REGRAS DE VIDA - Garrafas Descartáveis - A liberdade de sermos saudáveis ou morrer por coisas impensáveis…
Por
HELDER NEVES
Pense Antes de Reutilizar Garrafas de plástica Descartáveis
Todos nós usamos garrafas de plástico de vez em quando, e até quando não queremos. Elas estão simplesmente em toda parte – nos supermercados, nas lanchonetes, em eventos e até mesmo na nossa cozinha. Muitas vezes, usamos as mesmas garrafas de novo e mais uma vez em vez de jogá-las na lixeira, pensando que reutilizá-las é uma atitude que beneficia o meio ambiente. A pergunta é: Será que estamos arriscando a nossa saúde ao reutilizarmos a garrafa plástica de água? Verifica-se que, em certos casos, a resposta é sim. Há 3 coisas que você precisa saber antes de encher a garrafa plástica de água novamente:
1 - As bactérias podem reproduzir-se em uma garrafa de água.
Embora a utilização temporária de uma garrafa de água (como os fabricantes declaram que deve ser) não irá prejudicá-lo, você está se arriscando ao encher novamente a garrafa com água para continuar a utilizá-la. Estudos têm demonstrado que o uso prolongado da mesma garrafa de plástico faz com que ela apresente rachaduras e pequenas fissuras, e é nesses locais que as bactérias se alojam e se reproduzem, tal como acontece com a sua tábua de cozinha. Assim como você deve limpar completamente sua tábua de cozinha após cada uso, se você está pensando em encher sua garrafa de plástico para reusá-la, deve limpá-la muito bem, lavando-a com água morna e detergente. Naturalmente, esta limpeza provavelmente irá provocar mais danos à garrafa. Lembre-se, elas não foram feitas para serem reutilizadas, portanto, não foram feitas para resistir aos vários materiais de limpeza.
Também é importante lembrar que as bactérias na garrafa de água podem surgir através da sua boca. Então se você não enxaguar a garrafa, ela irá alojar muitas bactérias que vivem na boca, transformando sua água em uma placa de Petri real. Um estudo realizado na Universidade de Calgary (Canadá) descobriu que garrafas de água usadas por crianças em idade escolar, além de não estarem limpas, continham uma quantidade muito maior de bactérias do que deveria haver na água potável. Uma das causas disso é que as garrafas estavam armazenadas em temperatura ambiente na maior parte do dia, que é a temperatura ideal para as bactérias crescerem e se multiplicarem. Colocar a garrafa na geladeira ou no freezer irá diminuir drasticamente o número de bactérias.
Mesmo as garrafas de plástico que são reutilizáveis necessitam ser lavadas com água morna e sabão, porque elas também podem acumular arranhões e bactérias, mesmo que seja em menor quantidade do que as garrafas descartáveis. Como regra geral, todas as garrafas de plástico são difíceis de limpar sem sofrerem danos. Se você usar garrafas de plástico mais de uma vez – lave-as frequentemente. É melhor utilizar garrafas plásticas próprias para serem utilizadas novamente.
2 - Limpar as garrafas pode causar vazamento de substâncias químicas
Você vai notar que só recomendamos usar água morna para lavar as garrafas, com uma forte ênfase na palavra morna. O uso de água muito quente para limpar a garrafa (talvez pensando em esterilizá-la), é uma má ideia, especialmente se você estiver usando embalagens de utilização única. Especialistas acreditam que lavar garrafas descartáveis com água quente ou na máquina de lavar louça é uma receita para o desastre, porque o plástico que eles usam para fazer essas garrafas não é feito para suportar esse calor. Quando ele aquece, há uma alta possibilidade de que produtos químicos perigosos possam vazar do plástico para o líquido dentro da garrafa. Garrafas de plásticos reutilizáveis são feitas de plástico resistente, supostamente capazes de suportar temperaturas mais altas sem haver problemas. No entanto, não há nenhuma maneira segura de remover completamente todos os perigos de utilização de um produto de plástico por um longo período de tempo. A melhor protecção contra vazamentos químicos é beber sua água em garrafas de vidro ou aço inoxidável. Mesmo assim, você vai precisar lavar e secá-las correctamente. Caso contrário, eles também vão ficar infestados de bactérias.
3 - A maior parte das bactérias nas garrafas são encontradas em torno do gargalo e no bocal.
As bactérias são encontradas principalmente perto da abertura da garrafa porque a nossa própria boca contém bactérias, e também por causa da forma como a tampa é enroscada nela, criando um lugar perfeito para bactérias prosperarem. Em um estudo recente, os participantes foram instruídos a beber da mesma garrafa por uma semana sem lavá-la. No final da semana, uma pequena amostra foi feita a partir da abertura do frasco. O que eles descobriram foi desconcertante, para dizer o mínimo. As bactérias encontradas eram do mesmo tipo que causam intoxicação alimentar, e em grandes quantidades. Se os participantes do estudo tivessem continuado a beber da mesma garrafa, provavelmente teriam desenvolvido sintomas de náuseas, diarreia e até mesmo vómitos. A única maneira de prevenir o surgimento desse tipo de bactérias em nossas garrafas é lavá-las correctamente. Com as descartáveis, no entanto, recomendamos usá-las apenas uma vez e descartá-las.
Em qualquer caso, a tampa de sua garrafa vai sempre conter algumas bactérias, pois suas mãos também tocam nela. Tente beber água da garrafa sem tocá-la com os lábios, deixando o fluxo de água ir directamente para a sua boca (cuidando para não se engasgar, é claro). Garrafas reutilizáveis de aço inoxidável são melhores do que as de plástico.
Qual é a conclusão?
Como mencionado, evite o uso de garrafas de utilização única mais de uma vez. Jogue-as na lixeira ou recicle-as, transformando-as em outros objectos. Até mesmo garrafas de plástico destinado a ser reutilizadas não são recomendadas e seria melhor usar as de aço inoxidável. Claro que estas devem ser lavadas regularmente com água morna e sabão, assim como qualquer outro utensílio de cozinha. Por favor, compartilhe esta informação com tantas pessoas quanto possível. É muito saudável beber bastante água, mas quando ela está cheia de bactérias, pode causar mais danos do que benefícios.
KANIMAMBO: Obrigado (Moçambique); um estado de vida; como Deus quer.
As escolhas do Soba T´Chingange
ANGOLA DAS CINZAS – LEMBRANÇAS RETROACTIVAS - O escuro das nossas vidas era mesmo só a noite, sem cores repentinas…4
Por
No repouso sagrado das almas, relembro que nós, eu e ele, o Zeca Kafundanga não tinhamos ausências superlativas porque ainda desconhecíamos os métodos de tristeza que a saudade ainda nos iria trazer. O escuro das nossas vidas era mesmo só a noite sem cores repentinas, nem mesmo eram nuvens, só mesmo a brincadeira que fazia o nosso todo no completo com carrinhos de fingir feito com verguinha, restos de obras, rodas com eixos sem semieixos e complicados chassis, tracção às quatro e guarda-lamas; uma verguinha fazia de rodas com larguras de carreiro e, uma outra mais comprida o guiador com espigão a engatar no travessão das rodas, tudo em ferro robusto para durar e com o motor de vruum-vruum saindo do jeito se DKV, se Mercedes, se Fiat, se Chevrolet ou Dodge, volantes de banga e uma pequena mudança de fingir com manete redonda de madeira, berloque de uma velha cama. Os sons de nossos automotores eram mesmo de uma só categoria, bons e duradouros.
Difícil mesmo era fingir o ruido do guincho e correntes quando enterrávamos. De tudo fazíamos brincadeira e, o tempo, nem se dava conta de passar. Entre malta multicolor tudo era galhofa. Sara Chaves, uma cantora nossa vizinha na rua paralela à nossa gargarejava sua voz bonita, eram agudos e graves mais trinados e nós achando graça cantarolávamos também cantigas de só à toa com inventos vocais de merengues e cantigas do chá das seis do Restauração do tal de Luis Montês, empresário de artistas e eventos da Luua.
Por volta de 1957 ou 1958, meu pai Manuel Cabeças, foi para o Lucala em trabalho; estavam a construir uma nova ponte sobre o rio Lucala às ordens do Engenheiro Paiva Neto da Brigada dos caminhos de Ferro do Norte; refiro o nome deste engenheiro porque mais tarde também veio a ser o meu chefe na mesma Brigada da Divisão de Estudos e Construção. Sucede então que Kafundanga já com os seus dezassete ou dezoito anos foi levado por meu pai para trabalhar como cozinheiro; ele tinha a seu cargo fazer a comida para aquela gente que viviam em barracos em forma de acampamento circular, telha de zinco.
Havia nele chinguiços ao redor com arame farpado a impedir invasões de bichos, predadores; havia também umas latas a fazer de archotes que ardiam iluminando de noite o recinto e também com o objectivo de afugentar felinos que por ali se vinham esfregar no óleo derramado. Fiquei nesse então a saber que as ditas bestas, hienas, mabecos e até leões, faziam isto para se livrarem de carrapatos que a eles se agarravam. Soube disto em uma visita que fiz quando de férias, viajando em magirus, uma aventura e tantos por essas picadas de terra, atasca aqui, desvia acolá e, assim durante dois dias pude rever as aventuras de Kafundanga em sua nova actividade; eu, o patrão-menino ali estava recolhendo as farpas das estórias que virão a seguir nos retroactivos de estórias desse então.
Eram tempos em que nós nos entretínhamos com tudo sem espantos arrepiados ou prefácios elaborados. Mas desta feita fiquei a saber que meu pai ficou umas três horas encavalitado numa nhiwa, uma árvore parecida ao longe com o embondeiro e, porque em um certo dia que se afastou do acampamento para recolher um certo cacto próprio para fazer um certo chá, ele se viu acossado por um solitário, uma pacaça ferida e isolada da manada e, que investiu sobre ele! Ficou por ali em cima gesticulando com sua catana até que um companheiro dando por falta do Cabeças, desferiu um tiro de zagalote bem no crânio do corpulento animal. Foi carne desta peça de caça que eu comi e, ainda me lembro do seu forte sabor a ervas.
Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).
(Continua…)
O Soba T´Chingange
A KIZOMBA - Onze Benefícios de que o whisky faz bem à saúde - O concelho de um amigo quase-quase centenário de nome Manuel Rodrigues…
Por
O uísque de Portugal, o whisky da Escócia, o whiskey da Irlanda ou EUA, é uma das bebidas alcoólicas mais populares do mundo, graças ao seu sabor diferente e ao fato de ser a bebida que menos provoca ressaca. Acrescente-se o fato de possuir várias propriedades medicinais, e daqui estar explicado a história de seu sucesso. Benefícios:
1 - Estimula a memória: O uísque contém antioxidantes que ajudam a melhorar a saúde do cérebro. Adicionalmente, o etanol contido no álcool estimula a circulação sanguínea, o que também contribui para o bom funcionamento da memória.
2 - Alivia o estresse: Com moderação, o uísque pode reduzir o estresse e acalmar os nervos. A combinação entre reduzir a atividade cerebral e aumentar a circulação, que fornece ao cérebro sangue oxigenado, é essencial para acalmar-se.
3 - Combate o aumento de peso: Comparado com seus similares, o uísque é uma bebida alcoólica de baixa caloria, sem gordura nem colesterol. Se você está de dieta mas quer saborear um drinque, esta é sua melhor opção.
4 - Reduz o risco de AVC (derrames): O uísque impede o colesterol de acumular-se no sistema cardiovascular e pode auxiliar a remover o excesso de colesterol no organismo. Também relaxa as paredes das artérias, reduzindo o risco de obstrução. Tudo isto contribui para reduzir os riscos de AVC consideravelmente.
5 - Reduz o risco de câncer: O uísque possui um antioxidante chamado “ácido elágico”, uma substância que impede o DNA de entrar em contacto com substâncias cancerígenas.
6 - Auxilia a digestão: - Durante séculos o uísque foi considerado um auxiliar da digestão e consumido após refeições pesadas. A composição do uísque e sua alta percentagem de álcool fazem com que ele seja um inibidor do apetite.
7 - Faz você viver por mais tempo: - Os antioxidantes no uísque ajudam a lutar contra os radicais livres - a causa número um do envelhecimento, além de prevenirem várias doenças. Assim, o seu organismo poderá ter uma vida mais longa e saudável.
8 - Pode ser consumido - moderadamente por diabéticos: - Uma dose de uísque, jamais bebida com o estômago vazio, não fará mal aos diabéticos. Há que cuidar, pois embora a bebida não contenha carboidratos, o seu alto teor alcoólico pode causar hipoglicemia (nível de açúcar no sangue inferior ao índice saudável).
