Sábado, 30 de Novembro de 2013
MUJIMBO . LVI

ANGOLA   GOVERNANTES CANGALHEIROS!...

  ISOMAR GOMES     

A manifestação do dia 23 de Novembro de 2013, foi uma manifestação pela cidadania, pelo exercício do direito cívico e sobretudo, pelo direito a VIDA, uma manifestação contra a morte, contra o TERROR, contra o medo, contra a intimidação colectiva e desagregação do tecido social angolano. Não se pode compreender que quase doze anos após o calar das armas, cidadãos angolanos continuam reféns das mesmas situações que caracterizaram o período de guerra "armada", a grossa maioria dos cidadãos estão e vivem cabisbaixos, (não falam em voz alta) murmuram, estão constantemente a olhar de soslaio a sua volta, temem dizer o que pensam quer ‘cara-a-cara’ quer ao telefone, desconfiam de tudo e de todos; dos vizinhos, dos amigos, dos colegas de serviço, até de familiares, enfim…

Não se pode compreender que nos quase doze anos de paz, centenas de angolanos continuam a morrer, só por DISCORDAREM de “qualquer coisa” na acção dos guardiões do ‘templo’.  A UNITA clamou e reclamou, varias vezes, que dezenas de seus militantes foram, bárbara e friamente assassinados, pelo simples facto de serem militantes daquele partido politico. Rafael Marques denunciou na sua magnifica obra; diamantes de sangue (mesmo em tempo de paz), que a morte e a mortandade continua a sua obra indiscriminadamente mortífera e “guerreira” no leste do País… naquelas paragens, a “luta continua”. No Cafunfo, houve a gigantesca manifestação das mulheres, pela vida; porque é que as mulheres se manifestaram?…

 A manifestação no Cafunfo teve a mesmíssima represália que a manifestação do dia 23, cujos guardiões do templo, justificaram a sua acção, afirmando que possuíam documentos a ‘testemunhar’ que uma onda de subversão estaria subversiva e clandestinamente em curso… tal, provavelmente aconteceu também no Cafunfo, certamente as mulheres de todas as cores partidárias que se manifestaram pela vida, tinham também intenção de “mudança do regime”, por isso, ao se manifestarem contra a violência no género, foram por sua vez violentadas (desta feita oficial e abertamente) pelos guardiões do templo… A manifestação dia 23 tinha fins pacíficos, mas os guardiões do templo assim não entenderam… e fizeram o que sempre fizeram, provocaram mais morte, mais sofrimento, mais dor… mais raiva… numa palavra, transformaram a pacifica manifestação em V.I.O.L.E.N.T.A.

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O jovem Ganga, foi hoje a enterrar…a sua vida, foi-lhe tirada, quando questionava e protestava por tirarem prematuramente a vida a dois co-cidadãos… Os guardiões do templo de todas as matizes, culpam a UNITA, pois se esta tivesse adiada a manifestação, conforme “conselho” dos guardiões, provavelmente o jovem Ganga, estaria vivo… Posso até, com muita relutância concordar com este raciocínio, sublinho a minha relutância, ao lembrar-me do jovem desempregado, lavador de carros que foi morto por entoar uma das músicas do jovem dez pacotes, que mencionava negativamente entre aspas, JES, (um caso insólito no mundo hodierno, alguém, foi morto no culminar do século XX e inicio do XXI por entoar uma simples e ‘inocente’ canção, de quem até nem é autor?!)


Ora, quem matou o jovem praticante do rap acima mencionado? Qual foi a reacção dos órgãos da justiça, nomeadamente da PGR, o assassino foi-lhe instaurado um processo-crime? Não foi esta impunidade que “autorizou” o colega-guardião a atirar á matar uma vez mais, contra um cidadão pacífico e indefeso? Disse-o antes e repito-o
Camulingue e Cassule, são apenas a ‘ponta’ do enormíssimo iceberg oculto no vastíssimo oceano da impunidade e do terror, por isso a UNITA utilizou-os como “bandeira”, mas a manifestação do dia 23, não foi apenas pelo Camulingue e Cassule, foram por todos os mortos e para todos os vivos, para que não tenham o mesmo destino dos malogrados acima mencionados, sobretudo para que os angolanos usufruíssem de mais cidadania e LIBERDADE, do que por exemplo usufruímos (especialmente os da minha geração) na era colonial… 

 Sinceramente, não me lembro de alguém que foi morto pelos guardiões do templo colonial, só por entoar uma ‘cançãozinha’ ou alguém ser morto pelas costas por ser apanhado a colar um panfleto contrário ao sistema… Quando eu tinha quatorze / quinze anitos, fui apanhado com o meu "eterno" companheiro Cláudio (Miguel Costa), por agentes da PSP (Policia colonial) por pinchar as paredes do muro da escola posto 15 no bairro prenda/Luanda, com as palavras de ordem nacionalista/independentista, que ouvíamos em surdina da emissora “angola combatente” propriedade do MPLA no exílio na altura… Porem, sempre que tal aconteceu, os agentes indignados, dava-nos apenas fortes puxões de orelhas e um “bom” pontapé no traseiro, eu era sempre a vitima, pois o meu companheiro veloz e ágil como um gamo, escapulia-se sempre “por um triz” NUNCA os agentes da PSP fizeram a intenção de puxarem das pistolas e alvejarem o meu BOM amigo. Merecemos mais vida e mais cidadania ou não do que na era colonial? É crime, lesa-pátria manifestarmo-nos a favor da LIBERDADE e do exercício da cidadania? ou melhor é isto... "sinal de guerra"? Quem é contra a manifestação e a manutenção da vida, não merece governar-nos!... Definitivamente, governantes cangalheiros NÃO!

 

 

As escolhas do

 

Soba T´Chingange



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Sexta-feira, 29 de Novembro de 2013
CAFUFUTILA . XLVIII

MARÉ SECAAmoleço aqui, as unhas dos pés.

Por

  T´Chingange

Acerca disto e daquilo, as nossas conversas ficam antigas ao lembrar sítios como se nunca de lá tivéssemos saído. As nossas conversas deveriam permanecer secretas unindo-nos em uma cumplicidade mas, a sedução do vento ou o assédio da saudade, ongweva ou muxima, obriga a nos driblarmos amenizando os tempos de mudança. Aos poucos afatiados, minha exclusiva kianda Januário Pieter põe-me na mão pormenores esquindivados da minha estória repetindo-me muitas vezes que meu legitimo sangue é de cor carmim como o do pássaro quetzal e que minhas origens vêem do mar Pacífico, duma ilha chamada de páscoa.

 Nessa mítica ficção amoleço as unhas dos pés nas águas que invadem a minha ilha da maré seca na foz do rio São Miguel a escassos quilómetros de Cururipe, um lugar que ainda paga laudémio por suas gentes terem comido o primeiro bispo do Brasil de nome Sardinha no longínquo anos de 1556. Os índios Caetés e Tupinambás, em um grande panelão de barro fizeram uma caldeirada com mais de oitenta náufragos que encalharam nos recifes existentes junto àquela costa.

Desconheço se o tempo purifica aquelas almas em quantidade de afeto suficiente para minimizar frustrações aos novos sacerdotes que por ali parabenizam triste data. No correr dos tempos foram aparecendo caixinhas vidradas com um pároco de chapéu de 3 bicos em quase todas as povoações nordestinas; uma figura de quase santo venerado a partir da metade do século XX , dando uma visão mística da justiça na ponta da navalha. Eis que surgiu mais tarde Chico Xavier encorpando espíritos do bem; envolto em carências de justiça e, com corrupção à solta relembra: -“ É necessário conservar o coração agradecido a Deus para as aflições não nos deteriorarem os sentimentos”. Concordo plenamente!

Cafufutila, kafufutila, kifufutila: Farinha de mandioca (bombô) com açúcar; falando de boca cheia lança falrripos ao interlocutor.

O Soba T´Chingange



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Quinta-feira, 28 de Novembro de 2013
XICULULU . XXXIX

ENCHARCADO DE ARBITRARIEDADES

   T´Chingange

Xicululu: - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo, cobiça

A sociedade acomoda-nos a novos modos de vida e de estar, condicionando cada um por si, na visão dum interesse pecuniário imediatista. Uns quantos, na fecundidade prodigiosa do seu dinheiro, só lhe saem das unhas para voltar multiplicado; cultiva-se até a prática de ambição que muitas vezes vira uma loucura de moléstia nervosa, desespero em acumular, reduzindo tudo em dinheiro como se isso fosse o mais importante na vida. Contornado deste ambiente doentio sinto necessidade de largura para enrijar a solidão de minha mente, meu corpo. Isto não é bom mas, qual será a filosofia de estar num mundo em que cada qual sente pelo outro inveja e, que pouco a pouco se transforma em profundo desprezo, incompreensão ou repugnância completa.

É nesta terra encharcada de fumegantes arbitrariedades que fervilham minhocas a fazer crescer um mundo, uma coisa viva, uma geração aonde brotam aqui e além, espontaneamente, um multiplicar de lameiros, condomínios humanos a proliferarem como larvas em esterco. Por dez-mil-reis de mel coado, os unidos cobiçosos senhores de bancos ou governos, fabricam necessidades apertando cada vez mais suas despesas, empilhando-nos em privações sobre privações furtando-nos paulatinamente e com ordeiras leis nossas casas, nossas personalidades, nossas vontades e, até nossos acordados sonhos.

 Atamancados entre o fumo espesso da indiferença contentamo-nos com os próprios utensílios, nos perfumes baratos e roupa de riscado adquirido nas lojas de armarinho, daquelas que substituindo as retrosarias vendem lenços com versos de amor; queira-se ou não, essas ideias que se formam no coração na forma de dúvida, supuração fétida que não deveriam preencher a vida de alguém. Na firme convicção de que tudo se pode e tudo se espera na persistência, espero sentado e sem convicção na mudança da ambição dum mundo melhor, usando bem a dádiva de fecundidade desse vil metal, o dinheiro. Resta-nos a fé; esta não podemos dispensar ou perder.

O Soba T´Chingange



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Quarta-feira, 27 de Novembro de 2013
KISANJI . IV

MAIANGA -  Tempos do Mandrake.

Por

soba.jpg  T´Chingange  

Marianita e Pombinha

Com um jeito de riso mole, Pombinha, com sua preguiçosa lealdade, pedia a Marianita algo que despertou em mim uma total curiosidade. Quero que você me dê um feitiço para prender meu homem! Disse ela. Com um saco de sisal cheio de capim seco fazendo de travesseiro eu, esperava a quitandeira que sabia ir passar por ali a vender maças-da-índia enquanto lia achaparrado nos refolhos dos loandos, mesmo ao lado da venda do Senhor Cruz as comiquitas de Mandrake e seu auxiliar gigante, o negro Lohtar. Ali estava eu, dissimulado e despercebido ouvindo com curiosidade as falas das duas amigas. Aquelas mulatas sacudidas em assanhamento, fumegavam um cheiro de suas roupas, prazer de fogo fervente refogados de carne fresca. Pelas frestas das aduelas podia ver seus torneados pés morenos enfiados em chinelos coloridos que quase iguais, só diferiam nas flores; uma era nitidamente uma hortense e a outra quase jurava ser uma flor-de-lis.

 Espevitado na curiosidade, espreitando mais acima nas frestas das aduelas de barril do vinho do puto, pude ver melhor o perfil de Pombinha. Tinha um farto cabelo, tipo juba de leoa, crespo com um molho de manjericão seguro de lado por um gancho a imitar uma joaninha; aquilo deu-me uma sensação e odor sensual de trevos verdes e caxinde com outras plantas aromáticas. Pela conversa entendi que Marianita não queria cativeiro prolongado com homem nenhum porque a dada altura protestou! Casar, eu? Para quê? Um marido é pior que o diabo! Pensa logo em escravizar a gente!

