Sexta-feira, 31 de Outubro de 2014
MOKANDA DO SOBA . LXIII

PERFUME DE MALAMBAS . Sentado numa cadeira mocha…

MALAMBA: É a palavra.

Por

 soba3.jpgT´Chingange

Sem a solicitude do amor materno nem quinhão de ternura que a ela pertencia, o tempo mastiga-nos respostas inarticuladas e os sorrisos aflitos sem alma do passado, por vezes atormentam-nos; passeando meu isolamento pelo gramado na roça dos leões, sozinho-me em uma cadeira chueca de manca e dum aramado branco, escrevo esta em uma mesa também ela mocha de sustento. Procuro entreter-me examinando objectos minuciosamente como nunca os tivesse visto, olhando minhas unhas ranhosas, encortiçadas de estimação, noto que perdi as minhas cores europeias, muito cheio de carrapitos e sarapintadas manchas e funchos escuros.

desfolhada.jpgRemoendo pensamentos fortes e decididos, de braços rigidamente cruzados, abismo-me num silêncio enrugado sem dignidade ou decência; aqui sentado e nesta postura, estando por estar, respiro a beleza de Setembro no planalto africano. Derreado com tantos anos de civilização no pelo, na derme e epiderme, relembro um curto passado, um indignado presente dum governo, do meu, uma súcia de criançolas, um bando de urubus bicando nossos pecúlios, nossas sarapintadas verrugas como se fossem perigosas extravagâncias. O passado! O presente! Ora Adeus! Predestinado a viver com sorvos de café de cevada, afago sua doçura com um generoso sol embrulhando em papel pardo as antigas fotos, do tempo da brilhantina.

musica.jpgUm dia, cheio de vaidades, sem reparar no rótulo, retiro à socapa, um frasco cheiroso de cima do guarda-roupa de minhas irmãs e, com ele, desfriso meus cabelos sedosos e pretos, risco ao meio com aquele rebrilhante óleo perfumado; minha banga de kandengue kaluanda durou pouco! Minhas irmãs riram a bom rir do meu aspecto engomadinho, colarinhos espetados, saturado de perfumes, mistura de pitanga com trevo e odores fortes de eucalipto e cedro! – Tonito, para onde vais com esse cheiro de óleo de cedro? De onde tiraste isso?

BRILHA1.jpgCaramba! Fez-se um sussurro de curiosidade e depois destravaram-se em gargalhadas. Toda a família rindo que nem perdidinhos no pátio dos mamoeiros, destapando grosseiras tosses, fininhos espirros. Pópilas! Naquele fundo de quintal e no lugar da Maianga as luzes, sinistramente amareleceram! Lá se foi a farra! As espirais de incenso espreguiçavam-se-me num saturado perfume, sacro e enervante! Naquele momento de xingamento, o desespero ladrou-me por dentro; foi aqui que começou a fadário de humilhação, de um amor-próprio ultrajado e, no entanto, sem escapulário, parece coisa pouca.

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:34
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Quinta-feira, 30 de Outubro de 2014
MULUNGU . XXXVIII

MULUNGU . XXXVIII

DROGAS E RELEGIÃO - PONTOS DE VISTA CRUZADOS - I

Mulungu: É uma arvore de grande porte com flores vermelhas,;existem no Brasil e em Angola

As opções de

Kimbolagoa

Fontes: JOSÉ CANHOTO E JOSÉ MATIAS . NET

JC - No 3º quarto do século XX estavam contabilizadas 969 religiões cristãs no mundo, mas desde essa altura muitas mais proliferaram. As maiores religiões cristãs são as : “Evangélicas, Baptistas, Pentecostais, Ortodoxas, Anglicanas, Mórmons, Jeovás, Protestantes, Luteranos, Judaísmo, Adventistas, Coptas, Catolicismo, Anabaptistas, Espiritas, Quakers, Metodistas” entre muitas outras religiões que operam dentro da mesma ideologia básica das igrejas que se enumeram. Das maiores religiões do mundo temos em primeiro lugar o “Catolicismo seguida do Islamismo, Hinduísmo, Budismo, Taoismo e Confucionismo, Xintoísmo, Sikhismo, Espiritismo, Judaísmo, Neopaganismo”.

bisg7.jpg

JM - Conforme o desejo do seu coração, é isso mesmo que vai acontecer, será feito guerra contra tudo o que se chama Deus. Na realidade as religiões apenas vieram atrapalhar o que Deus pré-destinou desde o principio da criação, o homem tem sido hábil na criação de religiões, porque o homem em si, sempre busca algo de subnatural, algo que esteja para além da sua mente das coisas visiveis; só que busca sempre no sentido de ser servido, e nunca servir e conhecer o Deus criador, logo aí é enganado por todo o vento de doutrinas, propagadas pelas religiões.

ADeus.jpg

JC - Fazendo uma analogia metafórica entre a religião e as drogas, bem como como o poder se encontra estruturado em ambas as nomenclaturas. No que respeita aos alcalóides com efeitos alucinogénios e psicotrópicas mais conhecidas por características recreativas temos: opio, haxixe, heroína, LSD, barbitúricos, anfetaminas, ecstasy, cogumelos alucinogénios, crack, maconha, marijuana etc. Estas, podem ser classificadas e divididas em drogas, estimulantes, depressoras, perturbadoras, com efeitos sedativos, anestésicos, narcotizantes, estimulantes, anti psicóticos e alucinogénio os quais podem ser equiparados aos diferentes estágios em que os religiosos dentro de uma certa analogia podem igualmente enquadrar-se; quando crentes ficam vidrados e quase em transe, pastores evangelistas os robotizam pelo seu dom de palavra persuasivo e manipulativo. O mesmo princípio de aplica ao poder dos padres em paróquias desterradas por vilas, e aldeias na interioridade geográfica dum qualquer país.

(Continua…)

As opções do soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:14
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Quarta-feira, 29 de Outubro de 2014
XICULULU . LVI

VIVÊNCIAS  EU NÃO QUERO - Amai-vos uns aos outros, mas só se for pra valer…

Xicululu: - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo, cobiça

Por

ze0.jpgEberth Vêncio -  Autor da revista Bula

Álem ,... Araujo 3.jpgNão! Eu não quero um empréstimo consignado! Eu não quero informações privilegiadas de um ex-diretor do Banco Central que actua no mercado financeiro. Eu não quero saldo ilimitado no cartão de crédito. Aliás, eu não quero que me enviem mais cartão algum com a primeira anuidade grátis. Eu não quero as menores taxas de juros do mercado. Eu não quero ser promovido a nada. Eu não quero investir na bolsa. Eu não quero aproveitar a crise para comprar dólares. Eu não quero o telefone de contacto do seu pistolão. Eu não quero curtir a vida endoidado, prefiro apenas viver. Eu não quero voar no jatinho do senador, nem que seja na poltrona da janela.

Álem...Araujo 6.jpgEu não quero comer a aeromoça. Eu não quero comissão nenhuma, é apenas um favor o que estou lhe fazendo. Eu não quero comprar uma apólice de seguro de vida. Eu não quero saber o que vem depois da morte. Eu não quero usar um trevo da sorte. Eu não quero morrer dormindo. Eu não quero ir pró céu. Eu não quero consultar um psiquiatra, nem me confessar com um padre (eu não quero que ele tenha erecções sob a batina, nem oscilações na fé, ao saber dos meus pecados). Eu não quero comprar assinaturas de revistas que me deixam alienado em suaves prestações. Eu não quero torrar grana em Miami. Eu não quero que você me ame por altruísmo. Eu não quero a guarda compartilhada de um amor que se acabou. Eu não quero me mudar do país. Eu não quero ficar rico lavando pratos para os Alemães. Eu não quero aprender mandarim, o idioma do momento. Eu não quero ganhar o Euromilhões. Eu não quero ficar rico. Eu não quero saber de um segredo.

Álem...Araujo 12.jpgEu não quero almoçar amanhã com o governador no palácio. Eu não quero credenciais pra um camarote VIP. Eu não quero prolongar os meus orgasmos, muito menos esticar o pénis (pelo amor de Deus, parem de anunciar o fim da calvície e enviarem spams por e-mail!). Eu não quero friccionar pomada japonesa na genitália de ninguém. Eu não quero massagens relaxantes, sem frescuras, para a minha satisfação total ou o dinheiro de volta. Eu não quero descabaçar uma virgem. Eu não quero explorar o ponto G de uma analfabeta afectiva. Eu não quero que uma cigana leia o meu destino antes de mim. Eu não quero alimentos que soltem o intestino. Eu não quero ficar musculoso, sexy e com boa aparência. Eu não quero ler Paulo Coelho na praça de alimentação do shopping. Eu não quero mais querer ser Carlos do carmo.

Álem...Araujo 4.jpgEu não quero ser eleito para uma academia de vaidosos para passar o resto da minha mortalidade vestindo uma bata ridícula e tomando o chá das cinco com eles. Eu não quero atenuar as minhas rugas de preocupação e aplicar botox no saco. Eu não quero o IPhone 6. Eu não quero um apartamento de cobertura em frente ao mar. Eu não me quero confraternizar com desconhecidos. Eu não quero saber o que disseram de mim no réveillon. Eu não quero fazer terapia para ser uma pessoa melhor e crescer como ser humano. Na verdade, eu não queria nem mesmo ser humano. Eu não quero aprender a desentupir a pia da cozinha usando Coca-Cola. Eu não quero parar de comer carne vermelha. Eu não quero discutir a relação. Eu não quero dar um tempo. Eu não quero dar conselhos nem mesmo para o surdo da porta da igreja. Eu não quero sentar na primeira fila para ter uma visão privilegiada.

tango 2.jpgEu não quero me aposentar o mais breve possível para poder aproveitar a vida. Eu não quero colocar aparelho nos dentes. Eu não quero sorrir quando sentir vontade de chorar. Eu não quero comprar o seu lugar na fila. Eu não quero pagar gorjetas numa repartição pública. Eu não quero dar um jeitinho na situação, seu guarda. Eu não quero autógrafos das celebridades. Eu não quero beijo de misse. Eu não quero me reconciliar com pessoas que não gostam de mim. Eu não quero fazer uma selfie comigo. Eu não quero perguntar porra nenhuma pró palestrante, eu só estava me espreguiçando. Eu não quero aproveitar a nova isenção de imposto automóvel para comprar um carango zero com câmbio automático, GPS, bancos de couro e dez anos pra pagar. Eu não quero lamentar a morte de quem me sacaneou. Eu não quero lisonjas. Eu não quero benesses. Eu não quero culpados. Eu não quero mais mentir. Eu só quero ser tratado com o mínimo de respeito. É só isso o que eu quero.