9 - Melhora a saúde do seu coração: - Beber uísque pode, de fato, ajudar o seu coração a manter-se saudável, pois tem efeito similar ao vinho tinto. Reduz o risco de formação de coágulos e, portanto, previne a ocorrência de AVC e ataques cardíacos. Os antioxidantes do uísque também inibem a oxidação de lipoproteína de baixa densidade, um factor importante nas doenças cardíacas.
10 - Melhora a saúde do cérebro: - Uma pesquisa conduzida em 2003 demonstrou que, graças às qualidades antioxidantes do ácido elágico, o consumo moderado de uísque reduz o risco do Mal de Alzheimer e demência, bem como melhora as funções cognitivas. Basicamente uma dose por dia é o suficiente.
11 - Previne e trata de gripes e resfriados: - O uísque é conhecido por seus efeitos positivos em relação a alergias e resfriados. É um eficaz xarope para aquela tosse provocada por uma “coceira na garganta”. O álcool ajuda a matar bactérias na garganta. Melhores resultados são obtidos ao se adicionar um pouco de uísque a uma xícara com água quente e suco de limão.
Maianga: Um bairro antigo de Luanda e, aonde há sempre um mussendo, um missosso para contar.
O Soba T´Chingange
CAFÉ DA NOITE – Nosso mundo VIRTUAL - A realidade cruel rodeia-nos e fazemos de conta que não percebemos!
Por
FONTE: Uma adaptação retirada da NET, um episodio que também pode ser seu! …
Isto já se passou há algum tempo mas é de todo o interesse falar disto, algo que sucede todos os dias connosco! Apressado, entrei no restaurante com alguma fome; escolhi uma mesa afastada da balburdia do movimento, queria aproveitar nos minutos que dispunha naquele dia calorento para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver. Já então planeava a minha caminhada a Santiago de Compostela fazendo o percurso Ponte de Lima a Compostela, coisa que sempre quis fazer há muito tempo; parece ser agora o momento! Há sempre um dia especial para nos acontecer algo mais inusitado. Pedi uma posta de salmão com griséus e arroz, uma salada e um sumo de laranja, fome é fome e regime é só para de vez em quando!
Abri o meu portátil e, apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:- Senhor, não tem umas moedinhas? - Não tenho, menino - Só uma moedinha para comprar um pão- Está bem, eu compro um. Para variar, a minha caixa de entrada estava cheia de e-mails. Fico distraído a ver poesias, as futilidades lindas, rindo as piadas malucas... Ah! Esta música leva-me até a Luua e às boas lembranças de kandengue. (...) - Senhor, peça para colocar margarina e queijo. Percebo, nessa altura, que o menino tinha ficado ali - Ok! Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem? Chega a minha refeição e com ela o sucedido. Faço o pedido do pequeno, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino embora. O peso na consciência, impedem-me de o dizer. Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar!
Que traga o pão e mais uma refeição decente para ele. O nome dele era de kafuneka - foi ele que o disse sentando-se bem há minha frente e perguntando-me: - Senhor o que está fazer? - Estou a ler uns e-mails - O que são e-mails? - São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia que ele não ia entender nada, mas a título de livrar-me de mais questionários): - É como se fosse uma carta, só que é pela Internet - E o senhor tem Internet? - Tenho sim, essencial no mundo de hoje - O que é Internet? - É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas: -notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo neste mundo virtual - E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo, com certeza, que ele pouco ou nada iria entender e assim, deixar-me almoçar, em paz. - Virtual é um local que imaginamos, coisas que não podemos tocar, apanhar, mexer... É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo, quase como queríamos que fosse - Que bom... Gosto disso! – Kafuneka, entendeste o significado da palavra virtual? - Sim, também vivo nesse mundo virtual. - Tens computador?! - Exclamo eu! - Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira... Virtual...
A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo. Eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa; a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo inteiro. O meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos e eu a estudar na escola para vir a ser médico um dia! -Isto é virtual, não é senhor?
Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas (virtuais) caíssem sobre o teclado; não queria que ninguém se apercebesse que se estava a passar aqui algo menos habitual nos comportamentos ditos normais. Esperei que o menino acabasse de, literalmente "devorar" o prato dele. Paguei, e dei-lhe o troco, e ele, Kafuneka, retribuiu-me com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Obrigado senhor, é muito simpático!'. Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!
Do Soba T´Chingange
ANGOLA DAS CINZAS – AFAGANDO LEMBRANÇAS - Zeca Kafundanga, um personagem que ainda só era kandengue …3
Por
Kafundanga vivia em um anexo-suíte com quarto de banho privativo no fundo do quintal da rua José Maria Antunes número vinte e dois. Meu pai Manuel Cabeças decidiu fazer em madeira um puxadinho, assim um prolongamento de duas águas logo a seguir ao tal de suíte em alvenaria, património original do senhorio. O quintal grande tinha mamoeiros, fruta-pinha, goiabas e um grande pau de mandioca brava que cobria o tanque de lavar roupa com sua copa. Junto ao galinheiro coberto a chapa de zinco Manuel Cabeças, meu pai, construiu um forno com argila, cal e tijolo burro e, ao lado um alpendre também coberto a chapa de zinco com uma mesa e bancos corridos. Era neste forno de quintal que minha mãe Arminda, Forreta de alcunha, fazia pato com batata, coisa que só mesmo ela sabia fazer.
Foi neste quintal que Kafundanga, ainda novo, começou a revelar dotes habilidosos de cozinha e entre esfregões, barrelas de sabão macaco com esponjas de pepino (luffa), nos intervalos aprendia como fritar ovos e assim passou em definitivo a ter um tirocínio de estagiário grátis e até gratificante no lar doce lar da Dona Arminda Topeta Forreta, senhora minha mãe.
E, passou a tratar das galinhas do mato (fracas) pombos, indistintos galináceos e até passarada e periquitos, que também por ali estavam em gaiolas distinguidas. Eu, ainda puto de uns talvez quatro anos recordo de o ver muito atarefado fazendo seus remendos à dita capoeira e gaiola; havia por ali uns alheios gatos cobiçando os vistosos periquitos e catatuas.
Aquele quintal era um mundo muito repleto de barulhos desde os primeiríssimos raios de sol e, os cantares misturados eram aconchegantes aos nossos ouvidos. Havia ali celestes, rabos-de-junco, canários, catetes do Icolo, tico-ticos, viuvinhas e outros eteceteras que no correr do tempo Kafundanga apanhava com visgo da mulemba e armadilhas engenhosas em sítios não muito longínquos.
Recordo mais tarde uma poça de água não muito longe do Poço da Maianga, em direcção à Samba e bem perto da casa dos malucos. Naqueles idos tempos de 1949 tudo aquilo por ali era mato! Luanda só chegava mesmo ali ao largo do sinaleiro da Maianga confrontando com a horta do Miguel das Barbas e, com a estação da Cidade Alta e asfalto, malé (não tinha!), só mesmomesmo pó.
Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).
(Continua…)
O Soba T´Chingange
ANGOLA . GERAÇÃO CANGURU – Pirão com carne de caça e bolunga…
Por
Dy - Dionísio de Sousa (Reis Vissapa)
África, é uma bênção e um veneno.
Para todos vós que tiveram o imenso privilegio de verem zanguinhas a voar no nosso único e inigualável céu africano. Um bom Domingo para todos. Dy
Era daqueles dias em que África toma conta de nós, possui-nos com intensidade e deixa uma marca para todo o sempre. Daqueles dias que faziam as minhas maiores delícias e as dos meus amigos também. E falando de amigos daqueles tempos, eram isso mesmo, amigos independentemente da sua condição, cor ou religião. A questão da cor só veio a apoquentar-me muitos anos volvidos. Na minha infância a cor era o azul cerúleo que me cobria, os malmequeres selvagens violeta e branco, as borboletas amarelas, as andorinhas alvinegras, os cardeais vermelhos e as gazelas de cor tostada e caudas brancas. Aos oito anos de idade os meus amigos não tinham cor. Não podia dizer que eram pretos, pois na raça humana essa cor não existe, não eram mulatos ou castanhos pois castanho era para mim o chocolate, e brancos de certeza que não eram, quando muito rosados como os rabos dos bebés, ou aleitados como os que haviam chegado há pouco ao continente africano, os besugos, ou encardidos como eu, que sofrera na pele os rigores do sol da Mapunda. E encardido não significa sujo, muito embora ao fim de um dia de brincadeira no mato se tornasse necessário uma barrela com sabão macaco.
Quanto aos meus amigos eram africanos como eu, uns mais escuros outros menos, e outros rosadinhos como o rabiosque do recém-nascido da Dona Ofélia. E assim chegamos às zanguinhas, aqueles passarinhos delicados de penugem negra sarapintada a bolinhas brancas, que pintavam desenhos no meu céu africano, chilreando contentes músicas que perduram nos meus ouvidos. E quando aos milhares aterravam na erva verde que despontava entre os malmequeres selvagens de folhas recortadas como filigrana, eu e os meus amigos sem cor corríamos para o local onde elas tinham poisado e de mergulho tentávamos apanhar alguma. E essa foi a minha manhã de glória, eu, o candengue mais novo da canalha alvoraçada.
Atirei-me e senti o seu corpo delicado nas minhas mãos, estrebuchando de temor. – Apanhei, apanhei. Gritou o Marimbondo alvoraçado erguendo a mão com um animal cilíndrico da cor do Alforreca que tivera menos sucesso. Era um camaleão de orelhas acastanhado. Quando reparou no bicho feioso o Marimbondo não foi de modas e atirou com o animal para a mulola do Índia. Foi a minha manhã de glória quando abri as mãos e lá estava ela. Branquinha como a cal e as pintinhas pretas glorificando-lhe a penugem. – Uma zanguinha branca. - Gritaram em uníssono os meus amigos de todas as cores. – O rato-cego apanhou uma zanguinha branca, que linda que é, nunca tinha visto nenhuma. – Exultou o Humberto o mais velho da quadrilha. – Mas é minha. – Afirmei temeroso que ma surripiassem. – E era, e levei-a para casa colocando-a numa gaiola feita de bimba de caniço, com uma latinha vazia de sardinha e repleta de massango e outra vazia de atum cheia de água fresca.
E, fiquei ali a olhar para ela no degredo com as missanguinhas negras do olhar a fitarem-me tristes. E fiquei triste perante o seu olhar suplicante de liberdade e mais triste por ela não ligar peva à comida que lhe oferecera em troca da clausura. Dormi mal e pela madrugada fui vê-la e lá estava ela, triste com o seu destino. Um bando de zanguinhas ornava o céu matutino num voar onírico. Soltei-a e vi-a partir no meu céu azul juntando-se ao bando e chilreando de alegria.
Há um dia que sofro o mesmo destino da zanguinha branca. Sou preso por ser encardido, ou cor-de-rosa; sou apelidado de tudo e mais alguma. Alguns termos desconhecia, como colonialista, caputo, ladrão, branco de merda, etc, etc. Um dos meus amigos sem cor vem em meu socorro e liberta-me, e então eu voo galgando o meu céu em direcção a um céu que nunca foi meu, e voo alto em direcção a Deus, agradecendo-lhe essa enorme dádiva de ser vivo e livre. Lembro-me então da zanguinha branca e do enorme pecado de a querer enclausurar e por muito estranho que isso vos pareça sinto-me bem, em paz com a cor, voando os meus sonhos inglórios. Despertei m sobressalto! Era mesmo só um sonho.
As opções do oba T´Chingange
DIAS GREGOS – PARA AGITAR AS MENTES ESQUECIDAS
As escolhas do Kimbo
Fonte: Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares
GREGOS - Grandes amigos nossos!!!
Eu já não me lembrava deste facto. Se cheguei a dar por ele, há muito o tinha esquecido. Pesados os factos que vão chegando ao meu conhecimento, a conclusão a que chego agora, o meu sentimento de solidariedade está no mínimo abalado. E, sendo assim, os Gregos colectivamente falando, não são flores que se cheirem! O nosso mundo é, na realidade muito imperfeito e, senão vejamos: Em 1985 quando a Grécia exigiu mais dinheiro para aceitar Portugal na CEE foi assim: - Portugal e Espanha negociavam em Bruxelas a adesão à CEE, mas na altura contavam com um opositor de peso: a Grécia. Os Ibéricos entravam se os gregos recebessem mais fundos!
A manchete do Diário de Lisboa a 28 de Março de 1985 era clara: o acordo estava por um fio “Gregos mantêm veto contra alargamento”. Era esta a manchete do Diário de Lisboa a 28 de Março de 1985, quando Portugal e Espanha discutiam em Bruxelas a entrada na Comunidade Económica Europeia (CEE), antecessora da União Europeia. Era a Europa dos 10, antes de se tornar o clube dos 12 em 1986. Convencer os gregos, contudo, não foi fácil: O então primeiro-ministro, Andreas Papandreou, exigia mais fundos europeus para a Grécia, como moeda de troca para aceitar o alargamento (chantagem).