 Deu para entender que cafusa Marianita no delírio de enriquecer, adornou-se de todo à labutação de amigar com homem; homem que dispusesse de algum pecúlio ou patrimónios de baús de couros trabalhados com tachas de ouro ou até prata. Pombinha, babada de amores anotou como fazer um chá de pulgas saltitantes à mistura com brututo e urtigas apanhadas na kúkia do sol nascente num dia de intenso cacimbo e, após uma noite com lua de quarto crescente. Comprometido pelos ouvidos, eu, que por ali estava lendo um livro de bolso de cowboyadas no remanso da solidão, como sombra, esgueirei-me quase rastejando para o capinzal dos fundos da venda.


Por algum tempo, ali me mantive dissimulado em um tufo de bananeiras e, foi quando um meu vizinho de nome Alex, o travesti do choupal, amaneirando-se, dirigiu um bom dia àquelas damas e, lá foi botando cheiro de madressilvas na direcção da paragem do maximbombo número três e, na rua da Maianga. As duas, pelo adiantado da hora, ficaram comentando o tardio cumprimento, do porte de bichinha, louro e esbelto homem. Um desperdício! Remata a assanhada Marianita. Era normal encontrar-me ali com Rente, filho do senhor Cruz, Braga, Chiquito e o Almeida, mulato do cortiço das Vacas bem perto da oficina de tornos do Paulino Branco, um futura meu cunhado. Era ali que desfolhávamos ávidamente os livros de quadradinhos do homem de borracha, do Fantasma e do Tarzam mas, nem eles nem a quitandeira das maças-da-índia surgiram naquela biblioteca de aduelas, ao ar-livre do Rente Cruz.


Ficheiro:The Phantom, Australian Woman's Mirror 2.jpg Mandrake é um dos mais famosos e populares heróis das Histórias em Quadrinhos mundiais, em particular, dos “comics” americanos das décadas de 30 e 40 do século XX. O argumento das histórias é escrito por Lee Falk e os desenhos são da autoria de Phil Davis. Mandrake é o ilusionista que se vale de uma técnica de hipnose instantânea, aplicada com os olhos e gestos das mãos e de poderes telepáticos. Mandrake mora em Xanadú, propriedade fantástica no alto de uma colina. Sua noiva, a princesa Narda, da Índia, e seu companheiro inseparável Lothar, um príncipe africano que abandonou sua tribo para acompanhar o mágico, são os personagens mais constantes nas histórias.

 

Kissanji: -  Instrumento musical - tábua de forma rectangular, onde se fixam umas palhetas de metal que accionadas transmitem sons (Angola); Fiote: - carreiro de pé posto na mata do Mayombe, indígena Cabinda (semântica pejorativa)

 

O Soba T´Chingange



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Terça-feira, 26 de Novembro de 2013
N´GUZU . XVI

OSGAS FALANTES - Murmúrios ungidos em falsas orações

 As escolhas do Kimbolagoa

 Cheguei aqui por acaso em um dia caloroso. Com uma vontade presa ao peito por um enorme pregador feito de prata de antigas moedas coloniais de dez angolares; Na vontade de fugir de onde vinha para afogar relâmpagos de sofrimento, ambiente de angústia e injustiças calcinadas, meti-me no mato com roedores chamados de cossacos e ratos preás ou gambás. Afadigado do coração com tonturas pavorosas de labiríntite, aborreci as indefinidas pequenas coisas e, sem saber para onde ir escondi-me do lado detrás de massajados murmúrios ungidos em falsas orações; gemidos de osgas falantes, salvaram-me.

 Um dia estirado em meu isolamento e em tronco nuo, uma destas osgas caiu gelada em meu peito e, este foi o sinal para seguir outro destino; aquele risco frio em peito quente, eriçou-me os pelos da nuca como uma indomável vontade de seguir a rota das amplas anharas, largos capinzais, vastidões de acácias com kúkia do sol nascente. Kúkia com cassoneiras roçando-me as traseiras dessa aborrecida pressa para evitar maus-olhados, o xicululu feito olho-azul envolto nas rotas escuras de meus corredores.

 Perseguido pelo mau hálito de gengibre picante, espero o tempo passar giboiando em rede o vento fresco enquanto espero o chá “roybós” que fervilha a mistura aveludada de hortelã do mato conhecida por doutor; talvez porque cura todas as maleitas, frieiras e coceira de ansiedade. Com tudo isto interrogo-me amiudadamente. São Romão Nonato patrono das parturientes, o único santo que não nasceu por via normal; interrogo-o acerca do meu nascimento e, se não estou agora ensopado de anormalidades principalmente por murmurar baixinho palavras ininteligíveis. Simplesmente, espero!

São Romão, que viveu no século 5, foi o primeiro eremita que existiu na França. Tendo aprendido os princípios da vida religiosa, retirou-se para a solidão, num lugar chamado Condat, entre a Suíça e Borgonha. Sofreu perseguições do demónio, que procurou assustá-lo de mil modos. Bastante incomodado com as artimanhas do inimigo, retirou-se daquele lugar, em demanda de um outro. Surpreendido pela noite, hospedou-se na choupana de uma pobre mulher. Esta, sabendo do motivo da fuga, disse-lhes: “Fizeste mal em teres abandonado a tua casa. Se tivesses lutado com mais coragem e pedido sossego a Deus, terías vencido as insídias do demónio”. Envergonhado com esta advertência, voltou ao lugar de onde tinha saído e de fato, nunca mais o demónio o  perturbou

Glossário: N´guzo: - Poder; força, destreza (quimbundo); Deus da guerra em Bantu; Kúkia – Sol nascente

O Soba T´Chingange



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Segunda-feira, 25 de Novembro de 2013
MUJIMBO . LIV

ANGOLA O abc DO PODER ANGOLANO”

  ISOMAR GOMES                                  

KAMULINGUE & KASSULE vs democracia adiada

A ser verdade, a notícia publicada de que uma das instituições policial do regime é responsável pelo desaparecimento físico dos dois activistas acima mencionados, augura uma infindável serie de perguntas, sobre vários acontecimentos que nublam a ténue "democracia" angolana, tais como; a existência de um esquadrão da morte, o massacre permanente dos indefesos manifestantes, prisões arbitrárias ao arrepio da lei, demolições ilegais etc, etc. “Ouvimos” que a instituição policial em causa é afinal aquela a que “todos nós” já suspeitávamos. Segurança do Estado, que ‘teima’ trabalhar nos moldes da Gestapo-Kgb. Como os dois jovens que em nenhum momento perigaram a segurança do estado e, foram sumariamente mortos, sem apelo nem agravo? Como é que ‘indivíduos’ que serviram uma das unidades militares de elite do país, por sinal a mais importante, são barbaramente assassinados só por reclamarem a sua pensão militar? SINSE OU DNIC?

 
Quer uma quer outra, não são o símbolo do respeito dos direitos humanos, uma é a ‘cara’ e a outra o ‘reverso”. Na minha opinião Kamulingue e Kassule, foram executados por uma operação conjunta destas duas instituições e mais uma… Sebastião Martins, como “comandante do SINSE”, arca com as culpas e o ‘comandante’ da DNIC na altura, que os activistas foram eliminados? Está visto, uma enorme e poderosa força actuando impunemente nos bastidores do poder, alias, esta força é o verdadeiro poder, este Poder ou força está de certeza por detrás do assassinato do jovem e na altura promissor engenheiro, no edifício sede do poder económico-financeiro do regime: Sonangol. Esta tenebrosa força conseguiu ‘calar’ e pôr de sentido (entenda-se; ‘de joelhos’) todas as autoridades policiais e política do país… até hoje, a morte do jovem engenheiro, mantêm-se um mistério. Assim como ainda é mistério, os vários actos barbaramente ilegais cometidos em nome de uma pretensa segurança nacional ou coisa que se pareça. Quem estimula e acoberta tais actos ilegais? 

  Quem estimula o ódio irracional e animal (com cores partidárias)? Mais importante ainda é saber em nome de quem, são tais actos cometidos? Aí claro, encontraremos o verdadeiro mandante destes actos da ‘idade da pedra’. Tal mandante, pressionado pela opinião pública nacional e internacional, mesmo passados dois anos, mantiveram a mesma pressão, tal mandante viu-se na necessidade de pôr fim ao triste episódio, “efectuando uma fuga para a frente”. Quem melhor do que ‘aquele’ que está a ‘fazer’ a curva descendente ou melhor a antiga estrela candente? Aquele que ousou desafiar, pôr em causa o ‘rosto’ visível do verdadeiro poder, este, tal como o fez no “caso Miala” está a saborear como “bom chinês” resfolegado o prato da vingança.

 O regime vai ‘aproveitar’ este abanão para refrescar-se tanto interna como externamente, vai fazer passar a imagem que a JUSTIÇA em Angola é um facto, que “tarda mas não demora!” Mas… como ficam as ‘bocas’ expedidas por alguns signatários do regime de que em Angola, não há violação dos direitos humanos? E de outras que afirmavam peremptoriamente que Kamulingue e Kassule estão algures na “bombomlândia” a ‘morder’ muita cuca e churrasco, afirmando que os reclamantes estavam a fazer uma tempestade num copo-d’água? Justiça, só será possível, se as instituições do poder estiverem comprometidas com a democracia e o inequívoco e permanente respeito pelo homem. Porém exige-se JUSTIÇA! A detenção da direcção provincial de Luanda do SINSE, não basta!..

 As escolhas do

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:00
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Domingo, 24 de Novembro de 2013
MONANGAMBA . IV

PRECEITOS DIVINOSCataplasmas de linhaça

Por

 T´Chingange

Para fugir mais às demonstrações de afecto do que por fraqueza de carácter, rezo por mim com o pretexto simples de me sentir ainda mais vulnerável. Minha mãe Arminda, que não era dada a manifestações de carinho, decerto teria os seus sentimentos porque por rudeza, escondia o afecto em botijas de água quente que amiudadamente punha a meus pés, no inverno de minha infância. Hoje, já velho, recordo que o que Deus uniu não pode ser desfeito mesmo que por vezes, nós violemos os preceitos divinos.

 Nas nossas relações, usava um tom de descarada ternura de fazer mossa à ironia ou mesmo trocista, quando a queria fazer ceder; quando doente fingia mais fragilidade do que realmente sentia para prolongar o idílio e, ela, chamando-me de lambão aplicava-me cataplasmas de linhaça para a tosse e fazia-me suar a febre esfregando-me com óleo de eucalipto embrulhando em cobertores e mantas de retalho feitas nos teares de Prime e Feijilde; também me fazia engolir colheradas de óleo de fígado de bacalhau para não ficar franzino e amarelo.

 Com ternura relembro hoje, essa incondicional ligação à vida agindo como um bálsamo aos muitos medos que o tempo da frente vai curtindo aos antigos com a força telúrica de sucumbir na inexorável fatalidade. À distância, os segredos já não me pesam como pedras de moinho às costas e, àquela senhora minha mãe, agradeço ter colado em mim, os respeitos e afectos que escondidos desde meu início, não deixaram que me tornasse num vulgar cão rafeiro. Só é pena que a casa destes segredos, tenha os postigos a pender dos gonzos, paredes desbotadas e a horta abandonada sem ninguém próximo e aproximado para roçar o silvado que faz daquele sítio um inverno triste.

Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo - (por vezes pejorativo).

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:16
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Sábado, 23 de Novembro de 2013
CAFUFUTILA . XLVII

MARÉ SECACáfila de salteadores.

Por

 T´Chingange

Por não me ser possível empolgar o mundo, devoro-me noite e dia numa implacável amargura. Repudiando corretores que de malogro em malogro nos capam de tudo com suas garras de aves de rapina, desabafo vituperando ideias de outras épocas e outros ideais. Triste de vencido em um desespero, impotente contra tudo ou contra todos, resigno-me a ficar despercebido na solidão. Claro que por vezes vomito frases terríveis p´ra direita e para a esquerda dum governo, vociferando até imprecações para folgar a válvula, desabafando ódios clausurados. Estas contra vontades corroem-me a pele sadia. Estropiado de marchar dias a fio nesta guerra insana berro apopléctico: Cáfila de salteadores!

