Terça-feira, 31 de Dezembro de 2013
MALAMBAS . XV

LUFADAS DE CREPUSCULO ... sangue crapuloso.

MALAMBA: É a palavra.

Por

soba.jpg T´Chingange

Em tempos de sol escaldante, o sangue crapuloso fervia-me num formigueiro de não-te-rales daquele de meter no corpo luxúrias de bode. Palpitando suspiros do tempo, este não chegava para cumprir a agenda sempre sobrecarregado de tarefas extracurriculares, assobiados em segredos com meninas, garinas de namoros e farfalhos prolongados no infinitamente. Fervendo como um metal ao fogo, de derreter almas, queimava as carnes borbulhando todos os poros do corpo; os irreprimíveis soluços sacudiam membros como fibras de agonia violentadas por diabinhos vermelhos; labaredas de inferno explodindo os sentidos.

 Esses tempos de sentir latejarem seios no afago da embriaguez sem protocolo, foram entregues a nossa Senhora da Piedade com silêncios de cansaço bocejados nos finais de domingos. Nesse então não se falava no que seria o sexo virtual do futuro, esse de se colocar um especial capacete ligado a um computador e em locais distantes, ele e ela fazem acontecer o acto amarrados numa boleia; um desperdício de risco e nojice com o cérebro a disparar rajadas de impulsos eléctricos do nada para lugar nenhum.

 Claro que há homens que com suas fumaças de grandeza, maganões daqueles de meter prego sem estopa, se desfazem sem obséquio em demonstrações de dois dedos de palestra espectaculosa. E, afinal, o sexo pode matar, as pupilas contraem-se, o coração acelera, a respiração torna-se rápida, as secreções de cada glândula e músculos com espasmos ficam três vezes superior a um levantamento de pesos. Se Nosso Senhor não tivesse tornado isto divertido, a raça humana teria definhado à muito. Acautele-se!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:34
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Segunda-feira, 30 de Dezembro de 2013
MONANGAMBA . IX

PRECEITOS MODERNOS . NADISMO

FILOSOFIA PARA O SÉCULO XXI - 3ª de 4 Partes

Monótona é a vida do perneta; andar sempre no mesmo pé.

As escolhas do Kimbolagoa Diogenes preguiçoso Durante a Idade Média o Nadismo praticamente desapareceu, vindo a ser redescoberto apenas no séc. XIX pelo Arqueólogo Teuto Herman. Herman resolveu tirar um cochilo (passar pelas brasas) atrás duma moita durante as escavações de Pompeia, e por acaso encontrou uma cerâmica onde estavam gravados todas as doutrinas de Inútius Máximus. Inicia-se assim a era moderna do Nadismo. É certo que uma corrente filosófica tão revolucionária e controversa quanto o Nadismo atrairia a incompreensão e o ódio de muitos. Durante a segunda guerra mundial os adeptos do Nadismo foram igualmente perseguidos por fascistas e comunistas.

Os da esquerda detestavam os nadistas devido a este estranho fetiche de cariz socialista em torno do trabalhador. Já os fascistas ficavam muito contrariados pelo facto dos nadistas não praticarem o “hail hittler”, uma vez que esse negócio de ficar levantando o braço toda hora era cansativo por demais. Na primeira década deste século, o Nadismo sofreu nova onda de calúnias e desacreditação, capitaneada principalmente por obras como “Quem mexeu no meu queijo” e outros questionáveis títulos de auto-ajuda.

 O Nadismo, está fadado a tornar-se a filosofia mais influente do século XXI porque é capaz de lidar com as tensões crescentes e a insatisfação espiritual do homem contemporâneo. Só o Nadismo poderá vencer as pressões impostas pelo sistema capitalista contra o indivíduo. Actualmente o Nadismo manifesta-se através de diversas escolas e correntes interpretativas, embora todas conservem a essência das antigas prescrições de Inútius Maximus. Nos anos 60 alguns praticantes do Nada-hipismo acreditavam que deveriam combinar as práticas nadistas com o canto, a dança e o amor livre, enquanto outros, mais ligados às tradições, consideravam tais actividades espúrias e desvirtuadoras da proposta.

 Álvaro Faria. Publicitário, designer gráfico, ilustrador e blogueiro megalomaníaco.

Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo - (por vezes pejorativo).

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:04
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Domingo, 29 de Dezembro de 2013
PUTO . XLIV

PORTUGAL Sonhei com uma máquina do tempo

Por

 Norberto Pires - Condeixa-a-Nova

Fonte: Rua Direita de Viseu

Nota inicial:  este pesadelo é uma estória real.

Dei comigo a pensar, no pesadelo, que esta crise, em parte inventada e em parte real, que vivemos era uma ignóbil MÁQUINA DO TEMPO. Uma máquina quase perfeita, que podia ter sucesso, mas que tinha, como todas as máquinas (e eu sei do que falo), um defeito fundamental: não contava com o factor humano, com a sua capacidade de resistência e de luta contra a adversidade. Dizia o poeta: “há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”. Segundo esta máquina, em breve, lá para final de 2014 estaremos fora da crise que os seus inventores (e construtores) parcialmente inventaram e incentivaram: a dívida real ignobilmente criada por corrupção, má gestão e desorientação estratégica, a destruição dos meios de produção nacionais e as nossas potencialidades intrínsecas que deveríamos ter desenvolvido para sermos competitivos, e que destruímos em troco de uns euros de subsídios, é o resultado desse “incentivo”. Sim, tivemos má gestão.

 Sim, não temos políticos à altura dos interesses do país, com a fina inteligência estratégica e o amor à pátria e aos seus concidadãos como valor seguro, que tenham em mente, exclusivamente, o interesse nacional. Sim, o Estado está tomado pelos do “toma lá, dá cá”, que trocam tudo pelo seu interesse pessoal e de curto prazo. Sim, abatemos, nesta inexorável onda de populismo, todos aqueles que, conscientes do caminho que seguíamos, alertaram, tentaram fazer diferente e tentaram um caminho justo. Somos, por isso, também, todos, parcialmente culpados. Embarcamos nas facilidades do momento. Bem dizia Sophia em busca “de um país liberto. De uma vida limpa. E de um tempo justo”. Não quisemos saber, havia ganhos de curto prazo a obter. 

 Muitos, os construtores da máquina, ficaram mais ricos e poderosos, os seus ajudantes também, os outros, nós todos, ficamos mais pobres, com menos direitos, exaustos, descrentes, sem esperança e sem ideais. Quando dermos por nós, se não acordarmos antes e é esse o objectivo da máquina montada, um dia ao abrir os olhos, perceberemos que recuamos trinta e tal anos e que estamos na década de 70, em 1976 ou 1977: sem serviços de saúde, sem serviços de educação para todos, sem estratégia nacional, sem justiça digna desse nome, sem nenhuma segurança social, sem proteção de nada, sem política de família, sem estratégia de desenvolvimento… como dizia o New York Times, uns “animais de carga” que vivem de subsídios e se deixaram enganar pelas suas facilidades.

 Um molho de broculos petrificados

Esperam nessa altura anunciar o fim da crise e celebrá-la, enganando tudo e todos, esperando que o alívio de ver a crise finalmente vencida nos confunda e, na confusão, não percebamos que recuamos trinta e tal anos e VENDEMOS a democracia, vendemos a LIBERDADE, vendemos o que tanto nos custou a conquistar. Esta máquina avassaladora pretende um recuo civilizacional, como se de uma guerra gigantesca se tratasse. E, de facto, é uma guerra gigantesca e silenciosa. (…). E a história mostra que, felizmente, no ultimo momento, no final mesmo, vem à tona a nossa humanidade, o conhecimento acumulado no nosso ADN, a nossa estrutura indelével de seres culturais, que resiste, que diz NÃO e que convence, porque está certo, os outros.

(…). Acordem!

As escolhas de Kimbolagoa



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:19
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Sábado, 28 de Dezembro de 2013
XICULULU . XLI

DOIS DEDOS DE PALESTRA . Cantada de moqueca . II

Por

  T´Chingange

Xicululu: - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo, cobiça

Hipnotizado na forma crepuscular, ardia passivamente aos hábitos de existência vendo largos horizontes de céu alegre, mar e mata verde do selvagem Brasil, defronte de despenhadeiros ilimitados e chapadas sem fim, aonde o espaço surge como um reinado gigante e voluptuoso. Deve ter sido em parte ou totalmente submetido a esta a visão da nova terra, promissora de beleza que meu avô viu viveu e gozou. Naquele Rio de Janeiro e na fronteira de entre a urbe e a favela, ao seu redor existia um instinto feminino feroz e, que quando estivesse todo ele brasileiro, cheiroso e perfumado, teria avulsos dismilinguidos calores e condescendentes afagos; farfalhos gratuitos malucando a sua vida.

 Num ápice de tempo compactado no crepúsculo do meu sonho ou sono, pude observar nos seguintes dias os préstimos de Mariquinhas pondo-se à disposição dele, meu avô, obsequiando-o com exagerados rebolados de todos os seus atributos. Todos os fins de tarde, Mariquinhas, a horas desafogadas de clientes, aparecia a fazer compras na venda do senhor Joaquim, patrão de meu avô. Senhor Joaquim também ele português natural da Guarda, estava umbigada com uma morena cheia de compostas carne. Meu avô Loureiro, aboletado a estas fartas carícias e gratuitos afectos, tornou-se por assim dizer um “pobrezinho de Cristo” sentenciado a descumprir com o voto de fidelidade a sua mulher e minha avó Topeta.

 António Loureiro não era de pau e, não havia coração que resistisse a tanta tentação. Um dia seu Joaquim, que não era cego, disse-lhe: - Óh… António, o mundo é largo… Há lugar para gordo e para magro! E, é p´ra se gozar se, se não é capado! Tolo é quem não aproveita! Para bom entendedor, era o quanto baste; teria de crucificar-se às investidas de Mariquinhas que lhe dava volta à cabeça. Um dia, pelas cinco horas da tarde no capinzal e debaixo do jambo António Loureiro, com o espírito e corpo envoltos em fogo, libertou-se; tremendo num gosto de prazer invadiu-se de ais e uis, gritinhos picantes de cor violeta. O primitivo sonho de ambição estava consumado. Mariazinha perdeu seus três vinténs, seu cabaço; eu ganhei uma futura tia que veria a nascer nove meses depois, só que… 

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:05
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Sexta-feira, 27 de Dezembro de 2013
N´GUZU . XVII

OSGAS FALANTES -Cacique Guaicaípuro Cuauhtemoc (México)

As escolhas do Kimbolagoa 
A VERDADEIRA E A FALSA DÍVIDA EXTERNA
" Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuauhtemoc, de ascendência indígena, sobre o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Europeia. A Conferência dos Chefes de Estado da União Europeia, Mercosul e Caribe, em Madrid, viveu um momento revelador e surpreendente: os Chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irónico, cáustico e historicamente exacto.

