MALAMBAS DE NATAL – Para provar, que o que tiver que acontecer acontece, haverá sempre um milagre …
MALAMBA: É a palavra
Por
T´Chingange
As pessoas não escolhem os sonhos que têm e, estas duas noites logo a seguir ao Natal, seguindo um destino, dormi em Guest House Willtotop de Vanda Potgieter nas imediações de Windhoek, esperando seguir o rumo ainda por escrever na singular legitimidade do partilhar dum reino, aonde todos são presumíveis herdeiros. Reino, aonde o tempo passa igual para todos; seguirei mais tarde na direcção de Okahandja, Otjivarongo, Otavi, Grootfontein com término em Rundu no Okavango. Um homem e uma mulher, sexagenários andando através do mato, savanas de África sem fim, um mar de acácias, espinheiras em montes ardentes, campos sem cultivo intensivo, lugares habitados por kudus, búfalos, zebras e leões, sabendo de antemão, que o deserto não é só aquilo que a nossa mente se costumou a interiorizar, pelo que se lê ou pelo que se ouve, sempre na vontade e na natureza nas coisas de Deus.
Como se fosse um cofre, viemos futurar o destino, olhando dentro dele, ver o que já foi passado quando se abre e que, após seu fecho, só se pode pressentir o que poderá vir a acontecer, nada mais! Os segredos de Deus só a Ele pertencem! Na voz do bom senso, terei de esperar o amanhã, sem mais nada ter que fazer e, em paz, divorciar-me de mim, dando a chave do cofre ao mestre da charrua da vida. E, porque foi que viemos aqui, se não era necessário afastarmo-nos tanto, a um lugar tendo por testemunho absoluto o céu que nos cobre, para onde quer que se vá.
Para provar que o que tiver que acontecer acontece, haverá sempre um milagre a alterar este curso do destino e, pequeno ou grande, ele surge na aventura como um amor ao próximo! Desta feita tem o nome de kikas, no feminino, que move vontades e ternuras a alterar este simples destino, seu toque milagreiro de bem-haja, pequenas grandes coisas que fazem a diferença! Como podemos nós acrescentar à ciência o entendimento de simplicidades tão abrangentes; uma mão amiga! As pedras surdas e mudas não podem testemunhar porque elas têm seu próprio destino, transformar-se em pó, e nós, em coisa nenhuma.
O Soba T´Chingange
VOLTE PARA O AÇÚCAR - Antes que seja tarde ou não use nada para adoçar
As escolhas de
KIMBO LAGOA
Por: Jorge Jacinto – Terapeuta Naturista
FIQUE ATENTO - Volte para o velho e bom açúcar que vem do Brasil há mais de 500 anos alimentando a nossa população; porque nossos antepassados não apresentavam sintomas das doenças "modernas". Passei alguns dias falando na CONFERÊNCIA MUNDIAL DE MEIO AMBIENTE a respeito do ASPARTAME, conhecido como Nutrasweet, Equal, Zerocal, Finn e Spoonful. Eles anunciaram que existia uma epidemia de Esclerose Múltipla e Lúpus sistémico, e não entendiam que toxina estava fazendo com que essas doenças assolassem os Estados Unidos tão rapidamente. Eu expliquei que estava lá para falar exactamente sobre este assunto. ALZHEIMER, MAL DO ADOÇANTE. Artigo escrito pela Dra. Mancy Marckle. Quando a temperatura excede 30º C, o álcool contido no ASPARTAME se converte em formaldeído e daí para ácido fórmico (o ácido fórmico é o veneno das formigas), que provoca acidose metabólica.
A toxicidade do metanol imita a esclerose múltipla e as pessoas recebem diagnóstico errado de esclerose múltipla. A Esclerose múltipla não se constitui em sentença de morte, mas a toxicidade do metanol sim. No caso do Lúpus sistémico, estamos a perceber que é quase tão grave quanto a esclerose múltipla, especialmente em USUÁRIOS DE DIET COKE E DIET PEPSI.
ISTO É MUITO IMPORTANTE ! - Nos casos de Lúpus sistémico causado pelo ASPARTAME, a vítima geralmente não sabe que o aspartame é a causa de sua doença e continua com seu uso, agravando o lúpus a um grau tão intenso que algumas vezes ameaça a vida.
Quando interrompemos o uso do aspartame, as pessoas que tinham lúpus ficam assintomáticas. Numa conferência eu disse: 'Se você está usando ASPARTAME e sofre de sintomas como fibromialgia, espasmos, dores, formigamento nas pernas, cãibras, vertigem, tontura, dor de cabeça, zumbido no ouvido, dores articulares, depressão, ataques de ansiedade, fala atrapalhada, visão borrada ou perda de memória - você provavelmente tem a DOENÇA DO ASPARTAME! As pessoas começaram a pular durante a palestra dizendo: Eu tenho isto, é isto reversível? É impressionante. Há um tempo houve Audiências no Congresso dos EUA incluindo o aspartame em 100 produtos diferentes. Nada foi feito. Os lobbies da droga e da indústria química têm bolsos muito profundos. Agora existem mais de 5000 produtos contaminados com este produto químico, e a patente expirou.
As opções do Soba T´Chingange
ANGOLA : O MISTERIOSO VOO DOS BILIÕES DA “BESA AIRLINES” - 1º de IV partes
As escolhas de
KIMBO LAGOA
Fonte: William Tonet e Arlaindo Santana – Folha 8 - Junho 2014
Suporte: F Brandão
A propósito do sumiço de 5,7 biliões de dólares no “Caso Sobrinho/BESA”, uma observação assaz pertinente, publicada em primeira mão no estrangeiro e “postada” no Facebook sobre o que se passou nestes últimos quatro ou cinco anos no Banco Espírito Santo Angola, chama à atenção do leitor o volume do dinheiro sacado nesse banco por “Quem de direito”: «Quanto dinheiro cabe numa mala? Numa mala de executivo cabe um milhãozito em notas de cem dólares, bem apertadinhas. Agora imagine que se levantou de um banco 525 milhões. 525 MALAS, um camião TIR! (pelo que se diz são mais de setecentos milhões o que Sobrinho papou). É de outro mundo!? Não, é deste.
Aconteceu em Angola, no BESA, com gestores angolanos e portugueses. Onde está o dinheiro? Uma parte foi depositada em contas de não se sabe quem, a outra em contas do presidente e de um administrador do banco. Chocado? Então continue a ler». Foi o que fizemos, continuámos a ler, mas antes de entrar no miolo deste golpe magistral, quase mortal para qualquer banco, vamos fazer um pequeno retorno no tempo para melhor entender a situação actual.
No ano de graça de 2009 depois de Jesus Cristo, o Banco Espírito Santo Angola (BESA) foi distinguido com o prémio Banco do Planeta, atribuído pelas Nações Unidas através da UNESCO. O seu director executivo desse tempo era um angolano, Álvaro Madaleno Sobrinho, personagem perseguida pelo fisco e Ministério Público de Portugal por ter sido, alegadamente surpreendido numa tarefa rotineira de lavar dinheiro sujo, proveniente vejam só, de Angola.
Não sei se estão a ver o topo da montanha, estamos em plena crise financeira e económica, ofertada sem juros pela falência do gigantesco banco americano Lehman Brothers, e eis o que neste cataclismo monetário uma instituição bancária angolana faz: Em mostra das suas excelentes qualidades de gestão, recebe de mão beijada uma prestigiosa distinção internacional. Palmas na assistência e restante povo, festa entre os accionistas, louros para Álvaro Sobrinho, tudo ouro sobre azul, com os juízes portugueses a encolherem-se e, claro está, o brasão desse bancário a brilhar de novo em todo o seu fulgor d’antanho, novinho em folha! Sobrinho continuou a dirigir o BESA, o homem fez o que quis e o BES de Lisboa deixou fazer. O Sobrinho agradeceu, foi ao cofre e serviu-se, mas só depois – e disso não restam muitas dúvidas, de ter servido em grande as mais gigantescas “Trutas” empresariais, financeiras e políticas do regime JES/MPLA. Tão simples como isso.
(Continua...)
As opções do Soba T´Chingange
ENTREVISTA COM DEUS - Nunca O vi - Nem O chamei…
As escolhas de
KIMBO LAGOA
Por: Nell Teixeira - Loulé / 1998
Rebusquei em meus arquivos um assunto especial para o dia de hoje, Dia de Natal de 2014 e achei algo de interessante escrito por um amigo que, em passagem pelo Algarve, um lugar de acolhimento temporário, entrevistou Deus…
Nunca O vi, apesar da inexplicável luminosidade da grande treva cósmica aonde cheguei.
- Nem O chamei. A sua voz veio até mim de nenhures e, contudo, era indescritivelmente envolvente. Redonda e metálica, nada tinha porém do tom iracundo que prostrou Moisés, nem da firme ternura com que travou o braço de Abraão, nem da gravidade suasória que guiou Paulo à santidade. Pelo contrário, exprimia-se em inflexões inesperadas e o tom era surpreendentemente coloquial.
- E assim Falou: Procuras-me, Emanuel? Fiquei pregado no espaço à cruz que lá não estava e, vencida a surpresa, ousei: - Sois Vós, Senhor?
Tinha essa esperança, mas temo não merecer tamanha audácia. E onde estais, que Vos não vejo? - Falo-te donde sou. Espreito-te dum orifício que é maior do que o Universo. Um dos teus, um argentino cego e visionário, suspeitou dele, chamou-lhe “Aleph” e julgou vê-lo num degrau de uma velha escada apodrecida. Mas enganou-se. Ele nada viu, tal como tu, que tão longe chegaste, não me podes ver. Razão teve Victor Hugo. Conheces? Esse chamou-me a invisível evidência. Como vês, só um paradoxo poético pode aproximar o transcendente.
- Fez um brevíssimo silêncio que quase me cegou e prosseguiu: -Mas que pretendes afinal? Uma entrevista? Para quê? Ninguém a entenderia e ninguém te acreditaria.
