Segunda-feira, 31 de Agosto de 2015
CAFUFUTILA . XCIV

TEMPOS QUENTESNO PARALÉM 1ª de 3 partes - O esquecimento existe mas, nós não somos só silêncios…John Wayne estava encontrado neste sítio encantado …

Por

soba10.jpgT´CHINGANGE - Nasceu em águas internacionais num vapor chamado Niassa. É cidadão do mundo, Angolano na diáspora - Mazombo por condição; anda pelo Mundo à procura de si mesmo! Tem cédula de Brasileiro, B. Identidade do M´Puto. Anda às arrecuas para fugir à regra, um paradigma, só dele.

john0.jpg Seu verdadeiro nome era Marion Michael Morrison. Ele detestava seu nome e ao entrar para o cinema mudou-o para John Wayne, que tinha mais a ver com um rapaz de 1,92 Surgiu com destaque no cinema em 1930 em The Big Trail, faroeste dirigido por Raoul Walsh. Permaneceu vários anos estrelando filmes B até consagrar-se no papel de Ringo Kid em Stagecoach, clássico de 1939 de John Ford. A carreira de Wayne foi assim agraciada com esse divisor de águas inestimável, que o lançou ao estrelato. Esse filme tornou-se a obra que definiu todas as principais características do faroeste norte-americano.

john01.jpgEra o último domingo de Agosto; saí de mansinho da rua da Misericórdia faltava dez minutos para as sete horas da madrugada; o silêncio rondava o lugar do Paralém e, nem o cão rafeiro da rua do Outeiro me ladrou, procedimento incomum, talvez por ser cedo ou por não querer mostrar seus caninos cariados e, voltei à esquerda na rua de Alvalade pisando o asfalto, casas caiadas com barras azuis muito a condizer com o Paralém de Panoias, famosa por uma praia que não tem com o nome de Messejana. Passo a rua da Fonte Nova, que me fica às 10 horas, como dizem os aviadores, portanto à esquerda; já descendo noto no desperdício de figos da índia que caem na barreira sem aproveitamento.

john 00.jpg Os tabaibos deram lugar aos eucaliptos cheirosos a esta hora da manhã, batiam as sete badaladas no sino da igreja da Misericórdia estando eu em frente do chafariz Afonso Gomes construído a 15 de Julho de 1880. Via-se ao longe a ermida de Nossa Senhora de Assunção. Pude ler no cruzamento que liga a Rio de Moinhos um cartaz da CDU mencionando uma próxima festa do Avante na Atalaia e fazendo menção do PCP com uma estrela, uma foice e um martelo, e o PEV com um girassol.  

mess01.jpg Ouvi do lado sul e lá longe uns barulhos de petardo ecoando nos cabeços, talvez avisando da festa de Panoias ou então de caçadores dando tiros aos coelhos ou rolas, não tenho certeza disto mas eram estrondos aliados a um zumbido do ar e olhando o céu lá estava o rasto dum avião nas alturas a caminho do Sul, Áfricas e, estando assim olhando o azul rasgado ouvi um convincente “Good Morning”…

john4.jpg Mas, que grande susto! Segundos antes não estava ali ninguém e, num repente, saído do nada ali estava um homem vestido à vaqueiro, um autentico cowboy americano! E, surpresa das surpresas… mesmo espanto! Era nem mais nem menos que John Waine, vestido como se aqui viesse fazer um western. Não te assustes, disse ele no seu jeito meio fanhoso: -Don´t be afraid! I heard gunshots and came to see!... Em inglês! E, perante o meu franzir continuou a falar, mas agora em português com sotaque de alentejano de Aljustrel, bem cantado: - Na minha anterior encarnação andei por aqui e venho agora matar saudades; tu podes ajudar-me nos caminhos, agora tudo está diferente! Quero ir até Alcarias, Panoias e Aivados, lugares aonde ameninei nesse meu passado.

john02.jpg Caramba! Num repentemente surgiu um puro lusitano a seu lado! Let's ride! Let´s let's go! Vamos, monta! Estava tolhido e, assim tremendo e com a sua ajuda pulei com alguma dificuldade para o lombo do lindo exemplar de cavalo. E, lá fomos em direcção à Ermida de Nossa Senhora de Assunção… Fiz um rodeio em direcção a Sargaçal porque sabia ir ali encontrar bois e, lá chegados vi o encanto nos olhos de John! Os bois com os rabos a dar e dar, um e outro lado afastando moscas enquanto a passo rápido se deslocavam da barragem de água para as gamelas de pasto com a suposta ração que nós lhe dariamos; pensaram que seriamos nós, seus cuidadores.

john2.jpg Vou tentar reproduzir a imagem, o gado com crias seguiam o rumo da palha levantando o pó do chão, assim como uma mini boiada e mugidos de indicar presença aos bezerros e o moinho de vento rodando fazendo tric…tric…tric…tric nas palhetas duma pá desmazelada mais o riscar de uma tabuleta que teimava em amachucar um outra torta chapa pelo chik…chuk…chik…chuk, vento de sudoeste que entretanto se levantou! Era mesmo uma cena dum filme e, se gozei na imagem dos muitos filmes que me alegraram, olhos colados ao grande ecrã! Sim, sou mesmo da geração do cinema, das matinés de ver gado despencando com pó, rifles, ladrões e tiros de colt e winchester.  E, curiosamente o encanto não era só meu. John Wayne estava consolado! Sentia-se este mistério.  

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:01
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Domingo, 30 de Agosto de 2015
MUXOXO . XVIII

O CHOQUE DO PRESENTE  - UM DESPERTAR Neste momento da história os fanáticos governam o Islão … No entanto somos repetidamente informados por especialistas e "cabeças falantes" de que o Islão é a religião de paz…

Por

islão 1.pngDr. Emanuel Tanya – Uma Visão Germânica Sobre o Islão.

As escolhas d T´Chingange

Esta é, de longe, a melhor explicação para a situação terrorista muçulmana que eu já li. Suas referências ao passado histórico são precisas e claras. Não é longa, fácil de entender, e vale a pena ler. Um homem, cuja família era da aristocracia alemã antes da II Guerra Mundial, era dono de um grande número de indústrias e propriedades. Quando questionado sobre quantos alemães eram nazis verdadeiros, a resposta que ele deu pode orientar a nossa atitude em relação ao fanatismo.

islão 2.jpg "Muito poucas pessoas eram nazis verdadeiras ", disse ele, "mas muitos apreciavam o retorno do orgulho alemão, e muitos mais estavam ocupados demais para se importar. Eu era um daqueles que só pensava que os nazis eram um bando de tolos. Assim, a maioria apenas se sentou e deixou tudo acontecer. Então, antes que soubéssemos, pertencíamos a eles; tínhamos perdido o controlo, e o fim do mundo havia chegado. Minha família perdeu tudo. Eu terminei num campo de concentração e os aliados destruíram as minhas fábricas". Somos repetidamente informados por "especialistas e cabeças falantes" que o Islão é a religião de paz e que a grande maioria dos muçulmanos só quer viver em paz. Embora esta afirmação não qualificada possa ser verdadeira, ela é totalmente irrelevante. Não tem sentido, tem a intenção de nos fazer sentir melhor, e destina-se a diminuir de alguma forma, o espectro de fanáticos furiosos em todo o mundo em nome do Islão.

isl2.jpgO facto é que os fanáticos governam o Islão neste momento da história. São os fanáticos que marcham. São os fanáticos que travam qualquer uma das 50 guerras de tiro em todo o mundo. São os fanáticos que sistematicamente abatem grupos cristãos ou tribais por toda a África e estão tomando gradualmente todo o continente em uma onda islâmica. São os fanáticos que bombardeiam, degolam, assassinam, ou matam em nome da honra. São os fanáticos que assumem mesquita após mesquita. São os fanáticos que zelosamente espalham o apedrejamento e enforcamento de vítimas de estupro e homossexuais. São os fanáticos que ensinam os seus filhos a matarem e a tornarem-se homens-bomba.

islão 7.jpg O facto duro e quantificável é que a maioria pacífica, a "maioria silenciosa", é e está intimidada e alheia. A Rússia comunista foi composta por russos que só queriam viver em paz, mas os comunistas russos foram responsáveis pelo assassinato de cerca de 20 milhões de pessoas. A maioria pacífica era irrelevante. A enorme população da China também foi pacífica, mas comunistas chineses conseguiram matar estonteantes 70 milhões de pessoas. O indivíduo médio japonês antes da II Guerra Mundial não era um belicista sadista... No entanto, o Japão assassinou e chacinou no seu caminho por todo o Sudeste Asiático numa orgia de morte, que incluiu o assassinato sistemático de 12 milhões de civis chineses, mortos pela espada, pá, e baioneta. E quem pode esquecer Ruanda, que desabou em carnificina. Não poderia ser dito que a maioria dos ruandeses era "amante da paz"?

islão 5.jpg As lições da História são muitas vezes incrivelmente simples e contundentes, ainda que para todos os nossos poderes da razão, muitas vezes falte o mais básico e simples dos pontos: os muçulmanos pacíficos tornaram-se irrelevantes pelo seu silêncio. Muçulmanos amantes da paz se tornarão nossos inimigos se não falarem, porque como o meu amigo da Alemanha, vão despertar um dia e descobrir que são propriedade dos fanáticos, e que o final de seu mundo terá começado. Amantes da paz alemães, japoneses, chineses, russos, ruandeses, sérvios, afegãos, iraquianos, palestinianos, somalis, nigerianos, argelinos, e muitos outros morreram porque a maioria pacífica não falou até que fosse tarde demais.

islão 01.jpg Agora, orações islâmicas foram introduzidas em Toronto e outras escolas públicas em Ontário e, sim, em Ottawa também, enquanto a oração do Senhor foi removida (devido a ser tão ofensiva?). A maneira islâmica pode ser pacífica no momento no nosso país, até os fanáticos se mudarem para cá. Na Austrália e, de facto, em muitos países ao redor do mundo, muitos dos alimentos mais comumente consumidos têm o emblema halal (o que é permitido por Alá) sobre eles.

islão 05.jpg Basta olhar para a parte de trás de algumas das barras de chocolate mais populares, e em outros alimentos no seu supermercado local. Alimentos em aeronaves têm o emblema halal, apenas para apaziguar uma minoria privilegiada, que agora se está expandindo rapidamente dentro das margens da nação.

islão 04.jpg No Reino Unido, as comunidades muçulmanas recusam-se a integrar-se e agora há dezenas de zonas "no-go" dentro de grandes cidades de todo o país em que a força policial não ousa se intrometer. A Lei Sharia prevalece lá, porque a comunidade muçulmana naquelas áreas se recusa a reconhecer a lei britânica.Quanto a nós que assistimos a tudo isto, devemos prestar atenção para o único grupo que conta - os fanáticos que ameaçam o nosso modo de vida. Por fim, qualquer um que duvide que o problema é grave, estará contribuindo para a passividade que permite que os problemas se expandam.

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:51
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Sábado, 29 de Agosto de 2015
MALAMBAS . XCVIII

TEMPO DE FRINCHAS . Do Paralém Ali naquele local, meu muro, deu-se um encontro mediático; o Santo António de Lisboa estava lá…

Por

soba10.jpgT´Chingange

ant1.jpg De viagem para o passado posso deparar-me com noites longas, bulir com loisas de coisas não vaticinadas fazendo esquecer a vontade de lembrar da cor das madrugadas, o cacimbo tapando as estrelas ou os diurnos gorjeios dos passarinhos e também as desiludida lágrimas; tenho por isso de falar de coisas recentes dos ventos barlaventosos. No muro de minha casa existia um nicho contendo uma boca-de-incêndio instalada num tempo ido. A inauguração do tanque de água da Urbanização aonde vivo foi inaugurada pelo então presidente Américo Tomaz; Hoje quem vai acreditar que um tanque de água fosse então motivo tão importante a fim de ser inaugurado por um Presidente da República? Lembro-me que o velho caminho, um pouco antes da Abrilada, o acesso ao meu rincão era de talvez uns três metros; quando havia dois carros em diferentes sentidos um teria de ir para a berma com uns quantos paralelepípedos traiçoeiro a morder os pneus.

ant2.jpgNesse então tiveram de meter na recente urbanização uma rede de água para apagar eventuais incêndios e, o meu muro, ao ser executado, teve de contemplar na forma de nicho a tal boca de água. Anos depois com a chegada da qualidade de vida, carros de pneu Michelin ou Firestone e limpa para brisas, o buraco-nicho foi substituído por outra rede com pressão e edecéteras que não cabe aqui explicar, sendo metida do outro lado da rua, agora asfaltada e com lancis. Com aquele nicho desactivado, aproveitei meter ali o meu protector, o Santo António de Lisboa e Pádua encaixilhado num vidro grosso encastrado com massa e na forma de uma redoma. Os anos passaram sacolejando-me no mundo de um lado para o outro procurando a estória dos outros daqui e dacolá. Passados anos, ao regressar, espanto-me com as flores, umas murchas, outras de um viçoso plastificado ao redor daquela redoma-nicho, penduradas no muro e mióporos da sebe com atilhos e zingarelhos de sisal e arames já enferrujados!