O processo de adesão de Portugal e Espanha estava há muito encima da mesa, mas os gregos levantaram, desde o início, várias objecções, sobretudo em relação às dificuldades de competitividade económica que iriam enfrentar caso Portugal e Espanha entrassem na Comunidade. Em finais de Março, as negociações continuavam difíceis: “A Grécia entende que a sua economia não poderá fazer face ao alargamento da Comunidade sem receber os subsídios propostos pela Comissão e não aprovados para desenvolver as regiões agrícolas mais atrasadas”, escreveu o Diário de Lisboa na altura.
Um dia mais tarde, a 29 de Março, as principais divergências eram sanadas e o acordo celebrado com “tostas e vinho espanhol”. O ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Giulio Andreotti, que liderou as negociações, foi recebido com cânticos pelos jornalistas espanhóis quando entrou na sala para revelar a boa-nova:“-Tenho o prazer de vos anunciar que agora temos uma Europa dos ”Doze'”, disse Andreotti na conferência de imprensa, ladeado pelo seu homólogo espanhol, Fernando Môran, e pelo ministro das Finanças português, Ernâni Lopes.
O ministro português viria, depois, a afirmar que Portugal tinha conseguido “resultados de primeira grandeza que nos permitem encarar melhor o futuro da economia portuguesa a médio-prazo”. O “preço” que os gregos exigiram para não avançarem com o veto, uma decisão anunciada desde a cimeira de Dublin em 1984, seria conhecido na edição seguinte do jornal. “Preço do veto grego fixado esta tarde” era o título da manchete do Diário de Lisboa. O jornal explicava que a “Grécia fez depender a retirada do seu anunciado veto do aumento da ajuda às suas regiões mais desfavorecidas através dos PIM [Programas Integrados do Mediterrâneo]”. Na prática, os gregos exigiram como contrapartida para aceitar a entrada de Portugal e de Espanha na CEE “um auxílio adicional no quadro das verbas para os PIM: dois mil milhões de dólares (cerca de 350 milhões de euros). Qualquer coisa como 1.750 milhões de euros, foi o preço do “SIM” da Grécia. Isto convém não esquecer!…
Muxoxo: é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de desdém ou contrariedade.
As escolhas do Soba T´Chungange
ANGOLA NA DIÁSPORA – NO ENTRETANTO DAS FALAS - Zeca Kafundanga, um personagem personalizado por mim…2
Por
T´CHINGANGE
Esta estória sem história, têm forçosamente um aleatório desenvolvimento no tempo, sem a preocupação de situar a cronologia nos anos e alvoroços dos humanos para não criar mofo nos conscientes sublinhados dos gestos ou rasgos, porque o tempo por vezes adultera o que em um outro tempo parecia ser mais excepcional ou mais essencial. Em um destes dias um amigo digital, conhecido nas redes sociais, pressionou-me para fazer parte da administração do grupo Kizomba. Eu acedi e tornei-o soba estagiário muito longe de saber que ele era mais chato que a potassa!
Vai dai, com a liberdade por inteiro, ele NA começa a enviar espermatozóides voadores, mutantes do bom senso e também dos conceitos generalizados do resto da malta; Eles e elas iam achando graça mas, sempre lhes parecia um despropósito surgir no meio de literatura trabalhada aqueles estrupícios de ralé ou de nenhuma finura. Seguindo meus guiões, fui-lhe mansamente dizendo que aqueles despropósitos não eram satisfatórios; que não era o lugar certo para meter espantalhos e coisas com terminação em orvalhos e alhos com coisos e um sem fim de coisas desajeitadas.
O certo é que a coisa complicou-se a ponto de maltratar os membros activos tratando este e aquele por hienas; Eu, entre periclitantes e clicados gostos ia adiando tomar qualquer decisão provocando-nos fissuras e imperceptíveis agruras. Por três vezes ele NA disse que ia sair do grupo mas continuava e, tão-somente bastava que ele saísse de modo próprio sem a minha intervenção! Há quarta vez, foi mesmo de vez e por sua própria e legitimada vontade,... escafedeu-se! É aqui que entra meu amigo mais-Velho Kafundanga que após uma visita minha a sua casa no lugar de Perna Seca. Ele, muito cheio de sabedoria me disse tal e qual e peremptoriamente: - Caga nisso que tudo passa! Fiquei muito admirado deste seu dizer entre outras marafadas e algaraviadas que nem me atrevo a dizê-las aqui a vós e, tudo ficou por aqui. Claro que notei o quanto kafundnga camundongo, estava assimilando as baixarias no linguajar local como se fossem virgulas no contexto.
Para surpresa minha recebi uma mensagem no meu celular, telemóvel, com o seguinte teor: Tirei informações sobre ti! (referia-se a mim) – Tu não prestas! És um animal falso! Do Nuno Alhinho (fim de citação). Não respondi, não liguei e, eis que surge logo em seguida uma outra provocação inusitada, mostrando um espermatozóide voador e mutante dizendo ser uma sua lunática forma de mostrar seus resquícios através deste seu primeiríssimo ADN. Ri-me muito, não respondi e, indo eu de novo ao sítio de Perna Seca falar com meu camba consultor Kafundanga de 75 anos e já um pouco algraviado, este, creio que sapientemente disse: -Patrão menino, às vezes é mesmo melhor sermos só silêncios para não acantonarmos! Boa! Disse assim mesmo... Falou ainda mais: - Que nem sempre somos caminhos ou fiotes (atalhos) dos outros!
Menino patrão, lembra só da estória dos cágado e da lebre? Ele falou que sim, era assim mas, eu francamente desconsegui lembrar essa coisa de que, por tão esquecida ficou lá no seu sossego descansada e, continuou: - Esse gajo, só assim num repentemente quer matar tua alma! Não deixes ficar essa porcaria no teu coração! Neste entretanto com Zeca Kafundanga, umas sagres frias e uma caracolada de via Marrocos, até nos esquecemos de falar da nossa Luua. Ficou assim, só prometido, que amanhã (um outro dia) falaríamos das garinas santas e sem asas, das suas fosforescências de Louva-a-Deus especiais dum lugar chamado de Korimba lá da Luua! A conversa ficou mesmo por aqui, cada um tinha suas obrigações e ficamos assim mesmo num nada sem fim.
Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).
(Continua…)
O Soba T´Chingange
TEMPO CINZENTO . No ano 2015 da era Cristã ... Petição Pública
As escolhas de T´Chingange
Por: TERESA SEMEDO - Advogada - Av.ª Mouzinho de Albuquerque, nº 155 sala 7- 4490- 409 PÓVOA DE VARZIM - Escritório: (+351) 252 614 744
REFORMAS POR TEMPO DE SERVIÇO - PORTUGAL tem que ser agora - É importante
Se hoje todos nós temos que trabalhar 35 anos para conquistar a reforma, eles, os Deputados, também podem fazer por merecer... Vamos acreditar que é possível mudar este país. Depende de nós começarmos este movimento, ou então achar que não vale a pena e ficarmos apenas reclamando.
PEC de iniciativa popular: -Lei de Reforma da Assembleia (proposta de emenda à Constituição)
1 - O deputado será assalariado somente durante o mandato. Não haverá 'reforma pelo tempo de deputado', mas contará o prazo de mandato exercido para agregar ao seu tempo de serviço junto ao INSS referente ao seu trabalho como cidadão normal.
2 - A Assembleia (deputados e funcionários) contribui para o INSS. Toda a contribuição (passada, presente e futura) para o fundo actual de reforma da Assembleia passará para o regime do INSS imediatamente. Os senhores deputados participarão dos benefícios dentro do regime do INSS, exactamente como todos outros portugueses. O fundo de reforma não pode ser usado para qualquer outra finalidade.
3 - Os senhores deputados e assessores devem pagar os seus planos de reforma, assim como todos os outros portugueses.
4 - Aos deputados fica vedado aumentar os seus próprios salários e gratificações fora dos padrões do crescimento de salários da população em geral, no mesmo período.
5 - Os deputados e seus agregados perdem os seus actuais seguros de saúde, pagos pelos contribuintes, e passam a participar do mesmo sistema de saúde do povo português.
6 - A Assembleia deve igualmente cumprir todas as leis que impõe ao povo português, sem qualquer imunidade que não aquela referente à total liberdade de expressão quando na tribuna da Assembleia.
7 - Exercer um mandato na Assembleia é uma honra, um privilégio e uma responsabilidade, não uma carreira. Os deputados não devem "servir" mais de duas legislaturas consecutivas.
8 - É vedada a actividade de lobista ou de 'consultor' quando o objecto tiver qualquer laço com a causa pública. "
Temos de fazer chegar esta mensagem; usem « www.peticaopublica.com ».
PEC - Proposta de Emenda Constitucional – PARECE QUE SÓ ASSIM PODEMOS CONSERTAR A ASSEMBLEIA E OS PARTIDOS - mantenha esta mensagem CIRCULANDO para que possamos ajudar a reformar Portugal. FAÇA COMO EU. Reclame em www.peticaopublica.com
O Soba T´Chingange
ANGOLA – FALAS DE LUANDA DO ANTIGAMENTE... Zeca Kafundanga, um personagem personalizado por mim…
Por
Zeca Kafundanga é um personagem personalizado por mim e porque a necessidade faz o engenho, recordo que ainda eu não era nascido e Kafundanga já por ali calcorreava os quintais da Maianga furtando pitanga, goiabas, gajajas e maçãs da Índia dando berridas aos cães alheios que sempre apareciam a perturbar Sputnik seu fiel amigo, o cachorro doméstico da família Monteiro Cabeças. Kafundanga veio ainda pivete kandengue das terras de Cassoalála. Ele, Kafundanga, nascido em 1940, tem agora seus 75 anos, mais cinco do que eu e, nunca disse pois-pois, ou talvez. Já muito Kota fala comigo do mesmo jeito dos tempos de caprandando, dizendo sempre sim patrão, arranhando seu sofisticado linguajar e, tratando-me sempre por menino.
Já lá vão muitos anos mas lembro de como se fosse hoje ele falando só por falar-me avisando dos perigos de meus muitos namoros de quando nesse tempo de vida florida com as garinas da Vila Alice, da Vila Clotilde e Bairro do café. Menino, tem cuidado com tuas namoradas, não escostas muito senão vais mesmo fazer os alambamento, catravêz óspois ela vai inchar e tu, vais ter de cuidar. Mas que raio sabia ele disso! Ele era sempre assim, muito cuidadoso com seu menino, quase-quase mano gweta. Como já disse ele, Kafundanga tinha chegado ali mais seu cachorro Sputnik muito de tenra idade; dois rafeiros no dizer de gente maleducada, vizinhos mesmo, nesse tempo em que o preconceito ainda não era inventado.
Kafundanga cresceu, tornou-se um cozinheiro cinco estrelas de finura e para além do funje das mandioca de Kifangondo, ele, de categoria, fazia lagosta suada, lagosta constipada, lagosta transpirada, cacusso no espeto, besugo na prancha, garoupa no forno, caldeirada de tamboril com rama de batata-doce mais esparregado de jimboa com flor e rama de abobora com ovo escalafrado. Quando novo tinha um andar enérgico bamboleante e de cabeça erguida mas, agora já kota Mais-Velho, quando relembra nossas meninices de kandengues, subitamente fica muito triste.
Acho que tenho de me culpar a mim próprio por ter criado este personagem e espero que nos vindouros desrespeitos não o desconsidere; não tenho intenção de o negligenciar em capítulo algum mas terei de criar um edílico cenário em que resolva os mambos com equilibradas conveniências. Esta é ma estória que vai começar assim do nada tendo-me como o dono das falas em um primeiríssimo tempo que já o não é, porque nada imutável. Também posso alterar o rumo da estória por sugestão de um leitor ou leitora que se enfronhe no assunto, pois, assim tal-e-qual como uma telenovela.
Kafundanga foi aprender letras e números na escola José Anchieta antes de mim; a escola ficava entre o Restauração e o Hospital Maria Pia da Luua. Por detrás destes espaços ficava o parque Heróis de Chaves, um jardim feito em homenagem aos que honestamente lutaram na defesa dos princípios de uma sociedade livre e feliz. Um jardim com nome do M´Puto que nada nos dizia; só íamos mesmo lá catrapiscar, capiangar uns figos da índia, umas árvores de sombra frondosa. E, sabem que mais! Tenho saudades de Kafundanga, coisa muito periclitante porque não é possível ter-se saudades de pessoa que nunca existiu! Verdade mesmo, cadavez se torna mais impossível matar esta ausência e, dela vou continuar este fadário salutar.
Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).
(Continua…)
O Soba T´Chingange
O CHOQUE DO PRESENTE – O Estado ainda não se tornou bandido, mas está a fazer os possíveis para lá chegar…
As escolhas do Kimbo
Por
FRANCISCO MOITA FLORES - é um escritor, investigador, antigo inspector da Polícia Judiciária e antigo Presidente da Câmara Municipal de Santarém; Professor Universitário (Wikipédia)
Durante séculos, a corrupção seguiu o caminho clássico. Quem precisava de um bem público aliciava o decisor ou o agilizador do processo de negócio e, caso tivesse êxito, pagava por baixo da mesa a comissãozinha da ordem ao funcionário ou ao agente que resolvia o caso. Valia tudo! Desde a galinha e do borreguinho, às garrafinhas de vinho e à notita de cinco contos. Hoje vale mais. Essa corrupção dos simples nunca terminou; juntaram-se-lhe outras formas sofisticadas e mais danosas para o património comum porém, a regra é a mesma! Compras submarinos por X e levas para estes milhões. Vendes o aeroporto por Y e dou-te estes milhões numa conta escondida.
No entanto, há cerca de trinta anos houve uma alteração radical deste fenómeno. A Itália foi o país que o revelou ao mundo e, a partir de então, nunca mais deixou de se desenvolver. O corruptor passivo (aquele que recebe as massas) entrou na espiral da ambição e danificação dos bens à sua guarda ou governação e criou as condições para que os corruptores activos (aqueles que pagam) trabalhem com um só objectivo: delapidar em verdadeiras parcerias público-privadas criminosas os bens e as riquezas geradas pelos países e pelos Estados.
Aquilo que se está a passar no Brasil, e de que a comunicação social portuguesa apenas mostra um ou outro lampejo, é o exemplo mais vivo e mais violento desta carnificina impiedosa. A Operação Lava-Jato atinge todos os órgãos se soberania, percebe-se como os vários poderes, legislativo, executivo e judicial foram corrompidos nos lugares estratégicos da decisão para subverter a ordem do Estado, a legalidade e a obrigação de serviço público; Já não é o velho truque das negociatas com escritórios de advogados que fazem a moscambilha do negócio a favor do Estado e, no mesmo escritório, representando a outra parte.
Isso é a banalidade em qualquer país europeu e, Portugal não foge à regra! É o poder constitucionalmente eleito e empossado que está a ser encaminhado para a cadeia. Ministros, deputados, juízes, nada escapa à imensa rede de podridão que está a deixar o Brasil em choque. E nós? Perguntarão os leitores. Bom, nós ainda não chegámos a este ponto de degradação. O Estado ainda não se tornou o verdadeiro bandido, mas reconheço que está a fazer os possíveis para lá chegar.
Muxoxo: é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de desdém ou contrariedade…
As opções do Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO . Com café, benzo-me na crença de ocultadas caricias, empurrando-me nas poeiras translapidadas!…
Malamba é a palavra
Por
T´CHINGANGE - Nasceu em águas internacionais num vapor chamado Niassa. É cidadão do mundo, Angolano na diáspora - Mazombo por condição; anda pelo Mundo à procura de si mesmo! Tem cédula de Brasileiro, B. Identidade do M´Puto. Anda às arrecuas para fugir à regra, um paradigma, só dele.T´Chingange
Li ontem em umas Selecções antigas do Readers Digest que uma chávena de café faz bem ao coração. A ideia de que o café é prejudicial para o coração é recorrente. Vários estudos ao longo de vinte anos descobriram que beber regularmente café muito forte, aumenta os níveis de colesterol. O método de infusão europeia - deitar água fervida sobre as borras de café durante vários minutos e antes de passar pelo coador, produz elevadas concentrações de químicos gordos. Noticias mais recentes de apreciadores juízes na matéria, mais informados, afirmam outras novas opiniões que eu aceito porque são notícias do meu agrado, boas.
Os novos métodos de percolar, filtrar o café (Passar um líquido através de interstícios de uma substância porosa ou pulverizada, para o filtrar ou para com ele extrair componentes solúveis dessa substância), removem uma pequena porção daqueles químicos gordos o que leva a dizer-se que a ingestão regular sem exageros de café, não aumenta perigosamente a tensão arterial. Apraz-me registar isto porque é das minhas bebidas preferidas e, pelo facto de estes estudos não conseguirem fundamentar os receios de que o café possa desencadear ritmos cardíacos com arritmias anormais em indivíduos saudáveis. No ponto!
Deste modo, podemos agora desviar do nosso sentido essa elação de que café e coração são incompatíveis; que até pode ajudar na doença de Parkinson porque a cafeina parece proteger as células do cérebro fazendo esgotar a dopamina química nervosa. O conceito de que faz mal ao pâncreas é falso; os paradigmas sobre o uso do café estão-se esbatendo à medida que as pesquizas aumentam suas descobertas; nem tão pouco tem influência adversa no risco do cancro do colem como se pensava. O café além de reforçar nossa resistência física, é um estimulante que aumenta o nosso estado de alerta e melhora nossa disposição.
Dito isto, posso dizer que me é grato beber duas chávenas de café por dia e assim, obter a exacta dose de excitação para quando bem me apeteça. Aos poucos e por obra minha, torno-me dono de longas circunstâncias sem fazer conta dos longos anseios e respirando os brilhantes ziguezagues da vida, hospedando-me claro, em ideias boas! E, porque também desejo isso para si, meu, ou minha amiga, benzo-me na crença de ocultadas caricias, empurrando-me nas poeiras translapidadas, administrando somente um gesto de agrado sem a inimizade de Deus. Assim penso, porque ele Deus, tem mesmo mais que fazer.
O Soba T´Chingange
TEMPOS CINZENTOS - Uma conversa pequena de uns pedaços de hoje e ontem, subornando o destino…
Por
Vizinhando as existências, os dias passando sem negar os valores da tradição, da dignidade, revejo os laços da amizade retirando aos segredos das coisas válidas as incertezas fúteis que me obrigam a urgentes adiamentos. Não sei se o amanhã mudará este meu pensar mas, tenho a certeza que estou aprendendo a torturar as minhas balizas utópicas! Nas misturadas incongruências e, com o fogo a ficar frio, revejo-me em que não é no deslize duma breve lágrima que fujo aos terrores dos muros, das fronteiras. Não! Não posso ser facilista no derrame de meus choros! Caem os símbolos, os mata-bichos, as estranhezas das redondezas de meus sonhamentos sem amor presente, presenteado!
Soltei-me às fúrias sentindo amolecidos azedos retorcidos ou encarquilhados num muro já destruído há trita e seis anos atrás; uma zanga infinita que surge ora na Hungria ora na Bulgária, picando o chão fundo sem tirar rendimento dos vagares nas traseiras do mundo. Na confusão espalhada de medos, sobem os muros, botam arame farpado; há os que querem, os que esperam, os que desesperam, os rouba galinhas, pega fogo naquilo dos outros, maldades vigentes cheirando o cano, espingarda de morte, perfume de sangue! Outra vez!
Nos tempos idos em que eu mesmo aperfeiçoei meus ouvidos na mata do Maiombe, escondendo a cara, adjunto só-olhos coadjuvado por nem sei quem, também matei, bravas missões nas aperfeiçoadas malvadezes de vira barril de kimbombo, punindo os amores enfraquecidos duma guerra que nem fiz, que nem quis, que nem miragem de sono trocado sem um sequer ou coisa assim, nem espera que vai ser, talvez no pode ser acumulando em turnos, sargento de dia, do polícia, do gatuno, do pilha galinhas, de novo! Da braçadeira espalhando castigos orgulhecidos por nossos chefes, mais os vindouros e muitos adjuntos, todos juntos! Eram só tempos de capinar terrenos! Eram tempos em que os carreiros se chamavam fiotes! Mais muros!?
Ilustrações de: Costa Araujo - Carlos Teixeira - Aires Fumega
O Soba T´Chingange
TEMPOS CINZNTOS – A felicidade… Cada qual vive a vida, mas não é dono dela, exactamente porque ela não tem preço…
Por
Eu penso que cada um de nós pensa, goza e tira proveito da felicidade, de acordo com o modo e a ambição de ser feliz. Hoje, ao passar junto de uma tabacaria e venda de jornais em Coimbra vi uma fila de pessoas à espera de vez para registarem o boletim do euro milhões. Fiquei a pensar, quantas delas mantinham o sonho de serem premiadas, talvez com um desfecho que lhes permitisse alcançar a felicidade ambicionada, através da concretização de projectos que só poderiam levar a efeito se de facto os números escolhidos correspondessem aos que haveriam de aparecer depois de a roda ditar os números.
Será que a felicidade se mede pelo número de milhões de euros que se podem ganhar? Claro que eles ajudam muito, garantem possibilidades que de outro modo seriam difíceis de alcançar, mas será que a felicidade é isso? Hoje, ao olhar para o passado, de acordo com as ambições que tive, penso que fui sempre feliz e só tenho a agradecer à Providencia Divina a sorte que sempre tive na vida. Claro que me surgiram os chamados acidentes de percurso, a morte de familiares, mas fora isso, o que não é pouco, eu sempre consegui vencer as batalhas com que deparei na vida.
Ainda agora, ao olhar o momento em que entreguei a chave da porta da minha casa à minha vizinha, sinto uma mistura de saudade e felicidade. Aquele momento, o movimento daquela entrega, foi um encerrar de um ciclo de intensa felicidade, para começar outro em que teria de compreender e aprender a continuar a ser feliz, fazendo feliz todos os que me rodeiam. Foi isso que consegui alcançar, porque acertei nos números da felicidade, da saúde, e por ultimo, no dinheiro necessário para garantir estes bens primários.
Como em tudo na vida, os excessos em nada garantem e, até podem ser comprometedores. Não foi a Natureza que criou o dinheiro, por conseguinte a dádiva que recebemos dela, não tem preço. Se assim fosse, os ricos em dinheiro, teriam sempre saúde e felicidade, e os outros viveriam sempre na amargura, na doença e na infelicidade. Em ambos os casos, separando-nos do dinheiro, encontraremos situações semelhantes. Cada qual vive a vida, mas não é dono dela, exactamente porque não tem preço, do mesmo modo que a saúde não tem e a felicidade ainda menos. Mas jogar no euro milhões e acertar, ajuda muito e, isso apraz-me registar...
As opções do Soba T´Chingange
CINZAS NO TEMPO - Primeiro-ministro, Alexis Tsipras, avisou que escolha seria entre o acordo com os credores e a bancarrota e a saída do euro.
As escolhas de Kimbolagoa
O Parlamento grego aprovou esta quarta-feira à noite o acordo com a zona euro para um terceiro plano de resgate, com 229 votos a favor, 64 contra e seis abstenções.
Fonte: Renascença
O programa com mais medidas de austeridade e reformas polémicas em vários sectores recebeu "luz verde" dos deputados após várias horas de intenso debate. Entre os deputados que votaram contra está o antigo ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, que esta quarta-feira comparou o acordo a um "novo Tratado de Versalhes". O ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, e a presidente do Parlamento, Zoe Konstantopoulou, também rejeitaram o entendimento. Um total de 39 deputados do Syriza e dos Gregos Independentes, os partidos da coligação no poder, rejeitaram o acordo com as instituições internacionais, avança a comunicação social grega.
À saída do Parlamento, o ministro da Energia disse aos jornalistas que continua a apoiar o Governo, apesar do voto contra, e não defende a realização de eleições antecipadas. Panagiotis Lafazanis admite colocar o lugar à disposição, se for essa a vontade do primeiro-ministro. Tsipras não se demite. Remodelação pode avançar. O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, considera que tem condições para continuar no cargo apesar da contestação interna, avança fonte oficial do Governo à comunicação social grega. Tsipras acredita que vai conseguir manter a unidade do executivo e admite contar com o apoio de deputados da oposição, quando for necessário.
Em cima da mesa poderá estar uma eventual remodelação governamental, para afastar os ministros "rebeldes" e descontentes com o acordo e o rumo seguido pela liderança de Tsipras. Num último apelo dramático no Parlamento, o primeiro-ministro pediu esta quarta-feira responsabilidade aos representantes dos vários partidos. A escolha seria entre o acordo com os credores e a bancarrota e a saída da moeda única, alertou. “Nós não acreditamos no acordo, mas somos obrigados a adoptá-lo”, afirmou o chefe do Governo de Atenas.
