usada pela Felícia. O Venceslau já estava a comer capim pela raiz e o Joca era jogador de futebol. – Olha lá, e como é que arranjaste lombongo para vir ao puto? – Questionei admirado com a sua presença na minha casa, tantos anos depois. – Kissonde, trabalhei muito nos “Business”. Kinguila na rua, comprar peixe no Namibe e vender no Lubango, bolo de quitandeiro, maçaroca cozida, me virei Kissonde, agora estou de férias.

 Ficou três dias na minha casa e aproveitei para pôr as notícias da minha terra em dia. Quando me despedi dela os meus familiares estavam extasiados com a sua pujança e aquela alegria e humor das gentes de Angola. – Olha Felícia tu não te preocupes com a gripe dos bacorinhos, goza as tuas férias à vontade. O pastor inglês  veio acalmar as hostes e informou aos mais temerosos dizendo que há paletes de “Domilu” ou “Tomiflu” ou seja lá o nome que for do milongo. – Tranquilizei-a. - Mas Domilu era aquela minha prima assanhada, deves te lembrar Kissonde! – Disse-me com um sorriso carregado de malandrice. – Mas essa era “DaMilu”, sabes bem porquê. – Alterquei lembrando-me da mokáia em questão.

 – Agora é dama fina e mudou o nome para esse igual ao do milongo, como é mesmo o nome, esse que o tal de pastor inglês veio vender na televisão. Como chama ele? – Perguntou curiosa. – George Felícia, bom camarada está sempre zelando pela saúde dos tugas e das finanças das farmácias. – Satisfiz-lhe a curiosidade. – Kissonde fica descansado meu menino que eu não volto para o Lubango sem comprar o tal de “Domilu” ou “Tomiflu”. Antes isso que chegar a Luanda e aquele safado daquele capiango querer-me pôr o “Térmómétro” no mataco. Fica com Deus meu filho e se pegares constipação, não te esqueças: Chá de casca de cebola com mel e limão, aquele “Rémédio” dos antigamente, quando acabavam as injecções do velho Alforreca.

Mussendo: Conto de raiz popular, missiva em forma de mokanda (carta) do Kimbundo de Angola (N´gola), Comunicado.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:31
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Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2013
FRATERNIDADES . XXXVI

Lição de vida - Não use os outros como muleta!

Escolha de

 Stella Pugliesi

Não dependa de ninguém para ser feliz! Pois, nós somos capazes de sermos felizes, sim com a ajuda dos outros, mas, você também pode ser feliz sozinho, é só estar feliz consigo mesmo. A felicidade está ao alcance de nossas mãos, mas por vezes longe de nossos olhos, mesmo que você não esteja vendo, estenda as mãos e creia ela está aí, é só pega-la, abraça-la e não largar nunca mais, se ela fugir, corra atrás e traga-a de volta, você é capaz.

 Hoje vou cuidar de seus problemas. Mas, por favor, lembre-se que Eu, preciso de sua ajuda. Por favor coloque-a na caixa SDPR (Só Deus pode resolver). Será resolvida quando Eu decidir, não você. Uma vez colocada na caixa não se preocupe mais com ela. Deixe comigo. Se você estiver preso no trânsito, lembre-se daqueles para quem dirigir é um privilégio inatingível. Se você está tendo um mau dia no trabalho, pense naqueles que não tem trabalho. Não se desespere com um relacionamento que vai mal, pense naqueles que nunca souberam o que é amar e ser amado. Não lamente o término do fim-de-semana, pense naquela mulher que trabalha doze horas por dia, sete dias na semana para alimentar os filhos.

 Se o seu carro enguiçar e o deixar a quilómetros do socorro, pense no paraplégico que sonha com uma caminhada destas. Quando você notar mais um fio branco nos cabelos, pense no paciente de câncer que gostaria de ter alguns cabelos. Quando você estiver perdido pensando no sentido da vida ou no que Deus pretende, pense naqueles que não viveram o bastante para pensar nisso. Quando você for vítima da amargura, da ignorância, da mediocridade ou da insegurança dos outros, pense que as coisas podiam ser piores, você poderia ser um dos outros. Tenha um lindo dia de muita paz.

 Enquadramento e arranjo do texto

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:06
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Segunda-feira, 11 de Fevereiro de 2013
MUSSENDO DO PUTO . XX

AS ESCOLHAS KIMBO

 Por
 Dy – Dionísio  de Sousa

Kissondinho - Alô malta.. O carnaval chegou. 1ª de 2 partes

 

 Foi no passado fim-de-semana.