ant3.jpg Costumes são costumes, pelo que vim a saber ter-se-ia dado ali um milagre com a mulher do Felisberto de nome e Vinticinco de alcunha. Ali naquele local deu-se um encontro com a meia morte dos encontros mediáticos, um camião desabrido deu uma forte pancada na Dona Odete do Ó que ficando muito mal, se salvou por uma unha negra no hospital do Alvor. Ela sempre diz a quem quer ouvir que foi aquele santo (o tal do meu muro) que a salvou; estava ela nas sombras do paraíso e rezando muito àquele mesmo Santo ela, miraculosamente melhorou aos olhos vistos. O tempo passou! Um destes dias, estava o Felisberto Vinticinco desatrelando sua mulher ali no local e ela muito devota fazia o sinal da cruz olhando fixamente para o meu Santo. Rezando baixinho o Vinticinco foi um pouco mais adiante com sua motorizada Kawasaki antiquíssima, tomar um café de espera à sua mulher porque ele, não era assim tão devoto.

ant4.jpg Ele era o Vinticinco porque dizia à boca cheia que se não fosse o Vinticinco hoje andava a acartar carroças ao seu patrão das estepes alentejanas. Neste nevrálgico sítio, lugar aonde moro por vezes, não sendo uma encruzilhada, está-se a tornar famoso pelas muitas missangas ali penduradas! Quem passa sempre fica com a ideia de que ali mora um guru, um mwata, um dignatário, alto dirigente das assombradas missangas do Paralém e eu arredondado nesta fantasia embalo-me no fictício, um nada embalado em coisa nenhuma. O município até mandou fazer ali uma passadeira para peões, colocou uma paragem e uma placa a dizer cuidado em letras vermelhas, circular com precaução por causa dos fiéis, munícipes, gente circulando.

ant5.jpg Duvidando desta veracidade montei uma tenda em minha açoteia, terraço com vista panorâmica de ver o mar e ali durmo nos dias mais quentes, olhando as cruzes do céu, aviões que seguem para as Áfricas e Américas e retenho o olhar naquela rola bem lá no cocuruto do pinheiro de natal do meu Vizinho francês de França. Isto é tão verdadeiro que parece mentira no desrespeito à devoção de cada qual porque nos dias de hoje geração do hipad, do face, do GPS, dos tablets on, in, meo, olx e xxl e um sem fim de piscadelas no espaço. Até o Google art tem um balão do meu sítio com os dizeres Santo António do Vinticinco. Ele! Há coisas…

Do Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:35
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Sexta-feira, 28 de Agosto de 2015
MUJIMBO . XCIV

ANGOLATESTEMUNHO IV ... Os benefícios da reconstrução foram escassos e muito restritos a certas regiões e classes sociais...

Por

vumby0.jpg Fernando Vumby - (Fórum Livre Opinião & Justiça - Janº 2015)

P: Perguntas feitas por Pedro Aires Oliveira

UM LIVRO QUE CONTA COMO FUNCIONA A OLIGARQUIA ANGOLANA

ricar1.jpgRicardo Soares de Oliveira, 37 anos, professor de Política Comparada na Universidade de Oxford, acaba de publicar um livro em que analisa a trajectória de Angola desde 2002. Magnificent and Beggar Land. Angola since the Civil War (Hurst, 2015, 288 pp.).

MAKA0.jpg (…) R: A questão seguinte é a de procurar saber ao serviço de que agenda foi esse espaço conquistado. E o resto do livro responde à questão dizendo que é uma agenda em que os benefícios focam uma parcela diminuta da população angolana. Mas não há dúvida que, se nós nos abstrairmos dessa questão e pensarmos apenas em termos de relações internacionais, temos em Angola um caso excepcional de um país que durante anos foi invadido, que esteve internacionalmente cercado até 2002 devido às questões da corrupção e do desaparecimento de fundos petrolíferos, era quase um pária internacional no Ocidente, e na última década tudo isso ficou para traz.

O segundo ponto que eu enfatizo é que as elites angolanas estão inebriadas com esse sucesso. Pensam que passaram para a primeira divisão e que as estruturas de desigualdade da economia mundial, que historicamente colocaram Angola numa situação frágil e dependente, foram transcendidas. Isso é uma avaliação errada, porque menospreza até que ponto a situação relativa de Angola na última década existiu em função do preço do petróleo, e subestima os problemas que vão resultar da mudança dessa conjuntura internacional.

MAKA01.jpg R: Em Angola, mesmo esquecendo o programa de investimento público, que é enorme e custoso, essencialmente na construção civil, só a despesa recorrente do Estado aumentou exponencialmente nos últimos 10 anos. Ou seja, só para manter o Estado a funcionar, Angola precisa de recursos a um nível que não tem nada a ver com aquilo de que necessitava em 2002. E uma parte muito considerável das receitas do Estado vem daí. A base fiscal não-petrolífera é negligenciável. Para o funcionamento quotidiano do Estado, começamos a entrar na zona de perigo. Houve uma tendência, nos últimos anos, para dizer que nem tudo em Angola era actividade petrolífera, mas essa actividade não-petrolífera, que de facto cresceu nos últimos anos, na verdade tem como base, paradoxalmente, a saúde macroeconómica do sector petrolífero.

MAKA3.jpg P: - Há anos que és um observador atento das relações bilaterais Portugal-Angola, e numa perspectiva crítica em relação à forma como as elites portuguesas gerem este dossier. Nos últimos anos, os termos desta relação parecem ser largamente ditados por Luanda. Estamos perante uma situação de neocolonialismo em sentido contrário?

R: As elites angolanas agem de forma racional e exploram pragmaticamente as oportunidades que encontram. Nesse sentido, há que pensar a influência de Angola em Portugal em continuidade com a grande influência construída na última década por governos e oligarcas de países ricos em recursos naturais - Rússia, Qatar, Emirados, Arabia Saudita- em Londres, Paris e outras grandes capitais ocidentais. Dito isto, não há nada de natural no grau de absoluta assimetria, e ausência de real reciprocidade, que caracteriza esta relação. Nada disto é uma consequência inelutável da crise económica, da fraqueza de Portugal.

Aqui eu enfatizaria as escolhas feitas pelas elites portuguesas nos últimos oito anos. Não estou apenas a falar de uma hipotética decisão estratégica de aceitar Angola de forma pouco crítica ou de construir uma relação baseada em relações personalizadas com as elites, e não com a população angolana de uma forma mais alargada. Estou a falar de dezenas e dezenas de pequenas acções e não-acções - e eu sublinharia estas. Por exemplo, o facto de os reguladores não terem submetido ao escrutínio que se exigia as transferências de dinheiro de investidores angolanos (como possivelmente outros investidores internacionais) para Portugal.

MAKA2.jpg R: Por conseguinte, interessa-me a instrumentalidade para os interesses angolanos da praça portuguesa, mas sem negligenciar o papel activo desempenhado pelos portugueses no estabelecimento dessa relação, e porque é que se chegou onde chegou. Possivelmente não faz muito sentido falar de um complexo de culpa colonial, porque houve momentos nesta relação de 40 anos em que os governos portugueses tiveram uma postura muito mais afirmativa - caso da questão do perdão à dívida angolana nos anos 1990, por exemplo. Agora parece haver uma atitude já não de deferência, mas até de submissão… Esta relação, tal como está formatada actualmente, desprestigia Portugal. O neocolonialismo talvez seja uma analogia imperfeita para fazer sentido desta relação. Mas o facto da conversa do neocolonialismo angolano em Portugal estar banalizada no estrangeiro é desprestigiante em si mesmo.

dia58.jpgR: Eu não penso que isto tenha a ver com qualquer ingenuidade ou sentido de culpa. Portugal tolera esta relação assimétrica porque uma parte da elite portuguesa, pelo menos a curto e médio praz o, tem beneficiado dela. Mas revela uma miopia extrema ao pensar que a relação será lucrativa a longo prazo. Devido à dimensão que a presença angolana adquiriu em Portugal, essa presença é consubstancial à vida pública do país. Nas empresas, nos partidos, nos escritórios de advocacia, etc., etc. Já não é uma presença que se consiga distinguir qualitativamente do resto da vida pública.

O caso BES é uma ilustração perfeita disto. Se se tecem relações com uma sociedade instável e imprevisível, em que o poder decisório está tão concentrado e personalizado, como em Angola, a ideia de que se está a construir uma relação que pode ser desigual, mas é estável e lucrativa a longo prazo, é desmentida pelo caso Espírito Santo.

(Continua em testemunho V…)

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:37
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Quinta-feira, 27 de Agosto de 2015
XICULULU . LVIII

PONTOS DE VISTA - As origens do “Evangelho da Esposa de Jesus” começam a surgir …

Por

papiro00.jpgCarlos Ferreira - Fonte:LiveScience

SE FOR,É MAIS UMA FACADA NAS TEORIAS DE FUGA À VERDADE DA IGREJA CATÓLICA....

A papyrus might make reference to Jesus having

torres1.jpgLembra-se  do “Evangelho da Esposa de Jesus”, um papiro controverso que sugere que Jesus era casado com Maria Madalena? Novas pesquisas sobre a tinta do documento parecem apontar para a possibilidade de que ele seja autêntico. Porém, os resultados ainda não foram publicados e a origem do papiro continua sendo questionada. Papel: O debate sobre a credibilidade do “evangelho” iniciou-se logo que a professora da Universidade de Harvard Karen King relatou sua descoberta, em setembro de 2012. Dez  evidências científicas intrigantes sobre histórias bíblicas: Escrito em copta (língua egípcia antiga), o fragmento de papiro contém uma linha que lê: “Disse-lhes Jesus: ‘Minha esposa…’”. Também se refere a uma “Maria”, possivelmente Maria Madalena.

corimba4.jpgKing provisoriamente datou o papiro do século IV, sugerindo que poderia ser uma cópia de um evangelho escrito no século II em grego. Uma análise do papel, detalhada no ano passado na revista Harvard Theological Review, sugeriu que ele tinha cerca de 1.200 anos (em algum lugar entre o sexto e nono séculos). Enquanto a tinta também podia ser dessa época, uma pesquisa para datá-la com mais precisão ainda está sendo feita.Tinta: Em relação ao ano passado, muitos estudiosos chegaram à conclusão de que o papiro é uma falsificação. Para tentar pôr fim à polémica, pesquisadores da Universidade de Columbia estão executando novos testes na tinta. As medições iniciais publicadas pela equipe em 2014 indicaram que ela poderia ter sido feita em tempos antigos. A nova descoberta, mais definitiva, pode fornecer mais apoio para a sua autenticidade. No entanto, os cientistas não vão comentá-la antes da publicação dos resultados.

papiro3.jpg De onde veio? O actual proprietário do papiro insiste em permanecer anónimo. Ele alega que comprou o Evangelho da Esposa de Jesus, juntamente com outros textos cópticos, em 1999 de um homem chamado Hans-Ulrich Laukamp. Este, por sua vez, adquiriu o mesmo em Potsdam, no que era a Alemanha Oriental, em 1963. Jesus Cristo histórico: existem evidências físicas dele? - Laukamp morreu em 2002, e a afirmação de que ele possuía o texto tem sido fortemente contestada. Rene Ernest, o homem a quem Laukamp e sua esposa Helga incumbiram de representar sua propriedade, disse que Laukamp não tinha interesse em antiguidades e vivia em Berlim Ocidental em 1963. Por isso, não poderia ter cruzado o muro de Berlim à Potsdam. Axel Herzsprung, parceiro de negócios de Laukamp, também disse que ele nunca teve interesse em antiguidades ou possuiu um papiro. Laukamp não tem filhos ou parentes vivos que poderiam verificar estas alegações.

papiro 0.jpgAssinatura: A questão da origem poderia levar ao questionamento da autenticidade do papiro. Por isso, os pesquisadores estão buscando informações que confirmem a procedência do documento. King relatou em um artigo de 2014 na Harvard Theological Review que o proprietário anónimo “forneceu-me com uma fotocópia de um contrato para a venda de ‘6 fragmentos de papiro em copta’”, sendo que um acreditava-se ser um Evangelho. O contrato inclui o nome de Hans-Ulrich Laukamp e a data: 12 de Novembro de 1999. Também contém a assinatura de ambas as partes.

papiro4.jpgAntigo texto egípcio descreve um Jesus “mutante”:  Bancos de dados públicos possuem sete assinaturas de Laukamp entre 1997 e 2001 em cinco documentos autenticados. Essas assinaturas podem ser usadas para comparação com o registo da venda do Evangelho. Análise de caligrafia forense não é sempre conclusiva, mas já foi empregada para determinar se assinaturas feitas em documentos ou obras de arte são autênticas ou falsificadas. Se for concluído que Laukamp nunca possuiu o papiro e que o proprietário anónimo não disse a verdade, então o lado da balança penderia para a falsificação. Mais dúvidas: No ano passado, Christian Askeland, do Instituto de Pesquisa Bíblica Septuaginta em Wuppertal, Alemanha, analisou um segundo papiro copta contendo parte do Evangelho de João, que o proprietário anónimo do Evangelho da Esposa de Jesus também tinha cedido a Harvard. Este texto também foi supostamente comprado de Laukamp e testes de radiocarbono disseram que remontava cerca de 1.200 anos. O segundo papiro foi escrito em um dialecto copta chamado Lycopolitan, extinto cerca de 1.500 anos atrás. Askeland concluiu que ele era uma imitação e, por compartilhar características com o Evangelho da Esposa de Jesus, Askeland sugeriu que ambos eram falsos. King não concordou com esta conclusão, observando que o fragmento de João poderia ter sido copiado em tempos antigos, muito tempo depois que o Lycopolitan foi extinto.

papiro5.jpg Além disso, James Yardley, pesquisador da Universidade de Columbia, disse que novos testes confirmam que o Evangelho da Esposa de Jesus contém tinta diferente do que o papiro do Evangelho de João. Isso poderia minar o argumento de Askeland que os dois papiros foram escritos pela mesma pessoa. Um número de estudiosos ainda nota que a escrita copta no Evangelho da Esposa de Jesus é muito semelhante a um outro texto cristão chamado “Evangelho de Tomé”, incluindo até um erro de digitação moderna feito em uma edição de 2002. O erro indicaria que falsificadores copiaram este texto moderno. King contestou esta afirmação em 2014, dizendo que mesmo antigos escribas cometiam erros gramaticais semelhantes ao erro de digitação moderna. 