Tsipras acredita que não perdeu o apoio da sociedade grega e nem vai perder esta quarta-feira à noite o apoio do Parlamento. O que acabou por se confirmar. Na sua intervenção perante os deputados, o primeiro-ministro afirmou que o alívio da dívida da Grécia, como defende o Fundo Monetário Internacional (FMI), é a única saída para a crise dos últimos anos. Enquanto os deputados debatiam a proposta de acordo com os credores, a praça Sintagma, em frente ao Parlamento, foi palco de confrontos entre a polícia e manifestantes anti-sistema e anti-austeridade, que resultaram em pelo menos meia centena de detenções. A autorização do Parlamento grego era o passo que faltava para o terceiro resgate avançar. O acordo entre o Governo de Atenas e os restantes países da zona euro foi alcançado na segunda-feira de manhã, após uma cimeira de 17 horas.
O terceiro resgate financeiro à Grécia dos últimos seis anos poderá chegar aos 86 mil milhões de euros, de acordo com as mais recentes estimativas dos credores internacionais. Aumento de impostos, reforma do sistema de pensões com aumento da idade da reforma e possíveis cortes, cortes na despesa do Estado, plano de privatizações no valor de muitos milhões de euros, liberalização da economia e recapitalização dos bancos são algumas das condições do novo programa. O acordo ainda tem de ser aprovado pelos parlamentos de cinco países da zona euro. O próximo passo deverá ser um programa-ponte, de cerca de sete mil milhões de euros, para que a Grécia possa pagar empréstimos em atraso ao FMI e ao Banco Central Europeu.
As Opções de T´Chingange
LUANDA . XIMBICANDO NUM LUGAR CHAMADO DE SAMBA
Por
T´CHINGANGE - Nasceu em águas internacionais num vapor chamado Niassa. É cidadão do mundo, Angolano na diáspora - Mazombo por condição; anda pelo Mundo à procura de si mesmo! Tem cédula de Brasileiro, B. Identidade do M´Puto. Anda às arrecuas para fugir à regra, um paradigma, só dele.
Num lugar que ficava na esquina dos sonhos, num para além de todas as viagens, um lugar que apareceriam caranguejos a fintar a malta, fingir de almas num solitário mar chamado de N´Samba só mesmo o vento nos passeava entre o mangue; foi ali que nós, os candengues da Maianga aprendemos a ximbicar. Naquele tempo que ainda não havia vindouros nós eramos muito felizes só naquele privilégio original como do Adão e da Eva. Naquele tempo o mundo era só nosso e nem tínhamos receio de que alguém percorresse nossas vidas, porque dispúnhamos dum futuro inteiro.
- Tu pegas no bordão, atiras canoa na água, entra e encosta a ponta do pau no fundo do mar, faz força, a canoa anda. Depois continua.- Ah! Quer se dizer, tu remas.- Ué! Remas!? Essa palavra ainda não sei! Não me disseste dela. Eu, ximbico a canoa. T´aprendeste, Tonito? – Falou Kafundanga.Kafundanga nem era meu amigo, era só filho do dono da canoa, senhor Jeremias mas, num repentemente nós assim ficamos de amigos para sempre até um dia em que os mais velhos mudaram a estória e nem sei porquê todos mesmo, tínhamos de ir pró puto! Ué, eu que nem sabia aonde era esse tal de Puto.
Eu, mazombo e Kafundanga negro retintamente ficamos amigos, trocando bordões por novas palavras. Em um dia calmo fui de ximbica com seu pai kota mais-velho pescar kixibis e eu, camundongo nascido nos barco do Niassa ximbiquei cuele. O mar, gentil, pôs jeito no meu ximbicar e, senhor Jeremias também ficou meu amigo! Ele me ensinou que faz assim e mais deste jeito e empurra na areia e vira na esquerda e nas direitas e ficou só assim até nos dias de hoje.
Aprendi sim! Ando ximbicando pela vida nas direita e nas esquerdas; Jeremias sem o saber, trouxe a mim, agora eu mais velho, que no pensamento da suspeita que ele também ficou no retiro dos viventes e penso mais, que se calhar foi a alma dele que me levou ao exílio do mundo. Nunca lhes esqueci, Kafundanga e seu pai Jeremias também devem ter emigrado para outra existência.
Ximbicar: uma forma de remar; remar com bordão
O Soba T´Chingange
O CHOQUE DO PRESENTE – Vamos, para já, esquecer as previsões falhadas e a destruição da economia…
Por
Sérgio Lavos - Livre tempo de pensar…Concentremo-nos por ora no carácter dos governantes.
Há numerosos estudos apontando para um facto: o eleitor tem sempre em conta a personalidade do político e a confiança que este invoca. Não interessam tanto as propostas políticas ou a ideologia, mas a capacidade que o político tem de convencer o eleitor de que conduzirá o país ao caminho certo. E a avaliação que é feita depende de vários factores, entre eles a habilidade retórica ou o carisma. Todos estes factores contribuem para a construção de uma imagem, abstracta e impressionista, imagem fabricada e intrinsecamente dependente da média que a difundem (e também constroem, por interesse subterrâneo, involuntário ou evidente). No limite, é nesta imagem fabricada que votamos, e não no político real – e não certamente na pessoa que está por detrás desta imagem, inacessível a todos.
Pensemos então em Passos Coelho e Paulo Portas. Quem é Passos? Segundo um estudo de opinião recente, a característica que as pessoas mais associam ao seu nome é ser mentiroso. Não é especulação, nem uma “ofensa”; é a mais nítida impressão que ele deixa. De acordo com outro estudo de opinião, Passos seria o político no qual as pessoas menos confiariam para comprar um carro em segunda mão. Esta ideia que temos de Passos, curiosamente, não se distancia muito da imagem que ele quis dar de si: ele é o homem simples, com defeitos e pecadilhos (a fuga ao fisco, a fraude dos fundos europeus na Tecnoforma), um de nós, alguém que não pertence à elite. As férias de chanatas em Manta Rota ou a casa em Massamá reforçam a impressão. A mentira, reiterada e exposta (das promessas feitas em campanha rapidamente esquecidas à insistência em não ter dito coisas que efectivamente disse), é parte da persona de Passos.
A mentira, numa distorção digna de Orwell, é vendida como qualidade, e não como defeito. Certamente que a sua equipa acha que o relativismo moral dos portugueses é tão acentuado que conseguirá passar esta mensagem. É extraordinário, mas não deixa de ter cabimento. A realidade é uma construção mental, e os propagandistas sabem disso. Passos, o homem sem qualidades alçado a primeiro-ministro, confia nos seus defeitos para voltar a conquistar o poder. E Portas? Portas é tudo e o seu contrário. Já foi intelectual liberal, jornalista de escândalos, conservador na senda de Thatcher, populista desavergonhado, brilhante tribuno e homem de Estado (duas vezes). Portas é o homem que transporta o seu carisma pelas praças e mercados do país, distribuindo beijos por peixeiras enquanto escavaca carros topo de gama oferecidos pela Universidade Moderna.
Há o Portas da lavoura, o Portas dos reformados (que quando chega ao Governo corta pensões e reformas), o Portas do partido do contribuinte (que quando chega ao Governo faz o maior aumento de impostos da História da democracia), o Portas dos submarinos, o Portas compadre de Jacinto Leite Capelo Rego, o Portas das exportações a bombar (quando elas encolhem). Paulo Portas, antes de ser Irrevogável, já o era. A sua palavra sempre valeu menos do que a virgindade num prostíbulo, a dissimulação é o âmago essencial da sua natureza.
Taiu Marcelo Rebelo de Sousa por um prato de lentilhas, e em 2013, à primeira oportunidade, quis saltar do barco, e quando viu que não tinha o apoio do seu partido (e que por isso a sua carreira política poderia chegar ao fim), voltou atrás na palavra, ficando para a posteridade com o cognome de O Irrevogável. Orgulho? Honra? Dignidade? Tudo entradas riscadas no seu dicionário. Já a palavra “vaidade” brilha em todo o seu esplendor, sublinhada a marcador fluorescente e com várias anotações à margem. Passos Coelho e Paulo Portas são isto. Nada mais, nada menos. E se a isto somarmos as políticas que destruíram o país, o que temos?
Sérgio Lavos
Muxoxo: é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de desdém ou contrariedade…
As opções do Soba T´Chingange
YANKEES . AS SEMENTES DA DISCÓRDIA - TIO SAM IS WATCHING OVER YOU (TIO SAM está olhando-o) - suas manobras de bastidores
Por
Dy - Dionísio de Sousa (Reis Vissapa) - Um Chicoronho de fina estirpe, falas aprumadas que dá gosto ler, ouvir e mastigar no discurso directo e indirecto...
Vá lá admiradores dos yankees, leiam e lembrem-se que a nossa saída de África se deveu a manobras de bastidores americanas, com o patrocínio da organização mundial das igrejas, fundação Ford e outros quejandos. A independência de Angola sim, mas com o sacrifício dos que lá nasceram como eu, nunca.
A receita de tão usada já cheira a mofo. Desde o macarthismo na década quarenta a cinquenta e com ajuda do psicótico Hoover, os americanos que de cultura tinham e têm o dólar e pouco mais passaram a ser uns perfeitos idiotas até aos dias de hoje. São tão pobres que só sabem fazer dinheiro. Para manter esta hegemonia do dólar, inventaram uma receita que até hoje infelizmente funciona. Com a capa angélica dos direitos humanos, tem semeado a discórdia ao longo de várias décadas, com ajuda de outros sócios do clube que nem sequer vale a pena dizer quem são. Dominar a comunicação e o sistema financeiro, é quanto basta para atingirem os seus desígnios. Com base nesse paradigma, fomentam-se rebeliões com grande sucesso, na Ásia, na América latina, e agora no mundo Árabe. Consequências desta receita mágica? Várias, caos social, guerra civil apoiada do exterior a quem lhes convém, destruição sem eira nem beira de propriedade e infra-estruturas. Proveitos, muitos.
A manutenção da sua poderosa indústria de armamento, a colocação de governos fantoches, a apropriação hedionda de recursos de todo o tipo, a tentativa de abolição de qualquer ideologia que vise uma teia social mais justa, a criação de heróis que são exportados de Hollywood, a diabolização de quem se opõe a estes desígnios sinistros, boicotes de todo o género pela força. Neste processo arregimentam lacaios por todo o lado, em África, na América Latina, na Ásia e até na Europa e em regra em todos os cantos do globo que dão aval ao seu domínio, acabando por se deixarem escravizar e tornando-se tão débeis e dependentes que a mãozorra do Tio Sam é que dita o caminho a seguir. Ai de quem se atreva a não se ajoelhar em servilismo nojento a esta receita mágica.
As palavras ditador, terrorista, comunista, anarquista e uma série delas que inventam a seu belo prazer e que condicionam e exercício da justiça social, afinal a bandeira da pseudodemocracia, são usadas com uma leviandade atroz. Resistir é difícil e a receita tem artes de manipulação das massas que são assustadoras. Podia citar aqui dezenas de países que não se submeteram a esta conjura e de líderes com algum senso de justiça, que sucumbiram a este poder tenebroso. Já fui à América duas vezes e não tenciono lá voltar nunca mais. A bandeira do cifrão é aviltante e a estupidez do povo é congénita. Olho hoje para a Grécia, berço da democracia e vejo como é fácil esganar qualquer recalcitrante. Agora nos bastidores, e atentos à voz do povo no referendo, começam a minar e manipular a voz daqueles que se sabem escravos de um sistema financeiro, mas que não podem resistir sem aquilo com que compram o pão, o acesso à saúde e à educação dos filhos.
Esta minha opinião estritamente pessoal, fará com que muitos digam que eu sou antiamericano, antissemita, comunista e sabe Deus o quê mais. Nada disso, não professo qualquer tipo de ideologia, sou apenas e tão só, ferozmente contra este capitalismo selvagem que não olha meios para atingir a sua finalidade gananciosa e a manutenção das rédeas do poder mundial. Os efeitos colaterais pouco importam para esta gente. As imigrações forçadas com mortos aos milhares, a terrível constatação de existência centenas de milhares de refugiados que ainda tem de agradecer uma tenda de campanha, uma lata de água e um bocado de farinha. As cidades e aldeias de vários países destruídas pedra por pedra e mortos aos milhares. Digo não a esta sangria desatada, digo não à submissão e hipocrisia da classe política portuguesa e de tantos outros países. Espero que os Gregos sejam coerentes e digam NÃO também. Basta de tanto terror para fomentar o medo. Basta de bater palmas a gente sem escrúpulos.