Eis o discurso :

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" há 500... O irmão europeu da alfândega pediu-me um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financeiro europeu pede ao meu país o pagamento, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu explica-me que toda a dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros, sem lhes pedir consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros. Consta no "Arquivo da Companhia das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos de 1503 a 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América. Teria aquilo sido um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento! Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão. Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a actual civilização europeia se devem à inundação dos metais preciosos tirados das Américas.

 Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas uma indemnização por perdas e danos.Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva. Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra e de outras conquistas da civilização.Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

Não. No aspecto estratégico, delapidaram-nos nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias outras formas de extermínio mútuo.No aspecto financeiro, foram incapazes - depois de uma moratória de 500 anos - tanto de amortizar capital e juros, como de se tornarem independentes das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

 Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, o que nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos para cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

Limitar-nos-emos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, concedendo-lhes 200 anos de bónus. Feitas as contas a partir desta base e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, concluímos, e disso informamos os nossos descobridores, que nos devem não os 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, mas aqueles valores elevados à potência de 300, número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.

 Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?Admitir que a Europa, em meio milénio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para estes módicos juros, seria admitir o seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas. Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos a assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente na obrigação do pagamento da dívida, sob pena de privatização ou conversão da Europa, de forma tal, que seja possível um processo de entrega de terras, como primeira prestação de dívida histórica..."

Escolha do

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:57
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Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2013
A CHUVA E O BOM TEMPO . XLI

PORTUGAL VERSOS ANGOLA  – Sentimento telúrico

Opinião de

 HÉLDER AMARAL

Fonte: Rua Direita de Viseu

As relações entre Portugal e Angola estão em processo de construção permanente. Muitos portugueses de Angola, e muitos angolanos há muito de Portugal, confundem as suas pátrias. A ligação entre os 2 países é única, porque assenta mais entre os povos do que entre os Estados. A relação entre estes países tem carácter especial, e as relações bilaterais uma sensibilidade invulgar: as relações económicas intensas contribuem para um certo estado bipolar nas relações diplomáticas. É impossível olhar para a relação com Angola como uma questão simples de política externa, e geri-la como tal – com tacticismo, hipocrisia e sem qualquer emoção.

A ligação entre os Estados é forte, com base no respeito mútuo e vontade de aprofundar uma relação que até aqui tem sido benéfica para os dois povos. Os mal entendidos, as desinformações, os estados de alma, e, porque não dizê-lo, o aproveitamento de “oposições internas” para criar dificuldades aos dois Governos, criaram uma euforia de comentários dos que sabem alguma coisa, dos que não sabem nem querem saber, e dos que acordaram agora para a realidade da relação Portugal/Angola. Enquanto português de Angola (onde ainda vive minha mãe e família materna), tenho o mesmo sentimento telúrico com Kalandula, minha terra natal, e Viseu, a minha casa.

Assisti com serenidade ao desenrolar do problema, e a certeza que esta ligação é indestrutível: uma base sólida das relações económicas e diplomáticas. Julgo que o caminho só pode ser o reforço da ajuda mútua, das relações económicas, culturais, de reforço destes dois Estados no mundo da Lusofonia. Este momento teve o mérito de nos despertar para a importância desta relação, que é mais intensa e profunda do que simples declarações de conjuntura. Portugal e Angola estão condenados a estar juntos.

Opções de escolha do

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:22
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Quarta-feira, 25 de Dezembro de 2013
T´XIPALA . XXVII

MOKANDA PARA O ZECA DO RIO SECO

Por

T´Chingange

T´XIPALA: - Fotografia, cara, rosto, personalidade, carácter   

 Refeito nos meus quase sessenta e nove anos de idade, precipito-me para a velhice corada e gorda, espantando deslavadas anemias com dentes postiços escondidos na esquelética anatomia; com alvo riso, desfriso as duas rugas que desde o canto da boca teimam em serpentear queixo abaixo, engordando-me os pomos que não desvanecem antigos créditos de rapazola bem apessoado. O cabelo escasso e sedoso concentra suas farturas por detrás das orelhas e cachaço. As manchas, como cagadelas de moscas salpicam a fronte fazendo um mapa de irreconhecível latitude, dando a este templo a sensação de ali guardar algum louvor, alguma bondade e, até alguma sabedoria na longitude; armazém de algumas ternuras misturadas com alegrias e dolorosas misérias, fábrica de inventações verdadeiras, descabidas ou até ridículas ou vergonhosas.
 Calma que já chego ao ZECA! Ontem, dia de Natal, com jeito de quem não se quer intrometer com a natividade de Jesus, fiz-me ao contento de não falar de coisas que aparentemente não são da minha conta porque nada sou e, nada posso mudar; banhei-me em várias águas, areei os dentes, meus e adquiridos, até os tornar bem limpos. Perfumei-me dos pés à cabeça, escanhoei minha barba com esmero, bruni as unhas aparando-as dos fungos cortiçosos, vesti-me por completo em nova roupa e, vi no entretanto da feitura do bolo rei a mensagem de natal do Zeca; Carregado de tabaibos encheu a minha kinda de muximas da quiónga. Aperaltado, lá pelas oito da noite risonho e cheiroso, apresentei-me na cubata de meus amigos, preocupado por não dar na hora a resposta correcta ao meu kamba do Rio-Seco.
 No meio e nos entretantos da consoada de ontem e, no todo do tempo empulgado, gotejei as palavras de ZECA, malambas ximbicadas com kisola que, no repentemente, só tive tempo de ler. ZECA, impregnado de cazumbi da Maianga, chupando múkua nas securas do Rio-Seco, borrifou palavras de enternecer-me. Promovendo bitacaias a tartarugas, até as alforriou dos apurados suores colónias dizendo: ”A tua presença enriquece-nos não só pela kinda cheia de estórias, por uma saudade que katinga no teu muxima koka”. Nesta revolução de ferir o espírito, apresentei-me com risonha timidez ao meu pretensioso espelho e vi, não a minha t´xipala mas a do ZECA Maianguista, dançando kuduro num lugar alugado da Tia Matilde. Já chegado a casa, um sítio de coqueiros zunidos a espanta espíritos, eu e ele, recebemos a bênção makóiu do Papa Francisco Via TV.
O Soba T´Chingange


PUBLICADO POR kimbolagoa às 23:09
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Terça-feira, 24 de Dezembro de 2013
MALAMBAS . XIV

SOFISMAS ... Um fardo de silvas

MALAMBA: É a palavra.

Por

soba.jpg T´Chingange

Aceitando a existência que as circunstâncias impõem, sem derramar ridículas lágrimas ou vergonhosos vícios trágicos de impróprias ideias, submeto-me à escrava submissão de viver com honra. Sem inclinação para cometer crimes de provocar revolta, como milhões de seres revejo-me no quanto fui envolto pela sociedade tão repleta de sofisma. Sociedade que, por vaidade mostra aos outros que a nossa vida foi um mar de sucesso, sentindo até vergonha de cara virada, quando a tragédia se encontra ali ao lado.

Devíamos ser natalinos nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano mas, não somos. Há muita argúcia de pessoas próximas, das instituições, do partido e do país, que torcem as aparências de promessas em falsas verdades; quanta falácia “a bem da nação” para daí se obter injustos dividendos. Esquecemos os amigos quando eles precisam de uma palavra de conforto num outro dia qualquer. Relações de sofisma, endureceram-me os critérios de amizade, porque me tentam fazer de parvo, como se fosse torpe e não pudesse vislumbrar ou separar o trigo do joio.

 Um mundo recheado de muita hipocrisia fez de mim um eremita lendo nas palavras as intenções fraudulentas já quase, como uma premonição; presságios que me amedrontam. Não me é de todo agradável dizer isto, mas a sociedade tem esse cariz de atrofiar incautos usando subterfúgios e com tempo e no tempo, revirando comportamentos; e normalmente é gente que fala teso e por cima do ombro. Badalando este meu chocalho faço-me guiar por um homem que não se cansa de carregar um fardo de silvas; aquele mesmo, apresentado por uma sombra que se desloca na lua cheia. Bem-haja o Natal que nos torna mais humanos, mesmo que seja só um dos outros trezentos e sessenta e cinco.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:00
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Segunda-feira, 23 de Dezembro de 2013
MOKANDA DO SOBA . XLII

“LEI DA RELATIVIDADE” -  Com sorte, escapas!

Por

soba.jpg    T´Chingange   

Traçando cruzes na boca para afugentar bocejos em vésperas de consoada de Natal, leio através de letras falantes muitos milhares de mensagens puras de honestidade sabendo que entre estas existem também algumas malambas da hipocrisia. Vem isto a propósito do POEMA AO NOSSO DEUS enviado por um amigo que diz: NESTA DATA FESTIVA, EM QUE O MUNDO PROCLAMA, UNS O NASCIMENTO DE JESUS, OUTROS, NEM SABEM O PORQUÊ, APENAS VÂO NA ONDA, NAÇÕES INTEIRAS FESTEJAM O NATAL, ATÉ AQUELAS QUE NEM ACREDITAM NEM PROFEÇAM O NOME DE JESUS; ENFIM UM ROLO DE HIPÓCRISIA, APENAS COM O FITO DE PRAZER DA CARNE, (ESTA QUE TANTO GOSTA DE PRAZERES, VENHAM ELES DONDE VIEREM,) TUDO É LICITO!...