XICULULU : - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo, cobiça

As opções do Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:46
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Quarta-feira, 26 de Agosto de 2015
MOKANDA DA LUUA . XXXIX

TEMPOS CINZENTOS MOKANDA POR ENCOMENDAOs mwangolés bafunfam átoa carros de luxo em estradas descartáveis, esburacadas…

Por

soba10.jpgT´CHINGANGE - Nasceu em águas internacionais num vapor chamado Niassa. É cidadão do mundo, Angolano na diáspora - Mazombo por condição; anda pelo Mundo à procura de si mesmo! Sente-se e respira Angolano, tem cédula de Brasileiro, B. Identidade do M´Puto e gosta imenso de toda a África - Anda às arrecuas para fugir à regra, um paradigma novo, só dele.

Matéria que nem é minha mas poderia ser; encomendaram que assim fosse porque o autor verdadeiro não pode respigar; está em Luanda e tem medo de abrir seu coração ao mundo. Eu sim!

ang1.jpg Nós somos o povo especial escolhido do Senhor Engenheiro. E como povo especial escolhido por ele, não temos água nem luz na cidade; temos asfalto cada dia mais esburacado. Os que, de entre nós, vivem na periferia, não têm nada, nem asfalto! Só miséria de lixo, mosquitos, águas paradas. Hospitais?!!! Nem pensar! O povo especial não precisa, não adoece, morre apenas sem saber porquê. Quando se inaugura um hospital bonito e ficamos com a esperança de que as coisas vão mudar minimamente, descobre-se que as máquinas são chinesas, com manuais chineses sem tradução e que ninguém as sabe operar... Estas são opções especiais para um povo especial. Estamos na Luua - Educação?!! O povo especial não precisa! Cospe-se na rua (e agora com os chineses, temos que ter cuidado para não caminharmos sobre escombros escarrados de fresco)... vandalizam-se costumes, ignoram-se tradições. Não andamos, só solavancamos…

amilcar4.jpg Escolas para quê e para ensinar o quê?!! Que o senhor Engenheiro é um herói porque fugiu ali algures da marginal acompanhado de outros tantos magníficos?!!! Que a Deolinda Rodrigues morreu num dia fictício que ninguém sabe qual, mas nada os impediu de transformar um dia qualquer em feriado nacional?!!!! O embuste da história recente de Angola é tão completo e manipulado que até mesmo eles parecem acreditar nas mentiras que inventaram... Se incomodarmos o senhor Engenheiro de qualquer forma, sai a guarda pretoriana dele e nós ficamos quietos a vê-los barrar ruas anarquicamente sem nos deixar alternativas para chegarmos a casa ou aos empregos. O povo especial nem precisa ir trabalhar se resolvem fechar as ruas. Tem dispensa, se estava no itinerário!

cruzeiro5.jpgSe sairmos para almoçar e eles bloqueiam as ruas sem qualquer explicação, só temos uma hipótese: como povo especial não precisa de comer, dá-se meia volta de barriga vazia e volta-se para o emprego. E isto quando não ficamos horas parados à espera que o senhor Engenheiro e sua comitiva recolham aos seus lares e nos deixem, finalmente circular. Entramos em casa às escuras e saímos às escuras. Tomamos banho de caneca. Sim, bem à moda do velho e antigo regime do MPLA-PT do século passado. Luanda, que ainda resiste a tantos maus-tratos e insiste em conservar os vestígios da sua antiga beleza, agora é violentada pelos chineses.

coqueiros4.jpg Sodomizada sistematicamente no dia e na noite. A Luua está exaurida; somos mesmo espaciais! De rastos, de cócoras diante dos novos "amigos" do senhor Engenheiro. Dão-se ao luxo de erguerem dois a três restaurantes chineses numa mesma rua. A ilha do Cabo tem mais restaurantes chineses que qualquer outra rua de qualquer outra cidade ocidental ou africana: CINCO!!!! É a China Town instalada em Luanda. As inscrições que colocam nos tapumes das obras em construção admirem-se, estão escritas na língua deles, eles são os novos senhores, os amigos do senhor Engenheiro a par do Sr. Falcone... O este foi-lhe oferecido um cargo e passaporte diplomático. Aos outros, que andam aos bandos, é-lhes oferecido a carne fresca das nossas meninas, catorzinhas. Impunemente! Alegremente! Com o olhar benevolente deles os mwangolés, dos canalhas de fato e gravata.

dia34.jpg No mundo civilizado sem povos especiais, caçam os pedófilos, aqui, criam e estimulam-nos! Acham graça. Qualidade de vida é coisa que o povo especial nem sabe o que é; nem quantidade de vida, uma vez que morremos cedo, lá pelos 40 anos – falam as estatísticas. Se vivermos mais um pouco, ficamos a dever anos à cova, pois não nos é permitida essa rebeldia. Continuam a fertilizar as ideias de que todo o mal veio dos Tugas e perseguem-nos em troca de gasosa, o suborno institucionalizado, o fruto mais evidente da emancipação. Quem dura mais tempo, é castigado: ou tem parentes que cuidem dele ou vai para a rua pedir esmola! Importam-se carros, e mais carros, de luxo. Esta é a imagem de marca deles: bafunfam átoa carros de luxo em estradas descartáveis, esburacadas. Ah... E telemóveis!... Xiiii!!!

maian1.jpg Qualquer Prado ou Hummer tem que levar ao volante um elemento com telemóvel. Porque tem banga, tem status! Vaidade balofa de matumba inocência. No mundo civilizado sem povos especiais, é proibido o uso do telemóvel enquanto se conduz… Aqui isso não funciona assim! Estamos na Luua meu! Pobre povo especial, sem transportes públicos, só candonga sem escolas, sem hospitais à mercê dos cazucutas mwangolés "dirigentes" e dos remédios que não existem. Perspectivas de futuro: -Qual futuro!? Os nossos "amanhãs" acordam a gemer de fome, de miséria, de subnutrição, de ignorância, de analfabetismo, de corrupção, de incompetência, de doenças erradicadas no tempo dos Tugas, de ira contida, de revolta recalcada - Deixem-no sair: BASTA!!!!!!

De um residente na Luua

XICULULU : - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo, cobiça

Por solidariedade do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:03
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Terça-feira, 25 de Agosto de 2015
MALAMBAS . XCVII

TEMPO DE FRINCHAS . Do Paralém, com Frank Sinatra, esse lugar onde não há muros, fronteiras ou barreiras, no particípio passado do tempo…

Por

soba10.jpgT´Chingange

frank0.jpg

Saindo do castelo das kiandas, um lugar do M´Puto conhecido por Ferro Agudo, como um assombro, entrei nas águas do Arade ginasticando a forma de cachorro, caminhando no sentido montante com a serra do Marachique do lado das nortadas e, podendo até distinguir o caserio dos dispersos montes e manchas verdes em sua encosta. O recorte azul do céu parecia até a silhueta de um cachalote e eis que num repente rosnando um barulho de motociclo surge no próximo céu uma geringonça na forma de parapente subindo em círculos por cima de mim, do rio, da marina e os muitos barco à vela que ali se ancoraram na Angrinha; pouco a pouco fui-me chegando ao molhe bem do lado sul da rampa de socorro a náufragos e do cais de lanchas táxis do mar que levam turistas à Praia da Rocha ou para ver golfinhos e orcas que só mostram suas silhuetas a uns 15 quilómetros mar a dentro.

frank1.jpgJá saído da água deparo com um espanto de gente defuntada; ali estava cheio de charme fumando um cigarro com boquilha, algo pouco inusual, o tão famoso Frank Sinatra! Seria ele mesmo, todo inteirinho com um chapéu panamá? Não seria uma kianda assombração? Seria só um sósia? Pedi um folheto à menina das vendas de vistas no alto-mar com golfinhos e de soslaio aproximei-me dele olhando-o de soslaio; ele e eu não queríamos ser vistos porque só fingíamos mesmo ser o que não eramos, pensei! Bom, acabei por arranjar coragem e num repente mirei-o de frente perguntando-lhe em um inglês raspikui: You want to go see the dolphins, do you?  Tentava ser convincente e falar assim como se o mundo ao redor dali fosse só meu!

frank5.jpg Ele olhou-me por detrás dos óculos relampejantes e eu em pulgas; caramba seria mesmo ele? Fez um gesto de não dar nas vistas e baixinho recomendou que fossemos um pouco mais ao lado, junto ao socorro a náufragos: - Are you the António Costa the liar of the apparitions!? E continuou: - Do not speak loudly…E repetiu depois de eu franzir a frontalidade: -do not talk loud because, eu saí do Paralém sem autorização e não posso denunciar-me aqui na terra das aparições. De repente falou em um português meio assustado, mas entendível. Ali mesmo, apontei rasteirinho com o indicador: disse que podia ficar descansado mas, na dúvida perguntei se não era outro Costa que procurava! Um outro que andava por ali - Il est à vous que je cherche; je suis seguro! É mesmo a ti que procuro! Seguro,…Costa?! Bom! Será mesmo uma coincidência (pensei) e muito vaidoso comprei dois tickets.

frank2.jpgfrank3.jpg

Claro que fiquei muito vaidoso por ser eu o interlocutor escolhido desta kianda que tão bem cantava e canta e, lá fomos mar adentro. Entretanto contamos coisas incomuns que até ele riu muito com seus alvos dentes e, assim passamos até ver os golfinhos. Ele de maravilhado tremia de contente e com o vento suão regressamos à costa das falésias Algarvias. Já muito próximo dos rochedos, falésias barrentas eu apontei para o lugar da Cama da Vaca para lhe dizer que era ali o lugar ideal para futuras aparições e foi quando dando de cotovelo, nada havia, dei-me conta que se tinha ido, quer-se-dizer, não estava mais: Escapuliu-se, escafedeu-se, bazou. Frank foi-se sem se despedir, ficando só sua onda de musica “strangers in the Night” . Ele sim ! Ele há coisas…

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:52
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Segunda-feira, 24 de Agosto de 2015
KWANGIADES . VII

ANGOLA . TEOREMA DA AMIZADE – As falas de Zeca enxotando no tuje do katotolo da kubata n´dele - para mim O POETA KADUCU!...

Por

zeca00.jpgJosé Santos Impregnado de paludismo duma especial estirpe kaluanda, Zeca colecciona n´zimbos para fabricar missangas que soele sabe fazer.

zeca e eu.jpg AH! T’CHINGANGE, gostei por demais “MAIANGA – NOSSA FESTA” e jamais te imaginaria tão dotado nas falas, que caem num choro de uma cachoeira algures no nosso coração! Agora fazes marchinhas, modinhas: -"cantemos o dia inteiro/saudade é o nosso orgulho". Belo! Agora tou muito cafifado! Me diz só? Em que folha de palmeira, tu poeta kaducu de uma figa, tu retirou estas falas, katé tem pandeiro do sertão e reco-reco do Rio Seco da Mayanga?Tu és, essa pessoa que tem esses mambo, que os mundele dos intelectualidade dos mundu diz: -“Tambula konta! Tu és pessoa que tens multefacção dos multifacetado!!!

algar0.jpg Tu és exímio regador de folhinhas de cheiro do chão da Nogueira das Terras de Miguel Torga; és pena kuuaba de mulemba da Maianga, que molha no tinteiro do teu muxima, sim o que faz missosso, que tem ninho de catete piando nos bolso dos mini calção dos kandengue do chão vermelho. Tu sabes bué estória do sertão e do Lampião, katé do descobridor da Terra de Vera Cruz, dos coitadinho índio enxutado para as franjas dos amazonas, dos teus antepassados mais passados colonizadores marinheiro, pirata de canhangulo medieval, de catecismo e de esteira na mão para encher o sertão, o mundão de belas mulata…Será que tu tem? Tou, bué contente. Num estou mais sozinho na Maianga. Agora sei que tem três modinhas, marchinhas… Uma demais conhecida e antiga, outra do Zeca, o encantador de mamilos de piteira e agora, a terceira do Caduco poeta Soba T´Chingande, o bangão e sábio das falas de estalinhos (Herero) que tem sala nas barrocas da língua!

ciga2.jpgAmbos são kamba sekulu, kaducu…, do mu ukulu, criados no chão que tem o doce capim penteado e de xipala que tem espelho que mostra o rio lindo - Rio Seco da Mayanga. Agora, tem mambo sério! Qual das três é a mais kuuaba? Pensei muito nas barroca do meu esperto e na conclusão da panela a ferver beijão podre, logologo conclui, porque botou estaladão na minha xipala! Então é assim. Que importa esses mambo da kuuaba! O que importa é o verdadeiro sentimento, o orgulho (tu sentes, dizes) expresso nas falas e num interessa aquecer mais a cabeça, com mais massembar com o pilão no braço cansado no meio das kinamba e no quentinho dos matuba ou…nos…, na preocupação da gramática, aritmética…, lá dentro com o sujeito, o verbo, o predicado…, a métrica, a rima, a metáfora…, os búzio zuelando com o feitiço, as kubata aceso de velas na mão. Repito, deixa tudotudo sair voando no colo de uma esteira pelo kooilo de N´Zambi e levar transportando o sentimento verdadeiro e sem esses mambo de exposição focado por holofotes dos matumbo licenciado nos iluminação.

maian8.jpg É isso, que tu fazes, mukanda verdadeira, por isso és kimakambaami sossegado no meu coração, tens meu carinho, te levo Baleizão, quê? Ah! Sorvete, gelado, das “covas” cheias de doce do lugar do nosso saudoso kamba tarik - BALEIZÃO. Mas, tem outro mambo sério, porventura o de xuxualho de muitos, porque no desconseguir, não topa sentimento sorrir e nos desrespeito, não respeitar tão grande paixão de uma vivência que tem kubata no nosso coração. Tambula konta, T´chingange? De hoje em diante, só topo esses mambo dessas fala de “poesia”. Pra mim, chega missosso feito de feijão preto podre na panela fervendo com carne de cabrito do muxito de mabuje branca, o coitadinho do sekulu sem os n´guzo…, morto na koka do chumbo da Diana (arma de matar pássaros)…

Teu mano Zeca, enxotando o tuje do katotolo da kubata n´dele.

