Sábado, 28 de Fevereiro de 2015
MALAMBAS . LXXIII

NAS FRINCHAS DO TEMPO . Guetos, somos todos nós, brancos e pretos

MALAMBA: É a palavra.

Por

soba0.jpg T´Chingange

desc1.jpgAs nossas conversas vespertinas com a kúkia (pôr-do-sol) bem no horizonte angolano por detrás dos brilhos da toalha de água do Okavango não têm uma cronologia definida. Andamos para trás ou para a frente de forma aleatória e por serem já coisas diluídas nos cacimbos eu e Miranda podemos ornamentar os factos com ausência de espanto, matando o tempo. A Faixa de Caprivi aonde agora estamos (2015), é um pedaço de terra Namibiano (Nestes acontecimentos ainda pertencia à África do Sul) entre o norte de Botswana, sul de Angola, e Zâmbia. As notícias ventiladas nos muitos jornais são motivos de nos recordar coisas de badalo gasto. Recordamos a muita diplomacia lodosa, de quando Jonas Savimbi chamou «garoto» ao então ministro Durão Barroso? E, no entanto este foi o presidente da Comunidade Europeia por vários anos.

savi03.jpgPor seu turno, João Soares, numa entrevista ao semanário Expresso, classificou os dirigentes angolanos como «um bando de cleptócratas»; talvez mantenha essa opinião, só que agora com mais fortes razões de o serem. E, as relações escondidas, que o Dr. Soares manteve confidenciais durante muito tempo, em virtude de «não querer que isso fosse do conhecimento da Internacional Socialista, onde o movimento da UNITA não era reconhecido». Esclarecedor! De quando Mário Soares de visita às Seychelles, em 1995, em conversa informal com os jornalistas, após o jantar, falou de Angola (que visitaria oficialmente no ano seguinte) e sobre os líderes em confronto, emitindo esta opinião: «José Eduardo dos Santos é um homem banal. Não provoca a ninguém um virar de pescoço quando entra numa sala. Jonas Savimbi tem uma presença esmagadora. É um verdadeiro líder africano!». Aqui corroboro com ele! Disse eu a Miranda que me olhou sem espanto!

savi0.pngDa minha conversa com Miranda nunca pretendi recolher dados comprometedores com ele e, sempre o vi como um comerciante que nada mais fez do que dar continuidade à sua vida tal como o fazia no Dirico, do outro lado mas, sempre me pareceu ser um profundo conhecedor de todos estes relacionamentos de fronteira. Estava escrito que a Jamba era o centro nevrálgico do tráfico de marfim, diamantes e madeiras preciosas.

savi7.pngNo dia 7 de Outubro de 1989 o jornal “Whindhoek Observer” publica a notícia em primeira página da rede mafiosa e da queda de um bimotor pressurizado, Cessna 340 com a matrícula 3D-A-F-C O avião que  estava registado na Suazilândia e era propriedade de Joaquim da Silva Augusto. Este senhor Augusto foi o primeiro patrão de João Miranda (foi-me dito isto por ele sem reticências). O mesmo Augusto que levava em sua frota, alimentos para a UNITA e, os camiões regressavam carregados de marfim e madeira. As interrogações sucumbiram em sorrisos, um indício de quem sabe, mas desconhece…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:14
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Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2015
MUXOXO . I

NUM TEMPO COM CINSAS - Metê-lo num pão com trocadilhos e chouriço …

Por

soba0.jpg T´Chingange

Dy10.jpg Escoiceando rezas envenenadas, amassadas nas inquietações e depois entrelaçadas em muxoxos de fracassos, separo o sonho da realidade ou, tento colocar palavras no papel, porque o cérebro tem de ficar destinado para novas vibrações. Em cada dia surge uma nova algazarra, um novo desfalque, uma manhosa burla, uma greve, muitas brigas sem arreios, um pasto de vida com coices e queixas, roubos e mortes e gente fina que despilfarra o erário público; filas de gente reclamando seu dinheiro aplicado em engenharias financeiras mal explicadas ou assim do género de Dona Branca, e outros como o brasileiríssimo lava-jacto, mensalão e muitos edecéteras de incrédulas queixas. Eu, que já tenho alguma dificuldade de separar o sonho da realidade ou o trigo do joio, entre interesses e torpitudes, tudo vira um pesadelo de invisíveis protozoários, tropeço nas silabas, nos significados, nas bactérias embrionárias dum palavrório perdido entre o fio da meada e a meada do fio com fotons galácticos.

dia21.jpg Sem a preocupação gramatical, com o sujeito cutucando o verbo mais o predicado…, sem a métrica do fado, uma emergência confusa deste tempo, sem a rima versejada, a metáfora triste e saudosa, oram bonançosa mas, de alma torturada…, sem pátria idolatrada, jogando búzios na zuela do feitiço, sem algum esforço intelectual, remexendo panelas de sarapatel. Muito me convenço da inutilidade das bagatelas que nos preenchem o dia. Sem ser convocado, assisti pela televisão à festa dos Óscares e, acerca disto, tenho até medo de comentar disparates pelo que só posso responder ao entusiasmo de muitos, refugiando-me atrás do balcão de minha modesta venda de vaidades.

Resultado de imagem para óscares do cinema Fazer trocadilhos, cortar chouriço, metê-lo num pão, acompanhar isto com uma cerveja e ficar no silêncio das falas porque, não posso mentir a mim mesmo! Irá chegar o tempo em que não mais me preocuparei com as parvoíces da terra mas, por agora, terei de ouvir os mexericos, os muxoxos dos críticos, das alfinetadas de comentadores, devaneios e futilidades consumindo a gente, horas a fio; gente que pendura em seu ego piadas de engasgo, gesticulando até coisas com rezas insólitas nas redes sociai. Este mundo está uma merda! Será! Será que a maneta que atormenta a cavilha com pancadas, o fará mais seguro e mais forte? Termino assim com uma hodierna interrogação, vulgarizando-me na coragem da metáfora, porque nem de tudo podemos ter resposta, nem a tudo podemos responder. Fica o muxoxo!

Muxoxo é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de desdém ou contrariedade. No M´puto costumam chamar de "xoxo", com o sentido de beijo. É uma arvore de Angola chamada também de sapato-do-diabo.

O Soba  T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:15
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Quinta-feira, 26 de Fevereiro de 2015
MISSOSSO . XI

ANGOLA . LUANDA “A BICHA DA PEDRA”

Por

  Dionísio Dias de Sousa     Dy - Dionísio de Sousa  (Reis Vissapa) 

- Vai sair, vai sair, vai sair. - O moleque Gindungo, arauto destas palavras apregoava com os pulmões no máximo da performance a notícia que inundava os ares de Luanda de pós independência e que se propagava a uma velocidade estonteante como suiuio (piolho) em penugem de galinha pedrês.

- Vai sair mais o quê Gindunguinho? Interpelou-o a vovó Mariquinhas ao mesmo tempo que ficou com parte do colarinho do Gindungo na mão na tentativa vã de filar o moleque e obter explicações mais latas sobra a notícia, algo que não se notou pois a dita camisa só tinha uma manga e ali perto do ventre um buracão onde espreitava um umbigo mal-amanhado no parto.

- Me larga vovó tenho de desavisar aí o povo todo de Luanda do desacontecimento. – Estrebuchou esgueirando-se das mãos da Mariquinhas. – Me fala só o quê moleque. – Voltou à carga a vovó com pelo menos meia centena de compatriotas já em seu redor. – Não sei não, mas vai sair amanhã na padaria Violeta daquele tuga qui foi no M´puto, o Venceslau.

Dy4.jpg  E desatou a correr Luanda fora alertando os transeuntes. Com esta informação adicional Mariquinhas desatou a pedalar as pernas franzinas e já meias trôpegas em direcção ao largo do Quinaxixe onde se situava a dita padaria seguida por uma multidão que engrossava a olhos vistos. Nesta época em que bens de consumo eram raros na capital de Angola tal notícia dava azo a um corrupio excitado para o estabelecimento onde o evento iria acontecer pela manhã do dia seguinte.

- Tobias, tu sabe o que é mesmo que vai sair amanhã? Perguntou o Paulino ao seu companheiro de andança. – Não mano Tobias, desconsegui de saber mas alguma coisa vai sair para o Gindungo gritar assim. – Então vamos lá para colocar os nossas pedra para marcar o lugar. – Incentivou o Tobias que já não comia um funge há vários dias, acelerando o passo. – E tu calcula mais o quê que é Paulino? – Não sei não Tobias, da última vez eu pensava que era os cúria do farinha ou batata e levei para a minha Julieta vinte rolos dos papel dingiénico. – Ai é? – E então Paulino? – Julieta me perguntou para quê tanto do papel, se a gente não come vai limpar os mataco de quê.

Dy5.jpgJesuíno que galopava ao lado deles interveio dizendo. – Não me falam disso, manos. Na última vez que houve um desavisamento desses esperei dez horas na bicha de pedra pois ia sair um conduto qualquer para calar a minha barriga que andava a roncar como o porquinho da mana Gracinda. – E então o quê mais aconteceu Jesuíno? – Perguntou o Tobias. – Aí não me recorda essa maka que já tinha esquecido. Muito estalo na bicha da pedra e a mana Josefa desencarapinhou a tia Clotilde por causa dos pertença da pedra. Eu me virei na confusão e finalmente consegui entrar na antiga farmácia do velho Fagundes e levei para o meu mokifo dois estalos, os beiça rebentada e duas caixas de chocolate gostoso que a minha Marilda que está grávida se lambeu depois do feijão com lombi. – Mesmo assim tu tiveste sorte Jesuíno, chocolate é para gente fina. – Comentou o Paulino. – Sorte mesmo, mano? Até hoje a Marilda está a gritar, está a sair, está a sair, que eu acho mesmo que foi do tal chocolate Broklax . – Lamentou-se o Jesuíno com ar condoído.

Dy6.jpg Chegaram à padaria Violeta como uma manada desencabrestada que vai beber ao rio. No passeio junto ao estabelecimento uma rimada de calhaus de todo o tipo estavam alinhados como rilhetes em mata de goiabeira. Os lugares marcados para a bicha matutina atingiam já uns bons duzentos metros. – Essa pedra aí é minha vovó Mariquinhas. – Advertiu alguém que a viu tomar à má fila o lugar marcado. – É tua como? Eu já coloquei a pedra faz já mais de uma hora. – Retorquiu a Mariquinhas com ar assanhado. – É minha mesmo vovó, não fala maka por causa da pedra vovó. – Estas discussões já aconteciam um pouco por todo o passeio e algumas a ultrapassarem o limite da tolerância. Finalmente os recém-chegados colocaram as pedras de marcação o que lhes dava direito a estar na bicha pela madrugada.

Dy7.jpeg

 

Na sofisticação da marcação no outro dia havia marcação personalizada; tinha chinelo, sapato velho, tijolo, tronco de kibaba, tacho, chapéu colonial, cabaça e entre os edecéteras estava uma velha bíblia de capa despolida, uma boneca sem braço e um fiel cachorro de verdade chamado de Adão; sei seu nome porque seu dono de nome Abraão me confidenciou entre muxoxos e cuspidelas coloridas.

 – Então Tobias, tu sabe o que vai sair amanhã? Perguntou o Paulino – Não sei mesmo mano, mas vou levar….

Missosso: Da literatura oral angolana, contos, adivinhas e provérbios com homens, monstros, kiandas de Cazumbi, animais e almas dialogando sobre a vida, filologia, religião tradicional e filosofia dos povos de dialecto quimbundu. Óscar Ribas foi o seu criador.

As scolhas de T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:32
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Quarta-feira, 25 de Fevereiro de 2015
MALAMBAS . LXXII

NAS FRINCHAS DO TEMPO . Guetos, somos todos nós, brancos e pretos

MALAMBA: É a palavra.

Por

soba0.jpgT´Chingange

zeca3.jpgEntre dúvidas escondidas no pormenor de factos conhecidos, dou-me conta que João Miranda do Kavango tem versões novas a que eu não forço ao pormenor para não suscitar ranhuras, referindo tão-somente o que me parece ter lógica porque por mais que nos esforcemos há coisas que sempre ficam na charneira do mujimbo, do boato. Savimbi, sempre recusou o abandono da luta escolhendo cenários de exílio dourado e, foi o único dos líderes angolanos que sempre viveu e lutou no seio de sua terra, sua pátria, disse eu num propósito de diálogo.

 savi02.jpg E continuei: – A ela tudo deu e "nada tirou", ao contrário de outros com contas, palácios e mansões no exterior. Fisicamente Savimbi morreu mas, seu espírito está em toda a parte, mesmo fora de Angola! Alguém em seu nome continuará a ter quem defenda essa cultura, esse povo, essa forma de ser e de estar! Li algures que está enterrado em um humilde cemitério de Luena.

savi1.jpg Isso é o que se diz, rebate Miranda no seu jeito enigmático de sempre deixar uma prega solta na costura. Ele está vivo, sim! Algures num lugar palaciano e bem protegido; aquilo de sua morte foi uma farsa muito bem engendrada pelas grandes potências. O que viram em fotos é uma tramóia muito bem-feita, um sócio de Savimbi e, não é certo saberem aonde ele foi enterrado para evitar um rodopio de peregrinos.

savi8.pngNão acredito nesta sua versão, não tem lógica porque mostraram o corpo dele em várias posições e eu até pude referir em tempos que ele se teria matado pois que na foto de Grande Reportagem podia ver-se um furo em seu queixo do lado direito. Era ele sim! Rematei em termo definitivo! Ele, Miranda, deu de ombros assim como dizendo que cada qual ficava com a sua opinião. Não forcei a nota mas, ando matutando em sua ficção; acontece hoje tanta coisa estranha!?

savi03.jpgTambém é mentira que o Cessna que caiu na Jamba com João Soares, levasse dentes de elefante! O Cessna em voo para a Namíbia caiu, não por excesso de carga mas por nabice do dono e piloto Joaquim da Silva Augusto que actuou precipitadamente a um grito de medo de João Soares; devido a já estar escuro quando do levantamento do ainda novo Cessna, as fagulhas que normalmente saem dos motores fizeram com que João Soares gritasse pelo que, Augusto, fez uma manobra precipitada para regressar, tendo batido nas árvores limítrofes;com precipitando-se no solo.

savi7.pngJoão Soares ficou ferido, convalescendo em Pretória em casa do casal Horácio e Fátima Roque. Os outros deputados, Rui Gomes da Silva, do PSD, e Nogueira de Brito, do CDS, que tinham ido assistir ao Congresso da UNITA, nada tiveram para além do susto. Quem sou eu para contrapor e com que dados, o que João Miranda afirma!

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:07
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Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2015
MONANGAMBA . XXVI

CICATRIZES DO TEMPO Faz parte da herança termos em nós as antigas culpas de Adão e Eva. - 2ª de 2 Partes

 Por

soba0.jpg T´Chingange

soba3.jpgO lema, ajudai-vos uns aos outros, sendo de antemão um remédio para quase todos os males, não é considerado o suficiente para colmatar males da actual sociedade. As pessoas sempre referem em seus relacionamentos seu estatuto de património, com todos querendo ser considerados mesmo sem que para tal se tenham de solidarizar com a comunidade ou prestem serviços a ela. O assédio “do ter” é tão grande que mesmo pessoas que andam com o terço no pescoço, rezando e apelando a Deus por dá-cá-aquela-palha, não evitam essas armadilhas do assédio num mundo real. Quem ajuda, será ajudado e, quem dá, receberá em dobro; é uma receita que funciona.

arau5.jpgMesmo alguns, que se dizem levar as leis de Deus a rigor, rejeitam a postura de que não é dando que daí advém sua bênção; Sempre o dinheiro surge aos olhos tapando a clara visão das coisas que, até são simples; meu amigo é quele que me mete dinheiro no bolso; falsa visão. Cada qual tem o seu morro sagrado, o seu Gólgota e sua cruz para carregar na vida na convicção de que sim, de que pode um carpinteiro fazer seu filho rei, de que pode um rei mandar prender outro rei mas, tendo pela certa que todos os seres morrem; que nunca nos poderemos defender em pleno, escondendo nosso orgulho em inibições, em suposições, mentira ou falsidade se disto, só saírem blasfémias.

arau4.jpgTeremos neste mundo de nos adaptarmos para sobreviver, porque o fado da vida não é igual para todos mas, nela podemos a todo o momento recordar o sofrimento de Jesus, não vem daí mal ao mundo. Mesmo no último minuto houve ainda uma réstia de tempo, quando o Messias sentiu a esponja embebida de vinagre em seus lábios ressequidos. Nesse último suspiro talvez tivesse tido um rápido sonho das andanças pelo deserto alimentando-se de gafanhotos com mel silvestre e leite azedo de cabra, como ainda o fazem hoje os habitantes do Calahári comendo lagartas mopane; terras longínquas daquele Crescente Fértil e aonde ainda não chegaram os “cold drinks” e Coca-Cola.

Ilustrações de Costa Araújo

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:16
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Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2015
XICULULU . LXII

ANGOLA - ANÁLISE DO ANTESDONTEM 2ª de II partes

As escolhas de:

kim0.jpgKIMBO LAGOA 

 

POR: ELSA PERALTA - É doutorada em Ciências Sociais (na especialidade de Antropologia Cultural) pelo ISCSP-UTL, em 2006 - A sua pesquisa tem incidido sobre processos de activação e materialização de memórias colectivas.

A guerra colonial passou desapercebida a muitas famílias portuguesas em Angola e Moçambique, alheadas do conflito e surpreendidas depois pelo processo de descolonização decorrente do 25 de Abril de 1974.

desc4.jpgHá um ressentimento muito grande, privado, mas também com uma face pública, expresso quando chega o momento das eleições, por exemplo. Não imagino estas populações a votarem em candidatos ou linhas políticas próximas de figuras que identificam como responsáveis pelo processo de descolonização. Não desculpam o que aconteceu.” Um passado traumático, que causa mágoa e ainda não se reconciliou com o presente. “Os ressentimentos que emergem das entrevistas são geralmente três, começando pelo rancor relacionado com o carácter súbito e inesperado da descolonização e do regresso a Portugal.

desc0.jpgPara a maioria dos entrevistados, a possibilidade de virem a abandonar África era nula, mesmo depois do 25 de Abril. Sentem-se inconformados e mesmo ludibriados pelo processo das independências conduzido pelas forças revolucionárias em Lisboa”, esclarece Elsa Peralta. A perda dos bens materiais deixados para trás e o chamado “desapossamento”, ou perda da legitimidade aos olhos do Estado e da sociedade, são igualmente factores de ressentimento, segundo a investigadora. E depois, houve os traumas de um regresso súbito e inesperado a Portugal, onde foram recebidos, em muitos casos, com hostilidade e desconfiança por uma sociedade então emersa num processo revolucionário, marcado pela forte radicalização ideológica em torno da questão colonial. “Aqui são apelidados de ‘retornados’, que muitos consideram, na melhor das hipóteses, um eufemismo para nomear uma população de refugiados das guerras civis em África.  * «Uma esmagadora maioria não aceita nem ser tratada por colono porque faziam ali sua vida normal em uma trerra que consideravam sua; outros reclamam-se refugiados, porque ali nasceram! A grande maioria dos funcionários  nem gozavam suas férias graciosas a que tinham direito de quatro em quatro anos. »

desc3.jpgNa pior das hipóteses, consideram-no um termo ofensivo e persecutório que permitia rotular parte da população nacional como conivente com a doutrina salazarismo e da colonização.” Para outros ainda, a expressão seria apenas inexacta, visto já estarem em terras africanas há várias gerações. Inquestionável é que muitos dos testemunhos recolhidos por Elsa Peralta contrastam claramente com o quadro traçado para esta população, que sugere a sua integração positiva na sociedade portuguesa: “Esta suposta história de sucesso não é corroborada por muitos dos entrevistados, que preferem salientar o efeito traumático, marcado por uma integração muito difícil, que, em muitos casos, ainda hoje não está completada.”

* NOTA: Acréscimo do relator desta. 

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:49
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Domingo, 22 de Fevereiro de 2015
KWANGIADES . XXV

ANGOLA . TEOREMA DA AMIZADE - As Falas de Zeca…

AH! K KAMBA T´CHINGANGE - KUUABA “HERERO”!!!

Por

soba0.jpgT´Chingange

Mukanda desoba1.jpg José Santos Impregnado de paludismo duma especial Jihenda da estirpe kaluanda, Zeca colecciona N´zimbos para fabricar missangas que soele sabe fazer. Formado na Universidade do Rio Seco da Luua.

dia0.jpg De mim para todos: Se a cultura é uma invenção, ou uma construção de factos e actos históricos, nós gente da plebe, que vivemos uma experiência diferenciada, podemos afirmar que as nossas falas, apenas podem ser recolocadas contra ou na mitologia antropológica que considera que o homem produz cultura tão naturalmente como as abelhas produzem mel ou a aranha as suas teias. Querendo ou não, se nossa cultura tem uma relação com experiências recentes ou mesmo actuais, teremos de no final de tudo, acabar sempre dependentes das nossas criações. Até nos podemos entender por gestos que, não virá daí mal ao mundo.

soba2.jpegSerá grave se ocultarmos esta nossa particularidade dissimulando algo que é mais essencial: o carácter mítico que este comportamento transporta em nossa sociedade tão alheia aos fenómenos da naturalização de cada qual. Podíamos até falar por assobios ou estalidos e escrever por traços e pontos com zeros e uns, sem daí sair e, decerto seguindo um código de entendimento nos relacionaríamos perfeitamente. Tudo é uma questão de estética com ou sem normas. Se o mito é uma palavra e, esta foi trabalhada de modo a funcionar, veremos que o principio de que o mito atransforma a história em natureza real. E, o mito não oculta nem revela nada, só deforma mas, o mito não é uma mentira nem uma confirmação, é uma inflexão. Posto isto, iremos prestar atenção na mucanda enviada a mim por um kota amigo de infância, dum exemplar nato de inflexão sustentada, estando eu com gente que se comunica por estalidos, uma África pouco divulgada; Ele e eu tivemos um período de vida que marcou a realidade em mito, a vontade em um desejo, o querer em puro néctar:

mona5.jpgDele para mim: Tens a tua sorte em estares nesse "escaldão" do Arco-íris, katé tou, com medo que botes tanguinha de serapilheira de capim na tua barriga de jinguba, vires uuabuama herero pastor, de chinguiços, faças misoso na kukia  com estalinhos de katolotolo! Depois, improvises uma vara, aprendas a equilibrar-te com uma só kinamba como um Massai, durante a manha, a tarde e noite, à frente dos boi, das vaca, dos vitelinha, cus leões dando berrida no por detrás da tua t´xipala e, ospois ku teu feitiço do Mu Ukulu, juntas dois dedos, dmaleducado e o polegar, dás um estalo cueles, finfias um assobio e leão sai na berrida cu medo de tua kuia!

mugabe.jpgTu que só comes biltong seco feito do filé mignon, lombo, alcatra, picanha, caté a fraldinha pertinho do pipi…, que depois fazes figa para nós do M´puto, a gente topa, no diz-que-diz bife tá rijo demais mesmomesmo  cus  “tratamento” “os milongo” “os pós da conservação”. Meu amigo Sekulu, um dia me disse nas suas falas com “vocabulário”, que me deixou banzado e feito matumbo; licenciado nos agronomia do T´Chivinguiro, disse assim que eles do Massai bebem o sangue dos boi para lhes dar guzo. Katé, eu sei que os Massai não come francezinha, num toma cimbalino porque seu cumbú, é mesmomesmo  de kitare malé. Também nessas moda de televisão, ainda não têm o “catecismo” nem conta do banco! Hoje mesmo, aiué! Ainda!  Nada têm mesmo, nem banga da decoração com capim verde da kitanda; só teta do barril das vaquinhas nemas do kipeio. Ué será que vais botar “beiçolas”, assim um pratinho para a jinguba e os tremoços, caté com o pauzinho  de matipatipa para lavares os dente afiado.

zeca5.jpgSoeu, tou aqui no Mputu kp, nos frio, na geada, caté tuje do katotolo me apanhou numa rusga, desprezou na matumbice da minha vacinação, muito enguiçado com o zumbido dos batuke vindo da CEE, dos alcatrão por todo o chão de terra, cus malandro numa celinha cinco estrelas, com tabua para  mokandar as memórias. Tu tens sorte em seres “bicho” dos muxito do mundu, bota kubata, livre para botares faladura dura, feliz com bué jimdandu de desafixação.  Isso torna-te uma gweta com olhos de águia, Mwata de interpretar o chão por onde já passaste, lá no do sertão de lampião, teu Mundão. Dinovo na Mulemba N’Zambi dos teus Muxitos, nos veremos, teus kamba daqui, mais dali ouvindo o teu misoso, no espanto de pacaça, que teu coração guarda. Kinga só!

Do ZECA  bué cafifado neste Mputu.

O Soba T´Chingange

 

 

 

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:14
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Sábado, 21 de Fevereiro de 2015
MONANGAMBA . XXV

CICATRIZES DO TEMPOFaz parte da herança termos em nós as antigas culpas de Adão e Eva 

- 1ª de 2 Partes

 Por

soba 0.jpg T´Chingange

mona0.jpg Terminei de ler o livro do evangelho segundo Jesus Cristo na versão de Saramago; melhor dito, comi-o ao longo de muitos dias, lendo e relendo, mastigando devagar até digerir por completo a dialéctica que muitos dizem dar cólicas de barriga e no cérebro. Porque foi suave a leitura, não tive nenhum desarranjo e, talvez porque entretanto fui comento uns tabaibos, alimento predilecto do Xirikwata (Thirikuata), um pássaro do sul de Angola que tem cabeça negra e uma popa vistosa. Um pássaro com penas amarelas nas asas e com um cantar de feitiço na forma de Sacanjuere do Huambo; enfim, um fantasma que sempre aparece encantando-me e até inspirando-me a escrita. É provável que seja Januário Pieter a minha kianda espirito na forma de pássaro! Tão longe do seu habitat habitual leva-me em crer ser uma kianda matumbola em terra da Namíbia. Escuto-o enquanto os soldados de Roma juntam os pés de Jesus, rei dos judeus martelando um único e comprido prego artesanal.

mona3.jpgRefere no livro de Saramago ser desta forma como medida economicista, pois que nesse então os pregos eram forjados, aquecidos e batidos com macetas até ficar com forma pontiaguda e suficientemente cumpridos para tal efeito. A cruz foi erguida entre duas outras com dois moribundos já pregados a elas; estes choravam com entrecortados gritos sustentados na cruz da mesma forma de Messias. Neste final de vida e com apena trinta e três anos Jesus, rei dos Judeus, filho de Deus e de Maria quis ir para o reino do Pai abandonando os demais que dele fizeram a figura principal no mundo conhecido como o Crescente Fértil, Samaria, a Mesopotâmia Galileia ou Vale do Jordão; terras de Jerusalém e Palestina; terras que ainda continuam nessa antiga convulsão.

mona4.jpgMesmo que tantos se indignem com esta forma de escrita do Nobel escritor, sabemos ser verdade que morreram e morrem ainda nos dias de hoje muitos cristãos passados que são 2015 anos. Estando eu em terras aonde os pais dos pais não eram conhecedores de Cristo, terra de kamessakeles, Hereros, Makankalas e Bosquímanos, gerações milenares em geral e, fico entre o limiar do absurdo no pensar sem charneira de que tantas e cruéis mortes por decapitação continuem em prática. Sempre comparo estas duas culturas e não chego nunca a uma conclusão! Será que tenho esta propensão a ser um eterno matumbo (burro)! De como as torturas de inquisição, novas formas de cultura que originaram templos, santuários, ermidas, leis e peregrinações mantendo as crenças, as parábolas, lendas, profecias, rezas e ordenações a que ninguém é permitido fazer todas as perguntas e, a que ninguém pode dar todas as repostas.

Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:18
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Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2015
MALAMBAS LXXI

OKAVANGO - Nos ocultos mistérios do canto Xirikwata

Xirikwata é um pássaro do Cuango Cubango

Por

soba eu 2.jpeg T´Chingange

mal0.jpgDas muitas anotações e escritos em registos de memória de meu safari Xirikwata por Namíbia, ficaram por publicar textos e, já longe dali, recordo as gentes maravilhosas que me proporcionaram dias de Xirikwata. Assim irei chamar para lembrar as falas de Elisabeth Miranda que com entrecortados risos, muito recordava seus passados dias do outro lado do rio Okavango, um lugar chamado de Dirico, em Angola. Estando eu no alpendre de soalho e tecto em madeira da Guest House Willtotop de Vanda Potgieter, pude repensar em fim de tarde os últimos dezoito dias percorridos entre Okavango na Faixa de Kaprivi e os desertos de Swakopmund passando as quenturas agrestes dos morros de Ozakos e Kiribib.

mal01.jpgMilhões de espinheiras ressequidas de Okahanja, terras despidas de gente, uma casa aqui outra lá longe por quilómetros de distância, situadas debaixo de acácias; Farmes quase invisíveis aonde só o depósito de água ou o moinho de vento se vêm tremelicando nas onduladas quenturas; rodando ao vento vindo por detrás dos morros da Costa dos esqueletos, chiam segredos de ferrugem mal oleada em permanente lamúria de vida. Pode ver-se orixes e avestruzes bordeando as áridas terras aonde até o deus-me-livre dos mortais, tem de coabitar com hienas, chacais e bichos rastejantes de arrepiar o pelo dum careca. Lugares muito diferentes da região Ovambo ao Norte aonde os guetos juntam brancos com pretos.

mal02.jpgFoi possível reconhecer em mim neste roteiro cinco marcas de destino, uma surpresa, uma curiosidade, saudade, benevolência e alguma temeridade. Também senti um desassossego de excitação inquieta nos porquês mal respondidos e, que só África nos transmite; há fogos em guerrilhas escondidas com vinganças incompreendidas, queixas e gemidos, quiçá chorando nova dores, quebrando os hábitos dum quotidiano em noites de espaços perdidos. O que foi e, como foi que aconteceu, é uma ideia que sempre nos acode e adianta ao acontecido. África é imprevisível na soma de angústias, incêndios com sinais de pavor, traficâncias com segredos de podridão.

mal03.jpegO que fica! Talvez um efeito de milagre no renascer da fé e o amor que podem muito; embora saibamos que nem sempre a fé e o amor juntos, tudo podem! Deus não se vai fiar em qualquer um, por muito boas que sejam a recomendações. Esta temeridade, advém de coincidências da África, de guerras subterrâneas do poder, do branco e do preto, das coisas que dão zebra; coisas dos últimos e antigos tempos e embora seja cruel deixar os kotas velhos sem resposta porque as pessoas, genericamente, não escolhem as sombras que têm e, também porque o amanhã não pertence a ninguém! Isto acontece! Em África tudo é possível.

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:23
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Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2015
MUJIMBO . LXXXIII

AS MALAMBAS DE DEUS - Nos ocultos mistérios da linguagem biblica

Por

soba 0.jpgT´Chingange

dia19.02.015.pngAo reler o livro de O Sétimo Selo de José Rodrigues dos Santos, detive-me com os sentidos embrutecidos nos ocultos mistérios da linguagem bíblica no modo de entender o divino sentido da criação. E, se o Apocalipse significa revelação e o número seis, sei, seis (666), corresponde ao número da besta (diabo), porque será que temos de recorrer a um cabalista ou guematrista, para encontrar a verdade! Porque criou Deus um universo de segredos ocultos por detrás das letras? Relacionando Deus com a Natureza e, segundo a escrita hebraica surge-nos na sombra a equação intrigante entre as palavras Elohim e Hateva com equivalência aos números cabalistas daquele alfabeto hebraico: ELoHiM (com o nº86) e HaTeVA (com o nº86). Porquê nem tudo aparece acessível aos humildes iletrados, devendo estes recorrer a fabricantes de teorias com conclusões concebidas na erudita fábrica de letras, ou teorias onduladas nas dúbias convicções de teólogos?

mugimbo2.pngSe Deus é a Natureza e os Americanos os donos de tudo, compreender-se-á também o porquê do Apocalipse de Hiroxima e Nagasáqui, depois destes terem decretado o embargo petrolífero ao Japão! Das razões que os Japoneses tiveram para neutralizar a esquadra americana em Pearl Harbor. Os poços de petróleo das Índias Holandesas eram cruciais para os Japoneses e, a América simplesmente fez o embargo a pretexto de protegerem seus interesses e sua segurança nacional. Isto foi em 1941, quatro anos antes de eu ter nascido, setenta e quatro anos atrás. É sabido que o petróleo significa cobiça e poder! Pode assim perguntar-se ao mundo de porquê os Americanos intervieram em África, mais propriamente em Angola após o surgimento de petróleo em sua costa atlântica desde Cabinda ao Sumbe; tudo feito por acordos secretos e do qual resultou uma vergonhosa descolonização!

mugimbo4.pngPode perguntar-se ao mundo do porquê os Americanos, assumirem o controlo de libertar o Kuwait em 1991 mostrando a guerra em show do Golfe como se, se tratasse de um jogo de computador, leia-se, meter medo ao resto do mundo com sua tecnologia de matar! Poderá perguntar-se ao mundo do porquê de os Americanos invadirem o Iraque em 2003, humilhando o Sadam Hussein transformando-o em rato de esgoto e, alegando terem estes armas de destruição maciça, coisa não comprovada! E, a invasão do Irão e Afeganistão, sem nunca terem respostas às muita duvidas! Demasiados porquês! 

mugimbo5.pngO petróleo deriva da gordura de animais extintos há milhões de anos; esta gordura cheia de hidrogénio em combinação com o carbono cria os hidrocarborantes. Dito isto, se Deus é a Natureza e, os Americanos os senhores do Mundo, seremos nós então e, neste agora, as gorduras do seu poder! Nem me atrevo a ir mais fundo nesta análise preferindo acreditar que está tudo certo! Mas, não está!

O Soba T´Chingange

 

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:22
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Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2015
PAPALAGUI . XXI

BRASIL E O CARNAVAL 2015  - Papalagui é o homem dito civilizado; europeu; homem branco . 2ª Parte

Por

soba.jpgT´Chingange

Saberes e sabores na Sapucaí… Salgueiros - nota DEZ

O Acadêmicos do Salgueiro foi fundado a partir da união de duas escolas de samba do Morro do Salgueiro: Azul e Branco e Depois eu Digo. A Unidos do Salgueiro, terceira escola existente na localidade do bairro do Andaraí e que tinha como representante maior o sambista Joaquim Calça Larga, que não concordou com a fusão e, por esse motivo, ficou de fora.

salg0.jpgAlucinados pela febre do ouro muitos abandonaram a lavoura e se dedicaram à exploração das minas. Logo a escassez de alimentos se fez sentir. Havia ouro, mas faltava comida. Com o preço dos alimentos subindo sem parar, muita gente passou fome. E como a necessidade é mãe da invenção, o mineiro daqueles tempos foi buscar soluções até então impensadas. Exigia-se o aproveitamento de tudo. O que antes era rejeitado, agora era incorporado num novo prato, num novo modo de preparo como o sapatatel feito das frisuras e sangue. Daí vem o jeito mineiro, sempre cauteloso e prevenido. Ou seja, a abundante cozinha típica mineira surgiu da fome.

salg2.jpgOs escravos das minas

A notícia da descoberta do ouro trouxe para Minas milhares de escravos vindos de outras regiões do Brasil, principalmente daquelas onde a cana-de-açúcar prosperava. Outros vieram diretamente do continente africano, o que causou um espantoso aumento da população negra em Minas. Esta migração forçada e sofrida deixou sua marca indelével na cultura mineira, seja na religiosidade, na música e na dança e, sobretudo, na cozinha, formando junto com o indígena e o branco colonizador a “Saborosíssima Trindade” da tão variada culinária de Minas. “Depois do idioma, a comida é o mais importante elo entre o homem e a cultura”. Raul Lody

A cozinha

“O cartāo de visitas de um local é a sua cozinha. Ela ensina, pelo sabor, seus saberes”. Um prato típico é aquele que preserva e envolve muitos saberes no seu conteúdo, saberes que não se perderam no tempo. Cada utensílio de cozinha, como pilões, tachos, gamelas, colheres de pau, panelas de ferro ou de pedra sabão. Cada tempero como o imprescindível alho e sal, o urucum, a pimenta, cada folha vinda do mato ou da horta, como o “ora-pro-nobis” e a couve, cada ingrediente como a gordura de porco, a farinha ou a cachaça, tudo guarda em si um conhecimento ancestral, que atravessa as gerações e faz sentir no presente as lembranças e os afetos que nos remetem a outros tempos e lugares vividos. As receitas culinárias de Minas são inumeráveis. Misturas de magia afro-indígena, da sofisticação luso-europeias, mas o princípio fundamental em todas elas, dito com propriedade, é: “O primeiro ingrediente que vai na panela é o amor”.

salg01.jpgA comida e a fé, sustentáculos do homem da terra…

Era preciso ter disposição e força para encarar o trabalho duro. E haja angu e rapadura para vencer a lida! Mas mesmo quando a comida era pouca, havia a fé, havia a crença, que superava as dificuldades e enchia de esperança o futuro. Em Minas, a devoção está para o homem como o sol está para a vida. Sob a luz de Nossa Senhora do Rosário o “ora-pro-nobis” toma gosto e ganha tom! Todos em uma só voz entoam as angústias e as glórias de um povo que sobreviveu à escravidão. Todos honram à padroeira da cidade do Serro, nas figuras de índios, reis, juízes e marujos. Aqui as três raças se consagram: índios, brancos e negros louvam em uníssono àquela que guarda e protege a todos sem fazer distinção. Homens e mulheres unem-se num ato de amor e gratidão por tudo o que a terra e a vida lhes deram sob a bênção de Nossa Senhora, cantando, seguindo em procissão, e, é claro, compartilhando os quitutes da boa mesa, da divina comida mineira, temperada com uma boa pitada de generosidade.

salg1.jpg Eis o grande milagre:

Colher de pau, pilão, tacho de cobre. Fogo de chão, gamela, fogão de lenha. É com amor que o mineiro põe a mesa, É atiçar o fogo e manter a chama acesa! Renato Lage e Márcia Lage

Este enredo é baseado no livro “História da Arte da Cozinha Mineira”, de Dona Lucinha (Maria Lúcia Clementino Nunes). Folhear essa obra é fazer um aprendizado sobre os costumes de Minas Gerais, suas tradições, suas deliciosas receitas. É seguir os caminhos que levaram à descoberta do ouro e se aprofundar na história do Brasil. Nosso enredo para o carnaval de 2015 é uma viagem através dos sabores que Minas Gerais oferece e resguarda nos saberes que cada prato típico preserva através do tempo.

salg3.jpgEnredo: Do Fundo do Quintal, saberes e sabores na Sapucaí…

Presidente: Regina Celi

Vice Presidente: Jô Casemiro

Carnavalescos: Renato Lage e Márcia Lage

Diretor de Carnaval: Dudu Azevedo

Intérpretes: Leonardo Bessa e Serginho do Porto

Autores: Xande de Pilares, Jassa, Betinho de Pilares, Miudinho, Luiz Pião e W. Correa

salg4.jpg

TEM AMOR NESSE TEMPERO… SALGUEIRO ESSE “TREM É BOM DEMAIS” VEM DOS TEMPOS DOS MEUS ANCESTRAIS FOI O ÍNDIO QUE ENSINOU COM SUA SABEDORIA O JEITO DE APROVEITAR, TUDO QUE A TERRA DÁ, NO DIA-A-DIA É DE DAR ÁGUA NA BOCA, SE LAMBUZAR VISITAR O PARAÍSO…. E SONHAR

O DANADO DESSE CHEIRO SÔ!… Ô SINHÁ ATIÇOU MEU PALADAR… Ô SINHÁ JÁ BEBI UMA “PURINHA” VIM SAMBAR NA ACADEMIA-    BIS  E NÃO QUERO MAIS PARAR…

O OURO DESPERTA AMBIÇÃO DA FOME NASCE A CRIATIVIDADE O BRANCO, O NEGRO E SEUS COSTUMES TRAZENDO MUITO MAIS VARIEDADE UM ELO EM COMUNHÃO E A CULINÁRIA VIROU ARTE E TRADIÇÃO É NO TACHO… NA PANELA… MEXE COM A COLHER DE PAU SABERES E SABORES LÁ DO FUNDO DO QUINTAL PEÇO A NOSSA SENHORA PRA NÃO DEIXAR FALTAR É DIVINA… QUE DELÍCIA… PRONTA PRA SABOREAR

PREPARA A MESA BOTA A FÉ NO CORAÇÃO NUMA SÓ VOZ VAI MEU SAMBA EM LOUVAÇÃO - BIS É O MEU SALGUEIRO COM GOSTO DE QUERO MAIS OH MINAS GERAIS!

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:37
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Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2015
PAPALAGUI . XX

BRASIL E O CARNAVAL 2015 - Papalagui é o homem dito civilizado; europeu; homem branco

Por

soba.jpgT´Chingange

Saberes e sabores na Sapucaí… Salgueiros - nota DEZ

 Papalagui, o chefe dos Tuiavii da Polinésia não sei o que diria do carnaval de hoje; acabei de ver o desfilar da Escola de Salgueiro e fiquei deslumbrado com a imponência deste tão grandioso teatro no sambodromo do rio de Janeiro. Tuiavii diria que como o corpo das mulheres e das jovens moças anda sempre tapado, os homens e rapazes ardem em desejos de ver as suas carnes, o que é muito natural. Pensam nisso noite e dia e falam muito das formas do corpo das mulheres e jovens moças, sempre como se o que é belo e natural fosse um grande pecado e só pudesse ser apreciado nos sítios mais escuros. A carne é pecado, obra do espírito maligno, o diabo (aitu). Irmãos, poderá haver mais estúpido pensar?

salg001.jpgPelo que diz o homem branco, deveríamos desejar tal como ele, que a nossa carne fosse dura como a rocha vulcânica e desprovida do seu belo interno! Regozijarmo-nos à vista da virgem que mostra o seu corpo em plena luz do Sol e da Lua. O Papalagui crendo-se obrigado a muito cobrir-se para esconder a sua vergonha, é parvo, é cego, é insensível à verdadeira alegria. Em verdade, os costumes apertados levaram o mundo Ocidental a seguir uma fé cega e virada para uma vida calvinista tão cheia de travões ao desenvolvimento do ser humano. As terras de Brasil em tempo de Carnaval festejam o Entrudo exibindo o que de melhor se tem, o corpo. As mulatas esbeltas devem uma atenção especial a este chefe Tuiavii, das Ilhas longínquas de Samoa, e os homens devem agracia-lo com a Ordem da Vida.

salg02.jpgPara obterem nota 10, a mestre-sala e porta-bandeira do Salgueiro, além dos ensaios regulares na quadra, treinam na praia e na academia, não é mole não! Sidclei Santos e Marcella Alves encaram as areias escaldantes da Barra da Tijuca empurrando pneu pela orla.

 Resultado de imagem para indios botocudos A história do enredo - Os primeiros habitantes

Afastada do litoral, a região do Serro do Frio, em Minas Gerais, antes da chegada dos portugueses, era habitada pelos índios botocudos. Tratava-se de uma tribo conhecida pelas enormes argolas enfiadas nos lábios e nos lóbulos das orelhas.. Conta certa crônica escrita por um viajante europeu que os índios desta região tinham como hábito degustar um verme que vivia no broto da taquara, uma espécie de bambu. Os nativos faziam com ele uma excelente iguaria parecida com um creme que ressaltava o sabor dos alimentos. Usado de outra forma, o “bicho-da-taquara”, como era também conhecido, uma vez seco e triturado em pó, servia como poderoso sonífero.

salg3.pngIsto proporcionava longas noites de sono repletas de sonhos maravilhosos por terras desconhecidas e de exuberantes paisagens, paraíso de cores e sensações inesperadas. Aquele que o consumia, era transportado para um mundo imaginário fascinante!

salg10.pngA corrida do ouro

Os bandeirantes avançaram pelo território brasileiro em busca de riquezas. Levavam na bagagem, em lombos dos burros, o modo de cozinhar dos tropeiros que produziam uma comida seca e fácil de ser transportada. Comida não perecível, de quem fica pouco tempo em um só lugar. As bandeiras tinham que se virar com o pouco que tinham à mão, daí recorrerem à caça e à pesca, aos talos e folhas e outras tantas ervas que encontravam pelos caminhos. Por volta de 1693, foi descoberto ouro em Minas Gerais.

salg6.pngLogo teve início uma corrida desenfreada atrás de seus veios. Esmeraldas e diamantes atraíram gente de toda parte do Brasil e da Europa. Portugal teve que abrir o olho, mandou fiscais, militares e estabeleceu uma alfândega para evitar o contrabando dos metais e pedras preciosas. Nesse período a população cresceu, os pequenos povoados viraram vilas com casas de alvenaria e sobrados de dois andares que ocuparam o lugar das palhoças de pau-a-pique. Modos e modas da metrópole m´Puto, se espelhavam no comportamento das sinhás e sinhazinhas, que trouxeram tecidos e rendas, louças e talheres, novos ingredientes para aprimorar ainda mais a cozinha mineira.

O Soba T´Chinhgange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:58
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Domingo, 15 de Fevereiro de 2015
FRATERNIDADES LXXX

 

TESTEMUNHOS NO TEMPO – Tenho saudades de Angola - 4ª de IV Partes

Por

Por

Luis Martins Soares Luis Martins Soares

fosforos palanca.jpgEstou lembrado-me do Bar do Bitoque, espécie de tasca ou taberna na Rua D. Miguel de Melo, prolongamento da Rua Vasco da Gama, esta que passava lateralmente pela Igreja do Carmo, Câmara Municipal e terminava no Largo da Mutamba. O bar para quem descia sentido Estádio Municipal estava localizado no lado esquerdo e no lado direito antes da construção do prédio da Fazenda tínhamos umas casas térreas morando em uma delas a Maria das Pressas com as sua meninas. Porquê esse apelido? Porque quando alguma das meninas atendia o cliente a Maria, após um tempo, batia na porta do quarto do casal dizendo para terminarem depressa o serviço pois clientes estavam esperando a vez. Voltando à história do Bitoque, certa vez os colegas combinaram um almoço de chocos assados com tinta. Os chocos foram assados com aquela carapaça dura em formato de barco e servidos em travessas.

jindu4.jpgCada um se serviu mas de repente todos pararam a arte da mastigação olhando para o colega que tentava desesperadamente morder a carapaça. Verdade! Foi uma gargalhada geral em que o colega também tomou parte desculpando-se que nunca tinha saboreado esse prato. Saudades da época que ainda solteiro morando com os meus pais e minha mãe benguelense, aos domingos cozinhava aquela moambada gostosa de galinha, acompanhada com funge de mandioca e lubrificada com o azeite de dendê feito na hora. O gindungo era esmagado na borda do prato e adicionado ao azeite. Eu chamava à massa de funge, cola de sapateiro. Depois da refeição era gostoso cochilar na cadeira de viagem. Saudades da marginal e as palmeiras plantadas ao longo dela.

lusa5.jpgEm frente a ilha e a floresta eram visíveis com alguns barcos à vela sulcando as águas. Mas deslocava-me à marginal pela tardinha para ver os barcos de pesca vindos do porto de pesca passando pertinho em direção ao porto e ao alto mar. Às vezes ainda eram vistos os tripulantes arrumarem e prepararem as redes de pesca. O barulho provocado pelos som cadenciado dos motores a diesel e a proa dos barcos rasgando as águas ainda estão gravados na minha memória. Tenho saudades da Fortaleza de São Miguel local onde namorei algumas vezes aquela que ainda hoje é a minha querida esposa Maria José, sempre policiados pela mãe. Tenho saudades de ti, Luanda. De sentir o teu cheiro e os teus ruídos. Saudades...Saudades...

Nota: Texto capiangado a este ilustre amigo e, já publicado em Memórias da Maianga no Facebook

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:20
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Sábado, 14 de Fevereiro de 2015
XICULULU . LXII

 

ANGOLA - ANÁLISE DO ANTESDONTEM - 1ª de II partes

As escolhas de:

kim0.jpgKIMBO LAGOA   

POR: ELSA PERALTA - É doutorada em Ciências Sociais (na especialidade de Antropologia Cultural) pelo ISCSP-UTL, em 2006 - A sua pesquisa tem incidido sobre processos de activação e materialização de memórias colectivas.

A guerra colonial passou desapercebida a muitas famílias portuguesas em Angola e Moçambique, alheadas do conflito e surpreendidas depois pelo processo de descolonização decorrente do 25 de Abril de 1974.

estoricos 2.jpgO fim do império significou o regresso a Portugal de centenas de milhares de cidadãos nacionais, pejorativamente apelidados de “retornados”, iniciando um processo de integração em muitos casos traumático e com efeitos ainda no presente. O “retorno” foi precisamente o último tema do painel “democratização e descolonização” que encerrou o primeiro dia da conferência O Ano do Fim. O Fim do Império Colonial Português, que decorreu no Instituto de Ciências Sociais (ICS), em Lisboa. “Muitas destas famílias [de colonos] receberam o 25 de Abril em Portugal com indiferença, acabando por ser obrigados a regressar por força dos conflitos armados internos da pós-descolonização, nomeadamente em Angola”, explicou Elsa Peralta, antropóloga e investigadora do ICS. A guerra colonial que antecedeu as independências foi seguida com igual distanciamento. “Na maior parte das entrevistas que realizei junto desta população, não se verifica um discurso que permita pensar que existia uma noção do que estava a acontecer. Nem sequer havia consciencialização que ocorria um conflito armado”, revela, ressalvando que esta indiferença não pode ser generalizada a toda a sociedade colonial.

epopeia.jpgA natureza do regime que a revolução de Abril encerra em Portugal e o seu minucioso controlo da informação junto das populações africanas poderá explicar em parte este distanciamento, segundo defendeu António Costa Pinto, historiador e organizador da conferência, que alerta para a ausência de grandes estudos sobre esta temática. Elsa Peralta alarga o leque de hipóteses ao facto destas populações estarem concentradas em centros urbanos, longe dos palcos do conflito, e à ausência de qualquer tipo de politização e envolvimento, que potenciava o desinteresse.

Maka 2.jpg“É difícil aferir e podem existir várias explicações”, salienta a antropóloga que iniciou esta investigação há cerca de ano e meio, no âmbito do desenvolvimento do projecto “Memória, esquecimento e pós colonialismo: representações públicas do Império Colonial Português”. “Este trabalho segue a longa tradição tipológica das biografias familiares, escritas a partir da recolha de dados etnográficos e de entrevistas em profundidade. Uma abordagem que permite compreender como forças sociais e quadros culturais e históricos são incorporados com a experiência individual.

Álem...Araujo 6.jpgOu seja, a partir de experiências de vida concretas, pretende alcançar estruturas sociais, políticas e históricas mais amplas.” Deixam de ser apenas histórias de vida, para se tornarem também na história da colonização e descolonização portuguesa em África. Apesar das quatro décadas decorridas sobre as independências e o regresso forçado a Portugal destas populações, na sua maioria brancas, mas também mestiças e negras, Elsa Peralta encontrou muitas resistências para revisitar este passado, que deixou feridas perenes que ainda perduram, em muitos casos. “Muita gente recusou-se a falar, não só por receio de exposição, mas simplesmente por não quererem recordar

Ilustrações de Costa araújo Araújo

As Opçõs do Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:44
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Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2015
MALAMBAS . LXX

NAS FRINCHAS DO TEMPO . Quando tudo nos ultrapassa no tempo, apalpamos as medidas da natureza, sarando as feridas da mente e do corpo

MALAMBA: É a palavra.

Por

soba eu.jpg T´Chingange

cu0.pngNas longas e quentes tardes do Kavango eu e João Miranda deitávamos conversa fora na companhia de frescas cervejas taifel, heineken lager ou windohek lager beer recordando coisas já conhecidas sem nunca formular perguntas embaraçantes. Das ligações perigosas recordou-se o que nesse tempo era dito da família Soares do M´Puto pelo jornal oficial de Angola nos momentos mais quentes da guerra com a Unita e, em que Mário Soares é injuriado: “É mesmo um boelo (burro, em kimbundo) esse bochechas. Nem vergonha tem naquela kalanga (cara) por tão grandes desavergonhices que estampam o seu mau carácter e maldade.

cub02.jpgO ministro angolano da Comunicação Social, Hendrick Vaal Neto, acusava Mário Soares e seu filho João (na altura presidente da Câmara de Lisboa) de «beneficiarem do tráfico de diamantes». Entretanto a UNITA chamava de “criminosos de guerra” a Almeida Santos, António Guterres, Jaime Gama e Durão Barroso. Em 1988, no Palácio de Belém, Mário Soares, na qualidade de Presidente da República, agracia com a Ordem do Infante Dom Henrique o empresário Horácio Roque, cuja mulher, Fátima Roque, acompanha Savimbi num périplo por vários países. Só em 1992, pela primeira vez, é que João Soares se demarca de Savimbi ao certificar-se de que este mandara fuzilar os dirigentes da UNITA Tito Chingondji e Wilson dos Santos.

cub3.jpgEm politica, mesmo aqueles de quem se pensa serem estadistas, cada dia é um novo dia, tendo outros interesses por detrás daquilo que nos parece ser verdadeiro! Entretanto continuando a conversa, já depois da guerra acabar, João Miranda é convidado a abrir um estabelecimento na capital do Kuando Kubango, Menongue mas, depois de concretizar o envio de géneros de primeira necessidade para um super mercado, vê-se na periclitante situação de ficar sem nada pois que os senhores da nomenclatura local, cada qual tratou de se apetrechar desordenadamente, remetendo o pagamento para o estado, uma coisa assim parecida como um saque.

cub01.jpgDisto, nada vim a receber! Disse Miranda já muito habituado a estas truculências de dirigentes mwangolés. Como tudo é tão feito em cima do joelho, disparo eu, confundido na ética de ordem e progresso e, sabendo de antemão que neste mundo só os anjos não têm costas! Isto é mato, amigo! Rematou Miranda como um finalmente àquele dia…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:44
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Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2015
MUXIMA . XL

ANGOLA - A UNITA SEM JONAS SAVIMBI FAZ-ME RECORDAR UM GATO ESCALDADO QUE TEM MEDO DA ÁGUA FRIA! - 3ª de 3 Partes

As escolhas de:

kim0.jpgKIMBO LAGOA   

Por: Fernando Vumby - Fórum Livre Opinião & Justiça

LOANDA 7.jpgUma nova guerra em Angola, só pode interessar ao MPLA que se recusa á ouvir as justas reclamações do povo quando se manifesta pacificamente e acaba por ter como resposta os assassinatos, os raptos, a tortura, as prisões arbitrárias e todo tipo de humilhações que provam que essa é uma das suas armas para se manter num poder conseguido através de fraudes eleitorais que se repetirão por muito mais vezes enquanto não houver os tais bichos (escorpiões) que aceitem atirar-se contra o fogo. E fazer oposição ignorando todos os trunfos que se tem nas mãos para ser alternativa ao poder, num país governado tão brutalmente por umas poucas dezenas de angolanos e estrangeiros apostados em açambarcar as nossas riquezas, é uma grande falta de respeito e consideração aos tantos angolanos que morrem quase todos os dias, por quererem um país igual para todos.

LOANDA 4.jpgComo é que a UNITA quer honrar os nomes de tantos dos seus militantes, simpatizantes, amigos e não só, que têm sido mortos; acredito que continuarão porque nada nos prova o contrario, com essa postura? Mesmo a UNITA tendo ou não um plano B para Angola e a maioria dos angolanos serem contra uma nova guerra (e ainda bem), temos que ser sinceros e reconhecer que este partido por aquilo que tem em termos de qualidade humana, competência e espírito patriótico poderia e pode fazer mais e melhor.

LOANDA2.jpgPor exemplo, porque não organizar mega manifestações por todo o país, juntando os milhões que tem conseguido fazer, quando organiza os seus comícios no sul de Angola? Muito embora signifique correr um grande risco confiar em demasia num povo que vive perto de 40 anos totalmente manipulado e educado a pensar com a barriga, mesmo assim, acho que a UNITA já deveria ter mudado a sua estratégia de luta para provar aos angolanos que de facto está presente para libertar Angola das mãos dos novos colonizadores.

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:21
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Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2015
FRATERNIDADES LXXIX

TESTEMUNHOS NO TEMPO  Tenho saudades de Angola - 3ª de IV Partes

Por

Luis Martins Soares Luis Martins Soares

Luua.jpgAi, que saudades dos brinquedos de lata, dos arcos dos barris e das bolas de futebol feitas com as meias velhas e enchimento de trapos para dar volume, das minhas figurinhas e ás vésperas do Natal quando ia ao Largo do Palácio do Comércio receber o brinquedo doado pelos comerciantes. Saudades da minha casa modesta, na hora do mata-bicho o meu pai fazia a distribuição dos comprimidos de quinino que deveriam ser engolidos sob os olhares dele, saudades das carrinhas ou jeeps da Tifa, lembram-se quando percorriam os bairros da nossa cidade portando na carroçaria ou rebocando aquela máquina que lançava nuvens de DDT para o ar? Delírio para a criançada que sem noção do perigo acompanhava o trajeto do carro mergulhando nas nuvens e aspirando-as. As donas de casa abriam as portas e janelas para que o desinfectante entrasse à vontade ficando livres dos mosquitos e baratas.

MAXIMBOMBO 3 DA MAIANGA.jpgSaudades dos domingos com o ritual habitual, primeiro ida à praia para dar uns mergulhos naquelas águas tépidas. A minha preferida era a da ilha na saída do lado esquerdo da “ponte” ou na contra costa. Depois regresso à casa às vezes com uma pequena parada em uma casa de frangos onde preparavam uns assados saborosos na Rua Francisco Newton a caminho do Bairro da Cuca.  Almoços e jantares no Vilela cuja especialidade era o bacalhau.

cigarros.jpgComo adorava aquelas postas grossas de bacalhau passadas na brasa. Manjar dos deuses!  O arroz de cabidela que deve ser servido quentinho para sentir o gostinho do prato. Gostava da Esplanada Verde com a pedida de bifes com batatas fritas e ovo estrelado acompanhado por uma Cuca ou Nocal fresquinha.  Saudade dos colegas da Fábrica de Cimentos Secil do Ultramar com os nossos costumes bizarros que após acompanharmos algum colega até à morada final íamos carpir as mágoas num bar. Estou lembrado do Bar do Bitoque, espécie de tasca ou taberna na Rua D. Miguel de Melo, prolongamento da Rua Vasco da Gama, esta que passava lateralmente pela Igreja do Carmo, Câmara Municipal e terminava no Largo da Mutamba.

Nota: Texto capiangado a este ilustre amigo e, já publicado em Memórias da Maianga no Facebook

As escolhas do Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:36
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Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2015
MALAMBAS . LXIX

NAS FRINCHAS DO TEMPO . Quando tudo nos ultrapassa no tempo, apalpamos as medidas da natureza, sarando as feridas da mente

MALAMBA: É a palavra.

Por

soba eu.jpg T´Chingange

ana maria 15.jpgLá atrás em Andara do Okavango, a uns 1250 quilómetros de distancia, tentei dizer ao meu amigo João Miranda, o chefe do mato, senhor dos anéis num lugar esquecido mas muito especial pelo envolvente mistério, que não fizesse da minha imperfeição sentença, nem de suas façanhas virtudes, porque tudo nos ultrapassa no tempo e, porque o passado tem a cada segundo um novo agora na conjugação. Fui e vim em paz e, ali permaneci por catorze maravilhosos dias, acolhido como um príncipe que na companhia de sua princesa evitaram dispersar-se nos trilhos das interrogações; fora de portas respeitando-nos em mútuos silêncios evitando até, alvitres.

africa16.jpgMesmo naquele lugar de fim do mundo e sem profetas, deve por certo haver um Deus, que nos julga em cada dia e diferentemente, de acordo com o que viermos a ser em cada dia. João Miranda, o quase lendário homem da mata, pouco a pouco recorda peripécias ainda no segredo de sua intervenção no avanço até Luanda, fazendo parte do batalhão Búfalo da África do Sul. Vezes repetidas afirmou que após tomarem posições ao inimigo, leia-se cubanos e militares do MPLA, deixavam grupos da UNITA ou da FNLA a assumirem o controlo dessas zonas libertadas e, em que estes eram influentes. E, que apenas os homens da FNLA foram cumpridores na gestão dessas áreas que tinham sob sua protecção.

kuito 1.jpgQuanto à UNITA, só fez desacatos em actos de selvajaria, mortes sumárias, muita desordem e falta de comando aliada ao tribalismo e racismo, um procedimento contrário e até desnecessário ao que seu líder Jonas Savimbi preconizava. Este pormenor de procedimento, verificou-se mais drástico na região do Lobito por questões de mando com gente impreparada para esta tomada; pessoalmente desconhecia esta gravidade. A Batalha de Cuito Cuanavale ocorreu entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de março de 1988. Foi a batalha mais prolongada que teve lugar no continente africano desde a Segunda Guerra Mundial; foi também o ponto de viragem decisivo na guerra que se arrastava há longos anos originando a aceitação dos Acordos de Nova Iorque, dando origem à resolução 435/78 do Conselho de Segurança da ONU. Esta decisão originou a independência da Namíbia e o fim do regime de segregação racial vigente na África do Sul.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:57
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Segunda-feira, 9 de Fevereiro de 2015
MUXIMA . XXXIX

ANGOLA - A UNITA SEM JONAS SAVIMBI FAZ-ME RECORDAR UM GATO ESCALDADO QUE TEM MEDO DA ÁGUA FRIA! - 2ªde 3 Partes

As escolhas de:

kim0.jpgKIMBO LAGOA   

Por: Fernando Vumby - Fórum Livre Opinião & Justiça

vumby25.jpgE, se há cada vez mais gente que acusa a UNITA de estar a fazer o jogo do regime, em ser um partido de resignados e cheio de medrosos, é porque realmente está a ser contra-produtivo os seus sermões em nome de uma paz, que uns querem e respeitam, enquanto outros fazem dela a sua fonte de inspiração para atitudes ainda e cada vez mais humilhantes contra os que não alinham. Eu compreendi muito bem quando uma vez Samakuva disse em Berlim de que só existe um único bicho no mundo capaz de se atirar contra o fogo explicando-nos de forma tão simples e simpática muito ao seu jeito, as características deste bicho que existe especialmente no sul de Angola.

UNI0.jpgSamakuva com isto queria dizer-nos que o regime angolano que ele bem conhece, não está para brincadeiras e que vai atirar sempre para matar; que ninguém na UNITA está disposto á seguir o exemplo do bicho que se atira contra o fogo. Eu pergunto; e assim como é que ficamos? Será que a UNITA vai continuar a assistir sem responder a esta onda de abusos; matanças e roubalheira das nossas riquezas tendo o silencio como resposta, apenas porque não quer ser o bicho que se atira contra o fogo? Sendo assim, não seria melhor que a UNITA se transformasse nunca seita religiosa e assim os seus militantes, simpatizantes e grandes amigos como eu, nos contentaríamos com alguns sermões em nome de Deus por uma paz, mesmo sendo essa igualmente uma farsa?

zulus.jpgEm minha opinião pessoal a UNITA é sim capaz de fazer muito mais do que aquilo que tem feito, só que vive há muitos anos preso ao fantasma do medo em ser acusado de querer uma nova guerra. Os factos mostram-nos claramente e só não os vê quem não quer, de que se há em Angola algum partido que jamais aceitará uma nova guerra armada, este partido é a UNITA e, digo isto porque converso com muita gente deste partido que me merece credibilidade.

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:54
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Domingo, 8 de Fevereiro de 2015
MOKANDA DO SOBA . LXXI

ÁFRICA DO SUL - TERRA AFRIKANER

Por

soba eu.jpgT´Chingange

Nós, seres humanos, como num grande aquário e como peixinhos, vamo-nos adaptando às mudança de governos, às disposições por eles impostas, às novas formas de vida com todos os benefícios da tecnologia monitorizada, como num “big brother“, com coisas e utensílios variados adquiridos por nós porque nos dão conforto. Se colocarmos um sapo em um recipiente com água fria, ele ali ficará coaxando de contente mas, se formos aquecendo a água de forma suave e gradualmente ele sapo, vai-se adaptando; o sapo não irá fugir e morrerá fervido. Mandela foi eleito presidente da África do Sul a 9 de Maio de 1994 em terras do cabo da Boa Esperança perante a presença de seus dois Vice-presidentes Thabo Mbeki e Frederik de Klerk. Falou ao país logo a seguir na Praça da Igreja, local aonde a 11 de Fevereiro de 1990 também falou ao país após ter sido libertado da prisão.

mandela.jpgA comunidade Bóher ciente de sua fragilidade pelas muitas vicissitudes porque passaram, sempre se resguardaram a uma dissimulada vigilância cientes de que acomodando-se às mudanças, tal como o sapo, poderiam definhar-se adormecidos na inépcia como que em banho-maria de entorpecer; além do mais não poderiam ficar indiferentes às mudanças pela independência seguidas de guerras nos países limítrofes de Angola, Moçambique e Zimbabwe, antiga Rodésia. Não deixaria de ser preocupante a proclamação da soberania do kwazulu/Natal pelo Rei Goodwill Zwelithini exortando seus súbditos a defendê-la; nesse então, o ainda presidente Frederik de Klerk minimizou a proclamação classificando-a como uma declaração politica e, não um acto constitucional.

mandela3.jpgNão obstante isto, foi obrigado a demitir 3 oficiais-generais da polícia por terem fornecido armas ao Partido da Liberdade/Inkhata, também designado de 3ª força. Mas, nisto de conflitos, quem não os quer, é quem sabe as verdadeiras consequências de uma guerra. O General Constand Viljoen, que era Comandante-chefe das forças armadas Sul-africana e líder da Frente da Liberdade (LF) continuou com inteligência e moderação a defender os ideais do povo Afrikaner que anseia pelo reconhecimento da criação do seu próprio Estado. Registou por fé, a fixação de fronteiras do “Volkstaat” sem o uso da força militar, conseguindo do ANC a declaração de que o projecto do Estado Bóher é uma realidade e que, negociações nesse sentido prosseguiriam com o próximo governo a sair do acto eleitoral a seguir.

afr3.jpgNelson Mandela toma posse como Presidente da República da África do Sul a 10 de Maio de 1994 em Pretória terminando com os 40 anos do regime segregacionista. Tudo o dito se mantêm de pé com os pacíficos a virarem duros e os duros a se tornarem pacíficos. Tudo pode mudar aonde ainda nos dias de hoje subsiste o crime, crises que se arrastam provocando alguma instabilidade a fim de se criar condicionante ao ser humano e, por forma a seguir sistemas novos porque, as pessoas podem ser transformadas em nada pelo uso de manobras ou instrumentos saídos da própria sociedade, da corrupção galopante com ganhos fabulosos em comissões, exercício do compadrio e sobre facturamento de obras oficiais sob seu controlo.

afr6.jpgCada vez mais as pessoas são controladas pelo dinheiro, pela economia e, cada vez mais nossos recursos estão sob a influência de outras pessoas, gente de outras partes do mundo com outros governos, outros costumes, outras religiões e ideologias. O problema residirá sempre porque os governos são feitos de pessoas e assim que se dá poder a alguém, isso nunca será o bastante. Alguém terá sempre no instinto natural humano de acumular mais poder. Tome-se como exemplo os casos daqueles países limítrofes, Angola. Moçambique e Zimbabwe aonde campeiam medidas despóticas fazendo leis descabidas, simplesmente porque lhes falta preparação, atitude e idoneidade.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 05:49
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Sábado, 7 de Fevereiro de 2015
MALAMBAS . LXVIII

NAS FRINCHAS DO TEMPO . Apalpando as medidas da natureza, sarar as feridas do corpo

MALAMBA: É a palavra.

Por

soba eu.jpg T´Chingange

cro0.jpgEsta frescura do Atlântico, devido à corrente fria de Benguela, já se fazia sentir há quase quinhentos e cinquenta anos atrás quando por aqui passaram os navegadores portugueses a caminho da Índia das especiarias. Por ordem do rei D. João II, Diogo Cão passou por aqui e, até deixou padrões como o de Cape Cross, construído lá pelo ano de 1482, a uns escassos cem quilómetros mais a norte de onde agora nos encontramos. E Ibib já dorme há quatro horas; já lá vão 43 anos de convívio concertado aos seus 73 anos de vida, de idade, de aventuras, de desafios com agruras ou contentamentos trabalhados, umas vezes exóticas, outras num vamos ver como acontece para contarmos isso, nem que seja só a nós próprios.

cro1.jpgNavegando assim a vida, percorremos milhas descobrindo entretantos diferentes e falando do amanhã já tão de cerca iremos matabichar no Spur de Swakopmund, veremos o quanto já cresceu esta terra dum nada e como dizem os muitos cartazes, a visita não ficará completa sem uma visita ao famoso Café Anton com seu “coffe and cake” e seus clássicos e deliciosos como Schwartzwalder Kirsahtorte , Florentier e Apfelstrudel, a condizer com estes nomes nada usuais nas nossas dietas feitas com salsaparrilha, beldroegas e gimboa para moamba de chuço ou capota do rust camp. Iremos a seguir e nas calmas até Walvis Bay ver a waterfront e regressar.

cro2.jpgPodemos ver em Walvis Bay a área da lagoa, especialmente conhecida pelo elevado número de flamingos que ali se juntam alimentando-se de crustáceos que também ali se desenvolvem em natural maternidade. Às vários espécies residentes que ali se abrigam, junta-se um elevado número de aves migrantes do intra-africano e Palearctic, uma das eco regiões constituídas na superfície temeste a juntar às oito conhecidas e inseridas na Europa , Ásia Norte no  sopé dos Himalaia, Norte da África e partes do norte e centro do Península Arábica que frequentam suas águas tranquilas.

deserto3.jpgDe novo, posso aqui fazer-me todas as perguntas sem obter todas as respostas pela simples razão de que nada pode acontecer sem que o tivesse querido Deus, correndo o risco de escutar outras opiniões que não estas e, na qual nenhuma autoridade tenho para lhes chamar de blasfémias.  

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:02
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Sexta-feira, 6 de Fevereiro de 2015
MUJIMBO . LXXXII

ANGOLA - DO OUTRO LADO DA LUPA Entrevista com José Eduardo Agualusa

As escolhas de

 KIMBO LAGOA    

Fonte: Global Imagens

lusa1.pnglusa3.jpgJosé Eduardo Agualusa, escritor angolano "Quem eu sou não ocupa muitas palavras: angolano em viagem, quase sem raça. Gosto do mar, de um céu em fogo ao fim da tarde. Nasci nas terras altas. Quero morrer em Benguela, como alternativa pode ser Olinda, no Nordeste do Brasil."

lusa0.jpgO escritor angolano José Eduardo Agualusa considera que Angola "é uma falsa potência", onde domina a "falta de inteligência" e estão reunidas as condições "para uma revolta de larga escala". Em entrevista à agência Lusa, na sua casa, em Lisboa, a propósito do livro novo que lança, o autor angolano explica que precisou de "abrir a janela e respirar um pouco de ar" depois dos últimos livros que escreveu - "mais densos, pesados, complexos, obscuros, dolorosos até". "A vida no céu" - é um livro que Agualusa gostava de ter lido quando tinha 16 anos, a idade do seu filho mais velho, que vive em Angola, onde, actualmente, o regime tem "medo de uma dúzia de jovens" que, volta e meia, se manifestam nas ruas. Sendo verdade que hoje os jovens de 16 anos, em Portugal ou Angola, "partilham referências culturais", o escritor distingue o acesso do filho à internet, à cultura, ao mundo, realçando que "nem todos os angolanos têm essas facilidades".

lusa2.jpgO regime de José Eduardo dos Santos mantém a "cegueira" em relação aos "mais desfavorecidos" e "ignora totalmente a miséria da população", vivendo uma espécie de "endocolonialismo", descreve. À semelhança do cenário criado para o livro, os ricos vivem em dirigíveis luxuosos - com nomes de grandes cidades reais, como Paris - e os pobres remedeiam-se em balsas-balão, depois de um dilúvio ter impedido todos de continuarem a viver na terra, obrigando-os a se mudarem para o céu. "É a história do mundo em suspensão", mas, na terra como no céu, "as diferenças sociais" persistem. Também em Angola, "um pequeno grupo de pessoas", todas ligadas ao partido no poder (Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA), continua a viver "em situações de luxo ostensivo", diz.

lusa4.jpgComo o passado ensina que "países com extremas desigualdades sociais" não são países seguros, mas sim "território privilegiado para revoltas, para revoluções", Agualusa diz que "ninguém ficará muito admirado se acontecer amanhã uma revolta popular". Disso são exemplo, considera, as "situações de violência urbana" registadas nos últimos dias. "O pior de tudo é a falta de inteligência (do regime). A mim, o que me assusta mais, sempre, é a estupidez. A estupidez é aquilo que me aterroriza mais. E quando a estupidez tem poder, isso então é particularmente assustador", considera. Na sequência da "falta de inteligência", vêm "a corrupção, a maldade". Mesmo "a violência é uma desistência da inteligência", vinca! Angola "é uma falsa potência", uma "ilusão", sustenta. "Não foi capaz de vencer o paludismo, a doença do sono voltou", critica o escritor, contestando a ideia de que Angola "está a colocar dinheiro" em Portugal. "Não é Angola, são dez famílias angolanas, são alguns angolanos, que enriqueceram, muitos deles sem ninguém saber muito bem como (...), e que aplicam o dinheiro em Portugal", distingue.

lusa5.jpg"Angola, infelizmente, tem ainda um caminho muito longo a percorrer no sentido do desenvolvimento básico. A esmagadora maioria dos angolanos sobrevive com quase nada, um dólar por dia", recorda Agualusa. "Está tudo por fazer", resume. "Educação é fundamental. Como é que um país pode querer ser uma potência se não foi capaz de educar a sua população, se a sua população não lê livros, se não tem médicos, não tem engenheiros, se não tem quadros? Se nem sequer tem uma política de captação de quadros, o que é uma coisa escandalosa?", indigna-se o autor, que, no livro, dá corpo ao "desejo" de ver em Luanda uma "aldeia-biblioteca".

ana maria 5.jpgPor mais interesse que estrangeiros - entre os quais portugueses, em número crescente - teimem em ir para Angola, "a política que existe é para dificultar a entrada de quadros, não para facilitar", critica. Num tempo em que as pessoas se movem, "mas estão sempre no mesmo lugar", Agualusa diz que vai continuar a escrever sobre o sonho. Nos planos, estão "pelo menos mais dois livros desta série da vida no céu", a pensar num público adolescente, mas não em exclusivo. "Deixámos de dar importância ao sonho", lamenta o escritor. "O sonho cumpre um papel na vida das pessoas, é importante voltar a sonhar", num tempo em que a internet e a televisão impõem "sonhos alheios" e acabam com o fabrico próprio.

As Opções do soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:07
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Quinta-feira, 5 de Fevereiro de 2015
MUKANDA DO M´PUTO - LVII

SOBRE SÓCRATAS - É legitimo supor que este senhor, é mais do que um simples malandro!

Por

soba eu.jpgT´Chingange

Percorro a pilha de livros já lidos sentindo o cheiro a mofo e, retirei um, lido recentemente de José Rodrigues dos Santos, o sétimo selo com o número 666 referente ao apocalipse da Bíblia. Não sendo eu dado a assuntos de numerologia logo me veio à ideia o número 44 da sela-suite prisional de Évora e, em meu compendio de memorias percorreram factos e feitos deste senhor que foi primeiro-ministro de Portugal e que, durante esse período, foi muito senhor de si, homem truculento, supostamente independente, autónomo, orgulhoso e agressivo; ficou na mesma sela aonde antes estivera o ex-diretor do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), Manuel Palos; ambos bons rapazes que em dada altura quiseram ser intervenientes de casos de magnificência profana, metendo a mão no alheio, e fazendo um sem fim de coisas próprias de meliantes como dum qualquer cartel de Medillin.

soc5.jpgÉ por isso, legitimo supor que este senhor é um malandro! Mais um na longa lista desse fragmentado partido que de Socialista só tem o nome, tão cheio de trafulhas e traidores que retiraram o “H” da nossa história. Este número de quarenta e quatro, será sem duvida o seu apocalipse com um rasto de vergonhices como a venda de barragens à EDP por tuta-e-meia, dos envolvimentos na PT e TVi, do projecto da Cova da Beira, luvas no Freeport, no processo das PPP rodoviárias, com os pagamentos avultados a determinados fornecedores e, os mega investimentos em novas escolas. Muitas estórias mal explicadas, com multiplicos sinais exteriores de riqueza que foram correndo o seu tempo e nos seus termos, com ou sem intervenção das entidades de investigação que só surpreendeu quem não quis ver.

álem... araujo.jpgÉ legítimo lembrar que a PT vendeu a Vivo à Telefónica por 7.500 milhões de euros, assim como é legítimo imaginar que negócios desse tipo requeriam"facilitadores". Todos os portugueses foram burlados nestas muitas mentiras, neste acumular de traficâncias corruptas degradando-nos num definhar de indigna submissão à humilhação. Ao ponto de sermos olhados no exterior como gente sem brio, como se todos fossemos uma "esponja", sanguessugas e, no seu pior, com um parlamento permissivo a tudo isso, fingindo nada saber. Cada um de nós portugueses, deveria pedir uma indemnização por sermos envolvidos nesta estória sem “H”; só que, não sei a quem…

APOCALIPSO.jpgSim, é legítimo a um qualquer cidadão ou jornalista interrogar-se. Assiste-nos o direito de fazer perguntas face a sinais estranhos que alguns políticos insistem em transmitir. Os mesmos que passaram uma esponja sobre as verbas de Ricardo Salgado e as do receptador agora identificado no caso do ex-primeiro Ministro. Sim, o Parlamento continua lamentavelmente a ser a mesma central de interesses. A detenção de José Sócrates, é a Grande Clarificação do Regime, a derrocada do capitalismo lusitano, dos favores e do compadrio…

caraças.jpgDuvido que José Sócrates fique ali sentado num sofá, até não mais poder suster a urina retendo-a nas fraldas da velhice. Sócrates sem magnificência nem esplendor fez de nós cidadãos e por alguma tempo, bebés, esses mesmo que ronronam e dormem, e comem e defecam repetindo-se nesse normal cagar de infância. Agora o número da besta é o quarenta e quatro e a todos nós é licito perguntar: Por quanto tempo? Face a esses sinais, é legítimo supor tudo. Já nem é surpreendente como o poder do dinheiro suplanta a acção dos órgãos públicos! Como diz o jornalista José Gomes Ferreira e, aonde fui beber parte desta informação: O tempo, esse grande clarificador, faz sempre o seu trabalho. Haver vamos!

Ilustrações de Costa Araujo Araujo

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:40
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Quarta-feira, 4 de Fevereiro de 2015
FRATERNIDADES LXXVIII

TESTEMUNHOS NO TEMPO - Tenho saudades de Angola - 2ª de IV Partes

Por

Luis Martins Soares Luis Martins Soares

Luua.jpgQuando os pais estavam de "boa maré" um bom programa eram as matinés do Nacional Cineteatro e do Cine-Colonial para vermos o mais famoso Tarzam interpretado por Johnny Weissmuller com sua companheira Jane e a macaca Cheeta recebidos pela garotada com muitos gritos, Cantinflas, o Bucha e o Estica ou algum filme americano romântico e vez por outra uma produção portuguesa. Os filmes do farweste com John Wayne, de Roy Rogers ao lado do cavalo Trigger, também arrastavam muitos crianças e adultos para as únicas salas de espetáculos da década de 40. Das bancadas de cimento do velho Colonial onde os desprotegidos da vida adquiriam os ingressos mais baratos para desfrutarem um pouco de lazer. Que ás vezes aos gritos de “aiuê” levantavam-se desesperados com os choques elétricos que recebiam no "mataco" devido a curto-circuito e que em determinada cena avisavam à pessoa do bem que o bandido estava prestes a atacá-la. Que quando a pessoa do bem ficava em desvantagem era admoestada com as palavras "eu te avisei" ou "olha o bandido".

Depois vieram outras salas como o Aviz, o Restauração, Tivoli, o popular Miramar, o Tropical, o Império, e outras salas espalhadas pelos Bairros e Agremiações. Saudades das frutas de Angola e sabores variados: o maboque que com a sua casca dura encerra no interior a polpa agradável de ser degustada acompanhada de um aroma intenso; o maracujá com polpa cheia de pequenas sementes rodeado de camadas gelatinosas; da múcua fruta do imbondeiro aquela árvore de tronco bojudo e fibroso. A casca da múcua é dura e no interior as sementes são envolvidas por uma espécie de algodão um pouco ácido que se dissolve na boca; o sape-sape, a fruta pinha, a pitanga, o tambarino de sabor inigualável, a goiaba, banana, manga, o mamão e a papaia cujas árvores eram cultivadas nas maiorias dos quintais. E muitas outras, não me esquecendo também da romã.

maianga 2.jpgTenho saudades das quitandeiras vestidas de panos coloridos vendendo peixe e frutas da terra, batata doce e mandioca acomodados nas kindas à cabeça, num jogo de equilíbrio. Dos seus pregões chamativos convidando as donas de casa a comprar a mercadoria. Dos filhos transportados às costas amarrados com panos e acomodados nas ancas para serem aleitados. Saudades dos pescadores pescando na Baía com as canoas escavadas em troncos e impulsionadas com varas de bambu. Cobertos com panos enrolados na cintura e na cabeça uma espécie de turbante tentavam pescar aqueles peixes que depois eram vendidos de porta a porta. Das mulheres axiluandas junto à ponte da Ilha, que não era ponte, catando mabangas nas areias brancas e negras local ideal para reprodução da espécie.

Nota: Texto capiangado a este ilustre amigo e, já publicado em Memórias da Maianga no Facebook

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:05
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Terça-feira, 3 de Fevereiro de 2015
MALAMBAS . LX VII

NAS FRINCHAS DO TEMPO . Tudo quanto acontece, é na terra que sucede, num céu eterno e pacífico

MALAMBA: É a palavra.

Por

soba eu.jpgT´Chingange

swak4.jpgDeserto do Kalahári, dia 13 de Janeiro de 2015. Atravessando as terras de Erongo, suas montanhas secas com a areia subindo em suas encostas, pudemos com o pequeno Iunday i10, atravessar as terras de Karibib, Usakos até Swakopmund e Walvis Bay pela nacional B2 da Namíbia, um calor abafador em sua máxima potência. Neste descobrir de novas coisas ficamos num aprazível mas modesto conjunto de bungalows situado junto ao mar e margem dum rio de areia, mulola de nome Swakop, o que deu origem a este nome à cidade tipicamente alemã. Tudo quanto acontece, é na terra que sucede, num céu eterno e pacífico.

swak2.jpgNosso destino, meu e de Ibib, cumpre-se na ordem natural aonde quer que estejamos; o vento sopra forte do lado de Dorop National Park trazendo areias por quilómetros e eu, galgava-os com receio de haver ali um furo de pneu, o carro teimava em desviar-se para a esquerda mas, em realidade era a força do vento quente que me forçava a preocupação. As nossas palavras são como sombras que nunca podem explicar por inteiro a luz de medos ou ansiedades que sempre transportamos connosco. Lá atrás no Divundo ficaram as estórias velhas, as verdades minhas ou de João Miranda que para alguns, são mentiras; estórias do Batalhão Búfalo 32 da Á do Sul

swak1.jpgCoisas de uma Angola periclitante até aos dias de hoje, passados que são quase quarenta anos; terra com vazios aonde verdade e a mentira passam pela mesma boca como rastos de picada que virarem lendas, penduradas nas espinheiras do tempo. Diz-se de que, quem quer falar de assuntos sigilosos vai para o deserto mas, eu não arrisco limpar o lacre dos actos e pensamentos porque de certo modo já tenho o coração endurecido na prática do pecado em geral. No momento em que escrevo esta no modesto mas ventilado bungalow de Swakop, Ibib dorme plenamente, talvez do cansaço pelo muito calor apanhado lá nas montanhas; agora com a porta entreaberta deixando o vento frio do Atlântico lamber seus pés.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:38
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Segunda-feira, 2 de Fevereiro de 2015
MOKANDA DA LUUA . XXXVI

ANGOLA . A crise faz congelar importaçõesPreço do petróleo obriga Luanda a lançar pacote de austeridade1º de 2 partes

kim0.jpgAs escolhas do Kimbo Lagoa

Por

mok1.jpgGustavo Costa  

seios Himba.jpgCom as calças na mão, o Governo Angolano, vai subir os impostos, cancelar temporariamente as admissões na função pública, aumentar, novamente, em breve, o preço dos combustíveis e eliminar, de forma gradual, os seus subsídios que ascendem os 5 mil milhões de dólares anuais. E, vai ainda reduzir, ao máximo, as viagens oficiais ao exterior e pôr governantes e deputados a viajar em classe executiva em detrimento da primeira classe. Mas as restrições não ficam por aqui. O número de sessões de vendas de divisas por parte do BNA, em montantes que ascendiam os 400 milhões de dólares por semana, será reduzido para menos de metade e as concessionárias de automóveis, sem recursos cambiais, deixarão de importar viaturas...

banana.jpgO quadro de restrições agora cozinhado pelas autoridades de Luanda começa, no entanto, a assumir contornos sombrios para os empresários com a reanimação do mercado negro. Assiste-se já, à formação, desde as primeiras horas do dia, de intermináveis filas de pessoas diante das agências credenciadas pela Western Union para procederem à transferência de divisas para o exterior.  O recurso à rua, por via das chamadas "kinguilas" - vendedoras e compradoras ambulantes de dólares - está a ser, novamente, a solução para angolanos e estrangeiros adquirirem divisas a preços especulativos. "As filas de espera para simples transferências de 5 mil dólares estão em “banho-maria” nos bancos mas começam a ser feitas pela porta do cavalo a troco de comissões" - confidenciou, irritado, Jorge Moreira, empresário angolano do ramo industrial, que receia o regresso em Angola da predominância do mercado negro de divisas como nos anos 90.

king1.pngPara tentar pôr fim à “farra” despesista do passado, poderá estar de volta o jurista Carlos Feijó para a reforma do Estado, depois de o antigo ministro das Finanças, José Pedro de Morais, ter sido nomeado governador do Banco Nacional de Angola.  Alguns analistas, que sempre criticaram a política de desperdício e de gastos inúteis do Governo, não acreditam, no entanto, que as elites governamentais se venham a libertar dos vícios que as alimentam; temem que perante despedimentos em massa à vista, uma perigosa espiral de criminalidade, se venha a instalar no país um clima de protestos sociais de difícil controlo.

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:48
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Domingo, 1 de Fevereiro de 2015
MUXIMA . XXXVIII

ANGOLA - A UNITA SEM JONAS SAVIMBI FAZ-ME RECORDAR UM

GATO ESCALDADO QUE TEM MEDO DA ÁGUA FRIA! - 1ª de 3 Partes

As escolhas de:

kim0.jpgKIMBO LAGOA   

Por: Fernando Vumby - Fórum Livre Opinião & Justiça

Vumby24.jpgEm criança, tinha a mania de brincar com gatos, e o momento mais triste que uma vez vivi nessa brincadeira, foi quando meti um gato num balde de água fria para lhe dar um banho. O gato saltou de tal maneira, coisa que eu nunca tinha visto, ao ponto de apanhar um grande susto; depois de alguns anos acabei por perceber que finalmente os gatos quando escaldados têm sempre medo da água fria. Por uma gestão de respeito, consideração e admiração que tenho pelo potencial de quadros que a UNITA tem se calhar, seria mais justo comparar o seu comportamento de hoje, como a de uma seita religiosa que passa vida inteira pregando a paz. Que espera por uma bênção de Deus e milagres que não acontecem, do que com um gato escaldado.

UNI00.jpgUNI1.jpg Vumby  ...Adalberto.jpgOs dirigentes da UNITA parecem não acreditar em suas qualidades e competência para gerirem o país muito melhor do que JES e sua povoação de figuras decorativas obedientes que, quando não abanam á cabeça ou o cú, levantam o dedo para o ar. A UNITA já tinha tempo de perceber que os discursos doces de Samakuva, Alcides Sakala e outros tantos que considero como verdadeiras e autenticas máquinas demolidoras na hora de sensibilizarem a nação para actos de grande nobreza, aos poucos esses discursos começam a ter um sabor amargo para muita gente. Dai o aumentar galopante de gente que cada vez mais vai deixando de acreditar na UNITA como capaz de fazer frente ao regime e força-lo á abandonar o poder já que de outra maneira é pura ilusão.

uni4.jpgUNI3.jpgJá não são poucas as pessoas que partilham justa ou injustamente da ideia do mais velho Makuta Nkondo, quando diz que a UNITA foi domesticada, comprada, vendida ou que não passaria de cú, se a oposição fosse o corpo humano. Não será que a exagerada seriedade com que a UNITA tem levado á apetência do regime angolano em manter o controle da sociedade através da força das armas impondo o medo tem impedido este partido politico da oposição angolana em mostrar tudo que é capaz ? Este excesso de cautela e medo de que sejam acusados em querer uma nova guerra está a ser não só contra-produtivo como tem sido aproveitado criminosamente á seu bel-prazer pelo regime que se dá ao luxo em considerar a oposição como uma espécie de cães que ladrão e não mordem.

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:50
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MAIS SOBRE NÓS
QUEM SOMOS
Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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