Estava eu e alguns amigos e familiares a petiscarmos na varanda aproveitando um dia de sol radioso. – Bom dia, é aqui que mora o Kissondinho? Perguntou o motorista do táxi estacionado à frente da minha casa. O homem estava completamente espalmado à porta do condutor, olhos fora das órbitas e a pele da cara da cor do Benfica, que fiquei a pensar que lhe ia dar o badagaio junto ao meu portão. Foi quando a vi e só ela é que se podia lembrar daquela alcunha de um passado distante. A Felícia ocupara totalmente o seu banco, a alavanca das mudanças e metade do banco do motorista. Cento e muitos quilos de gordura abalroando o pobre taxista. Dei um salto e corri para o portão e ajudei-a a sair da viatura. – Santo Deus Felícia, há quanto tempo não te via menina! – Exclamei não escondendo o meu contentamento com a sua presença. – Kissondinho meu menino como tu ta velho cheio de cabelo branco. – Clamou afogando-me no peito gigantesco com a genuína emoção de trinta e oito anos de afastamento e de saudades de mim. – Puxa madrinha porquê que não vieste no banco de trás, quase matavas o homem. – E as vistas Kissonde? – Retorquiu.

 Levei-a para a varanda e apresentei-a à família e aos amigos. Duas Super-Bock fresquinhas eclipsaram-se pela garganta dela enquanto o diabo esfregava um olho. A partir daí toda a gente ficou deslumbrada com a sua simpatia e humor. – Então a viagem para o puto foi boa? Perguntei para dar início à troca de repetidos. – Não me fala nisso Kissonde que apanhei cá uma “escolhambação” que vou-te contar. – Comentou abanando a cabeça e aproveitando para limpar o suor imenso que descia em cascata desde a testa. – Conta lá mulher. Incitei-a. – Foi no aeroporto a maka. Um m´fumo do governo chegou ao pé de mim e disse: - Tem de por o “Termómetro” antes de embarcar. – Ai é, mas mais porquê ainda? – Perguntei no malandro. – És o gripe dos porquinho mamã, aquela doença lá dos tuga. – Respondeu o camarada. – Me desconformei e levantei o braço para pôr o tal de “Termómetro” – Descurpa mamã, não pode ser nos braço, vai partir e só temos um, no braço da mana não dá mesmo. – Aí Kissonde me zanguei “dê” verdade. – Vai meter o “Termómetro” na tua mãe, vou ligar no meu afilhado o Doutor Filinto que é secretário da saúde para te prender. – O Filinto? O meu amigo filho do Dr. Alforreca. – Perguntei surpreso. - Sim, esse mesmo. Tirou os curso em Cuba e agora é mwangolé do governo. Esclareceu-me com um sorriso de orelha a orelha.

 Tive de explicar aos presentes que o Filinto era filho do Dr. Viriato, mais conhecido por Dr. Pica-Pica por varrer a clientela com injecções no mataco, fosse dor nos joelhos, sarampo e sarampelo, urticária etc., etc. Por analogia com aqueles incómodos animaizinhos que apareciam volta e meia nas nossas praias e que punham meio mundo a gritar. – Cuidado hoje há pica-pica aos montes. – Acabou num ápice por ser rebaptizado como Dr. Alforreca. – Olha Kissondinho lá na nossa terra os porquinho não tem constipação mesmo. Bicho livre que chafurda no barro e não está prisioneiro, e olha vou-te dizer uma coisa, a carne é mais gostosa. Esses porco do branco está muito fino, num tem bitacaia.

Mussendo: Conto de raiz popular, missiva em forma de mokanda (carta) do Kimbundo de Angola (N´gola), Comunicado.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:38
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Domingo, 10 de Fevereiro de 2013
MOKANDA DO SOBA . XXVI