- Pensei nisso pela primeira vez. Mas logo uma perplexidade nova me veio interromper. E eu exprimi-a: - Senhor: porque me questionais tanto, sendo Vós omnisciente? Vós sabeis ao que vim, por que vim, como vim… Logo ele cortou: - Enganas-te. Posso parecer omnisciente aos teus olhos. É natural. Mas não te disseram que foste feito à minha imagem e semelhança? Em escalas diversas, é claro. Como a lua em silêncio diz mais à Terra do que o uivo que o lobo lhe dirige. Mas, ressalvada a escala, somos parecidos: tenho mais dúvidas sobre o que posso do que certezas sobre o que quero. Admito que isto te confunda mas é assim. Vós, inventásteis a metafísica e a lógica, não fui eu que Vo-las dei. Dizeis, pois, que eu sou absoluto. Mas se o absoluto é o tudo, se o tudo comporta o nada e se o nada exclui o tudo, aonde quereis chegar? Aliás, o absoluto inviabiliza a alteridade, o que, na vossa lógica, pode dar alguma razão formal aos panteístas, mesmo que a sua teologia tenha por vezes uns laivos de narcisismo.
- Dais razão aos panteístas, Senhor?
- Mas quem sois Vós afinal?
- Chama-me o que quiseres: Jeová, Deus, Alá ou até Grande Arquitecto Universal. Ou até Aquele que está e sempre estará para além da vossa razão. Diz é, aos teus coetâneos que eu não entendo como é que uma raça finita já perdeu tanto tempo a discutir o meu nome, julgando que discute a minha existência.
- Quereis Vós dizer que aceitais encarnar todos os monoteísmos?
- Eu julgo o esforço, a vontade e a conduta. E a tua pergunta não tem sentido algum para mim. Um católico francês observou, com argúcia factual, que os grandes monoteísmos foram quase sempre o produto da cultura do deserto. Outros ambientes geram tendencialmente outro tipo de aproximações ao transcendental. Isso pouco me afecta. Claro que aprecio o esforço de razão que levou Amenófis IV ao monoteísmo, mas sobretudo pelo que isso envolvia de evolução moral de uma civilização. Mas aprecio igualmente Buda, cujo nome tantos me atribuem e que, como sabes, não se proclamou Deus, disse repetidamente nada saber de tal matéria e ignorava em absoluto que o vissem a divinizar. Como valorizo Confúcio, Francisco de Assis ou João Huss e ainda todos aqueles que nunca em mim pensaram por estarem demasiado ocupados a fazer o bem aos outros. E aceito que, numa dada circunstância, um qualquer politeísmo me mereça este respeito que dedico a quantos souberem combinar a epopeia da razão com o lirismo da moral, servindo a causa do amor, da justiça e da paz. O que não aceito é que, sendo a vida dada para viver, os homens se matem pelos meus heterónimos.
Um cristão que mata um muçulmano (ou vice-versa) julga servir-me quando apenas destrói o que eu mais quero preservar. Além de pecador, é burro, é um imbecil.
- A palavra fulminou-me.
- Perdoai-me, Senhor, mas por vezes penso que falais a linguagem de um racionalista…
– A linguagem que falo é a tua. E nada tenho contra o racionalismo. Por que havia de ter? Eu recusei a causalidade absoluta dos determinismos, porque isso vos escravizava. E recusei também o ilimitado livre arbítrio, porque isso impediria a ciência. Neste compromisso, o que eu quis foi que a Obra fosse a vossa obra. E se for verdade – e não alegoria – que lancei Lúcifer no abismo das trevas, para que dele emergisse Satã, o tentador das almas e o prolífico inventor dos pecados, não acredites que foi para lhe punir a traição de desafiar o meu poder. Não. Ele é a necessária componente da viabilidade do livre arbítrio. Ele é a escolha. A escolha que eu quero vossa. Nem de outro modo vos poderia julgar.
- Mas em vosso nome, Senhor …
– Em meu nome, tudo se fez e tudo se disse. Das mais hediondas carnagens aos mais sublimes actos de paixão e humanidade. Já chorei almas que compreensivelmente me odiaram, porque em meu nome os aviltaram ou queimaram. Segue a razão convicta e a moral que te empolga. Não lamentes o que te transcende, porque se ele não existisse, não haveria motivo para a aventura do espírito, que tanto prezas. És o explorador, responsável e solitário, de uma selva inexpugnada e sem fim. Desbrava-a o mais que puderes.
- Não ousaria, Senhor, tomar-vos mais tempo, mas… Aqui, juro-vos que numa breve inflexão da voz, eu adivinhei um sorriso: - O tempo, meu filho, é medida e critério de mortais. Tenho dificuldade em entendê-lo. Ou, mais francamente, desconfio dele. Basta-me a inquietante ironia de o ver a andar para a esquerda e vós a medi-lo com relógios que andam para a direita.
- Mas a Criação, Senhor, teve um tempo, um momento, sei lá…
– Sabes, Emanuel? Eu não me lembro de ter nascido. Mas isso não prova a minha Eternidade. Porque tu és mortal e também não te lembras de ter nascido. As minhas dúvidas estarão na estratosfera das tuas, mas existem. Também eu tenho a minha quota de transcendente a enfrentar. Talvez nunca me certifique, na relação que mantenho com a frágil condição humana, de qual de nós foi o Criador e qual foi a Criatura. Mas sabes o que penso disso? É que não tem importância de maior. Importante é que os papéis estão distribuídos e que cada um cumpra o seu. É o que faço e o que espero dos homens. A voz ecoou terminal. Quase gritei: - Senhor! E, num tom suave e complacente, ele voltou: - O que é, Emanuel? Queres levar de volta a tua entrevista ou queres passar o Aleph? Corei, e penso que todo o cosmos deu por isso. E num sussurro que me pareceu inaudível, disse: - Se vós o consentísseis… quereria ambas as coisas.
Loulé / 1998
Nell Teixeira
As Opções do Soba T´Chingange
ANGOLA . MATRINDINDE - O RODOLFO VALENTINO DO KALUMBIRI - 1ª de III partes
Por
Dy - Dionísio de Sousa (Reis Vissapa)
O Sábado chegou soalheiro ao planalto da Huíla secando as gotículas de orvalho remanescentes da madrugada nas folhas dos mutiátes. Com ele chegou também a febre da rebita no Kalumbiri ao cair da noite. Era habitual deslocar-me às várias rebitas da periferia do Lubango, tais como o Copacabana, Júnior 54 e o não menos famoso Salão Grenat, podia dizer-se que eu era um frequentador assíduo destes locais onde se podia dar ao pé sem preconceitos com a lavadeira ou a criada lá de casa e encontrar amigos de todas as raças e credos. Rodolfo Epalanga tivera uma curta passagem pela casa da minha avó supostamente aos doze anos pois não havia documento que o comprovasse. E foi curta pois um dia foi buscar o terno para o almoço à casa da Dona Jacinta e de regresso perdeu-se em “Vírgulas” e “ Dribles” com bola de meia num terreiro próximo e a minha avó não foi de modas e mandou-o para o olho da rua.
Tal atitude demasiado conservadora não afectou a nossa amizade e continuámos amigos tal o nome “Epalanga” significa. Claro para mim nunca se chamou Rodolfo mas sim Matrindinde. Em verdade vos digo que esta alcunha tinha muita razão de ser pois o Rodolfo era escorreito como um bicho pau e tinha uns braços e pernas bastante longos que terminavam respectivamente nuns pés e numas mãos de dedos impressionantemente compridos. Rapaz de recursos múltiplos, teve vários empregos ao longo da sua adolescência e maior idade. Passou pela administração de concelho como aspirante a cipaio, passagem efémera aliás pois no dia em que o chefe de posto o mandou dar umas palmatoadas a um congénere, negou-se a fazê-lo e foi para a indigência num ápice.
Durante uns tempos foi contínuo na maternidade algo que o inspirou a trabalhar num posto clínico do interior até ao dia em que o Dr. Barbosa o apanhou à sua secretária a aviar receitas com toda a tranquilidade. Ainda foi padeiro e ajudante na camioneta da carreira para Benguela. Em boa verdade podia dizer-se que era um “Self-made-man”. Encontrei-o por volta das seis da tarde desse Sábado já com os seus vinte e dois anos consumidos e lá vinha ele todo aperaltado o que levava a minha avó a dizer: - Esse Rodolfo é um grande “Portuguesão” – Mas avó o Matrindinde é bom rapaz e se gosta de se vestir bem qual é o grilo? Atenuava eu. – Um bom grilo dou-te eu pelas orelhas, é mazé um vadio sem vergonha como tu! Pirava-me a grande velocidade por que nesta matéria a minha avó era intransigente.
Reis Vissapa
As escolhas do Soba T´Chingange
Por
Os seres humanos, são de uma complexidade quase inconcebível. Hitler, ao levar a Alemanha para a segunda grande guerra mundial, que afectou sobremaneira os países europeus, partiu do principio que seria o modo mais eficaz, se a ganhasse, de se tornar o ditador da quase totalidade da Europa, juntando-se o facto de tentar criar uma raça pura, segundo a sua concepção, a raça ariana, brancos de olhos azuis e cabelos louros, exterminar os judeus que mantinham o poder económico, e simultaneamente voltar a dotar os alemães do orgulho e da superioridade, que há muito haviam perdido.
Poder-se-à considerar um homem lunático, que salvo erro, tendo sangue judaico, moreno, de cabelo e bigode preto, pretendia contra a sua própria natureza criar uma raça antagónica, que fosse o baluarte da pureza pretendida. Perdida a guerra, a ocupação das tropas americanas foi preenchida em grande parte por militares de raça negra, com o intuito de ferir o orgulho já instalado e assumido, da formação de uma raça superior, e por via dessa ocupação, houve muito mestiço nascido na Alemanha. Acredito que nos países nórdicos, da mesmo que nos países latinos, africanos, ou de outro qualquer lugar do planeta, a pureza da raça, não seja mais do que uma miragem, porque a tendência actual e futura, será certamente a mistura de sangue assente em outros valores, que não esse, como o primeiro.
Será talvez, um dos fenómenos da globalização, mas já antes, na África, onde até nos próprios mas colónias onde vigorava o apartheid esse fenómeno não deixava de existir, até nós Estados unidos, BRASIL, em alguns países da Europa, a que Portugal não foge, a raça mestiça ganhava força, porque assentava os seus ideais e a sua argumentação numa filosofia de vida absolutamente contrária e realista ao que anteriormente se pretendia e não tinha um suporte válido. Hoje, segundo julgo saber, em Angola os chineses e os angolanos, digamos, de raça pura, já misturam o seu sangue dando lugar a uma nova geração de mestiçagem, como tive oportunidade de ver numa fotografia enviada por pessoa amiga. Talvez em muitos casos, a força do amor seja mais forte do que a força do sangue!