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:10
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Domingo, 23 de Agosto de 2015
MUXOXO . XVII

O CHOQUE DO PRESENTEPolíticos e politiqueiros do sub-reptício… Na mentalidade dos tempos, a precaridade permanece entre atalhos desconhecendo as fronteiras dos homens...

Por

soba10.jpgT´Chingange

costa5.jpg Num uauá de tambula konta num produzido estado de servidão, nem que queria acreditar no tamanho duma desqualificada mentira! E, muitas mais mentiras em seguida, no discurso, no desaperto do aperto. Num faz de conta na guarda de nova terra uma coruja piou no entretanto e até cantou sem um destino de porvir incriminado, maus indícios assim como do destino do sol que nunca deve ser olhado para não se cegar. Tem gente que fala muito e não diz nada e gente que nada diz e fala muito com os olhos, nos jeitos e nos trejeitos.

costa6.jpg Não era ontem e nem é hoje a hora de doces conversas porque as demoras arrastam o tempo até o momento passar e no previsto, o acontecido acontece; sempre tem inimigos que tropeçam nas dúvidas imaginárias querendo perdões no mundo dos outros! Sempre a culpa é de alguém que nas periclitãncias até nem querem ser ninguém. Quando aceitei o tempo da minha existência, dei-me conta que este nome de António Costa podia ser confundido na sombra do meu imbondeiro que malembelembe crescia no seu destino.

onça4.jpg Naquele, e outros muitos momentos, todos os sonhos morriam em menos de um dia, uma hora, um décimo de segundo. Afinal naquele imbondeiro, todas as sombras já tinham morrido naquele décimo de segundo.  E, porque as conversas só desmaiam no peso do medo, fala-se mal do Robert Mugabe, uma múmia vivente que ultrapassou a sombra do tempo num lugar distante aonde a inflação ficou mais grávida que nos restos do mundo, da áfrica!

costa7.jpg Mas há outros Mugabes entre nós, no meio de nós, fingindo ser só um sucedâneo de gente boa mas, merecendo serem enfrascados como molho de tomate, tomate do M´Puto. Neste lugar, também tem feitiços com os demasiados que entram na sombra escondendo sua precária dignidade. Em África não tem maka mas aqui, num lugar mais ultramarino não basta dizer que não faz confusão! Porque não tens que te meter! Os demais, assim sem mais e só mesmo, seguem seu próprio caminho calando-se nas vaidades pesando assim e também o tamanho do tempo, capiangando milhões como se estivessem num lugar fugido da terra com gente de só matumbos.

costa8.jpg Este outro António Costa é um transgénico socialista que surgiu traindo o Seguro; não tem nada a ver comigo nos procedimentos porque o chão vai-me ensinando os infinitos modos de sossego e, porque o mundo que é grande se completa com nuvens e céu olhando as vistas, pedaços de retractos rasgados que sorrateiramente nos lembram que o mérito está a dormir. No devido respeito sem querer tropeçar no barulho dos outros, sofro as dores do presságio por antecipação, como quando ainda candengue e com fisgas nos risos decifrava as letras escritas noutros sonhos.

dyo01.jpg No tempo em que pelos atalhos e com visgo e, na força da mulembeira trepava o desconhecido das fronteiras de minha, nossas raças. Pouco a pouco, malembelembe, decifrando as estórias, as letras escritas, afortunava meu sonho com respeito pelo desfalecimento dos outros. Depois, na inevitável distância do tempo da abundância, outra gente veio amarrotar nossas vidas, escondendo as amotinações; pode mesmo assim, uma pessoa feita da própria terra alterar as cores de sua vida, seu sonho, sua bandeira …

O soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:01
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Sábado, 22 de Agosto de 2015
MUJIMBO . XCIII

ANGOLATESTEMUNHO III ... Os benefícios da reconstrução foram escassos e muito restritos a certas regiões e classes sociais...

Por

vumby0.jpgFernando Vumby (Fórum Livre Opinião & Justiça - Janº 2015)

P: Perguntas feitas por Pedro Aires Oliveira

UM LIVRO QUE CONTA COMO FUNCIONA A OLIGARQUIA ANGOLANA

ricar1.jpgRicardo Soares de Oliveira, 37 anos, professor de Política Comparada na Universidade de Oxford, acaba de publicar um livro em que analisa a trajectória de Angola desde 2002. Magnificent and Beggar Land. Angola since the Civil War (Hurst, 2015, 288 pp.).

ang1.jpg (…) R: - As duas dimensões mais bem-sucedidas serão a reconstrução de infraestruturas e a estabilização da economia angolana. Mas de forma mais lata, os benefícios da reconstrução foram escassos e muito restritos a certas regiões e classes sociais. Há aqui várias dimensões. Enquanto académico, tentei fazer uma avaliação holística e, desse ponto de vista, por exemplo, se um consultor português passa seis meses em Angola e regressa rico, para ele a reconstrução do país foi um sucesso.

R: - Mas se introduzirmos outros elementos, e nomeadamente as condições de vida de 90% da população, que não faz parte nem da elite, nem da classe média urbana, nem dos expatriados que têm beneficiado da reconstrução, então a visão é bem mais decepcionante. No meu livro, não tentei avaliar Angola segundo padrões irrealistas e demasiado exigentes, que não tomam em conta a história trágica do país.

dia54.jpg R: - Mas Angola está-se a dar mal de acordo com os parâmetros delineados pelo próprio governo e pelas promessas que fez aos angolanos desde 2002, em termos de criação de emprego, saneamento básico, electrificação, combate à pobreza, saúde pública, qualidade de ensino, habitação, etc. Em todas estas áreas, e no contexto do boom petrolífero, o governo fez promessas muito concretas, não só em termos eleitorais, mas também quotidianamente.

lu4.jpg R: - É o Estado angolano que se projecta enquanto Estado híper-desenvolvimentista. Por conseguinte, é perfeitamente legítimo que comparemos o registo de realizações desse Estado às promessas que ele mesmo fez. E aqui os resultados são decepcionantes.

P: - Dedicas também um capítulo inteiro à inserção internacional de Angola. Mais uma vez, a elite parece ter sido até agora bem-sucedida?

capu6.jpg

R: - A elite, diversificou alianças e parcerias, mas é-lhes difícil evitar a impressão de que tudo isso assenta em bases precárias, porque é demasiado dependentes do petróleo e do preço do mesmo. Nesse capítulo tento fazer duas coisas. A primeira é dizer que se Angola não se emancipou das estruturas internacionais, pelo menos criou um espaço muito mais confortável para si mesma nos últimos 10 anos. Nesse capítulo tento fazer duas coisas. A primeira é dizer que se Angola não se emancipou das estruturas internacionais, pelo menos criou um espaço muito mais confortável para si mesma.

(Continua em testemunho IV…)

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:52
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Sexta-feira, 21 de Agosto de 2015
FRATERNIDADES . XCII

UM MILAGRE PARA VOCÊ - !!!!! - Em nossas vidas, nunca sabemos quantos milagres precisaremos. Um milagre não é o adiamento de uma lei natural, mas a operação de uma lei superior, Ter fé...…

As escolhas de T´Chingange

Por

amilcar 0.jpgAmílcar e Isabel Rodrigues

amilcar 1.jpg Vem isto a propósito de uma “canção de intervenção” que diz “ O QUE É PRECISO É AVISAR A MALTA”, ou seja, “a Galera” do cantor Zeca Afonso, Portugal. Estive a ouvir um Irmão, em lamentos, acerca do estado geral das coisas no Brasil. Falou-me da corrupção, do Serviço de Saúde, das escolas, da insegurança, da inflação e até do mundanismo nas igrejas. Enquanto ele falava comigo, lembrei-me do alvoroço que a tempestade no Mar da Galileia causou nos discípulos, enquanto Jesus dormia, sossegadamente, na proa do barco. É sempre difícil (ou quase impossível), resolvermos os problemas quando o nosso coração se deixa perturbar com as causas externas. “Perdemos o norte” de quem somos e o poder que nos foi dado em Cristo Jesus, que nos mandou ter bom ânimo perante as aflições da vida. Ele já tinha ensinado aos seus discípulos como resolver os problemas, a fim de que a paz de Deus os aquietasse.

amilcar 02.jpg Naquele dia, no mar da Galileia, com a fúria dos ventos e o mar alvoraçado, e com o desânimo nos corações, um dos discípulos fixou os olhos no Mestre que dormia com uma inocência perturbadora, e despertando-o, disse-lhe: "Não te importas que pereçamos?". Então o Mestre levantou-se e fez o que era preciso fazer, ou seja, repreendeu os ventos e o mar e fez-se uma grande bonança. Os discípulos, estupefactos, interrogavam-se: “Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem?”. Conhecendo o que lhes ia no coração, Jesus lhes perguntou porque é que eles eram tão covardes. Ora o que faltou aos discípulos foi a Fé capaz de fazer agir o coração, coragem, porque todas as coisas são possíveis àquele que crê.

amilcar01.jpg Perante o desassossego que reina nos corações dos homens e das mulheres no Brasil, é imperioso pois dizer: “O que é preciso é avisar as igrejas”. Quando os portugueses chegaram ao Brasil em 1.500, baptizaram este país de “Terra de VERA CRUZ". Para celebrar o evento, cortaram-se duas árvores de alto porte, e depois tornou-se necessário fazer com elas, uma cruz que a simbolizasse. Aconteceu que os bravos marinheiros estavam com grande dificuldade em levantar do chão as árvores caídas, e foi quando observaram, que por detrás de uns arbustos, estavam os Indígenas a observá-los. E como por milagre, vieram em socorro dos navegadores, e todos juntos levantaram os troncos, Foi assim que erigiram aos céus a primeira cruz, sinal de Cristo, nas terras que hoje se chamam, Brasil.

amilcar 3.jpg Convém recordar este evento, para nos despertar de que é a união que faz a força e que no dizer do Mestre, "reino dividido e casa dividida, não subsiste". É necessário avisarmos as igrejas, para que se levantem pela Graça de Deus, num clamor a Deus, e venham os tempos de paz sobre a terra, aos homens de boa vontade. Alguns dizem-me que o Brasil não tem jeito, porque a colonização dos portugueses, com a vã cobiça pelas riquezas, semearam nesta terra maravilhosa, o mal sem fim. Que a escravatura que veio do outro lado do mar é a genesis de todo o sistema que impera até aos dias de hoje.

amilcar4.jpg É certo que se trocou o nome de VERA CRUZ por BRASIL, porque era o nome da árvore que dava o vermelho para tingir as roupas, e que também é uma metáfora ao sangue da violência do deus Mamon. É preciso dizer às igrejas que “Jesus veio desfazer as obras do Maligno” e que não nos podemos deixar intimidar pelo mal. É preciso avisar as igrejas, para que se cumpra o que está escrito - "A Misericórdia e a Verdade se encontraram: a Justiça e a Paz se beijaram, também o Senhor dará o bem, e a nossa terra dará o seu fruto”. Salmo 85:10 e 12.