Todo este relambório que agradará alguns e desagradará a outros, germinou na minha escrita ao dar conta de uma notícia que dizia que o departamento de estado do tio Sam trouxera a público a violação dos direitos humanos na minha terra, Angola. É óbvio que são violados como em quase todo o mundo. A influência chinesa aumentou exponencialmente na minha Angola, e tal facto desagrada a essa gente. Os motivos de se iniciar um novo ciclo de denúncia especialmente lá e agora, é que são obscuros. Sempre começou assim a receita da desestabilização. Semear a discórdia, mandar a revolta para rua e iniciar uma primavera de destruição a curto prazo. Tenho lá família, tenho lá amigos e amo aquela terra, mas parece-me que o Tio Sam está a preparar mais uma ofensiva de terror, para colher como sempre chorudos dividendos. BASTA.
Reis Vissapa
As opções do Soba T´Chingange
TEMPOS QUENTES – PRODUTOS TRANGÉNICOS - O esquecimento existe mas, nós não somos só silêncios…
Por
T´CHINGANGE - Nasceu em águas internacionais num vapor chamado Niassa. É cidadão do mundo, Angolano na diáspora - Mazombo por condição; anda pelo Mundo à procura de si mesmo! Tem cédula de Brasileiro, B. Identidade do M´Puto. Anda às arrecuas para fugir à regra, um paradigma, só dele.
Num tempo de futuro desfalecido e por obra do desencanto, todos nós nos desorfanamos, todos nós nos desentendemos por deitarmos fora coisas que parecem porcarias aos demais e porque sempre surge no cenário um protector a falar por nós tutelando-nos sem permissão. No fim de um qualquer desentendimento há sempre um porém ou um nada sem fim que motiva febres, que nos faz ter raiva e até ódio. Ele vem com falas de esquerda, e nós ouvimos calados! Ele é de falas direitas e nós ouvimos calados! Podem até ser outras falas e nós moita carrascos, que isso não é comigo!
Dividindo o sentimento entre os motivos de esquerda, de direita, do centro e outros inauditas lateralidades, regressamos ao inferno e, já não somos nós. Com um mal aqui e outro acolá uma raiva de permeio com rilhar de dentes, fazem de nós só silêncio atabafado, encurralado, acantonado! Ai que não convém dizer não! Ai que somos sim e, já não somos um caminho, nem atalho, nem carreiro ou coisa alguma! Porque não podemos magoar! Podemos sim, pôr um travão nisto! Um basta! O amigo, o conhecido, o candidato, um destes e qualquer, que se lixe! Nós, nós temos de nos restar em algo! Cuidar das nossas forças e dizer um não! Não concordo!
Não temos de nos perfilar com aquilo em que não acreditamos mas, podemos optar pelo sim sem deitar na lixeira o futuro de nós porque os sentimentos afinal, não podem, não devem ser divididos. Claro que nossos políticos, esfrangalham-nos com promessas de nos deitar as heranças num incerto destino. Isto está mal! Se só ficarmos assim por aqui embatocados, ficaremos na sombra da vida, penso eu! Um político que nunca foi de nenhum emprego vem-nos dizer que somos improdutivos! Está mal! Ele, político filiado, afirma não querer manchar nosso sentimento, fala-nos de justiça; ele que só nos merece desconfiança! Ele que tem rabos-de-palha! Está mal!
Sem sustento, o fulano, o sicrano, que tem indícios de engravidadas suspeitas é-nos recomendado pelo comissário, pelo delegado, pelo outro da máquina partidária e dá-lhe as chaves de nossas casas, ele que é ladrão; perante nós, é-nos dito: Ele, o candidato é um exemplo e, nós calados, calamo-nos. Pópilas! Estes gajos têm de saber quem somos! Nós não podemos ficar toda a vida pequenos! Vou votar uma cruz riscada de fora, de fora a fora, de canto a canto, por desencanto!
Ilustraçõs de Assunção Roxo
O Soba T´Chingange
AS CINZAS E O TEMPO - Temos de levar a vida a brincar porque levá-la a sério é muito mais complexo...
Por
EDUARDO TORRES - Uma mukanda para mim, T´Chingange sobre o tempo e nós…
Um dos primeiros temas que abordei, quando comecei a usar o Facebook, foi nada. Como não tinha assunto, e as mãos estavam cheias de nada, resolvi utilizar o nada para escrever alguma coisa, e na verdade consegui-o, a ponto de uma amiga, com grau académico, em conversa telefónica, me ter felicitado, por ter achado interessante o artigo e o modo como o tinha desenvolvido, usando a minha imaginação. Ao ponto que quero chegar, é que gosto de escrever acerca de fácil raciocínio, controverso muitas vezes, mas de fácil entendimento. Será fácil, para mim, dissertar sobre o cor-de-rosa, porque não é difícil obter esta tonalidade a partir do encarnado e do branco.
Mas difícil mesmo, é conseguir pronunciar-me sobre as duas cores base, se me apetecer uma descrição como conseguir obtê-las, porque num caso, é uma mistura que eu sei que posso fazer, no outro, a dificuldade de saber como obter as duas cores base para mistura-las. Para simplificar, com este exemplo, seria para mim muito mais fácil escrever sobre o cor-de-rosa, do que do encarnado ou do branco, porque uma cor nasce de uma mistura, as outras existem naturalmente, questionando-se os termos em que o poderia fazer, porque a flor que nasce com esta cor não obedeceu a misturas, porque a natureza não tem essa necessidade.
Posto isto, compreendo, segundo a minha lógica de pensamento, que o tempo estático, está naturalmente dividido pela estrela mais próxima de nós, que consegue, através dos movimentos de rotação e translação, obter fases de claridade e escuridão, a que se convencionou chamar dia e noite. Recordo-me, ainda criança, de ouvir a minha mãe, que falava bem o muila, ou ambundo, não sei, ter perguntado a um trabalhador contratado, por acha-lo muito jovem, que idade tinha. E, ele respondeu-lhe através dos dedos das mãos, as luas que tinha desde que nascera, após a minha mãe se fazer entender, o que para ele, para o seu povo de origem, o nascer do sol e o seu ocaso, não tinham significado na contagem da idade, o espaço compreendido entre as duas situações, era uma repetição constante, enquanto a lua, através das suas fases, conseguia definir o tempo, porque era variável na forma de surgir no firmamento. Por isso, para mim o tempo é estático, porque o tempo não se define, são os variados elementos que o definem.
Tu T´Chingange disseste:”-O que muda, são as mentalidades. O tempo é soberano, o ser humano é que arranjou uma razão para medi-lo, por conveniência própria. Quando escrevo sobre o meu tempo, tenho que situar a mentalidade das pessoas nesse tempo, porque cada um de nós é que está a mudar no tempo, não é o tempo que nos está a mudar a nós”. Penso que avaliamos o assunto sob um aspecto muito subjectivo, porque, segundo melhor opinião, eu vou mais para o caso de crescer no tempo do que o tempo me fazer crescer (lindo).
Para contrariar este efeito, e por necessidade própria, o tempo foi medido por variados períodos que culminam nos anos, mas segundo a minha modesta teoria, o tempo não avança nem recua, é estático, tudo o que compõe a natureza é que se altera devido a fenómenos próprios, de desgaste natural, porque envelhece no tempo e não é o tempo que nos faz envelhecer. Quando referes “a chover como na rua; que o tempo não avança nem recua, é estático!» ”, talvez seja o caso para lavar as mentalidades. “- Que se o tempo não corre, nem o pai morre nem a gente almoça, o que é um dito popular muito corrente! Referiste-me para um prémio Pulitzer; aqui eu fiquei na dúvida se sabias que prémio é esse.
O prémio Pulitzer, deves saber que é um prémio dado a quem se destacou em obras do foro jornalístico! Continuo a dizer que para mim o tempo se não corre passa! É o ponteiro do relógio que o marca. Mas também acho que tudo é uma ilusão. Este texto novo está duma clareza perfeita na construção e mensagem pelo que tenho que te recordar que temos mesmo de levar a vida a brincar porque levá-la a sério é muito mais complexo... Torres termina com um abraço... Fiquei taciturno, a pensar no pensamento, coisa confusa e difusa que muda no tempo e destempera no agora que muda sem nossa influencia num ai ou ui! Um abraço a todos meus amigos, meus kambas.
O Soba T´Chingange
AS FRINCHAS DO TEMPO . A Grécia está desfalecendo nosso futuro!…
Malamba é a palavra
Por
Nesta crise actual da Grécia, quanto menos entendo, mais concordo! E ela, a Grécia, tem demasiada estória para se poder deitar na lixeira. Ministros e Chefes de Estado explicam um bocadinho agora, mais um pouco a seguir, pronunciam-se nas probabilidades matemáticas, uns entram no desacordo, outros barafustam que temos de ajudar, mesmo sem sermos referendados, sem analisar as especialidades ou sem, nem terem um bocadinho de reunião connosco, o povo! E, dizem simplesmente que temos mais uma vez de ajudar os Gregos, insistindo no valor das nossas bondades, no meio destas doçuras, palavras de arrepiar os poucos cabelos, tento aquietá-las na minha alma porque no meu repentemente posso até virar costas ao coração.
Ando mesmomesmo com a paciência muito frágil, tanto assim que não posso aldrabar minhas espectativas de um futuro sem destino firme, duvidas nervosas sem tempos de glórias glorificadas. Na televisão fiquei a saber que Portugal já emprestou à Grécia 80 milhões de euros e que agora neste imperfeito facto vai emprestar mais de dois milhões: Quer-se-dizer, eles os gregos, foram a referendo para decidir se iriam ou não aceitar o empréstimo sob condições para tapar as falhas de suas governâncias. Afinal eu, um kota aposentado, tropeçado e pisado com misérias, sou mesmomesmo um sem-respeito, quer-se-dizer não me têm no suficiente apreço subordinando-me às ordens da CEE, aos governos do eixo, do bloco da pata que os lambeu e eu, assim e só, á espera que as estradas amoleçam para me espetarem uma puia, uma farpa, as merdas de medidas voláteis que só me lixam.
Com estas coisas lançadas no ar nos rodopios da bosta, negociadas sem jeito, à revelia de nós com engenharias financeiras mentirosas, só desafiam meus espíritos de guerra! Juro que não sei de quem será a recompensa se porventura não virar as costas ao coração, porque simplesmente dispensaram minhas mãos, meu voto. Como disse acima, minha paciência anda muito demasiado e, periclitantemente quebradiça. Isto até é incomum vindo de um guerrilheiro que já fui! Querem guerra! Vamos à guerra… mas eu, juro que não vou.
O Soba T´Chingange
TEMPOS CINZENTOS – Uma conversa pequena de uns pedaços de hoje e ontem, subornando o destino…
Por
Saí para a mata ainda o sol não despontava por detrás da crista do morro verde, matizes em tons refrescantes de copas de giestas, carrascos, medronheiros, pinheiros e um montado de sobreiros recentemente descascados. Estava na quinta da rainha do Dom Honório Soares de Vila Real nas encostas trabalhadas a enxada, marreta e escopro, muros de xistos a formar planuras com fiadas de videiras, ora rectas ora desenhando sinuosos encantos. Os recantos aqui são vistos de longe porque de perto não têm como ser vistos, barrancos e talvegues de permeio com giestas, maias ou urzes com mais de 2 metros de altura entrelaçando-se entre medronheiros e funchos e, lá está na curva uma casa feita de pedra expontânea. Xisto com aprumo de uma muito antiga casa que não o é mais.
Num lugar assim, os olhos são escassos para diferençar esta flor e aquela carumas, as bolas redondas germinando rebentos cansados na borda dos atalhos. No lugar do lobisomem virei a encruzilhada da picada e, descendo, virei na direcção do Tanha que ora se via, ora se deixava de ver entre rosmanos e pinheiros novos; chegou a uma hora, passou depois da hora, fui mais à frente e de curioso fiquei-me no consolo da picada, vê-la dobrar-se não sei para onde e, eu a não ver como lá chega; andar na mata por um caminho desconhecido e com curvas e´ frustrante, porque nem o pai morre nem nós almoçamos, uma forma de se dizer que nestes casos ficamos sozinhos e despovoados, irmãos das pedras xistosas e sem testemunhas! Só mesmo Deus, se estiver vago e disponível.
Tive na única e razoável alternativa dar a volta e subir o morro, a picada íngreme, os bofes soprando respiração compassada na metade do tempo, mais um pouco na outra metade; parar na sombra, ouvir o coração a chegar aos ouvidos, ver as pegadas de ginete, um gato do mato que se alimenta de lagartos e outras bichezas e, eu aqui debruçado sobre mim a apanhar uma e mais outra pinha para atiçar o fogareiro, o churrasco, a sardinhada, assim fosse um só gesto só sonhado, só pensado, esboçando um princípio de vontade. Lento e acorcundado, sussurrei-me que isto sim é que é vida ginasticada, qualidade feita atrás do escuro porque o calor abrasa.