 Entretanto, alegrando as rugas da preocupação entre tantos e tantos projectos de felicidade comum, minha respeitosa mulher prega rendas numas fronhas de almofadas para amolecer carinhos natalícios a sete das mais próximas amigas. Ibib, minha mulher de há quarenta e três anos, julga ser melhor oferecer coisas feitas por nos mesmos. De contentamento, cansa os dias na labuta, agulha que vai e que vem, esquecendo assim as tremuras que lhe mordiscam a alma e a saudade, essa coisa vaga e longínqua de imensurável cálculo transbordada de melancólica visão.

 Enquanto isso, eu saboreio o fresco vento em minha rede e no lugar mais apetecido, a varanda. Sorvendo a vida em largos nadas, engomo a preguiça granulada de louvores e bondades alheias desprendidas nesta data de Natal, enquanto isso, preparo os apetrechos de escritos fugidos as sombras fátuas porque, águas passadas não movem moinhos e, também não é esta a melhor altura de rogar pragas. Isso mesmo! Não é hoje, em vésperas de consoada, que vou acordar essas violentas e duvidosas misérias, desvanecendo esse bonito nome chamado de amor; um mundo perfeito e cor-de-rosa.

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:15
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Domingo, 22 de Dezembro de 2013
MOKANDA DA LUUA . XIX

ANGOLA - DONGUENA – UM CONTO DE NATAL

Por

  Dy – Dionísio de Sousa  (Reis Vissapa)

Adorava quando ela passava a língua áspera pelas minhas orelhas ou pelas faces fazendo-me cócegas e molhando-me a pele, os olhos dilatados de alegria e a cauda abanando a um ritmo alucinante. As patas possantes assentavam no meu peito fazendo-me recuar dois ou três passos naqueles momentos em que manifestava a sua ternura com maior fogosidade. Apoiada nas patas traseiras ficava mais alta que eu uns bons dez centímetros e só voltava à posição original quando a minha avó lhe dava um grito para se aquietar. O pelo era ralo e fulvo da cor das chanas que bordejavam o Cunene lá para os lados do Cuanhama, região que deixara ainda cachorra para vir para a casa do avô. Os olhos de um amarelo brilhante pareciam dois focos quando algo fora de comum prendia a sua atenção, formando-se simultaneamente um remoinho eriçado no pelo do dorso.  Aquela raça conhecida como Leões da Rodésia estava bem patente na possante cadela e era visível a razão porque eram conotados com o rei da floresta. A Leoa da Rodésia do meu avô era um exemplar digno do seu nome. Foi baptizada com o nome de Donguena pois nascera numa chitaca que o velhote possuía nessas terras situadas entre o Humbe e o Caluéque, vindo parar ao Lubango juntamente com uma manada de gado gentio destinado ao abate, e transportada a pé desde o longínquo Cuanhama até ao planalto da Huíla durante três longos meses.  

 De manhã cedo após acompanhar o meu avô até à moagem do outro lado da rua imitando-lhe o andar e escoltando-o fielmente até à porta do escritório regressava ao pátio interior da casa onde vivíamos, aguardando a minha ordem para partirmos rua abaixo em direcção à serra que vigiava o ainda pequeno povoado do Lubango. Para lá do Mucufi começava o mato e raras eram as casas que por ali existiam. Calcorreava os carreiros abertos pelo contínuo e rotineiro caminhar das populações que vinham das faldas da serra trabalhar e que cruzavam connosco olhando temerosos a Donguena. Não manifestava qualquer agressividade fora dos seus domínios, com excepção feita a qualquer rafeiro que se aproximasse demasiado, o que raramente acontecia. Quando o sol mais a pino me obrigava a regressar a casa e a hora do almoço assim o exigia, a Donguena depois de me deixar em segurança atravessava de novo a rua para acompanhar o meu avô de regresso, que fazia o seu intervalo para as sopas do meio-dia.  Durante a noite a cadela patrulhava a casa e a moagem mantendo à distância com o seu aspecto feroz os amigos do alheio. Quando chegou a idade de ir para a primária, os passeios matinais pelos arredores acabaram e a Donguena começou a escoltar-me fielmente até ao portão da escola e à hora da saída lá estava ela aguardando o toque da sineta para me acompanhar alegremente até casa.

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Um dia de manhã o meu avô deparou com um dos seus empregados com uma perna totalmente dilacerada contorcendo-se de dores à porta do escritório. Não teve dificuldade em se certificar que a Donguena tinha sido a autora da agressão. Dois meses mais tarde um novo incidente determinou o destino da cadela, o reenvio para a chitaca onde pela primeira vez vira a luz do dia. De nada valeram os meus soluços e súplicas, pois o avô quando tomava decisões nada nem ninguém o conseguia demover. Assim no princípio de Setembro de l950 a minha companheira amarrada na carroçaria de um camião lá partiu em direcção ao Cuanhama, perante o meu olhar nublado de lágrimas e um soluçar convulso.  O seu olhar mesclado de ternura e tristeza acompanhou-me nos meses seguintes e os passeios pelo mato perderam o encantamento, sem a companhia da Donguena. Quando alguém pensou em colmatar a minha perda com a oferta de um outro animal, recusei peremptoriamente. Umas semanas mais tarde o primeiro empregado agredido pela Leoa da Rodésia acabou por ser preso ao tentar assaltar uma casa isolada nos arredores. Tentaram ocultar-me o acontecido mas inadvertidamente escutei uma conversa entre os meus avós e fiquei inteirado da injustiça cometida com a Donguena.

Dezembro chegou ao planalto acompanhado de um calor razoável e algumas chuvadas que pintaram a Chela de verde. Os rubros cardeais sobressaiam nos canaviais dos charcos, engalanados com a nova roupagem e tecendo os seus ninhos numa azáfama chilreante. Os prados cobertos de malmequeres brancos e arroxeados ondulavam o seu colorido até às faldas da serra, e as espinheiras perdiam a sua tonalidade acastanhada e verdejavam a paisagem. Alguns arbustos pintalgados com sementes vermelhas iriam substituir os tradicionais pinheiros de natal, raros naquela região. O Mucufi alargara o seu leito emprenhado pelas abundantes e cristalinas águas que despencavam da serra em saltos de cascata, e corria veloz em direcção ao Cuanhama para onde a minha amiga Donguena havia sido deportada tão injustamente. A Huíla ganhava vida engalanando-se para o nascimento do menino Jesus naquele imenso presépio encastoado no planalto. A cordialidade entre as gentes aumentava com cumprimentos efusivos e votos de boas festas. Eu era questionado vezes sem conta sobre as minhas preces ao Pai Natal e o que desejava que ele me trouxesse. Para mim não poderia haver melhor prenda que o regresso da minha companheira de passeios mas abstinha-me de fazer esse pedido, substituindo-o por carrinhos de lata, pistolas de fulminantes e cinturão de cowboy, os raros brinquedos que em conjunto com as bonecas de celulóide eram o espólio do humilde comércio desses anos.

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A noite de Natal finalmente chegou com toda a família e não só reunida na casa do meu avô. Homem hospitaleiro que convidava e recebia toda a gente indiscriminadamente, não esquecendo aqueles que vindos do Portugal longínquo em busca da terra prometida haviam deixado para trás mulher e filhos até conseguirem a estabilidade financeira necessária para os mandar vir. Foi uma azáfama na cozinha, onde eu fiquei pespegado à espera dos alguidares onde se batiam os bolos, para lhes rapar o fundo à dedada. A missa do galo foi rezada na recente sé catedral, com cânticos e ladainha e durou aproximadamente duas horas, o que foi um martírio para os meus pés enfiados em horrorosos sapatos de verniz. Acabada a liturgia, houve lugar a uma passeata ao maravilhoso presépio edificado pelos mais devotos junto ao altar, onde o menino Jesus de louça foi osculado na anca roliça por todos os crentes. Em casa a mesa estava posta com tudo o que era bom para dar lugar à tradicional ceia. Depois de me empanturrar com pingos de tocha, castanhas de ovos e demais iguarias foi-me sugerida colocação de um sapato ao canto da sala e a retirada para o quarto devido ao avançado da hora.
 
Foi uma noite curta, em que dormi à pressa na ânsia de ver os presentes pela manhã. O sol já havia despontado quando me levantei e corri para o lugar onde tinha deixado o sapato. Meia dúzia de carros de lata coloridos, carros de corda como eram conhecidos, onde sobressaía uma chave igual à que abria as latas de sardinhas, um cinturão negro com uma enorme fivela de latão e apliques em metal prateado, dois magníficos revolveres e uma estrela de Xerife e mais umas tantas bugigangas deixaram-me extasiado. O Menino Jesus afinal não se esquecera de mim e atendera a quase todos os meus pedidos. Sem querer acordar toda a família, peguei no cinturão e nos revólveres e abri a porta que dava para o pátio interior da casa do avô. Foi então que as patas dela assentaram no meu peito fazendo-me recuar dois passos para o interior da sala e a língua áspera percorreu-me o rosto e as orelhas provocando-me arrepios de prazer e deixando-me todo lambuzado. A minha Donguena ali estava escanzelada e suja, havia percorrido cerca de quatrocentos quilómetros até ao Lubango e agora latia de contentamento, sem rancores nem queixas. Larguei as prendas e chorei de contentamento com a cabeça encostada ao seu pelo fulvo, eriçado no dorso num remoinho de dedicação e ternura. Desde esse dia nunca mais duvidei da existência do Menino Jesus e do Pai Natal.

Reis Vissapa

As opções do

Soba T´Chingange



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Sábado, 21 de Dezembro de 2013
MONANGAMBA . VIII

PRECEITOS MODERNOS . NADISMO

 FILOSOFIA PARA O SÉCULO XXI -2ª de 4 Partes

Monótona é a vida do perneta; andar sempre no mesmo pé.

As escolhas do Kimbolagoa 

Diogenes preguiçoso Como todo bom Capadócio, Preguiçurio nunca foi lá dos mais chegados a pegar no pesado. Tendo entrado em contacto com a filosofia de Epicuro, Preguiçurio concluiu que, sendo o trabalho a principal fonte de sofrimentos e angústias da sua vida, era preciso elimina-lo completamente para assim alcançar o estado de paz e tranquilidade postulado pelo epicurismo. Nascia assim o embrião do Nadismo. Discute-se sobre a profundidade das reflexões de Preguiçúrio, ou mesmo sobre a real extensão de seu sistema filosófico.