As escolhas de T´Chingange
TEMPO DE CICATRIZES – O homem não pode reduzir-se às probabilidades, esperando que as leis pereçam…
Por
“Não há mal que tanto dure…”
Debruçado no parapeito quotidiano da vida, derramo-me na escrita com olhar mole e algumas caprichosas incertezas, daquelas que mastigadas, nem limpas nem bem ornadas ou perfumadas, se devem oferecer ao diabo. Pensando em tantas coisas, olho o vaso de vidro da phisális que também conheço por matipa-tipa, suas raízes brancas buscando nutrientes na terra; no ramo mais pujante desta pequena planta já pude ver a bola na forma de coração e, da qual sairá uma saborosa baga amarela, as flores desta, atraindo insectos, moscas e mosquitos, que mais parece uma abelha com sua cor dum insípido amarelo e raios de cor castanho como se fossem asas, ao jeito de atrair incautos mas necessários polinizadores. A natureza é pródiga na forma de se sustentar, sobreviver.
A um dia abafadiço e chuvoso segue-se-lhe um outro de sol resplandecente indiferente à visão vil e cruel do ser humano que permanentemente se prescreve dos deveres, descuidando os traços certos de tantas investigações no antagónico confronto de pessoas e nações. Nações que no jogo da retórica fingem que cumprem acordos e compromissos remexendo, vasculhando transacções comerciais, denegrindo as emoções nos pactos de mutuo silêncio, olhando por vezes as lápides de sepulturas ora neutrais, ora imparciais. Na natureza, nosso Deus, bem supremo, o homem não pode reduzir-se à insignificância, esquecendo-se das probabilidades, esperando que as leis pereçam ou, que o Senhor Deus mande castigos sempre às agarradas ideias e prerrogativas de gente que não despega suas mágoas, sua sarna da alma.
Em período Natalino, mesmo que sem fartura de propriedade, não falte nunca o pão de cada dia e o conduto que ajuda a alma de cada qual a manter-se agarrada ao corpo. Que numa verdadeira economia familiar não falte a ninguém a comida, tal como não faltou à 2014 anos atrás a José e a Maria que e, segundo Saramago, para além de Jesus, tiveram mais oito filhos, a saber: Tiago, Lísia, José, Judas, Simão, Lídia, Justo e Samuel, nove ao todo. Eruditos e críticos estudiosos dizem que a doutrina da virgindade perpétua de Maria impede o reconhecimento de que Jesus tenha tido irmãos (…) mas, S. Marcos e S. Mateus referem que Maria teve mais filhos e filhas. No fundo de tudo e na sombra vista ao escuro, que se mantenha assim o lema e paradigma de que sempre deve vingar: Os filhos terão de ser sempre a alegria dos pais.
Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).
O Soba T´Chingange
TESTEMUNHOS NO TEMPO - A Quadra Natalícia
Por: Eduardo Torres
Um dos primeiros temas que abordei, quando comecei a usar o Facebook, foi nada! Como não tinha assunto, e as mãos estavam cheias de nada, resolvi utilizar o nada para escrever alguma coisa, e na verdade consegui-o, a ponto de uma amiga, com grau académico, em conversa telefónica, me ter felicitado, por ter achado interessante o artigo e o modo como o tinha desenvolvido, usando a imaginação. Ao ponto que quero chegar, é que gosto de escrever acerca de fácil raciocínio, controverso muitas vezes, mas de fácil entendimento. Será fácil, para mim, dissertar sobre o cor-de-rosa, porque não é difícil obter esta tonalidade a partir do encarnado e do branco.
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O Natal está aí, dia em que Jesus Cristo, nascido num palheiro, veio com a missão de pacificar o mundo e fazer dos seres humanos homens e mulheres de boa vontade. JESUS cumpriu a sua Missão, a ponto de ser crucificado. Os seres humanos, infelizmente na sua maioria, é que não o entenderam, porque amar o próximo como a nós mesmos, não é uma tarefa fácil, e muito menos seguir os Mandamentos da Lei de Deus! Nós estamos imbuídos de um egoísmo, que de um modo geral asfixia uma solidariedade personalizada, a não ser em casos especiais, em que essa solidariedade se manifesta em organizações criadas para o efeito.
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Haverá casos mais esporádicos de boa vontade na ajuda a mitigar a fome de muitos mas, não é fácil num planeta onde grassa a fome e, até com actos terroristas protagonizados em nome da religião. Quando qualquer daquelas acções defende o direito à vida, assim a humanidade, crescerá nesse valor; infelizmente verificam-se muitos desrespeitos aos valores e princípios, usando todo o tipo de sofisticações para atingir fins hediondos. Há zonas do nosso mundo em que se vivem autênticas matanças de inocentes, alheios ao Natal por não se conhecer aí, o verdadeiro significado do amor, tão necessário ao ser humano.
As escolhas do Soba T´Chingange
CINZAS DO TEMPO - Muito bom dia com tremoços!
Maianga: Bairro de Luanda
Por: T´Chingange
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Não podemos falar todos os santos dias em coisas menos boas e, muito menos em tempo de natal, tempo de distribuir carinhos mesmo que carunchosos o sejam, sendo assim vamos falar de tremoços, o camarão dos pobres que comidos com casca fazem bem ao reumático. Pois o tremoço é um alimento óptimo para o metabolismo, um conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior de nosso vivo organismo. Sabemos que o tremoço é um aperitivo mas, a maioria desconhece ser um alimento muito nutritivo. Estes e as sementes de outras plantas semelhantes, pertencentes ao género (Lupinus, do latim), são também muito apreciados como alimento para o gado.
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Trata-se de sementes muito ricas em proteínas, carboidratos, gordura, cálcio e ferro. Os tremoços devem ser considerados na nossa alimentação porque proporciona uma quantidade considerável de calorias (370 kcals/100g). Não são de fácil digestão e, por isso devem-se mastigar sem pressas.Tem propriedades anti-diabéticas, e diuréticas (ajuda a urinar) e, é vermífugo (ajuda a expulsar os vermes dos intestinos). Convém, portanto, aos diabéticos, como um alimento que permite variar a frequente monotonia da sua dieta, já que é pouco conhecido. É também recomendado aos desportistas pelo seu valor nutritivo.
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As sementes de tremoço cruas contêm pequenas quantidades de um alcalóide tóxico, que é uma substância de carácter básico da própria planta, podendo ser também derivadas de fungos, bactérias e até mesmo de animais; o sabor amargo que tem em cru, desaparece com o cozimento ou quando são postos em maceração, de molho, durante algumas horas em água e sal. As variedades de tremoços que se destinam ao consumo humano foram melhoradas geneticamente e praticamente não contêm este alcalóide tóxico. Sua preparação e emprego reside em serem cozidos ou postos de molho com água e sal, forma habitual de se comerem, com um sabor muito agradável. Podem ser torrados e moídos no preparo de uma infusão muito aromática que substitui o café. A farinha de tremoço, pela sua grande riqueza em proteínas, utiliza-se em sobremesas e pastelaria. Como se pode constatar, fazem bem ao organismo.
As escolhas do Soba T´Chingange
ANGOLA - CINZAS DOTEMPO . Muitos houveram que não saíram do lugar onde nasceram e, a morte foi lá buscá-los.
MALAMBA: É a palavra.
Por
T´Chingange
As realidades obrigam-nos a refazer a vida, assim como a filosofia dos Tibetanos que afirmam em sua cultura e, para si, que a vida é mudança e, que o sofrimento resulta na incapacidade de aceitar essa cruel verdade. No meio de tanta exaustão, entrega e adormecimento, referi-me ontem à notícia de que Portugal estava a virar colónia da sua antiga possessão, Angola. Dizia eu, que era agora o momento da Angola endinheirada ressarcir os colonos e demais espoliados de todo o seu património deixado lá ao Deus dará. Isto porque o esbanjamento é notoriamente frustrante para aquém tudo roubaram. De um amigo próximo recebo a menção de que ele, não senhor! Não era um colono! É daqui que vem o busílis desta questão! Ao afirmar não ser colono, presumiu ser ele é um caso à parte e, reflecti.
Ora pois, não fazer parte deste desígnio tão transcendente, pondo-se de fora, digo eu que afinal, de nada lhe serviu deixar aos outros o fatal destino! Muitos houveram que não saíram do lugar onde nasceram e, a morte foi lá buscá-los! Imagina-se assim o quanto se dorme numa ânsia desperta, ao ponto de podermos dizer que acordados, sonhamos o sonho de quando dormimos e, ao mesmo tempo fugimos disto. Como se fora um feitiço sentado no limiar de nossas portas, que sempre entra em nós entre o velar e o dormir.
Foi com este exacto mote que lhe afirmei que nem eu nem ele, nem ninguém está dotado do poder de perdoar o que só a Deus pertence. Nem eu, nem ele, nem ninguém, somos anjos de perdões; que mesmo nascidos sem dentes num qualquer dia, poderemos agora meditar sobre a natureza das coisas; que não é com perdões nem declarações irrelevantes que iremos isentar os feitores da descolonização! É que agora temos dentes para rilhar o quanto baste; E, não vai ser por ter próteses que vou deixar de rilhar! Sim, sei que tudo aquilo é passado mas sempre rilharei! É o destino!...
O Soba T´Chingange
ANGOLA . TEOREMA DA AMIZADE – MOPANE, CATATO em Angola -3º de III partes
As Falas de Zeca em uma longa mokanda
Por
José Santos Impregnado de paludismo duma especial Jihenda da estirpe kaluanda, Zeca colecciona N´zimbos para fabricar missangas que soele sabe fazer. Formado na Universidade do Rio Seco da Luua
Agora se for, realmente o Vermelho, tens minha esperteza de kandengue. Arranja uma, muitas barona cleóptera Sagrada, caté o gajo se enamorar, botar o ferrão e esfomeado como é pode caté comer a gaja. Minha experiência no Mu Ukulu, me dizia, está escrito ainda na minha lousa. Lá digo, que pode ficar muitas vezes domesticado no quentinho na kubata feita na Palmeira! Assim fica aboamado de paixão pela bela Sagrada…,muito rica e adorada por muitos… Tambula conta dinovo! Faço figas para que o tal Escaravelho, esse que falas não seja o tal cafuso do Vermelho, pois num sei se é o mesmo da família do meu Quinzinho do Rio Seco da Maianga.
Este era bom demais, deixava fazer cócegas no casaco de cabedal, partia o cacho a rir de patinhas no ar, fazia bola de “catechu” tuje e chutava os trumunu até à covinha e lá estrumava a terra. Também gostava muito de “mulher” e também toda a hora montava, caia e montava, mas sempre com vontade, que dava gosto ver limpar os pinça…nos finalmente.
K KAMBA AMI, SOBA T’CHINGANGE E AFAMADO DOS MISOSO, Fico-te grato por trazeres esta bela lagartinha, que me fez recordar outras do tempo de kandengue. Esta em particular inspirou-me para acrescentar as minhas falas ao teu maravilhoso texto publicado no Face, da KIZOMBA, que nos faz pensar (sensíveis) na vida e nessa desenfreada cadeia alimentar “Avatar”, que nada tem a ver com a que é natural desses antigos “selvagens”, que bem se alimentavam do que a natureza lhes fornecia.
Eu sei que a população se multiplica a cada ano que passa, mas também sei que a satisfação de muitos milhões é insaciável pelo mostruário surreal nos escaparates dos “abastados”, porque não encontra o ponto de equilíbrio de satisfação normal, saudável. Por outro lado, milhões de seres outrora recolhidos nos seus lugares e com lavra fértil à mão, virou terra de “seca” pelo avanço incontrolável, desorganizado, desinteressado dos “Sobas gestores da humanidade”. Aqueles, hoje, são esqueletos que resistem em tendas subalimentados e na míngua, curvados para o alimento…, trazido por alguma mão estendida da “solidariedade” deste século XXI.
KANDANDU. ZECA 2014100917H30 T SENHOR
As escolhas do Soba T´Chingnge
ANGOLA - CALA BOCA MALAVOLONEKE... O servilismo que já ultrapassa o razoável… 3º de IV partes
Por
Fernando Vumby - (Fórum Livre Opinião & Justiça)
O jornalista Malavoloneke sabe e sempre soube que o regime gasta milhões para vender gato por lebre ao exterior. Onde por acaso o senhor jornalista gostaria que Isaías Samakuva divulga-se o seu pensamento político, e como o daria a conhecer simultaneamente ao povo angolano e a classe politica portuguesa sem que a verdade fosse exposta nas condições que foram colocadas? Sabe-se que na TPA, RNA, JÁ, de entre outros meios mais eficazes controlados pela ditadura só apenas pessoas parciais como Malavoloneke podem ter acesso a elas para assim falarem abusadamente mal contrapondo as opiniões contra todos que ousem criticar a ditadura e o ditador!
Por acaso existem mecanismos que respeitem a oposição ao governo quando um qualquer cidadão veicula a sua opinião acerca do regime e dos políticos da situação, sem que, lhes seja imediatamente colocado o cabresto? Todo povo sabe que os meios de comunicação foram aos muito surripiados a revelia do povo para servir apenas uma elite conduzida e alimentada pelo regime ditatorial do MPLA/JES? Afinal o que é que de facto Malavoloneke já fez de importância vital para o país e para o povo. Como podem os angolanos ter orgulho em um jornalista promotor da discórdia usando o linguajar de um jornalismo de meia tigela. O que esse senhor tem escrito, nem em Angola nem em qualquer parte do mundo se pode considerar como uma noticia!
O que Malavoloneke faz é propaganda pura e simples pró-regime, que não deixa de ser uma prestação de serviço remunerada simples assim! Ele não passa de uma boca de aluguer para o regime e para o ditador, nada mais do que isso! A maioria do angolanos sabem que o regime gasta fortunas criando grupos de influência chamados lobistas residentes no exterior, que o regime gasta quantias avultadas em dólares americanos com a promoção de inverdades sobre o país no exterior. Essas interpostas pessoas que nada conhecem de Angola e muito menos sobre os angolanos vendem no exterior uma Angola, que apenas existe na ficção estereotipada da ditadura e em especial na mente doentia do megalómano ditador mentiroso.
(Continua…)
Fernando Vumby
As opções do Soba T´Chingange
ANGOLA . LUANDA – CHIBATA O CANHOTO E O MUKUANKALA PERNETA - 4ª de IV partes
Por
Dy - Dionísio de Sousa (Reis Vissapa)
Admitido como cipaio num dos postos administrativos da região o Chibata gozava de total impunidade por parte das autoridades portuguesas tornando-se simultaneamente juiz e carrasco nas quezílias e disputas entre os povos da região. Movido por projectos de vingança que incluíam o abate puro e simples do desgraçado Perneta acabou por o avistar deitado de borco numa pequena duna já em região semi-desértica. Cerca de quinze metros para cá do lugar onde a sua presa se encontrava aparentemente exangue o Chibata viu o seu chicote de cavalo-marinho caído numa espécie de círculo de areia humedecida. O Aranha interrompeu de novo a sua história e entre o café e a aguardente chupou sofregamente a beata e pareceu-me notar numa fracção de segundos os seus olhos adquirirem o brilho inusitado de tempos idos, e em seguida continuou.
- O Chibata sem pensar duas vezes e transfigurado no pior dos predadores correu para o chicote e agarrou nele brandindo-o com uma raiva tresloucada. Nesse preciso momento sentiu o corpo gigantesco a começar a afundar-se na areia fina tolhendo-lhe os movimentos por completo, e foi então que viu o Mukuankala levantar-se tranquilamente amparado no seu bordão a contemplar o seu pânico e agonia irremediável, com toda a tranquilidade. Quando só parte da cabeça do Chibata e o coto do braço decepado se encontravam fora das areias movediças aproximou-se o suficiente e estendeu o pau de Ungoro que lhe servia de apoio ao miserável amputado que impossibilitado pelo seu defeito jamais o podia agarrar. Finalmente naquele deserto longínquo fez-se justiça. Quinze dias depois desta história inverosímil contada no ocaso da sua vida o velho Aranha faleceu tendo pedido antes para ser sepultado no Cambeno. Consta que vários clãs de bosquimanos, mukuankalas ou kamussekueles, seja lá qual for o nome que lhes queiram dar, visitam um determinado lugar para os lados do Iona onde exaltam o heroísmo de um Mukuankala conhecido como o Mestiço.
Em meados dos anos cinquenta ainda exercendo a profissão de caçador tal como o Cabral Aranha o fizera no passado encontrava-me nas margens do Cubango na região do Calai onde à época não existia qualquer povoação digna desse nome, apenas kimbos dispersos até à N’Riquinha. Atravessei o Cubango numa tosca jangada construída sobre quatro tambores para fazer compras na povoação do Rundo, já em território do Sudoeste Africano. Um grupo de bosquimanos fizera acampamento sob uma enorme mulemba e chamou-me à atenção um deles de pele levemente mais clara e visivelmente mais alto que o resto do clã. Estava apoiado a um bordão colmatando a falta de uma perna. Dirigi-me a eles e surpreendi-os ao comunicar no seu dialecto ancestral. – Será que és tu o famoso Mukuankala “ O Mestiço”? Respondeu-me com meia dúzia de estalidos e uns sons guturais negando a sua origem. De regresso à jangada vi-o de costas viradas para mim.
Variados lenhos cicatrizados eram testemunhas mudas da história que o Aranha nos contara há longos anos atrás presumindo que o mestiço poderia ser o filho perdido na sua juventude. Nunca terei a confirmação das narrativas aventurosas do caçador mas tenho a certeza absoluta que os Khoisan foram os primitivos daquela parte de África, pré-históricos talvez. Partilharam a terra e a natureza em paz e amaram-na e se calhar ainda hoje a amam tal como eu. O chão africano não tem nem deve ter proprietários exclusivos deve ser de todos aqueles sem excepção que o veneram incondicionalmente e o sentem palpitar sob os pés.
Nota: Não foi possível sintetizar mais esta história. Se tiverem paciência para ler tudo bem, se não tiverem tudo bem na mesma. Justiça no deserto e a segregação que os "Bushmen" ou "Kamussequeles" ou mesmo "Mucankalas" sofreram por parte das outras etnias angolanas ao longo dos anos.
Reis Vissapa
As ecolhas do Soba T´Chingenge
NATAL E AS MALAMBAS – Pelas frinchas do tempo, sinto o cheiro pestilento do dinheiro…
MALAMBA: É a palavra.
Por
T´Chingange
No fulgor inflamado de minhas malambas com a gravidade e ponderação de um espírito que não teve ainda tempo para sucumbir, senti pelas frinchas do tempo, da vida, da igreja e sinagogas, que o cheiro pestilento do dinheiro não se faz sentir nas sacristias, templos ou secretarias dos ministérios. Cavando rugas nas expressões de amargura, alguns patrícios meus, kambas daqui e dacolá, também esgravatam a seu modo, cicatrizes em suas mentes dizendo em amargas falas que o dinheiro d´Angola de hoje, faz de Portugal uma colónia. Pois que assim seja que daí, não virá mal ao mundo e, se faz falta para suprir tanto roubo, que venha do já roubado!
Que venha ou vá para Portugal e, que até o feitiço se vire contra o feiticeiro, o colonizado vire colonizador porque Portugal e os portugueses merecem-no! Se, não souberam gerir, mandar, decidir, submetam-se agora à lei do mais forte; acomodem-se na bajulação porque dessa incompetência, jamais nos irão ressarcir do roubo que nos fizeram; não mais nos restituirão sonhos de orgulho surripiados, desfalecidos em traição ou segredos sem tradições.
Sem farturas de prosperidade resta à maioria dos ex-colonos refugiados, espoliados, que lhes não falte o pão porque de iniquidades estão bem cheios. Pela lei das probabilidades, todos aqueles que seduziram de má fé pelo movimento das forças armadas entre outros, nada lhes irá suceder porque nenhuma lei adúltera irá perecer; sem prescrição, os vendilhões sempre surgirão como heróis, bebendo-nos o sangue como carrapatos. Falo e falo, mas nada, nisto tudo em que nada é razoável, vai ser cumprido certamente no último fim de tudo! Porque em Angola, tudo o que era necessário não acontecer, aconteceu e, sempre em nossas cabeças de ex-colonos irão cair as culpas e a sombra dessas culpas.
O Soba T´Chingange
TESTEMUNHOS NO TEMPO - Portugal e Angola
Por
Os portugueses, na generalidade, são hospitaleiros, sentem prazer em ajudar, e utilizam, quando caso disso, a fraternidade para quem precisa de ajuda. Considerado um povo de brandos costumes, sujeita-se, na maioria dos casos, a situações terrivelmente injustas, pela incapacidade dos seus governantes, num país onde a justiça funciona mal e tardiamente e que permite a quem tem dinheiro usufruir de vantagens, que quem não tem semelhantes capacidades, tem menores possibilidades de travar uma luta jurídica de igual para igual.
O problema não reside nas pessoas; penso que os vários, sistemas concebidos, foram sempre criados para os mais fortes, em prejuízo dos mais fracos. E depois surgem os aproveitadores da situação, que sem pejo nem dignidade, agridem, através de conceitos éticos nada recomendáveis, um povo, que na maior parte dos casos, vive amargurado, conformado com a sua sorte, sem esperança no futuro, com credores a bater-lhes à porta sem na verdade saber porque paga dívidas que não criou. Sabe que terá de pagá-las, porque neste País não há responsáveis, porque a responsabilidade morrer sempre solteira. Verdade se diga, que a falta de civismo é um atestado pouco recomendável, para um povo, que no fundo ostenta tantas qualidades e capacidade do ferimento acima da média
Sou angolano, amo Angola por todos os motivos, e em especial porque nasci nela, já no tempo do meu pai se discutia a sua independência, com o propósito de se fazer um País próspero, beneficiando de todas as suas potencialidades, de modo a que todos tivessem o mínimo de dignidade. Confesso, que segundo o que me é dado ver, ler e ouvir agora, fico entristecido e lamento que o fruto da independência tenha sido, deste modo penalizado pelo caos, pelas conveniências, que infelizmente estão acima dos interesses de um povo. Povo que sofreu uma guerra pelo poder, durante cerca de trinta anos, e que merecia, agora que foi conquistada a paz, colher os benefícios de uma vida merecidamente, melhor. Espero que tudo mude, porque Angola merece e os angolanos ganharam esse direito.
As escolhas de T´Chingange
ANGOLA . LUANDA – CHIBATA O CANHOTO E O MUKUANKALA PERNETA - 3ª de IV partes
Dy - Dionísio de Sousa (Reis Vissapa)
Em 1901 perto da região do Mocundi o clã acampou junto ao Cubango durante dois meses, completara o candengue seis anos. Resolvi mandar escavar um dongo num tronco de uma árvore para poder atravessar o rio para a outra margem o que acabou por redundar numa tragédia. Alfredo Aranha fez uma pausa na sua narrativa. Vislumbrei uma certa comoção a embargar-lhe a voz e pareceu-me que uma ténue névoa se instalara nos olhos mortiços. Tanto eu como o meu pai respeitámos o seu longo silêncio sem perguntas até ao momento em que reatou recomposto a sua narração.
- Um hipopótamo ergueu-se debaixo do dongo fazendo-o virar e vi aterrorizado o meu filho perder-se nas águas profundas do grande rio. Em vão percorremos as margens em busca do “ Mukuankala Mestiço” nome com que fora baptizado pelos seus congéneres.
Embora nutrindo uma profunda afeição e uma enorme admiração por aquele povo acabei por abandonar o grupo, e vim de novo para esta região. Nova pausa e mais uma caneca de café que o meu pai aproveitou para ir buscar uma garrafa de aguardente de Mangongo e três cálices servindo-nos em seguida a aromática bebida. Depois de esvaziar de um trago o seu cálice o velho Aranha continuou.
- Certo dia volvidos quinze anos acampei junto a um grupo de bosquimanos na região do Cambeno e à noite junto à fogueira e talvez devido à minha presença ouvi-os comentar a odisseia de um “Mukuankala Perneta” vulgo conhecido pelo “Mestiço” vilipendiado e maltratado por um banto gigante de etnia Muakahona a quem faltava a mão direita e de alcunha “O Chibata”.
- Nova interrupção e mais um trago de aguardente e o velhote deixou-nos em suspenso durante três longos minutos, absolutamente impacientes pelo retomar da história pelo enfraquecido caçador.
- É conhecido o desprezo que os bantos nutrem pelos “Khoisan” em geral e os maus-tratos que lhes infligem. Ao que parece o Chibata era o mais temível de todos eles. Homem de má índole e cruel usava sem cerimónia o seu chicote de cavalo-marinho nas costas dos desgraçados mukuankalas a quem tratava como escravos.
Uma das suas vítimas preferidas talvez pela sua mestiçagem e fraqueza física era o Perneta cujas costas dilaceradas repetidas vezes pelo chicote do seu algoz denunciavam tais desmandos em forma de lenhos sanguinolentos. Ao que parece o dito Perneta cujo membro desaparecera nas goelas de um jacaré na região do Cubango acabou por se cansar das contínuas agressões e um dia roubou o chicote ao Chibata e fugiu em direcção ao deserto. Deliberadamente ia deixando indícios visíveis da sua passagem ao Muakahona e este perseguiu-o ferozmente durante dias
Mussendo: Conto curto de raiz popular, missiva em forma de mokanda (carta) do Kimbundo de Angola (N´gola) durante o tempo colonial (Arnaldo Santos foi seu 1º mestre).
(Continua…)
Reis Vissapa
As ecolhas do Soba T´Chingenge
TEMPO DE NATAL – Além do menino Jesus pude ver José na profunda ternura por ter sido o beneficiário de um obséquio de Deus.
MALAMBA: É a palavra.
Por
Muitas das coisas que acontecem neste nosso mundo, deveriam saber-se antes de acontecer mas, ao certo, só sabemos que para cada um que nasce, há outro que agoniza. Que houvesse um observatório que à semelhança da meteorologia nos desse uma previsão por antecipação de acontecimentos para que outros mais nefastos não pudessem vir a frutificar. Sabe-se que foram criados gabinetes de estudos, de psicanálise, psicotécnicos, psicógrafos mas, tudo nos parece ser gerido pelo lado errado. Temos governantes, banqueiros, juízes que o não deveriam ser, e muitos pulhas, fanáticos e ladrões que não reúnem condições para governarem gente honesta e ordeira.
Assim como estamos, os herdeiros de heresias, os malfeitores do avental e outros erráticos escapulários dum qualquer bando secreto organizado, perscrutarão sempre entre os humildes, os sentimentos de temeridades e hostilidade forçando a estes, a marcha da vida porque ainda temos Herodes que tudo fazem imunes à lei da justiça. Muito por nossa culpa essta sociedade está sem filtros de prevenção social! As técnicas adulteradas são muitas e, sempre tentam mostrar-se fora de qualquer cartel da malandragem; fazem-no como se definitivamente nós, o povo, tivéssemos renunciado a compreender. Experimentando no fundo da alma o conforto inefável que nos dá paz de consciência, juntei-me aos três pastores que socorreram José no periclitante parto daquela gruta feita estábulo, lá aonde nasceu Jesus.
Estes levaram leite, queijo e pão, tendo ficado à entrada a pedido de Salomé, a escrava parteira aparadeira que acudiu ao nascimento do menino Messias; pude ver de longe, o burro comendo palha preso a uma aduela e, na manjedoura envolto em um branco lençol o menino radiando com José mais atrás na íntima e profunda ternura por ter sido o beneficiário de um obséquio de Deus. À volta de um deserto de securas, cor de terra ora amassada e compacta, ora solta e dum persistente amarelo e cinza, num repente, o crepúsculo mal deixava ver os rostos dos quatro homens na penumbra da gruta mais àquem de Maria que já mal se via. Foi quando Salomé acendeu a candeia por detrás, no alto num poste e bem por detrás da manjedoura; era uma luz estranha, de divinas fosforescências. Posso dizê-lo agora que conheço novos mistérios, presépios com luzes de muitos pirilampos.
O Soba T´Chingange
ANGOLA . TEOREMA DA AMIZADE – MOPANE, CATATO em Angola - 2º de III partes
As Falas de Zeca em uma longa mokanda - Mamiiiééé! Neste tempo de kota perdido.
Por
José Santos Impregnado de paludismo duma especial Jihenda da estirpe kaluanda, Zeca colecciona N´zimbos para fabricar missangas que soele sabe fazer. Formado na Universidade do Rio Seco da Luua
Que depois diz: -“Algo me cai mal! Vou tomar um chazinho de cidreira pra limpar a passadeira suja, p´ra dinovo ficar limpinha na maneira! É assim. Porque tudo tem o seu início. Antes, na koka, a Visão, o Paladar…, nesse processo invisível, mas sentido, porque deliraram lambendo as beiças no salão da Restauração, mas lá em baixo o Fiscal do Digestão logo topa e tardiamente na entrada do escorregão do estômago e faz logo o chinfrim no RX aos revolucionários de camuflados e infiltrados “tipo ninja” que passam e sabotam o controlo de qualidade, esse engenho que separa o que é útil, o que produz a energia do nada produz, é nocivo e que depois é despejado para tubo corredor e directo para o colector… Vou falar com o meu “primo” luso-brasileiro, cientista de cultura do Bicho-da-seda nas Terras de Vera Cruz, para agora fazer o mesmo, fazer Estufa para a lagartinha MOPANE.
Agora, mudando para outro bichinho, o ESCARAVELHO e mencionado no teu texto, te digo no meio de bué rizada. Desconheço essa estátua de sabedoria conseguida pela frequência mínima e pela valoração alta do pisca pisca da tal Universidade do Rio Seco, que com certeza, no seu devido tempo e em sua memória, será plantada numa Rotunda, essa que dizes ser: - “Nosso Exmo Dom Visconde do Mussulú, Embaixador Itenerante da globália e dos PALOPS, concelheiro de Cienfuegos do mar da palha e conhecedor dum tal escaravelho que atacou a tua palmeira Phoenix Canariensis. Se não me diz como atacar o dito escaravelho, os meus sinais exteriores de riqueza extinguem-se”
Te digo que esse tal Dom Visconde do Mussulú, com esse título de colonizador, é mesmomemo nome de banga, de nobre e professor, que botaste apelo, pra botar os ataque com os fumaça dos Carro do Fumo nesse Cleóptero de uma figa e guloso de folhas de banga das Palmeiras das Canárias… Te aconselho pedir a esse Dom pra fazer investigação sobre esse tal roedor de folhas da tua palmeira nos teu “kubata” pra saber se é o Rola-Tuje (bosta), o Sagrado, o Vermelho…Este último é um “desviado da família”, não tem padrinho rico, nome nobre, é um pançudo, revolucionário, que sobe átoa pelas folhas das Palmeiras, que as faz sangrarem, faz esmorecem…, e que depois mete pena vê-las chorando e não decorando mais o alpendre, o jardim…
Kwangiades – Referente às musas do Kwanza
Glossário: Mu Ukulu – antigamente; Sékuku – muito velhinho, Sékulu – Velho; Ximbicar – remar; N’Zambi – Senhor, Deus… Uuabuama – maravilhoso, malembelembe- devagarinho; Muxito – área de mato denso; Berridar – correr; Mataco - rabo, bunda; Ndenge – infância; Jihenda – saudade; kubata -casa; Rola Tujw - escaravelho do Egipto
As escolhas do Soba T´Chingange
ANGOLA - Tornou-se num país estranho – Aonde a opulência, é só para alguns, poucos … II
A CARTA PARA SOLANGE … Carta de uma angolana ao presidente Eduardo dos Santos
Somos o povo especial escolhido do Sr. Engenheiro. E como povo especial escolhido por ele, não temos água nem luz na cidade. Asfalto cada dia mais esburacado. Os que, de entre nós, vivem na periferia, não têm nada. Nem asfalto! Só miséria, lixo, mosquitos, águas paradas. Hospitais?!!! Nem pensar. O povo especial não precisa. Não adoece. Morre apenas sem saber porquê. E quando se inaugura um hospital bonito e ficamos com a esperança de que as coisas vão mudar minimamente, descobre-se que as máquinas são chinesas, com manuais chineses sem tradução e que ninguém sabe operá-las... Estas são opções especiais para um povo especial. Educação?!! O povo especial não precisa. Cospe-se na rua (e agora com os chineses, temos que ter cuidado para não caminharmos sobre escombros escarrados de fresco...), vandalizam-se costumes, ignoram-se tradições.
Escolas para quê e para ensinar o quê?!! Que o Sr. engenheiro é um herói porque fugiu ali algures da marginal acompanhado de outros tantos magníficos?!!! Que a Deolinda Rodrigues morreu num dia fictício que ninguém sabe qual mas nada os impediu de transformar um dia qualquer em feriado nacional?!!! O embuste da história recente de Angola é tão completo e manipulado que até mesmo eles parecem acreditar nas mentiras que inventaram... Se incomodarmos o Sr. engenheiro de qualquer forma, sai a guarda pretoriana dele e nós ficamos quietos a vê-los barrar ruas anarquicamente sem nos deixar alternativas para chegarmos a casa ou aos empregos. O povo especial nem precisa ir trabalhar se resolvem fechar as ruas. Se sairmos para almoçar e eles bloqueiam as ruas sem qualquer explicação, só temos uma hipótese: como povo especial não precisa de comer, dá-se meia volta de barriga vazia e volta se para o emprego. E isto quando não ficamos horas parados à espera que o Sr. engenheiro e sua comitiva recolham aos seus lares e nos deixem, finalmente circular.
Entramos em casa às escuras e saímos às escuras. Tomamos banho de caneca. Sim, bem à moda do velho e antigo regime do MPLA-PT do século passado. Luanda, que ainda resiste a tantos maus-tratos e insiste em conservar os vestígios da sua antiga beleza, agora é violentada pelos chineses, sodomizada sistematicamente dia e noite. Está exaurida; de rastos, de cócoras diante dos novos "amigos" do Sr. engenheiro. Eles dão-se, inclusive, ao luxo de erguerem dois a três restaurantes chineses numa mesma rua. A ilha do Cabo tem mais restaurantes chineses que qualquer outra rua de qualquer outra cidade ocidental ou africana: CINCO!!!! A China Town está instalada em Luanda. As inscrições que colocam nos tapumes das obras em construção, admirem-se, estão escritas na língua deles. Eles são os novos senhores - os amigos do Sr. engenheiro. A par do Sr. Falcone... a quem lhe foi oferecido um cargo e passaporte diplomático.
Aos outros, que andam aos bandos, é-lhes oferecido a carne fresca das nossas meninas. Impunemente. Alegremente! Com o olhar benevolente dos canalhas de fato e gravata. Lá fora, no mundo civilizado sem povos especiais, caçam os pedófilos. Aqui, criam e estimulam pedófilos. Acham graça! Qualidade de vida é coisa que o povo especial nem sabe o que é. Nem quantidade de vida, uma vez que morremos antes do tempo, assim que fazemos 40 anos. Se vivermos mais um pouco, ficamos a dever anos à cova, pois não nos é permitida essa rebeldia. E quem dura mais tempo, é castigado: ou tem parentes que os cuidem ou vão para a rua pedir esmola! Importam-se carros. E mais carros. De luxo. Esta é a imagem de marca deles: carros de luxo em estradas descartáveis, esburacadas. Ah... e telemóveis!!!! Qualquer Prado ou Hummer tem que levar ao volante um elemento com telemóvel.
Lá fora, no mundo civilizado sem povos especiais, é proibido o uso do telemóvel enquanto se conduz. Aqui é sinal de status, de vaidade balofa!!!!!!!!!! Pobre povo especial. Sem transportes, sem escolas, sem hospitais. À mercê dos candongueiros, dos "dirigentes" e dos remédios que não existem. Sem perspectivas de futuro. Os nossos "amanhãs" já amanhecem a gemer: de fome, de miséria, de subnutrição, de ignorância, de analfabetismo, de corrupção, de incompetência, de doenças antes erradicadas, de ira contida, de revolta recalcada. O grito está latente. Deixem-no sair: BASTA!!!!!!
Solange "Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente…encontra-se" Por outro lado, não sei quem poderá seguir-se-lhe sem que a “coisa” se mantenha
As escolhas do Soba T´Chingange
SENTIMENTOS PURIFICADOS - Não se deve repetir o nome de Deus em vão!
Por
Mesmo que a sensatez e a inteligência não abundem nos meus sentidos, tenho de guardar inteiro respeito à idade de mais-velho sem a hostilidade que outros têm ou possam vir a ter sobre mim. Como tal, não me incumbe dar exemplo da ofensa, qualquer que seja o inimigo, assim sejam eles, diplomatas, eruditos da palavra, pastores, almocreves ou até condutores de camelos. Não enumero as declarações que fiz, figurando-me em um itinerante mendigo, contudo, mantenho intactas as cordas vocais, gritando aos mil diabos, salvo seja; o nome de Deus omnipresente e omnipotente não pode, nem deve ser associado a este desassossego tão pessoal.
Não poucas vezes me queixo que nesta longa vida de kota, somos desconsiderados por alguma malta mais nova que enchendo-se de razões roubam-nos o espírito e o entendimento. Em realidade, isto só me parece chato quando os tons de insolência ou de enfatuada postura ultrapassam as malambas de comedimento, porque na palavra de puxa palavra, as boas puxam as más, acabando sempre por se dizer o que nem se queria. Hoje, tive de mandar um kota dar uma volta ao bilhar grande, porque estava a ser demasiado incómodo com seus parvos pareceres com meus amigos, sem respeitar o meu espaço de fraternal convívio, nem aquele bom senso desejável a todos, no respeito mútuo. Ele que repetia tantas vezes o nome de Deus, dei-lhe o adeus final, foi-se!
Deus quis o que fez e, fez o que quis; nem eu, nem ninguém pode desmentir aquele primeiro pecado discutível de que todos nós nascemos e, se cada um de nós é um invento ou ilusão, seremos então este pouco e este muito, a bondade e a maldade, desta paz e desta guerra, revolta e mansidão. No meu simples papel dum mais idoso e, porque é sempre este que menos tempo dura, arrepiam-se-me as carnes e os parcos cabelos quando me vem à lembrança o mendigo da terra luminosa de que Saramago fala em seu evangelho. Escanchado em meu burro relembro idos tempos do deserto da Judeia, a antiquíssima cicatriz dessa terra que havendo sido prometida a uns, nunca se veio a saber a quem a entregar. Palestina!
Ilustrações de Costa Araújo Araújo
O Soba T´Chingange
ANGOLA . – CHIBATA O CANHOTO E O MUKUANKALA PERNETA - 2ª de IV partes
Por
Dy - Dionísio de Sousa (Reis Vissapa)
Com o andar dos tempos aprendi os diversos dialectos dos Bantos, uma raridade que ele dominava na perfeição e pacientemente, linguística ho! Kung que nem as etnias da região do Cunene e do Cubango entendem e muito menos falam. Aos setenta e dois o Aranha abandonou quase por completo a sua vida de caçador devido a uma miopia avançada e a uma saúde decrépita acabando por adoptar a nossa casa como lar permanente. Reservado como um cágado nunca nos falou de alguma família que algures tivesse e tanto eu como o papá nunca nos atrevemos a indagá-lo sobre tal assunto. Aproximando-se a passos largos os seus últimos dias contou-nos então uma história arrepiante.
- No final do século dezanove com apenas dezasseis anos de idade e o vício da caça, aventurei-me pelas terras do Cubango com intuito de abater leões que ao que constava eram abundantes na região onde o rio Quatir desagua no Cubango. Tudo correu bem até ao dia em que me perdi naquele lugar desabitado e inóspito. Com a estação das chuvas o rio dilatou transformando-se numa jibóia gigantesca que me fez caminhar sem norte durante um mês. O pisteiro que me acompanhava um Muakahona com mais de dois metros de altura e desprovido do braço direito que conheci no Kuroca, desapareceu e nunca mais lhe coloquei a vista em cima.
Acabei por ser encontrado meio morto de febre, sem roupa e completamente estropiado por um clã de Mukuankalas que trataram de mim. Caçadores experientes e conhecedores dos segredos das florestas e dos desertos, decidi percorrer com eles numa vida nómada todo este território do sul de Angola durante sete anos. Cerca de um ano depois de me juntar ao grupo uma das Mukuankalas teve um filho meu. – Disse de supetão obviamente incomodado com o assunto. - Tanto eu como o meu pai abrimos os olhos de espanto perante tal confissão e após uma pausa o Cabral Aranha continuou. – Comecei a ensiná-lo a falar português e dei conta da rapidez com que ele aprendia a minha língua e quão exímio era na arte de perseguir a caça e a facilidade com que identificava raízes e frutos comestíveis.
Mussendo: Conto curto de raiz popular, missiva em forma de mokanda (carta) do Kimbundo de Angola (N´gola) durante o tempo colonial (Arnaldo Santos foi seu 1º mestre).
(Continua…)
Reis Vissapa
As ecolhas do Soba T´Chingenge
TEMPO DE CICATRIZES – TIGRES DE PAPEL – 2ª Parte
DOLÁR (PODER) AMERICANO EM QUEDA LIVRE!...
As escolhas de
“Não há mal que tanto dure…” – Provérbio popular
OTAN & UE... A OTAN (Plus), ampliada com os antigos farroupilhas do Leste europeu (Hungria, Bulgária, Roménia e companhia desgraçada), estão mais rotos que o pedinte mais careca de Istambul, aliás não ė segredo para ninguém que a Europa, com excepção da Alemanha, França e UK estão literalmente de tanga na procura desesperada do tango dourado “em outras paragens” principalmente nas ex-colónias (aqueles que têm tal ‘celestial’ privilegio) …
BRICS EM “DÓ MAIOR” Vou propositadamente constar neste os dados de 2000-2008 fonte; FMI e BM, 45% Da população mundial; 50% do Crescimento económico mundial; 40% Do PIB mundial para 2050; 51 Mil milhões de USD intercambio comercial (2008-2009)… (alguém quer comparar com os dados da União Europeia 2008-2014?). Argentina, vai aderir segundo fontes dignas de crédito à organização, passando assim chamar-se: BRICSA. A Indonésia está a estudar a integração, mas pelo que parece, o que realmente ATERROU o Capitão América, ė a possibilidade, ainda não fora de hipóteses, de a Alemanha da Mana Ângela, integrar os BRICS e dar o “golpe de misericórdia” ao Dólar norte-americano, entenda-se a hegemonia de superpotência…
Por isso a Mana Ângela, estar muito relutante de “agendar” a pedido do Capitão, novas sanções contra a Rússia (enquanto o manhoso Capitão América, se “lambuza” com as delicias da China), pois tais sanções prejudicarão mais de 300 empresas alemãs.
FEITIÇO VIRA-SE CONTRA O FEITICEIRO - Ronald Reagan, durante o seu mandato dourado, conseguiu o impensável, implodir a URSS, utilizando que instrumento?... A economia pelo então enormíssimo poder do Dólar. Por incrível que pareça o feitiço está-se virando contra o feiticeiro... Ronald Reagan, nos anos dourados da guerra fria, quando indagado do potencial nuclear da URSS e dos seus parceiros do pacto de Varsóvia, esboçou um extremamente visível sorriso cínico citando a célebre frase; “Tigres de papel.”
Vladimir Putin, quando recentemente, indagado do famoso projecto “Escudo” da OTAN nas barbas da Rússia, não conseguiu disfarçar um acesso de riso em “dó menor”… Porque o Capitão América e todo o seu arsenal político-militar, coadjuvado por cerca de duas dezenas de nações europeias, estão extremamente preocupados com uma única nação: Rússia? (no entender de certas "mentes"; Pobre, barbara e sem poder nenhum intelecto) Antigamente, nos meus tempos de infante, quando via dois indivíduos a tentarem “tirar proveito” de um só indivíduo, não tínhamos dúvidas em classificar tal acto de cobarde, HOJE (20 contra 1) ė acto de heroísmo, valentia e exemplo a seguir…
Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).
As opções do Soba T´Chingange
O ESPELHO DA ALMA – Os profanos decretos de César.
Por
Entrando no sonho sem me anunciar, coberto de farrapos e, mesmo não sendo um anjo com as divinas vénias, fui até Ananias, vizinho do carpinteiro José e, porque tocavam os sinos, a ele perguntei seus pensares. Se ouvires tocar sinos, não perguntes quem morreu, vai para casa, veste luto, quem morre por ti sou eu. E o sino repetiu os toques que ondulavam na falsa estepe de Belém, e ele replicou-me que, se soubesse que voando alcançava o meu desejo, mandava fazer as asas, que as penas são de sobejo. Ali sentados com nítidos sinais de ansiedade saciados entre o ruído das conversas, senti nele, encantos de generosidade e boa vizinhança.
Não sendo eu um anjo, assim como jornalista, tarefa inexistente nesse então tomei a estrada que a todos serve, obedecendo também às profanas ordens de César impostas na boa ordenação do mundo em que nos calhou viver. Rumo a Ramalá só com a autoridade que a idade me conferia ia também e por força dos costumes recensear-me como um agente do pr´alem, coisa por demais falível e de difícil reconhecimento. Na caravançarai iam Maria, José, um grande número de anónimos, dois camelos e alguns jericos jumentos.
Em discreta surdina tomava anotações ouvindo as dispares esperanças de quem tudo aprendeu em um seja louvado! Confiados à misericórdia de Deus e no amparo dos anjos, recolhia infirmações da validez ou autoridade dos objectivos e do agrado de alguns espíritos. Entre o encher de odres do caravançarai, um grande edifício de gratuita hospedagem àquela caravana, deu para me aperceber que na jornada, a tribo esgotava-se em carreiras desatinadas, como se, já nesse tempo, o mundo estivesse para acabar e, valesse a pena aproveitar os instantes ou a vez, como as tantas filas das muitas repartições da Solidariedade Social na terra das tágides, das emigrantes donzelas enviadas por Ulisses a Lissabon.
Daí ter chegado á conclusão que é àquele que tem de suportar a lei, que compete suprir as falhas que nela foram encontradas e, à semelhança de doutos, também penso que se Roma não foi capaz de suprir necessidades primárias, então, é porque estava mal servida de legisladores, caso análogo ao nosso lusitano pedaço de mundo. Porquê ir tão longe obedecendo a um decreto mal elaborado, quando bastava para tanto ali, em Belém, enviar-se um funcionário de terceira linha a registar toda aquela gente; assim ao jeito de loja do cidadão! É que tudo poderia se diferente, se assim fosse!
O Soba T´Chingange
ANGOLA - CALA BOCA MALAVOLONEKE... O servilismo que já ultrapassa o razoável… 2ª de IV
Por
Fernando Vumby (Fórum Livre Opinião & Justiça)
Acredito que para o sensitivo jornalista, ser nacionalista, patriota, e ter sentido de estado, significa mentir aos nossos parceiros internacionais e esconder deles o obvio! Será isso mesmo? Apesar de essa visão politica ser surrealista, porém é verdade que não pode obviamente ser ignorada, apesar de possuir uma vertente melancolicamente desprezível temos que concordar que a mente desse insigne jornalista está perigosamente transtornada. Para o analista da política externa Celso Malavoloneke, Samakuva deveria mentir aos portugueses aquando da sua visita a Portugal! Mas desde quando é que Portugal é politica e financeiramente exterior de Angola? O regime do ditador JES não se anexou a Portugal com sua fortuna pessoal e família? Por acaso não é Portugal o maior adversário da saída de JES do poder?
Ou será que o escriba do regime se esqueceu que Angola e Portugal são às duas faces da mesma moeda e andam por isso a reboque um do outro, quando se trata de delapidar as riquezas do povo? O que gostariam todos os angolanos e não só, era ver esse senhor criticar o tirano angolano com a mesma veemência com que critica o Deputado Isaías Samakuva; e, sobretudo todos gostariam de ouvi-lo tratar o chefe da ditadura com o mesmo empenho como critica Isaías e Abel, com a mesma verborreia disforme, composta de adjectivos aleivosos, idênticos aos utilizados para xingar e criticar injustamente o líder do maior partido da oposição.
MALAVOLONEKE NÃO PASSA DE UM GATO ESCONDIDO COM O RABO DE FORA. Não é nenhum critico independente que se deva levar a sério; A sua opinião faz prova para o país e para o exterior, da sua falta de independência e de falta de compromisso com a verdade objectiva da vida politica angolana. Nada mais tem feito do que escamotear a verdade em defesa daquilo que chama convincentemente de um estado de direito defensor da democracia. Não vemos Malavoloneke esgrimir malfadados escritos em defensa do indefensável ditador, a quem ele aleivosamente chama de pai da democracia. O jornalista alistado na folha de pagamentos do MPLA/JES sabe bem, que não poderia esconder para sempre a sua bunda albina sem que seja desqualificada e denunciada publicamente.
(Continua…)
Fernando Vumby
As opções do Soba T´Chingange
ANGOLA . TEOREMA DA AMIZADE – MOPANE, CATATO em Angola - 1º de III partes
As Falas de Zeca em uma longa mokanda - Mamiiiééé! Neste tempo de kota perdido.
PorJosé Santos Impregnado de paludismo duma especial Jihenda da estirpe kaluanda, Zeca colecciona n´zimbos para fabricar missangas que soele sabe fazer desde ndenge.
AH! T'CHINGANGE FEITICEIRO DUMA FIGA! Tu sabes mambo que deixas a malta aboamada! Tambula conta nas falas deste teu mano Sekulu, o protector do Mu ukulu de lagartinhas…, do nosso Rio Seco da Maianga! Xê! Como é, é! A carne tenra da picanha, da alcatra, da fraldinha…, da vaquinha metida nas rodelas do pãozinho, com a linguiça, o queijinho derretido…, tudotudo com o molhinho dos “Deuses” ximbicando no colo da Francesinha…, ou então aquele saboroso pernão da posta grelhada na brasa, consolando o folgazão de prazer…, substituídas na mesa por torresmos saborosos, nutritivos e feitos da maravilhosa almofadinha do corpinho da MOPANE! Cuidado na tua trás com o invisível alimentar que te poderá atormentar por te meteres nesses big pastos…de relva Avatar.
Dizes que esta bela lagartinha, bué parideira e nascida no redor da verdura, no Malembelembe na “palma” de folhinhas biológicas e cheias de água, dessa cacimba boiando na raiz da “Mulemba”, que depois sobesobe por tubinhos, dá de beber aos raminhos. Estes, saciados com a água purinha da chuvinha enviada por N’Zambi, fazem nascer mais folhas para a lagartinha fazer sopinha e se empanturrar, caté a barriguinha fica verdinha, amarelinha, gordinha…, mas vitaminamente docinha de milongo natural… Dizes também que: - “aquela larva não é agradável à vista, mas é muito nutritiva e, pode vir a ser uma boa alternativa para socorrer povos com carência de alimentos proteicos”. Nessa África Austral que falas com essa paixão, sinto-a deveras por essa bichinha que lá mora há séculos, essa amora doce, existindo por todo o Muxito e parte da base de alimentação muito nutritiva das populações rurais, cuja indústria “selvagem” botou os faróis e virou “continente” de comercialização com cifras fenomenais na ordem dos milhões, directamente consumidas e exportadas para outros países Africanos…
Oh! Como resiste, como se multiplica nessa cópula fenomenal gerando milhões de belas MOPANE! Lembras as parecidas de mil patinhas que haviam no nosso Rio seco da Maianga? Topa só, lelu, o que dizem muitos civilizados: -“Que nojo…!” Caté o nosso k mano antropófago, biológico…, EDGAR, o estudioso “sério”, bué livros científicos editados na matéria, sob a luz da vela, pingando remela nas nossas barrocas de kandengue, diz atoamente falando e cheio de fumaça saída pelos arcos das suas narinas: -“Pode ser muito nutritiva, mas para mim só se for em recheio para rissóis!!! É assim, este o mundo “classificado”, que anda “desclassificado”, atoa montado e educando como quer a nossa barriga de consumos por vezes cheios de mistelas pra depois na berrida boiarem cheios de E’s, para depois na barriga às voltas empurrarem e fazerem calemas de dor e logo o matako enguiçado, topado breve enxurrada, logo começa a bufar e a dizer: - Aiué! Bou botar mazé caganeira no capim…ué!
Kwangiades – Referente às musas do Kwanza
GLOSSÁRO: Mu Ukulu – antigamente; Sékulu – Velho; Ximbicar – remar; N’Zambi – Senhor, Deus… Uuabuama – maravilhoso, malembelembe - devagarinho; Muxito – área de mato denso; Berridar – correr; Mataco - rabo, bunda; Ndenge – infância; Jihenda – saudade; kota- mais-velho
As escolhas do Soba T´Chingange
O ESPELHO DA ALMA – O pensamento é como um novelo de fio enrolado sobre si mesmo …
Por
T´Chingange
Pude no livro de Saramago sintetizar o evangelho em soltas palavras, na devida prudência de suas excrescências em que a mentira é o mesmo que infidelidades e, que por via disso, não foi dada a prova das águas a Maria, mulher de José, por modo a evitar uma hipotética suspeita, um embaraço omitido para não constar das odes dos poetas ou dos delírios líricos de versejadores, escribas ou profetas. O pensamento, é como um novelo de fio enrolado sobre si mesmo, frouxo nuns pontos, noutros apertados. E, por isso, substituir daqui o anjo por um pedinte, surgido nos frouxos pontos desse fio, destacando-se de outros mais apertados para não estrangular os lamentos de ninguém. Neste mundo tão material, ninguém sabe dizer por onde se deve cortar este cordão da alma, que se liga ao umbigo do homem.
Numa presença de espírito ou no propósito de um sonho atar seu pensamento à sua causa direi, por similitude, que sonhos e espelhos são coisas idênticas e, será assim como uma imagem do homem diante de si próprio; escalpelizei estas falas de Saramago, comendo bolachas de gafanhoto seco, um petisco feito de moinha destes insectos, um hábito feito virtude, maná dos desertos com outras iguarias, iogurte azedo e pão ázimo; coisas que fariam vergonha a um qualquer hodierno com a disfarçada repugnância no torcer de narizes, próprio de quem vive na abastança. Se para Deus não há impossíveis, poderemos nós, feitos à sua imagem suscitar outras vergônteas, desprezando a doutrina matriz em que Deus é todo um, o próprio tempo.
O consumo de gafanhotos é muito antigo e na Bíblia, no Evangelho de Marcos, há a informação de que o apóstolo João comia gafanhotos com mel. Em certos países, os gafanhotos são comidos como uma boa fonte de proteína. Normalmente eles são colocados em água por 24 horas, após o que eles podem ser cozidos ou ingeridos crus, secos ao sol, frito, temperado com especiarias, como alho, cebola, jindungo e utilizado em sopa ou como recheio para vários pratos. Em alguns países da África, os gafanhotos são uma importante fonte de alimento, assim como outros insectos, acrescentando proteínas e gorduras na dieta diária, especialmente em tempos de crise alimentar.
Como podemos nós mortais preencher-nos de razões numa controversa e nunca resolvida polémica de poderes que não temos. Se, nem mesmo os ditos delegados de Deus ou de um qualquer César podem fazer alardes teológicos! Muitos se dizem da prole por vergôntea e, mesmo com estes, cabe-nos mostrar cortesia por nossas vidas, incluindo-os na gratidão pelos favores que nos fazem. Sem demasiada pressa no aceitar nem exacerbados exageros de contentamento nem salamaleques, aceitemos com a prudência de ancião. Pela cancela de minha casa, sempre entrará um ou outro sonho sem se fazer anunciar, que nem eu nem outrem saberemos entender.
Bibliografia de esboço: O Evangelho segundo Jesus Cristo de Saramago.
Ilustrações de Costa Araújo Araújo
O Soba T´Chingange
ANGOLA . LUANDA – CHIBATA O CANHOTO E O MUKUANKALA PERNETA - 1ª de IV partes
Mussendo: Conto curto de raiz popular, missiva em forma de mokanda (carta) do Kimbundo de Angola (N´gola) durante o tempo colonial (Arnaldo Santos foi seu 1º mestre).
Por
Dy - Dionísio de Sousa (Reis Vissapa)
Alfredo Cabral Aranha foi meu avô por adopção. A primeira vez que tomei conta da sua existência andava eu na casa de um dígito em matéria de idade. Seis anos vividos junto ao meu progenitor num lugarejo esquecido de Deus perto de Melunga a escassos quilómetros da divisa com a fronteira do antigo Sudoeste Africano. Privado do carinho maternal desde o dia em que nasci fui amamentado por numa mulher Dombondola que acabou sendo a minha segunda mãe. O Cabral Aranha tinha mais similaridade com um bicho pau que propriamente com um aracnídeo. Sessenta primaveras soalheiras tinham tornado o seu corpo franzino numa amálgama de músculo, pele e osso e um rosto de uma ruga só onde dois pequeninos olhos negros brilhavam nas noites de lua cheia, como os holofotes de um Cuio à luz de um farolim. Quando ocasionalmente passava pelo exíguo comércio do meu velhote aproveitava para descansar das suas sortidas como caçador uns tantos dias o que fazia as delícias tanto minhas como do meu pai.
Joana Sadiki servia-lhe litros de café na varanda colonial da nossa humilde casa do mato. Ao entardecer quando a atmosfera abrasadora da região do Cuvelai nos dava finalmente tréguas dando lugar a uma brisa fresca o meu pai e eu juntávamo-nos a ele no alpendre rodeado por uma balaustrada caiada a branco. O velho caçador assentava o esqueleto em posição inversa na tosca cadeira de mucibe com os braços peludos enegrecidos por mil soalheiras escaldantes apanhadas entre o Curoca e o Cubango, apoiados no espaldar. Faziam parte integrante da sua figura três objectos dos quais nunca o vi separado: Um enorme chapéu de cor castanho e aba larga cobrindo-lhe os cabelos grisalhos, uma beata demolhada e adormecida entre as falhas dentárias e uma Mauser “Oito Sessenta” de coronha polida pelo uso.
Era então que começava a desfiar o seu rosário de aventuras vividas no mato ao compasso de goladas de café na caneca de esmalte que Joana Sadiki tinha a preocupação de manter cheia. – Esta menina aqui não é de grande calibre mas onde eu ponho o olho ponho tiro e é quanto basta. - Comentava em voz rouca apontando a arma de bala encostada à parede quando nos descrevia alguma das caçadas que fizera durante a sua vida aventureira nessa Angola imensa. Com o andar dos tempos comecei a tratá-lo por avô Aranha e aguardava ansioso a sua passagem pela nossa casa para beber das suas histórias que inexoravelmente envenenaram a minha imaginação e moldaram o meu futuro como caçador.
(Continua…)
Reis Vissapa
As ecolhas do Soba T´Chingenge
ANGOLA - SENTIMENTOS DE SAUDADE - Tempos que jamais voltarão! Repito isto a mim mesmo para não me mentir!
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Nós, seres humanos não polimos da mesma forma os sentimentos de saudade, não vertemos a felicidade extasiados do mesmo jeito nem tão pouco apreciamos o respeito nos mesmos padrões! A seu modo, cada qual exterioriza seus pensar com ou sem o jubilo doseado nas proporções de outrem. Não raras vezes, entramos em conflito com gente próxima retaliando, ressalvando ou omitindo diferentes pensamentos. Dizem as boas regras de civilidade que devemos respeitar as opiniões alheias sem as repelirmos naquela euforia de fazer torcicolo! Mas, engolir sapos contra vontade sem tal retaliar, é algo de muito penoso para quem costuma habitualmente discernir entre o que é trigo e o que é joio.
Tenho amigos vegetarianos mas não sigo seus rigores alimentícios, tenho amigos judeus que não comem carne de porco mas eu como, tenho amigos comunistas com quem partilho amizade sem os seguir nessa ideologia, respeitamo-nos! Tenho amigos que não bebem vinho mas eu bebo, tenho amigos que são emissários de Nosso Senhor mas eu, só o respeito, enfim por ai! ... Nem sempre temos paciência para ouvir pessoas que se arrogam ao direito de serem donos da verdade. Nem sempre temos essa infinita paciência de aturar alguém que nos quer impingir gato por lebre; aí, eu, peremtoriamente, digo Não!
Este NÃO, vai direitinho para patrícios que tentam aliciar-me a concordar com a gestão angolana actual, sabendo eu de antemão, que o que se por lá passa não é humanamente aceitável. Acho até natural que se tenha saudosismo por Angola sem descambar naquela perniciosa flagelação, de que foi lá que se passou os melhores dias de suas vidas! Esses tempos jamais voltarão! Repito isto a mim mesmo para não me mentir; trouxemos para o M´Puto alguns caixotes cheios de amor e saudade daquela terra que teve o condão de nos enfeitiçar, só isso! Bom, eu nem isso trouxe! Já lá vão 40 anos e as aberturas aMPLAs ficaram frinchas demasiado estreitas. Kotas amigos, basta de choramingar!
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
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