Ontem foram 36 graus estando eu no meio das amoreiras, ladeado pela alfazema cheirosa, em um toldo tuaregue descansando a vista em fim de tarde nos picados voos das andorinhas na água da piscina de Dom Honório de Nogueira. Deitei-me com a persiana encravada tudo a descoberto para o lado nascente, o lobisomem atiçou-me os brilhos da mente mas, quem apareceu foi a lua cheia, redonda e gigante atrás do morro do lado de Pinhão. E, a luz inundou-me meio desnudo pensando em nada e, lá fui eu sem nenhum estorvo no sonho, noite adentro subornando o destino.
Ilustrações de Costa Araújo araújo
O Soba T´Chingange
ANGOLA - TESTEMUNHO... TAMBÉM ANDO TRISTE PENSANDO NOS 15 JOVENS DETIDOS E NO DESTINO QUE A DITADURA LHES RESERVOU !
Por
Fernando Vumby (Fórum Livre Opinião & Justiça)
Pasma-me essa nossa impotência, falta de reacção, fraca solidariedade e sem planos para libertarmos os jovens das masmorras de uma ditadura rara, que quando bem entende vai fazendo das suas com a certeza de que ninguém o trave. Pelos vistos estão condenados á cair no esquecimento tal qual, Ricardo de Melo, Nfulupinga, Serra Van Dunen, Nelson, Fernanda Fernandes, Jaime António, Milocas, Mariano Adriano Sebastião, Ganga, Kamulingui, Cassule, Kafuxi, Camilo, Angelo, Brito (da Sonangol) e tantos outros que vão sendo eliminados dentro da guarda presidencial, na polícia, no exército, no Mirex, na Sonangol, etc,etc.
Seus assassinos continuam livres e para se evitar resmungar alguns lá vão acreditando nos julgamentos simulados, mesmo sendo organizados por quem nem eles próprios alguma vez confiaram. Curioso ate se aguarda com grande expectativa os fantasiados julgamentos mesmo conscientes de que o filme não será diferente porque no fim quem ganha é o mesmo (espertalhão) de sempre que sabe vender ilusões para conformar uma plateia de resignados...
Uma certeza tenho, mesmo que os jovens sejam libertados vão sair da cadeia debilitados moral e fisicamente e, quem pagará ou responderá pelos danos causados isto pouca importância, terá na mesma um país onde quase todos correm e poucos sabem para que direcção. Tudo porque quem marca a meta é quem governa porcamente.
Fórum Livre Opinião & Justiça
As opções do Soba T´Chingange
O CHOQUE DO PRESENTE - O maravilhoso universo paralelo dos deputados - Porquê regular as relações dos grupos de pressão com o Governo e entidades públicas e deixar de fora os deputados?
As escolhas de T´Chingange
Por
Luís Reis Pires nasceu em Elvas há 29 anos. Licenciou-se em Economia no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), optando depois pelo jornalismo. Começou a trabalhar no Semanário Económico em 2007. No ano seguinte, entrou no Diário Económico, onde é redator principal e segue as áreas de macroeconomia e contas públicas. É também responsável por acompanhar os assuntos europeus. Seguiu de perto todo o programa da Troika em Portugal.
Tive o primeiro contacto com os bastidores do Parlamento português no final de 2004, à conta de uma reunião com um então líder partidário. No bar, dois deputados, de partidos diferentes, lanchavam e conversavam sobre um qualquer favor que um deles precisava de uma Câmara que pertencia ao partido do outro. Aproximaram-se depois do balcão, ambos fazendo questão de pagar a conta do outro. "Quanto é?", Perguntou um. A resposta veio pronta, não chegava a um euro e meio. "Epá, e ainda dizem que o país está em crise", gracejaram. Riram-se muito, pagaram e voltaram para o hemiciclo.
E pronto, assim se desfaz a ilusão de um miúdo universitário sobre a forma séria como funciona a elite política. Não precisei de muito mais tempo e encontros após essa vez para perceber que o Parlamento é um universo paralelo e os deputados vivem numa realidade alternativa à do Zé Povinho, cheia de hipocrisia e episódios lamentáveis, mas infinitamente mais ‘cool'. Uma realidade onde os deputados dos diferentes partidos não se entendem em nada, a não ser na hora de arranjar maneira de meter mais uns trocos ao bolso (não, não me esqueço do lamentável episódio da reposição das subvenções vitalícias dos políticos, no último Orçamento do Estado).
Não, "eles" não são todos iguais, como tantas vezes gostamos de dizer. Mas, infelizmente existem muitos mais Josés Lellos do que Marianas Mortáguas... Esta semana, mais um exemplo desse maravilhoso mundo alternativo do Parlamento. O Governo vai avançar com a lei do lobby, que vai regular as relações dos grupos de pressão com as entidades públicas e com o próprio Executivo, tudo em prol da transparência. Quem fica de fora? Os deputados, claro. Faz, obviamente, todo o sentido, porque os membros da Assembleia da República nem são o principal poder legislativo do país. Quando era miúdo, havia uma senhora que vendia gomas e gelados à porta da escola, numa banquinha que hoje em dia faria as delícias da ASAE. Claro que a minha mãe me proibiu desde o primeiro dia de aulas de ir lá comprar doces (o início dos anos 90 foi uma mina de ouro no que diz respeito a receios relacionados com droga em chocolates).
É claro que eu nunca deixei de comer os doces da dona Assunção. Não ia lá, não fosse a minha mãe ver-me, mas dava o dinheiro aos meus amigos e eles compravam para eles e para mim. Agora façamos de conta que a lei do lobby é a minha mãe, eu sou o Governo e as entidades públicas, e os meus amigos são os deputados... Quem acompanhou as novelas da energia, da banca e das telecomunicações durante os anos da ‘troika', sabe bem o quão urgente é aumentar a transparência nas relações entre o poder político e empresarial.
Porquê deixar o Parlamento de fora de uma lei que vai nesse sentido? A explicação de que este é apenas um primeiro passo e o objectivo é aprofundar a lei no futuro fica coxa - sobretudo porque o actual Governo está prestes a dizer adeus e não há garantias de que quem vier a seguir pegue no assunto. "Bater" nos deputados é fácil, é verdade, e chega quase a ser popularucho, reúne simpatia do povo. Mas, entre um ou outro lanche a um euro e meio no bar, a questão que os próprios deviam colocar-se é: "Se ninguém gosta de nós, será que estamos a fazer as coisas bem?"
Texto publicado a 19 de Junho de 2015 no suplemento E+
Opinião: Após a leitura deste texto e de várias leituras sobre as mordomias dos ditos deputados, penso que os "boys" de cada partido falam muito, discutem muito e estão completamente nas tintas para a população portuguesa, isto é, como é sabido. Dou o exemplo de um trabalhador em funções públicas que têm como subsídio de refeição a mera quantia de € 4,27 para almoçarem. Não esquecer o "Milagre das Rosas" que o governo fez em aumentar o ordenado mínimo nacional para € 505,00. No parlamento, que deveria ser o exemplo para os portugueses, comem e bebem ao preço da "uva mijona" e podem usufruir de creche (neste caso não sei se é de graça ou o custo também é simbólico.
Estes senhores poucas vezes lá estão... têm assuntos para resolver nos seus negócios ou nas respectivas Sociedades de Advogados. No meu local de trabalho, quando trabalhava, só podia ir a consultas médicas após o expediente e se por acaso tinha de faltar por uma situação excepcional, tendo de explicar a razão e meter um dia de férias ou lá o que fosse. Estes senhores têm as férias que têm e ainda por cima faltam quando querem... protegem-se uns aos outros! Algo vai muito mal neste país, a começar pelos deputados no parlamento! Uma das muitas vergonhas nacionais!
Muxoxo: é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de desdém ou contrariedade…
A opção com meia opinião do Soba T´Chingange
CINZAS NO TEMPO - Depois do "cartão vermelho" ao acordo com os credores internacionais qual o futuro da Grécia e da Europa. Dias de incerteza pela frente…
As escolhas do Kimbo
Por: Ricardo Vieira da Renascença
Os próximos dias ou semanas vão ditar o futuro da Grécia
Varoufakis demite-se para facilitar negociações gregas com os credores. Os gregos querem respirar depois de cinco anos de austeridade e deram a vitória ao “não” no referendo deste domingo. A odisseia de um povo prossegue nos próximos dias. O resultado da consulta popular foi um triunfo para o Governo liderado pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras, e para o seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis. Eles pediram e os eleitores fizeram a vontade. O “não” venceu com 61,3% dos votos, contra 38,7% dos apoiantes do “sim”. A afluência às urnas foi superior a 62%. O “oxi” (não em grego) ganhou ao “nai” (sim em grego). Dias de incerteza pela frente.
O choque com a realidade vai acontecer hoje segunda-feira. Os bancos helénicos vão para a segunda semana de portas fechadas, depois de o Banco Central Europeu ter cortado o financiamento de emergência, e os levantamentos por multibanco limitados a 60 euros. O Governo já disse que quer um acordo com os credores o mais rapidamente possível, para que a Grécia possa ter financiamento e regressar à normalidade. Para terça-feira, estão marcadas reuniões dos ministros das Finanças do Eurogrupo e uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e Governo a zona euro.
Mas negociações já começaram, por telefone e nos bastidores. A chanceler alemã, Angela Merkel, falou com o presidente francês, François Hollande. Da conversa transpirou apenas que é preciso respeitar a vontade do povo grego. Os dois líderes acertam agulhas esta segunda-feira. Merkel tem encontro marcado com Hollande, em Paris, para decidirem o futuro da Grécia e da Europa. Numa declaração aos gregos, Tsipras disse que a Europa não pode “ignorar a vontade de um povo”, mas foi avisando que não há soluções fáceis dentro ou fora do euro. O Governo grego tem dito que quer continuar no euro, mas as negociações dos próximos dias vão ser duras, tendo em conta algumas das reacções conhecidas após a vitória do “não”.
O ministro alemão da Economia, Sigmar Gabriel, declarou que o Governo grego “derrubou as últimas pontes” para um acordo com a Europa. O presidente do Eurogrupo também não gostou da vitória do “oxi”. Para Jeroen Dijsselbloem, o resultado é “muito lamentável para o futuro da Grécia”. Já o presidente do Parlamento Europeu defende que a União Europeia deve discutir urgentemente um programa de ajuda humanitária à Grécia, para evitar que os cidadãos paguem o preço da "situação dramática" a que o Governo levou o país. Martin Schulz espera, agora, propostas credíveis por parte de Atenas.
Ainda antes do desfecho do referendo, o primeiro-ministro português “puxou” este domingo da calculadora. De visita a Cabo Verde, Passos Coelho lembrou que há países europeus que "emprestaram muito dinheiro" à Grécia e que a questão não pode ser esquecida. Opinião diferente tem o homólogo grego. Alexis Tsipras diz que está na altura de a Grécia renegociar a dívida - que ascende a 177% do PIB - com os credores internacionais.
Na edição especial de domingo da Renascença, José Manuel Fernandes, do jornal online, afirmou que “o mais provável é a Grécia sair do euro. Era bom para a Grécia e para o euro! Não há possibilidade de a Grécia cumprir as regras do euro”. Graça Franco, directora de informação da Renascença, alerta para as consequências de deixar Atenas cair. "Nós todos perderemos muitíssimo mais se quisermos dar à Grécia um tratamento exemplar. A Grécia pode tornar-se num Estado falhado dentro da Europa", alertou.
As opções do Soba T´Chingange
TEMPO DE CINSAS . Corria o ano de 987 da era Cristã ... A lenda ou estória de Santa Comba, a terra de Salazar…
Por
T´CHINGANGE - Nasceu em águas internacionais num vapor chamado Niassa. É cidadão do mundo, Angolano na diáspora - Mazombo por condição; anda pelo Mundo à procura de si mesmo! Sente-se e respira Angolano, tem cédula de Brasileiro, B. Identidade do M´Puto. Anda por África às arrecuas para fugir à regra, um paradigma novo, só dele.
Corria o ano de 987 da era cristã. A Coimbra, cidade dos doutores, famosa e bela como a conhecemos hoje sofreu várias guerras; nesse então o pachorrento Mondego vulgo Bazófias era palco de muitos panos a secar em suas ilhotas; calças suadas de estopa e algodão ou zuarte e caqui, linho e tiras de arreios a serem coradas depois de uma boa barrela e roupas de cama, enxovais para damas casadoiras e, eis que chegam os Álamos, os Suevos e os Visigodos a retirar o poder aos Romanos. Mais tarde, Tarique e Muça, grandes chefes Muçulmanos tomam a cidade aonde permanecem mais de um século.