" Tonico morreu com a cura– 2ª de 2 partes

KIMBO

"Tónico, dez minutos antes de morrer, estava vivo" - Para aposentados ou apenas em posição de descanso. Leiam com atenção, meditem e apliquem se acharem conveniente.
: Ele tinha todos os remédios num armário da cozinha e quase já não saia mais de casa, porque passava praticamente todo o dia a tomar as pílulas. Dias depois, o laboratório fabricante de vários dos remédios que ele usava, deu-lhe um cartão de “Cliente Preferencial”, um termômetro, um frasco estéril para análise de urina e lápis com o logotipo da farmácia. Meu tio deu azar e pegou um resfriado. Minha tia Marocas, como de costume, fez ele ir para a cama, mas, desta vez, além do chá com mel, chamou também o médico. Ele disse que não era nada, mas prescreveu Tapsin para tomar durante o dia e Sanigrip com Efedrina para tomar à noite. Como estava com uma pequena taquicardia, receitou Atenolol e um antibiótico, 1 g de Amoxicilina. A cada 12 horas, durante 10 días. Apareceram fungos e herpes, e ele receitou Fluconol com Zovirax.
Para piorar a situação, Tio Tonico começou a ler as bulas de todos os medicamentos que tomava, e ele ficou sabendo todas as contra-indicações, advertências, precauções, reacções adversas, efeitos colaterais e interacções médicas. Leu coisas terríveis. Não só poderia morrer mas poderia ter também arritmias ventriculares, sangramento anormal, náuseas, hipertensão, insuficiência renal, paralisia, cólicas abdominais, alterações do estado mental e um monte de coisas terríveis. Com medo de morrer, chamou o médico, que disse para não se preocupar com essas coisas, porque os laboratórios só colocavam para se isentar de culpa. - Calma, seu Tonico, não fique aflito, disse o médico, enquanto prescrevia uma nova receita com um antidepressivo Sertralina com Rivotril 100 mg. E como titio estava com dor nas articulações deu-lhe Diclofenac.

Nessa altura, sempre que o meu tio recebia a aposentadoria, ia direto para a farmácia, onde já tinha sido eleito cliente VIP. Chegou um momento em que o dia do pobre do meu tio Tonico não tinha horas suficientes para tomar todas as pílulas, portanto, já não dormia, apesar das cápsulas para a insônia que haviam sido prescritas. Ficou tão ruim que um dia, conforme já advertido nas bulas dos remédios, morreu. No funeral tinha muita gente mas quem mais chorava era o farmaceutico. Agora tia Marocas diz que felizmente mandou titio para o médico bem na hora, porque senão, com certeza, ele teria morrido antes. Esta crónica é dedicado a todos os meus amigos, sejam eles médicos ou pacientes..!

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:35
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Sábado, 9 de Fevereiro de 2013
MULUNGU . XXXIII

HISTÓRIA REAL DO MAIOR JOGADOR DO MUNDO NA ACTUALIDADE....

Lionel Messi2ª de 2 partes

 

E com a bola quase a dar-lhe pelos joelhos, aquela habilidade enorme logo maravilhou os treinadores do Barça. Carles Rexach, director do centro de formação do Barcelona, ficou maravilhado com o prodigiosíssimo argentino. Ao cabo de dois treinos, não hesitou e logo tratou de arranjar contrato. E ficou espantado com a proposta do pai do craque: o Barça só tinha de lhe pagar os tratamentos que os médicos argentinos sugeriam. Foi dito e feito. Durante 42 meses, Lionel levou, todos os dias, injecções de somatropina, hormônio de crescimento inscrito na tabela de produtos proibidos pela Agência Mundial Antidopagem, e só autorizada para fins terapêuticos. Em 2003, o milagroso hormônio fizera de Lionel o que ele é hoje, um rapagão de... 1,69 metros!

 No Verão de 2004, acabadinho de fazer 17 anos, e já com contrato profissional, entrou para a equipe B do Barça. Mas fez só cinco jogos, porque aquele enorme talento não cabia no "Miniestadi". Reclamava palcos maiores. E rapidamente começou a jogar no Camp Nou, na equipe principal. Em 16 de Outubro de 2004, o prodígio fez a grande estreia na liga espanhola, num derby com o Espanhol. Em 1º de Maio de 2005 entrou para a história do Barça: marcou no Albacete e tornou-se no mais jovem jogador a marcar um golo pelo Barcelona. Aos 17 anos, dez meses e sete dias, começou a lenda. Cinco anos depois, Messi teve a consagração absoluta. Foi eleito Melhor Jogador do Mundo de 2009, após uma época de sonho, concluída com um feito inédito do Barça "de las seis copas": campeão de Espanha, da Taça do Rei, da Super taça Espanhola, da Super taça Europeia, da Liga dos Campeões, do Mundial de Clubes. Ufff!