 Escrevo de conveniências esmigalhadas nos escrúpulos sociais, empertigando-me em causas de disfarçadas invejas e desdenhosos ares de superioridade, daqueles de infinito desdém de dar asco. Não resplandeço de contente nestas parcimónias mas, na minha encanecida experiência do mundo, adapto-me nunca transmitindo a nenhum linguarudo o que cada qual diz contra o outro. É provável que se note em meus lábios incrédulos sorrisos de mofa porque a vaidade, não me preenche na vida e, até nem permito que se apegue a mim. Além do mais, nem a idade me permite ter melhor esperança de vida futura.

 Imaginava-me talhado para grandes conquistas e, nada mais fui do que uma ridícula vitima. Sim! Ao fim e ao cabo qual foi meu destino em África? Hipotecaram-me ao diabo sem nunca ter visto os muitos mil reis de mel coado, muitos milhões de vergonha e desgostos com se fosse um enjeitado, obsedando-me o espírito e alma em um feio ressentido despeito. Ouvi a contragosto grosserias e rumores como se roendo nos chifres dos demais, lhes fizesse fortuna.  Grudaram-me a alma a uma terra que me olvidou envolto em febres de inveja, daquelas de estorricar os miolos. Um estupor de terra que me consumiu o casco!

Cafufutila, kafufutila, kifufutila: Farinha de mandioca (bombô) com açúcar; falando de boca cheia lança falrripos ao interlocutor.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:03
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Sexta-feira, 22 de Novembro de 2013
A CHUVA E O BOM TEMPO . XXXVIII

 RETRATO COLORIDONavegar na memória

Por

  T´Chingange

Para controlar a vontade de uivar descubro os pontos mais sensíveis do meu orgulho afligido por coisas alheias e, que me torcem o discernimento afligidos por males de misteriosos desmandos. Não me é bastante andar agora direito sem fazer barulho de velho, para manter a decrepitude à distância. Com a gordura a pesar-me, ginástico ossos na água do mar evitando misérias adivinhadas por pequenos sinais, mantidos no segredo dos médicos. Eles, os médicos, encharcam-nos de antibióticos, coisas extraídas de peixinhos biónicos e extractos de fungos de fazer dormir de cócoras e ter sonhos de pisar nenúfares com cenas alucinantes a mijar gotas transgénicas.

 A minha alma expandiu-se sem se preocupar sobre quem eu era mas, por muitas vezes me interrogo do porquê, de onde vim e porque vim, não conseguindo dissipar essa atmosfera corrosiva que transformam o estado de alma de vencedor em vencido. Passivamente, lido com isto aceitando a custo a alteração do meu corpo usando largas roupas de popelina e algodão com linho de cor mostarda; deixando a vida correr num desleixe de pé-de-chinelo e chapéu de abas largas de cor clara, procuro não provocar escândalos de dar chilique aos amigos mais próximos.

 Para sair no dia a dia com a dignidade intacta ocupo-me com coisas banais, apanhar ar e escrever coisas intrincadas no limiar de periclitantes ânsias, sem me preocupar a fundo em interpretar as reacções de quem lê, colocando até, nas armações rebites de bronze polido e cores de sangue de touro. Touro morto na arena com bandarilhas coloridas de toureiro. Por via de tudo isto, acomodo-me à posição de fleumático e excêntrico escritor de intrincadas ninharias, sem avolumar conteúdos. Já estou nessa idade de atirar pela borda fora os encravados sentimentos, conservando somente aqueles que nos permitem viver.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:13
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Quinta-feira, 21 de Novembro de 2013
MALAMBAS . IX

LUFADAS DE SUSPIROS ... Cidadão do Mundo.
MALAMBA: É a palavra.

Por

 T´Chingange

Entretido em jogos de imaginação, para onde quer que vá, tenho de cohabitar com bandoleiros em ambos os lados de minhas fronteiras; de gente bem, movendo-se intranquila pelo ar que, dissimulando o quotidiano se fecham em fortalezas de segurança máxima rodeados de lacaios. Evitando sentimentos de culpa, cobrem os olhos com reluzentes e escuros espelhos de tapar lágrimas ao desconsolo. Quando deparo com essa gente feita instituição de refúgios misteriosos fico-me lembrando da visão que minha avó Topeta tinha quando ainda milagrava agruras; tornava-os, não sei bem porquê em diabos com chifres retorcidos e pata de cabra de fosforescente verde escandaloso.:

 Com a maré rasa, dissertando com as borbulhas da mente, observo dois pescadores que correm ao longo do recife de castanho-escuro, lançando suas redes no momento ideal de passagem de cardumes que roçam as rochas em águas mais fundas. Os homens da pesca, como águias, observam a água límpida transparecendo o bombordo do recife e, correm ao longo deste como se fossem passadiços de um barco grande.

 De pés ao sol, engomando as unhas limpas no soro marinho, recordo os idealismos com suas frieiras descritas em forma de poesia, uma filosófica forma de saciar conhecimentos e, intransigências buriladas com alheias debilidades. Seres supostamente inteligentes que proclamam seus talentos em ave-marias de sete graças ou agnósticas opiniões como a de afirmar que Maria Madalena não era nenhuma prostituta e sim, a digna esposa de Jesus, o Cristo redentor. Nesse tempo antigo e rançoso, não havia socialismo nem sufrágio feminino e, a mulher só servia mesmo para procriar; hoje é manuseada doutro jeito, por diversão, serve de capacho a velhos ricos ou traficadas para países que jorram petróleo pelo tubo ladrão.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:04
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Quarta-feira, 20 de Novembro de 2013
KIANDA . XLIV

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

 soba.jpg T´Chingange

Januário Pieter, a kianda itinerante, surgiu-me de supetão estando eu refastelado em minha cadeira de praia e á sombra de um chapéu de riscas brancas e pretas debotadas entre manchas de ferrugem. Logo, logo, ficou difuso, meio gelatinoso, tapando-me a firmeza do sol e, foi quando se definiu em firmes contornos que reparei na outra figura a seu lado, uma outra kalunga já gasta pelo tempo. Pieter levantou a mão seguindo-se-lhe um olá profundo de cavernoso e, apontando seu vizinho carcomido nos contornos holográficos de cor violeta, falou: -T´Chingange, apresento-te este mais-velho de nome Ngoli Bbondi o régulo de Matamba, irmão de N´Zinga, matumbola desde o ano de 1618 que vem visitar o lugar da serra da Barriga, sossego de um seu sobrinho Ganazumba.

   Ngoli Bbondi irmão de Aqualtune vinha como um romeiro prestar vénias a Ganazumba e, dar-lhe o reconhecimento devido como um verdadeiro diplomata na senda de protecção ao povo saído de N´Gola. Ganazumba foi decapitado por seu sobrinho Zumbi que se tornou o rei do Morro dos Macacos. Ngoli andou estes milénios todos roendo angústias por não poder tomar sentido nesse desencontro de gente escrava saída do seu povo por ter sido derrotado na lonjura do tempo pelas forças comandadas por Luís Mendes de Vasconcelos.

 Tenho de explicar que Ngoli veio lá de trás, do tempo em que as pessoas eram vendidas como coisas trocadas por n´zimbos e caurins para e, como escravos trabalharem para seus senhores, donos de engenhos de açúcar ou cacau.  Ngoli, apresentava-se um pobre-diabo carcomido na desilusão, pendurado em peles e, cheio de hemorróides. Via-se totalmente desprovido de recursos e vegetava longevidade gravitada à sombra de Januário Pieter, meu velho amigo de há mais de trezentos anos. Devorado na implacável amargura perguntou-me se sabia do acontecido a Ganazumba. Antes mesmo de eu começar a falar, Ngoli explicou-se de que este dia vinte de Novembro era o escolhido por romeiros do além e de África visitarem os espíritos de seus antepassados.

   Espíritos irrequietos por terem sido trocados por seus próprios sobas, por quinquilharias e missangas a negreiros. Já todos sentados com as unhas a amolecer no verde-mar da minha praia, abreviaram a pressa e, como chegaram assim se foram enfunados no vento de bolina, o mesmo que moveu as caravelas dos negreiros. Sem rasto, nem fumo poluente, seguiram o rumo dos antepassados lá para o Morro dos Macacos. Eu, fui somente um interposto informativo, cumprindo regras de soberania, pró-formes modernos.

Kianda (Quimbundo de N´gola): Espírito, sereia, kalunga de contos africanos, miragem das águas, visão das lagoas 

Januário Pieter*: Um personagem amigo, um sábio que me assiste e complementa conhecimentos...Um fantasma feito guia Kalunga; o homem que nasce da morte metaforizada com mais de 300 anos. Tem no seu ADN a picardia cutucada até a exaustão, Cruz credo!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:35
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Terça-feira, 19 de Novembro de 2013
PUTO . XLI

CLIMA DE TRISTEZA – PODEREI ATE SER PRESO

 As escolhas do Kimbolagoa

 

 SABIA QUE ASSUNÇÃO ESTEVES RECEBEU ATÉ 2012, MAIS DE UM MILHÃO DE EUROS, DA SEGURANÇA SOCIAL... MAS EM 10 ANOS DE SERVIÇO SÓ DESCONTOU 290 MIL EUROS, PARA A SS. E TEM ESTADO A SALVO DOS CORTES! DEPOIS DIZEM QUE NÃO HÁ SUBSÍDIOS DE DESEMPREGO NEM DINHEIRO PARA REFORMAS!

Este artigo de Clara Ferreira Alves, deixa a nu, a forma como se governam os nossos membros do governo, legislam para que possam usufruir de regalias injustas, insustentáveis, inadmissíveis, vergonhosas, abusivas, sem o mínimo respeito pelo povo português. Tudo para manterem uma vida de luxo, parasitária, desde bem cedo e até ao fim dos seus dias. Contrastando com os restantes portugueses, paga reformas a quem por vezes nem chega a descontar mais que um ou 2 anos. Mais uma vez Cavaco Silva, na origem de tudo isto... foi no governo dele, 1980, que se deu inicio a esta ideia brilhante de saque descarado e lesivo do bem comum, mas desde então, nenhum governo a travou ou alterou, todos gostam dos luxos que lhe proporciona.

 

REFORMADOS DA CAIXA

"A JORNALISTA Cristina Ferreira publicou um interessante artigo no "Público" sobre as reformas de três actuais presiden­tes de bancos rivais da Caixa Geral de Depósitos. O fundo de pensões da Caixa, cito, "paga, total ou parcialmente, refor­mas a António Vieira Monteiro, do Santander Totta, Tomás Correia, do Montepio Geral, e Mira Amaral, do BIC Portugal." Três ativíssimos reformados. Vale a pena perceber como aqui chegá­mos.

Durante décadas, os fundos de pensões dos seguros e da banca privada foram constituídos pela capitalização das Contribuições das próprias empresas, entidade patronal, e dos seus funcioná­rios,  não onerando o Estado. O Estado não era responsável pelas pensões nem pela capitalização desses fundos. Desde os anos 60 era este o sistema, tendo o primeiro contrato colectivo de trabalho sido livremente negociado, rompendo com o sistema corporativo, entre o Grémio dos Bancos e o Sindicato dos Bancários em 1971 no marcelismo.

 

Em 1980, durante o primeiro governo da AD,  com Cavaco Silva, as pensões de reforma passam a ser atribuídas a beneficiários no fim do exercício de certas funções independentemente de estarem ou não em idade da reforma. Uma pes­soa podia exercer o cargo de administra­dor do Banco de Portugal ou da CGD durante um ou meio mandato, e tinha direito à reforma por inteiro a partir do momento em que saía da instituição. Não recebia na proporção do tempo que lá tinha estado ou da idade contributiva. Recebia por inteiro. E logo. Na banca pública, podia acontecer o que aconteceu com Mira Amaral,  que, segundo Cristina Ferreira, depois de ter gerido a CGD, "deixou o banco com estrondo". "Na sequência disso, Mira Amaral reformou-se." Ao fim de dois anos. Segundo ele, quando se reformou teve direito a "uma pensão de 38 anos de serviço, no regime unificado, Caixa Geral de Depósitos e Segurança Social. Depois de ter descontado desde os 22 anos para a Caixa Geral de Aposenta­ções". O que é certo é que Mira Amaral recebe uma parte da sua reforma do fundo de pensões da CGD,  que está em "austeridade", acumula prejuízos e recorreu a fundos públicos para se capitalizar.


 
Mira Amaral trabalha como presidente-executivo do BIC, dos angola­nos,  em concorrência com o banco do Estado. Não é o único. Jorge Tomé, presidente do Banif, banco que acumula prejuízos, que não conseguiu vender as obrigações que colocou no mercado e que recorreu a fundos públicos, estando 99% nacionalizado,  foi do Conselho de Administração da Caixa. Pediu a demis­são da Caixa quando foi para o Banif, mas teve direito a "pedir reforma por doença grave", segundo ele mesmo. A "doença grave" não o impediu de trabalhar no Banif e, no texto de Cristina Ferreira, não esclarece qual o vínculo que mantém com a Caixa. A CGD paga a cerca de uma vintena de ex-administradores cerca de dois milhões brutos por ano. Dois destes ex-administradores, António Vieira Monteiro do Santander Totta e Tomás Correia, do Montepio Geral, junto com Mira Amaral, recebem reformas (totais ou parciais) do fundo de pensões da CGD,  trabalhando, repito, em bancos da concorrência.


As reformas mensais destes três ex-gestores, que não são ilegais, porque a lei autoriza o traba­lho depois da reforma e descontaram para o sistema de previdência social, andavam entre os 16.400 e os 13.000 euros brutos. Depois dos cortes situam-se à volta dos 10.000 euros brutos. À parte esta perversão, legal,  o Estado resolveu, para abater a dívida pública, comprar os fundos de pensões da banca, das seguradores e de empresas privadas como a PT, comprometendo-se a pagar no futuro as pensões aos seus trabalhadores. Resta demonstrar se o capital desses fundos de pensões será suficiente para os compromissos das pensões presentes e futuras ou se o Estado se limitou, para equilibrar as contas naquele momento, a comprometer todo o sistema público de Segurança Social e aposentações. Porque os fundos eram, são, vão ser, insuficien­tes.


A partir de agora, as pensões da banca privada passaram, simplesmen­te, a ser responsabilidade pública. Tolerando-se, como se vê pelos exem­plos, a acumulação de pensões de reforma públicas com funções executi­vas privadas e concorrentes.
O advoga­do Pedro Rebelo de Sousa, presidente do Instituto Português de Corporate Governance, IPCG, não vê nisto nenhum problema, nem sequer na legitimidade de o Estado pagar reformas (incluindo, supõe-se, por invalidez ou ao cabo de dois anos de mandato) a ex-gestores da CGD que agora presidem a grupos rivais.  Diz ele que "a reforma é um direito adquirido".


E eu que pensava que a reforma dos pequenos reformados, dada a troika e a austeridade, era um falso direito adquiri­do, como os ideólogos e teólogos deste governo e da sua propaganda não se cansaram de nos fazer lembrar."

 Clara Ferreira Alves, em "REVISTA" 10 Ago, 2013

 

Questiona-se a forma como foi negociado este compromisso. Se nos guiarmos pelos exemplos do passado, será fácil de perceber que o negócio vai sair caro aos portugueses e beneficiar os que venderam os seus fundos de pensões, ao triste estado que nunca tem quem o represente com lealdade. Talvez daqui a uns 10 ou 12 anos, tal como as PPP e outras trafulhices, esta também venha a público.

Nota: Mira Amaral, que foi ministro nos três governos liderados por Cavaco Silva e é o mais famoso pensionista de Portugal devido à reforma de 18.156 euros por mês que recebe desde 2004, aos 56 anos, apenas por 18 meses, de descontos como administrador da CGD. 

 Opção de escolha do

Soba T´Chingange

 

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:43
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Segunda-feira, 18 de Novembro de 2013
KISANJI . III

NOSSA SRA DA APARECIDA -  Mistérios de vida.

Por

soba.jpg   T´Chingange

Com um sentimento antigo que não conhecia por completo em um limbo de lembranças sem vínculo a desejos, revi os olhos escuros e pequenos de meu avô, dois pontinhos num mapa de rugas com expressão de paz, antes de se defuntar naquele enxergão feito com palha de milho. Tendo regressado tísico do Brasil com seus mistérios de vida, corroído da saudade ou quem sabe, abandonado como um cachorro sarnoso, abrigou-se já velho na casa de sua abandonada amada, minha avó Topeta.  A sua imagem surge-me amarelecida em um terno de linho amarrotado, chapéu de feltro escuro e um bigode retorcido saído dos limites de seu rosto enfezado; tenho esta imagem enterrada nas camadas mais profundas de minha memória.

A história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, D.Pedro de Almeida e Portugal , Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto - MG.

O tempo devorou-o em minha existência com a nítida lembrança de que me legou duas tias de nome Loureiro e que na imensidão das heranças se perderam em definitivo algures num lugar do Brasil, rezado por Nossa Senhora da Aparecida. Os meus sentimentos foram ficando atolados entre esqueletos quebradiços recobertos de secas peles. Nunca tive oportunidade de lhe pedir perdão pelas birras de minha infância e da lagartixa seca que lhe cuspi à frente num falso ataque de tosse e, só porque ouvia falar cobras e lagartos acerca de seu periclitante estado de saúde de pulmonares origens.

 As agruras dos pós guerra eram tantas entre gente adulta que não permitiram que meu avô fosse tratado num sanatório como o do Caramulo e, por influência dos ventos gaseados vindos da Alemanha com ataque de pneumonias não permitiram cheganços próximos com esse meu avô nem, para lhe fazer patifarias. Essas minhas tias brasileiras de nome Loureiro nunca chegaram a saber deste fim de estória embora meu avô tivesse sido encaminhado por rogo à Nossa Senhora da Aparecida. Vi em anos recentes um quadro antigo na aldeia de Barbeita e em casa de meu primo Fernando, mostrando três pescadores a recolher sua imagem na lagoa. Ninguém me explicou qual o mistério desse quadro ter ali permanecido e, com dignidade ficar pendurado no corredor principal de sua modesta casa. São mesmo legados da Globália.

Kissanji: -  Instrumento musical - tábua de forma rectangular, onde se fixam umas palhetas de metal que accionadas transmitem sons (Angola);

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:03
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Domingo, 17 de Novembro de 2013
KWANGIADES . XI

MEUS BUZIOS FALARAM Versos avulso prensados em texto

Por

Jose SantosJosé Santos - Impregnado de paludismo duma especial estirpe kaluanda, Zeca colecciona n´zimbos das areias dum rio chamado Rio Seco.

 Aiué! Temos que todos fazer o nosso LIVRO, porque as nossas estórias são verdadeiras… Não são ficção feitas com tinta de trepadeiras, que aparecem nas prateleiras com folhas de zimbro… É fumaça dos (cigarros) negritas desse tempo das rebitas de quintal, das garinas cheirando a goiaba, que a malta muito sonhava namorar na esquindiva, no beijinho uuaba!Muxima ami! Já não tem n´guzu bué, para suster tanto choro kiavuluvulu jhienda, lelu faz esteiras de capim retirado do Rio Seco sekulu, ali bem perto da Chilena, da Cacimba…, terras da Mayanga onde todos berridamos sem ais…, mastigamos paracuca cheios de banga pifada ou comprada com makutas na mercearia do kota Morais,  tão cheirosa de fuba, Cucas…

 

 Estou voando no antigamente na capanga do cazumbi. Pareço um tenrinho mbambi…, Temendo o destino, o golpe da catana, dado friamente, depois…, jamais pulará na anhara. Nisto, ele solta-me no Koiilo… Desço na berrida como ngonga mirando no chão a sua presa, um esquilo. Caio de mataco no terraço do prédio mais alto do LARGO DA MAIANGA, ali deixado, inacabado, sem banga… Daqui olho para o teu lugar de antigamente tão florido e cheio de vida – jingânda… Lugar de todos os encontros, kubeza, kuuaba gente.
 
Foto: SINALEIRODO LARGO DA MAIANGAEstou voando no antigamentena capanga do Cazumbi.Pareço um tenrinho mbambi…,Temendo o destino, o golpe da catana, dado friamente,depois…, jamais pulará na anhara.Nisto, Ele solta-me no Koiilo…Desço na berrida como Ngongamirando no chão a sua presa, um esquiloCaio de mataco no terraço do prédio mais altodo  LARGO DA MAIANGA, ali deixado, inacabado, sem banga…Daqui olho para o teu lugar de antigamentetão florido e cheio de vida – jingânda…Lugar de todos os encontros, kubeza, kuuaba gente.Recordo o teu corpo africano brilhar,naquela roupa branca que parecias um anjo…A tua xipala uuabuama impenetrável no dever,Naquele merengue riscado no pequeno círculo - Peanha com as tuas luvas brancas sempre com rikânda-ria-ngómbe Kiavuluvulu que tinha o feitiço bué kuhúnda.  Ah! SINALEIRO! Como gostava do tempo da quifufutila,do antigamente daquele transito onde tu fazias arte com sinais…Muitos paravam aboamados com kitonda, outros tupiando ais, ais…Invejavam a tua arte, que era sinfonia feita de dicanza,porque tu foste no meio de todos eras o verdadeiro maestro…Foste como uma bué calema gingando na Barra do Kuanza…De todos os Sinaleiros da cidade de São Paulo de Loanda,que Nzambi criou, o mais belo foi o teu no Largo da Maianga,porque era lugar sagrado do POÇO DA MAYANGA DO REI.Tambula conta! Mutu usela o kidi kié! No antigamente, no tempo colonial a tua arte, era feita pelas tuas mãos “brancas”que desenhavam cuidados, obediência em todas a direcções…Ah! Como eras competente para julgar, castigar camondongos, calcinhas, fangios…, os que não respeitavam a via conduzindo o Gordini, 2CV, TT, Giulia, Saab 96, kapitan, Datsun 3A, Fiat 600, Capri,SL, Spider, a Honda 3,5, Suzuki, Saches V5, Zundapp, Floretti…Todos na banga do zum, zum, zum, vindos dos quatro lados,mas logo ouviam o pripriii, pripriii que os obrigava a parar….Muitos obedeciam, paravam e tu também paravas para actuardeixando tudo e todos na kanuvanza de buzinadelas.Muitos eram insubordinados no malembe, pouco acatavam,mas tu sabias interpretar, exercer as tuas competências…Muitos ficavam perfilhados, outros vociferando má-criadice.Do alto deste terraço inacabado desta gigantesca kutata sinto que estamos há muito separados! A minha memória iluminaesse Largo antigo da Maianga, com malamba mami…,Haka! Mas, eu vejo te à minha frente, kiri muene!Como eras tão autóctone, africano e realNaquela farda branca com o teu chapéu inconfundível,com as tuas botas ligadas ás polainas brancas.Oh! Tu com os teus calções largos e brancos como o OMO,que funcionavam como Baleizão, como ar condicionadonaqueles dias de tórrido calor tropical, como gema de ovo.Mas tu não arredavas o teu pé sempre firme no dever,que cumprias e fazias com extremo rigor tão enfeitiçado,enquanto o teu corpo fritava na frigideira com dendê… No tempo da chuva parecias um anjo encolhidonas suas asas brancas no kintombo bué kilupuno meio da peanha do LARGO DA MAIANGA.No tempo do cacimbo, do bué quihumboparecias um soldadinho de chumbono seu posto, não tremendo, antes orientando…. Nas horas de ponta – na paragem para o almoçotu eras balsamo porque temperavas as pressas…, as berridas que fazia desde os Restauradores até à Travessa.Por vezes o nosso Maximbas - 3, o Barriga de Jingubapartia da Mutamba muito cheio, derreando, bufando fuba…Eu na passada, ou na berrida, chegava primeiro…Às vezes na Serpa Pinto, na D António Barroso…, batia o pato. Corajosamente botava o pé no estreito estribo,porque angolares, bilhete malé, dinovo saltava…em perigo…Kamba SINALEIRO anda comigo até à Bracarense.Anda comigo no Ká fua diá mene-mene e sem stress,porque quero kuzuela os mambo do muenhu, mutu etu.Oh! Quero te falar, jihenda kiavuluvulu ami e que recebi mutaku da uuabuama Vata da Maianga, que dizia assim:” Zeca! Tuoloietu!Pega na vida do patrício Sinaleiro do Largo da Maianga.”“Faz Dixisa com as tuas falas, faz desenhos desse angolano, desse patrício Sinaleiro que foi tão útil, está esquecidonas barrocas do tempo, porque quero homenagear na Vata,“Quero pendurar a tua Dixisa no loando na minha kubata,para que todo mundo saiba que existiu este búe angolano,num tempo colonial cujas mãos brancas protegiam, faziam milagres…”Como topas, com este agrado da Vata, k kamba Sinaleiro, o meu muxima beijou Nzambi e virou selha cheia com masóxi.Assim, fiquei na minha kubata quietinho, feliz como sagui no kixaxi. Ai ué, Mam’ééé! Bué saltei, bué Kouelenu…Logo, logo corri até ao fogareiro da D Maria para encomendar calulu,para todos os k kamba maianguistas…, “ixietu”.……GLOSSÁRIOAnhara - planícieCalema – ondas agitadas do marCapanga – agarrado pelo pescoçoCazumbi, alma, espiritosDendê – dendém – fruto da palmeiraEtu – nosso (prom poss)Haka! - credo!Ká fua diá mene-mene – café da manhãKanuvuanza - confusãoKuuaba – pessoa bela….Kuiavuluvulu muito, muito…Kilupu - ventaniaKitonda - aplausosKitombo – Abril (grandes chuvas)Kiri muene! mesmo verdade!Kixaxi - palhaKoiilo – céuKouelenu – aplaudi…Kubeza - adoraçãoKuhúnda – dar pareceres, julgar, opinarJihenda – saudades…Jingânda – bons costumesMbambi – pequena gazelaMalamba mami – os mesmos amigosMalembe – andar devagar….Masóxi – lágrimasMataco - raboMuenhu - vidaMutaku - chamadaMutu – pessoa, gente…Mutu usela o kidi kié – pessoa diz verdade….Ngonga – águiaQuifufutila – farinha de mandioca torrada com açucar.Quihunbo – grande cacimboRicanda-ria-ngómbe – passos de dançaTambula conta – toma notaTuoloietu! Estamos juntos….Tupiar - escarnecerUuabuama - maravilhosoxuxuar – através dos dentes mostrar desprezoKuzuela - falarKANDANDU, ZECA 2013100312h58MURODORS Sinaleiro da Mayanga, recordo o teu corpo africano brilhar, naquela roupa branca que parecias um anjo… A tua xipala uuabuama impenetrável no dever, naquele merengue riscado no pequeno círculo - Peanha  com as tuas luvas brancas sempre com rikânda-ria-ngómbe Kiavuluvulu que tinha o feitiço bué kuhúnda. Ah! SINALEIRO! Como gostava do tempo da quifufutila, do antigamente daquele transito onde tu fazias arte com sinais… Muitos paravam aboamados com kitonda, outros tupiando ais, ais… Invejavam a tua arte, que era sinfonia feita de dicanza, porque tu foste no meio de todos eras o verdadeiro maestro… Foste como uma bué calema gingando na Barra do Kuanza…

(Continua…)

soba.jpg As escolhas do

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:21
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Sábado, 16 de Novembro de 2013
CAFUFUTILA . XLVI

MARÉ SECA - Açorda de poejo com queijo de ovelha ralado

Por

 T´Chingange

Um destes dias atrás, fui a uma praia ou melhor a uma ilha que só existe quando a maré fica seca, coloquei as cadeiras e o chapéu que espetou bem na fina areia. Como um corsário, tinha o mar a meus pés mas, pouco a pouco e a tal ponto desceu, que me vi obrigado a cansar o esqueleto até ter água suficiente para me tapar. Resulta que eu mais a minha companheira de sempre Ibib, ficamos num seco e mini deserto, paraíso de ninfas travestidas de São Miguel dos Roteiros; esgravatando o chão das rasas areias retiramos meio balde de massunim, um bivalve do género da amêijoa com que se faz a carne à alentejano.

  Em fatias relembradas do passado fomos até o Mussulo, a Corimba e a Samba do outro lado do mar e, com a lembradura de N´gola surgiram outros sítios do Puto com as condelipas da praia grande de Lagos, assim conhecidas desde o tempo em que o Conde de Lippe, comandando suas tropas ali aquarteladas dava a seus homens aquela especiaria com favas e ervilhas. Isto foi no tempo ainda recente em que D. João VI teve de fugir para o Brasil com toda aquela gente que vivia das sopas do reino, das açordas de poejo com queijo de ovelha ralado vindo de Torrão em potes de azeite virgem.

  Foi aquele D. João VI, de nome João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança, que originou a fundação do Banco do Brasil às expensas dos ricos negreiros que tinha apetência a serem nobres. Vai daí, o rei cognominado de Clemente, começou a troco de compra de acções do novo banco, a vender títulos de Condes, Viscondes, Duques, Marquês e outras conforme as quantidades de acções que adquiriam. A dada altura, nas grandes cidades como Rio de Janeiro, Santos, São Vicente, Belém do Pará ou Belo Horizonte, os novos elementos da nobreza passavam seu tempo passeando calçadão acima, calçadão abaixo suas estreladas medalhas no peito. Não era disto de que queria falar mas, um vento desavindo como o de Cabral, trouxe-me para aqui.

Cafufutila, kafufutila, kifufutila: Farinha de mandioca (bombô) com açúcar; falando de boca cheia lança falrripos ao interlocutor.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:18
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Sexta-feira, 15 de Novembro de 2013
N´´GUZU . XV

 

MANUAL DE MAÇONARIA - “manobras de diversão”

   AS ESCOLHAS DO KIMBO
CORRE NA NET - Manual de Maçonaria de Edmund Ronayne e Wisconsin multiple letter cipher, 113…
“Um Mestre deve conservar os segredos de um Mestre maçom inviolados. Deves esconder todos os crimes de um irmão maçom… Se fores arrolado para testemunhar contra um irmão maçom, assegura-te em o protegeres… pode ser perjúrio é certo, mas estarás a cumprir as tuas obrigações”

Salazar combateu e proibiu a Maçonaria porque a via como uma instituição perversa e corrupta. Após o 25 de Abril a Maçonaria foi reconhecida e entregue os seus imóveis, bem como avultada soma de dinheiro, a título de indemnização. Hoje a Maçonaria, como um cancro, está espalhada pelas várias instituições do Estado. Temos juízes maçons, praticamente todos os dos tribunais superiores, generais maçons, políticos maçons, sobretudo no PS e PSD, comandantes da PSP, jornalistas, sobretudo os quadros superiores, como os directores e outros jornalistas destacados, apresentadores de televisão, actores, e, pasme-se, também bispos e padres.

 

Por isso, é perfeitamente notório a razão porque ninguém é condenado. Eles estão obrigados a defender e a esconder os crimes de irmãos, sejam juízes, seja outro maçom qualquer. A atitude do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha de Nascimento, um maçom destacado, de mandar cortar no processo provas que incriminavam José Sócrates insere-se no dever que eles têm de esconder todos os crimes de um irmão maçom. Da mesma forma a razão porque os processos onde se encontram gente “grande” nunca são resolvidos e prescrevem.

Glossário: N´guzo: - Poder; força, destreza (quimbundo); Deus da guerra em Bantu

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 02:13
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Quinta-feira, 14 de Novembro de 2013
KANIMAMBO . XLIII

“O ESPÍRITO DA COISA” -PALOPS  Países gaseificados  2ª de 2 partes

Por

 Mia Couto

Afinal, o Maybe Man é mais cauteloso que o andar do camaleão: aguarda pela opinião do chefe, mais ainda pela opinião do chefe do chefe. Sem luz verde vinda dos céus, não há luz nem verde para ninguém. O Maybe Man entendeu mal a máxima cristã de “amar o próximo”. Porque ele ama o seguinte. Isto é, ama o governo e o governante que vêm a seguir. Na senda de comércio de oportunidades, ele já vendeu a mesma oportunidade ao sul-africano. Depois, vendeu-a ao português, ao indiano. E está agora a vender ao chinês, que ele imagina ser o “próximo”. É por isso que, para a lógica do “talvezeiro” é trágico que surjam decisões. Porque elas matam o terreno do eterno adiamento onde prospera o nosso indecidido personagem. O Maybe Man descobriu uma área mais rentável que a especulação financeira: a área do não deixar fazer. Ou numa parábola mais recente: o não deixar. Há investimento à vista? Ele complica até deixar de haver. Há projecto no fundo do túnel? Ele escurece o final do túnel. Um pedido de uso de terra, ele argumenta que se perdeu a papelada.

Numa palavra, o Maybe Man actua como polícia de trânsito corrupto: em nome da lei, assalta o cidadão. Eis a sua filosofia: a melhor maneira de fazer política é estar fora da política. Melhor ainda: é ser político sem política nenhuma. Nessa fluidez se afirma a sua competência: ele sai dos princípios, esquece o que disse ontem, rasga o juramento do passado. E a lei e o plano servem, quando confirmam os seus interesses. E os do chefe. E, à cau­tela, os do chefe do chefe. O Maybe Man aprendeu a prudência de não dizer nada, não pensar nada e, sobretudo, não contrariar os poderosos. Agradar ao dirigente: esse é o principal currículo. Afinal, o Maybe Man não tem ideia sobre nada: ele pensa com a cabeça do chefe, fala por via do discurso do chefe. E assim o nosso amigo se acha apto para tudo. Podem nomeá-lo para qualquer área: agricultura, pescas, exército, saúde. Ele está à vontade em tudo, com esse conforto que apenas a ignorância absoluta pode conferir.
Apresentei, sem necessidade o Maybe Man. Porque todos já sabíamos quem era. O nosso Estado está cheio deles, do topo à base. Podíamos falar de uma elevada densidade humana. Na realidade, porém, essa densidade não existe. Porque dentro do Maybe Man não há ninguém. O que significa que estamos pagando salários a fantasmas. Uma fortuna bem real paga mensalmente a fantasmas. Nenhum país, mesmo rico, deitaria assim tanto dinheiro para o vazio. O Maybe Man é utilíssimo no país do talvez e na economia do faz-de-conta. Para um país a sério não serve.

Kanimambo: Obrigado (de Moçambique) 

soba.jpg AS ESCOLHAS DO

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:10
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Terça-feira, 12 de Novembro de 2013
PUTO . XL
CLIMA DE FESTATerços para Nª Sª de Fátima.         

 As escolhas do Kimbolagoa

Postais para o governo

 

  do sociólogo Boaventura Sousa Santos  

QUANTO A DESPEZAS:

1A - Reduzam 50% do Orçamento da Assembleia da República e irão poupar 43 milhões de €.

1B - Reduzam do Orçamento da Presidência da República  e poupar-se-á 7 milhões e 600 mil €.

1C - Cortem as Subvenções Vitalícias aos Políticos deputados e pouparão 8 milhões de €.

1D - Cortem 30% nos vencimentos e outras mordomias dos políticos, seus assessores, secretários e por aí e, pouparão 2 milhões de €

 

2A  - Cortem 50 % das subvenções estatais aos partidos e pouparão 40 milhões de €

2B  - Cortem com rigor os apoios às Fundações e benefícios fiscais às mesmas e pouparão 500 milhões de €

2C  - Reduzam 1,5 Vereadores por cada Município e irão poupar 13 milhões de € 

2D  - Renegociem as famosas PPP e as rendas energéticas e pouparão 1 bilião e 500 milhões de €

 

QUANTO A RECEITAS:

 

3A  - Combatam eficazmente a tão desenvolvida ECONOMIA PARALELA e as receitas aumentarão 10 biliões de €

3B  - Recuperem o dinheiro que foi metido no BPN e encontrarão mais de 9 biliões de €

3C  - Das 238 viaturas de luxo do parque do estado e as receitas aumentarão em 5 milhões de €

3D  - Façam o mesmo com os 308 automóveis das Câmaras, um por cada, e as receitas aumentarão 3 milhões de € 

3E  - Fundam a CP com a REFER e demais empresas do grupo e ainda a SOFUSA e pouparão em administração 7 milhões de €

NESTAS COISITAS TODAS AS RECEITAS AUMENTARIAM PARA CERCA DE 20MIL MILHÕES DE €

NÃO HAVERIA  NECESSIDADE DE TOCAR NAS REFORMAS DOS PORTUGUESES QUE FIZERAM DO ESTADO SEU FIEL DEPOSITÁRIO

 

Não custa nada! É só fazer contas.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:02
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FRATERNIDADES . LI
COLAPSO DA ECONOMIA MUNDIAL - Conhecendo a Luz

Escolha de

 Jose Matias JOSÉ MATIAS - (Johannesburg

 

Em 1958 o  empresário e ativista Robert Welch revelou os dez passos que levariam ao colapso da economia  mundial através da quebra da economia  americana, veja aqui a dívida atual que já ultrapassou os 17 TRILHÕES de  dólares: http://www.usdebtclock.org/. Isso porque desde 1944,  através do acordo de Bretton Woods

 (http://www.unificado.com.br/calendario/07/bretton.htm), o dólar foi imposto a todos os países do mundo como  sendo a moeda oficial de reserva mundial, entenda melhor assistindo a esse  vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=W5Qjeun0NPo, e aqui uma série que explica com mais detalhes:
http://www.youtube.com/watch?v=m7m6rWZ2rOs&list=PLtI_Bc7R6q0O_KH5bRK4yldX5Xh751ZGX&index=1

Atualmente as  reservas em dólar dos principais economias do mundo são astronômicas 

 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Reservas_internacionais#N.C3.ADveis_de_reserva), e a forma mais fácil e rápida de  provocar a quebra da economia mundial é justamente emitindo dólar de maneira  desenfreada e sem nenhum lastro em ouro como inicialmente previa o accordo de  Bretton Woods, porém no início da década de 70 a emissão do dólar com lastro em  ouro foi abandonado pela administração do Presidente Richard  Nixon. Muitas das  previsões de Robert Welch já se cumpriram e os 10 passos informados por ele,  foram determinados em uma reunião do Clube Bilderberg

 (http://inacreditavel.com.br/wp/bilderberg-2013/)

livrobilderberg

Esse plano diabólico  tem como meta destruir os EUA afundando-o em dívidas e assim consequentemente ao  mundo inteiro, já que todos os países do mundo tem sua reserva em dólar e  logicamente as maiores economias mundiais como China, Inglaterra, Brasil, etc…  tem reservas bilionárias.

O fundamento  desse plano é a entrega gradual da soberania americana de forma obscura para o  Vaticano através das organizações internacionais liderados por uma elite de  banqueiros, principalmente a família Rothchilds que desde 1823 são os guardiões  do tesouro do Vaticano (http://youtu.be/Wp306pwN7EQ?t=8m2s).

De maneira  osquestrada a América vem cumprindo a agenda de dominação dessa elite bancária  mundial liderada pela Família Rothchilds, os falsos judeus os falsos judeus  asquenazis

(http://pt.scribd.com/doc/47640209/A-Sinagoga-de-Satanas-A-Linhagem-dos-Rothschild) que a Bíblia revela serem os  principais representantes da ” Sinagoga de Satanás”:

“… E a blasfêmia dos  que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.  Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos  se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos  teus pés e conhecer que eu te amei.” (Apocalipse 2.9 e 3.9)

Aliás a informação que  eles são os guardiões do tesouro do Vaticano consta na própria enciclopédia  judaica. Através dessa família o Vaticano (leia-se jesuítas) tem perpetuado o  seu poder, conseguindo manter seu anonimato e privacidade no controle do poder  econômico mundial. Afinal quem iria  desconfiar que a riqueza do Vaticano estivesse escondida atrás de uma família de  falsos judeus ortodoxos? (aqui série completa sobre isso: http://www.youtube.com/watch?v=gr81MMnxo3E&list=PLtI_Bc7R6q0N6mszdj_DDkLt2qqJ8F3ac&index=1)

Os jesuítas  usaram o poderoso império bancário e influência política dos Rothchilds para  obter o controle financeiro do mundo. Em Apocalipse 13 vemos o surgimento da  primeira besta é o Poder do Vaticano e a partir do versículo 11 vemos quem será  o instrumento que da Primeira Besta (Vaticano) para controlar, dominar,  perseguir e finalmente punir qualquer dissidência em qualquer parte do mundo,  aliás o que já tem acontecido ao longo dos últimos anos. (Concorra a 7 DVD’s  gratuitos de uma Série Especial sobre Apocalipse 17: http://oamanhahoje.com/bentoxvi.htm) Através da Segunda  Besta (Poder Americano) a partir do versículo 12 vemos o futuro sombrio que nos  aguarda: “E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a  terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora  curada.” (Apocalipse 13.12)

FF5FF3A7E2DA43D793B4E74BF2F412B4A Palavra de Deus  revela que é o Papado que está por detrás dos bastidores do poder, usando os EUA  para implantar uma Tirania Mundial. Na Idade Média esse poder fez exatamente  isso, como não tinha o seu próprio exército, através de Reis e Rainhas  subjugados a uma fé católica cega e fanática colocavam seus exercítos e  tribunais para julgar e condenar os “hereges” (herege significa aquele que pensa  por si mesmo) Pois a história se  repetirá, mais uma vez o papado usará do braço forte do país mais poderoso do  mundo para cumprir os seus propósitos nefastos, e usarão os EUA para fazer  aquilo que bem desejam. Veja a declaração de  George Bush sobre Bento XVI: http://www.youtube.com/watch?v=Ixw2bBrgBWI

“Um povo que não  conhece a sua História está condenado a repeti-la” (Eduardo  Bueno)

 

 

 

  As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:42
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MONANGAMBA . III

XICARA DE CAFÉ ... Giboiando na rede.
Por

 T´Chingange

Com uma xícara de café fumegante tento a maneira de enganar o tempo a fim de não sucumbir à solidão. Cativeiro de meus espaços e rodeado de samambaias, troco ideias com meus obstinados e silenciosos abismos na perspectiva de dali extrair ausentes sentimentos. No intuito de mostrar o que ninguém viu antes, despojo intuídas ideias preconcebidas no dito de que “só vemos o que queremos ver”. Comecei a averiguar obsessivamente os segredos de estado e, entre grossas curiosidades sufoquei o meu espírito num estreito: conclui que muita gente inteligente não rouba por vício ou por necessidade mas pelo mau hábito de querer ser rico, dono da vaidade deles e senhor das alheias.

 Embora preferisse uma guerra declarada aos meus obstinados silêncios trato com cortesia as reticências do meu envergonhado orgulho, erigindo uma muralha à volta de estabelecidos conceitos tidos como certos. Deixando de lado minha personalidade para sonhar com um paraíso, humilho-me deliberadamente para driblar-me em golpes de liberdade; com recursos à imaginação, combato assim, o tédio das horas que sempre sobram.

Estou por isso, balouçando a languidez na forma de jiboiar rede, coisa bastante parecida com a preguiça, desperdiçando-me num impertinente alheamento a esse mercenário mundo literário. Cosendo disfarces, ensaio previsíveis alegorias sobre os vícios e infortúnios do passado construindo castelos com paus de fósforos. Amorfos que logo queimo por masoquismo, na fricção do ar. Dia após dia, escrevo argumentos de cozer pálpebras à paixão, continuando sempre igual, como sempre o foi.  

Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:21
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Segunda-feira, 11 de Novembro de 2013
KANIMAMBO . XLII

“O ESPÍRITO DA COISA” -  PALOPS . Países gaseificados  - 1ª de 2 partes

Por

 Mia Couto

“Maybe Man” poucos sabem quem ou o que é. Menos ainda sabem o impacto desta espécie na vida nacional. Apresento aqui essa criatura que todos, no final, reconhecerão como familiar. O Maybe Man vive do “talvez”. Em português, dever-se-ia chamar de “talvezeiro”. Devia tomar decisões. Não toma. Simplesmente, toma indecisões. A decisão é um risco. E, obriga a agir. Um “talvez” não tem implicação nenhuma, é um híbrido entre o nada e o vazio. A diferença entre o Yes Man e o Maybe Man não está apenas no “yes”. É que o “Maybe” é, ao mesmo tempo, um “Maybe Not”. Enquanto o Yes Man aposta na bajulação de um chefe, o Maybe Man não aposta em nada nem em ninguém.

 Os chupa-cabra
Enquanto o primeiro suja a língua numa bota, o outro engraxa tudo que seja bota superior. Sem chegar a ser chave para nada, o Maybe Man ocupa lugares chave no Estado. Foi-lhe dito para ser do partido. Ele aceitou por conveniência. Mas o Maybe Man não é exactamente do partido no Poder. O seu partido é o Poder. Assim, ele veste e despe cores políticas conforme as marés. Porque o que ele é não vem da alma. Vem da aparência. A mesma mão que hoje levanta uma bandeira, levantará outra amanhã. E venderá as duas bandeiras, depois de amanhã. Afinal, a sua ideologia tem um só nome: o negócio.

     Os espantalhos

Como não tem muito para negociar, como já se vendeu terra e ar, ele vende-se a si mesmo. E vende-se em parcelas. Cada parcela chama-se “comissão”. Há quem lhe chame de “luvas”. Os mais pequenos chamam-lhe de “gasosa”. Vivemos uma nação muito gaseificada. Governar não é, como muitos pensam, tomar conta dos interesses de uma nação. Governar é, para o Maybe Man, uma oportunidade de negócios. De “business”, como convém hoje, dizer. Curiosamente, o “talvezeiro” é um veemente crítico da corrupção. Mas apenas, quando beneficia outros. A que lhe cai no colo é legítima, patriótica e enquadra-se no combate contra a pobreza.

Kanimambo: Obrigado (de Moçambique) 

soba.jpg AS ESCOLHAS DO

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:18
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Domingo, 10 de Novembro de 2013
MALAMBAS . V III

LUFADAS DE SUSPIROS ... Cidadão do Mundo.
MALAMBA: É a palavra.

Por

   

Eu, até que gostava ser impetuoso, pândego e até briguento mas, examinando-me à lupa por todos os lados; descobri que teimo em cultivar uma tristeza crepuscular, um solitário dado à inquietude de natureza agreste com silêncios imensuráveis e grandes espaços; para afastar a pouca sorte, plantei citronela de java e arruda no meu quintal, para afastar mosquitos e bruxas. Às vezes rezo, mas com certeza faço-o sem a intensidade e perseverança suficientes para mudar as coisas que me desagradam. O salalé do rancor de coisas passadas, sucedem-se mais do que as minhas boas intenções, tornando-me um quase vagabundo solitário com ideias diabólicas; raízes que brotam tumores maléficos em meu cérebro.

  Sabendo que o amor é um contracto livre que se inicia numa faísca podendo terminar da mesma forma, mantenho o veneno subtil do despeito, sem conseguir visualizar a possível malvadez de meu despeito. A determinada altura do curso de minha vida, comecei essa tarefa odiosa de analisar os ciúmes alheios com comportamentos de ganhar garras e, a pretexto de atenções perversas, acautelei-me das gentes com cicatrizes morais. Essas cicatrizes de queimar a mente, nunca se apagaram na totalidade dos casos e, sinto às vezes queimaduras que não sendo brutais marcam sentimentos.

Quando alguém próximo, como um cata-vento muda de atitude, ou tenta induzir-me a outros conceitos de que eu não imaginava por princípio, leva-me a frustrações numa primeira instância. Controlando a pura e nefasta raiva, entro no desconsolo tentando compreender o quanto a minha primeira análise estava cega; por vezes sinto por premonição que isso vai acontecer e resguardo-me num casulo por, supostamente, ficar desapontado. Para evitar enxaquecas, saio por aí de fisga no bolso para matar calangos sarapintados de coisa ruim.

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:23
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Sábado, 9 de Novembro de 2013
MOKANDA DO SOBA . XL

“O MUNDO EM 3 D” -  Inventações transgénicas

Por

soba.jpg  T´Chingange

Sem evidente apetência para a politiquice, sepultei paulatinamente em embrulho de celofane os ossos translúcidos desse fantasmagórico hífen colado a mim como um piercing e, em jeito de canibal. Januário Pieter, a minha kianda perene, disse recentemente que eu era como o pássaro quetzal, incapaz de viver em cativeiro porque minha alma já anda em tirocínio por outras dimensões; será isto possível ou até mesmo razoável? Fiz esta pergunta a mim mesmo que sabia um pouco de tudo e muito de nada, sobejando na imaginação quanto baste para suprir as faltas do conhecimento com experiência.

Com minha máquina kodak, detalho ínfimos pormenores destas inventações transgénicas e quase afirmo que meus parafusos estão enferrujados com uma estranha e recente irreverência formatada para detectar hologramas. Vi nos meus sonhos as películas penduradas mostrando as trevas de meus pesadelos. Não defini bem quem era esse fotógrafo de soturnos propósitos que me misturou com gente de pecados coloridos e empertigados junto com índios e pescadores núos que com arpões caçavam bois.

Disposto a esperar as diluídas distorções da realidade engulo as emoções, entusiasmado com teorias e tendências de ver o mundo em três D sobrepondo negativos para conseguir vê-lo de maneira honesta, usando a tecnologia como meio para captar a realidade; de fora para dentro mostrando a indulgência dos cegos. A cegueira em realidade não é um impedimento para continuar a olhar o mundo, são muitos os recomeços que a vida, por vezes aos trambolhões, nos proporciona. Talvez por isto haja necessidade de ter duas vidas para alicerçar percepções.

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:02
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Sexta-feira, 8 de Novembro de 2013
KWANGIADES . X

MEUS BUZIOS FALARAM Boto feitiço nos teus fala  parte 1.B

MUKANDA PARA T´CHINGANGE

Por                  

Jose SantosJosé Santos - Impregnado de paludismo duma especial estirpe kaluanda, Zeca colecciona n´zimbos das areias dum rio chamado Rio Seco.

EUÁ! KIMBANDA KUUABA T’CHINGANGUE! O KILENJI UALA KALUBUNGU PALA MUTU!

Apenas retiras pequenas falas kuuaba, batukadas no teu muxima… Batukas certeiro mesmomesmo, nos fundo dos alma… Já topei o teu jeito de lançares os teus pedrinha baza o kuxixima… Tu não precisas? Quê! Há! Dos dixiunáliu…, que bate os palma… Tu k kota dos encantamento, T’Chingangue, tu és os seta nos cabeça dos mutu dos mundo, aqueles que escondem os luz que ilumina os alegria, os Kuzedíua… Tala! Nos berrida boto feitiço nos teus fala pra virar Kimbundu: “A LUZ É ALMA DO MUNDO, E NÃO EXISTINDO SEM SOMBRA FAZ COM QUE A ALEGRIA NÃO EXISTA SEM DOR.” Topa só, nos meu kubata soeu tem os candeeiro a pétroleo, que ilumina tudo nos volta! Kiuá! Soeu pego nele e os sombra bué! Caté, meus kamba sentado no chão fica contente demais, troca oszolheo, fica dos aboamado nos ukamba paka que ilumina os alegria, que traz os moamba dos kisola, más também o dos dor bué… Porque os kufua dos seu kamba, dos seu kota, dos família…, despois O Ngana Nzambi, os leva nos kubata dele… Tambula conta! Lá cabe todo os mundo, diz que tem “kúkia”! Porque os sekulo kuzuela nos mona, tekulo, caté atu bué dele...

 KÚKIA - Sol nascente

Tu falas os verdade dos destino dos atu, que um dia, nós…, kota, com ele, juntos estaremos, mas nos meu fé, que lá te digo, como nos ku-tumbula, como pessoa fala os baixinho nos postigo, porque tu és avilo do Rio Seco da Maianga…, que Lá tem nos koka, Uns peneira dos garimpo, que separa os bom e os mau, porque os primero tem loando pra voar com os mukunji e tem os outro, os segundo, que tem os panela dos funji, pra cozinhar, queimar nos inferno, os sund…, os cara de pau… Soeu num tenho esses bué filosofia, pra muito, muito pensar…, se lá se tem esses libata, os picadas certo ou incerto pra gente ficar, porque ninguém diz os verdade mesmo verdadeiro, pra gente acreditar… Então ninguém sabe, só livrinho, porque pessoa num volta para contar… Eme ngitala! Como ensinou me o Sekulu a Mussulu kamba ami - Axiluanda Mam’etu é! Como suas falas no areal, caté fritavam no óleo do Muanha… Aiué! Jamais o esquecerei, assim como o kamba pescador Zacarias da Samba. Eles são os meus mestres, guias que moldaram a minha conduta, inspiram, ajudam me a enfeitar a minha canoa para um dia ximbicar no algodão…

Teus kamba do Kimbo Lagoa devem ter kizola, luimbi, bué orgulho por tu, porque tuas Mucanda são escola, que kandengue depressa tem de aprender, porque os kota, macota estão muito cansados de saudade neste putu, que ainda num aprendeu a fazer o funje, antes dá bassula para repreender… Muito contente fiquei na minha kubata enfeitando nos parede de loando, as tuas pequenas palavras, que disseste na tua janela, na (fiz) Elegia para DÁDÁ. Tambula conta! Ele deu rizada de contente, sabendo que aqui ficou a Maianga, que muito o estima e sempre o recordará na vivência que nunca morrerá.

 

GLOSSÁRIO: Auié! – Ai de mim! Atu - pessoas Axiluamda (axi-luanda(uwanda)) –lançador/s de rede… Dixiunáliu - dicionário Eme Ngitala! – eu olho, eu observo….! Euá! - Oh! Kalubungu - encantamento Kisola - amor Kiuá! Viva! Koka – espreita, espera… Kota – pessoa com muita idade Kufua - morrer Kúkia – Sol nascente Ku tumbula - confissão Kuzedíua -felicidade Kuuaba – belo, beleza, bondade… Kimbanda – homem de sabedoria, especialista na arte de curar, advinhar…, utiliz chamamentos… Kuzuela - falar Kuxixima – pouca sorte, amargura…. Luimbi – orgulho… Man’etu é! Oh minha mãe! Oh nossa mãe! Muanha – Sol Mukunji – anjo/s Ngana NZambi – Senhor, Deus Sekulu – pessoa muito idosa Tala! – olha! Tekulo – neto/s, neta/s Ukamba – amizade Ximbicar – remar com o bordão

Kandandu (T´Chingange)

Kwangiades: musas ou ninfas do Kwanza, As Kiandas do rio da integração Angolana.

(Continua…)

Opção de escolha do

Soba T´Chingange



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Quinta-feira, 7 de Novembro de 2013
A CHUVA E O BOM TEMPO . XXXVII

RETRATO COLORIDONavegar na memória

Por

 T´Chingange 

São muitos os recomeços que a vida, por vezes às cavandelas, nos proporciona. Pessoas de minha idade, cujas vidas após descreverem grandes arcos, também tiveram seus horizontes afunilados até se ajustarem às proporções de um aposentado. De olhos postos em tudo o que nos rodeia, evitamos olhar muito de perto porque nem sempre estamos preparados para contornar a curva que nos conduz à cerca e o portão duma antiga coisa nossa; em jovens, tudo ao nosso redor se vê grande e, a dado momento nada resta dessa infância, do tempo em que nossas risadas ecoavam pelos telhados dum antigo bairro. Navegamos por nossas memórias adentro, evocando lembranças revisitadas ou reinventadas. Num qualquer então, descobrimos que ainda lutamos para não demover as aventuras que nos foram preciosas.

 Despojando o passado de excessivos rancores, filtrando certos horrores, matizo a memória sem coisas amargas ou agressivas na trémula convicção de não crucificar no altar da estória os responsáveis por desgraças e, deixando que as raízes apodreçam nos confins do tempo; no máximo, continuo a sentir-me triste pela crueldade dos homens por suas torpezas. No mínimo, quero redimir-me tanto quanto possa falando do passado, para sair engrandecido junto com meus ávilos kotas.

C omo é curiosa a felicidade revista pelo seu avesso, das situações que envolvem o ranger de dentes, choros soluçados ou amor com um par de chifres retorcidos. Como negativos dum arquivo secreto de degradações alheias, essa felicidade dança nua ao som do nosso próprio desespero; dessas que ainda constituem fontes de prazer da humanidade, sobretudo quando o ridículo se emparceira com o patético para enriquecer o caldeirão aonde se cozinham certas paixões com açafrão e, de que os jornalistas de fofocas e as redes sociais tanto gostam.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:31
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Quarta-feira, 6 de Novembro de 2013
MUJIMBO . LIII

ANGOLA “ O abc DO PODER ANGOLANO”5ª de 5 partes 

Os angolanos são os investidores estrangeiros com maior peso no PSI-20. O conjunto das suas posições vale cerca de 2,8 mil milhões de euros, valor que oscila em função da volatilidade das acções. A sua influência, contudo, está longe de se esgotar na bolsa. O poder angolano tece-se em várias teias. Durante séculos, todos estes RIOS... corriam para Portugal!...

 

U Unitel. É a principal empresa de telecomunicações de Angola. Isabel dos Santos é accionista de referência e a PT tem uma participação de 25%. Com a fusão Zon/Optimus esta aliança será certamente reavaliada. O processo de separação terá tanto de natural como de demorado. 

 

V Viauto. Empresa de comércio automóvel que Manuel Hélder Vieira Dias "Júnior", filho de Kopelipa, comprou em 2012 à Santogal, do Grupo Espírito Santo. Representa em Portugal as marcas de luxo Ferrari e Maserati.

 

W Welwitschia. Nome de baptismo de Tchizé dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos. Em 2012 comprou 30% da Central de Frutas do Painho, através da empresa Goodness Country. Esta empresa é uma organização de produtores de pêra rocha do Cadaval, região de onde é originário o seu marido, Hugo Pêgo.

 

X xadrez. A maior parte dos investimentos angolanos são feitos através de várias empresas que partilham accionistas. Um autêntico jogo.

Y YUAN. Moeda simboliza as relações fortes entre a China e Angola, dois países que têm um peso determinante no PSI-20: a China através da EDP, Angola com posições diversas.

 

Z Zon. Isabel dos Santos tornou-se accionista maioritária da empresa e depois lançou-se no processo de fusão da empresa com a Optimus. A Zon é uma das estrelas cintilantes na constelação dos seus interesses no sector das telecomunicações.

 

As preferências de

soba.jpg  SOBA T´CHINGANGE

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:25
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Terça-feira, 5 de Novembro de 2013
KISANJI . II

CABINDA -  Morte na picada

Por

 soba.jpg  T´Chingange

Em minhas madrugadas carregadas de insónias, volto a conviver com a ideia de regressar a África. À medida que vou conquistando a confiança de certos segredos, a paz e o sossego, vêm lamber com ternura as minhas feridas, trazendo-me inevitáveis estórias que nunca tiveram tempo de se sarar. Com uma luz perturbadora a iluminar-me certos detalhes, a intimidade de uma tarde chuvosa acaba por me bulir com trovões. Dependendo do tempo ou da minha preguiça fico olhando as nuvens e na brisa do vento apercebo-me que as pessoas na minha faixa de idade costumam povoar suas existências com uma infinidade de pequenos gestos ou trejeitos que parecendo inúteis são em realidade o tactear de suas próprias vidas. Os comportamentos, em realidade diferem conforme a idade.

Um direito sagrado que conquistei com a idade foi o desejo de nada fazer mas, presenteando-me de surpresas, a memória prodigaliza-me com peripécias do passado sem mágoas ou comoções excessivas. Quando se é jovem, o que acontece no mundo à nossa volta, não passa de algo secundário comparada ao que imaginamos realmente interessar; o que irá fazer mudar os nossos destinos, em geral, não é percebido com total plenitude. Essas revelações chegam muitos anos depois e, muitas vezes acompanhadas por um sabor de desencanto.

As fronteiras entre o bem e o mal no vaivém dos anos, dissipam confusos ressentimentos que em uma guerra legítima se tornam mais pessoais. Ardendo em meus infernos, ruminei minhas batalhas de consciência de quando dei ordens para se armadilhar o carreiro fiote com uma granada ofensiva presa por um fio em dois tufos de capim num lugar infestado de guerrilheiros de Holden Roberto; sucedeu num lugar chamado Cácata (Catata), perto de Tando N´Zinze entre Cabinda e o Zaire, o então Congo de Mobutu. Da explosão ouvida no quartel, resultou morrerem dois civis zairenses que simplesmente faziam candonga de mercadorias; até que podia ter dado ordens ao cabo sapador para diminuir as espirais de aço mas, tal não fiz e, daí aquelas mortes de quando em vez, sussurram-me torpeza. E, para quê tive de fazer isto em terra alheia que ainda luta por sua liberdade transcorridos que são 45 anos.   

Kissanji: -  Instrumento musical - tábua de forma rectangular, onde se fixam umas palhetas de metal que accionadas transmitem sons (Angola); Fiote: - carreiro de pé posto na mata do Mayombe, indígena Cabinda (semântica pejorativa)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:53
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Segunda-feira, 4 de Novembro de 2013
MUJIMBO . LII

ANGOLA “ O abc DO PODER ANGOLANO”4ª de 5 partes 

 

Os angolanos são os investidores estrangeiros com maior peso no PSI-20. O conjunto das suas posições vale cerca de 2,8 mil milhões de euros, valor que oscila em função da volatilidade das acções. A sua influência, contudo, está longe de se esgotar na bolsa. O poder angolano tece-se em várias teias.

 

N Noé Baltazar. Ex-presidente da Endiama e que manteve negócios no sector dos diamantes. É muito próximo de José Eduardo dos Santos e um dos muitos ilustres angolanos que comprou um apartamento no Estoril Sol Residence. A "Maka Angola" baptizou-o de "prédio dos angolanos". Lá têm casa, entre outros, José Pedro Morais (ex-ministro das Finanças), António Domingos Pitra Neto (actual ministro da Administração Pública), Álvaro Sobrinho (Newshold) e Teresa Giovetty, mulher do general Kopelipa.

 

O Oloeoga. Empresa que se dedica à produção de azeite e que tem como accionista Monteiro Pinto Kapunga, deputado do MPLA eleito pelo círculo de Malanje. Em 2008 juntou-se ao elvense João Garção e investiram dois milhões de euros num lagar de azeite.

 

P Paulo Azevedo. O seu pai, Belmiro de Azevedo, tinha dúvidas em relação a Angola. Paulo, se as tem, não as mostra. Aliou-se a Isabel dos Santos para fundir a sua empresa de telecomunicações, a Optimus, com a Zon, e também acordou com a empresária a instalação de hipermercados Continente em Angola. Isabel dos Santos criou a empresa Condis que terá uma participação de 51% neste projecto, ficando a Sonae com uma posição minoritária.

 

 

Q Quintas. Quinta da Marinha, Quinta do Lago ou Quinta da Beloura. São três exemplos de empreendimentos imobiliários de luxo onde a elite angolana tem casa. Estes investimentos revelam o seu poder financeiro, mas são também um porto seguro caso a situação social e política em Angola se deteriore, em resultado do processo de sucessão de José Eduardo dos Santos.  

 

R Rafael Marques de Morais. O jornalista e líder do site Maka Angola é porventura o crítico do regime com maior notoriedade. Recentemente foi co-autor de um artigo publicado pela "Forbes" que atribui o enriquecimento de Isabel dos Santos a favores do pai. É autor do livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola" e alvo de processos movidos por generais angolanos. A sua exposição mediática irrita solenemente a nomenclatura angolana.

 

S Sindika Dokolo. Marido de Isabel dos Santos. É membro da administração da Amorim Energia. Possui a mais importante colecção de arte africana contemporânea, com cerca de três mil obras. É cada vez mais influente no círculo restrito de José Eduardo dos Santos.

 

T Tobis. A empresa portuguesa produtora de cinema foi comprada por investidores angolanos em 2012, os quais pagaram ao Estado português sete milhões de euros. A Tobis foi adquirida pela Filmdrehtsich , detida a 100% por uma sociedade com sede em Angola, a Berkeley Gestão e Serviços, cujos accionistas se desconhecem. Em 2007, Pepetela, um dos mais aclamados escritores angolanos, havia publicado um livro intitulado "O Terrorista de Berkeley, Califórnia". A participação da Berkely foi posteriormente comprada pela Elokuva, também angolana. A Filmdrehtsich tem como gerente Maria Pereira Vinagre.

(Continua…)

As preferências de

soba.jpg  SOBA T´CHINGANGE



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Domingo, 3 de Novembro de 2013
MALAMBAS . V II

LUFADAS DE SUSPIROS ... berlindes do abafa.
MALAMBA: É a palavra.

Por

 T´Chingange

Seria arrogância da minha parte julgar que Deus me enviou para muitos lados do Mundo como uma bênção de vida captando pormenores desperdiçados pelos demais. Com mais peso e com o cabelo salpicado de branco, tenho corrido o Globo com a necessária bagagem para não sucumbir aos achaques naturais. Pessoa próxima, perguntou-me tempos atrás se eu trazia ao peito um escapulário do Sagrado Coração de Jesus para me proteger de todo o mal e, eu, apaziguando um amor reprimido, falei-lhe que a esperança e a bondade, eram a minha crença, perfumando-me com o espírito de abnegação quanto baste; para manter a alma translúcida aos meus olhos supero assim, as voluptuosas mazelas do tempo.

 Fiel à ideia de que cada um tem a idade que demonstra, continuei a cortar as unhas rentes escondendo a comichosa cortiça que se vai formando fruto de fungos incontrolados; fungos que se agarram a nós como cracas que se prendem ao casco dum velho navio colonial saído da guerra de África; heranças dum império cantado por Camões.

 As verdadeiras amizades resistem aos anos, à distância e até às mudanças de perfil anatómico; quando assobiadas ao vento e aos muitos pontos cardiais, surgem por alturas do natal em um tapete voador puxado por pirilampos fosforescentes. Os muitos amigos, desfazendo em migalhas birras silenciosas com noivas, sogras e desavindas partilhas, surgem como disse, patrocinados pela Coca-Cola, 7up e outras gasosas ainda do tempo em que se chamavam de pirolitos; pirolitos que tinham um berlinde colorido que serviam para abafar descoloridas esferas. Sei agora, que o tempo também abafa tudo.

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:39
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Sábado, 2 de Novembro de 2013
MUJIMBO . LI

ANGOLA “ O abc DO PODER ANGOLANO”3ª de 5 partes 

Os angolanos são os investidores estrangeiros com maior peso no PSI-20. O conjunto das suas posições vale cerca de 2,8 mil milhões de euros, valor que oscila em função da volatilidade das acções. A sua influência, contudo, está longe de se esgotar na bolsa. O poder angolano tece-se em várias teias.

I Isabel dos Santos. É a empresa com investimentos mais elevados e notórios em Portugal. Concretizou agora a fusão da Zon com a Optimus, é accionista do BPI, do BIC e da Galp e a "Forbes" classificou-a como a primeira multimilionária africana. Além do casamento com a Optimus tem um acordo com a Sonae para implantar a cadeia de hipermercados Continente em Angola. O facto de ser filha do presidente da República, José Eduardo dos Santos, coloca-o sob constante escrutínio. Os seus defensores realçam os seus méritos como empresária e as suas apostas acertadas. Os seus críticos dizem que só chegou a este nível por ser filha de quem é.  

 

J José Eduardo dos Santos. É presidente de Angola desde 1979 e esta sua longevidade na liderança, a maior em África, diz praticamente tudo sobre o seu poder. Tem conhecimento, directo ou indirecto, de todos os investimentos em Portugal e tem sido, no interior do MPLA, um dos defensores da aproximação entre os dois países. O relacionamento a nível governativo melhorou significativamente a partir da chegada de José Sócrates a primeiro-ministro. O grande receio reside em saber se após a saída de Eduardo dos Santos, Angola conseguirá manter a sua estabilidade social e política.

 

K Kopelipa. Nome pelo qual é conhecido o general Manuel Hélder Vieira Dias. Ministro de Estado e chefe da Casa Militar de José Eduardo dos Santos. A seguir ao presidente, será provavelmente a segunda figura mais poderosa em Angola. Em Portugal tem investimentos pessoais em imobiliário, avaliados em mais de 10 milhões de euros, quintas no Douro, e uma participação de 10,19% no banco BIG. Kopelipa é o homem em que José Eduardo dos Santos tem total confiança. E isto basta para ilustrar a sua influência.  

 

L Lopo do Nascimento. Foi primeiro-ministro, ministro e secretário-geral do comité central do MPLA. No início da primeira década do século XXI houve quem olhasse para ele como um figura credível que poderia congregar as elites descontentes com o Governo do país. Hoje é deputado eleito pelo MPLA. Em 2010 integrou um consórcio que adquiriu 49% da Coba, uma empresa portuguesa de consultoria em engenharia civil e ambiental. É actualmente presidente do conselho geral e de supervisão desta empresa 

 

M Mário Leite da Silva. Discreto. O economista que Isabel dos Santos foi resgatar aos quadros de Américo Amorim é o número dois da empresária angolana e uma pessoa da sua máxima confiança. Está, por exemplo, nas administrações da Zon, BPI e De Grisogono, uma empresa suíça de jóias e relógios que Isabel dos Santos comprou.

(Continua…)

soba.jpg  SOBA T´CHINGANGE



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:27
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Sexta-feira, 1 de Novembro de 2013
MUJIMBO . L

ANGOLA “ O abc DO PODER ANGOLANO”2ª de 5 partes 

Os angolanos são os investidores estrangeiros com maior peso no PSI-20. O conjunto das suas posições vale cerca de 2,8 mil milhões de euros, valor que oscila em função da volatilidade das acções. A sua influência, contudo, está longe de se esgotar na bolsa. O poder angolano tece-se em várias teias.

D Daniel Proença de Carvalho. O advogado é presidente não executivo da Zon, cujo maior accionista é Isabel dos Santos. Proença de Carvalho foi também um dos advogados que tratou da restituição de 150 milhões de dólares que Angola havia transferido para um advogado para comprar 49% do Banif. O caso iniciou-se em 1994, mas o Estado angolano só se considerou ressarcido em 2010. É um também um dos accionistas da Interoceânico. O advogado é igualmente presidente não executivo da Cimpor, dominada pela Camargo Corrêa, aliada da Interoceânico no BCP.

E Escom. Empresa que o Grupo Espírito Santo acordou vender à Sonangol. O desfecho desta operação, acordada em 2010, tem-se arrastado. Pelo caminho a empresa viu-se sob investigação do DCIAP por causa do dinheiro envolvido na transacção. Entretanto, três gestores terão também sido constituídos arguidos no chamado caso dos submarinos. A polémica em torno da Escom faz também parte de uma "guerra" entre duas facções do poder angolano.

F Filipe Vilaça Barreiros. É uma figura discreta que representa o general Kopelipa nos muitos negócios que este tem em Portugal, da banca aos vinhos, através da empresa World Wide Capital. É um apaixonado pelo desporto automóvel e costuma disputar provas ao volante de um Ferrari.

G Galp. Tem dados bons dividendos mas é uma pedra no sapato dos investidores angolanos, Sonangol e Isabel dos Santos, que detêm indirectamente 15% da petrolífera portuguesa, a partir da posição de 45% que possuem na Amorim Energia. Esta 'holding', controlada a 55% por Américo Amorim, tem uma posição de 33,34% da Galp. Os angolanos sempre quiseram ter uma participação mais activa na gestão da Galp, mas Amorim tem-se constituído como um obstáculo a esta pretensão. Este é um dos motivos do seu mau relacionamento com Isabel dos Santos.

H Higino Carneiro. Discreto, influente e muito rico. São-lhe atribuídos investimentos em Portugal nas áreas da hotelaria e restauração. Já foi ministro das Obras Públicas de Angola. É actualmente governador da província do Kuando Kubango. Terá perdido influência política.

(Continua…)

soba.jpg  SOBA T´CHINGANGE

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:18
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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