Ilustrações de Costa Araujo Araujo

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:48
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Terça-feira, 28 de Outubro de 2014
KANIMAMBO . LII

MALAMBAS . Enforcar a bandeira nacional, não pode ser um acto solene!… 

Kanimambo: Obrigado (de Moçambique) ; Malamba é a palavra  

Por

soba3.jpgT´Chingange

kani0.jpgNão há muito tempo na Câmara Municipal de Lisboa, hastearam a bandeira nacional ao contrário, talvez para demonstrar que o país anda de pernas para o ar. Em França, e em diferente tempos pisaram a bandeira nacional, procurando demonstrar que o país estava sendo espezinhado pelos governantes de então. Recentemente um outro cidadão, enforca a bandeira nacional, alegando mostrar o estado do país. Cada qual encontrou à sua maneira dar uso à bandeira nacional, como um acto de rebelde descontentamento, mas todos eles têm algo em comum: São "artistas" ou candidatos a políticos, sendo que cada um, o é, à sua maneira.

kani00.jpgE pelo que se constatou, todos eles foram perdoados, louvados, abençoados e até levados em triunfo. Recordo-me que em Lagos até mijaram e fizeram suas necessidades em cima da bandeira de Portugal (Deu em directo na TV) mostrando suas obras de arte como se isso fosse um relevante e digno serviço prestado ao país, pois barafustavam indignação. Eu, estive na guerra de África, dois anos em Cabinda em zona operacional, integrado numa companhia independente formada em Beja; Éramos uns desterrados em uma clareira rodeada de mata pujante. Em patrulhas de fronteira com a agora Republica Popular do Congo a Norte e do Zaire a Leste guardávamos soberania.

kani4.jpgTodos os dias em breve cerimónia, realizávamos o hastear e arrear da bandeira e, não raras vezes via cair uma lágrima pela face de alguns destes homens que em virtude de estar longe da família eram tocados pela saudade, pelo stress, pelo desgaste físico e psicológico sem contar com as precárias condições de alojamento. Alguns voltaram em um caixão com aquela bandeira a cobrir seus pecúlios de gente, que já o não eram. Para quem nunca passou por situações que tivesse como único conforto e orgulho a bandeira nacional, jamais conseguirá entender o que para muitos significou essa bandeira; de salientar que eu era da incorporação de Angola sendo destacado para esta companhia com mais quatro companheiros com o posto de furriel, dois brancos, um mestiço e um negro; corria o ano de 1968.

kani3.jpgSe esses artistas e políticos contestatários tivessem ido à tropa, talvez preservassem algum aprumo para não desrespeitar este símbolo e, pela qual morreram mais de dez mil homens, mais de vinte mil feridos; muitos deles ficaram completamente incapacitados e dependentes, e só Deus sabe quantos mais com stress para o resto das suas vidas.  Será que alguém me pode explicar qual é a arte dessas atitudes vergonhosas sem que por tal atitude tenham sido severamente punidos. Nunca compreendi esta brandura! Esses tais de pseudo "artistas" e contestatários, deveriam ser obrigados a visitar a Associação dos Deficientes das Forças Armadas, e pagar uma coima para sustento destes. Juro que se eu mandasse, assim seria!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:10
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Segunda-feira, 27 de Outubro de 2014
MUJIMBO . LXIX

ANGOLA - DO OUTRO LADO DA LUPA - I

Por

soba3.jpg T´Chingange

áfrica.jpgMordendo a propósito nas “kokas e chispes” dos donos de Angola, os ditos mwangolés, não dos Angolanos em geral, terei de atacar essa quadrilha de facínoras que há 39 anos têm vindo a governar-se em detrimento da esmagadora maioria dos cidadãos; das muitas riquezas que produzidas no país, dos “royalties” do petróleo, diamantes, gás e ferro que diariamente entram nos cofres do Governo e nos bolsos de algumas elites governamentais. José Eduardo dos Santos, o presidente, tem acumulado uma das maiores fortunas do mundo, fechando também a propósito os olhos às actividades de seus mais próximos “Filhos, Sobrinhos, Cunhados e Irmãos Metralha” e as hienas de assessores e demais bajuladores.

cafufutila4.jpgUma vez que os angolanos não possuem capacidade tecnológica para explorar as suas reservas minerais e petrolíferas, recorrem a multinacionais de elevado “Know-how”. Paulatinamente e fingindo requinte com leis umbigadas, desventram as entranhas da terra e mar extraindo riquezas naturais, pertença de todos e não apenas deles mesmo, os corruptos do partido. Enriquecendo á tripa-forra, às claras ou por manhosas compensações lavam dinheiro a fingir de coisa lícita usando especiais expedientes nessa lavagem. Angola, é toda ela, uma grande máquina de lavar kúmbu, missangas de muitos búzios, n´zimbos e caurins de antigamente. São uns libongueiros natos! Libongo recorde-se aqui eram os panos de troca como pagamento de salário ou tarefa em meados do século XIX; mas que grandes tarefeiros são estes mwangolés.

corrupção.jpgEles fazem big-festas, dão benesses aos súbditos próximos, subsidiam clubes, cedem participações, concessões, parte dos lucros; umas mãos rotas! Estes calam muitos outros abutres enchendo seus bolsos com muitos dólares; uns esfomeados de notas verdes! Espojos de partilhas ao longo dos 39 anos. Angola é um país rico com uma população a viver no limite da subnutrição; essa miséria, não consegue ser alimentada com o cimento armado desses enormes prédios, centros comerciais que se constroem em Luanda, essa megalomania que tolda sentidos mais nobres. Prepotentes vaidades!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:22
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Domingo, 26 de Outubro de 2014
FRATERNIDADES . LXXII

ANGOLA -  A marcha de há mais de 40 anos " Angola é nossa"

Por

torres 2.jpg  Eduardo Torres

A VERDADE

caras de áfrica.jpgUma amiga, publicou na minha página um vídeo da marcha militar, considerada na época patriótica; Segundo me recordo, uma das últimas vezes que tive oportunidade de a ouvir, foi em 1973 no porto de Lisboa, quando do regresso a Angola e, após terminada a segunda e ultima graciosa. Foi quando embarquei com a família no Infante D. Henrique, em que muitos militares do M´Puto também embarcaram; essa marcha era como uma chamada ao brio nacional para a defesa de um Império que se estava a desmoronar.

angola.jpegVerdade seja dita, que nunca me identifiquei muito com este tipo de alarde patriótico, pois fazia-me lembrar uma espécie de assédio, algo que se tenta impingir na forma de verdade, mais imposta do que aceite. Apercebendo-me já nessa época, que nem tudo eram rosas num jardim à beira mar plantado, o M´Puto, a marcha significada mais uma súplica austera do que um grito de quem procura morrer espirrando ideais pátrias. Não se confunda, aquele agora, com todos os anos anteriores, em que os militares se empenharam numa guerra feroz, salvaguardando a continuidade de Portugal em África.

 Um ano depois do 25 de Abril, aquele brio, desvaneceu-se da honra, os valores pátrios fluíram em tácticas falaciosas, outros urros, outras foices, apareceram num despertar de acontecimentos, ideais mal esboçados, conspurcados de desonra; foi o princípio do fim, começo da desgraça que culminou numa vergonhosa independência. Houve de tudo, falta de respeito, de dignidade, traição e um claro abandono da população. De ética, nem se fala, evaporou-se, simplesmente! Numa entrega sem honra, de bandeira rubra e verde amarrotada no sovaco, a glória do Império foi ofertada a tiros na forma de foguetes num largo a que se veio a chamar de independência. Uma outra Angola é nossa, nasceu!

saurimo00.jpgEm verdade, Angola continua a ser nossa, na relatividade da palavra e, para alguns dos que lá nasceram, dos que criaram raízes, porque amaram e continuam a amar aquela terra, como se de lá fossem, independentemente de serem ou não nacionalizados. Esse direito, ninguém nos pode coarctar. Agora, a única verdade que existe nessa marcha de carácter militar, é esta: Angola continua a ser nossa, porque esse sentimento enraizado no coração é um direito que nos assiste mantendo o estribilho. O resto, já nem é coisa natural! Se foi no improvável que residiu a astúcia, será no inadmissível que ganha a força que tem. E nós, existimos, apenas porque atrás de gerações outras gerações virão...

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:46
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Sábado, 25 de Outubro de 2014
MALAMBAS . LIV

CINZAS DO TEMPO . O vapor Mouzinho levou meu pai para Angola em 1949; ele levava uma mala caixão de lata com bolinhas verdes e tiras de madeira pregadas com taxas douradas…

MALAMBA: É a palavra.

Por

 soba3.jpg T´Chingange

malam00.jpgHá dias e dias! Há dias de um irritado pessimismo e outros de tão naturalmente optimistas que como um carneiro jogamos orgulhos contra obstáculos de repetidas coisas, eternas repetições de males antigos, males de imaginações insatisfeitas, amargas desilusões sem fermento na tristeza. Sem vontade de tormentos, certo, certo e que quanto mais se sabe mais se sofre. Há fastio de inteligência! Há tédio! Há vontade de mandar tudo fora e partir vidraças, emudecer brilhos, despedaçar bocejos. Mas, desde quando um carneiro tem orgulho? Tão abarrotado de civilização espreito os meses farejando raças sob o abrigo de suas telhas vãs no calor da lareira, panela atestada de couves tronchas, frigideiras com unto branco de porco, uns chouriços de pendão, panelas tisnadas, trempes de ferro sempre aquecidas entre troncos de oliveira e borralho esparramado:

malan3.jpgUns traços de números esgravatados na cinza. É meu pai fazendo contas de feira passando os dedos papudos e peludos ora nas frieiras, ora sobre a face pendida, apalpando a testa e aludindo ganhos minguados. Nos fios de gastas crenças, tão corcovado, tão gasto, enrodilhado em suas macias filosofias de mineiro de volfrâmio, embebido, travado e suspirando baixinho, revia sua miúda indecisão de viver. De repente, com um trejeito de esforço endireitou-se emperrado e cresceu! E, falou: - Amanhã vou à Companhia Colonial de Navegação inscrever-me! -Vou para Angola!

malam0.jpgCorria o ano de 1949, tinha eu quatro anitos. Falo de meu pai que esgadanhando a vida retirava volfrâmio nos granitos da beira no lugar do Cornelho, freguesia de Rio-de-Loba, terras altas e frias nos arrabaldes de Viseu. Os gases da segunda guerra ainda amedrontavam os pensamentos. Ainda pequeno, nos interregnos da brincadeira, guardava as chibitas, cabras que forneciam leite à família e aquele maluco carneiro encavalitava-se para marrar no farrusco, meu cachorro também guardador. A Dona Micas barafustava a gritos a cada investida das cabras aos rebentos de suas videiras; eram os meus grandes problemas de vigília com arremesso de pedras e o busca-busca de farrusco.

malam2.jpgSentado no muro de pedra solta e no lugar de Barbeita, um dia, vi meu pai seguir na carreira via Cais de Alcântara em Lisboa; levava uma mala de lata, um caixão de esperança sarapintada de bolinhas verdes sobre um xadrez de riscas pretas reforçada com umas tiras de ripas de madeira pregadas com taxas douradas. O velho vapor de guerra Mouzinho de Albuquerque esperava-o ancorado no rio Tejo. Vendo agora a foto amarelada desse velho barco com meus dedos curtos e papudos, afago a caveira através da face também sarapintada nos anos. Essa mala de bolinhas verdes nunca voltou; lá ficou com outras muitas fotos.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:26
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Sexta-feira, 24 de Outubro de 2014
CAFUFUTILA . LXXIII

SONS CUSPILHADOS - Slogans, trilham o mesmo trilho, ladrando o mesmo ladrar VII

Por

soba3.jpgT´Chingange

Com os beiços já sumidos no agradecimento pela quentura do Kalahári, esfalfo-me na desarmonia social das grandes urbes e, estando eu agora fora dela, insisto que a cidade é talvez uma perversa ilusão. Só uma reluzente e estreita casta de gente goza dos especiais gozos nelas criados. Na moleza cálida da tardinha, com um sol primaveril, relembro-me de que há 2014 anos desceu dos céus uma luz que entrando pelo portão de um curral trouxe esperança na forma de um menino de nome Emanuel ou Messias; mansamente penetrou no mundo com muitas e boas novas e, muito rápidamente se foi deste; passagem muito curta fez esse adorável filho de Deus chamado de Jesus, que teve demasiada pressa em recolher-se na casa de seu Pai!

álem... araujo.jpgPorventura, algum grevista, algum agitador moderno daquelas citadinas praças calcetadas do Oriente ou Ocidente olhou as estrelas, tomou a mirra em suas mãos e sobre um dromedário se tornou rei e as espanejou à multidão; sim! As espanejou num jeito capaz de converter almas? Alguém ficou indigitado de renovar milagres velhos em milagres novos?  Sim ou não, é sabido que os padres se revestem de púrpura, que por turnos ora são diáconos ora monsenhores, arcebispos, bispos ou cardeais. Que destes e com fumo branco sai um Papa, que edifica seu reino renovando sempre a obra da redenção, salvação, libertação, assim se afirma; mas, até estes, através da porta da morte se refugiam no radioso paraíso! Percorrendo na fresca penumbra dos granitos e pilastras de mármores de pés elevados, passo respeitoso e acanhado no desassossego, percorro os corredores ladeados de imensas pinturas, Miguel Ângelo, Rafael e Bernini entre outros. Na capela Sistina, ali aonde decidem qual o cardeal após o fumo branco fica o Papa, apeteceu-me ficar de papo para o ar apreciando o tecto, ver as duas mãos, os dois dedos tocando no início do universo.

cafu0.png A Capela Sistina situa-se no Palácio Apostólico, residência oficial do Papa na Cidade do Vaticano. Inspirada no Templo de Salomão do Antigo Testamento. A capela tem o seu nome em homenagem ao Papa Sisto IV, que restaurou a antiga Capela Magna, entre 1477 e 1480. Durante este período, uma equipe de pintores que incluiu Pietro PeruginoSandro Botticelli e Domenico Ghirlandaio criaram uma série de painéis de afrescos que retratam a vida de Moisés e de Cristo.

IMAG0236.JPGE eu, com tonturas e uma dor surda na nuca, ali rodei o torcicolo admirando tanta majestosa beleza, era a capela sistina, muitos anjos gordinhos coladinhos às bordas como balões inflados, anafados alguns com cornetas na forma de vuvuzelas e muitos heróis com santos, castelos e ninfas, batalhas, verduras com princesas e nudezes: Tristezas e alegrias, alegorias imóveis no tempo! E, eu deslumbrado naquela Roma. Enfim, um bendito dia com dores reumatóides de pé cansado e não vi o papa, porque estava algures em Castelo Gandolfo. Enternecido, apertei os doloridos ossos, olhar à esquerda, à direita e pró alto. Pelas dez da noite, consolado e quentinho, recuei às malvas orladas de sonho da minha alma sombriamente apegada a uma mancha de betume.

o artista.jpgIlustrações de Costa Araujo Araujo

Nota: Escrita inspirada em parte, nos dias que correm e, num mais antigo cenário Parisiense da Cidade e as Serras de Eça de Queiroz, 116 anos atrás.  

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:29
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Quinta-feira, 23 de Outubro de 2014
MISSOSSO . X

ANGOLA . LUBANGOIr ao mato era um acto quase solene mas, havia o feijão maluco mais a surucucu a respeitar.

Por

    Dy - Dionísio de Sousa  (Reis Vissapa) 

IR AO MATO

- Hei, Salmonela, vou ali para trás daquela goiabeira desentupir a canalização, cuidado não vires para lá a chifuta, que não quero apanhar com uma pedrada no mataco. Na minha meninice este pedido feito a alguém que tivesse ido connosco caçar passarinhos era sacramental, ainda para mais que o meu amigo Salmonela era vesgo do olho esquerdo. Em verdade vos digo, que lá na minha terra, o Lubango, ir ao mato era um ato solene e que exigia uma dose de coragem bastante dilatada. Pessoalmente não acredito que exista alguém à face da terra, ou mesmo a fazer tijolo nas terras do kaparandanda, que nunca tivesse passado por essa experiência verdadeiramente sublime de defecar no mato, mas que havia risco lá isso era indubitável. A escolha de uma goiabeira obedecia aos critérios normais, exigíveis para tal prática.

saurimo6.jpgEm primeiro lugar, essa bendita árvore dava-nos a possibilidade de reflorestarmos sem grande dispêndio, a área adjacente e em segundo porque renovávamos a flora intestinal com as sementes necessárias, para novas atitudes ecológicas. Era um humilde prazer que não obrigava ninguém a passar horas esquecidas num centro comercial para aquisição de qualquer bugiganga made in China. O dinheiro era absolutamente irrelevante e sobretudo não enchíamos os bolsos dos glutões das finanças. Mas claro que não há bela sem senão, e antes de nos agacharmos com o rabo ao léu debaixo da árvore escolhida, era necessário verificar com cuidado se os vestígios do nosso antecessor já tinham sido dizimadas pelos escaravelhos “ Empurra Caca “, ou se, no tempo da chuva pelos t´chicocolos de mil pernas.

tchi3.jpgPor outro lado a questão fundamental do papel, esse instrumento absolutamente necessário à higiene final. Quem é que, enquanto catraio levava um rolo de papel higiénico para caçar passarinhos? Era absolutamente impossível, pois os bolsos dos calções iam literalmente atulhados de seixos para serem usados na funda da fisga. Sendo assim, o melhor era verificar previamente, a existência de algum arbusto com folhas suficientemente largas, para o substituírem. Outra precaução fundamental, era analisar com conhecimento, se nas vissapas em redor não havia feijão maluco, pois aí sim, ao falharmos esta premissa, ficava o caldo entornado e tínhamos de correr como lebres para a mulola mais próxima para aliviarmos a comichão e o ardor nas nádegas. Além de tudo isto o que já não é pouco, evitar não confundir tanto quanto possível, folha de tabaibeira, com folha de mamoeiro, o que se tornava absolutamente catastrófico.

tabaibos 2.jpgEm Portugal, esse costume maravilhoso de ir ao mato perdeu-se nas brumas da liberdade, e eu que fui estigmatizado por esse epíteto infame de “ Retornado”, sem nunca ter cá estado e culpabilizado de ter trazido para o país, aqueles bichinhos pequenos conhecidos por “ Ide Amines “, e de tomar banho todos os dias, senti-me imensamente pobre por ter perdido esse hábito ancestral. Além de tudo isto, sinto um desgosto enorme em não poder ir caçar passarinhos, com o meu amigo negro, o Salmonela. No entanto, tento colmatar estas perdas com passeios matutinos pelos pinhais e eucaliptais da minha zona. Acreditem ou não, tenho deparado com sinais evidentes de que algum “Retorna” importou para este país esse hábito, mas para desgosto meu, absolutamente adulterado. Senão vejamos, goiabeiras são totalmente inexistentes e o campo de escolha alterna, entre carcaças de frigoríficos, fogões desventrados, tapetes velhos, colchões com nódoas estranhas, entulho das obras, latas de tinta vazias e benza-a-Deus, até já encontrei uma porca inchada e podre, e um saco cheio de gatos asfixiados.

raizes.jpgCom a chegada do consumo e da modernidade, verifiquei que o papel higiénico é utilizado em profusão, juntamente com guardanapos, lenços de papel, e nos casos mais dramáticos sacos de cimento. De tal forma disseminados nas proximidades do advento, que quando das neblinas da madrugada, fico sempre com a esperança que El-Rei D. Sebastião surja daquele caos infernal a desembaraçar-se das ligaduras com que os mouros o envolveram. Quanto ao artigo propriamente dito é verdadeiramente calamitoso, e ando cá a matutar o que é que os portugueses comem, para dar origem aquelas coisas horrendas e ainda por cima sem as tradicionais sementes de goiaba, que afinal contribuiriam em muito para a beneficiação da paisagem. - Olha lá, não te atrevas a ir ao mato para trás daquela carcaça de Fiat Punto, hoje é Domingo dia de caça e vi passar para aqueles lados um coelhinho pequeno e estão pelo menos cinquenta e dois caçadores de camuflado escondidos por detrás daquela montanha de carcaças de televisão. – Disse-me uma vozinha débil, que se não tivesse a certeza que ele está lá longe, nas terras do kaparandanda ia jurar que era o Salmonela.

Reis Vissapa

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:53
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Quarta-feira, 22 de Outubro de 2014
CAFUFUTILA . LXXII

SONS CUSPILHADOS - Slogans, trilham o mesmo trilho, ladrando o mesmo ladrar VI

Por

soba.jpg T´Chingange

1Ygyu2Rs.jpgHoje, só em um instantinho, enchi o papo de supostas verdades, espreitando as turbas que via TV desde Hong Kong até Londres, reclamavam nas ladrilhadas praças, inquietudes da sociedade. Arregimentados por banalidades ou empurrados nas extravagâncias das cidades, os homens deterioram-se seguindo outros homens que nela habitam. Com pensamentos já pensados, exprimindo ideias já exprimidas por outros, muito cheios de ideais e fórmulas, envolvem-se numa mesma atmosfera mental. Nesta densa e pairante camada de gente respirando ar já respirado, de falas já faladas, alguns trepam no frágil andaime da gloríola; delas se destacam pardacentas e chatas rotinas, inventos com esforços de inchar o crânio, uma disforme novidade gemente de espanto detendo a multidão como se esta fosse um mostrengo de feira. É o povo!

MX1t4fas.jpgIntelectualmente, todos carneiros, trilham o mesmo trilho ladrando o mesmo ladrar, de focinho pendido cheirando onde pisam, em pegadas já pisadas. Em uma qualquer cidade onde o solo é de cimento e alcatrão, as gentes vivem acamadas nos prédios como paninhos em velhos balcões de vendas; lugares onde a claridade entra por postigos e, as mentiras se murmuraram através de pequenas caixas falantes, ligadas ao espaço, mostrando pompas de fotos recentes ou antigas. Cabras empoleiradas! Comentário mais frequente: -Que lindo!

TR7gz3qs.jpgO homem sem beleza, sem força, sem liberdade, sem riso ou sentimento verdadeiro, fica-se uma criatura anti-humana amolecendo-se em um passivo espírito como um escravo ou um imprudente histrião, um vulgar bobo exagerado. Todos nós! De Hong Kong a Londres, as já pisadas pegadas, as cidades de céu enegrecido, distrai-nos em lugares de muitas luzes, muitas e agitadas bandeiras, muita cor e macacadas. Somos nós! E, são os comícios em palcos vistosos, jeitos e trejeitos pouco naturais. É o país! Com esterco que fecunda gritam slogans. É a mentira! De tiques pretensiosos, debruçados em suas algibeiras, sobressaem enormes gravatas engomadas com as pontas em bico sistematicamente espichadas sobre a negrura de sua lapela. Logo a seguir, os comentadores!    

Nota: Escrita inspirada em parte, nos dias que correm e, num mais antigo cenário Parisiense da Cidade e as Serras de Eça de Queiroz, 116 anos atrás.  

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:18
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Terça-feira, 21 de Outubro de 2014
FRATERNIDADES . LXXI

CAFÉ DA NOITE - A AMIZADE, não pode ser definida por decreto…

As escolhas de

kim0.jpgKIMBOLAGOA

FONTE: Café da Noite de Nell Teixeira (Blog)

ami5.jpgQuem é capaz de definir a AMIZADE? Alguém da rua irá dizer-lhe que um amigo é um tesouro e não há nada como a amizade, bem como dar-lhe algumas definições ou metáforas, cada uma mais rebuscada sobre o conceito. Mas quanto à verdade, tenho a impressão de que nem todos compreenderão o mesmo sobre a amizade! Um bom amigo é algo fácil de conseguir e não raro se confunde o conceito de amizade para compartilhar entretenimento, passatempo ou festa. Em este canto da internet, e em outros similares, aparece frequentemente alguém com ideias interessantes; tenho a certeza de que cada um de nós poderá oferecer suas perspectivas sobre o que entende por amizade mas esta, pode não coincidir com ideias pré-estabelecidas.

amizade.jpgDe repente, quase sem pensar, nos ocorre que um amigo é alguém para todos os momentos " de quem sempre está lá " e, com o qual se pode contar quando há erros de permeio, que lhe merece toda a confiança do mundo. Muitas vezes ocorre mau uso do conceito de amizade como o facto de se considerar amigo alguém que acabado de conhecer num bar; mas o mais grave de tudo, é a amizade instrumentalizada, usada por alguém para prosperar, para subir a troco de subterfúgios. O que eu acho ser comum a todo o humano é a necessidade de se socializar no afecto; a amizade acaba sendo algo que buscamos, por vezes até com ansiedade, uma circunstância que dá ao desejo de amizade alguma pitada de egoísmo.

ami1.jpgExiste o perigo de drenar nossas dores em nossos amigos, dar descanso de nossas preocupações em um desejo diversão; se nós não paramos para pensar que cada amizade, terá de ser correspondida por igual, acabamos usando indevidamente esse dom. Eu não acho bom rejeitar-se a amizade de alguém com ideias diferentes, isso não é uma coisa ruim, bem canalizada torna-nos até mais humanos, mais abrangentes. A família é-nos imposta, enquanto os amigos, nós escolhemos, fabricamos no correr do tempo. O termo empatia é definido como “a capacidade de penetrar pela imaginação ou premonição, nos sentimentos e motivações de outros", assim como entender as suas tristezas, seus medos e alegrias.

ami2.jpgCompreender a preocupação dos outros são anseios que têm muito a ver com a caridade descrita no Evangelho " novo mandamento " na elevada palavra de Jesus Cristo. Não é fácil definir amizade porque tem demasiadas nuances e a vida moderna é muito cheia de sofisma, mentiras e omissões que dificultam a temporalidade do amor ora empolgante ora descartável. A amizade não é em definitivo uma receita médica mas tem sempre uma bula de cuidados a reter para não se ser surpreendido no respeito mútuo ou recíproco. Haverá algumas pessoas que gostam de etiqueta e olhando mais de perto, cada qual puxando a sardinha à sua brasa terá que entender que a realidade, muitas vezes é mais rica do que falam os livros, manuais ou regulamentos. Puerto Colombia 14/09/20

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:11
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Segunda-feira, 20 de Outubro de 2014
CAFUFUTILA . LXXI

SONS CUSPILHADOS  –  Eu um Conde!? Nem disse que sim, nem que nãoV

Por

 soba eu.jpgT´Chingange

tri3.jpgNo natural relógio que marca as horas de todos os dias, na imobilidade pensativa adormecida nos rendilhados ponteiros biológicos e planetários, coaxo como as rãs, lânguidas com fios de doçura. O meu Deus, faísca-me com sorriso nos olhos resplandecendo seu sol sem chalrar descoroçoadas farripas. Sobre o volume da sombra de penas frisadas com uma sensação estranha de macio e fino, subi a avenida dos Campos Elísios até que a noite desceu electrificando-se no Arco do Triunfo recordando triunfais entradas dos vencedores exércitos, ora dos Alemães, ora dos Aliados com seus muitos mortos fantasmados de guerra mundial.

tri1.jpg Arco do Triunfo (francêsArc de Triomphe) é um monumento, localizado na cidade de Paris, construído em comemoração às vitórias militares do Napoleão Bonaparte, o qual ordenou a sua construção em 1806. Inaugurado em 1836, a monumental obra detém, gravados, os nomes de 128 batalhas e 558 generais. Em sua base, situa-se o Túmulo do soldado desconhecido (1920). O arco localiza-se na praça Charles de Gaulle, no encontro das avenidas Charles de Gaulle e Champs-Élysées. Nas extremidades das avenidas encontram-se a Praça da Concórdia e na outra La Defense.

Nesta fase de viagem no tempo só estava a sessenta e nove anos deste dois mil e catorze, recolhendo bocejos, agouros da crise e epidemias assustadoras ou avassaladoras. Maçadas amargosa dum fim-dos-tempos! Prevendo todos esses estados com gestos, desde o trágico até ao pícaro, relembro castiçais arcaicos dos científicos tempos, comparando-os aos jorros de luz deste Arco do Triunfo, tornando a vida lavrada em cristais, escorregadiça. Bendito seja o dinheiro! Vive La France! Ia eu nestas deambulações, quando sou perturbado por um distinto senhor de fraque e bengala com filigranas dourados: - Meu caro Conde, por aqui a estas horas? Tendes alguma perturbação? Este dito senhor passeava seu minúsculo cachorro coly-chiuauá peludo, que não me largava a perna, farejando fungos. – Eu sou Conde!? Não disse que não nem que sim pois que me pareceu tê-lo visto com o meu príncipe Dom Jacinto nos científicos gozos do teatrófone.

tri2.jpgSem explicação sapiente dei-lhe conhecimento que andava a tomar ares e, lá segui na direcção oposta dissecando pedaços de vida ainda quentes. Num aperto de mão mole e vago, segui questionando-me se este petulante janota seria o marido ou o amante daquela Dona Antonieta, a vaporosa senhora que emperrou o teatrófone; essa tal que usava e abusava da influência de Dom Francisco para tirar dividendos da Companhia das Esmeraldas da Birmânia empresa de milhões e, na qual era presidente. Estou a vê-la faiscando no sorriso, nos olhos, nas jóias em cada prega das suas sedas cor de salmão; a macia criatura batendo o leque, muito chique! Ainda só vou na página vinte e um da Cidade e as Serras do Eça e, já me sinto enfadado destes salamaleques exacerbados.

(Continua…)

O Soba T´Chingange    



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:50
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Domingo, 19 de Outubro de 2014
KWANGIADES . XXI

MAIANGA - As falas de Zeca nas terras do senhor e, no lugar da galafura…

Por

 José Santos - Impregnado de paludismo duma especial estirpe kaluanda, Zeca colecciona n´zimbos para fabricar missangas

Kandandu, ZECA 2014.09.13

MOKANDA PARA O KKAMBA “EEDHGARTSON”, REVIVENDO UM PASSADO PALEOLITICO DO TEMPO DA PEDRA LASCADA, MIRANDO O DOURO

3 D.jpgAh! Tu não sabes o que perdeste por não teres estado no granito do MIGUEL TORGA contemplado o Douro tingido de generoso. A lonjura era tanta que sentia o cheirinho do bafo das pipas katingando pelas barrocas do meu nariz. Eu e o António topamos “kubata” esculpidas no granito e numa delas tinha lá inscrito o nome de um teu antepassado paleolítico “EEDHGARTSON”.  Kkamba, eu já sabia, conheço bem esses teus mambos? Na koka ficaste com raiva chupando os dedos vazios! Agora dizes que sou abusado! Ingrato! Logo este teu mano Zeca mais k que tudo reparte contigo! Mas, Ele sabe bué que gostas átoa de feijão preto com picanha! Se te portares bem, na próxima ida ao granito de Torga, mando botar no teu prato um coxinha, seu ciumento de uma figa! 

e-bola0.jpgTou a escrever bué de falas contendo o mel de ukamba, gelado de morango, cheiros aromáticos com mirra e alfazema…, da NOGUEIRA de Vila Real e terras desses maravilhosos kamba da Maianga Dom Francisco, docemente reencontrados num paraíso verde que ainda não saí de lá. Lá senti-me fascinado por sua pessoa, extraordinário, inteligente, sensível… Jamais esquecerei o seu carinho dado pela concha feita com suas mãos juntas, que recebi e empanturrei o meu muxima de contente… 

LOANDA 5.jpgTou a pensar eu o meu k soba T’chingange virarmos mordomos das terras de dom Francisco. Ele cunhado, será o de primeira e eu, o curador de segunda sem direito a jeira, cheirando só os rosmaninhos. O T´chingange fica de direito o mais importante, porque é ele que se levanta mais cedo pra tudo regar; alimentar a sua inspiração caté dá pra chorar, ele agarrado à mangueira e botar em tudo que vê água doce, limpa, cristalina, que nasce numa pedreira paleolítica. Água filtrada no musgo de minhocas obreiras de mil patas que usam fato especialmente térmico. Elas apenas usam a língua; não precisam de pós ou de frascos de “elixir” modernos pra na koka filtrarem e bué facturarem…

xicu1.jpgGLOSSÁRIO: Kaluanda: - De Luanda ou Luua; N,Zimbo: - conchas, quitetas, berbigão, dinheiro de N´Gola; Missanga:- cordão com conchas ou esferas coloridas, colar; Mokanda: -carta, menssagem; K kamba: querido amigo; kandando. – saudações; katingado. Suado, transpirado Koca: - cabeça, cécebro;  átoa: - semgeito; ukamba:-maravilhoso; Maianga: - Bairro da Luua, Antiga manhanga e malhoas, lugar da cacimba; Muxima: - Santa padroeira de Angola, saudade, ongweva, recordação; T´Chingange: - feiticeiro  Atu/mutu - pessoas/a; NZambi - Deus; Uuabuama – maravilhoso; missanga – colar;

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:18
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Sábado, 18 de Outubro de 2014
CAFUFUTILA . LXX

SONS CUSPILHADOS  –  Os sentimentos mais genuinamente humanos sucumbem nas cidades IV

Por

soba.jpg T´Chingange

lenin5.jpgOs sentimentos mais genuinamente humanos sucumbem nas cidades; nelas existem milhares, milhões de seres que se tumultuam num sempre desejar sem nunca se fartarem, padecendo incessantemente de desilusão, de desesperança ou derrota. Enredos de uma sociedade de tradições, preceitos, preconceitos, etiquetas, cerimonias, praxes, ritos e um sem fim de serviços a cumprir onde a tranquilidade se some na batalha pelo pão. Redobrando famílias, o homem vê na cidade a base de toda a sua grandeza e, em verdade, só nela tem a fonte de toda a sua miséria.

lenin6.jpgOh vida maldita! São apenas expressões saciadas num gesto de repelir com rancor a importância das coisas; infecção sentimental com bocejos arrastados de inércia. De corpo afogado em unto de ossos moles, que se ressaca escanifrado nos nervos trémulos como cangalhas de arames, chinós e dentaduras de titânio, sem viço, sem febra nem fibra, torto e corcunda. As sublimes edificações, caixotes dos tempos, galinheiros amontoados, das bibliotecas atulhadas com sabor de séculos depois de um bombardeamento, um abalo, um tremor, nada mais fica do que um silêncio monstro de espessura e cor do pó final.

graffiti covilhã.jpgOnde estarão as mesquitas, os sunitas, os curdos, os da mossad, da jihad e da intifada, os da ISIL após as nuvens assentarem num lugar do jeito de Cobani da Síria a relembrar uma Guernica da guerra civil espanhola, como Leninegrado na segunda guerra mundial, um cerco que durou 900 dias obrigando-os a comer cães, ratos e gatos tal como na guerra de angola no kuito sem falarmos de práticas canibalescas; um relembrar do hotel Girão do kuito aonde estive por vários dias em 1971, ou ainda Hiroshima ou Nagazaki, de estórias lidas e ouvidas . No meio de clamores lançados com afável malícia, penso que talvez o ser humano espicaçado, não vai ter o suficiente tempo para fundir suas nódoas, seus pecúlios. Em cada manhã, a cidade impõe uma, duas, muitas necessidades e, cada necessidade arrastando uma outra dependência.

lenin3.jpglenin3.jpgE, é o imposto municipal sobre imóveis, as taxas de salubridade, sanidade, contra os ácidos tóxicos, do carbono, da taxa do audiovisual, das águas negras e das saponáceas mais as pluviais, e não sei que mais. Pobre e subalterno cidadão num constante adular, solicitar, pedinchar, vergar, aturar, rastejar, corromper e ceder à corruptela, o técnico mafioso, o arranjinho e a cunha mais o politico manhoso e malicioso.

rio seco.jpgUma guerrilha sem guerra! Como detesto a cidade, esse montão de tão angustioso esforço! Em verdade também cresci ali, na Luua, uma cidade dum lugar de quando aquilo era uma mulola com muita areia e aonde nós kandengues nos esponjávamos sem nada temer de doenças, da matacanha, bicho do pé.... Nessa universidade aonde aprendi com outros as primeiras lições de tremunos e berridas, uma linguagem quase extinta mas que nos marcou. Num tempo já muito antigo, lá naquele sitio que era meu, não havia muros e só era mesmo rio quando chovia; agora  infelizmente naquela Luua têem muitas fontes de miséria... muita batalha para se ter pão. Tambem ali e agora, muitas famílias vêem na Luua a base de toda a sua grandeza e, em verdade por descuido, nela têem a fonte de muita miséria. E, no final, o que  será aos olhos de Deus! 

Glossário: Kandengue: - moço, rapaz; Luua: - Luanda, capital de Angola; tremunos: - jogar a bola de trapos na areia; berrida: - corrida, o esconde-esconde, afugentar; mulola:- linha de água aonde corre água quando chove; kuito: - Cidade de Angola, epicentro da guerra civil angolana; ISIL: - auto estado intitulado islâmico da Síria e Iraque que sucedem a al.qaeda...

Nota: Escrita inspirada em parte, nos dias que correm e, num mais antigo cenário Parisiense da Cidade e as Serras de Eça de Queiroz.

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:26
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Sexta-feira, 17 de Outubro de 2014
MUJIMBO . LXVIII

ANGOLA - PAIS QUITANDA BENTO KANGAMBA acusado de gerir um fundo de branqueamento de capitais em Portugal

QUITANDA: Venda, mercearia, cuca-shop, tasca, boteco, bazar, quiosque.

As escolhas de

  Isomar Pedro Gomes

Fonte: 16/10/2014 – CORREIO DA MANHĀ

Autoridades terão apreendido 8 milhões de euros em dinheiro e, arrestados três imóveis que pertencem a Bento dos Santos “Kangamba”, sobrinho de José Eduardo dos Santos. O general angolano Bento dos Santos “Kangamba” foi alvo de buscas na quarta-feira e é acusado de gerir um fundo de branqueamento de capitais em Portugal. Apesar da investigação ter sido aberta no seguimento do caso BES Angola, o processo foi autonomizado tal como o de Álvaro Sobrinho sendo a acusação, a de branqueamento de capitais.

cangamba00.jpgO Correio da Manhã refere que os 8 milhões de euros foram apreendidos em dinheiro vivo e que uma das casas do general se situa no Parque das Nações e está avaliada em 2 milhões de euros. Ainda segundo o Correio da Manhã, as apreensões terão sido ordenadas pelo juiz Carlos Alexandre que entende que toda a fortuna de “Kangamba” em Portugal é de “origem criminosa”..

cangamba1.jpgO angolano esteve envolvido num caso de tráfico humano no Brasil, nomeadamente numa rede de prostituição, onde o dinheiro seria lavado através da sua participação em clubes de futebol. Em França, também está indiciado por branqueamento de capitais, tendo as autoridades no ano passado apreendido 3 milhões de euros em dois carros de matricula portuguesa que lhe pertenciam.

cangamba3.jpgBento dos Santos “Kangamba” tem 49 anos e casou em 2010 com uma sobrinha de José Eduardo dos Santos. Na última época futebolistica, o general angolano de três estrelas foi um dos maiores patrocinadores do Vitória de Guimarães que usaram as suas iniciais no seu equipamento.

As opções de T`Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:02
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Quinta-feira, 16 de Outubro de 2014
CAFUFUTILA . LXIX

SONS CUSPILHADOS  –  Entre beatas imorais e vilões endinheiradosIII

Por

soba.jpgT´Chingange

eça00.jpgSaboreando o livro de “ A cidade e as Serras” do Eça de Queiroz, pulo de lado no momento exacto em que o tal de Jacinto a quem Eça chama de príncipe, arrochava o nó de sua gravata branca.  Estando eu acostumado às liberdades da vida, descubro a cada momento as barreiras e dificuldades de levar uma vida quotidiana num lugar citadino como Paris, com esses costumes de então e principalmente os preconceitos desse fim de século XIX. Como poderia eu, pé-de-chinelo sem eira nem beira, prosperar uma paixão sem ser severamente recriminado! Como poderia suportar o peso da intolerância de uma sociedade em que o ser-se pobre era um valor menor; tempos de padres relaxados, comerciantes ricos e grosseiros, beatas imorais e vilões endinheirados aos montões.

chav café 2.jpg Naqueles tempos de café Moka que apreciava sentado na esplanada a balbúrdia própria de um formigueiro humano que na calçada cruzavam bafos de hálitos com salpicos de civilização deliciosa de gente comum e, até cortesãs que com grande pompa desciam de seus coches coupés; com modos cocottes de pompa e fausto, exibiam seus vestidos, insolências muito cheias de pó-de-arroz sempre rodeadas de lacaios enfarpelados de salamaleques e muitos botões doirados tomavam seus camarotes nos recantos exclusivos e perfumados do café Nicolle.

mal3.jpg Para me distrair desta volubilidade, absorvia ao máximo a doçura dos aromas espalhados, esparramados ao sol na esplanada com plumas perfumadas da vida e, entre golos de café Moka via-me turvo na ponta reluzente de minhas botinas de verniz. Nestes cheiros de vida da civilização folheava languidamente numa atitude de pavoneada elegância a revista “Voilá Paris”. Nunca antes me tinha vestido nesta petulante figura; já nesse então me indignava com futuras espoliações molhando um biscoito em vinho aquecido e açucarado, estava longe de supor aflorar-me como um éter de alma naquilo que hoje sou, um rude e atolado tuga afagando leões da rodésia e tomando rooibos com pedaços de biltong. Amanhã será outro dia!

O Soba T´Chingange    



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:49
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Quarta-feira, 15 de Outubro de 2014
MONANGAMBA . XIX

O DRAGÃO  É-BOLA – Chupa-nos o medo a sorvos lentos

Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).

Por

T´Ching 3.jpgT´Chingange

Com os restos cansados da minha preguiça com minudências de cólera sustida a chá rooibos do Calahári, dispus-me a continuar a leitura do Eça lendo as descrições ao pormenor deste mundo burlesco e sórdido que mesmo 116 anos depois, continua mergulhada numa névoa de global desentendimento; com dolorosos risos mergulhados dentro de nossos peitos, estiramos as notícias assustadoras de uma epidemia que pode alastrar e matar o mundo; mundo de gente. Esta horrenda angústia emanada talvez de experiências químicas de higienização étnica a condizer com as pregações do pastor anglicano Thomas Malthus que sempre defendeu uma filosofia de expansão inteligente dos recursos humanos nos territórios de língua inglesa.

ebo0.jpgQuem nos pode assegurar, que não foi a partir daquela filosofia que surgiu o ébola ou é-bola chupando-nos o medo a sorvos lentos. Conspurcando-nos a mente, a saliva, o sangue, os fluidos que não se distinguindo a olho nu, mergulham-se uns quantos seres algures em sepulturas estanques. Gerindo revolta, o mundo alvoroça-se incerto da morte descuidada ou premeditada e, tudo esteve muito calado enquanto só se inscrevia em África. Mas eis que surgem ruídos abafados não distinguindo vómitos pela cor da pele, do sangue ou suor nem latitudes e, ai Jesus, um Deus nos acuda.

ebo1.jpgNum esforço de conter o medo, também eu esvazio o tempo embalado num berço de leões enfadando-me de notícias intranquilas. Mas, porque deixaram esta indignidade que até parece obra do capeta, do diabo! E, aonde estava esse sempre tão vigilante “capitão América” que sempre descura a vida fazendo guerras?  Talvez até seja um descontrole ao controlo dessa tal preocupação de eugenia, coisa esfuziada, sem alma, uma besta ingrata.

ebo2.jpgÉ estúpido, é triste! Talvez uma praga apocalíptica; já houve uma peste negra, a pneumónica o câncer, o sindroma de Imune deficiência adquirida e, agora o é-bola rolando avassaladoramente. Com inefável gosto, afundo a minha razão na densidade da sua estupidez e, assim como um bode ama a uma cabra, despojo-me num sumido ventre na sordidez de uma alcova forrada de cretones sujos. Assim como um pedaço de cera que se derrete num forno ao rubro ouvem-se rugidos, clemências, acudi-nos Jesus!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:52
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Terça-feira, 14 de Outubro de 2014
FRATERNIDADES . LXX

ANGOLA - LUBANGO - A naturalidade, não pode ser anulada por decreto

Por

torres 2.jpg Eduardo Torres

pombinho 12.jpgEu sou angolano, por naturalidade, filho da terceira geração da descendência madeirense, que lutou, desenhou e abriu os caboucos da que viria a ser a cidade de Sá da Bandeira, hoje Lubango. Não sou nacionalizado, e se o quisesse ser, as possibilidades eram praticamente nulas, quer pela idade, ou por outros quaisquer motivos que decerto surgiriam para dificultar a pretensão. A naturalidade é a razão incontornável de quem quer que seja e, não pode ser anulada por decreto; esse direito que define quem é quem não põe ser deturpada para todo o sempre!

pombinho 11.jpgNenhum partido instituído tem força de lei para adulterar o que só por si é natural; o ser-se angolano de facto! Nós somos o que nascemos! É um valor simbólico, porque em realidade, eu sou cidadão português. Curiosamente, nesta altura da minha vida, Angola diz-me mais pela naturalidade do que pela nacionalidade. Saber que ninguém me pode impedir de dizer que sou angolano por nascimento, mas português por opção, é saber que sou filho de duas Pátrias, mas sempre tive a mesma nacionalidade em ambas.

pombinho 2.jpgE, fui habituado de tal maneira a tê-la, que não abdico dela, do mesmo modo que não conseguem impedir-me de ser angolano, por maiores alterações que sofram os decretos em vigor naquele estado, país. Como angolano de nascimento, português de nacionalidade, sempre conheci uma Bandeira, um Hino e um Idioma. Qualquer documento que me seja passado para meu interesse pessoal, sempre assinala a naturalidade angolana assim continuará a ser; não obstante ser português  não abdico de Angola que continua no meu coração...

Ilustrações de Manuel Pombinho

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:11
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Segunda-feira, 13 de Outubro de 2014
KANIMAMBO . LI

MALAMBAS . A cultura é mesmo um grande problema!… III

Kanimambo: Obrigado (de Moçambique); Malamba é a palavra  

Por

soba eu.jpg T´Chingange

rosto.jpgO controlo do imaginário é um fenómeno especificamente moderno com início no Renascimento porque antes disso, a estética não estava instituída ou não estava submetida aos parâmetros de usos e costumes, havia o clero e a nobreza com poder, educação e todas as mordomias, coisas a que o povo não tinha acesso nem lhe era permitido, mantendo-se na ignorante subserviência aos senhores do feudo; a igreja submetia os pobres a uma ignorância confrangedora dando-lhe estímulos à obediência cega e muda, calçando-os de tamancos porque dinheiro para mais, não havia. Nos dias que correm, nem sempre se controla ou separa a razão da criatividade ou estética, um hodierno risco na crítica à ideia de verdade; assim se confunde a produção discursiva com o ficcional.

rostos.jpgHoje, a razão instala-se em uma série de procedimentos filosóficos de monopolização da verdade circunscrevendo-a com manobras de diversão ou dilatórias confundindo-a, abrindo caminho à poesia como um artifício de substituição na contestação à verdade; claramente uma forma a que se pode identificar de fingimento; uma indirecta forma de fazer supor por sofisma. Em verdade, a constituição histórica de uma razão, racionalmente, não tem justificação colar-se-lhe ficção, nem poesia. Quando Eça de Queiroz diz.” Os políticos e as fraldas querem-se mudadas com frequência e, pela mesma razão”; subentende-se aqui a verdade sem, claramente a definir.

ninfas.jpgDepois do cunho secular religioso hegemónico da idade média a igreja católica deixou de ter cortes submissas ao clero e não mais foi capaz de impor em plenitude seus critérios de água benta. A cultura popular de carácter mais espontâneo e livre, deu pôr fim aos mecanismos de controlo dando lugar a novas formulações de poetólogos, sem narrativas fastidiosas ou demasiado vernáculas. Na forma um tanto ou quanto dramática limou esperanças messiânicas em colineares e criativas necessidades. Quanto à política de democracia, ela só tem validade se levarmos em conta aqueles dizeres de Eça de Queiroz já citados. Confirma-se assim os princípios da metafísica grega em que a poesia e criatividade sobre o real, não pode ficar eternamente subjugados ao “fingimento”.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:31
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Domingo, 12 de Outubro de 2014
MOKANDA DA LUUA . XXX III

ANGOLA . GERAÇÃO CANGURU Nos rigores do sol da Mapunda…

Por

  Dy - Dionísio de Sousa  (Reis Vissapa) 

Para todos aqueles que tiveram o imenso privilegio de verem zanguinhas a voar no nosso único e inigualável céu africano.

dy50.jpgEra daqueles dias em que África toma conta de nós, possui-nos com intensidade e deixa uma marca para todo o sempre. Daqueles dias que faziam as minhas maiores delícias e as dos meus amigos. Falando de amigos daqueles tempos, eram isso mesmo, amigos independentemente da sua condição, cor ou religião. A questão da cor só veio a apoquentar-me muitos anos volvidos. Na minha infância a cor era o azul cerúleo que me cobria, os malmequeres selvagens violeta e branco, as borboletas amarelas, as andorinhas alvinegras, os cardeais vermelhos e as gazelas de cor tostada e caudas brancas. Aos oito anos de idade os meus amigos não tinham cor. Não podia dizer que eram pretos, pois na raça humana essa cor não existe, não eram mulatos ou castanhos pois castanho era para mim o chocolate, e brancos de certeza que não eram, quando muito rosados como os rabos dos bebés, ou aleitados como os que haviam chegado há pouco ao continente africano, ou encardidos como eu, que sofrera na pele os rigores do sol da Mapunda.

map1.jpgE encardido não significa sujo, muito embora ao fim de um dia de brincadeira no mato se tornasse necessária uma barrela com sabão macaco. E assim chegamos às zanguinhas, aqueles passarinhos delicados de penugem negra sarapintada a bolinhas brancas, que pintavam desenhos no meu céu africano, chilreando contentes músicas que perduram nos meus ouvidos. E quando aos milhares aterravam na erva verde que despontava entre os malmequeres selvagens de folhas recortadas como filigrana, eu e os meus amigos sem cor corríamos para o local onde elas tinham poisado e de mergulho tentávamos apanhar alguma; essa foi a minha manhã de glória, eu, o candengue mais novo da canalha alvoraçada. Atirei-me e senti o seu corpo delicado nas minhas mãos, estrebuchando de temor.

dy29.jpg – Apanhei, apanhei. – Gritou o Marimbondo alvoraçado erguendo a mão com um animal cilíndrico da cor do Alforreca que tivera menos sucesso. Era um camaleão de orelhas acastanhadas. Quando reparou no bicho feioso o Marimbondo não foi de modas e atirou com o animal para a mulola do Índia. Foi a minha manhã de glória quando abri as mãos e lá estava ela, Branquinha como a cal e as pintinhas pretas glorificando-lhe a penugem. – Uma zanguinha branca. - Gritaram em uníssono os meus amigos de todas as cores. – O rato-cego apanhou uma zanguinha branca, que linda que é, nunca tinha visto nenhuma. – Exultou o Humberto o mais velho da quadrilha. – Mas é minha! Afirmei temeroso que ma surripiassem.

Carro especial.jpgE era! E levei-a para casa colocando-a numa gaiola feita de bimba e caniço, com uma latinha vazia de sardinha repleta de massango e, outra vazia de atum repleta de água fresca. E fiquei ali a olhar para ela no degredo com as missanguinhas negras do olhar a fitarem-me tristes. E fiquei triste perante o seu olhar suplicante de liberdade e mais triste por ela não ligar peva à comida que lhe oferecera em troca da clausura. Dormi mal e, pela madrugada fui vê-la e lá estava ela triste com o seu destino. Um bando de zanguinhas ornava o céu matutino num voar onírico. Soltei-a e vi-a partir no meu céu azul juntando-se ao bando chilreando de alegria.

namibia2.jpgCresci, e comigo, os meus amigos sem cor. E há um dia que sofro o mesmo destino da zanguinha branca; sou preso por ser encardido, ou cor-de-rosa; sou apelidado de tudo e mais alguma. Alguns termos caté desconhecia, como colonialista, kaputo ladrão, branco rosqueiro, etc, edecéteras! Um dos meus amigos sem cor vem em meu socorro e liberta-me, e então eu voo galgando o meu céu em direcção a um céu que nunca foi meu, e voo alto em direcção a N´zambi, agradecendo-lhe essa enorme dádiva de ser vivo e livre. Lembro-me então da zanguinha branca e do enorme pecado de a querer clausurar e por muito estranho que isso vos pareça sinto-me bem, em paz com a cor, voando nos meus sonhos inglórios.

Reis Vissapa



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:05
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Sexta-feira, 10 de Outubro de 2014
CAFUFUTILA . LXVII

SONS CUSPILHADOS  –  Entre minudências de há cento e dezasseis anos atrás II

Por

soba.jpg T´Chingange

eça7.jpgEram sete horas e trinta minutos quando apartei as cortinas aveludadas para admirar o ar e a luz do Senhor que na forma de sol terá despontado lá pelas seis horas; com um alegre som de pombas arrulhando, os pintassilgos e melros chilreavam fariscando pétalas de flores primaveris, jarros, tulipas e papiros mais a folhagem indistinta atulhada de rastejantes bichezas. As íbis com seus compridos bicos sugavam da grama minhocas, enquanto gemidos de rolas com sopros de bufos escondidos algures, se encadeavam com o tic-tac dos chuveiros rotativos que junto à ponte do pequeno lago rodava com a força da pressão de água.

eça8.jpgJá na esplanada frontal de minha provisória “maison” leio o trote das éguas nobres e lustrosas com que Eça de Queirós sobe a avenida dos Campos Elísios soprando o fumo de sua cigarrette pelas vidraças abertas do coupé; imagino que se encontra numa fila de coches e carruagens entaladas entre esses trens de luxo com relinchos de cavalos stressados chispando ferragens naquele engelhado e pedregoso piso e ainda o tilintar de freios e areias esmagadas com salpicos de bosta.

eça9.jpgPosso apreciar os bocejos de fartura de todos aqueles barrigudos com hálito de conforto e falas de rangentes filosofias dando ordens agrestes a seus enfarpelados cocheiros; todos muito bem aperaltados e assentes em almofadões amarelados com pregas de cetim e lantejoulas enroladas. Com suas barbichas de renascença e monóculos em olhos macilentos, ilustres e bafejantes homens de negócios da Boulevard cheios de muitos ventos neoplatónicos, posso descortinar as minudências de à cento e dezasseis anos atrás, um tempo de cartolas e rostos com barbas talmúdicas e patilhas farfalhudas.

(Segue…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:09
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Quinta-feira, 9 de Outubro de 2014
FRATERNIDADES . LXIX

ANGOLA – HUILA – N´DIGIVA  Ongweva na cascata da Hungueria

Por

torres8.jpgEduardo Torres

torr1.jpgCada um de nós é um pedaço da história vivida em Angola, não interessa a importância que possa representar, ela por si só, vale o que vale, e esse valor não lhe pode ser retirado. Já, que nos tiraram tudo, ao menos deixem que o tempo não apague a nossa presença em Angola. Respeitem, ao menos, a saudade, a ongweva. Estou tranquilamente sentado, aqui no meu sofá do M´Puto preferido, após o regresso de um passeio e, lembrei-me casualmente da possibilidade de escrever o nome de todos os pássaros recordando a felicidade de catraio lá no Lubango, um teste à minha memória.

torr8.jpgtorres 6.jpg

Começo pelos pardais, as tintenas num võo de equilíbrio e rasante sobre o capinzal, os bom-senhores, os bicos de prata e de lacre, os bigodinhos, as viuvinhas do Humbe, os cardiais, os canários, os bituites, catuites ou peitos celestes, as zanguinhas, os papa-figos, as chiricuatas, as bengalinhas, os periquitos republicanos, os beija-flores ou colibris, os caramanchões, as rolas da madeira, os pombos verdes, e talvez me venha a recordar de mais alguns, mas por agora esgotei o repertório. Recordo-me da primeira vez que visitei a cascata da Hungueria. Muito jovem ainda, numa altura em que o asfalto era apenas uma miragem, para lá chegar tinha-se que abandonar a viatura bem longe, caminhar-se por uma vereda de pedra solta, piso difícil, por entre o arvoredo onde o chilrear da passarada era uma constante.

torr4.jpgtorr2.jpg

E, depois desembocar num lugar de sonho, com a água límpida a cair em cascata, por entre o granito escuro, cair imparável para formar um pequeno lago salpicando a água por entre os espaços da pedra, até se perder na terra sequiosa. Lembro-me de ter ficado espantado com tanta beleza; talhada rudemente no granito, uma obra secular e duradoura; não me cansei de a olhar, ao ponto de ainda hoje a ver em pensamento, magestoso, tal como da primeira vez que a vi. Recordo-a frequentemente com saudade quando algo me perturba! Sua grandiosidade reside do como surgiu, sem que a mão do ser humano ali interviesse. Voltei lá mais vezes, mas nunca mais tive a sensação de ser surpreendido como fora na primeira vez, tão jovem ainda, que das outras pouco me lembro, e dessa, nunca me esqueci

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:15
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Quarta-feira, 8 de Outubro de 2014
KANIMAMBO . L

MALAMBAS. Metamorfoses do sentir - Poesia, um artificio de fingimento…

Kanimambo: Obrigado (de Moçambique); Malamba é a palavra  

Por

soba eu.jpgT´Chingange

A CULTURA, É UM PROBLEMA

jorge sistello 3.jpgA cultura, quando usada para a manutenção de fronteiras e, quando mobilizada para articular limites de diferença em relação a outros, torna-se numa questão de identidade de um grupo. A cultura não se limita simplesmente a realçar a posse de certos atributos como linguísticos, materiais ou territoriais, mas também da consciência e naturalização destes atributos como elementos essenciais à sua identidade. À mobilização na forma consistente, do que é a etnia, impõe-se a ideia primordial de parentesco, um arquivo biológico e genealógico, diacrítica da identidade com ou sem sinais de escrita de um grupo, um povo.

jorge sistello 4.jpgAonde existem seres humanos haverá padrões culturais que fornecem matrizes à sua organização, processos sociais ou psicológicos dando lugar à imaginação, criatividade, repetição com produção ou reprodução. Esse imaginário, numa forma de reserva, discernirá o quanto vai ter de analógico ou virtual, formando um arquivo disjuntivo e audiovisual na mesma síntese emocional entre o dizer e o ver. E assim, obrigada a reencenar-se sobre a experiência dos fenómenos inerentes de inversão e reversão, representando ideologia ou utopia.

jorge sistello6.jpgNa existente natureza estratégica de qualquer relação, serão as condições politicas ou económicas da existência, véu ou obstáculo, através do qual se formalizarão relações de verdade, pelo conhecimento. Convêm referir que naquele arquivo de imagens e para além do fabrico de objectos e ideias, se formularão relações que povoam a nossa existência. A emergente razão moderna é indissociável da repressão à imaginação entre o criativo e o ficcional. Teremos assim que considerar uma série de procedimentos filosóficos da monopolização da verdade circunscrevendo a poesia como um artifício de fingimento.

 

Ilustrações de: Jorge Sistello

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:00
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Terça-feira, 7 de Outubro de 2014
CAFUFUTILA . LXVII

SONS CUSPILHADOS  –  Metamorfoses do sentir no século XIX… I

Por

T´Chingange

A dois de Julho de 1898, Eça de Queiroz escreveu uma carta que precedeu o romance “A cidade e as Serras” e que só hoje me chega às mãos, cento e dezasseis anos depois, Outubro de 2014. Dum outro lado do mundo chamado de África eu, supostamente civilizado, descrevo nesta, as realidades do Universo que me cercam na máxima proporção de gozo e, na vantagem de viver. Nesta ilusão telepática de sem fios de telégrafos no tempo e espaço, na ânsia de inventar sabores, cheiros e barulhos de atroar carroças, calhambeques e parelhas de equinos, ensaio uma ilusão saborosa do século XIX. Tudo isto para me dar essa tal delícia dum fonógrafo, criação soberba que desenrola sons cuspilhados.

Pude ler de novo que o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado; tudo em um dia de verão manso, harmonizante e translúcido de por entre fragantes arvoredos de cedros, marulas, mafumeiras e pimenteiras a refrescar doçura. E, os Leões da Rodésia que se abeiram e me lambem os pés descalços, com chinelos de dedão ipanema adquiridos no Nordeste brasileiro. Aqui, tal como lá no Nordeste, a vida só é ruim, quando não chove no chão mas, se chover tem de tudo e, de tudo tem de porção; com essa cantiga do Sertão na mente, também aqui exponho meus funchos venéreos, sarapintas jurássicas e minhas unhas de estimação com seus carunchos pré-históricos.

Estava assim na frescura do bosque rolando a equação metafísica de acreditar que a facilidade é exercida segundo uma regra simples de querer e saber fazer querer e, desesperadamente quero acreditar nisto, um mel que o amor reserva aos que o recolhem bem à maneira das abelhas com ligeireza zumbindo entre rosmaninhos, funchos ou mesmo arruda para afugentar sorte ruim. Com ar preguiçoso, embebo fatias de pão torrado na xícara de chá rooibos e, de olhar mole debruço-me nas incertezas de alguns meus caprichos. O passado! O presente! O futuro! Ora ora, Adeus!

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:47
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Segunda-feira, 6 de Outubro de 2014
PUTO . LII

TEMPO DE CINSAS PORTUGAL E  A SUA DEMOCRACIA

As escolhas do kimbo

M´PUTO – NO 05 DE OUTUBRO - ISTO JÁ É QUALQUER COISA...

Cavaco fala dos riscos de "implosão do sistema partidário". PR reconhece insatisfação dos portugueses e apela a "cultura de compromisso" para garantir estabilidade e governabilidade.

O PR, reconheceu a profunda insatisfação dos portugueses com o funcionamento da democracia e as consequências que podem dai advir! ALELUIA!

E mencionou, não ser de excluir um aumento dos níveis de abstenção para limiares incomportáveis ou a implosão do sistema partidário português, tal como o conhecemos" BRUCHO!

"A persistência do tacticismo e do imediatismo, a teimosia de uma política de vistas curtas, trará custos a médio prazo para a democracia portuguesa no seu todo e no aspecto económico (...) é indispensável nos tempos adversos que vivemos" - EU DIRIA EM UM MUITO CURTO PRAZO!

Passos Coelho estava na primeira fila a ouvi-lo. AINDA BEM!

PR falou da "tendência para a demagogia e populismo" e mais," os agentes políticos devem assumir uma cultura de verdade com responsabilidade" . UM BOM ALERTA!

Que o tempo, frisou: "não se compadece com promessas de facilidades nem com soluções utópicas", um dos principais factores de aumento da descrença dos portugueses na sua classe política e de desconfiança nas instituições". PURA VERDADE!

Tal como tudo está eu, (digo eu mesmo) vou votar CRUZ... ASSIM DE UM CANTO AO OUTRO!

O PR, disse mais: Constatando que a falta de confiança nas instituições "tem vindo a crescer e a aprofundar-se", e que o exercício de cargos políticos e administrativos deixou de estar associado a noções de causa pública, para serem vistos como sinal de "carreirismo" e "oportunismo", blá- blá-blá... CERTÍSSIMO!

Mas devemos ter consciência de que existem reformas no sistema político que são discutidas desde há muito, sem que desses debates surjam mudanças efectivavas - "e necessárias."

O Presidente que temos não perde uma oportunidade de mostrar que Portugal, infelizmente, não tem o chefe de Estado que o país precisa.  Da Justiça, que de facto implodiu, o Presidente nada disse; sobre a Educação, que implode de todas as maneiras e feitios, só silêncio. A maioria muito significativa dos portugueses passou ao lado do discurso do Presidente exercitando-se em maratonas. As obrigações orçamentais não podem bloquear investimentos nem ser um entrave ao desenvolvimento que a própria União Europeia considera estratégicos para Portugal.

ESPERAREI SENTADO!
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:01
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Domingo, 5 de Outubro de 2014
MOKANDA DA LUUA . XXXII

ANGOLA . NO  CUNENEÁfrica, é uma bênção e um veneno.

Por

Dy - Dionísio de Sousa  (Reis Vissapa) 

O CORNETA - Um conto que não aconteceu mas podia ter acontecido.

Crescemos à beira do Cunene, eu e o Corneta, amigos inseparáveis como matacanha e o dedão do pé. O pai do Elias era pau para toda a colher no posto clínico local, contínuo, ajudante de enfermeiro e volta e meia ainda cozinhava para os poucos doentes que tinham de ficar acamados na enfermaria enquanto a mãe tratava da roupa da diminuta instalação de saúde. O Corneta era negro como um tição, com uns olhos enormes e uma boca de limpa-fundos de beiços dilatados e forma arredondada. No caso específico do Corneta só talvez a boca a fazer lembrar a de Louis Armstrong assoprando o trompete é que tinha alguma conotação com a sua alcunha. Na verdade a origem da mesma deveu-se ao facto de ter visto num filme sobre a guerra de sucessão na América do Norte, um soldadinho negro, garbosamente envergando a farda azul escura dos Yankies, a tirar de um cornetim dourado o toque de silêncio.

Nessa sessão itinerante a que fomos juntos, levando os bancos de casa para nos sentarmos no salão do clube da terra, o Elias deixou escapar um soluço vindo das profundezas da alma. Pelo rabo do olho vi uma lágrima enorme a escorregar-lhe ligeira pela e face, ficando assim cai não cai junto ao lábio superior. Desde esse dia a obsessão do meu amigo em ser corneteiro foi de tal ordem que passou a ser conhecido pela alcunha de Corneta. Certo dia resolvermos ir nadar para um braço do rio onde havia um banco de areia em que a água corrente nos dava pelos joelhos. Só nessa altura é que me apercebi que o meu amigo nadava como um prego, quando lobriguei a cabeça dele a desaparecer na corrente cristalina e um esbracejar estranho. Sabe Deus como consegui rebocá-lo pelo pescoço até à margem aonde ficou a ofegar como um roncador.

Quando fui estudar para o liceu no Lubango deixei-o para trás para grande tristeza de ambos. Voltei encontrá-lo anos mais tarde no regimento de infantaria e o abraço que me deu, foi bem elucidativo da imensa amizade que nutria por mim. Era primeiro-cabo enfermeiro e ainda tentei meter uma cunha quando nos puseram em fila para nos espetarem umas agulhas enormes e inocularem-nos de um líquido qualquer. – Nem penses Tabaibo, o furriel Toupeira matava-me. Desde esse dia fiquei com um ódio a medicamentos, vacinas e coisas dessas da indústria com mais lucros no mundo. Das farmácias só levo Rennie e pouco mais. Conversámos sobre as nossas aventuras de menino e fiquei espantado com as notas que ele e arrancava do cornetim quando tocava o recolher naquelas noites estreladas do planalto da Chela. Um dia a soltar de uma GMC em andamento parti uma perna e com maestria de um ortopedista foi ele que a engessou.

Fê-lo de tal maneira que o membro partido em três sítios solidificou na perfeição e eu não fiquei coxo. Voltei a deixá-lo para trás quando da descolonização e recordei-me dele ao ouvir algumas queixas na televisão de pessoas que ao partirem braços e pernas tinham ficado com braços virados do avesso ou mancos. – Faz cá falta o Corneta, menino bom nestas artes estava ali. – Comentei com a minha mulher. Faz já algum tempo fui a Lisboa e quem é que eu encontro, o Elias. – Ena pá tás porreiro meu? Mais um abraço, mais troca de repetidos. – O que fazes aqui no puto Corneta? – Perguntei curioso. - Fui convidado para um seminário de ortopedia. – Ai é? – Espantei-me! – É verdade, tirei o meu curso em Cuba, fui para lá depois de vocês terem saído e licenciei-me em medicina ortopédica. – E ainda tocas corneta? – Claro, o quê que achas? Ser corneteiro foi sempre a minha grande paixão…

Reis Vissapa

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:01
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Sábado, 4 de Outubro de 2014
KANIMAMBO . XLIX

MALAMBAS . Temporalidade humana…

Kanimambo: Obrigado (de Moçambique); Malamba é a palavra  

Por

 T´Chingange

Algures na reflexão sobre a temporalidade humana Siegfried Kracauer disse que “a história é a área intermédia onde se olha sempre provisoriamente para as últimas coisas que vêem antes das últimas”. Podemos afirmar sem errar, que a história nunca começou nem termina, está sempre a começar e a terminar porque, em cada acto, há o efeito do acontecer ao acontecimento. A transformação mítica do presente é um efeito de estática da tecnologia porque cada novo acto verdadeiramente livre interrompe o existente; teremos assim na cultura, um modo de controlar o acontecimento; a cultura é sobretudo um modo de articular, integrar ou totalizar tudo o disperso ou fragmentado quando não tenha aparecido substituto à altura.

A cultura, não sendo uma invenção é no mínimo uma construção de esqueleto histórico. Se revisarmos a mitologia antropológica que considera que o homem produz cultura tão naturalmente como as abelhas produzem mel, ou as aranhas as suas teias, nada nisto, substancializa a dita cultura. O substantivo “cultura” privilegia tipos de partilha que ignora em seus laços evidentes desigualdades de conhecimento, variando prestígios em modos de vida, desencorajando na intenção, acções de dominados ou marginalizados. A cultura é um feudo de atributos exorbitados que originando hierarquias de padrões dissimulados pela heurística, é levado à prática de forma inconsciente e, sem que na maior parte dos casos, um indivíduo dê conta desse processo; não será isto a estigmatização da grande parte da sociedade?

Resumindo tudo o dito, a história tal como um boato, corre bairros de cidades assim como uma pedra levada por enxurrada que à proporção que rola, de rua em rua, de beco em beco, vão-se-lhe apegando todo o tipo de trapos, imundice que encontra em sua vertiginosa corrida; são trapos de comendadores, de barões, secretários e sub-secretários mais directores e primeiros-ministros, mas então? O governo tem parentes, tem afilhados, tem comitivas, tem salvas e alvíssaras, tem o diabo! O povo, está aí, que pague! Do jeito que uma notícia faz história, cai em seguida  no esquecimento e, já tão desfigurada vai de si, que da própria, não conserva mais do que a sua origem! Balelas de coçar a orelha com o pé! ADEUS!...

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:33
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Sexta-feira, 3 de Outubro de 2014
MALAMBAS . LIV

TEMPOS CINZENTOS - Nos intervalos da vida, durmo! - II

MALAMBA: É a palavra.

Por

T´Chingange

Sobre a batalha que se travou nas grandes pedras de Nganda la Kawe da Caála, entre os filiados de Kahululo, esposo de sua filha NJingala e os seus homens, segundo o mais velho, esta batalha teve como principal motivo, o facto de que Wambo se apossava de netos masculinos para fins benéficos o que não agradou ao genro. A situação atingiu níveis explosivos dando lugar uma grande batalha que culminou com expulsão de Kahululu e suas gentes, indo depois fixar-se na região da N´ganda (município da Ganda). Os mais velhos dizem que este município levou essa designação porque os seus primeiros habitantes vieram dos arredores da actual grande pedra que tem esse nome e, se situa a sete quilómetros do Município da Caála, província do Huambo, na estrada que vai para Ekunha, município situado a 21Km.

Foi com razão que Baubou Hama, escreveu no seu livro Fundamentos da Unidade Africana o seguinte pensamento: “a cultura da inteligência não pode nem deve colocar-se enquanto antítese” um estilo conhecido como arte do conflito, em que há presença de paradoxos, por apresentar oposições a outras ideias tais como do amor e ódio, do sol e da chuva, do inferno e Deus, dos anjos e demónios. Trata-se aqui o de asseverar algo por palavras contrárias, quando a linguagem corrente não tem força de expressão devido à previsibilidade de palavras que se tornaram corriqueiras.

Na cultura do povo, esta deve ser antes de mais uma emergência a fim de não se tornar em consciência estéril, necessita de se alimentar da fonte que a segregou. Saída do povo, a inteligência de cada qual, deve saber voltar a ele para poder tornar-se na sua consciência critica, uma forma de desmistificação, partilhando as suas angustias e as suas esperanças, capaz de as libertar sob a forma de projectos políticos ou de as formular enquanto doutrinas de regeneração... Por isso a cultura oral, deve deixar de ser uma espécie de idolatria do saber em busca do poder e de domínio, para se tornar numa vontade e força de meditação. Um pedaço de mim nunca mais o terei, porque por ali ficou! O sargento Canas também por lá ficou e os anais da estória mal tocam em seu nome porque era um simples expedicionário.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:37
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Quinta-feira, 2 de Outubro de 2014
MALAMBAS . LIII

CINZAS DO TEMPO . Nos céus das Arábias …

MALAMBA: É a palavra.

Por

T´Chingange

Tenho-me forçado na medida do possível a encontrar um herói perfeito, um que mostre a face vil e cruel do ser humano e, que desimpedido pelas barreiras do preconceito seja observador o quanto baste para investigar os antagónicos traços das pessoas, um confronto do bem e do mal. Um herói que tenha as sobrancelhas muito salientes no rosto e que faça lembrar respeitosos tons suaves e educados mas, despidos da sobriedade comum. Um herói que ame as artes, a literatura e a ciência; um herói que tenha uns olhos grandes, cheios de sombras azuis, pestanas eriçadas e negras, ramalhudas formas em um rosto vaporoso, e húmido; muita pretensão a minha nesta eclética figura!

Num dia entre muitos e no céu das arábias, um lugar oásis chamado de Dubai aonde mãos humanas fizeram nascer edifícios rolantes a raiar as nuvens e, palmeiras deitadas no mar, só vistas do ar, aqui me encontro. Neste dia um de Outubro, quente e abafadiço numa abobada gigante com ar climatizado, ionizado e enfeitiçado, esperando um võo, de novo subindo aos céus, consumindo fusos e cuspindo sono pelos olhos. Via Johannnesburgo e, pelas 4.40 da manhã detenho-me na visão de soslaio em umas quantas mulheres de preto carregado na forma de burka; vendo eu só os olhos delas por uma minúscula fresta, não deslumbro mais nada e, assim, nem consigo descrever se aquilo que miro é filho ou filha de branco, ou se sua mãe é negra retinta.

Jamais poderia ver nelas as características tão descritivas do meu herói eclético poupando-me os adjectivos para as descrever; assim umas trouxa-mochas carregadas de noite sem estética e de sapatos quedes desqualificados nos anais griffy, impedem-me de ver a nitidez de suas almas, se perversas ou não e, denunciando ao extremo um caricatural e grotesco aspecto, fazendo de mim um oportunista fofoqueiro e bisbilhoteiro de quase mesmo um denunciador social de, ou a quem só serve de modelo ao diabo. Nem sempre podemos ficar isentos destes pensamentos omitindo-nos dos usos, costumes e religiões, por nos parecerem demasiado fora do comum. Num qualquer dia, tornamo-nos incomuns bisbilhoteiros.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:07
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Quarta-feira, 1 de Outubro de 2014
FRATERNIDADES . LXVIII

MOÇAMEDES Tempos do tira-linhas maluco

Por

  Eduardo Torres

Em 1961, tendo sido extinta a Brigada do C. F. Moçamedes, fui transferido pra o colonato da Cela, após ter estado hospedado na pensão do Monte; fui viver com o amigo Francisco Ferrer, que só conheci na secção de desenho aonde éramos colegas de profissão. Criamos uma amizade que nos levou a morar juntos. Até conseguir a rescisão de contrato, vivemos em Freixo por cerca de seis meses. São amizades que nascem, para permanecerem pela vida fora, independentemente de podermos estar perto, ou longe. Há favores que nunca se pagam, mas a razão de permanecermos gratos pela vida fora, é um dever de consciência. Trabalhávamos ambos, na fiscalização da hydrotecnic, fornecendo os elementos necessários, a partir dos registos de topografia sob a chefia do engenheiro Castanheira.

Isto foi numa época em que se desenhavam curvas de nível com o tira linhas maluco, em que era preciso ter mão firme, para ser de facto desenhador. Não havia computadores nem programas para facilitar como o é agora. Era nesse então ter a precisão necessário para afinar os tira linhas a fim de manter o traço com a mesma espessura. Mais tarde apareceu a caneta Graphos, com os seus aparos numerados, permitindo manter a espessura de acordo com o número de aparo utilizado.

Era forçoso desenhar sobre a tela, limpar-lhe a gordura com talco, e começar a riscar, sabendo que não eram possíveis emendas, porque a dita tela não permitia raspagens com lâminas. Isso sim, …. É que era desenhar!... Que saudades do tempo em que o talento se impunha, porque era preciso técnica pessoal, de tal modo, que os trabalhos se tornavam personalizados. Em tudo há virtudes e defeitos! Claro que sou a favor de novas tecnologias, utilizo iPad para escrever e contactar os meus filhos fora do pais e, aceito a evolução verificada e que tem efeitos positivos pela rapidez em uma qualquer profissão, mas não posso esquecer os difíceis tempos das múltiplas dificuldades para se efectuar um trabalho de desenho, um projecto em geral com as cópias ozalid, primeiro usando painéis de vidro que se expunham ao sol para revelar por um tempo cronometrado e mais tarde as rotativas de tirar quilómetros de perfis e, sabem que mais, até sinto saudades…

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:45
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MAIS SOBRE NÓS
QUEM SOMOS
Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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