 O craque que o Barça contratou pelo custo da terapia de crescimento é, hoje, a maior jóia do futebol mundial, segurada por uma cláusula de rescisão de... 250 milhões de euros! E é, também, o mais bem pago de todos: o menino pobre do bairro de La Heras é, agora, multimilionário, recebendo qualquer coisa como 33 milhões de euros anuais em salários e publicidade. Nem em contos... Lionel Andrés Messi 23 anos (24/06/1987) Nacionalidade: Argentina (os argentinos têm vergonha de não terem tratado do rapaz). Títulos: campeão Espanha (2005, 2006, 2009, 2010 e 2011), taça do rei (2009); super taça Espanha (2005, 2006, 2009 e 2010); liga dos campeões (2006, 2009); supertaça europeia (2009); mundial de clubes (2009).  "GRANDE LIÇÃO DOS PAIS QUE NÃO DESISTIRAM DO SONHO: CURAR O FILHO." Não se focaram só no problema, mas sim na solução e sem a ajuda dos clubes argentinos.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:11
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Sexta-feira, 8 de Fevereiro de 2013
KANIMAMBO . XXIII

“O ESPÍRITO DA COISA”Talento

 AS ESCOLHAS DO SOBA

  A teoria de que cada qual pode ser o que bem quiser bastando para isso adquirir o conhecimento e a disciplina necessária para aplicá-lo, é falsa. O talento de qualquer pessoa não pode ser edificado com técnica e conhecimento. Se você não actua na área do seu talento, não terá segurança e, sem segurança, não terá a confiança necessária para assumir riscos e fazer os necessários investimentos para ter seu sucesso e felicidade. Para atingir a excelência, é necessário desenvolver uma intensa especialização na área do  talento natural. Mas, talento é uma aptidão natural que cada qual possui para fazer alguma coisa com uma naturalidade superior à maior parte das outras pessoas. Descobrir isso, é como um brinquedo que se revela dentro de nós; e, todos nós temos um, e quando cada qual descobrir o seu, vai reconhecê-lo.

 Talento é aquele brinquedo interior de aptidão que cada um tem mas que na maior parte dos casos não é usado em seu labor e é por isso que temos inadequadamente médicos exercendo essa missão quando seriam uns óptimos mecânicos e pasteleiros que seriam óptimos pedreiros e por aqui e ali, encontraremos actividades desajustadas dando lugar ao poder do dinheiro, do status, da ganância e tantas inapetências.  Será por isso que deparamos tão amiudadamente com gente descontente e frustrada ocupando lugares indevidos à sua aptidão. Toda a actividade a ser exercida por alguém deveria ser sujeita a um exame psicotécnico antes de se submeter a um qualquer concurso. Todos teríamos a ganhar com isso.

 

Nossos talentos são inatos, vitalícios e insubstituíveis, fruto de um mistério a que se chama sinapse que ocorre ao longo da infância; trata-se da conexão entre células cerebrais chamadas neurónios que por sua vez estimulados, criam e fortalecem espirais padrões que se formam em torno desses neurónios. As espirais estimuladas desenvolvem-se enquanto que as que são ignoradas definham ou são completamente eliminadas. Como um escultor que trabalha a pedra dando forma à sua escultura, os processos de estímulo captados pelo cérebro moldam nossas aptidões. Por isso, uma criança que nasce rodeada de psicólogos encarregados de provocar estímulos com o objectivo de o tornar um génio, não tem nenhuma vantagem sobre a outra, que passa seus dias com uma ama que não possui especialização alguma.

Kanimambo: Obrigado (Moçambique)

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:39
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Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2013
N´GUZU . XIV

ANGOLA - “manobras de diversão”

Luua e Putolândia2ª de 2 partes

AS ESCOLHAS DO KIMBO
 Criaram associações de cariz revolucionário, festas, bailes promovendo escritores, pensadores, cantores e outros. Nas associações de punho cerrado espumavam raiva com cânticos revolucionários de que o povo unido jamais seria vencido. Alguns dos iluminados mais escuros, aqueles que irradiavam uma luz mais pura, sorrateiramente foram apagados ou fundidos. Os hipócritas, figuras ridículas da Putolândia, propagandearam a terra ex-colónia dizendo ser a menina dos seus olhos trocando um polimento servil, próprio de oportunistas migalhas caída das novas Gingas, N´golas ou mwangolés. O desplante é total, agora aquela terra já não tem proletários, há que defender os novos empreendimentos, o dinheiro... O povo... Há, há, há, não contam, para quê defende-los. É aqui, que a direita e esquerda da Luua e da Putolândia se unem... são feitos da mesma massa - cozinham-se de diferente maneira, mas o resultado é igual.

 No fim disto tudo, quero dizer que nada disto me admira; admira-me sim, que aqueles que tudo tinham a ganhar ao viverem na terra que os viu nascer ou crescer, tenham sido os que também, tudo tenham perdido, mesmo que fosse só a possibilidade de uma infância ou juventude feliz. Aqueles que por várias razões, vivendo naquela cidade, nunca dela saíram. Nunca foram a Catete, ao Caxito, à Funda, à Barra do Cuanza, ao Kifandongo, à Cela, ao Dondo, ao Cacuaco, nunca viram o Rio Bengo e a tantos outros sítios, conhecendo apenas a estrada do aeroporto porque o tiveram que usar para sair. Esses não conhecem nada, não sabem nada e durante muitos e muitos anos estiveram calados, daquela terra, só diziam que tinham vindo de lá. Agora são embaixadores auto proclamados, promovendo até as cervejas de marca colonial.

 Tudo é bom, tudo é melhor, tudo é grande, tudo é uma maravilha. Agora tudo se esqueceu e aqueles que desgraçaram milhares, que eram da terra e não tinham outra, mas eram claros, são agora os salvadores. Sinceramente não gosto de aparecidos, hipócritas, falsos e interesseiros. A luz desta gente é de raios que os partam. Não iluminam nada. Qualquer semelhança com a realidade é só coincidência. É também coincidência, qualquer pessoa sentir-se atacada. Dói-me a alma ver tanta injustiça, assim como ver tanta gente esquecer um passado recente e doloroso. Isso não se compreende e como sabem: progresso não é só cimento e ferro.

Glossário: N´guzo: - força, destreza (quimbundo); Deus da guerra em Bantu

O Soba T´Chingange



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Quarta-feira, 6 de Fevereiro de 2013
MOKANDA DO SOBA . XXV

" Tonico morreu com a cura “– 1ª de 2 partes

  KIMBO                     

"Tonico, dez minutos antes de morrer, estava vivo" - Para aposentados ou apenas em posição de descanso. Leiam com atenção, meditem e apliquem se acharem conveniente.

 Costa Araujo e Ramiro Batista (Brasil)

Meu tio Tonico estava bem de saúde, até que sua esposa, minha tia Marocas, a pedido de sua filha, minha prima Totinha, disse: -Tonico, você vai fazer 70 anos, está na hora de fazer um check-up com o médico - Para quê, estou me sentindo muito bem! - Porque a prevenção deve ser feita agora, quando você ainda se sente jovem, disse minha tia. Então meu tio Tonico foi ver um médico. O médico, sabiamente, mandou-o fazer testes e análises de tudo o que poderia ser feito e que o plano de saúde cobrisse. Duas semanas mais tarde, o médico disse que os resultados estavam muito bons, mas tinha algumas coisas que podiam melhorar.

   Então receitou comprimidos:

                                             Atorvastatina para o colesterol

                                             Losartan para o coração e hipertensão,

                                             Metformina para evitar diabetes,

                                             Polivitaminas para aumentar as defesas.

                                             Norvastatina para a pressão,

                                             Desloratadina em alergia.

:::::::::::

 Como eram muitos medicamentos, tinha que proteger o estômago, então ele indicou Omeprazol e um diurético para os inchaços. Meu tio Tonico foi à farmácia e gastou boa parte da sua aposentadoria em várias caixas requintadas de cores sortidas. Nessas alturas, como ele não conseguia lembrar-se se os comprimidos verdes para a alergia deviam ser tomadas antes ou depois das cápsulas para o estômago e se devia tomar as amarelas para o coração antes ou depois das refeições, voltou ao médico. Este deu-lhe uma caixinha com várias divisões, mas achou que titio estava tenso e algo contrariado. Receitou-lhe, então, Alprazolam e Sucedal para dormir. Naquela tarde, quando ele entrou na farmácia com as receitas, o farmacêutico e seus funcionários fizeram uma fila dupla para ele passar através do meio, enquanto eles aplaudiam. Meu tio, em vez de melhorar, foi piorando…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:46
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Terça-feira, 5 de Fevereiro de 2013
INVENTAÇÕES DA HISTÓRIA . IX

EM TERRAS DO SUMBE . Cemitério dos brancos

Verdade ficcionada

Por

 T´Chingange

Regressado do Bailundo via pista de Seles combinei com o capataz José Nanquituka, ocupar os carregadores na construção de um grande armazém logo no início da encosta e não muito longe do mar; o comércio exigia que as mercadorias vindas do planalto fossem devidamente acomodadas e preservadas por algum tempo, para além de ser o depósito das fazendas ou libongos enviadas de Loanda. Esta seria em realidade a primeira fazenda pública a funcionar a sul das salinas da Quiçama. Mandei que fizessem vários caixões para servirem de salga na conserva de carne e dei instruções que mais junto à costa, na ladeira do cais improvisado, montassem armações em paus entrelaçados a fim de salgar o peixe que fartamente se pescava naquele mar e bagre do rio Cuvo, ali tão próximo.

 Detestava ver os homens levar uma vida errante, de ócio e de embriaguez. Quando sem nada que fazer, os carregadores levavam o tempo de barriga para o ar. Os negros odiavam ser carregadores, não tinham por costume trabalhar nas lavras, isso era coisa de mulher, e quando menos esperavam surgiam os cipaios a mando do alferes que acorrentando-os os levavam para o terreiro dum qualquer rico negreiro; seu destino seria o porão duma nau que os levaria a um lugar distante. Ali se juntariam com dezenas ou centenas de negros, homens e mulheres acorrentadas que os pombeiros traziam do interior de N´gola, Cassem e Damba.

 Este tráfico tinha o nome de "Guerra Preta" porque arrancavam sempre por meios violentos os negros das aldeias. Contudo eram os próprios negros, entre os quais os N´zingas, que, levados pela ambição de possuir os objectos ou libongos levados pelos portugueses, faziam guerra aos seus irmãos de cor. Alguns Sobas, trocavam os seus súbditos por vinho, tecidos, sal ou pólvora. Eu, não via bem toda esta actividade; usar o homem da forma mais degradante mas, era esta a estratégias usada pela administração na qual eu considerava uma falha. Sempre que podia, alterava o rumo dos homens em aproveitamento de outras actividades como agricultar, pescar, lavar, e tarefas de manejo para o bem social. Na minha função de secretário de fazenda de João de Câmara da Capitania-Geral do Reino de Angola, ganhava quinze mil reis, tal como o capitão de 2ª linha e, agora incumbido de superintender o litoral entre os rios Cuvo a norte e, a sul, o curso inferior do rio Balombo. Aqueles quinze mil reis do Puto eram convertidos em libongos pago em trocados de bongos, sangos e infulas para poder manusear  e comprar ou permutar as mercancias que me aprouvesse. Já nos fins de 1783 tive de refazer cálculos de reconversão em função da nova moeda chamada de Macuta enviadas do Puto à ordem de Dona Maria I e, aonde se podia ler em uma das faces “África Portuguesa”. Curiosamente, ainda guardo esta preciosa moeda no meu baú.

(Ver glossário no final)

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:43
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Segunda-feira, 4 de Fevereiro de 2013
MULUNGU . XXXII

HISTÓRIA REAL DO MAIOR JOGADOR DO MUNDO NA ACTUALIDADE....

Lionel Messi 1ª de 2 partes

 Mesmo que você não goste de futebol, ou não gosta dele, leia para ver como são certas passagens da vida. Para os adeptos do Barça, a oitava maravilha é Messi. Eis uma história, uma lição de vida, que encanta Camp Nou. É uma desforra bem pessoal, a história do menino autista aos 8 anos, anão aos 13, que via o mundo a 1,10m do solo. É esse mesmo, , que botou o corpo à base de tratamentos hormonais e que, 59 centímetros depois, encanta o mundo do futebol, naquele jeito singularíssimo de conduzir a bola colada ao genial pé esquerdo, como se o couro redondo fosse um mano siamês, uma mera extensão corporal, um órgão vital, inseparável.

 Barcelona rende-se ao talento de "La Pulga" e os adversários caem aos pés de um talento puro e raro. E por muito talento que tivesse para jogar a bola, estaria o rapaz consciente do destino glorioso que lhe estava reservado? O miúdo de 16 anos que vestiu pela primeira vez a camisola da equipe principal do Barcelona num jogo com o F. C. Porto, a 16 de Novembro de 2003, na inauguração do Estádio do Dragão, o Lionel Messi que agora caminha sobre a água, é ainda o mesmo menino que sobrevoou o Atlântico, em 2000, para se curar de uma patologia hormonal. Lá na Argentina, na Rosário natal, os prognósticos médicos eram arrasadores: sem tratamento eficaz contra o nanismo, Lionel chegaria à idade adulta com 1,50 metros, no máximo.

 Os diagnósticos alarmaram os Messi. E o custo dos curativos também: mil euros mensais, ou seja, quatro meses de rendimentos da família de La Heras, um bairro pobre de Rosário. Mas o pai de Lionel não se resignou. Sabia que o filho, pequeno no corpo, era gigante no talento. E não aceitou a fatalidade. Nessa altura, o prodígio de dez anos despontava no Newells Boys, fintando meninos com o dobro do tamanho e marcando golos atrás de golos. O pai sugeriu ao clube que pagasse os tratamentos de Lionel. A resposta foi negativa. E o mesmo sucedeu quando os Messi foram bater à porta do grande River Plate. Na adversidade, a família Messi teve mais força, com a ajuda de uma tia de Lionel, emigrada na Catalunha. E foi assim, em 2000, ainda antes de completar 13 anos, que Lionel e os pais viajaram até Lérida. Dias depois, o pequeno prodígio foi fazer testes no Barcelona...  

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:10
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Domingo, 3 de Fevereiro de 2013
N´GUZU . XIII

ANGOLA - “antigas manobras de diversão”

Luua e Petolândia -  1ª de 2 partes

 AS ESCOLHAS DO KIMBO

 Um belo dia, no maculusso da Luua, para ajudar um Povo a ser mais digno e respeitado, um grupo de iluminados, resolveu criar um Partido a que chamaram de Popular. Na Putolândia, do outro lado do mar, outros iluminados claros, vindos da esquerda, um místico lado ruim, surgiram para dar mais luz aos outros escuros iluminados. Fizeram isso durante anos. Os populares queriam criar uma Nação, os outros gnomos, terminar com o Império fascista. Lentamente foi-se introduzindo entre a gente nova da Luua e Putolândia a ideia, de que os iluminados do governo mais claros eram exploradores, ladrões e tudo de quanto menos bom se possa imaginar além de fascistas. Os bons da Luua, os justos libertadores, iriam acabar com a miséria, dividir a terra por aqueles que nunca tinham tido nada: o Povo.

 Os novos iluminados revolucionários claros, do puto, criaram métodos de susto, fizeram muitas manobras de diversão; a Luua era um teatro de guerra para criar o medo, o boato e num confrangedor abandono, falta de autoridade e segurança. Libertaram todos quantos quisessem fugir daquele teatro fabricado, meio dantesco. A toda a gente, exploradores e afins, designados de colonos, ofereceram uma viagem sem retorno para a Putolândia. Dos muitos repentes de cobardia e abandono, deu origem a uma fuga a que se chamou de ponte aérea via Luua - Puto. E veio o grito da “vitória é certa” de Agostinho, libertador dos N´golas, um medíocre poeta e guerrilheiro que de punho fechado incitava: “a luta contínua”. Depois, a guerra cruel de muitos anos; aos regressados à Putolândia chamaram de retornados. Na Luua, a imensa multidão do mato, veio ocupar toda a cidade, todos os cantos, todo o lugar onde havia um espaço para criar habitação, dentro dos limites antigos deixados pelos “colonos”; a descolonização em curso, mais tarde, para fora desses limites urbanos. Luanda era a cidade que mais crescia no mundo, em população. A cidade começou a chamar a atenção de olhos atentos a novas oportunidades.

 Muitos dos iluminados da Putolândia pós abrilada, correram para a Luua numa solidariedade revolucionária dum tal processo de revolução em curso (PREC). Não foram para aquilo que chamavam de  "Frente da batalha"… não! Isso de carne parta canhão era para o Povo de N´gola: que primeiro tinham que ser Combatentes e, se não tombassem, então seriam heróis passando a viver na abundância, uma dignidade fabricada. Tudo muito bem visto e pensado, os iluminados, agora mwangolés, perceberam que os Capitalistas, da Putolândia até os podiam ajudar naquela luta popular, e acertaram, ajudaram-se uns aos outros até eliminarem Savimbi.

Glossário: N´guzo: - força, destreza (quimbundo)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:22
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Sábado, 2 de Fevereiro de 2013
CAFUFUTILA : XXXVII

AS ESCOLHAS DO KIMBO

Hoje, vou falar dos burros ! - metáfora suave

Por

 Tony Melo

 Equus Africanus Asinus. Sim, os burros de quatro patas que há cinco mil anos foram domesticados na Abissínia. Não estou, portanto, a referir-me aos outros, hoje em dia espalhados de norte a sul do rincão Puto e que, com o devido respeito aos nossos amigos Equus Asinus, usurpam-lhes o epíteto. Estou motivado à defesa dos autênticos, que tendo associações de protecção e defesa, não lograram contudo o impedimento de tamanha apropriação de nome. Seria, é da mais elementar e gritante justiça. E no que toca aos que estão lá em cima, a ofensa aos burros é ainda maior.

 Vejamos então os porquês. Os equus são trabalhadores, muito raramente, mesmo muito, se negam ao trabalho. Quando instados, carregam que se farta e andam por quaisquer caminhos. Com propriedade, até lhes chamam “de carga”. Nos usurpadores, vêm semelhanças? Os africanus asinus são de pouca comida. Nada exigentes. Na manjedoura, depositam-lhe palha água. Nos tais, a ‘manjedoura’ tem necessariamente pitéus e iguarias, porque demasiado exigentes. De palha, só a de fios de ovos. E na bebida, água só para limpar o palato de sabores sobrepostos. Os nossos amigos asinus são de uma doçura incrível, não obstante indivíduos da estirpe dos que falamos, ao longo dos séculos, tenham feito passar a mensagem do contrário, porque do seu interesse. Quem não viu estampas icónicas de Jesus montado num deles. E de Maria sua Mãe? Os nossos presépios? 

 Quanto aos nossos famigerados oportunistas? Serão eles assim tão doceis ou só para quem eles querem? Nossos benditos asinus! Sabedoria? O cerne da questão. Não houvera aquela estirpe usurpadora, invejosa e mal gradecida e maldizente ao longo de milénios e os equus não teriam na atualidade frequentes tentativas falhadas de clonagem. Porque quando os burros de quatro patas fazem, nada se lhes aponta. Já os outros…o resultado confere-se!
Reparo do Soba: Eles não são burros, não! São estafermos sem escrúpulos, do mais baixo coturno. São umas bitacaias, bichos de pé, filhos da peste. Têm de ser mortos e enterrados de pé para não ocupar espaço. 

Subscreve

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:26
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Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2013
KAPIKUA . XXI

“Milagres – Urântia”

As escolhas 

 Kimbo Lagoa

Somente o discernimento oriundo da sabedoria infinita possibilita ao Deus justo ministrar simultaneamente a justiça e a misericórdia em qualquer situação que se apresente no universo. O Pai celestial não se debate em atitudes contraditórias para com seus filhos do universo; Deus jamais é vítima dos antagonismos de atitude. A omnisciência de Deus dirige sua livre vontade na escolha indefectível da conduta universal que, de forma perfeita, simultânea e por igual, satisfaz às exigências de todos os seus atributos divinos e às qualidades infinitas de sua natureza eterna.

   A misericórdia é o resultado natural e inevitável da bondade e do amor. Por sua natureza bondosa, o Pai amoroso jamais negaria o sábio ministério da misericórdia para com cada membro de cada um dos grupos de seus filhos no universo. Juntas, a justiça eterna e a misericórdia divina constituem o que se denomina equidade na experiência humana.

 A misericórdia divina representa um modo equitativo de realizar o ajuste entre os níveis universais de perfeição e imperfeição. A misericórdia é a justiça da Supremacia adaptada às situações do finito em evolução; é a justiça da eternidade, modificada para atender os mais sublimes interesses e o bem-estar dos filhos do tempo no universo. A misericórdia é a justiça que parte da Trindade do Paraíso em visitação sábia e amorosa às várias e diversas inteligências das criações do tempo e do espaço; ela é expressa pela sabedoria divina e estabelecida pela mente omnisciente e pela vontade livre e soberana do Pai Universal e de seus parceiros Criadores.

Leitores do livro de Urantia em Portugal: suporte@urantia.com.pt

(Continua…)
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:47
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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