Afonso III, rei de Leão e Castela tomou-a em 878 àqueles Mouros. Por detrás destes estava o Rei Almançor que a mandou destruir e depois reconstruir. Este popular Rei, em realidade, foi para os Árabes o Alexandre, o Aníbal ou o César poderoso em quase toda a península ibérica. Com assento em Silves, ainda em jovem, Almançor estudou teologia e direito em Córdova, conquistou Saragoça, invadiu Leão, destruiu Barcelona e, no ano de 997 atingiu a Galiza arrasando tudo. Morreu aos 63 anos na batalha de Galatanhazor contra El Cid o campeador; consta que El Cid foi posto já morto em sua montaria para intimidar o inimigo; sua mulher amarrou seu corpo ao cavalo com sua espada e o espantou para os campos de batalha. Ao ver El Cid em cima de seu cavalo, passaram a fugir, tendo assim sido perseguidos e derrotados.
Pode ainda hoje e no convento adivinhar-se s orações das pobres freiras do convento à margem do Rio Dão atormentadas de medo porque ainda por ali deslizam entristecidas sombras. Naquele então e no assalto feito por Almançor, é no convento de Santa Comba que a Madre Superiora, com esse nome, atende às pancadas na grande porta do Convento. A própria Madre com voz angustiada pergunta: - Quem bate à porta da Casa do Senhor? – Sou Aben Abdullah, venho em nome do Rei Almançor, abram a porta senão destrui-la-emos, vamos aqui pernoitar! Ai Jesus! Ai minha Nossa! E, Madre viu pelas frinchas do medo o malvado bárbaro muçulmano, moiro e moreno espumando lascividades; o medo provoca estas coisas, mas aqui havia razões para esta temeridade.
Minha mãe Santíssima! Ai jesus! E entre uis e ais, a Madre Comba deixou entrar só um delegado, coisa falada previamente e este ávido de mulher pelas naturais securas da guerra logo se agarrou a uma donzela, tresloucado. Madre Superiora retirou das vestes um punhal e matou a freirinha noviça pelas costas. Com o olhar espumado do moiro as demais noviças tiveram o mesmo fim e, para terminar, ela própria enterrou seu pequeno punhal em seu coração. Era o combinado entre elas! Elas eram noivas de Jesus e assim iriam ficar! Apavorado, o jovem moiro, aos trambolhões desceu a rampa e comunicou isto ao seu senhor Aben Abdullah. Aquele afluente do Mondego passou logo a ter a fidalguia de d´Om por tão nobre postura, o que veio mais tarde a ser de Dão.
Santa Comba Dão recebeu carta de foral do Conde D. Henrique em 1102 renovada por D. Manuel em 1514. No dia 19 de Setembro de 1810 foi palco de uma sangrenta batalha entre as tropas francesas invasoras comandadas por Messena; foi aqui que começou a cair o brilho da estrela Napoleónica que Waterloo imortalizou. A 3 de Agosto de 1968 o todo-poderoso Presidente do Conselho chamado de Salazar gozando de um período de férias, no forte de Santo António do Estoril, o improvável aconteceu. Não se saberá nunca se foi por descuido, desequilíbrio ou por mera debilidade da cadeira de lona. O certo é que bateu violentamente com a cabeça no chão de pedra! Nunca mais recuperou! Morreu dois anos depois com o regime a sobreviver por mais quatro anos.
O Soba T´Chingange
TEMPOS QUENTES – O esquecimento existe em nós para que nos seja possível suportar as agruras…
Por:
T´CHINGANGE - Nasceu em águas internacionais num vapor chamado Niassa. É cidadão do mundo, Angolano na diáspora - Mazombo por condição; anda pelo Mundo à procura de si mesmo! Sente-se e respira Angolano, tem cédula de Brasileiro, B. Identidade do M´Puto. Anda por África às arrecuas para fugir à regra, um paradigma novo, só dele.
Faz algum tempo uma cigana ao ler minha sina, ela e eu assustamo-nos; teve de ler a mão esquerda e a direita porque meu destino não cabia em uma só. Ficaram uns pozinhos por analisar e teve por isso de ler as costas, os nodosos dedos chegando às unhas encortiçadas e as veias salientes percorrendo desde o mindinho até ao polegar com suas falanges falanginhas e falangetas. Nossos instantes são muito cheios de surpresas com espaços indefinidos e, nem sempre atilamos essa diversidade entrelaçada nas adversidades. O esquecimento existe em nós para que nos seja possível suportar as minudências e às vezes até é bom ter fraca memória porque os episódios do mundo assustam-nos.
As coisas de nossa vida nunca se imaginam tal e qual como depois acontecem e mesmo sem nós querermos surgem percalços e, até se compreende porque se pudéssemos empacotar o sol estávamos a tinir de frio; decerto apareceria um grupo de gente como nós mas muito mais iluminados a açambarcar o comércio, tudo ficaria para eles e o resto lixar-se-ia! Menos mal que Deus omnipotente e omnipresente não deu esse poder a ninguém, embora haja muitos a querer-nos fazer trapaça porque tem os olhos o cérebro e o cerebelo mais desenvolvidos; coisas que nem sempre são visíveis a olho nu. Não é fácil a uma cigana ler nas entrelinhas a vida da gente; sempre haverá umas mais engelhadas.
Muitas vezes coramos de indignação porque queremos saber sempre mais e mais como se isso fizesse parte de nossos diários íntimos; desta feita, ao transmitirmos conhecimentos aprendidos, tornamo-nos involuntários mensageiros do mal ou do bem; coisas da globalização. Por vezes sem o saber, transportamos mensagens não fidedignas e nem sempre nos apercebemos que esse altruísmo nos transcende na consciência e na competência; e somos num ápice, ou o diabo ou uns santos sem asas porque os verdadeiros não voam.
Nem sempre aquilo que se nos parece sincero reflecte a falta de memória da humanidade. Um dia descobri que estava morto, não porque tivesse defuntado mas porque outros quiseram que assim fosse; esta convenção de convencimento são paradigmas excêntricos pelos hábitos que nos criam para nos desvirtuar. Eu morri e pronto! Isto deve-se talvez às manobras sub-reptícias de satanás, ou ao excessivo corrompimento da sua figura no século seculorum de envangelização cristã!
E nós, que estamos no país das maravilhas podemos muito bem ser presos só porque denunciamos a corrupção. Por isso ando com uma imagem da Nossa Senhora Virgem Maria no vidro do meu carro ford anglia de ora bolas, esse tal do vidro fora de esquadria. Mas quase tenho a certeza que não é esta a imagem que me libertará de qualquer mal porque quase tenho a certeza que não é por aqui que o bicho pega! E, quanto a falar do futuro! Que futuro? O futuro pertence a Deus! Uma fácil forma de propositarmos nossa existência.
Muxima: saudade, Nossa Senhora do Kwnza.
O soba T´Chingange
TEMPO COM FRINCHAS . Agora basta-me recordar as coisas importantes e acarinhar os amigos… Vou fazer mais o quê!…
Malamba é a palavra
Por
T´Chingange
Eu nunca trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, minha família por menos cabelos brancos ou uma barriga mais lisa. Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítico de mim mesmo. Tornei-me meu próprio amigo, amigo de minha sombra, dos meus devaneios. Não me censuro por comer torrada extra ou por não fazer a minha cama, não lavar a loiça ou até comprar algo extravagante e não necessário como um jarro chinês, que no futuro será mais uma quinquilharia para o sótão. Tenho direito de ser desarrumado, de ser exuberante, de dizer coisas de meu velho baú, memórias descoloridas ou farfalhudas. Muitos de meus amigos foram-se a parte incerta sem nunca compreenderem a grande liberdade que se ganha com o envelhecimento.
Quem vai censurar-me por ficar lendo ou jogando no computador até às quatro horas e dormir até o meio-dia? Dançar ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70, dos merengues de então, da marrabenta e até lagrimar por um amor desprendido lá no ido tempo de juventude. Vou andar na praia com um calção sunga excessivamente esticado sobre um corpo carunchoso, mergulhar nas cálidas águas da minha praia; Pois! Até tenho uma praia só minha! Farei tudo isto, mesmo que aos olhares penalizados dos outros não soe bem; que se lixem! Eles, também, vão envelhecer, tenho a certeza! Eu sei que às vezes esqueço algumas coisas mas, até convém por vezes esquecer algumas coisas na vida.
Agora basta-me recordar as coisas importantes e acarinhar os amigos, meus e do Edgar; falar com o Serafim que dorme debaixo da ponte com sua cadela Florinda e que até recusou um apartamento à Câmara Municipal, porque não podia levar sua cadela para lá. Edgar engoliu em seco esta notícia, tirou-lhe uma foto sobre sua licença e foi para casa a matutar que tinha lá em casa umas botas porreiras para lhe dar. Creio que já concretizou isto! Ao longo dos anos meu coração também se foi quebrando. Como não pode quebrar seu coração quando se depara com um quadro de um velho e sua cadela passando os dias em harmonia e tendo os ladrilhos e uns cartões como casa. Mas, corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão! Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de deixar de ser imperfeito.
Sou tão abençoado por ter vivido o suficiente e, ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos no meu rosto. Muitos nunca riram, nunca tiveram tempo para brincar a vida, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata. Conforme você envelhece, menos se preocupará com o que os outros pensam e até se tornará mais fácil ser-se positivo. Você preocupa-se? Eu não me questiono mais; ganhei o direito de estar errado e também de ser idoso. A idade libertou-me! Não vou viver para sempre, mas enquanto estou aqui, não vou perder mais tempo lamentando o que poderia ter sido, ou preocupar-me com o que virei a ser. Que nossa amizade nunca se separe porque é um directo do coração!
O Soba T´Chingange
Por
T´CHINGANGE - Nasceu em águas internacionais num vapor chamado Niassa. É cidadão do mundo, Angolano na diáspora - Mazombo por condição; anda pelo Mundo à procura de si mesmo! Sente-se e respira Angolano, tem cédula de Brasileiro, B. Identidade do M´Puto e gosta imenso de toda a África - Anda às arrecuas para fugir à regra, um paradigma novo, só dele.
MUJIMBO É UM BOATO - UM DIZ QUE DIZ, UM TALVEZ
À falta de capacidade para suspender a imaginação chama-se medo; tento lembrar-me de quem disse isto e não consigo abrir o meu baú da pandora nem o como fazer para suspender a imaginação. Foi para pessoas que pensam assim na forma complicada e quando pensam, que o nosso Senhor Deus criou o purgatório. Na minha cultura há efectivamente muitas contradições porque complicadamente, ninguém mata por causa de um coração milagroso; as pessoas matam por causa de drogas, pelo poder, pelo dinheiro e até sem motivo nenhum.
Por vezes sinto-me um logro e, tudo por pertencer a lugar nenhum; porque as coisas de nossa vida nunca acontecem como a imaginávamos e, porque os desastres acontecem mesmo sem nós querermos talvez porque os anjos verdadeiros não possuam asas, talvez porque os lobisomens não existam, talvez porque os Orixás, não tenham uma pigmentocracia mais clara na sua alma e sua administração doméstica, e com tanto talvez, nem sempre nos é possível decifrar as escondidas censuras dos silêncios.
Apreendemos isso na televisão e até por incrível que pareça tudo está lá dentro dela, dizer-se daí que ali o Diabo nunca se encontra distante da casa de Deus; aos domingos dão missa lá dentro e à noite ali, é um forrobodó com o Diabo á solta, é, só sirenes que apitam, incêndios e coisas corrosivas com prisões e eles com elas e elas com elas e eles com eles e fazem meninos e desmancham vidas e, cada qual vira um dragão com unhas de Drácula ou até uma serpente porque estas posturas dizem representar a renovação da vida e, porque elas as serpentes, mudam a pele amiudadamente.
Tenha-se muito cuidado com estas visualizações porque se vir um homem com asas, pode ter a certeza de que não se trata de um anjo, porque os verdadeiros não possuem asas; porque é a fé que os sustenta no ar, assim pensam. Pode também ser uma inventação de super-homem que nasceu a partir do nada fazendo gestos contagiosos.
Eu próprio, me surpreendo por vezes a seguir o conto do vigário e não raras vezes sou vigarizado por este ou aquele, gente do governo e desgovernados. Neste preciso momento não acredito nos Gregos; eles andam a gozar o pagode da democracia que eles mesmo inventaram; andam com o Diabo no corpo, na mente, na carteira a fazer-nos de trouxas…
Ilustrações de Costa Araujo Araujo
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA