Domingo, 31 de Maio de 2015
MULUNGU . XLIV

TEMPOS CUSPILHADAS Passeando o cachorro no reino da aroeira...

Por

soba0.jpegT´Chingange

melro0.jpg Ontem levantei-me bem cedo! Ainda era noite mas o lusco-fusco do dia já se fazia notar pelas frinchas das persianas; já se ouviam os melros e gaios lá fora piando suas espertezas. Rodei na cama para a esquerda, para a direita e não havendo hipótese de ficar na sorna de olho aberto, preparei-me ao jeito de passear o cão e, de roupas folgadas e com minhas botas de galgar o Kwazulu Natal, calções de caqui, fiz-me ao caminho, ao carreiro habitual. Assim que saí pela porta dos fundos, a do barlavento Suão, o Faísca, meu cão proletário, um chouriço com leves traços de collie barbudo, saudou-me com suas quatro patas. Eu, naqueles propósitos, não lhe foi difícil adivinhar que iriamos passear à praia, andar na falésia por cima das furnas.

melro9.jpg Peguei na coleira e na varinha de bambu de enxotar bichezas rastejantes e, lá fomos nós por entre fragas, no fundo do vale e nos cumes do reino das aroeiras, um reino de largas vistas e de onde se vê o horizonte curvo, redondinho na suavidade longa da terra. Um mar enorme confundindo-se com o céu e sem uma nítida separação do distante nevoeiro trazido pelos ventos alíseos com um cheirinho do Saára ou da brisa do Siroco. Rascunhei-me em cardos, arruda, estevas e chorões com flores em cores vistosas e subi arfando, e desci resvalando com o cão soluçado em vapores e de língua de fora.

melro7.jpg O Infante D. Henrique que morreu em 1460 sem saber içar uma vela ou, toscamente ximbicar um remo duma qualquer canoa ou chata, não andou por aqui mas, no jeito que a história conta, ficou como sendo um grande navegador alterando o destino do mundo, descobrindo novas terras sem nunca lá ter posto os pés. Neste meu passeio foito entre gaivotas e toutinegras, gralhas e pombos bravos encimados em buracos escarafunchosos e esbarradoiros, as lagartixas miram-me curiosamente como se fosse um agente do além.

melro5.jpg Aqui, terras do meu latifúndio, ondulado por barrancos verdes e clareiras avermelhadas, por falsos outeiros secos e ressequidos de matagal, oliveiras bravas, carrascos, arranha-cão e zimbros entre pedregulhos calcários, corro o risco de apanhar carrapatos, mas tal como os afoitados desbravadores de terras por conhecer, adentro-me aquém bombordo mirando o estibordo como um tal de Cadamosto que às ordens do D. Henrique e de cabo em cabo chegou à Gâmbia.

melro3.jpg Antigamente, nas alturas com lajedos rodeados de pinheiros pude ver raposas entre os charcos enrugados, pequenas piscinas aonde se alapavam coelhos e lebres e também os tais pombos-bravos das falésias. Havia, e ainda há codornizes, tordos e gralhas em bandos enxotando-me dos seus ninhos. Nestes cimos eriçados com carreiros sinuosos, exercito-me alongando-me no mar ali bem perto e lá em baixo barulhando-se; ora perto, ora manso, ora encapelado.

melro1.jpg Por aqui ando esticando os ossos, construindo a cada passo uma estória ao meu modo; um mussendo, um missosso entre ave Marias encavalitadas de prefácios que se baralham e que logologo se esquecem; e vem outro e mais outro muxoxo como que cumprindo ordens dos meus espíritos a quem risco na areia os sinais do cho-ku-rei, do sei-he-ki e outros símbolos do reiki. Um lugar nobre e muito cheio de adrenalina com iodo que de certo modo nos inebria.  

melro5.jpg Aquele senhor Cadamosto, que descreveu as primeiras descobertas além-fronteiras do M´Puto cumprindo ordens do Senhor rei e príncipes consortes, desconhecia todas estas modernas finuras de dialogar em coisas etéreas. Sempre veremos coisas novas se o quisermos, se tivermos vontade para isso e, não é forçoso ter um qualquer rei por detrás, um presidente ou um outro qualquer decadente. Chegado a casa escrevo os lembrados prefácios encavalitados nas arbitrárias e aleatórias recordações daqui e dali, do meu mundo, só para ginasticar a mente. Um dia de cada vez.

Mulungu: É uma arvore de grande porte com flores vermelhas; existem no Brasil e em Angola

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:45
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Sábado, 30 de Maio de 2015
CAFUFUTILA . LXXXXVIII

LUANDA - Relatos e histórias de antigamente; em tempo de carnaval… IV

Por

luis0.jpgLuis Martins Soares  Nasceu a 8 de Julho de 1934. Tem agora 81 nos de idade. Uma biblioteca de coisas esquecidas numa Luanda que nessa altura não tinha ainda 18 000 habitantes.

luis22.jpg Nós, garotos candengues, às escondidas, também fabricávamos cigarros feitos com barbas de milho quando as tínhamos. O papel era o que servia de embalagem nas mercearias, aquele papel grosso de cor cinza. A boquilha era usada pelas pessoas mais “finas”, ou seja, aristocráticas, pelo menos sentiam-se assim. As mulheres bancas não fumavam em público mas as lavadeiras negras transportando seus filhos atados em coloridos panos com as esfinges de Mobuto e outros dirigentes africanos ou outras cores garridas, fumavam grandes troços de tabaco com o morrão de cigarro dentro da boca; levavam horas a fio botando fumo e sempre isso me metia uma forte impressão de como o faziam sem se queimar.

luis23.jpg Nos dia de carnaval a gente suburbana descia à Marginal para desfilar em grupos brincando ao entrudo e copiando os capatazes brancos com suas vestimentas folgadas do tempo de caprandando ou ainda com coroas imitando os reis com cabeleiras brancas ou loiras imitando os homens da justiça. Havia um ou mais do grupo com fitas garridas que sacolejava seu mataco ora à direita ora esquerda, meio acocorado e apitando seu som de grilo insistente e compassado.

luis15.jpg Todos seguiam suas directrizes torcendo-se num e um noutro sentido. Por vezes levavam chocalhos de lata tipo ou e pandeiretas fazendo gaifonas a quem por eles passavam! A moda de deitar fuba uns aos outros veio mais tarde a fingir de gwetas do M´Puto, besugos recém-chegados, brancos que nem albinos.

luis18.jpg Nesses anos de 1930 a 1950 a grande maioria de gente branca tinham sua casa em Luanda porque era aonde havia condições de salubridade e escolas para os filhos! Os chefes de família ficavam semanas a fio em sua fazendas de onde iam e vinham em carrinhas ford, chevrollet, bedfor e gepes willis: Chegavam a Luanda todos enfarinhados do pó das picadas e seus característicos chapéus de coco feitos em cortiça, assim do tipo de explorador ao jeito de Serpa Pinto ou Hermenegildo Capelo.

NOTA: Esta descrição tem 50% de intervenção de T´Chingange na vida social do meio urbano da Luua

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:19
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Sexta-feira, 29 de Maio de 2015
MALAMBAS . LXXXV

ANGOLA - O OUVIDOR DO KIMBO - Relembrar o Luena (Kangamba) - antiga Vila Luso8ª de 11 Partes

As escolhas do Kimbo

Publicada por:

nasc1.jpg H. Nascimento Rodrigues - Licenciado em Direito, Jurista eminente e homem público que se destacou, em todas s funções que exerceu no M´Puto. Nasceu no Luena (Kangamba)… Faleceu no ano de 2010

moc1.jpg (…) Fui apanhado pela minha Mãe num esfregar de olhos e interrogado sobre a propriedade da fisga. Devo ter batido com a língua nos dentes, ainda que sem identificar qualquer dos nomes da malta do kimbo, o que os salvou. Mas não me salvaram de ver a fisga apreendida por longo tempo e de apanhar uns bons tabefes no traseiro. Nunca dei conta que, por causa deles, tivesse ficado um traumatizado para toda a vida…E muito menos quando logo percebi que as duas ou três galinhas mais maltratadas, quase moribundas, iam à faca do cozinheiro. Transformaram-se em canjas deliciosas, que eu saboreava muito melhor do que aquelas sopas grossas com que minha Mãe me martirizava.

moc2.jpg A segunda mais impressiva recordação do kimbo advém-me da figura do “sécúlo”, ou “o mais velho”, quer dizer, o kota chefe da aldeia. Era o escolhido do seu povo pela sua idade, que significava experiência e saber de vida. E em regra eram reconhecidos e desejados também pelas autoridades administrativas portuguesas, por neles encontrarem um interlocutor útil e insubstituível. O “sécúlo” do kimbo de Cangamba era um velho muito velho, de idade indecifrável. De estatura meã, franzino de tal modo que os ossos lhe despontavam por sob toda a pele do corpo, de carapinha já um pouco esbranquiçada, distinguia-se estranhamente por um porte que não era altivo mas era tão direito quanto a idade lho permitia, por um ar sereno e ao mesmo tempo como que magoado, por uma dignidade indisfarçável. Tinha uns olhinhos metidos bem lá no fundo da cara, mas eram uns olhos negros, miúdos, por vezes parece que me sorriam, por vezes parece que se quedavam distantes a olhar, lá longe, um outro horizonte.

moc3.jpgNão sei que nome tinha. Meu Pai, esse sabia-o, porque não poucas vezes os vi a conversar à varanda, ou lá na zona do fundo da casa que servia de repartição administrativa, enquanto se erguia o edifício futuro, que seria de tijolo e telha. Falavam através de um intérprete porque poucas palavras de ganguela o meu Pai dominava, apenas aquelas poucas que serviam para meter conversa, perguntar pela saúde ou saber do estado das culturas.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:07
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Quinta-feira, 28 de Maio de 2015
MOKANDA DO SOBA . LXXVII

NO BORRALHO DAS CINZAS . Para não me mentir, invento com lisgão! …

Por

soba0.jpegT´Chingange

fifa2.jpg Continuando com os meus suspiros entre o tudo ou nada, entre o real e a ficção, tento convencer-me na forma incerta do gerúndio, gerundiando-me. Do certo ao certamente, não foi fácil convencer-me na íntegra força transformadora do tempo, só porque de quando em quando afugento o desencanto. O facto de escrever, não faz de mim um escritor; o facto de mentir não faz de mim um aldrabão; o facto de roubar não faz de mim um político; o facto de ser político não faz de mim o senhor da verdade! Para escrever, limito-me a correr as páginas das revistas, dos jornais, folheando a vida dos outros e estórias em livros muito cheios de mofo, de limo, de lisgão, uma inexistente palavra pronunciada muitas vezes por minha mãe Arminda que Deus a tenha para dizer que as galinhas estavam com mal de ranho, fanhoseando-se.

fifa1.jpg Leio e releio, e sublinho, risco e rasgo, e até mastigo no que há de alvoroço humano nos gestos mesmo que vagos, imaculados ou outros imaginados sorrisos de quem arbitra com ou sem precisão, gerundiando-se. Mas em verdade ando numa fase de desânimo porque sinto o sóbrio dos desvios, do desentendimento de indivíduos que eu conheci e, de quem o tempo alterou em eles, o que neles via de essencial. Encafifado na bola que vai, na bola que vem, nas bolas coitadinhas que se deixam roubar, está-se querendo ver futebol mesmo com batota, mesmo batotando gerundiamente falando.

fifa0.jpg Agora é a Fifa que tem tifa! Tinhosos, tifosos… Mas isto já vem de longe, no recordar daquele linguajar de puto candengue, afinfa-lhe no sentido de comer muito, ser-se lambão ou lambareiro ou no ora-toma, que estás de costas. Os contos, os missossos, os mussendos que escrevo removem-se à minha frente, verdadeiros e reais, o que nem sempre o são completamente! Sou eu próprio que penso sobre eles, com as circunstâncias que o tempo ajuíza espelhando-se-me luaceiros de ternuras, de sorrisos sem malícia ou até às vezes, com a picardia que minha inventação comporta ou conquista.

fifa3.jpg Algumas pessoas de que falo são pessoas que existiram ou existem na minha vida, umas são delicadas, outras passam-me ao lado, outras, ninguém as conhece; gente afinadinha, engomada até nos gorgomilos, gente que anda sempre com um metro no bolso mediando as palavras deles e dos outros; línguas afiadas! Claro que com essas não brinco, não as trato por tu nem mostro meus dentes novos, os comprados, pivotados. Quando as descrevo, descubro-me nas vidas deles e, com o tempo, desconstruo a ficção começando a ser eu próprio. Contar a vida dos outros é um exercício, é interrogar a nossa própria existência reinventando-nos na ficção porque tudo não passa de uma fantástica ilusão. Isto também é uma coisa que só o tempo depura!

O Soba T´Chingange       



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:11
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Quarta-feira, 27 de Maio de 2015
MONANGAMBA . XXVII

BILHETE DE IDENTIDADEBranco de segunda - A relembrar o Américo Barroso dos Coqueiros - I

Por

Américo.jpg Américo Barroso - Engenheiro de formação, um kamba a toda a prova - Um kamundongo integral; Ele era do Bairro dos Coqueiros, morava na Rua Avelino Dias (Said Mingas), ao lado do Colégio Infante D. Henrique, pertinho da mercearia Oliveira;  Ele era um mestre das falas com os "cús-tapados"; o filho da Dona Laura, faleceu a 5 de Maio de 2015  em lisboa

amigo0.jpg

Nasci branco de segunda

Calcinhas ou kaluanda

Nasci com os pés no mar
em São Paulo de Loanda

 

Brinquei de pé descalço
Em poças de águas castanhas
Tive lagartas da caça
Não escapei às matacanhas

 

Comi manga sape-sape
Fruta-pinha, tamarindo
Mamão a gente roubava
No quintal do velho Zindo

 

Pirolito que pega nos dentes
Baleizão, paracuca
E carrinhos de rolamentos
Numa corrida maluca

 

coqueiros 1.jpg

 

Tinha o Gelo, tinha a Biker
Miramar e Colonial
O Ferrovia, o Marítimo
Chás dançantes no Tropical

 

O N'Gola era só ritmo
O Liceu uma lenda
Kimuezo e Teta Lando
E os Ases do Prenda

 

Havia velhas que fumavam
E velhos com ar de sábios
Enquanto novas músicas
Se insinuavam na rádio

 

"E a cidade é linda
É de bem-querer
A minha cidade é linda
Hei-de amá-la até morrer"

 

coqueiros0.png

 

Quem não estudou no Salvador?
Quem não se lembra do Videira?
E das garinas de bata branca
Nossas colegas de carteira?

 

Depois havia o Kinaxixe
Futebol era nos Coqueiros
Havia praias, um mar quente
Savanas imensas, imbondeiros

 

E havia o som do vento
O cheiro da terra molhada
As chuvas arrasadoras
O fogo das queimadas

 

E havia todos os loucos
Do progresso e da guerra
A Joana Maluca, o Gasparito
A desgraça daquela terra

 

coqueiros2.jpg

 

Nasci branco de segunda
Calcinha ou kaluanda
Nasci com os pés no mar
Em São Paulo de Loanda"

ESTÁ LONGE!!!

Monangamba - Trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo); os candengues da Luua tinham este hábito de chamar nomes às pessoas para as rebaixar

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:18
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Terça-feira, 26 de Maio de 2015
CAFUFUTILA . LXXXVII

LUANDA - Relatos e histórias de antigamente… III

Por

luis0.jpgLuis Martins Soares  Nasceu a 8 de Julho de 1934. Tem agora 81 nos de idade. Uma biblioteca de coisas esquecidas numa Luanda que nessa altura não tinha ainda 18 000 habitantes.

luis01.jpg O Baleizão já marcava presença por toda a cidade vendendo os sorvetes ‘‘baleizão”, nome adoptado pela população, em carrinhos empurrados por homens vestidos com roupa e bivaques brancos. Luanda teve um espectacular crescimento nos anos de 1930 a 1950: com cerca de 50.000 habitantes em 1940, passou a 140.000 em 1950, 225.000 em 1960, e quase 500.000 em 1968 e, com a percentagem de brancos sempre em aumento. Ainda me recordo da senhora negra luandense sentada na esteira de luandos ou de matebeira no banquinho catando piolhos da criança ou do adulto.

luis5.jpg Passava horas nesse trabalho intercalado com conversas em quimbundo. O luando é uma espécie de junco de caule macio espessura de mais ou menos de dois centímetros que após secos eram ligados uns a outros com fio de modo a formarem uma espécie de tapete com um metro e meio a dois metros de comprimento por 80 cm de largura. Acessório praticamente presente em muitas casas fazia parte das reuniões após o jantar onde se juntavam os vizinhos no quintal para colocarem as novidades em dia enquanto a criançada sentada brincava com seus carros de lata, madeira ou bordão.

luis04.jpg Meu pai fumador inveterado, com os dedos marcados pela nicotina, gostava mais de usar a mortalha Zig Zag e manufacturar ele próprio os cigarros. Para isso tirava a mortalha da cartela e colocava o Tabaco Francês N° 1 ao longo do papel. Era embalagem de 50 gramas e seguidamente com o auxílio dos dedos polegares e indicadores das duas mãos enrolava as pontas do papel de modo a reter o tabaco, terminando com o passar do papel pelos lábios, para fechar e colar todo ele.

luis13.jpgluis14.jpg

A vantagem era poder manipular o cigarro com a espessura variada. Algumas vezes o cigarro preferido era o acondicionado em embalagem de 300 gramas, tabaco semicolar, mas a marca mais conhecida era mesmo o Francês N° 1.

CAFUFUTILA, (kifufutila): - farinha de mandioca torrada misturada com açúcar. Do Kimbundo de Angola

(Continua…)

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:30
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Segunda-feira, 25 de Maio de 2015
MULUNGU . XLIII

TEMPOS CUSPILHADASEm questões de petróleo, não se pode confiar nas agências americanas; a qualquer momento fabricam outra crise...

Por

soba0.jpeg T´Chingange

mulu1.jpg Ao longo dos últimos anos, último quarto de século XX e, os já passados neste século XXI, verificamos que os americanos tudo têm feito para eliminar as conclusões de que o aquecimento global do planeta é um perigo eminente e, dando sempre a entender que a grave situação do estado de estufa não se deve à acção humana devido à queima de fosseis como o gás, carvão ou petróleo. A desfaçatez vai ao ponto de criar a propósito institutos para desmantelar esses conceitos de ligação entre os combustíveis fosseis e o aquecimento do planeta. Sempre que se levantam questões ambientais, os governantes americanos vêm defender a indústria dos combustíveis fósseis manobrando ou minimizando as comissões científicas credíveis.

 

mulu2.jpg Em questões de petróleo, não se pode confiar nas agências americanas! Não é daqui difícil concluir-se que a esta táctica haverá que se fazer um retorno na retribuição de favores aos subornos que a indústria petrolífera faz com centenas de milhões de dólares para as campanhas eleitorais deles; os que mandam no mundo, os que mandam nos nossos eleitos, esses mesmos em quem votamos. Qualquer candidato à Casa Branca, ao Senado ou Congresso, têm a preocupação de medir as palavras no sentido de esconder a mentira. Minimizá-la ou desfragmentá-la em doses toleráveis; uma falácia de fazer caretas a quem tem o aprumo de hesitar nesta problemática de preservar o Mundo. Sempre se soube que a invasão do Iraque em 2003 não teve o propósito de instaurar a democracia em Bagdad!

 

mulu3.jpg Nem tão pouco o foi para eliminar as tão faladas armas de destruição maciça porque simplesmente, estas não existiam! Nem tão pouco para eliminar a Al Qaeda que nem estavam dentro do Iraque e nem tinham relações com o regime de Saddam Hussein. O Iraque estava mesmo a ser condenado à invasão houvesse ou não motivos ponderosos como o 11 de Setembro. Tudo foi uma treta com balelas torpes que mais não foram do que pretextos para mascararem a verdadeira estratégia da invasão do Iraque a saber-se: controlar a 2ª maior reserva de petróleo mundial e impor na zona uma nova ordem submissa à política americana, exactamente no lugar aonde mais petróleo se produz no mundo.

 

mulu4.jpg A prisão e morte de Saddam Hussein de forma humilhante, só o foram dessa forma, porque este era uma entrave e uma séria ameaça ao fornecimento de petróleo aos americanos, o verdadeiro objectivo da guerra. E, não é possível negar a evidência porque quando da invasão, as forças americana correram a selar o Ministério do Petróleo Iraquiano, ignorando o que se passava no resto da cidade aonde decorriam pilhagens e alterações à ordem pública e territorial. 

 

mulu5.jpg Se até aqui não acreditava na boa vontade apregoada dos americanos, mais consolidei o meu pensar de, que os americanos são mesmo os piores amigos que se podem ter. E, o ppm (peso por massa do Carbono CO2) vai continuar a aumentar e, sempre irão dizer que tudo isto é uma falsa questão até ao dia que já não é possível haver retrocesso e, chegarmos à triste realidade de que o mundo está sonâmbulo! No momento actual, a que pode interessar a instabilidade generalizada da Líbia depois de afastarem o ditador Muammar Al-Gaddafi. País que só piorou causando a debandada de seu povo levando-o à fuga desesperada em botes de borracha tentando alcançar o suposto paraíso da Europa.

 

mulu7.jpg Mais um encargo para a Europa provocado por seu parceiro, amigo, gente do tio SAM (só para Portugal vai tocar a cota de 600 refugiados de África) como se já não os tivéssemos gente vinda do Sambizanga e arredores da Luua; Mas que culpa temos nós por esta desestabilização! O lugar deles era em Washington, nos jardins da Casa Branca! A quem pode interessar a desestabilizarão de todo o norte de África. São perguntas cujas respostas só são evasivas! E, teremos muitas mais perguntas sem resposta tais como a morte de Savimbi em Angola ou da morte do Osama bin Laden! Mas estes serão capítulos sempre truncados na estória sem agá! Só mesmo o tio SAM pode dar a resposta, um sacana fdp com esse chapéu de besugo albino…

Mulungu: É uma arvore de grande porte com flores vermelhas; existem no Brasil e em Angola; Um pouco por toda a África
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:02
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Domingo, 24 de Maio de 2015
MALAMBAS . LXXXIV

ANGOLA - O OUVIDOR DO KIMBO - Relembrar o Luena (Kangamba) - antiga Vila Luso – Com os putos do Kimbo…  7ª de 11 Partes

As escolhas do Kimbo

Publicada por:

nasc1.jpg  H. Nascimento Rodrigues - Licenciado em Direito, Jurista eminente e homem público que se destacou, em todas s funções que exerceu no M´Puto.  Nasceu no Luena (Kangamba), antiga Vila Luso em Angola…Faleceu no ano de 2010

luena1.jpg Não imaginaria então, certamente, o enorme sarilho em que me iria meter, mas o certo é que me enfastiei de atirar sozinho àqueles alvos tão miseráveis para uma bela fisga como a minha. Devo ter matutado, se é que um garoto daquela idade consegue isso, na triste figura que andava a fazer aos olhos dos meus companheiros negros do kimbo, eles que não tinham sapatos nem sandálias, excepto um ou outro que possuía tiras de borracha a servir de sola para os pés.

luena2.jpgJá não me recordo como, mas um dia surgiu-me a solução luminosa: o galinheiro da minha Mãe. Claro que era uma solução arriscada, porque eu sabia que só podia entrar no galinheiro com prévia autorização, por causa das pulgas da bicharada. Mas não deixava de ser uma  saída airosa para o meu embaraço: eu haveria de demonstrar aos do kimbo que também sabia assestar em alvo andante. E assim foi. O galinheiro tinha uma extensão considerável e não era tão difícil como isso passar desapercebido lá dentro, sobretudo se me agachasse e ficasse mais ou menos quieto, para que a bicharada não começasse a grasnar. Foi o que procurei fazer nas primeiras surtidas.

luena3.jpg Não passaram muitos dias, porém, sem que o instinto não levasse a melhor, quer dizer, sem que não resistisse a metralhar as asas das galinhas com pedradas das boas, daquelas que silvavam e depois faziam “pum” ao bater no lombo das desgraçadas. As desgraçadas reagiam de modo natural, ou seja, desatavam a cacarejar como doidas, começavam a tropeçar aos tombos, feridas, e acabavam por alvoroçar o galinheiro inteiro.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:28
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Sábado, 23 de Maio de 2015
MUXOXO . X

O FUTURO É HOJE - A mentalidade dos tempos, a precaridade permanente e descartável !

Por

soba0.jpeg T´Chingange

amigo00.jpg Recessão é uma palavra agressiva e até ridícula para descrever o que nos acontece e, sem que para tal tenhamos contribuído para isso; assim pensamos porque simplesmente, somos agentes consumidores de artigos que implicam com nossa qualidade de vida. Queremos uma bela duma casa, de um bom telemóvel celular, de um panorâmico jardim com piscina com água aquecida e a ultima tecnologia em televisão e sua imagem mas, tudo isto implica consumo de energia, e de gente em outras latitudes trabalhando como escravos na recolha dessa matéria-prima como o colton ou o cobre, o volfrâmio, gadolinite, utécio, ítrio, minerais raros de monazite, bastnasite, xenótimo e loparite e as argilas lateríticas que absorvem iões, tendo no topo da dependência o petróleo que, directa ou indirectamente meche com tudo isto.

moka01.jpgSe as fábricas não receberem estas matérias-primas, se não nos podermos deslocar para o trabalho pela carístia do combustível, se as empresas por via disto ficarem em situação de falência e as pessoas ficam sem meios de subsistência, como ficamos nesta economia periclitante? Pior! O transporte de alimentos não se fazendo, com os mercados a deixar de funcionar na normalidade, a ordem pública por via disto quebra-se-há por greves, tumultos e haverá por certo gente apropriada para servirem de corvos, roubar como os urubus as penúrias dos demais e fazendo com que tudo se torne assustador; a sociedade como um baralho de cartas soprado pelo vento, desmoronará.

lu4.jpgSerá bom ter-se sempre presente que as coisas boas, infelizmente, não duram para sempre; os salários não chegarão para pagar o transporte para o emprego porque para se fazer um automóvel ou um fogão, são necessários fornos e, estes, só funcionam com esse combustível fóssil chamado petróleo. As recessões mundiais são sempre precedidas pela subida desse néctar negro. Por sequência os produtos de primeira necessidade aumentam de custo inflamando a economia; e, tudo indica que a situação só tem tendência para piorar. As recessões trazem desemprego, pilhagem, corrupção, compadrios, pilhagem, roubos de todo o género e caus na sociedade. O fim deste petróleo deveria ser uma coisa boa mas, não o é!

luta4.jpgA solução seria os carros serem movidos a água mas até esta está ficando escassa em muitos locais; as máquinas que gerem os países só estão preparadas para este tipo de energia pois que o vento e o sol não estão sob o domínio dos homens. Nestas forças da natureza o homem não tem a capacidade de gerir ou, estão aquém de suas vontades. O curioso disto é que pôr fim às emissões de carbono ou metano, poderá neste agora, ser demasiado penalizante à nossa civilização. Com fome, quebra-se a ordem pública e quando se der por isso, já será demasiado tarde para retroceder. Teremos de implantar de novo a pena de morte para controlar o povo pelo medo porque como diz o povo é o medo que guarda a vinha. O mundo simplesmente, não está preparado a cem por cento para uma crise drástica e as leis que se possam fabricar nunca terão a eficácia pretendida.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:11
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Sexta-feira, 22 de Maio de 2015
CAFUFUTILA . LXXXVI

LUANDA - Relatos e histórias de antigamente… Entre a Congeral e as Quipacas… II 

Por

luis0.jpg Luis Martins Soares  Nasceu a 8 de Julho de 1934. Tem agora 81 nos de idade. Uma biblioteca de coisas esquecidas numa Luanda que nessa altura não tinha ainda 18 000 habitantes.

mai5.jpg (…) Os tipos mais comuns das habitações destes bairros segundo o material de construção eram as casas de barro, as casas de pau-a-pique, as casas de adobe e as casas de madeira e zinco. As ruas sem asfalto ou calçamento formavam um lamaçal no período das chuvas e com a passagem dos carros a poeira formada invadia as casas. A Câmara Municipal e a Igreja do Carmo pertencem à região das Ingombotas. O Maculusso ainda não urbanizado e outros musseques periféricos apresentam ordenamento caótico de cubatas intercaladas com casas de adobe ou de tijolos cobertas com zinco, a maioria.

luis5.jpg Nestas regiões em alguns quintais erguidos com folhas de zinco ou aduelas de barris, pequenas hortas são cultivadas com mamoeiros, goiabeiras, mangueiras e tamarindeiros. Na região das Quipacas, junto à base das falésias do Morro onde mais tarde foram construídos o Cinema Miramar e Clube de Caçadores de Luanda, havia cerâmicas para fabricação de telhas e tijolos, com fornos para cozedura e chaminés muito altas que se destacavam a longa distância. Existiu na mesma época uma indústria de porte regular que fabricava blocos de cimento e outros artefactos feitos de barro e ou cimento e brita.

mai6.jpg No sopé do morro da Fortaleza, após a Calçada D. Simão Mascarenhas, aquela que dá acesso à Fortaleza São Miguel destacava-se a Fábrica de Sabão Congeral e perto dela funcionou uma usina de asfalto, mais tarde transferida para outro local e também uma fábrica de papel cuja matéria-prima era derivada dos resíduos de papéis e papelões reciclados.

mai7.jpgSim, nessa época não se falava em reciclagem, mas os papeis eram aproveitados por essa empresa e reutilizados após processos químicos. O produto final tinha um aspecto diferente do original na cor e textura, mas servia perfeitamente para a embalagem e acondicionamento de produtos vendáveis nas mercearias.

CAFUFUTILA, (kifufutila): - farinha de mandioca torrada misturada com açúcar. Do Kimbundo de Angola

(Continua…)

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:00
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Quarta-feira, 20 de Maio de 2015
MALAMBAS . LXXXIII

ANGOLA - O OUVIDOR DO KIMBO - Relembrar o Luena (Kangamba) - Putos do kimbo… 6ª de 11 Partes

As escolhas do Kimbo

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nasc1.jpg H. Nascimento Rodrigues - Licenciado em Direito, Jurista eminente e homem público que se destacou, em todas s funções que exerceu no M´Puto- Nasceu no Luena (Kangamba), antiga Vila Luso em Angola…Faleceu no ano de 2010.

corimba3.jpg (...) Não foram os cheiros que levaram os “putos do kimbo” a desafiar-me para o mato, é evidente. Aconteceu apenas que eu comecei a mirar-lhes as fisgas, a namorá-las, a segui-los como um cãozinho cada vez que decidiam ir atirar aos pássaros na floresta, ou às cabeças das cobras de água do riacho que por ali se derramava. Tempos depois, fartos de empréstimos temporários de fisga, que é objecto que um puto não deve nunca emprestar, deliberaram entre si e decidiram fazer-me uma, que me foi oferecida como quem diz: toma lá e não voltes a pedir as nossas. Não voltei a pedir.

dia0.jpg A fisga era a minha maravilha, muito mais do que os brinquedos que vinham de Luanda, via Luena. Ensinaram-me a manejá-la, a fazer pontaria ao alvo, a saber esperar pelo momento azado para apanhar o pássaro distraído na árvore, nós mudos cá em baixo, e aprendi também a esticar ao máximo a borracha que lançava a pedra. Qual quê! Cada tentativa era um insucesso envergonhado, cada fisgada era um momento de risadas para os outros que, debalde, procuravam corrigir-me. Desistiram!

lu3.jpgFomos então ao tiro às latas enferrujadas, aos pedaços de garrafas, ao que quer que, mais volumoso do que corpo de passarinho ou cabecinha de cobra de água, servisse de alvo aceitável para a minha demonstrada imperícia. Ganhei mais experiência e já atingia com razoável pontaria tais alvos parados, sobretudo os montículos de salalé. Mas essa foi também a minha desgraça, porque os ”putos do kimbo” começaram a desinteressar-se de tão insignificante conquista e retomaram o rumo do mato, que eu não quis refazer, seguramente para não me sujeitar ao desafio da comparação.

MALAMBA: É a palavra

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O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:41
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Terça-feira, 19 de Maio de 2015
FRATERNIDADES . LXXXIII

EU E MERYL STREEP. Às margens do Cubango, no Divava Okavango Lodge e Spa envoltos num verde paradisíaco.

Por

soba0.jpeg T´Chingange

div00.jpg Uns tempos atrás quando eu ainda era um galã de corpo inteiro, tinha todo o cabelo, não tinha pintas escarafunchosas pelo corpo e era poliglota, estabeleci uma amizade com Meryl Streep. Ela andava disfarçada em gente comum sem paparrazes em terras de áfrica bem no Okavango em um resort de 5 estrelas chamado Divava, um especial lugar de sarar as feridas do corpo e da mente. Eu, simplesmente apalpava as medidas da natureza do Senhor, daquelas alheias ao homem e, foi no envolvente verde daquele paraíso que ela me disse coisas que não mais esqueci. Eu ouvi embevecido e a elas, as plalavras, fiquei preso, fascinado. Para quem só ia desopilar e ver os demais animais da natureza eu, deslumbrei-me demais naquele palafito do Divava Resort em terras do Divundo. Do que ela me segredou tento lembrar-me da forma que me parece mais verossímil.

div01.jpg Olhando o outro lado da Faixa de Caprivi ela falou bonito: -Já não tenho paciência para algumas coisas, não porque me tenha tornado arrogante, mas simplesmente porque cheguei a um ponto da minha vida em que não me apetece perder mais tempo com aquilo que me desagrada ou fere. Já não tenho pachorra para cinismo, críticas em excesso e exigências de qualquer natureza. Perdi a vontade de agradar a quem não agrado, de amar quem não me ama, de sorrir para quem quer retirar-me o sorriso. Eu, timidamente com meu chapéu de caçador desbotado a tapar-me o semblante, fiquei todo ouvidos. Já não dedico um minuto que seja a quem me mente ou quer manipular, disse ela. Decidi não conviver mais com pretensiosismo, hipocrisia, desonestidade e elogios baratos. Já não consigo tolerar eruditismo selectivo e altivez académica. Queria ficar sempre por aqui e, fez-se uma longa pausa.

div1.jpg Pareceu-me ter engolido em seco, se chupou algo, terá sido um caroço de tarmarindo porque fez um esgar engelhado não muito habitual. Não compactuo mais com bairrismo ou coscuvilhice. Não suporto conflitos e comparações. Acredito num mundo de opostos e por isso evito pessoas de carácter rígido e inflexível. Ao dizer isto para mim, um quase desconhecido fiquei embevecido; mas era por isso que ela desabafava para mim tão só e carente; sinceramente, tive pena dela e vi o quanto as pessoas célebres têm destes comuns problemas; partiu-me o coração, ainda anda partido!

div2.jpgE, continuou falando comigo que feito só olhos e orelhas, fingia ser um erudito nas psicologias ainda não desbravadas. Talvez eu, um tratador de hipopótamos estagiário, fosse para ela forma de espanejar angústias, claro que muito diferentemente do hipopótamo que para marcar suas posses expande sua caca ao redor. Mas voltemos a Meryl Streep na primeiríssima pessoa: - Na Amizade desagrada-me a falta de lealdade e a traição. Não lido nada bem com quem não sabe elogiar ou incentivar. Os exageros aborrecem-me e tenho dificuldade em aceitar quem não gosta de animais.

div4.jpgE acima de tudo já não tenho paciência nenhuma para quem não merece a minha paciência. Posso dizer-vos em segredo que neste entretanto, deixei cair uma descuidada lágrima; ela vendo isto, abeirou-se e deu-me um beijo no rosto. Durante uma semana não lavei minha cara do lado direito porque dela desprendia-se um cheiro de alfazema celestial.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:31
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Segunda-feira, 18 de Maio de 2015
MUXOXO – IX

TEMPOS IMPERIAISPortugal foi o iniciador da globalização, tudo isto pode ser vasculhado na Torre do Tombo com 650 anos de existência…

Por

soba0.jpegT´Chingange

mux00.jpg A partir da Batalha de Aljubarrota, Portugal assumiu controlo da autoridade na ordem mundial com Alvise Cadamosto a descrever as coisas dum mundo novo ao serviço de Portugal e às ordens do Infante D. Henrique. Em meados do século XV este Veneziano, descreve ao mundo coisas até então nunca vistas. Em virtude da circulação deste e outros estrangeiros no avanço das descobertas do território africano pelos portugueses, e para lá do Cabo Bojador, descoberto por Gil Eanes em 1434, houve uma grande produção de relatos de viagens e até mesmo de documentos náuticos que acabaram auxiliando futuras viagens de exploração no mar nostrum ou em terra.

mux0.jpgOs relatos eram tão fora do comum que o pintor Deboche dá origem a uma ainda desconhecida forma de pintar; o deboche eram pinturas feitas a partir das descrições que os escribas tais como Cadamosto, Zurara, Fernão Lopes ou Pero Vaz de Caminha faziam em suas expedições junto dos navegadores. As vergonhas tão naturais das novas gentes de África ou América são tão genuínas que nem mais vergonhas o serão. Animais, gente branca, pretos e peles vermelhas surgem com fascinante inocência como no tempo do pai Adão.

mux6.jpgEstes registos da história do Mundo podem ser observadas na Torre do Tombo, um termo que ainda o é muito usado no Brasil para preservar valores de património nacional ou mundial; diz-se que tal edifício foi tombado para ficar preservado perante as instituições nacionais ou internacionais. Em 650 anos de existência a Torre do Tombo com seus 59 Guardas-mores, têm o registo de toda essa saga fantástica que transformou o Mundo com um Império que teve início nas tomadas de Arzila e Ceuta em 1415 e termina em 1999 com a entrega de Macau aos Chineses. Gomes Eanes de Zurara narrou o início das epopeias de Portugal, da divisão do Globo em duas partes através do tratado de Tordesilhas assinado entre os reis Católicos Dom Fernando e Dona Isabel de Espanha com D. João II de Portugal no ano de 1494.

mux4.jpg Em 1415 Zurara descreve a tomada de Ceuta acompanhando a expedição com mais de 100 navios, uma aparatosa armada para essa época e, que se manteve secreta até a paragem em Lagos tendo então D. João I dado a conhecer o destino e, entregando o comando a seus filhos D. Henrique e D. Duarte, ainda Infantes. Na primeira meia hora os Mouros apanhados de surpresa ficaram sem Ceuta. Portugal, um país estruturalmente guerreiro, a partir deste então, alarga seus horizontes ao Mundo das descobertas abandonando as guerras com seus vizinhos peninsulares e deixando de lado as Cruzadas das Guerras Santas, com espadas na forma de cruz mas alongadas e cortantes.

mux3.jpg Lá na Torre do Tombo pode-se saber tudo sobre a Inquisição sendo curioso o saquinho de poção mágica entre os manuscritos, poção mágica desse pó que ninguém se atreveu a abrir. As superstições também perduraram através dos tempos. Convêm lembrar que entre os Guarda-mores da Torre do Tombo destacaram-se para além de Gomes Eanes de Zurara e Fernão Lopes, Pero Vaz de Caminha, Manuel da Maia e o Professor José Matoso na viragem do século XX ao XXI.

Muxoxo: é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de desdém ou contrariedade

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:40
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Domingo, 17 de Maio de 2015
CAFUFUTILA LXXXV

LUANDA - Relatos e histórias de antigamente…

Por

luis0.jpgLuis Martins Soares  Nasceu a 8 de Julho de 1934. Tem agora 81 nos de idade. Uma biblioteca de coisas esquecidas numa Luanda que nessa altura não tinha ainda 18 000 habitantes

luis01.jpg Chegamos ao ano de 1937 e a Comissão Administrativa da Câmara de Luanda delibera no sentido de se proceder à revisão da toponímia da cidade, constituindo-se para o efeito uma comissão, composta por personalidades de várias áreas que administram a vida da cidade; eu ainda só tinha três anos de idade mas em tempo, vim a saber. Houve mudanças nos nomes de ruas, avenidas, largos, etc.. O panorama da cidade era o seguinte: Aberta em 1922 a Rua Brito Godins que sai do Largo Quinaxixe passa pelo Liceu de Salvados Correia e termina no Largo da Maianga. A Ingombota faz parte dos limites da cidade, mas o Maculusso ainda se considera musseque.

luis12.jpg O musseque Braga com casas de zinco, com quintais de goiabeiras e mamoeiros juntos de cubatas existiu até 1940, região que deu origem anos depois ao moderno Bairro do Café. Nesta década os limites da cidade estavam definidos a partir do Fortaleza de S. Miguel pelas seguintes vias: Calçada de S. Miguel, Rua de Diogo Cão, Rua da Misericórdia, Rua de Guilherme Capelo, Avenida de Brito Godins, ainda não projectada Rua de Luiz de Camões, Calçada de Gregório Ferreira, Rua Direita de Luanda até a Estação Central no Bungo e Marginal sentido sopé do Morro de S. Miguel.

luis1.jpg A topografia acima da Rua Direita, Oficinas dos Caminhos de Ferro de Luanda, Avenida da Boavista até à Rotunda de acesso à Estrada do Cacuaco é formada por extensa falésia apresentando perto da região do futuro Miramar afloramentos de areia e terra avermelhada. O Bairro Operário, musseque urbanizado está fora destes limites. O bairro da Boa Vista e Bungo ainda apresentam pequenos núcleos de cubatas e casas dispersas da população branca. As Ingombotas, dentro do perímetro urbano, mais ou menos na década de 40 ainda era habitada por um contingente formado por famílias de origem europeia e africana.

CAFUFUTILA, (kifufutila): - farinha de mandioca torrada misturada com açúcar.  Do Kimbundo de Angola

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As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:34
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Sábado, 16 de Maio de 2015
MALAMBAS . LXXXII

ANGOLA - O OUVIDOR DO KIMBO - Relembrar o Luena (Kangamba) - antiga Vila Luso… 5ª de 11 Partes

As escolhas do Kimbo

Publicada por:

nasc1.jpg H. Nascimento Rodrigues - Licenciado em Direito, Jurista eminente e homem público que se destacou, em todas s funções que exerceu no M´Puto - Nasceu no Luena (Kangamba), antiga Vila Luso em Angola…Faleceu no ano de 2010

lu4.jpg (…) Minha Mãe descobriu a marosca, talvez porque estranhamente eu ia engordando, não sei ao fim de quanto tempo. Mas soube gerir a situação com pulso firme e mão de veludo, pois lentamente, comecei a trocar o pirão de funje por umas dedadas de um leite condensado cuja lata ela deixava nas bancas da cozinha. Era um leite condensado muito doce, espesso, que sabia bem quer às colheres, quer lambido com os cinco dedos da mão. Não o fazia sozinho a maior parte das vezes, porque havia sempre um “ puto do kimbo “ como companheiro da gulodice. E foi assim que um menino branco e meninos pretos não perceberam, na altura e para sua felicidade, que eram negros, ou brancos, ou mulatos. Eram só meninos.

lu2.pngEsse tempo de brincadeiras com os “putos do kimbo”, e outra garotada que não era branca, como que me corre ainda nas veias e deixa sulcos de imagens das mais poderosas e inesquecíveis que me ficaram de Angola. Foi o tempo da inocência, foi a época da felicidade da infância, o mundo que nunca mais voltará. Mas existiu. Os “putos do kimbo” talvez não falassem muito bem o português, do mesmo modo que eu não sabia a língua dos luchaze ou dos ganguelas, o grupo étnico do Moxico. Não fazia mal algum, porque nos entendíamos às mil-maravilhas, por gestos, por olhares e por gargalhadas. Lembro-me bem de como foram eles que me introduziram pelas bordas do arvoredo adentro e por arvoredo quero dizer autêntica floresta africana, com árvores de porte alto e folhas que cantavam não sei que estranhas músicas.

lu1.jpg Aprendi, então, o que era o mato e fiquei a ama-lo para sempre, tanto que ainda hoje, mais de sessenta anos volvidos, sou capaz de fechar os olhos e de vislumbrar as árvores de porte majestoso, umas, ou de tronco delgado, outras, sou capaz de escutar os sons das ramadas, das folhas e dos galhos a tombar, de entender, enfim, os ruídos próprios desse mundo que só estava à espera, como uma mulher, de ser penetrado.

lu6.jpg E aprendi, sobretudo, a cheirar o cheiro penetrante da floresta, tal como mais tarde haveria de aprender que Angola é terra de mil cheiros: o cheiro da terra vermelha, o cheiro dos quimbos, o cheiro dos rios e das anharas, o cheiro dos bichos e dos pássaros e do céu alaranjado, o cheiro das chuvas que inseminavam os campos ou que deslizavam, mornas, pela cara, o cheiro dos frutos tropicais, a manga, a papaia, o maboque. Acreditem que aquela terra é um festival de cores e de cheiros.

MALAMBA: É a palavra

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O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:49
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Sexta-feira, 15 de Maio de 2015
MOKANDA DO SOBA . LXXVI

CINZAS DO TEMPO . O planeta está agora muito perto do ponto mais quente do último meio milhão de anos... 

Por

soba 0.jpg  T´Chingange

HPIM1302.JPG Com suspiros de desejos insatisfeitos, compadeci-me do mundo e do grande problema na crise climática; pelo aquecimento global devido às emissões de dióxido de carbono provocando o chamado estado de estufa no globo terreste. O processo do metano que se encontra por debaixo dos gelos glaciares do Árctico e na Antártida que por via deste aquecimento, gás que já se desprende nas tundras da Sibéria, um gaz vinte vezes mais nefasto que o dióxido de carbono. Gaz que também se desprende do fundo do mar pelo aquecimento das águas dos oceanos e desvios nas correntes marítimas.

surucucu01.jpg A mais conhecida fase de extinção em massa na terra foi no período cretácico que à sessenta e cinco milhões de anos fez desaparecer os grandes animais, os conhecidos dinossauros; isto sucedeu na Península do Iucatão no México cujo impacto de um meteorito de grandes dimensões alteraram profundamente o clima na terra com uma generalizada mortandade. O impacto do asteróide originou uma cratera em Chicxulub com cerca de 180 quilómetros de diâmetro. O impacto influiu na biodiversidade da Terra que vitimou boa parte dos seres vivos como os Tiranossauros Rex porque por falta de sol deixou de existir os vegetais, sua indispensável alimentação.

surucucu4.jpg A seguir veio o período Pérmico que há quase duzentos e cinquenta milhões de anos exterminou 95% dos animais e que hoje só conhecemos pelos fosseis. Neste período a Terra esteve bem perto do seu total aniquilamento e, só de insectos, foram exterminados quase um terço das espécies. Hoje que estamos a 400 ppm (partes por milhões de CO2) saiba-se que já ultrapassamos em 20 ppm o que estava previsto só acontecer no fim do século XXI. Isto dá para afirmar que não se sabe se ainda vamos a tempo de frear isto! Será bom esclarecer aqui que os melhores registos paleoclimáticos se situam na Antártida; ali, os técnicos, esforçam-se a encontrar soluções técnicas inovadoras.

moka1.jpg Eles fazem furos suficientemente profundos por forma a recolherem dados através das camadas de gelo com duzentos mil anos. Dessas perfurações com até 3 quilómetros, são retirados tubos de gelo que por sua vez são sujeitos a análise pelas pequenas bolhas de ar aprisionadas nesse gelo. Assim se fica a conhecer qual o nível de dióxido de carbono e qual a temperatura média nessa altura. Sabe-se assim que o planeta está agora muito perto do ponto mais quente do último meio milhão de anos. E, tudo isto é demasiado preocupante.

Referência bibliográfica: o 7º Selo de José Rodrigues dos Santos

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 05:59
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Quinta-feira, 14 de Maio de 2015
KISANJI . XIV

DESTINOS . Morre um capim, nasce outro… Todos nós exercitamos a morte através do sono e a ressurreição ao abrir os olhos...

Por

soba0.jpg T´Chingange 

kisan3.jpgQuero andar direitinho, com roupa limpa e com cabelos na cabeça, disse um dia Chico Xavier, um homem que psicógrafou mais de 400 livros de mortos ilustres que pregavam a paz e estimulavam a caridade. Para milhares de admiradores fervorosos ele foi um santo mas, para os descrentes foi no mínimo, um intrigante personagem. Ele definiu-se como uma parede arruinada e, sobre a qual se pregavam cartazes anunciando os ensinamentos de Jesus. A quem lhe cobrava uma postura de santo ele respondia: “Nós precisamos de harmonizar a doutrina sem demónios nem anjos e, quando alguém for promovido a anjo, ninguém o saberá porque a nomeação vem lá de cima”. Chico Xavier relembra amiudadamente Gandhi afirmando: “Se um dia um único homem atingir a mais elevada qualidade de amor, isto será o suficiente para neutralizar o ódio de milhões”. Dito isto, será bom silenciar mentalmente alguns instantes para pensar que “servir é o destino de muitas almas”; bondade assim só se consegue de quem está em comunhão com Deus pelo serviço ao próximo.

kisan4.jpg Afinal de contas, ao longo da vida, todos nós exercitamos a morte através do sono e a ressurreição ao abrir os olhos pela manhã. Chico aprendeu a viver apenas com o necessário e, afirmando que não havia mérito algum no amealhar sem dar; que o importante seria perdoar e se doar sem esperar nada em troca. Para quê acumular tanto? Dizia Xavier amiudadamente na forma d interrogação. Existem pessoas que possuem cinquenta sapatos; aonde vão arrumar cem pés? Interrogava-se aos demais. Brincando com a vida, dizia ter nascido em um primeiro de Abril e que, diriam então que ele era uma grande mentira! Sempre desdenhou dos muitos títulos de distinção e de cidadão honorário, das medalhas, trofeus e comendas.

kisan2.jpg Lembro que escrevo isto em uma terra aonde no mundo da diáspora portuguesa, países dos PALOPS, há o maior número de comendadores por quilómetro quadrado, África do Sul. Acompanhado por seus fantasmas, Chico diria “Louvado seja o senhor que me permite resgatar o passado e desejar melhorar-me pelos processos ocultos do corpo”. Xavier dizia que era só um tijolinho na grande construção que é o mundo. Após um mergulho neste universo marcado por dor, saudade, esperança e desconfiança, há um terreno movediço onde o consciente e o inconsciente se encontram e, onde os riscos de fraude ou de auto-sugestão são permanentes. Chico morreu no seu tempo, com 92 anos de idade. Morre um capim nasce outro, diria ele de novo, estando entre nós, fisicamente.  

kisan1.jpg kisanji é oriundo de Angola, também conhecido pelo nome de tyitanzi . Na forma simples, é uma tábua estreita, de forma rectangular, onde se fixam uma série de lamelas de bambu ou metal, com tamanho diferentes produzindo notas distintas. Por cima delas, é colocado um travessão, apertado por ganchos. As lamelas, são normalmente espatuladas e levantadas dos lados. 

O soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:52
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Quarta-feira, 13 de Maio de 2015
FRATERNIDADES . LXXXII

PORTUGALPortugal tornou-se num país estranho …

Por

torres.jpgEduardo Torres

torres1.jpg Portugal tornou-se num país estranho. Talvez porque a sua população tenha perdido identidade, talvez porque não respeite valores e princípios do modo como os devia respeitar, herdados de gerações seculares, e que se vão perdendo por contrariedades da própria vida. Julgo que tem muito a ver com a formação da sociedade onde predomina o poder embora que minoritariamente; uma elite formada por políticos, banqueiros, grandes empresários e pessoal menor que gravita ao seu redor, para usufruir de benesses e cobrar migalhas, aquilo com que se compram os melões. Dividendos! Porque também sabe, que em principio se torna num intocável, aconchego defendido sempre pelos mesmos, a trupe!

torres2.jpgDe manhã temos uma notícia e à tarde temos uma outra informação que nos baralha a cabeça; num jogo meio louco diz-se que tudo se vai aclarar mas logo, logo na manhã que se segue  os obstáculos  ficam difusos. O caminho para que a verdade apareça aos olhos do vulgar cidadão, são tão baralhados, que tudo acaba como começou; na mesma! Os partidos políticos, são formados por clientelas que beneficiam desse efeito, dois maiores que se digladiam pelo poder, e um terceiro que está sempre na calha para servir de muleta a quem venha a ser governo sem maioria. Os restantes tem assento na Assembleia da República, mas não conseguem força suficiente, nem devem estar interessados nisso, para lutarem contra as arbitrariedades que se cometem contra o que sobra da população. 

torres4.jpg Segundo o que tive oportunidade de ler e ouvir na altura, o ex- primeiro ministro deixou o país à beira da banca rota, a ponto de ter de pedir ajuda a Comunidade Europeia, a Troica impôs um tipo de governação, e pasme-se, é o primeiro ministro do governo anterior comentador num canal da televisão estatal, pago, com certeza a peso de ouro, para dizer mal da governação actual. Será esta realidade normal num país civilizado? Na minha opinião, temos o que merecemos, venha a mudança que vier, os mesmos são sempre os mesmos, e tudo o resto uma consequência...

torres6.jpg O tempo passou e este ex-primeiro Ministro caiu no calabouço; preso à saida do avião vindo de sua vida abastada em Paris foi parar à cadeia de Evora aonde ainda se encontra. Num labirinto intricado de desvios, corruptelas de gangue organizada  com ramificações, raizs que parecem não ter fim mas, pasme-se de novo, tem na maioria dos portugueses uma grande aceitação. Agora tentam eleger um laranja, um novo governo  para o sacar do apartado 44; já nada me admira, talvez venha a ser assim mesmo...

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:28
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Terça-feira, 12 de Maio de 2015
MALAMBAS . LXXXI

TEMPOS COM FRINCHAS . ANGOLA - O OUVIDOR DO KIMBO

Relembrar o Luena (Kangamba) - antiga Vila Luso… 4ª de 11 Partes

As escolhas do Kimbo

Publicada por:

nasc1.jpg H. Nascimento Rodrigues - Licenciado em Direito, Jurista eminente e homem público que se destacou, em todas s funções que exerceu no M´Puto - Nasceu no Luena (Kangamba), antiga Vila Luso em Angola…Faleceu no ano de 2010

 (…) - O Kimbo não passava, sei lá, de uma quinzena de palhotas feitas de paus entrançados, umas, ou de argila, outras, todas com tecto de colmo em forma de cone; e estava rodeado por uma cerca ou paliçada quase a toda a volta, assim como que para o resguardar de olhares estranhos. Não o resguardava, claro. E muito menos o resguardou quando, talvez pelos meus quatro ou cinco anos, me habituei a dele fazer uma segunda casa, sobretudo nos dias e, eram quase todos… em que minha Mãe desistia, estafada, de me meter na boca, à força, a comida do almoço que tão carinhosamente me preparara.

 Irritada, fazia com os ombros um gesto cansado, de vencida: era o sinal, tão ansiosamente aguardado por mim, de que eu podia ir brincar lá para fora. Não ia brincar, está-se a ver. Dava umas corridinhas ligeiras pela frente da casa; depois, como quem não quer a coisa, ia encaminhando-me para o Kimbo e num esfregar de olhos entrava numa qualquer cubata de uma mamã negra, agachava-me, cruzava as pernas, e sem cerimónia atirava a mão para dentro da panela de barro, quentinha de funje, ou seja, pirão de mandioca.

dia1.jpgPorque era mesmo daquele pirão grosso, quente, um pouco amargo e sem qualquer condimento de que eu gostava e, por ele trocava os pitéus de minha Mãe. Jamais qualquer mãe negra me recusou uma vez que fosse essa partilha e Deus sabe como era escassa a comida no kimbo. Eu comia o pirão da panela com os filhos negros dessas mamãs, com elas e com os seus homens, pela única forma que os kimbos e as senzalas têm para partilhar: comunitariamente, em sossego, no meio de risos, de uma fala que eu não percebia, mas entendia perfeitamente que era uma fala de amizade, de doação, de gentileza. Depois, barriga saciada, voltava a sair do kimbo e caminhava direito a casa para a sesta obrigatória como se nada se houvesse passado.

MALAMBA: É a palavra - O OUVIDOR DO KIMBO

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O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:54
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Segunda-feira, 11 de Maio de 2015
MISSOSSO . XV

NAS BARROCAS DA LUUAMaianga com seu Rio Seco, um lugar notoriamente ecológico e sustentável.

Por

soba0.jpg T´Chingange

surucucu5.jpgPorque tinha de arranjar maneira de me entreter, procurei entre meus mofados escritos, alguns acontecimentos milagreiros ou milagrosos para nosso Jesus o Nazareno, poder apreciar em seus mais aborrecidos tempos. E como de toda a vida é a infância aquela que mais merece chamar-se vida, terei de ir ali beber meus mais alegres ócios, bocadinhos de coisa alegre e fidedigna que só podem ser escritos em língua morta, assim comos os escritos do antigamente, os apócrifos. E, porque agora andam todos à pancada e também porque Deus, sendo omnipotente não faz a todos acreditar na mesma coisa e, embora eu goste das diferenças, respeitarei a cultura monoteísta por uma questão de princípios, embora tenha notado que ele, o Nosso senhor de Nazaré anda muito distraído com muita gente morrendo à toa e, sem ter feito mal a quem quer que seja.

Um dia de primavera, tempo chamado de cacimbo, eu e meus ávilos mais próximos candengues, apetrechamo-nos de palhinhas longas e suficientemente duras para apanharmos grilos, ralos e gafanhotos. Com uns caniços entrelaçados em mateba fizemos umas gaiolas para aprisionar estes ditos bicharocos. Fizemos um concurso de para ver quem caçava mais grilos e qual deles viria a ser o mais cantador. Todos nós a concelho de Zeca Mamoeiro armados de zingarelhos e acessórios lá fomos para as barrocas da Luua, um sítio chamado de bananeiras do Rio Seco porque era um lugar notoriamente ecológico e sustentável.

surucucu01.jpgTratando-se de uma caçada, houve quem levasse comidinha roubada em suas casas como arroz e batatas mas, eu e Zeca levamos tirinhas de mamão entremeado com jindungo de Zenza-do-Itombe, fanado. No nosso pensar, os grilos, antes das cantorias celestiais e nupciais, abancavam-se com pedaços de fruta e cereais variados como a massambala e girassol. Nesta feita, o Zeca, mais entendido nestas paragens de barrocas era o chefe; bom, também só eramos dois mas ambos tínhamos postos e nome por causa da inveja, ele era o chefe e eu, o subchefe.

Convém aqui descrever que o Zeca que conhecemos hoje como um conceituado póetólogo um katedrático da Universidade do Rio Seco, mesmo em pivete, já era uma espécie de professor Pardal, que parecia viver sempre em um mundo separado, o da Luua. Usava calções de caqui e um quico na cabeça com uma pena vermelha de cardeal entalado na letra G doirada nos dizeres “Eu sou um génio” e, era mesmo! Só que um pouco desengonçado! Já nesse tempo falava pelos cotovelos numa forma só dele, sua peculiaridade de kimbundêz amilongado com a sua, nossa mulola.

surucucu1.jpgPor vezes tinha um tique aristocrático, um trejeito soluçado, assim de como um jigler de carro entupido, que lhe nascia no esófago e lhe explodia atabalhoadamente nos beiços enrubescidos; uma pomposa atitude assim na forma de meio indígena meio alienígena, marciano mesmo e, todo ele amissangado de banga, um estilo que soele sabia fazer. Esta banga, conseguiu mantê-la até agora já século! As garinas adoravam isso e enroscavam-se nele como lapas: Fala só pra mim Zeca! Aquela Luua de feitiço do seu Rio Seco encafifou-o perenamente.

Voltando à caça. Nesta feita Nelito e Zorba levaram bocadinhos de toucinho enfiados ao jeito de espetadas. Pica e Rente levavam suas varetas palhinhas untada de visgo para colarem os bichinhos e na ponta colocaram uma maça-da-índia. Enfim, cada grupo levava seus unguentos e mixórdias mais variadas na perspectiva de serem eles os campeões. Necas, o gândula era o fiscal inspector-geral das verificações. Naqueles dias todos os momentos eram especiais mas a caminho da nevrálgica zona dos fuca-fucas e grilos entretivemo-nos a ver os escaravelhos egípcios transportando bolas de merda-seca para os seus armazéns. Bom, aquele lugar por especial, era também retiro de escapatória assim uma retrete arejada para os candengues e não só, se aliviarem.

Claro que os maleducados do Prenda, Maianga e Catambor em seus trumunos de futebol de areia ai se refugiavam em escapadas chamando àquilo genericamente de mato. Os trabalhadores mwangolés, albanis de obras em execução por perto também iam ali obrar. Eu e Zeca recolhemos umas bolas de tuge já confeccionadas e juntamos às fatias de mamão com jindungo como complemento ao engodo, assim pensamos e assim fizemos.

surucucu2.jpgDepois de se atribuir a cada par suas áreas de caça, estipulamos por estatuto meia hora para o feito e, cada qual foi para a sua falésia, duna ou savana dar cumprimento ao regulamento previamente elaborado. Para que conste o regulamento tinha 5 itens e porque é bem transcendente aqui se mencionam: -Paragrafo único - Duração de meia hora; 1º - Os grilos valiam 5 pontos; 2º - Os fuca-fucas (formiga leão) valiam 4 pontos; 3º - O louva-a-deus valia 3 pontos; 4º - Os ralos valiam 2 pontos; 5º - as carrochas de chifre valiam um ponto.

Meu parceiro Zeca, um experimentado caçador de xirikwatas, celestes e rabos-de-junco e, também conceituado pescador dos mares da Samba, despertou-me a atenção para um buraco mais especial, mais redondinho e com uns ossinhos de rato ali por perto. – Vamos apanhar um grilo pré estórico, disse ele! Eu nem sabia nada disso do pré estórico, uns tempos antigos de mais para lá do Jurássico, um tempo muito antes de Cristo aparecer na Galileia! Um puto assim tão esperto, este Zeca era um mestre de mulola sem salalé; eu só podia mesmo seguir suas ensinações. Juro que estava meio desconfiado mas, acabei por concordar.

surucucu8.jpgMetemos a palhinha mais comprida com uma fatia de mamoeiro com o tal de jindungo do Zenza do Itombe; já me esquecia deste pormenor, na ponta da palhinha espetamos um olho de sardão seco para dar sorte; o jindungo foi fanado das bikuatas do meu pai Manel cabeças e Zeca, neste entretanto rolava num cada vez e, parava e no depois prosseguia a palhinha com todos os cuidados, malembe-lembe ela foi entrando. – Olha só! (suspense silencioso) … Disse Zeca! Parece mesmo que aqui tem grilo gigante! Parece que neste entretanto sentiu qualquer movimento paleolítico. Os dois ficamos mirando o buraco com espectativa e, ei que…!? Putaquepariu, assim tudo junto, cada qual com seu grito, cada qual com seu medo de acagaçado! Saiu de lá uma surucucu gorda que nem um mostrengo do lago Ness.

Abuamados, ambos tropeçamos na confusão em cima duns biscoitos malcheirosos ainda frescos e demos às de vila diogo, berrida memorável! Tremendo de bravura, naquele pequeno planalto de argila rasgada pelas águas, os outros putos fidacaixas, candengues de tuge, riam só á toa apontando nossas habilidades emborradas.

surucucu6.jpgEscusado será dizer que não ganhamos o concurso. O regulamento não previa cobra mas, nossa valentia ficou reconhecida, lavrada em cachimónia até aos vindouros e hodiernos dias. Aquele buraco, bem feitinho enganou-nos. Mas, Zeca e Tonito que soeu, passaram a ser vistos como os candengues mais desaprumados daquele bairro. Nesse lugar das barrocas, vivem agora os mwangolés de banga, que mandam mais nos outros que neles mesmo. Chama-se Alvalade talvez em homenagem aos leões que por ali andaram nos tempos de Cristo da Galileia.

MISSOSSO: Conto de raiz popular que em Angola teve seu criador e percursor o escritor Óscar Ribas. Neles, há diálogos com espíritos, calungas ou kiandas e animais que falam, riem e até fazem pouco dos mortais, superstições e crendices que fazem parte da cultura dos povos Bantus…

O soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:31
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Domingo, 10 de Maio de 2015
KANIMAMBO . LXII

REGRAS DE VIDA - A liberdade de sermos saudaveis ou morrer atascados em adstringentes, comprimidos e drogas várias 5ª de 5 partes

Por

ADELINO VIEIRA

HPIM1302.JPG(...) Depois de meses de tratamento, chegou o momento em que o dia do pobre Alfredo já não le queria ficar bom; ele queria voltar a fazer a vida que tinha antes de começar o tratamento das doenças que o médico descobriu. Agora a viúva ou os filhos vão ter que pagar. O pior é que o médico já chamou ao seu consultório a Sr., Cristina, pois não quer que ela tenha problemas por se sentir sozinha. Ela precisa urgentemente de ser medicada. Está em risco de depressão e anda com muito stress. Está também um pouco anémica e perdeu a vontade de comer. A vida continua, tanto para a Sra., Cristina como para o sempre dedicado médico. Esta minha pequena história é dedicada a todos, sejam eles quem forem: médicos ou pacientes. É acima de tudo, uma chamada de atenção para aqueles que delegam em terceiros a responsabilidade da sua saúde.

HPIM1319.JPG Esses terceiros, a grande maioria, querem sim saber e cuidar da nossa ou nossas doenças, prelonga-las enquanto podem, encobrindo sintomas sem nunca atacar as causas, e não da nossa saúde. A medicina ganha dinheiro com doenças e nunca com a saúde. Nada daquilo que aqui está escrito é contra os médicos. Eles, não têem culpa da medicina não ser capaz de resolver os problemas das pessoas no que diz respeito à saude. Quando eles, os médicos entenderem isso, talvez muitos mas mesmo muitos procurem alternativas, pois elas existem e altamente confiaveis. Protejam a saúde, como protejem qualquer outro patrimonio.

HPIM1357.JPG Lembrem-se: a saúde é o nosso maior e mais valioso bem. Sem ela, os outros bens de nada valem. Sejam livres, pois ser saudavel também é liberdade. Podem não acreditar, mas até essa liberdade nos querem tirar. A liberdade de sermos saudaveis. Corremos sérios riscos de num futuro muito próximo, não termos alternativas se não pensarmos sériamente em nós. É que há já muito tempo, muitos de nós julgam que os outros é que devem resolver os nossos problemas. Mas... esse é o plano. Cabe-nos simplesmente dizer NÃO! Qualquer semelhança com factos reais é só pura coincidência. Será?

(Fim)

KANIMAMBO: Obrigado (Moçambique); um estado de vida; como Deus quer.

Ilustrações do Soba

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:57
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Sábado, 9 de Maio de 2015
CAFUFUTILA LXXXIV

A CHUVA E O BOM TEMPOOs minutos da vida encafifados num relógio de quartzo…

Por

soba0.jpg::::::T´Chingange

araujo1.jpg Um homem, não o será definitivamente se não compartilhar a sua vida com uma mulher, digo eu! Não foram feitos para viver sozinhos, a menos que tenham uma mãe com paciência inerente para lhes arrumar a vida.  Salvo raras excepções, nenhum homem pode dar rumo à sua vida confinado entre quatro paredes, escondendo-se ou isolando seu ego nas anharas do mundo sem uma mulher por perto, assim como um ermitão encarnando o espírito xamântico do vento numa desconhecida e longínqua tundra impregnada de metano! Dias atrás, meu filho Richard com 43 anos de idade, declarou publicamente à tribo próxima e adstrita, estar noivo duma mulher mais nova 5 anos e com três filhos em idades casadoiras.

sistelo0 jorge.jpg Não vem daí mal ao mundo tal atitude e até nada diria se ele próprio não o publicasse; agora que o disse, posso afirmar sem risco que os tempos e as mentalidades adaptam sua feromonas, suas modas a seus conceitos e preceitos. Não é assim tão importante levar em consideração nossos pontos de vista e, para quem já é adulto, vacinado e emancipado, somente teremos de desejar felicidade e sorte com amor ou carinho; neste familiar caso homologado pelo enlace, eu só tive a curiosa preocupação de saber do filho se, se sentia feliz e, na afirmativa resposta e de forma singela, ficou selada com lacre a suposta preocupação de progenitor. Como diz o ditado popular quem boa cama fizer, nela se deitará.

 Uma paixão pode não durar para sempre mas, sabe-se haver algumas que não desvanecem com o tempo e, nós pais, como um relógio de quartzo, mesmo não ofuscando o escuro, tem o brilho de 45 anos. Neste particular assunto mesmo sem consultar uma qualquer comissão científica, quase posso jurar que não houve qualquer inqualificado flagrante de apanhar Richard com a mão metida em um frasco de rebuçados ou num cortiço de abelhas africanas, ou mesmo se como um macaco meteu a mão numa cabaça, pegou a jinguba e não mais a largou; se por ignorância ou gulodice no manjar, fruto oleaginoso de muita sustância, como soe dizer-se nas metáforas antigas.

roxo1.jpg Como um guerrilheiro, tento como pai recuperar meu folego de estroina com estórias avulso; olhar ao redor e tentar descortinar movimentos próprios na escuridão, fechando pálpebras para ver melhor ou no mínimo, as luminosidades de chamas tremulando na probabilidade entre o escuro porvir e os barulhos opacos com prováveis murmúrios e golpadas ao ar; batuque do coração com seus cansaços ou seu fulgor frenético dum relógio doirado e de quartzo impulsionando os anos, os meses, os dias, as horas, os minutos e segundos na rectidão da vida. Em português, homologar é aprovar, concordar, exarar o mesmo juízo constante no documento recebido de outra instância, a ser ratificado em instância superior ou mais abrangente. Ponto final.

Imagens de: Costa Araujo Araújo (Mano Corvo); Jorge Sistelo e Assunção Roxo 

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:32
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Sexta-feira, 8 de Maio de 2015
KISSANJ . XIII

ÁFRICA E A UTOPIA - Eles, os Americanos, dão uns brinquedos bestiais, que até matam...
Por

soba0.jpg  T´Chingange

Resultado de imagem para captain morgan Falamos muito de África porque temos muito a ver com ela e ela connosco. Para a entender teremos de ir lá atrás ao tempo do capitão pirata Morgan um nobre da marinha Inglesa que roubava aos outros ladrões e quando regressava à corte era visto como um herói. Depois vieram os negociantes negreiros que pagavam uma taxa ao corsário Morgan, súbdito da Coroa autorizado a extorquir o máximo dos portugueses, espanhóis, holandeses e franceses; e, todos estes pirateavam-se uns aos outros e os territórios coloniais de outros países traficando madeiras, ouro, prata e pedras preciosas.
Resultado de imagem para pirataria antiga na inglaterra Agora a pirataria passou dos primos ingleses para as mãos dos Estados Unidos que pela calada armam a uns e outros para se entreterem com os brinquedos bestiais que até matam; porque é o continente mais rico em matérias-primas vão a troco de dádivas corrompendo os governos por forma a se manterem assim analfabetos, dando cada vez mais armas e cutucando este e o outro para que não tenham espaço para o desenvolvimento. Os espertos tornam-se ricos, tornam-se presidentes permanentes, falseiam votações fazem dos governos sua gangues e estrangulam todo aquele cidadão que levante a voz, que reclame. As escolas são escassas, os hospitais pertencem a Organizações Não Governamentais e as riquezas são negociatas com amigos comparsas que lhes dão comissões avultadas.
Resultado de imagem para pirataria americana Os EUA para derrubar um governo que não se submete a seus caprichos egoístas e condições que ele faz, move seus serviços de inteligência que em contacto com os adversários de cada governo quando não com o próprio e os partidos da oposição, financiando-os economicamente ou com materiais de guerra que matam, independentemente de se eles são terroristas ou criminosos; seu objectivo é derrubar um governo que não esteja submisso a eles colocando um governo fantoche que a eles se submeta.

Resultado de imagem para pirataria americana Tudo o mais são jogos de desinformação, manobras de diversão para enganar; eles derrubam e põem os governos e nós desinformados, caímos no logro, auxilia-mo-los e fazem de nós e nossos representantes patetas. Temos infelizmente muitos exemplos em Portugal, governantes e pseudo estadistas que nos entregaram ao Deus dará da sorte e, parece que no futuro, tudo vai piorar…

Kissanji: -  Instrumento musical - tábua de forma rectangular, onde se fixam umas palhetas de metal que accionadas transmitem sons (Angola).

O Soba T`Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:15
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Quinta-feira, 7 de Maio de 2015
MALAMBAS . LXXX

TEMPO COM FRINCHAS - O amanhã, não pertence a ninguém!... Relembrar o Luena (Kangamba) - antiga Vila Luso 3ª de 11 partes

MALAMBA: É a palavra - O OUVIDOR DO KIMBO

As escolhas de Kimbo Lagoa

Publicada por

nasc1.jpgH. Nascimento Rodrigues - Licenciado em Direito, Jurista eminente e homem público que se destacou, em todas s funções que exerceu, pela sua elevada estatura moral, pela dedicação à causa pública e pelos relevantes serviços que prestou ao País - Nasceu no Luena (Kangamba), antiga Vila Luso em Angola…Faleceu no ano de 2010

Mas eu gostava de ouvir a chuva pausada a zurzir naquele tecto de zinco, pois me embalava em sonhos que sonhava acordado. É que em África, para se sonhar, é acordado que se deve faze-lo. Lembro-me também de que à ilharga da casa ficava uma enorme capoeira, cuidadosamente amuralhada com estacas altas e de pontas bicudas por causa das hienas que, à noite, vinham rondar. Capoeira é uma forma de dizer, porque aquilo era mais parecido com um pequeno jardim zoológico aonde coabitavam patos e galinhas, porcos, coelhos e cabritos, também um par de faisões selvagens, e se plantava, no meio, uma gaiola descomunal com pombos, rolas e pássaros de todas as cores e de todos os tamanhos, que eu ficava a mirar, encantado, horas perdidas.

muxi5.jpg Mas, na prática, a capoeira não passava de uma reserva para nos alimentar em permanência, um seguro de sobrevivência, pois naqueles recuados tempos não vinha de Luanda senão carne enlatada, quando vinha, e o peixe que se comia era o que se pescava nos rios, felizmente numerosos, que irrigavam os Luchazes: o Ricunda, o Chicalala, o Chilôlo e os outros afluentes do Cubangui; e o grande Cuando, mais além. Peixe de águas doces, portanto.

dia3.jpg Só hoje consigo imaginar um pouco o que seria a vida de trabalheira de uma dona de casa, como minha Mãe, para alimentar a família em tempos como aqueles, em que praticamente nada vinha de fora, luz eléctrica não existia, por isso geleira também não, nem sei se haveria farinha para o pão ou se este seria de milho, como julgo mais provável. Mas estes não eram os efeitos da guerra, era o dia-a-dia normal. A guerra mundial era lá muito, muito longe, e claro que eu nem sabia que era a guerra a obrigar o meu Pai, à noite, depois do jantar, a agachar-se junto ao rádio de madeira e altifalante de pano rodado ao centro para tentar captar uns misteriosos ruídos de vozes esganiçadas. Era a Rádio Oficial de Angola ou, então, a BBC.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:16
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Quarta-feira, 6 de Maio de 2015
CAFUFUTILA LXXXIII

 CHUVA E O BOM TEMPOO 25 DE Abril e as ligações perigosas... Só o tempo filtrará as verdades

Por

:soba0.jpg T´Chingange

soar5.jpgDesde os anos sessenta que Mário Soares estabelecia contactos com funcionários das Embaixadas da Dinamarca através de Axel Buua, ligado à política esquerdista americana que por intermédio de Diego Ascénio, um elemento da CIA e, ainda um outro correspondente do New York Times em Lisboa e Rabat que viria a ser de grande préstimo de nome Marvim Howe. Este Marvim Howe conseguiu infiltrar Soares nos “média” favorecendo-o intencionalmente; Marvim, era um agente da CIA e é através de interesses escusos que é acordada a instalação de Mário Soares como “consultor” em uma luxuosa casa na capital francesa, tendo supostamente o grupo económico Manuel Bulhosa como suporte laranja.

soar2.jpg A esquerda europeia, a CIA dos liberais americanos e os comunistas jogavam cada qual e, a seu modo, os pauzinhos obscuros da traidora revolução Abrilona que se avizinhava. As ligações com a CIA foram ficando bem claras pelo belo relacionamento de Soares com o Embaixador Americano em Lisboa Frank Carlucci; a CIA planeava um golpe de mudança para Portugal e haverá quem se recorde de Mário Soares se referir até a uma possível guerra civil; seu estado de ansiedade era bem evidente e veio a verificar-se monstruoso com o avanço dos acontecimentos no dito ultramar, talvez a principal causa porque todos se debatiam.

soar1.jpgCarlucci assumiu a condução das operações apoio da nomenclatura do PS com Mário Soares à cabeça numa preparada intentona para o dia 3 de Março de 1974, antes do golpe contra-revolucionário de Spínola a 11 de Março desse ano. A revista Alemã “Extra” publica detalhes sobre a matéria que denuncia uma estratégia de relativa coerência política entre os Socialistas Alemães mas estes, descobrem entretanto a perfídia de Soares que após o 25 de Abril viajou até lá solicitando apoio financeiro ao Portugal saído dum fascismo e de uma revolução.

soar0.jpg Uma reportagem (em holandês, com entrevistas noutras línguas) apresenta testemunhos em primeira mão dos que, no início de 1975, estiveram envolvidos na cadeia de financiamento do PS com dinheiros da CIA. Os entrevistados são: Mário Soares (dialoga em francês); Harry Van Den Bergh, o «correio» clandestino, membro do PVDA, Partido do Trabalho holandês, homólogo do PS; Hans-Eberhard Dingels, secretário de estado do governo SPD (o homólogo alemão do PS) da Alemanha da época, encabeçado por Willy Brandt (dialoga em alemão); Arthur Hartman, secretário assistente de estado dos EUA para a Europa e Canadá, durante o governo de Gerald Ford e do tristemente famoso secretário de estado Henry Kissinger, o h omem que deu luz verde à ocupação de Timor-Leste pela Indonésia (dialoga em inglês). É José Rentes de Carvalho, escritor residente na Holanda, que fornece ao público holandês esclarecimentos sobre a revolução dos cravos em Portugal.

soar3.jpgBona acaba por ofertar 90.000 marcos; No entanto Soares afirma no Congresso do PS em Dezembro de 1974 ser o objectivo final do partido, o PS, a destruição do capitalismo. Os 90.000 marcos acabam por chegar e, ao invés de entrarem nos cofres do estado, foram direitinhos para o Directório do Partido PS. A história deste dinheiro é quixotesca, quase das mil e uma noites mas, real e triste pela grande baixeza e hediondez, coisa sórdida. Estava em marcha a entrega de Portugal por clara traição! Corre-se o risco de cairmos de novo numa tramóia no ano de 2015, passados que são quarenta e um anos, nesta patranha de mudança para o socialismo com António Costa. O tempo filtrará a verdade!  

CAFUFUTILA, (kifufutila): - farinha de mandioca torrada misturada com açúcar; falando de boca cheia lançam-se falripos dessa farinha, fuba ou bombô que perturba o interlocutor; perdigotos ou gafanhotos. Do Kimbundo de Angola

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:03
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Terça-feira, 5 de Maio de 2015
KANIMAMBO . LXI

REGRAS DE VIDA - A liberdade de sermos saudaveis ou morrer atascados em adstringentes, comprimidos e drogas várias 4ª de 5 partes

Por

adeli00.jpegADELINO VIEIRA

adeli0.jpg (...) Depois de meses de tratamento, chegou o momento em que o dia do pobre Alfredo já não tinha horas suficientes para tomar todos os medicamentos. Já não dormia, apesar das cápsulas para as insônias que haviam sido prescritas pelo médico. Ficou tão mal que um dia, conforme já advertido nos folhetos dos remédios, morreu. No funeral, havia muita gente mas quem mais chorava era o farmaceutico. Agora a viúva Sr. Cristina diz que, felizmente mandou o seu querido marido ao médico, ainda a tempo, porque se o não fize-se, com certeza o Alfredo, teria morrido muito antes.

adeli1.jpg Alfredo, morreu aos 73 anos de idade. Começou o tratamento com 70. Antes disso tinha no banco algumas ecónomias. Caminhava todos os dias durante uma hora. Não fumava nem bebia álcool, deitava-se sempre há mesma hora - 11 horas da noite e erguia-se também bastante cedo, fazia exercicios fisicos ligeiros todas as manhãs antes do pequeno-almoço. No verão praticava natação e pesca desportiva e dava aulas três vezes por semana sobre alimentação natural

muxoxo3.jpg Praticava também yoga e participava num grupo de teatro amador, assim como tocava saxofone na banda do bairro onde morava. Aos domingos não falhava o seu jogo de futebol e á noite jogava Ténis de Mesa no clube onde fazia voluntariado na assistência aos mais necessitados da área onde morava. Era também bombeiro nas horas vagas. Quando morreu, deixou uma dívida na farmácia e outra no banco, por ter feito um pequeno empréstimo precisamente por causa dos medicamentos.

(Continua...)

KANIMAMBO: Obrigado (Moçambique); um estado de vida; como Deus quer.

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:49
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Segunda-feira, 4 de Maio de 2015
MUXOXO – VIII

TEMPOS CREPUSCULARNinguém parece ter consciência de nada…

Por

:soba0.jpg T´Chingange

muxoxo1.jpg Continuando a leitura do Último Selo, um romance mistura de ficção com realidade de José Rodrigues dos Santos, dá para sentir o quanto se pode pintar a verdade com ténue preocupação, assim como um suponhamos de adivinhar a incrédula tensão de como os políticos, de forma generalizada vêm o aquecimento global do planeta sem se debruçarem a fundo na questão, ignorando de forma inconsciente o problema para os que lhe venham a seguir! Os últimos a saírem que fechem a luz!  Em realidade o público, todos nós, anda bem descontraído ao invés dos peritos que dão já sinais de pânico. O planeta terra, nossa casa, está agora bem perto do ponto mais quente do último meio milhão de anos e, não é notória a preocupação dos países impedirem o apocalipse; quando algum cientista faz anúncios desta dimensão, muita gente, a maioria de nós, boceja de tédio! Outra vez!

muxoxo2.jpg É por isso forçoso implementar um plano energético alternativo para reverter esta situação já por si perigosa. O efeito cumulativo do dióxido de carbono poderá tornar-se inevitável no colapso da Amazónia, o pulmão do mundo. Sendo o dióxido de carbono um poderoso gás de estufa, não é em realidade o pior! O verdadeiro demónio é o metano que se encontra por debaixo do gelo da tundra siberiana e no fundo do mar e, que devido às altas temperaturas e altas pressões se liberta para a atmosfera. Ele, o metano, é vinte vezes mais poderoso que o dióxido de carbono como gás de estufa.

muxoxo3.jpg Com o crescimento de metano de forma exponencial, borbulhando já e, libertando-se a um ritmo cinco vezes superior ao que era estimado haver, a extinção em massa nesta bola do mundo, não será mais ficção mas, uma próxima realidade. Por este andar, no final do século XXI, metade dos espécimes actualmente existentes, estarão extintas ou em vias de o serem! O ppm (por partes de massa de CO2), nos finais deste século XXI, passará a ter um valor quatro vezes maior do que o actual; a temperatura poderá subir aos seis graus celsius tornando o planeta árido e com desertos a cobrirem o sul da Europa e dos Estados unidos.

muxoxo5.jpg O nível do mar elevar-se-á a vinte metros inundando a maior parte sólida do globo, extinguindo países como a Polinésia, a Holanda e grande parte da Austrália. Recorda-se aqui que do início do século passado até aos dias de hoje o nível do mar subiu a 17 centímetros e o grande banco de areia que é a Polinésia tem a sua máxima altura de sessenta centímetros. O planeta é uma máquina muito pesada, e custará muito pô-la em marcha ou travá-la; em realidade o princípio do fim já começou! Já nem é possível travá-lo tal como um penedo redondo que despenca do cimo de uma montanha encosta abaixo e, que já não há como parar. Parece mesmo não ser possível impedir o desvio das correntes marítimas, do degelo no Árctico e na Antárctida e, ninguém é culpado de nada; Seremos em um futuro próximo mais uma época, um ciclo de novos dinossauros comedores de fuel, óleo dos anteriores paleolíticos ou neoliticos. já somos em verdade os hodiernoliticos homo sapiens... 

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:42
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Domingo, 3 de Maio de 2015
MALAMBAS . LXXIX
TEMPO COM FRINCHAS - O amanhã, esfumou-se no tempo!...
Relembrar o Luena (Kangamba) - antiga Vila Luso… 2ª de 11 Partes

MALAMBA: É a palavra - O OUVIDOR DO KIMBO

As escolhas de: Kimbo Lagoa

Publicada por

kimbo1.jpeg H. Nascimento Rodrigues - Licenciado em Direito, Jurista eminente e homem público que se destacou, em todas s funções que exerceu, pela sua elevada estatura moral, pela dedicação à causa pública e pelos relevantes serviços que prestou ao País - Nasceu no Luena (Kangamba), antiga Vila Luso em Angola…Faleceu no ano de 2010

muxi0.jpg(...) E assim teve de acontecer pela simples razão de que por toda a lonjura dos Luchazes não existia um médico, um enfermeiro ou uma parteira para mulher branca - as mulheres negras, essas tinham os filhos nas suas palhotas do kimbo, acompanhadas pelas mais velhas e por isso mais experimentadas. Claro que eu só soube disto mais tarde, quando, aos seis anos, tive de rumar, então de vez, ao Luena, para iniciar a escola primária. Nesta, formigavam sobretudo meninas e meninos brancos, que eram malta com quem eu nunca tinha brincado até aí.

moxi1.jpg Nunca mais na minha vida, que já vai funda no outono dos anos, voltei aos Luchazes. E, todavia, é curioso como guardo algumas, é certo que soltas e esfumadas, recordações dessa época que se me esvai na memória mas perdura nas profundezas do pensamento. A primeira tem a ver com o kimbo. O kimbo onde só vivia a gente negra, e que abraçava, a uns largos metros de distância, as duas isoladas casas em que moravam os únicos casais brancos do despovoado: os meus pais, por um lado, e um comerciante e sua mulher, por outro. De modo que eu fui, no início dessa década de quarenta, o quinto colonialista a irromper por aquele ignorado canto do leste angolano para lá assentar poiso por uns felizes seis anos.

muxi2.jpgDa minha casa só tenho a vaga ideia de que ela dispunha, ao belo estilo colonial, de uma larga varanda sem murete, que abria para o kimbo e, mais longe, para a floresta, lá a umas poucas dezenas de metros. O que nos separava do kimbo era terra batida, por vezes com capim que rapidamente minha mãe mandava desbastar por causa das cobras e de outra bicheza. A casa tinha cobertura a zinco, pelo menos nos primeiros tempos da minha vida. E por isso recordo também que fazia muito calor no tempo das chuvas, tantas vezes abundantes, torrenciais, de pingos grossos, e que as chuvas faziam uma enorme barulheira a zurzir o tecto de zinco; ao contrário, no tempo do cacimbo, o ar era mais seco e a casa mais fresca, por vezes até fazia frio.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:48
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Sábado, 2 de Maio de 2015
MOKANDA DO SOBA . LXXV

TEMPO COM CINZAS - Os Chineses que só começaram a produzir automóveis em 2002, não estarão pela certa, dispostos a quebrar o seu crescimento económico...

Por

soba 0.jpg T´Chingange

Na vida, todos, em menor ou maior grau, têm responsabilidades em tudo o que acontece em seu redor porque somos parte integrante da sociedade e, não podemos ausentamo-nos disso para sempre; o mal ou bem, um dia destes vai chegar até nós! Caminhamos alegremente para uma catástrofe previsível a curto prazo mas, quanto a cortar com emissão da coisa causadora, dióxido de carbono lançado para a atmosfera, isso é algo que tem a ver com os governos, com os outros, as instituições e os políticos que elegemos. E, também sabemos que na hora da verdade, os políticos, irão roer a corda, adiar o problema e remetê-lo para os seus sucessores, seus vindouros.

 Os países desenvolvidos assumiram o compromisso de até o ano 2012 reduzir as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera para valores inferiores ao ano de 1990 mas, esse compromisso em forma de protocolo não passou de fachada. Entre os países industrializados, seus silêncios comprometedores ou insinuações subentendidas, comprometem a realidade em ocultismo, como se o mais revelador não seja o que é dito mas o que ficou por dizer. Nenhum país da linha da frente ou emergente está interessado em romper a névoa de subtilezas que toldam o entendimento clarificador.

 Cada bem que consumimos, resulta de uma cascata de operações que consomem energia e, ninguém quer perder seus símbolos de estatuto social da burguesia e, nem a China nem a Índia, países emergentes, estão determinados a quebrar suas barreiras de desenvolvimento. Não querem mais andar a pé ou de bicicleta, formas conotadas com a generalizada pobreza. Cada qual quer ter o seu automóvel e, só na China, será mais de mil milhões de pessoas a querer ter o seu próprio carro! 

 Os Chineses que só começaram a produzir automóveis em 2002, não estarão pela certa, dispostos a quebrar o seu crescimento económico e, é legítimo suscitar a vontade de fazer compras, ter televisão, geladeira e outros apetrechos que geram procura, que requerem fábricas, matéria-prima, uma actividade económica que necessita de energia, duas faces da mesma moeda. Deste modo, o planeta pode tornar-se em muito curto prazo inabitável para grande parte da população mundial actualmente existente. Estamos mesmo a caminhar para o apocalipse bíblico! Viver nesta mentira não é viver isento mas sim fugir dela, e é isso que todos nós estamos fazendo!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:47
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Sexta-feira, 1 de Maio de 2015
KANIMAMBO . LX

REGRAS DE VIDA - A liberdade de sermos saudaveis ou morrer atascados em adstringentes, comprimidos e drogas várias – 3ª de 5 partes

Por

Adelino Vieira.jpg ADELINO VIEIRA

ADEL3.jpg(...) O médico, depois de o observar disse: não é nada de grave mas para evitar qualquer problema inesperado, prescreveu Tapsindin Plus, para tomar durante o dia e Sanigripylina com Efedrina para tomar à noite. Verificou também, que o Alfredo estava com uma pequena taquicardia, por isso, receitou Atenolol-40 e um antibiótico, 1000 mg de Tramoxicylina de 6 em 6 horas durante 10 dias. Apareceram também vestigios de fungos e herpes, e ele receitou Flukonolynedina com Fodivirax-+.

ADEL1.jpgPara piorar a situação, o Alfredo, como não tinha nada que fazer começou a ler todos os folhetos dos medicamentos que tomava, e assim ficou a saber de todas as contra-indicações, advertências, precauções, reações adversas, efeitos colaterais e interacções médicas de tudo o que estava a tomar. Leu coisas terríveis. Não só poderia morrer, como poderia ter também arritmias ventriculares, sangramento anormal, náuseas, hipertensão, insuficiência renal, paralisia, cólicas abdominais, alterações do estado mental e um monte de coisas terríveis.

ADEL2.jpgCom medo de morrer, chamou novamente o médico, que prontamente lhe disse para não se preocupar com essas coisas, porque os laboratórios só escreviam essas coisas nos folhetos para se isentar de qualquer culpa. Calma, Sr., Alfredo não fique aflito, disse o médico, enquanto prescrevia uma nova receita com um anti-depressivo Sertralina com Rivotrilim 100 mg. E como o Alfredo estava com dores nas articulações receitou também, Diclofenac-Parak Com este tipo de vida, e sempre que o amigo Alfredo recebia a sua reforma mensal, ia directo à farmácia, onde, por mérito próprio já tinha sido eleito cliente VIP.

(Continua...)

KANIMAMBO: Obrigado (Moçambique); um estado de vida; como Deus quer.

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:43
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