 A questão é que temos conhecimento do pensamento preguiçurista apenas através de fontes indirectas, visto que Preguiçúrio jamais quis ter o trabalho de registar seus aforismos por escrito. Divino! Sabem como é, … ia dar trabalho! O termo Nadismo, no entanto, surgiu apenas na Roma Imperial. A elite romana era bem conhecida por sua vagabundagem e ociosidade explícitas. As ideias preguiçuristas encontraram aí amplo e fértil terreno, tendo entrado em voga por volta do séc. II a.C.

 

 Aqui surge o nome de Inútius Maximus, conhecido poeta, músico, “porra-louca” e posteriormente filósofo. Inútius desenvolveu ainda mais os pressupostos do preguiçurismo, e concluiu que não só o trabalho, mas toda e qualquer actividade que demande esforço físico ou intelectual era prejudicial ao bem-estar do indivíduo. Batizou então sua nova corrente filosófica de Nadismo (Nulluslismus no original), a qual se espalhou por todo o império romano. Mas não com muita velocidade, pois que, obviamente, correr cansa. O Nadismo tornou-se muito popular, sobretudo entre os magistrados do Senado Romano, o que acabou por garantir a Inútius a tranquilidade e liberdade necessárias para dedicar-se ao desenvolvimento mais aprofundado de suas ideias (fato que não ocorreu, é claro, pois Inútius estava sempre ocupado demais praticando o Nadismo).

Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo - (por vezes pejorativo).

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:21
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Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2013
KIANDA . XLVII

DESANOITECI EM ZANZIBAR - XII

Verdade ficcionada

Por

T´Chingange

 Decorreram três meses e, a meu pedido, Mustafá Joshua Naili veio visitar-me. Fui recebê-lo ao cais, fim de tarde e, lentamente viemos até à casa grande trocando lisuras diplomáticas; foi na ampla varanda de sempre que Charllôtte nos serviu os saborosos chás de menta e caxinde com uns biscoitos de sementes variadas envoltas em cacau aveludado. E, falamos longamente sobre os valores da roça Boyoma, um estica-encolhe, conforme mandam as regras de comércio muçulmano na busca do preço justo para um e farto para o comprador; não se pode brincar neste ajuizamento de valores monetários porque os códigos de honra dum mustafá não podem ser lançados ao vento. E, lá consumamos o negócio.

 A venda da roça só foi consumada após ter recebido um recado vindo de Lândana da parte dum senhor chamado Tiaba da Costa, um natural do Massabi que naquela altura era muito próximo aos portugueses. Capitão de 2ª Linha, estava equipado com armamento e homens trazidos de angola para combater o Rei do Dinge, Mue Nyema. Tiaba da Costa, promovido a representante dos assuntos de Portugal solicitou-me apoio na gestão do território em assuntos agrícolas. N´Zau Tati Bumelambuto já tinha dado referências minhas a seus patrícios e agora, só me restava trespassar a roça ao Mustafá. Comigo, iriam Charllôtte a mucamba servil e N´Zau Tati Bumelambuto, em verdade, o grande promotor desta operação.

 A idade, cada vez mais, na palidez do tempo, ia ficando indiferente ao olhar de tudo aquilo adquirido com esforço; por outro lado era já sabedor que o mundo tinha um profundo desprezo por aqueles que já não esperavam nada dos outros, nem de si próprios. Era a altura certa para curtir os anos de velhice, repotrear-me na beira-mar, encharcar-me de iodo matinal e entumecer-me com vinho virgem do puto, ou espumante francês acompanhado com leitão no forno; falar coisas só por falar com os amigos, coisas bestialógicas, indiferente às porcarias do mundo. Como superintendente de Portugal nos assuntos agrícolas e madeireiro de Cabinda, teria tempo avondo para deitar conversa fora.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



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Quinta-feira, 19 de Dezembro de 2013
MALAMBAS . XIII
O PROVEITO DO DINHEIRO – Dinheiro a mais faz mal !
Por Jose Matias José Matias - Johannesburg

REFLEXÃO: - QUEM AMA O DINHEIRO NUNCA SE FARTARÁ DE DINHEIRO, QUEM AMA A ABUNDÂNCIA, NUNCA TEM ESSA VANTAGEM

Se numa província vês o pobre oprimido e o direito e a justiça violados, não te surpreendas: quem está no alto tem outro mais alto que o vigia, e sobre ambos há outros mais altos ainda.O proveito da terra pertence a todos; um governante se beneficia da agricultura. E isso também é vaidade. Onde aumentam os bens, aumentam aqueles que os devoram; que vantagem tem o dono, a não ser ficar olhando? Coma muito ou coma pouco, o sono do operário é gostoso; mas o rico saciado nem consegue adormecer.

Há um mal doloroso que vejo debaixo do sol: riquezas que o dono acumula para a sua própria DESGRAÇA. Num mau negócio ele perde as suas riquezas e, se gerou um filho, este fica de mãos vazias. Como saiu do ventre materno, assim voltará nu como veio; nada retirou do seu trabalho para o poder levar nas mãos. Isso também é mal doloroso: ele vai-se embora assim como veio; e que proveito tirou de tanto trabalho?.... APENAS VENTO. Consome seus dias todos nas TREVAS, em muitos desgostos, DOENÇAS e IRRITAÇÃO. Eis o que observo: o que melhor convém ao homem é comer e beber, encontrando a felicidade em todo o trabalho que faz debaixo do sol, durante os dias da vida que Deus lhe concede. É pois, esta a sua porção.

Todo o homem a quem Deus concede riquezas e recursos que o tornam capazes de se sustentar, de receber a sua porção e desfrutar do trabalho, isto é um DOM de DEUS.Ele não se lembrará muito dos dias que viveu, pois DEUS OCUPA SEU CORAÇÃO DE ALEGRIA. E COM ISTO RESTA DIZER: A INSÓNIA POR CAUSA DA RIQUEZA CONSOME A CARNE, A SUA PREOCUPAÇÃO AFUGUENTA O SONO. AS PREOCUPAÇÕES DO DIA NÃO O DEIXAM DORMIR, DOENÇA GRAVE AFASTA O SONO. FELIZ POIS O RICO QUE FOI ENCONTRADO IRREPREENCIVEL E QUE NÃO CORREU ATRÁS DO OURO. SEUS BENS SERÃO CONSOLIDADOS. A RIQUEZADE UM HOMEM NÃO DEPENDE DE MUITO AJUNTAR, MAS SIM DE TER O CONHECIMENTO E O ENTENDIMENTO, AO ADQUIRIR A SABEDORIA QUE DEUS DÁ AOS QUE O PROCURAM. " POIS, NEM SÓ DO PÃO O HOMEM VIVERÁ, MAS SIM DA PALAVRA QUE PROCEDE DA BOCA DE DEUS."

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:46
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Quarta-feira, 18 de Dezembro de 2013
KWANGIADES . XIII

MÚKUAS COM CAZUMBI! Versos prensados em texto

Por

José Santos - Impregnado de paludismo duma especial estirpe kaluanda, Zeca colecciona n´zimbos das areias dum chamado de Rio Seco.

NGANA NZAMBI!  NGA! SAKIDILÁ! 

 Depois, todos voamos naquela nave fenomenal, por aquela travessia carregada de lágrimas - dimatekenu…, olhando uns para outros, depois naquele despejo sobrenatural, que espantou os Mundele-iamala do cais do mundo “civilizado”… Oh! O pisar aquele chão na estação de Outono/Inverno, foi para muitos momento de grande desolação, de inferno…, que marcou a vida de muitos, no indesejado desterro, no vazio e como recomeçar a vida do zero marcado pelo ferro… Para os mais idosos…, o resultado foi o seu falecimento, porque foi insuportável deixarem a vida em Angola, esse sentimento erguido com esforço, com orgulho, com muita paixão porque muitos investiam no engrandecimento naquele chão…

 Feito no abraço, cada vez mais aberto dado ao angolano, cada vez mais forte no desejo de mais união, mais integração…, que sussurrava cada vez mais – independência, essa aspiração, mas sem o pesar da cor, credo, riqueza, que relegam o ser humano. Para a maioria a terra era como um gigantesco embondeiro, carregado de múkuas, o mais amado, o mais hospitaleiro…, cujo fruto do seu trabalho tinha conta aberta na terra - Tropical, que um dia os acolheu com kandandu, ukamba, batuke… - Colonial. Porque no ganho, jamais lhes passou pela cabeça tal intenção em levá-lo, enviá-lo para a santa terrinha (puto), que era o contrário da prática desejada pelo Paço, como aquelas gigas de dinheiro que todos os anos contavam e davam jeitaço, rico mealheiro enviadas pelos conterrâneos e preferidos na Europa da Emigração…

 Ora em Angola, havia paixão, sentimento que ficavam cimento, porque a obra deixada está à vista de todos - Muconda uala Lusangelu, por toda a terra, feita num contexto colonial, feita por abnegados erguida naquela terra, como nenhuma África desse descobrimento; Inglesa, Francesa, belga…, apenas fez a capital e mais nada ergueu… Ora em Angola, esses “idosos” com meios próprios muito contribuíram para o aparecimento de muitas cidades, graças à paixão pela Angola, graças à água do Bengo que num tempo o feitiço (Cazumbi) deu-lhes a beber, muito benzeu…, num amor impar que brotou, fez cacimba, foi Makóiu sentido por milhares como sua terra e muita amada.

(Continua)

soba.jpg As ecolhas do

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:06
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Terça-feira, 17 de Dezembro de 2013
MUJIMBO . LVII

AFRICA DO SUL . Pós - Mandela

Por

 Isomar Pedro Gomes

Com a morte de Nelson Mandela, algumas coisas vão mudar seguramente no xadrez politico da África do Sul, como por exemplo a discussão e a aplicação da pena de morte, Madiba, opôs-se a tal com toda a energia da sua alma, ele era um ferrenho opositor, a pena capital. O povo Sul-africano, de todas as matizes, politica e racial, respeitaram com profunda veneração o ‘pensamento’ do pai da nação, muito embora muitas vozes se terem levantado para a reinstalação da pena de morte. Porem o pavoroso índice de criminalidade e a (aparente) fragilidade do sistema judicial, bem como a constatação do facto de que, a maioria dos criminosos enjaulados, são inegavelmente reincidentes (mais violentos) quando em liberdade, vai impulsionar, catapultar para a ribalta do “ecrã” nacional, tal discussão, e o endurecimento do sistema (judicial).

 O ícone, a bandeira da unidade do ANC foii a enterrar e provavelmente com ele, a “fortaleza” do partido, uma serie de “deserções” (ou, uma feroz disputa) vão provavelmente ter lugar, principalmente entre os históricos do ANC que não o fizeram por respeito ao ídolo do partido.   O ANC tem que moralizar-se em todos os aspectos, se quiser continuar a manter a hegemonia política nacional.   A gigantesca “vaia” que literalmente, ‘soterrou’ Zuma, no “FNB-stadium” não deixa de ser um aviso muito serio para a navegação.

 Os partidários de Julius Malema, antigo “boss” da todo-poderosa e influente juventude do ANC, foi ‘escorraçado’ das cerimónias fúnebres no Soweto, porem em declarações a imprensa os ‘tipos’ asseguram ser eles o garante dos ideais de Nelson Mandela, pois afirmam que o ANC à muito que se afastou de tal legado, “bem agora, vai começar a caça ao tesouro...” Porem, estou seguro que apesar de tudo, para a sociedade civil e não só, o legado de Madiba, vai manter-se aceso (qual farol) e vivo por muito, muito tempo, será indubitavelmente, um factor de estabilidade na pluralidade nacional Sul-africana.

Mugimbo: Boato; diz que diz.

As escolhas de

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:07
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Domingo, 15 de Dezembro de 2013
CAZUMBI . XXXIII

“O ESPÍRITO DA COISA” Feliz Natal

Por

 T´Chingange

Um dia e, antes de ser Soba, sonhei que era Conde; por tibieza, nunca passei ao papel tal desvario mas agora, longe daquele voluptuoso mundo inacessível desci à terra para reviver da natureza os ténues murmúrios suspirosos interrompidos pelo cacarejar da galinha dos ovos amarelos. Naquele fascínio de sonho estopado de preocupações, havia serviçais por todos os lados e um mordomo que após um sinal de estalar dedos, me suplantava em mando; o tilintar de cristais animavam conversas com damas e cavalheiros discutindo artes, política, ciência e paranormalidades.

 Fascinado de vida fidalga, via-me cercado de titulares milionários, muito luxo, muito dinheiro e homens de vestimentas bordadas colgando do peito medalhas de heroicidades. Entre preciosa mobília e resplandecentes candelabros circulava gente bonita a quem eu tratava por tu. Senhor Conde! E, vinha um e outro com sua dama conforme a etiqueta e, envoltos em folhos sedosos solicitavam-me atenção com alvíssaras de banqueiros ou capitalistas, desses que equilibram a terra com seus atentos estudos, engenharia financeira de nivelar o PIB (produto interno bruto) deste imenso globo; especialistas que faziam estatísticas, jogos cabalísticos desbaratando médias aritméticas ou geométricas justificando bem-estar do clero, da nobreza, dos de cima e de baixo garantindo a fome zero.

 Haveria que contentar esse formigueiro de pigmeus em constante movimento comercial. De todos os cantos do mundo chegavam mensagens de congratulação, cifradas, indecifráveis, criptográficas em código, via internet e facebook, g-mail e hot-mail, timbrados com ícones na forma de pererecas, sapos, jacarés e hipopótamos, um abuso no uso destes bichos.  Nos mais interessantes, os trenós voavam com renas, zebras e olongues tendo a um canto um pinheiro com flocos de neve e estrelas douradas e, no outro canto um irreconhecível senhor vestido de vermelho e branco, de gorro quente esvoaçando junto com a frase FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO.

CAZUMBI: Feitiço; pouca sorte; coisas de kazucuta (malabaristas, pais de santo e mwangolés); macumba obscura.

O Soba T´Chingange      



PUBLICADO POR kimbolagoa às 23:21
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A CHUVA E O BOM TEMPO . XL

SEGREDOS  – Sorte nas cartas

Por

 T´Chingange

Cedendo passivamente aos hábitos de existência contínua, intimamente fiel às tradições, tomo pelo nascer do sol uma xícara de café; ao longo do dia bebo outra e mais outra como vício de prazer. Hoje de novo, amolecendo as unhas nas águas do mar de esmeralda não pude deixar de escutar feitiços de macumba surripiados por segredos à margem de iemanjá. Com o vento a meu favor apurei o ouvido como de tísico e, creio que não perdi pitada da descrição que pinto aqui no quadro que se segue: Dias antes Zéldinha colava-se à bruxa para lhe arranjar um remédio que lhe restituísse o seu homem.

 A bruxa Josefa fechou-se com ela no quarto, acendeu velas, queimou ervas aromáticas, retirou sortes nas cartas; depois de várias cabrioladas, com reis, valetes e damas, resmungando a cada nova figura, saía do baralho uma cabalística frase pelo que, sem tirar os olhos das cartas, peremptoriamente afirmou: - Ele tem a cabeça virada por uma mulher galega! - Bem que me palpitava cá por dentro! Teria dito Zéldinha rematando: Aí, ai, o meu rico homem! Zéldinha fungando de aflita, limpando-se nas costas de sua mão, suplicou pelas alminhas que lhe remediasse tamanha desgraça. Ensine-me alguma coisa que me traga o Zarolho… sem ele, nem sei que será de mim neste mundo de Cristo! É um contracenso meter nestas embrulhadas o nome do salvador mas, foi o que ouvi.

 Josefa disse-lhe que tomasse banho todos os dias e desse a beber dessa água ao seu homem; que juntasse algumas gotas dessa água de cú-lavado no café da manhã. Fiquei apreensivo ao ouvir esta referência ao café, coisa de que eu tanto gosto e, acrescentou que se no final de algum tempo isso não desse certo, cortasse então um pouco dos seus cabelos do corpo, torrasse-os em uma noite de lua cheia e os reduzisse em pó para lhos dar misturados na comida. Sinceramente, o resto do dia andei de rosto carregado recordando façanhas antigas, de como a vida pode mudar por um fio, um cabelo, uma deglutição indevida, no antes, no após ou no entretanto da pândega. Passados agora muitos anos, azulando a vida sem sentença médica com pílulas transgénicas ou genéricas, segredamos à pulga atrás da orelha; a mesma indesejada companheira de tantos desvarios. E, num paraíso de gozo, acreditem ou não, acabamos fazendo as pazes.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:50
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Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2013
MALAMBAS . XII

FELIZ NATALO meu presépio

MALAMBA: É a palavra.

Por

soba.jpg T´Chingange

 Alucinado num turbilhão de grandezas com comendas de grã-cruz e crachás, reflexo dum mundo inatingível ou longínquo, vertiginosamente vindo do frio, passa um trenó com um pai natal de gorro vermelho, no casco lateral lia-se patrocinio da Coca Cola; em ondas de ceda da cor  do gelo árctico e rendas vermelhas salpicadas de pendentes pérolas, as renas fumaçam esforço em suas ventas. Ou-ou-ou e, lá vai esbracejando para os lados de Alcafache.

Desatrofiado da cobiça, abdico dos meus privilégios, sentimentos que nunca saíram de meus chinelos impregnados a chulé e minhas largachonas camisas com riscadas galinhas d´angola. Estupefeito em sentimento de gente, embrulho-me em três vinténs de musgo, palha de feno e carolos de milho vendo a estrela cadente no topo da capela da minha aldeia, Barbeita. Afagando o menino Jesus debruço-me na humilde manjedoura fazendo-lhe cosquinhas no dedo grande; esforço-me nisto mas, ele não ri.

 O bafo quente do burro apoquenta-me as orelhas que se deliciam com os balidos dos meus cordeiros. A vaca muge sem tugir enfeitando o presépio com suas sarapintadas manchas de vaca leiteira. Nossa senhora, Dona Micas, de manto azul, olha para o meu tio São José interrogando-se pela demora dos Reis Magos; Era o presépio da aldeia nas encostas frias do rio Dão, a Barbeita do tempo em que eu guardava cabras e ovelhas. Os pinheiros estavam nas encostas da serra da Estrela a completar a vastidão do mundo real; ao longe as luzes de Mangualde, Ceia, Nesprido. Folgozinho, Nelas e frio quanto baste. A todos os meus amigos e, evitando invejas, também aos meus inimigos, votos de UM FELIZ NATAL. A todos, ofereço murmúrios de brisa e ciciados beijos envoltos em celofane, um laçarote em pétalas de rosas e asas de pirilampo fosforescentes.

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:00
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Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2013
MONANGAMBA . VII

PRECEITOS MODERNOS . NADISMO FILOSOFIA PARA O SÉCULO XXI -1ª de 4 Partes

Monótona é a vida do perneta; andar sempre no mesmo pé.

As escolhas do Kimbolagoa

Em tempos bicudos e incertos, tais como os actuais, onde impera a obsolescência (fase final de um processo fisiológico) planeada das ideias, uma ponta de esperança brilha ao final do túnel – O Nadismo. Mas, o que é o Nadismo? Qual a sua origem? Seus pressupostos? Seus objectivos? Por detrás dessa teoria é interessante analisar seus fundamentos, pois vivemos numa sociedade do "time is money" e com isso entramos numa corrida frenética não dando um minuto a nós mesmos...há gente que não pára um minuto sequer, entra nesse stress e não consegue sair... É um tempo exclusivo para cada um de nós; como uma meditação sem a filosofia por detrás da mesma.

 

Nesta breve malamba de monangamba, você, entrará em contacto profundo com esta milenar escola da ausência do pensamento e entenderá porquê, dentre toda a panaceia de crenças, filosofias e mitos da contemporaneidade, somente o Nadismo possui as qualidades necessárias para conduzir a humanidade em direcção a um futuro glorioso e próspero. Mas afinal, o que é Nadismo? O Nadismo vai muito além de uma lata vazia de picles; versa sobre a vivência e a prática profunda e auto-consciente do nada dentro da existência humana.

 Entrando em contacto com as esferas mais fundamentais e cósmicas do ócio e da procrastinação, o homem é capaz de atingir elevados estados de inutilidade e displicência, que são, segundo o pensamento nadista, os objectivos finais de nossas passageiras existências. E, qual a origem do Nadismo? Suas raízes remontam aos primórdios da filosofia da Grécia antiga. Epicuro de Samos, foi o fundador do pensamento epicurista. Epicuro pregava uma vida simples e de prazeres moderados como o caminho para livrar o homem do sofrimento, do medo da morte e das angústias da vida. O que poucos sabem, no entanto, é que Epicuro teve entre seus seguidores o extraordinário Preguiçurio da Capadócia, de onde derivou a palavra preguiça.

 Álvaro Faria. Publicitário, designer gráfico, ilustrador e blogueiro megalomaníaco.

Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo - (por vezes pejorativo).

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 23:15
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MALAMBAS . XI

LUFADAS DE PEDRA ... A calçada da minha vida.

MALAMBA: É a palavra.

Por

 T´Chingange

Escrevo porque me dá prazer; faço paralelepípedos com meu lápis afeiçoando legados de lajedos, como se fosse a ponta de um picão. Usando escopro e maceta como em tempos meu pai fazia, retilinto as ferramentas cunhando letras e falas como pedras cantadas no compasso da pancada. Desvairado em uma actividade feroz, suores gotejados de insolação, espicaçados em ódio de luta de vingança, quebro, espicaço, torturo a pedra. Com um punhado de demónios na cabeça abro as entranhas de granito. Tenho lutado para que isto não me trespasse os limites admissíveis contornando as verdades, suavizando-as até retirando os ácidos corroentes e limando arestas mas, isto só funciona quando os ácaros de estibordo não produzem ferrugem.

 O mesmo ar que me oxigena a vida, traz também maleitas, glutonas partículas que penetram nos ossos esfarelando-os numa húmida e tristonha dor de amolecer os ânimos, uma descolorida sombra morna que tapa a vontade de estar bem. Num desafio surdo, cara a cara com um monstro de pedra, afronto o orgulho a golpes de picareta.

 

 Fosse a minha ferramenta movida por o pulso de um hércules, que decerto, valeria bem pelo toque de clarim alvorando um regimento. Envolto neste retinir a surgir do caos, com minhas malambas, pico na pedra o pão-nosso de cada dia. Por vezes, demasiadas vezes, soltam-se umas lascas, uns calhaus que para nada servem. De pedreiro a escultor, digo para mim mesmo: é uma dor do coração ter desperdiçado tanto lajedo só para fazer pequenos paralelepípedos na calçada da minha vida.   

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:58
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Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2013
PUTO . XLIII

PORTUGALTrabalho e pão na mesa

As escolhas do Kimbolagoa

Notícia publicada pelo JN. Este senhor, que muitos chamavam e ainda chamam de fascista ou de direitista perigoso, põe o dedo na ferida no sistema. Revela sensibilidade social e, sobretudo, clareza de análise.

O antigo presidente do CDS Adriano Moreira disse, sexta-feira, no Porto, que "o grande problema do povo português, neste momento, é trabalho e pão na mesa", algo que, acrescentou, tem a ver com a "dignidade humana". Adriano Moreira falava em Serralves, na primeira de dez conferências do ciclo "O Estado das Coisas/As Coisas do Estado", que contou ainda com o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira. Perante um auditório lotado, o que, no seu entender, significa que "a sociedade civil está em movimento, o também investigador realçou que Portugal desde sempre precisou de ter apoio externo", que começou logo com Afonso Henriques, quando este rei, recordou, "foi ter com o papa".

 Portugal é um país exíguo, que hoje vive "uma situação que se aproxima do protectorado", o que para Adriano Moreira devia levar-nos a "pensar na estrutura do Estado". "Portugal é um país submisso a decisões externas em que não participamos", afirmou, declarando-se "incomodado" por ver ministros portugueses "prestarem contas a três empregados" das instituições internacionais que fazem parte da troika. Adriano Moreira afirmou, por outro lado, que os "partidos precisam de se refundar", porque hoje "o mundo é outro", defendendo que a "sociedade civil precisa de participar realmente nas decisões do governo. Adriano Moreira referiu-se também ao "ataque que é feito ao princípio do Estado Social", sustentando que "atirar os princípios pela janela é a mesma coisa que atirar a esperança pela janela e a comunhão de afectos".

 "Se nós não salvaguardarmos a comunhão dos afectos vai ser muito difícil sairmos da crise. Rui Moreira concordou que Portugal está hoje "debaixo de tutela" estrangeira. "Não temos neste momento plena soberania", reforçou o autarca portuense. Rui Moreira alertou, contudo, para o risco do país se deixar seduzir por uma "tentação populista e demagógica" e para os problemas relacionados com a "democracia directa" que, a seu ver, levam inevitavelmente a uma redução das liberdades e das garantias. Comissariado por Paulo Cunha e Silva, que foi programador do Porto 2001 Capital Europeia da Cultura e é o actual vereador da Cultura da Câmara do Porto, o ciclo "O Estado das Coisas/As Coisas do Estado" conta com um painel de nomes conhecidos, nomeadamente do espectro político-partidário: António Costa, António Lobo Xavier, José Gil, Miguel Cadilhe, Maria de Lurdes Rodrigues, Pacheco Pereira e os ministros António Pires de Lima, José Pedro Aguiar-Branco, Miguel Poiares Maduro e Paulo Portas são alguns dos conferencistas anunciados. O ciclo realiza-se no auditório da Fundação de Serralves e termina a 27 de Fevereiro de 2014.

Tony Melo Gentileza: TONY MELO

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:32
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Terça-feira, 10 de Dezembro de 2013
XICULULU . XL

DOIS DEDOS DE PALESTRA . Cantada de moqueca . I

  T´Chingange

Xicululu: - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo, cobiça

Hoje mesmo, estava eu alisando as unhas na água do mar do nordeste Brasileiro quando ao meu lado se senta alguém com a confiança de quem me conhece há muitos anos saudando-me em castelhano com um claro buenos dias. Surpreendeu-me ver aquele velho de barbas brancas, de peles chupadas olhando o infinito azul; de perfil não me apercebi logo de quem era porque surgiu-me falando castelhano mas, foi quando se virou para mim que suspirei de alegria. Estava ali meu muito velho amigo Januário Pieter, a kianda que me consola, estimula e me presta acessoria nas coisas duvidosas, inexplicáveis e mistérios do passado. Passei o meu braço por cima dele, afaguei-lhe o rosto quase mumificado e disse: que bom te ter aqui, velho amigo.

 Vim por aqui para te aquietar de preocupações do passado e que te atormentam sem encontrares respostas aos teus porquês. Assim era, ginasticando a água em saltos suaves, mais uma vez matutava de como teria sido a vida de meu avô materno António Loureiro quando decidiu vencer a vida neste mundão do Brasil tendo regressado tísico e pobre lá pelos anos de 1930 numa antiga ressecção mundial; só soube que tinha deixado duas filhas algures para ser acudido aos cuidados de minha avó Topeta nas encostas do rio Dão. Recordo-me de seu bigode preto retorcido, cabelo escorrido, olhos pretos e grandes, alto e magro, usando sempre um chapéu de feltro negro com uma cinta listada em tons cinza.   

Depois dos cumprimentos e novidades mais salientes disse que me ia submeter a um hipnotismo crepuscular e que nesse sonho voado poderia ver com meus olhos uma das cenas de meu avô quando era caixeiro na venda de um cortiço local. Não dei conta de me ter deitado e surgi num repente de tempo amarelado, lá pelos anos de 1936 flutuando no canto duma venda algures no Rio de Janeiro. Meu avô, detrás do balcão dava dois dedos de palestra poética a Mariquinhas após ter cortado a friagem da manha com um café regado a cachaça. Foi aqui e desta forma que António Loureiro, meu avô deu inicio à cantada de moqueca, uma intenção poética de sertanejo desprendendo seus amores infelizes; ele não a cantava, comia-a com seus olhares enquanto suas mãos tacteavam as saliências de Mariquinhas, quando na falta de fregueses; este meu avô!? 

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:42
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Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2013
MONANGAMBA . V

PRECEITOS DIVINOS açorda de poejo

Por

 T´Chingange

 Perseguindo-me como uma sombra cheia de silêncios num trabalho misterioso e surdo de crisálida, verifico em mim uma transformação de lepidóptero lenta, dia a dia; meus costumes e sequentes sentidos mesmo antes de me tornar borboleta desvanecem-se nos sonhos de ambição, idealismo de nova e picante felicidade, directo, liberal, franco e até imprevidente quanto baste. Adquirindo gostos novos transformo desejos em prazeres resignando-me à preguiça, rendido às imposições do sol e do calor, eternamente revoltado com a pátria lá longe, entrincheirada de políticos aventureiros, gulosos gestores de suas ânsias, suas desmedidas ambições.

 Nos meus singelos hábitos de cidadão do mundo, angolano ou português, abrasileirei-me substituindo o vinho pela cerveja. A revolução foi-se completando substituindo a broa por farinha de mandioca, o bacalhau com batatas e couve lombarda por tambaqui acompanhado de mandioca ou batata-doce; Coelho ao caçador por carne de charque ou carne seca acompanhada por mandioca, macaxeira como dizem aqui; amêijoas ou condelipas de Lagos com carne á alentejana por sururu ou massunim com molho de coco, da galinha à cafreal por galeto ou pato ao molho pardo.

  Do caldo verde ou açorda de poejo por caldinho de feijão preto e a moqueca de camarão ou o acarajé da tia Zita, peixada de cebolada e o feijão ao tropeiro com pirão ou as coxinhas de galinha compradas avulso na praia. E, temos o maxixe, o jiló o quiabo, o pimentão-doce a completar a salada vinagreta. Os sucos de caju, abacaxi com mel, graviola (sape-sape), banana assada e beringela envolta em queijo de coalho, da água de coco frio e amendoim cosido. A terminar, o café santa clara à mistura com o maratá embebe o casarão num aroma de aliciar viciados. Vencido às imposições do sol, espantando o caruncho, estabeleço parcerias com o cupim sem nunca me aventurar a virar mopane ou borboleta. Encasulado!

Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo - (por vezes pejorativo).

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:43
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Domingo, 8 de Dezembro de 2013
KIANDA . XLVI

DESANOITECI EM ZANZIBAR - XI

Verdade ficcionada

Por

 T´Chingange

A azáfama da roça de Boyoma andava por si só; o negócio prosperava tanto no tocante ao cacau como à salga de peixe mas, a intensa humidade da região de Kisangani tolhia-me a velhice não obstante tomar com rigor as mezinhas do kimbanda Good Lukuga. O peso dos anos na gratificante tarefa de missionário e empresário, sem um familiar próximo nem meios de moderna medicina para exterminar coisas ulcerosas e reumáticas, levava-me a considerar a venda deste meu legado. Mustafá Joshua Naili, subtilmente, tocou-me no assunto perante as minhas taciturnas palavras de ânsia ressacada quando da sua ultima visita. 

 Naquela luxúria de sultão, amiudadamente recordava os tempos passados na cidade de Mji Mkongwe na ilha de Zanzibar, terras de brasas de entontecer a alma e, era isto que me bebia as lágrimas medrosas transtornando-me as fases de humor; daquele aroma de mestiça de beira-mar de graça irresistível, simples e primitiva, toda feita de pecados com muito de serpente e de mulher quando se enroscava em mim. Faltava-me aqui esse grosso prazer bamboleando-me a sofreguidão de gozo carnal de fazer tremer o pensamento. N´Zau Tati Bumelambuto garantiu-me poder encontrar isto em sua terra natal na foz do rio Chiloango chamada de Lândana.

Pensando seriamente dizia para mim mesmo que era agora a altura de gozar meus proventos em terras civilizadas, sair deste primitivo fim de mundo. Cabinda não me saia da ideia após ter conversado longamente com N´Zau Tati que adiantou ser filho de Tali-e-Tali, Príncipe Regente do Reino de Kakongo que no morro de Chifuma e com outros chefes, tinha assinado um acordo com Portugal em Setembro de 1883 com Guilherme Augusto de Brito Capelo. Este, era um oficial da marinha em representação de Portugal, garantindo-lhes protecção por parte de Portugal. Em toda a conversa que tive com N´Zau Tati, o que mais me prendeu, foi a de haver ali melhores condições de terras para cultivar cacau e que seu pai decerto veria com bons olhos entrar em negociações para usar as terras de Buco-Zau.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:31
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Sábado, 7 de Dezembro de 2013
CAFUFUTILA . XLIX

"NELSOM MANDELA"Morreu o Senhor de Howick, KwaZulu-Natal

Por

 soba.jpg    T´Chingange

Por alturas do Mundial-2010 de futebol na África do Sul e estando eu por lá, escrevi assim: “A humanidade, realiza-se independentemente da cor, credo ou partido. Na história dos tempos, a verdade atravessa o globo com a força dum grande raio; a África do Sul não vai ficar à margem desse raio. Rezo para que a mudança de atitudes seja dócil como as águas mansas do Orange que indiferente, corre barrento pelo Kalahári. O multiculturalismo na sua retórica de “respeito às diferenças”, do culto nas “escolas de ressentimento” poderão contribuir para uma mudança social em modos pacíficos mudando conceitos de estar (…) mas, desgostou-me ver altos muros com cercas eléctricas acantonando gentes em “farmes e plotes” cerceando a aproximação que se deseja.

 Agora que Nelson Mandela ultimou seu destino para parte incerta nas montanhas do sua Howick relembro aqui as preocupações que se amontoam como pedras à semelhança dos muitos sítios fúnebres ao longo das encostas do seu KwaZulu por onde andei. Na Ilha de Robben, Mandela elaborou a Carta da Liberdade após 27 ano de cativeiro mas ela não está em vigor na perfeição; na ânsia em tomarem o poder, foram defraudados consabidamente. A liderança do ANC reconhece ter sido manipulada nas negociações económicas e cada vez que um oficial de topo do ANC diz algo que indique honrar a Carta da Liberdade o mercado responde com um “choque” fazendo o Rand cair em queda livre. Fracamente, não me parece desejável que surjam uns quantos Mugabes a querer tudo e a qualquer preço para os negros como sucede no Zimbabwé. Madiba, exemplo para o mundo, paz à tua alma.

 

 O recente monumento de Nelson Mandela, situado em Howick, um carminho rural, o lugar exacto aonde Mandela foi preso há 50 anos, por sua luta  contra a dominação dos brancos.

Obama, com a morte de Madiba, pediu a bandeira a meia haste ao mundo inteiro. Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. As élites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano" à semelhança do que se passa em Angola, no Zimbabwe, nos Camarões ou mesmo Moçambique. Se Obama fosse africano, não teria espaço para fazer campanha; ser-Ihe-ia feita a “folha” ou, seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente e ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os mwangolés de África não toleram opositores, não toleram a democracia, não seguem a sábia herança de madiba. O mesmo irmão negro que hoje é saudado como presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos brancos, de outra bandeira ou mesmo de nenhuma. Faço votos para que isto não suceda na África de Madiba.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:21
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Sexta-feira, 6 de Dezembro de 2013
MALAMBAS . X

APOSENTAÇÃO ... dez reis de dinheiro

Por

 T´Chingange

Com um resignado olhar de cobiça com domingos e dias santos consumidos a esmo, dou-me conta que os dez reis de dinheiro que recebo da aposentação não dá para mandar cantar um cego após quarenta anos de desconto para a previdência social; limitei-me no consumo de cerveja porque já custa os olhos da cara, um mal menor adicionado ao controlo de tolerância zero que me leva a maior formalidades de medo às bulas de trânsito. No agrado de ficar forro desses arbítrios estatais de medidas migadas no roubo legal aos pecúlios alheios, afastei-me até do cheiro de cachaça, do bagaço e medronho.

Ontem, tendo ido a casa de um amigo, refastelei meus olhos em um baú de couro cru tachado; situado ao lado de um oratório cheio de santos e, tendo por detrás uma parede lisa forrada a papel imitando azulejos pombalinos tal como nas casas solarengas de gente com eira e beira e pomba do Espírito Santo nos cunhais ou cumeadas, aproveitei solicitar a Santo António por rogo, interceder por nossos abafados choros.  

 E, lá estavam o Santo António, Nossa Senhora de Lurdes, nossa Senhora de Fátima, São Jorge e São Gabriel, Nossa Senhora da Aparecida e até o padre Cícero excomungado em tempos idos por um bispo cleptómano de Fortaleza no Ceará. Eu, que nunca vivi em refolhos de muquifo, nem vivi de fretes de avio em venda sem delírios de possuir riqueza, vejo-me agora estropado e, como uma besta restringir-me a quatro paredes por via de roubo ao meu já escasso recurso dado em tempo ao meu fiel depositário, o governo de Portugal.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:59
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Quinta-feira, 5 de Dezembro de 2013
A CHUVA E O BOM TEMPO . XXXIX

RETRATO COLORIDONavegar na memória

Por

   T´Chingange

Acidentado pelas distorções sociais jogo à cabra-cega com as inverdades que por vezes me levam ao recurso de inventar personagens; até já acho normal, que nas cenas vividas ou imaginadas em escrita, estas se fundam umas nas outras. Confio que as estrelinhas de perlimpimpim se encarreguem de salpicar os relatos credíveis sem me distanciar dos factos. Fique claro que não sou eu que me distancio deles; eles, é que se afastam de mim. Ancorando as lembranças em fragmentos de estórias despojadas de protecção, batem agora recriadas à minha porta. Inventariando ilusões, surpreende-me a natureza selectiva da memória custando-me até reconhecer-me nos vários trechos descritos, porque vivi, ou acreditei tê-los vivido.

 Foram épocas em que as vertigens dignas de registo, me dão a conhecer o receio de estar perdendo bocadinhos de meu juízo. Nada do que eu possa dizer hoje aqui, vos vai distrair das novidades que despontam em vossas brisas e, não posso rezar por quem quer que seja porque há anos que não visito uma igreja. Distraídos com a agitação em nosso redor, esquecemo-nos de ler o menu de preâmbulos das coisas simples que nos fazem bem à alma, das genuínas emoções que vale a pena enfrentar na companhia de um amigo e um cheiroso café.  

 Deus oferece-nos dádivas quando menos esperamos dando-nos singelos presentes na forma de fragmentos do nosso passado. E, nem sempre pela fresta de nossa janela se ouve o sino ou os corais gregorianos da igreja próxima. A história de alguém, não depende do toque de um sino nem tampouco da contagem de seus erros ou acertos e, muito menos da confissão a um qualquer pároco. Em meus dias de rotina surgem-me relâmpagos de claridade sem me surpreender ou defraudar pensar que, agora já não consigo equiparar-me ao tempo das cem maneiras diferentes de se fazer sexo sem amor.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:10
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Quarta-feira, 4 de Dezembro de 2013
KWANGIADES . XII

UNDENGE AMI MU MOAMBA! Versos avulso prensados em texto

Por 

José Santos - Impregnado de paludismo duma especial estirpe kaluanda, Zeca colecciona n´zimbos das areias dum chamado de Rio Seco.

NGANA NZAMBI!  NGA! SAKIRILÁ!  

Desse tempo colonial – kisakidilu, jamais esquecerei a minha matriz, o que com ela ali vivi num tempo maravilhoso e abençoado como não há outro igual, kiximanu ami. Por muito que a minha vida naquele kitují, tenha berridando kiavulu do carro do fumo, tenha voado no koiilo num tempo perdida, tenha desembarcado no granito do putu. No solo do mundele conquistador lusitano, logo marcado pela palavra degradante, depois rodeado de desilusões no lugar estranho, feito de sacrifícios, de busca incessante… Reerguendo loando a loando a kubata do muenhu que muito demourou a trazer algumas compensações…, jamais serei ingrato em esconder que sentia Kibabu de facto naquela vivência angolana desse tempo colonial.


Afinal, foi igual à de muitas famílias ali reunidas, constituídas, criando os seus mona, com dificuldades, com cuidados extremos ou não, mas, tudo feito numa moamba de uakidi paixão…  A minha tristeza vai para muitos, que esqueceram bem ao longe na diáspora ou não, o tempo na Mazanga andando com o baleizão na mão…, pois muitos esqueceram o dimatekenu ê…, um principio mal vestidos e famintos… Já são trinta e oito anos de ausência, mas continuo igual e a divulgar a minha paixão, que é retirada sem maldade, o muxima kulendukilaku ami, com muita alegria, com sentimento e sem maledicência…

Para muitos, a palavra saudade, perdida no ar, voava/voa num colo de uma grande tristeza, sem rumo de recuperação…, hoje é amarga certeza, porque lá, jamais imaginamos envelhecer neste lugar… Estar/estarmos longe do lugar de infância,  da mocidade…,do trabalho que já trilhava na Mazanga…, sentir no rosto dos kotas a perda da sua vida tão desfeita, para muitos funcionava, funciona ainda como um travão, que é doloroso sentir estar/amos afastados dessa vivência… Como foi o nosso caso nesse “êxodo” de má recordação em que todos fomos afastados por aquele safanão dado pelo carro do fumo, que despejou veneno no chão, que intoxicou-nos , encurralou de medo o nosso coração…

(Continua…)

 

GLOSSÁRIO:
Dibanda – fortuna; Dimatekenu – início, começo…; Kandandu/Ndandu – abraços/o; Kianda – sereia; Kiavulu – muito; Kibabu – afago; Kitují – Outubro; Kisakidilu – agradecimento; Kiximanu ami – minha homenagem; Koiilo – Céu; Kulendukilaku – humilde; Makóiu - bênção; Malembelembe – muito devagar, com cautela; Mazanga –cidade; Mindele-iamala – homens importantes; Mukonda uala Lusangelu – porque é aparentação…; Múkua –fruto do embondeiro; Muenhu – vida; Mundele – branco; Mona – filhos (pequenos); Mutu – pessoa (eu); Mutu malembelembe ku abuama bué camuelo o kusaka uembu – pessoa caminha devagar, com cautela espantando invejosos, o que não é generoso, peneirando concórdia…; Nga! Sakirilá! - Obrigado!; Ngana, NZambi – Senhor, Deus; Uakidi - verdadeiro/a; Ukamba - amizade


soba.jpg As ecolhas do

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:17
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Terça-feira, 3 de Dezembro de 2013
MOKANDA DO SOBA . XLI

“LEI DA RELATIVIDADE” -  Com sorte, safas-te!

Por

soba.jpg  T´Chingange  

Em minhas estórias, tenho prometido sensações na forma de vertigens de estimular gente comum em heróis e, não raro saio das margens do meu juízo descrevendo coisas que não fazem parte de meus registos; uma coisa de esmiuçar imprecisos detalhes, acocorando-os depois em lembranças reais. Distanciando-me dos factos, sacudo a tentação de reinventar mais e mais patranhas, para remendar ilusões inchadas. Esta releitura aos meus artigos de lá-para-trás interrompe-me a frequência, que tento evitar a todo o custo, para não me transformar em um fardo rançoso.

     Cabe em medida de psicólogo identificar e analisar o porquê, ou mania de determinadas obsessões e a razão ou mistérios de fazer sucumbir desejos deliciosos em textos de leve aroma, ou censurada vaidade. Não me privo de renumerar sensações ocultas de encantamento, por ter sido abençoado por razoável dose de imaginação, legando como herança travessuras e, até dando salvo-conduto a fantasmas, sem lhes franquear o acesso ao meu passado apetrechado de bugigangas, crucifixos ou sudários; fantasmas com polainas de zuarte em suas botas cardadas e peitos camuflados com granadas de estoirar e, metralhadoras de tambor para matar.

 Recordo-me da estória de uma professora que levou toda a aula falando da necessidade de se ser higiénico, de lavar o corpo, as coisas que nos cercam e, dos maus hábitos a serem mudados, relembrando sempre o perigo de não se cumprir com rigor tais práticas. No final da aula esta professora perguntou a um aluno o que ele achava da higiene ao que obteve a seguinte resposta: Sra professora, a higiene é uma coisa muito perigosa. Fiquei a saber também que em determinado hospital, aplicaram tanto fenol para matar os germes daquele espaço que o pobre homem em cuidados, acabou com a pele ulcerada em chagas e, antes do tempo, defuntou-se com uma infecção renal. Esta é a verdadeira lei da relatividade; se tiveres sorte, safas-te!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:10
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Segunda-feira, 2 de Dezembro de 2013
PUTO . XLII

ANGOLA / PORTUGAL - CORRUPTOS E CORRUPTORES

Transparência e Integridade

As escolhas do Kimbolagoa

 Paulo Morais na SIC - Entrevista de Mário Crespo.

Paulo de Morais, Vice-presidente da Associação de Integridade e Transparência e autor do livro "Da corrupção à crise - que fazer?", aborda o combate à corrupção como forma de ultrapassar a crise.

Ouvi e tornei a ouvir a entrevista dirigida por Mário Crespo e passei ao papel as partes principais do que foi dito; não é nada bom, altamente preocupante! Estamos num pardieiro! À pergunta do porquê na escolha de Rafael Marques como a figura laureada ao prémio anti-corrupção P. Morais disse terem ficado orgulhosos da aceitação por parte de Rafael Marques do prémio, por merecido. É um reconhecimento à sua pessoa pela luta que tem travado contra a corrupção. Tipificando a corrupção, Paulo Morais esclareceu que esta está quantificada: Angola surge em número 20 e Portugal quase colado em 33º lugar. Esta vergonha tem a agravante de constar como recorde de na última década ter sido o país que mais agravou os índices de transparência.

 Defina a corrupção em Portugal? Perguntou M. Crespo: P. Morais - A corrupção em Portugal está bem dividida entre a Administração Central (Governo e Parlamento) e local (Autarquias) através das verbas direccionadas e selectivas do Orçamento de Estado. Todos os grandes investimentos nos últimos 20 anos, a lembrar, EXPO 98, EURO 2004, BPN, BPP, Parcerias público-privadas, compra de submarinos, todo um conjunto de casos, muitos e reiterados, ao longo dos anos que custaram uns largos milhares de Euros. A divida pública portuguesa tem como principal razão a corrupção. Na Administração Local, a corrupção é doutro tipo: concessão de licenças e alvarás concedidos a traficantes pomposamente chamados de promotores imobiliários e, foi a partir do urbanismo e ambiente que se possibilitou a compra de terrenos por tostões e vende-los depois por milhões.

 É um negócio com margens de permissividade e valores superiores aos da droga sendo a diferença que estes têem a legalidade atestada em documentos, licenciando-os e amnistiando-os como prevaricadores. Estes ditos investidores estão a ser poupados ao crime com instrumentos de isenção tais como o IMI e IMT; além de provocarem a crise, ficaram isentos e poupados à real situação de míngua. Em relação a Angola, de facto não tem havido um escrutínio a esse investimento; Individualidades angolanas, trazem dinheiro para Portugal sem produzir emprego porque só compram participações em entidades de seus amigos com quem interagem. Em nenhum outro país do mundo é possível haver tanto capital de origem desconhecida tal como Gaddafi o foi por compra de acções na FIAT e, que levantou tanta celeuma.

 Nito Alves . 17 anos

A élite corrupta Angolana, que vive à custa das riquezas de seu país, investe em Portugal sem qualquer tipo de escrutínio. O deontológico denunciante nos correctos procedimentos de ética é simplesmente queimado, profissionalmente e socialmente sejam eles políticos ou jornalistas. A luta de Rafael Marques é-lhe muito mais difícil porque em Angola a sociedade civil está totalmente asfixiada. É inconcebível que um cidadão fique dois meses preso, só porque teve a coragem de vestir uma “t-shirt”  com a fotografia de José Eduardo dos Santos e as palavras "fora", "ditador" e "nojento". Há uma subserviência do poder político ao poder económico e pode assistir-se a isto em Portugal, Brasil e Portugal.

 Os angolanos foram comprando acções e participações em empresas portuguesas comprando assim a capacidade de dominar a politica em Portugal e, como a política em Portugal se submete aos negócios e os negócios são Angolanos, assistimos a soluções que até põem em causa a própria segurança do Estado Português. Temos administradores como por exemplo Paulo Mota Pinto que sendo deputado Parlamentar para fiscalizar os serviços de Informação Portugueses, é simultaneamente membro do Conselho de Administração da ZON , trabalhando para a filha de JES; há aqui um “bypass” directo entre instituições de Portugal e o regime de Angola ou seja, o fiscal é alguém que deve fidelidade ao governo corruptor de Angola. É um claro incesto político!

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:05
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Domingo, 1 de Dezembro de 2013
KIANDA . XLV

DESANOITECI EM ZANZIBAR - X

Verdade ficcionada

Por

T´Chingange

Da varanda da casa grande da roça Boyoma podia admirar a azáfama do terreiro, tomando a golos o café com chocolate enquanto conversava com mustafá Joshua Naili que me veio visitar. A sugestão deste ladino comerciante em fazer uma salga de peixe foi-se tornando bastante lucrativa. O rio Lualaba farto em bagres, tinham um alto valor calórico que devido às águas frias e profundas originavam peixes gordos; a rede de lojas de mustafá Joshua pelo interior do Congo não tinham mãos a medir com as encomendas sempre escassas para alimentar milhares de trabalhadores nesse longínquo mato ainda por desbravar.

O Estado Livre do Congo, propriedade do Rei Leopoldo II da Bélgica,  nada fazia para o real desenvolvimento do povo Congolês; este, era tão-somente mão-de-obra escrava que se esgotava numa insípida vida que não vivia para além dos quarenta anos. Com o meu tratamento diferenciado no trato com os indígenas, comecei pouco a pouco a ter problemas no relacionamento com os esbirros de Leopoldo; graças à minha suave diplomacia e oferendas avultadas, tinha até alguma atenção e benesses por parte de seus administradores com inerente inveja de outros fazendeiros.

 Enquanto isto, dois homens em tronco nuo iam rolando para cá e para lá os grãos de cacau estendidos no liso terreiro e em cima de caixas rasas de madeira por via de garantir a este, a humidade de oito por cento. Do lado das cubatas e quase por detrás do d´jango central e no lugar dos lajedos, um serviçal de Charllôtte amolava uma faquinha em uma aresta aspara. Enquanto isso, os gatos iam-se chegando um a um ao rapaz chamados pelo ruído da afiação do ferro; a escama de peixe era entendida como um repasto de viceras gordas pelos bichanos. Estes detalhes seriam até desperdiçados caso eu não começasse já a sentir uma certa nostalgia pela lonjura da civilidade; os anos começavam a pesar nesta espécie de angústia.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:17
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QUEM SOMOS
Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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