Fraternalmente, Casal com uma Missão - Amílcar e Isabel Rodrigues

As opções de T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:02
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Quarta-feira, 19 de Agosto de 2015
MUXIMA . XLVII

ANGOLA - Relembrar o Lubango e os macacos da Senhora do Monte… Em Angola todas as picadas têm uma fatídica curva da morte - Á última curva, chamaram-lhe descolonização 

Por

torres.jpgEduardo Torres - Um xicoronho, branco de segunda de 4ª geração

macaco1.jpg Nos tempos vividos em Sá da Bandeira, havia dois aspectos que caracterizavam a cidade: o picadeiro na rua Pinheiro Chagas, aos domingos à tarde, e geralmente um passeio de automóvel, mais frequente, nesse dia da semana, na volta à Senhora do Monte, geralmente descendo pela estrada que passava pela Escola Artur de Paiva, no Bairro Camisão, continuar até, ao cinema Arco Íris, descer pela avenida do Liceu, desembocar na Praça da República, passar à frente do Palácio do Governo e descer pela Pinheiro Chagas, onde um mar de gente dava o seu passeio higiénico de domingo.

alhinho.jpg Por isso àquela Rua se chamava de Picadeiro; os automóveis também circulavam num percurso repetido, que da rua Dr. Loba Das Neves à Pinheiro Chagas, num passatempo extraordinariamente interessante. Era habitual, no parque da Senhora do Monte, e em especial, junto da estação de tratamento de água, as viaturas estacionarem para os seus ocupantes darem à legião de macacos que descia da serra, guloseimas que eles apreciavam, chegando a subir aos campos e tejadilhos, numa confusão, mostra do que no aproveitar é que está o ganho; esta técnica foi bem treinada no acto descolonizador.

macaco2.jpg Os animais já estávamos domesticados por força de um hábito adquirido, de que ninguém lhes fazia mal, pelo contrário, privava-se com eles pacificamente. Com a nossa saída de Angola, nós gente laboriosa e brancos de segunda de terceira geração fruto de uma macacada menos inocente… Constou-me, que os macacos em vez de receberem comida, como naturalmente estavam habituados, tinham sido comidos contrariamente à sua vontade.

mai3.jpgQuando da minha visita a Angola, foi-me dito que se procurava de novo criar esse hábito aos monos, e que uma nova geração de macacos começava a acreditar na boa intenção dos seres humanos mwangolés do mando e desmando. Num esforço de acreditar nisto, espero sentado pra ver de novo lá aonde seja, ver repetir-se aquela tradição de partilhar a natureza com os demais animais. Preservar esses bons princípios de cordialidade para regalo dos criacionistas se compararem nos tempos vindouros.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:49
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Terça-feira, 18 de Agosto de 2015
MALAMBAS . XCVI

NAS CINZAS DO TEMPO . Encorujado nos meus farelos antigos, queimo as pestanas das muitas e antigas lembranças!…

Malamba é a palavra

Por

t´chingange 0.jpgT´Chingange

jack1.jpg Jack Palance (Vladimir Palahniuk). Actor norte-americano falecido a 10 de Novembro de 2006. Antes, foi lutador de boxe, acreditando-se que sua face desfigurada se devesse aos golpes recebidos, mas em verdade a desfiguração foi causada por um acidente de aviação.

jack2.jpg Discutindo-me sozinho num domingo de Agosto, meti o cachorro no Nemo (nome do carro) melhor, ele o cão  subiu preso só na minha vontade. Dei-lhe luz no furgão escuro e disse-lhe que se mantivesse quieto até chegar ao castelo das assombrações, nossa praia do rio Arade em Ferro Agudo; Via ao longe a cidade de Lagos iluminada do sol nascente, um sítio de tráfico de antigos escravos mas que agora era só lugar aonde semeamos as nossas vidas porque a desgraça de agora não é distribuída por outras raças que não a branca. Tudo isto porque nas vivências de agora cada qual fica com a sua fala, seu negócio, sua maka ou seu petróleo. Branco mesmo e agora, lá longe na Luua dos N´Golas, serve mesmo só para extorquir gasosa autorizada fazendo valer o costume ancestral da rainha N´Zinga, nas cidades e no mato.

jack3.jpg Nada de confusão, estou no M´Puto a falar das bondades que os brancos gwetas de agora pagam aos mwangolés grunhos das colónias. Na forma de gasosa, a obrigatória participação dum preto no negócio porque esse sim, que está isento de pagar limosna (gorgeta). Preso na minha vontade de pensar a limpar o tempo de patrão, o impossível do súbito e repentino torna-se verídico. Foi mesmo ao sair do carro Nemo e bem junto a uma roulotte com a bandeira dos USA que ao abrir a porta ao cachorro que alguém me dirigiu a palavra num português defeituoso: - Senhor, nesta praia se poder levar cachorro nas água? Olhei a figura e fiquei espantalho; era nem mais nem menos que o Jack Palance, um ruivo cavalheiro que me inchou de felicidade nas peliculas de cinema lá do passado!

jack4.jpg Engasgado de assombro, frente a ele e na descrente veracidade do facto, lembrei num meio segundo suas vozes roucas, beata no lábio, artista principal azedo da vida e com uma cicatriz famosa em seu rosto. Será que estou mesmo neste mundo, nem pedindo licença para entrar no outro; só assim sem mais nem menos!? Refeito, aparentemente olhei de arregalado sua pessoa, seu perfil altivo e respondi enquanto olhava seu cão negro e peludo, um cão-de-água de raça tuga, o perro da moda e, por fim respondi: - Sim! Aqui neste lado do castelo os perros podem quedar-se sim problemas de pagar impuesto! Bolas! No estupefeito do caso dei por mim a falar espanhol. Sim! Repeti cirurgiando sua figura.

jack5.jpg Sempre mais alto e agora mais kota esta kianda assombração, ali estava reganhando competência antiga nas adivinhações do meu silêncio aboamado. Obligado! Tank You ! Duas vezes repetiu agradecimento e na forma de saudade antiga consegui ainda dizer: - OK! Pode passear seu perro e até pescar; aqui tem liberdade de apalpar o sabor das águas, o sabor do sal, bogas, salmonelas e até os ventos que sopram de Monchique e até exagerei: - Pode mirar las sierras, volver en el tiempo e destruir suyo interdito.

elvira4.jpg Ele, Jack Palance, bazou no seu sentido de eloquente grandeza, girou seu espaço em cento e oitenta graus de rumo, e lá foi direitinho ao castelo e por ali ficou solitariamente afagando seu cão de água, atiçando pedaços de pau, jogando inúmeras tristezas à água semi quieta. O perro, ia e vinha alegrando seu dono e eu ali especado segurando o chapéu verde descalibrado neste sonho, eu outra coisa não poderia ser! Pois! Ando preocupado com estas minhas visões mas, por agora ali fiquei apreciando os talentos de Jack Palance, meu artista preferido nos filmes de índios e gente robusta do frio norte, lugar meu desconhecido.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:14
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Segunda-feira, 17 de Agosto de 2015
FRATERNIDADES . XCI

AS CINZS DO TEMPO  … TEXTO SÁBIO DE UM GERIATRA

As escolhas de:

junho3.jpgkimbolagoa

kota0.jpg Estamos envelhecendo. Não nos preocupemos! De que adianta, é assim mesmo. Isso é um processo natural. É uma lei do Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia. Essa lei diz que: “A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desordem do sistema aumenta”. Portanto, tudo que foi composto será decomposto, tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar. Como fazemos parte do universo, essa lei também ópera em nós. Com o tempo, os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam. Sendo assim, relaxe e aproveite. Parafraseando Freud: “A morte é o alvo de tudo que vive”. Se você deixar o seu carro no alto de uma montanha, daqui a 10 anos ele estará todo carcomido. O mesmo acontece a nós. O conselho é: Viva. Faça apenas isso. Preocupe-se com um dia de cada vez. Como disse um dos meus amigos a sua esposa: “usa-me que estou acabando!”. Hilariante, porém realista.

kota1.jpg Ficar velho e cheio de rugas é natural. Não queira ser jovem novamente, você já foi. Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige. Já viveu essa fase, reconcilie-se com a sua situação e permita que o passado se torne passado. Esse é o pré-requisito da felicidade. “O passado é lenha calcinada. O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto” como já dizia Cícero. Abra mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabeleira e do alto desempenho, pra não se tornar caricatura de si mesmo. Fazendo isso ganhará qualidade de vida. Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado. Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora. A flor da idade ficou no pó da estrada. Então, para que se preocupar?! Guarda os bisturis e toque a vida.

kota 2.jpg Você sabe quem enche os consultórios dos cirurgiões plásticos? Os bonitos. Você nunca me verá por lá. Para o bonito, cada ruga que aparece é uma tragédia, para o feio ela é até bem-vinda, quem sabe pode melhorar, ele ainda alimenta uma esperança. Os feios são mais felizes, mais despreocupados com a beleza, na verdade ela nunca lhes fez falta, utilizaram-se de outros atributos e recursos. Inclusive tem uns que melhoram na medida em que envelhecem. Para que se preocupar com as rugas, você demorou tanto para tê-las! Suas memórias estão salvas nelas. Não seja obcecado pelas aparências, livre-se das coisas superficiais. O negócio é zombar do corpo disforme e dos membros enfraquecidos. Nessa resistência em aceitar as leis da natureza acaba espalhando sofrimento por todos os cantos.

kota3.jpg Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna, as infinitas paixões, os prazeres subtis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados prazeres. Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e condena à ruína sua própria alma. Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza e viva a sua fase. Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu. Se não viveu na fase devida, o melhor a fazer é esquecer. A causa do sofrimento está no apego, está em querer que dure o que não foi feito para durar. É viver uma fase que não é mais sua. Tente controlar essas emoções destrutivas e os impulsos mais sombrios.

kota7.jpg Isso pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido. Não dê ouvidos a isso, temos a tentação de enfrentar crises sem o menor fundamento. Sua mente estará sempre em conflito se ela se sentir insegura. A vida é o que importa. Concentre-se nisso. A sabedoria consiste em aceitar nossos limites. Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas e conhecer todas as cidades. Isso é loucura, é exagero. Faça o que pode ser feito com o que está disponível. Quer um conselho? Esqueça! Para o seu bem, esqueça o que passou. Tem tantas coisas interessantes para se viver na fase em que agora está. 

kota6.jpg Coisas do passado não te pertencem mais. Se você tem esposa e filhos, experimente vivenciar algo que ainda não viveram juntos, faça a festa, celebre a vida, agora você tem mais tempo, aproveite essa disponibilidade e desfrute. Aceitando ou não, o processo vai continuar. Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora. Nada nos pertence. Tive um aluno com 60 anos de idade que nunca havia saído de Belo Horizonte. Não posso dizer que, pelo fato de conhecer grande parte do Brasil, sou mais feliz que ele. Muito pelo contrário, parecia exactamente o oposto; isto é válido para outra qualquer parte do mundo e, estou a pensar em Angola ou Portugal lugares lusófonos. O que importa é o que está dentro de nós, a velha máxima continua actual como nunca: “quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”. Esse é o segredo de uma boa vida.

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:20
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Sábado, 15 de Agosto de 2015
MONANGAMBA . XXXV

ANGOLA DAS CINZASRETROACTIVIDADES a maka da guerra engordava raivas e maldades com kwata-kwata de riscar os mandamentos de Deus… 6

Por

t´chingange 0.jpgT´CHINGANGE

preto4.jpg De olhos cheios e sem nada perguntar Zeca Kafundanga angustiava seus sentimentos adivinhando-se entre os sonhos e os enganos, ambos simétricos e às vezes com rezadas fervuras de inspiradas aflições respectivando-se nos assombros entre os is e seus pontos, como num romance desencontrado. Mas, como a vontade se nutre de impossíveis ele superava-se sub-repticiamente no aprendizado de cozinheiro tendo subido na escala; primeiro varre chã, depois esfrega e limpa a louça, depois fritador de batatas até chegar aos guisados, estrugidos e pato no forno mais pargo à pescador e lagosta transpirada. Meu tio Nosso Senhor só de alcunha que nem padreologia estudou, que só seguia seus votos de ser um bom cozinheiro, tirocinado na casa do professor Gerard Lestienne, um francês que casou com os livros lá no M´Puto; continuando, Zeca foi aprendendo novas frituras.

mutopa0.jpg Já fazia saltar a sertã com especiarias de cogumelos com pernas de rãs e aprendeu, além de fritar farturas a fazer saladas com ervas sacras, sagradas e raras com sabores vespertinos com rodelas de beringela e alcachofra desfolhada e hortelã da ribeira da irmandade das Vicentinas. Às vezes as noites faziam-se côncavas para tornar os pacatos olhos nossos em desejos de despertinos apetites; Tinha de ser assim porque o senhor Arcebispo de Luanda Dom Luís Maria Pérez de Onraita, não comia caril, muamba nem um muzungué qualquer.

kafu18.jpg Os trabalhadores da Brigada de Caminho-de-ferro do Norte em uma fase já adiantada da construção da ponte sobre o Rio Lucala foram sendo destacados para outras tarefas de assentamento de novas solipas em substituição daquelas já apodrecidas. E, Kafundanga foi entregue à procedência pelo mesmo camionista que me levou ao acampamento do Lucala, o tal das hienas a chorar ao redor dos desperdícios da nitreira e os leões que se espolinhavam nas terras sujas de óleo derramado para se desparasitarem.

kafu19.jpg Pois então, Kafundanga foi entregue na Rua José Maria Antunes nº 22 à Dona Arminda pelo Senhor camionista Zeferino Pereira que ao ver-me teceu considerações abonatórias a meu respeito. A guerra do terrorismo tinha iniciado no norte de Angola e a maka engordava raivas e maldades. Com kwata-kwata de riscar os mandamentos de Deus entornavam-se pecados em falas cheias de dentes, facas, catanas, abatises, cortes de estradas, catanas e corpos despedaçados mais os canhangulos cuspindo pregos.

kafu20.jpg Raivando-se tantas vinganças, Kafundanga teve de se recolher à casa de meu pai Manel Cabeças seu pai gweta de empréstimo e ali ficar muito recolhido porque ele era preto de nascença. No recolhimento do seu mukifo anexo ele me falou sua preocupação: - Háka tonito (era meu nome de família) não tenho nada a ver com estas makas e, muito triste continuou : - Nasci assim com defeito de cor, foi castigo de Deus que me destinou constituir-me gente! Não é nada disso, falei eu. Tu achas mesmo que ele me foi justo? Replicou na sua cerimoniosa tristeza!  Deus é grande, não fales ofensas que no depois ficas sem perdão! Disse eu, num jeito de apaziguar as sortes. Nestes dias de kwata-kwata, a coisa ficou mesmo feia e nestas falas assim ficamos sem palavrões nem injuriações…

Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:03
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Sexta-feira, 14 de Agosto de 2015
PUTO . LVII

TEMPO DE CINSAS . FISCALIDADE . UMA PORTAGEM PARA O CALVÁRIO. Cristo vem cá abaixo ver isto?

As escolhas de T´Chingange

port0.jpgFonte: Revista da ACP (Automóvel Club de Portugal)

port1.jpgUm contribuinte vende o carro a um stand, assina toda a papelada como exige a lei e três anos depois tem uma dívida ao fisco de 17 mil euros em portagens.

A vida fiscal de Luís Sena de Vasconcelos, antigo piloto de competição, entrou em despiste no espaço de três anos: em 2011 vendeu o seu Wolkswagen Golf a um stand e cumpriu o que a lei exigia: entregou a declaração do registo automóvel e pediu uma declaração de responsabilização ao dito stand. Entretanto, mudou de casa e comunicou o facto às Finanças, tendo também alterado o registo automóvel das suas viaturas, excepto, claro, o Wolk Golf. Aliás, nunca mais pensou no tal carro, até que recebeu as notificações para pagar o Imposto Único de Circulação (IUC) de 2013€ de 2014. Mas as surpresas não se ficaram por aí. Iniciada a investigação, Sena de Vasconcelos constatou que o stand, agora encerrado, nunca alterou o registo de propriedade.

port2.jpg Em 2014 chegam os primeiros processos de execução fiscal e de contra-ordenação, por falta de pagamento de portagens, já depois da data de venda da viatura. Total: quatro mil euros, que pagou para evitar a penhora. Ainda pensou opor-se a estes processos, mas isso teria elevados custos judiciais. O único momento de sorte neste processo foi quando, em setembro, localizou o seu antigo Golf, por mero acaso. Abordando o novo dono, conseguiu mudar o registo da viatura e ainda ser ressarcido.

port3.jpgO novo dono assinou também uma confissão de dívida. Sena de Vasconcelos teve depois o cuidado de indagar às Finanças, à Brisa e à Ascendi se havia mais processos pendentes, mas foi-lhe respondido que não. Mas, o sossego durou pouco. Entre janeiro e abril recebeu mais 187 notificações das quais 25 eram execuções fiscais. Total: 12.557€ em contra-ordenações, mais 744€ em execuções. Com a cooperação do novo dono, Sena de Vasconcelos ainda tentou convencer as Finanças a averbar os processos ao verdadeiro responsável pela situação, mas o pedido não foi acolhido.

BUNDA.jpg E, havia o problema da contestação, que custa 306€ por cada processo. A matemática, aqui, é simples: 187 processos x 306€ = 57.222€, a que somaria ainda uma garantia de 15 mil euros. Total: 72.222€. Para Sena de Vasconcelos a grande dúvida é: “Como é que estas empresas conseguem ter o implacável Fisco a fazer de cobrador?”. Ainda dizem que não há azares! E, diabos!? Muito cuidado e, acompanhar os processos até ao final não se fiem na sorte!...

As opções do Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:11
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Quinta-feira, 13 de Agosto de 2015
MALAMBAS . XCV

NAS CINZAS DO TEMPO . Encorujado nos meus farelos antigos, queimo as pestanas nos muitos incêndios de agora!…

Malamba é a palavra

Por

t´chingange.jpegT´Chingange

ince.jpg Na minha existência em terras do M´Puto, encorujado nos meus farelos do tempo, poeira antiga, risco a contragosto cinzas sem nervuras, parindo terras queimadas, incêndios desfazendo as paisagens de largas vistas; homens e bichos vizinhando labaredas espumosas e vermelhas, medonhas mesmo, de me descontarem agruras nas despesas da vida. Enfim, num descampado de existência consumo líquidos, entornando sumos e sucos, mistelas e bolungas pra fazer voar ou diluir as cinzas no tempo, variantes que no infinito me dão as estranhas notas com episódios penumbrados. Escassos instantes, ansiosos para me suprimirem.

ince5.jpg Das muitas versões, razões e incrédulos silêncios, converso com as sombras falando à-toa dos detalhes, do tição, do medo duma fogueira a reacender a mata, o morro, a serra e, o fogo que avança, que beija, que queima e que mata. Esta coisa, esta terra é mesmo um lugar que deveria ficar para além de todas as viagens, tornando o chão solitário, envelhecendo o próprio tempo, queimando pestanas dos velhos, dos avós e dos avós dos avós e, a chuva que não chega, Nosso Senhor descuidado permitindo um outro, um qualquer estranho de ilegível inquietude, inquietar-nos.

ince4.jpg E, passa um dia e outro e, caem helicópteros, morrem voluntários, fazem-se solicitações de mais aviões e a Força Aérea, os militares e os bombeiros e gente com medalhas de falas na arrogância das metades, gente que guarda a eterna gestação das fontes quase secas, negociatas, madeireiros contando estórias, seus episódios e até crianças que brincam com o ambiente; acendem caruma e pinhas para ver como é e a coisa sem controlo que desvoluntariam os moradores, vizinhos e alguns doidos que nunca souberam coabitar com a natureza, com os pinheiros e matas de castanheiros.

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:18
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Quarta-feira, 12 de Agosto de 2015
FRATERNIDADES . XC

NUM TEMPO CINZENTO Famosa Anedota de Gandhi!

Por

kimbo 0.jpgkimbolagoa

gandhi1.jpg Quando Gandhi estudava direito na Universidade de Londres, tinha um professor chamado Peters que não gostava dele, mas Gandhi nunca baixou a cabeça e, eram vários os encontros. Um dia o professor estava comendo no refeitório e ele sentou-se à mesma mesa. O professor disse:

- Senhor Gandhi, o Sr. não sabe que um porco e um pássaro não comem juntos?

-Ok professor, já vou voando, responde - e muda de mesa.

O professor, aborrecido, resolve vingar-se no exame seguinte, mas ele responde brilhantemente a todas as perguntas.

gandhi2.jpgEntão resolve fazer a seguinte pergunta:

- Senhor Gandhi... Indo o Sr. por uma rua e encontrando uma bolsa, abre-a e encontra a sabedoria e muito dinheiro... com qual deles ficava?

- Claro que fico com o dinheiro, professor!

-Ah! Pois eu no seu lugar ficaria com a sabedoria!

-Tem razão professor... Cada um ficaria com o que não tem!

ara3.jpgO professor furioso escreveu na prova a palavra “Idiota” e entregou-a para ele. Gandhi recebeu a prova e sentou-se. Alguns minutos depois, foi ter com o professor e disse:

- Professor! O Sr assinou a prova, mas não pôs a nota!

"Se alguém lhe fechar a porta, não gaste energia com o confronto, procure as janelas. Lembre-se da sabedoria da água: a água nunca discute com seus obstáculos, mas os contorna."

As escolhas do Soba T´Chingnge



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:15
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Terça-feira, 11 de Agosto de 2015
MUJIMBO . XCII

ANGOLA - TESTEMUNHO II ... Angola recebeu mais de 400 mil milhões de dólares em receitas petrolíferas desde o fim da guerra…

Por: Fernando Vumby (Fórum Livre Opinião & Justiça - Janº 2015)

UM LIVRO QUE CONTA COMO FUNCIONA A OLIGARQUIA ANGOLANA

ricar1.jpgRicardo Soares de Oliveira, 37 anos, professor de Política Comparada na Universidade de Oxford, acaba de publicar um livro em que analisa a trajectória de Angola desde 2002. Magnificent and Beggar Land. Angola since the Civil War (Hurst, 2015, 288 pp.) - Conta-nos num livro fundamental como a actual oligarquia acumulou poder e riqueza e viu Portugal render-se ao poder dos seus dólares.

ricar8.jpg P: - Quando é que eles terão concluído que já acumularam o suficiente para se dedicarem a uma tentativa de criação de respeitabilidade e durabilidade, o que pressupõe legitimar socialmente as suas fortunas, através da filantropia e das boas obras?

R: - Mas, também, quando é que as estruturas que anteriormente foram permissivas com essa forma de acumulação são alteráveis. Eu penso que os dois processos - a mudança de mentalidades dos oligarcas e a mudança institucional - têm de surgir simultaneamente. E no caso de Angola nenhum deles está a acontecer. Há oligarcas angolanos que já estão a pôr os filhos em escolas em Inglaterra, que começam a aparecer no jet-set internacional, e gostariam que a origem das suas fortunas fosse esquecida. Da mesma forma que muitos oligarcas russos eram há uns anos vistos como uns bandidos mas depois se tornaram respeitáveis frequentadores de Davos, Ascot e todos esses meios.

ricar10.jpg R: - Ou seja, por um lado eles têm esse instinto, mas, por outro, a economia de Angola tem tantas recompensas a dar a quem tem poder, que sempre que eles têm de optar entre a via mais difícil da respeitabilidade e a via do facilitismo, eles escolhem sempre a via do Far West. Mas se isso pode ser tacticamente acertado, estrategicamente mina a capacidade a longo de essas elites se tornarem as elites legítimas do país. No centro deste sistema está o Presidente José Eduardo dos Santos, que não é apenas o chefe de Estado mas sobretudo o power broker do sistema, que preside a um vasto Estado paralelo, onde impera a confusão de interesses privados e públicos.

P: - Mas isto também pode tornar o regime vulnerável quando se colocar a sério a transição na Presidência. Até que ponto isto é uma questão que já está condicionar a política angolana?

R: - O Presidente José Eduardo dos Santos (JES) é tão importante quanto as pessoas julgam que ele é. É alguém que pode ocasionalmente delegar autoridade a tecnocratas, mas, em última instância, é ele que toma as decisões. E não é raro, na trajectória do Estado angolano desde que JES chegou ao poder, haver um ministério que parece que se está a institucionalizar, a adquirir um mandato político convencional, mas esse poder está sempre sujeito a ser retirado por JES quando a utilidade política de tal exercício se esgota. E nesse sentido a saída de cena de JES vai ser tão traumática quanto se esperaria. A centralidade que ele adquiriu ao longo dos anos tem aspectos positivos - num sector como o petróleo, por exemplo, conseguiu estabelecer uma unidade de objectivos e uma coerência grande. Mas em muitas outras áreas prevalecem os aspectos negativos, na medida em que ele esvaziou o conteúdo político e decisório das instituições.

ricar9.jpg P: - Outro aspecto que é sublinhado positivamente na actuação de JES é o facto de ele ter evitado que algumas questões sempre latentes na sociedade angolana, nomeadamente as questões raciais, se tenham tornado armas do jogo político. Se ele sair de cena, o que poderá acontecer?

R: - Sim, mas são problemas ele não está a resolver, está meramente a contê-los. Ele tem evitado a questão racial. Mas temos de ver até que ponto o MPLA quererá evitá-la, à luz do que foi o passado do partido nessa matéria. É no entanto uma questão avassaladora, muito discutida em privado; é o elefante na sala. Isso demonstra-se num discurso xenófobo que tem aflorado em relação à presença dos brancos, e nomeadamente dos portugueses, em Angola, mas mesmo dentro do próprio MPLA é frequente as pessoas queixarem-se de que há muitos mestiços aqui e ali. E é uma questão facilmente mobilizável. É um recurso político que está ali, pronto a ser usado por forças populistas.

ricar5.jpg R: - Angola está-se a dar mal de acordo com os parâmetros delineados pelo governo e pelas promessas que fez aos angolanos, em termos de criação de emprego, saneamento básico, electrificação, combate à pobreza, saúde pública, qualidade de ensino, habitação. Esta década de paz e reconstrução, embora tenha trazido melhorias palpáveis às pessoas comuns, deixa a impressão de ter sido uma oportunidade perdida. O livro apresenta um somatório impressionante de projectos ruinosos, esquemas fraudulentos, elefantes brancos, de onde resultou uma dissipação colossal de recursos. Por outro lado, a economia diversificou-se muito pouco - permanece altamente dependente das indústrias extractivas e negligenciou a qualificação das pessoas. Houve melhorias de nota em Angola, se compararmos o país destruído de 2002 a realidade de 2015, o que não e surpreendente: Angola recebeu mais de 400 mil milhões de dólares em receitas petrolíferas desde o fim da guerra.

(Continua em testemunho III …)

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:04
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Segunda-feira, 10 de Agosto de 2015
MUXIMA . XLVI

AMIGO DE PENICHEA língua portuguesa é particularmente fértil em expressões idiomáticas….

AS ESCOLHAS DO KIMBO

Por

onça0.jpgNell Teixeira

A língua portuguesa é particularmente fértil em expressões idiomáticas derivadas essencialmente de lendas e de vivências do quotidiano, que muitas vezes se perdem na origem do tempo e que vão perdurando no léxico através dos anos, sem que contudo, frequentemente, se consiga com precisão explicar a sua origem. As curiosas expressões “Amigo da Onça”, utilizada simultaneamente no Brasil e em Portugal, e “Amigo de Peniche”, utilizada somente em Portugal, são o exemplo da dificuldade corrente em datar e precisar a origem destas eufemísticas formas de expressão tão típicas da maneira de ser luso-brasileira. Em última análise o significado de ambas é idêntico e refere-se a um falso amigo, alguém que apenas está interessado em receber algo às nossas custas e nada nos dá em troca.

onça1.jpg “Amigo da Onça” suscita nos dois países explicações contraditórias: uma delas relaciona-a com o acto de “cravar” tabaco quando, em tempos que há muito já lá vão, o tabaco mais barato era o de enrolar em mortalhas que era vendido em embalagens com o peso de uma onça, o que terá levado a que a própria embalagem assumisse o nome de onça. Quem abordava alguém para “cravar” tabaco seria, portanto, mais amigo da onça que da pessoa. Outras não menos verosímeis e interessantes explicações são as que a relacionam com duas anedotas muito populares em tempos: Um mentiroso que, contando as suas pouco credíveis façanhas, dizia ter feito gato-sapato da onça que o atacara, é questionado da veracidade das mesmas por um ouvinte, que obtém do mentiroso como resposta à sua interpelação um sonoro "Afinal és meu amigo ou amigo da onça?".

onça2.jpg Igualmente credível e envolvendo onça é a anedota que deriva do diálogo entre dois circunstantes: “- O que faria você se estivesse na selva e uma onça aparecesse na sua frente? - Dava um tiro nela. - E se você não tivesse uma arma de fogo? - Tentava furá-la com o meu facão. - E se você não tivesse um facão? - Apanhava qualquer coisa, como um pedaço de pau, para me defender. - E se não tivesse um pedaço de pau por perto? - Procurava subir na árvore mais próxima. - E se não tivesse nenhuma árvore no lugar? - Saía correndo. - E se você estivesse paralisado pelo medo? Aí, o outro, já aborrecido, retruca: - Afinal, você é meu amigo, ou amigo da onça?” 

onça6.jpgAmigos da Onça Peniche Cruzeiro Revista Pericles Andrade Maranhão Curiosamente, no país irmão, esta anedota serviu de inspiração a Leão Gondim de Oliveira, director da então emergente revista "O Cruzeiro", para baptizar um personagem célebre nos anos 40 e 50 saído da pena do desenhador pernambucano Péricles de Andrade Maranhão, que recebeu uma encomenda de Leão Gondim para criar um personagem que traduzisse "a verve típica e o humor carioca", que captasse "o estado de espírito daquele que vive no Rio de Janeiro, não importando onde tenha nascido".

onça3.jpg Assim nasceu a personagem “Amigo da Onça”, cujas "tiras de quadrinhos" viriam a ser publicadas com um sucesso incrível durante vinte anos e que durante esse tempo serviu para achincalhar instituições como o casamento, o exército e a hipocrisia social, cometendo as maiores maldades que puseram em delírio os leitores da época: enganar um incauto transeunte na rua, “pregar uma peça” na sogra, barafustar com o amigo que pede dinheiro emprestado, estender uma armadilha para o chefe mal-humorado e outras pilhérias de um humor simples, directo, quase naif, que levaram este baixinho de cabelo penteado para trás à custa de brilhantina, "summer jacket", bigode fininho, cara de corvo e olhar de carneiro mal morto, a ser o responsável por “O Cruzeiro” ter colocado dentro da revista as tiras de banda desenhada que antes se quedavam pelas capa e contracapa, evitando assim que as pessoas folheassem a revista sem pagar.Amigo Amigos Onça Peniche Cruzeiro Revista Pericles Andrade Maranhão - Muito mais prosaica mas não menos interessante e historicamente correcta é a explicação avançada para o epíteto “Amigo de Peniche”, que remonta aos primórdios da conhecida “malapata” nacionalista dos portugueses para com os “bifes", os britânicos portanto, quantas vezes consubstanciada numa “relação mais ódio que amor” e que tem hoje no futebol o seu alter-ego.

onça7.jpg Decorria à época a III Invasão Napoleónica, a Família Real Portuguesa abandonava o país em fuga para o Brasil e, sendo Portugal e a Inglaterra aliados desde há séculos e a Inglaterra a principal interessada em ter acesso aos principais portos marítimos internacionais que a França lhe queria bloquear, era de todo o interesse que o porto de Lisboa se mantivesse aberto e acessível ao comércio marítimo inglês. Assim, os ingleses desembarcaram em Peniche dizendo que vinham prestar ajuda a Portugal, mas o que ficou na história portuguesa como um espinho cravado e nunca extirpado foi que mal desembarcaram as forças inglesas comandadas por Arthur Wellesley, iniciaram de imediato pilhagens e todo o género de desmandos sobre as gentes portuguesas. De Peniche avançaram até Lisboa derrotando as tropas francesas de Messena nas Linhas de Torres (Torres Vedras). Desde esse tempo, os ingleses passaram a ser pouco considerados pelos portugueses, desconsideração essa que ainda mais se acentuou na época do Ultimato, e a expressão "Amigos de Peniche" passou então a designar todos os falsos amigos, os amigos da “onça inglesa”. Elucidativo.

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:30
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Domingo, 9 de Agosto de 2015
MUJIMBO . XCI

ANGOLA TESTEMUNHO I ... OS PRESOS POLÍTICOS & AS PRATICAS DE TORTURA TRAZIDAS DE CUBA QUE ENCONTRARAM UM TERRENO FÉRTIL EM ANGOLA

Por

vumby0.jpgFernando Vumby (Fórum Livre Opinião & Justiça - Janº 2015)

UM LIVRO QUE CONTA COMO FUNCIONA A OLIGARQUIA ANGOLANA

ricar1.jpg Ricardo Soares de Oliveira, 37 anos, professor de Política Comparada na Universidade de Oxford, acaba de publicar um livro em que analisa a trajectória de Angola desde 2002. Magnificent and Beggar Land. Angola since the Civil War (Hurst, 2015, 288 pp.).

ricar4.jpg  Ricardo Soares de Oliveira (R) estudou a Angola do pós-guerra civil. Conta-nos num livro fundamental como a actual oligarquia acumulou poder e riqueza e viu Portugal render-se ao poder dos seus dólares. Conversámos com ele acerca de alguns dos assuntos aí abordados, desde os contornos do sistema de poder nesse país às idiossincrasias da relação luso-angolana, bem como sobre as consequências que são possíveis de antever em função da descida do preço do petróleo nos mercados internacionais, o principal (se não mesmo único) motor da economia angolana. Uma entrevista conduzida por Pedro Aires Oliveira (P).

ricar6.jpgP: Comecemos pela questão mais elementar. Ricardo: quais as razões que te levaram a escreverem este livro?

R: - Há várias razões. Angola sempre me fascinou e foi um país acerca do qual eu já tinha trabalhado bastante. Do ponto de vista intelectual, notei que havia uma grande lacuna no conhecimento acerca de Angola. Apercebi-me de que Angola era um país que se transformara completamente na última década. Tinha tido guerra durante 41 anos, se contarmos com o período colonial, a Guerra Fria e os anos 1990, mas desde 2002, por uma série de razões, o país estava a reinventar-se. E, eu achei essa questão apaixonante. Quis perceber até que ponto isso estava realmente a acontecer ou havia continuidades em relação a estruturas de desigualdade e subdesenvolvimento que já existiam não só no contexto da guerra civil, mas também no período colonial.

dia35.jpg P: - Um aspecto que é mencionado logo na abertura do livro é o peso do passado, a saliência de certas continuidades históricas. Como é que isso se tem manifestado no pós-guerra civil /independência, e até que ponto condiciona o presente do país?

R: - É difícil estabelecer uma hierarquia de factores. Eu diria que há muitos factores que continuam a ter importância na vida angolana. O mais óbvio é o facto de não se ter produzido em Angola, mesmo nesse período do colonialismo tardio, uma burguesia forte. E isso é um facto que não só vai influenciar as escolhas da elite angolana, mas o próprio processo de formação de classes em Angola desde 1975. Mas de uma forma mais concreta eu diria que o modelo de desenvolvimento português, o modelo seguido entre 1961 e 1974, teve uma vida intelectual pós-independência bastante interessante.

moc2.jpg R: - Foi um modelo que, mesmo no contexto do socialismo, de uma forma mais discreta, e a partir de 1991, de uma forma mais explícita, se revelou persuasivo, e que continuou a influenciar a mentalidade das elites angolanas. As elites angolanas gostam da ideia de Angola desenvolvida em 1973 – o ano de 1973 é uma data mítica, pois foi o ano de maior produção no período colonial. Por outro lado, no processo de reconstrução de Angola após 2002 houve elementos absolutamente novos – por exemplo a destruição da velha Luanda e a construção de uma espécie de Dubai angolano não tem precedentes. Mas sob outro ponto de vista há muitas políticas que pressupõem o restabelecimento da economia e das infra-estruturas do colonialismo tardio. Há oligarcas angolanos que já estão a pôr os filhos em escolas em Inglaterra, que começam a aparecer no jet-set internacional, e gostariam que a origem das suas fortunas fosse esquecida.

ricar6.jpg P: - Uma das facetas notáveis do livro é o retracto que ele oferece das classes dirigentes angolanas, do MPLA, que nos surgem como uma elite muito astuta no que toca à sua estratégia de manutenção no poder, mas, ao mesmo tempo, uma elite que neste período da reconstrução poderá não ter dado os passos mais adequados numa perspectiva de mais longo prazo. E a actual descida do preço do petróleo pode pôr em xeque as premissas da sua hegemonia – ou não?

R: - Eu não me aventurava a especular sobre a sobrevivência política desta elite. Parte dessa astúcia é o facto de essa elite ter conseguido sempre criar uma massa crítica de apoiantes que, sem lhe proporcionar uma grande legitimidade social, lhes tem pelo menos dado o espaço suficiente para sobreviver politicamente e reproduzir a sua dominação. No livro, não quis adoptar uma perspectiva moralizante na análise da trajetória de acumulação das elites angolanas. Por uma razão apenas: porque historicamente nunca é um processo bonito de se ver ao pé. A questão que tenho aqui como politólogo é a de saber quando é que se poderá dar um momento de viragem em termos de reconversão dos oligarcas angolanos. Podemos tentar uma analogia com os Robber Barons americanos de finais do século XIX. (...)

(Continua em testemunho II …)

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:53
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Sábado, 8 de Agosto de 2015
XICULULU . LVII

PONTOS DE VISTA - INTELIGÊNCIA VERSUS RELIGIÕES - Talvez sim! Talvez não! Assunto sempre polémico…

Por: A. José Canhoto

kimbo 0.jpgAS ESCOLHAS DO KIMBO

Na minha opinião todo o possuidor de um quociente de inteligência abreviado pela sigla “QI” na valoração de mais de 110 (inteligência acima da média) teria em princípio a obrigação de demonstrar em relação às religiões um pensamento e uma atitude de total repúdio, afastamento e indiferença baseando a sua decisão em factos concretos e aprofundados sobre a história das religiões. Desde o aparecimento destas no mundo e com a conivência da realeza e nobreza da época aproveitaram-se da inocência, obscurantismo e do desconhecimento da humanidade devido à iliteracia durante o período mais negro da nossa história que foi o da idade média século XII, para perseguirem, excomungarem e queimarem os sábios e cientistas tais como Newton, Galileu, Copérnico, Giordano Bruno e tantos outros que tinham dados científicos ou filosofias que contradiziam aqueles apresentados pela igreja ou Bíblia.

super1.jpg Na minha modesta opinião todos aqueles que inteligentemente se habituaram a questionar as verdades universais apregoadas pelos líderes religiosos das igrejas a que pertencem estão a pavimentar um percurso de independência vivencial, mental e de auto-suficiência intelectual, que lhes permitirá atingir os seus objectivos sem muletas, bengalas, andarilhos ou cadeira de rodas, se tiverem a ousadia, discernimento e vontade de desbravarem os caminhos do conhecimento que vos permitam atingir os diferentes patamares que começam pela apostasia seguida do agnosticismo e que termina num estágio mais avançado que é o ateísmo.

super2.jpg O primeiro passo para se chegar ao ateísmo é ter-se lido a Bíblia, tomando notas, registando passagens e referência com uma mente aberta questionando todas as suas contradições e aberrações que fazem dela um livro impróprio para consumo, especialmente se for lido por crianças sem supervisão parental. A chegada à negação do Criacionismo ou seja a da não existência de Deuses, não se faz do dia para a noite, implica muito estudo de diversas e aturadas leituras.

super4.jpg O “QI”, com que comecei este texto, é uma medida padronizada obtida por meio de “testes psicotécnicos” desenvolvidos para avaliar as capacidades cognitivas (inteligência) de pessoas. Na escala de Wechsler os resultados são aferidos em comparação ao seu grupo etário. Os estudos para avaliação dos coeficientes de inteligência começaram em 1905 com Alfredo Binet e Theodore Simon, em 1912 Wilhelm Stem desenvolveu-os, em 1916 Lewis Madison Terman aperfeiçoou-os e em 1939 David Wechsler criou o primeiro teste especialmente desenvolvido para adultos com a seguinte classificação:

  • QI acima de 130: super dotados
  • 120 - 129: inteligência superior
  • 110 - 119: inteligência acima da média
  • 90 - 109: inteligência média
  • 80 - 89: embotamento ligeiro
  • 66 - 79: limítrofe
  • 51 - 65: debilidade ligeira
  • 36 - 50: debilidade moderada
  • 20 - 35: debilidade severa
  • QI abaixo de 20 debilidade profunda.

super5.jpg Curiosamente em 2005 milhares de testes de carácter religioso foram feitos a religiosos de diferentes congregações em vários países do mundo e os resultados obtidos de acordo com a escala supracitada foi a de que o “quociente de inteligência” de todas estas pessoas em média não ultrapassavam os valores de 80-89, o qual representa “um embotamento ligeiro”, mas que nos países mais religiosos e teocráticos bem como nos profundamente católicos a média não ultrapassava os 36-50 que é equivalente a uma “debilidade mental moderada”. Obviamente que estes resultados não me surpreendem pois o estigma da mediocridade faz-me lembrar o aforisma popular que diz “Não existe pior cego do que aquele que não quer ver”.

8-7-2015

super7.jpg NOTA: O termo superdotado/sobredotado/alto-habilidoso faz referência a uma pessoa que possui capacidade mental significativamente acima da média. Contudo, tais capacidades ou habilidades também são desenvolvidas através de esforço pessoal e é um erro pensar que pessoas superdotadas não precisam ser ensinadas, elas apenas precisam de uma educação diferenciada que atenda seus conhecimentos. Uma pessoa bem dotada intelectualmente pode ter um talento impressionante para a matemática, mas não demonstrar competências linguísticas igualmente fortes ou vice-versa. Quando combinado com um desafio curricular adequado e as diligências necessárias para adquirir e executar muitas habilidades aprendidas, a alta habilidade muitas vezes produz sucesso académico excepcional.

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:31
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Sexta-feira, 7 de Agosto de 2015
MUJIMBO . XC

ANGOLA - QUEM FAZ PARTE DA OLIGARQUIA ANGOLANA NA ANGOLA DO PÓS GUERRA CIVIL - A FAMILIA ELEITA

-  Poupa-se em reuniões de Conselho de Ministros. Reúnem-se aos fins-de-semana no almoço familiar e, tratam da nação…

Por

t´chingange 0.jpgT´Chingange

Fontes: muitas.

sa0.jpgA prova:

1 . Ministro das finanças: Carlos Lopes, marido da irmã da primeira-dama Ana Paula dos Santos.

2 . Ministro do Ensino Superior, Adão Do Nascimento, sobrinho do presidente José Eduardo dos Santos.

3 . Vice-presidente da Republica, Manuel Vicente, enteado da falecida irmã do presidente José Eduardo dos Santos.

4 . Secretário de Estado para Habitação, Joaquim Silvestre, irmão da primeira-dama Ana Paulo dos Santos.

5 . Secretaria do Presidente para Assuntos Particulares, Avelina Dos Santos, sobrinha do Presidente José Eduardo Dos Santos, filha do seu irmão Avelino Dos Santos.

sa1.jpg

 6 . Administrador do Fundo Soberano, Zenu dos Santos, filho do José Eduardo dos Santos.

7 . Secretário-geral da casa militar, Catarino Dos Santos sobrinho de José Eduardo dos Santos, filho do seu irmão Avelino dos Santos.

8 . PCA da EPAL Leonildo Ceita primo da primeira-dama.

9 . PCA da ENANA, Manuel Ceita, primo da primeira-dama Ana Paula dos Santos.

10PCA do Banco de Comercio e Industria (BCI), Filomeno Ceita primo da primeira-dama.

sa2.jpg

 11 . Director do Instituto Nacional de Estatística, Camilo Ceita, primo da primeira- dama, Ana Paula dos Santos.

12 . PCA da MECANAGRO, da GESTERRA e presidente da Federação Angolana de Hóquei em patins Carlos Alberto Jaime Calabeto, sobrinho/primo do presidente José Eduardo dos Santos.

13 . Governador do BNA, José Massano, amigo pessoal e ex-colega de Isabel Dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos.

14 . Vice-governador do BNA, Ricardo De Abreu, compadre e amigo pessoal de Isabel Dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos.

15 . Ministra de Comercio, Rosa Pacavira, sobrinha da esposa de Avelino Dos Santos, irmão do presidente José Eduardo dos Santos.

sa7.jpg 

16 . Administrador da TAAG, Luís dos Santos, irmão do presidente José Eduardo dos Santos.

17 . PCA da ANIP, Maria Emília Abrantes Milucha, mãe da Tchize e Zé Dú dos Santos (Korean Dú) filhos do presidente José Eduardo dos Santos.

18 . TPA 2 entregue a Semba comunicações, empresa de Tchize e Corean Dú filhos de José Eduardo dos Santos.

19 . PCA/Sonangol José Francisco de Lemos primo da primeira-dama Ana Paula dos Santos.

sa6.jpg

Isto não é só mujimbo, boato. A lista não fica por aqui independentemente dos amigos e amigos dos amigos, cazucutas e militares.

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:41
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Quinta-feira, 6 de Agosto de 2015
FRATERNIDADES . LXXXIX

NAS CINZAS DO TEMPOEm Angola todas as picadas têm uma fatídica curva da morte; à última curva, chamaram-lhe descolonização mas, o mundo não parou por isso….

Por

chicor0.jpgEduardo Torres

chicor01.jpg Nós, os Chicoronhos ditos de pura raça, temos a alma grande. Ela, descende daqueles pioneiros, que vindos da Ilha da Madeira ou do Brasil Imperial, em uma aventura na África desconhecida, desembarcaram, iniciaram sua caminhada a partir do deserto imenso, e seguiram para um horizonte; passado inúmeras e inerentes dificuldades surgindo nas clemências, até que vislumbraram a enorme cadeia da Chela, um planalto aonde iriam abrir os caboucos, criar as fundações de uma cidade que viria a tornar-se das mais belas cidades de Angola.

chicor1.jpg Eles próprios para cumprirem a gigantesca tarefa, tiveram de moldar o carácter, alterar os hábitos, tornarem-se empedernidos como as pedras da montanha que os envolvia, sofrer os imponderáveis do dia-a-dia. Corajosos como eram, enfrentavam de frente a luta que muitas vezes mais parecia uma guerra que tinham a vencer e, acabavam por ganhá-la. Mas atenção! Não há distinção entre o primeiros e todos aqueles que se lhes seguiram, e independentemente de serem Chicoronhos de pura raça, eram também de raça nobre, contribuindo numa junção de esforços no engrandecimento daquela cidade, a deles por pleno direito.

chicor2.jpg Porque a tinham trabalhado e amado com a intensidade, isso lhes garantiu o estatuto de serem seus cidadãos com nome bem diferenciado: -Chicoronhos! Eu não amo mais a minha terra por ter nascido lá, por ser de descendência directa dos desbravadores colonos, do que a minha mulher oriunda de Portugal, ou do meu pai que foi para lá em 1917. Não podia nem deveria haver diferenças de tratamento, porque todos éramos um todo nessa tarefa que agora quase vira mito.

chicor3.jpg Os colonos, seus descendentes, os verdadeiros fundadores, têm o direito de beneficiarem, da história que descreveram com sofrimento e, na esperança com fé; Tudo traduzida na Capelinha Branca que ainda hoje significa a força do destino. Depois, uns e outros, deixaram bem lá no alto da montanha, um CRISTO REI REDENTOR para abençoar a cidade, aos seus habitantes, aos vindouros e todos aqueles que a venham a visitar.

chicor5.jpg Ali, o horizonte sempre s torna num vermelho alaranjado, para depois começar a raiar, a bola de fogo surgir em todo o seu esplendor, anunciando o começo de um novo dia iluminando os que eram e os que virão a ser porque a vida só pára para quem morre ou quer esquecer.

CHICORONHO: Natural da cidade do Lubango, Angola; aqueles de origem branca provenientes de Portugal residentes no lubango, angola.

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:20
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Quarta-feira, 5 de Agosto de 2015
MONANGAMBA . XXXIV

ANGOLA DAS CINZAS . RETROACTIVIDADESPois, surgiam ocorrências com maka, muzungué de porrada 5

Por

t´chingange 0.jpgT´CHINGANGE

ara3.jpg Kafundanga tinha muita vaidade no que fazia e, com sincera vontade, muitas vezes ouvia-o dizer que ser-se cozinheiro tinha muito de imaginoso porque a boca era o esconderijo do coração. Amolecia sua alma suspirando na maré dela bonitando sempre suas conversas com Nossa Senhora da Muxima; por vezes, seus olhos amoleciam todinhos exibindo seu peso de saudade ou adivinhações de casos pensados; fazia da vida seu noivado, armazenando punhados de lágrimas no seu labirinto subterrâneo com vontades ainda por realizar.

araujo1.jpg Lá pelo ano de 1956, meu tio Nosso Senhor de alcunha e Manuel Loureiro de nome escriturado, chegou do M´Puto no vapor Uíge; sua chegada alvoroçou nossas vivências por algum tempo, ávido de novas coisas. Ele, meu tio, comprou um cacho de bananas inteirinho para nós e, com elas lambuzamos nossas gulas por algum tempo até quase as enjoarmos. As últimas já pintalgadas, começamos a partilhar com o saguim do senhor Teixeira um velho vizinho enfermeiro gordo e mulato de cor. O saguim ficava nos fundos do quintal dele, encarcerado de coitado todo o tempo à sombra de um frondoso abacateiro.

besanga0.jpg À sua volta era mesmo só rede de capoeira reforçada e, nós candengues aproveitando o senhor Teixeira de turno no Hospital Maria Pia saltávamos o muro ficando ali a fazer gaifonas ao pobre macaco tendo por companhia o rafeiro Farrusco que ladrava à toa enciumado; este pelo de arama tinha uma amizade chegada a mim e a Zeca Kafundanga e, por isso impunha seu sentimento de ladrar no desconforme. Naquela casa do senhor Teixeira, naquele quintal e naquela varanda havia cheiros cheirosos, plantas com flores e cores intensas.

kafu14.jpg O senhor Teixeira era primo de primeiro grau de Óscar Ribas, um senhor que por ali aparecia tacteando o muro, as coisas, cirurgiando o escuro encerrado nos dedos da visão, fazendo festas ao papagaio louro filho-da-caixa que não nos gramava, palrando kimbundices entre fetos verdes; ele, Óscar Ribas tacteava os restos no interdito de tudo e o sacana do Jacó todo submisso às sua caricias; a nós não nos topava, assim que ficávamos ao seu alcance ferrava-nos seu adunco ódio na forma de bico. No entanto, com este senhor cego, eram só caricias, um amor desentendido para nós. Curvava-se todo permitindo festas na cabeça de penas eriçadas e cuspilhando falas que ele, senhor Óscar, parecia entender de topariobé, sundiameno e asneiras nossas desconhecidas!

kafu16.jpg Nós muito carecidos das compreensões do mundo, esquecidos dos comportamentos por sermos mais filhos da rua do que das nossas casas, emigrávamos nossa condição por todo o bairro da Maianga aonde todos se familiriavam, assim como aparentes parentes. Nossos pais tinham suas próprias governações e, só apareciam quando surgiam ocorrências com maka ou muzungué de porrada e que ai e que ui, e nós invocando nossas razões ponderativas, nossas secretas funções, sigilosos assuntos com dúvidas indignatórias com o tempo correndo do jeito dele…

Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:34
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Segunda-feira, 3 de Agosto de 2015
MALAMBAS . XCIV

AS FRINCHAS DO TEMPO . Sarita Montiel - Era ela mesmo, deitada na areia doirada por inteiro emigrando-se para recentes raízes!…

Malamba é a palavra

Por

t´chingange 0.jpgT´Chingange

sara0.jpgNascida a 10 de Março de 1928, Sara Montiel, que teve uma importante carreira como cantora, foi considerada a actriz espanhola mais famosa em Hollywood, tendo feito mais de 50 filmes. Dona de uma beleza voluptuosa, voz grave e sensual, nascida no sul da Espanha, alcançou fama mundial com o western "Vera Cruz", de 1954, onde actuou ao lado de Gary Cooper e Burt Lancaster, assim como com "La Violetera" (1958) sendo a "A Última Canção" de 1957 um dos filmes de maior bilheteria do cinema espanhol. Sarita Montiel, símbolo do cinema dos anos 50, morre em Madrid, a 8 de Abril de 2013 aos 85 anos de idade.

sara3.jpg Três de Agosto deste verão de 2015, chego à Praia do Castelo de Ferragudo pelas nove horas e trinta minutos e, lá estava bem do lado jusante do rio Arade, uma praia situada na embocadura do porto de mar de Portimão, um pouco entrada na idade mas vaporosamente conservada, fluindo até uma emoldurada áurea florida, Sara Montiel; seria só uma ilusão mas na dúvida quase juro ser a Sarita Montiel, uma cantora de outrora com muito salero mas, que agora, só posso pensar na crista de suas chamas como plumas petaladas na lonjura de sonhos. Abandonou a carreira no cinema em 1975 para dedicar-se apenas à música tendo gravado músicas que entraram para a história como o tango "fumando espero", na qual evocava notável elegância uma de suas grandes paixões, fumar charutos cubanos. Podia agora sentir até um leve cheiro de charuto cohiba vindo com a brisa de sul.

sara1.jpg Senti a vivo e a cores a sedução das cinzas esfarelando-se nos cabelos, seus dedos transitando numa consentida impossibilidade; assim, uma sonâmbula vontade de tornar recente, coisas que o tempo já levou. Mas, era ela mesmo, deitada na areia doirada por inteiro emigrando-se para recentes raízes vinda daquele castelo bem nas nossas costas. Acho que a dado momento ouvi seus lamentos: - Venho confessar pecados de sangue pirateado da minha alma! Este meu pensamento irreal continha pecados de há muito tempo mas, neste agora, eram só de poeira feita areia daquela em que num sopro quase fica nada, sem restos nem sustento dos luxos de antigamente.

sara5.jpgsara6.jpg Pensando assim de ela falando comigo na primeiríssima pessoa, eu me tornava num alguém. Como podia imaginar-me aqui com Sarita Montiel, uma das minhas divas no tempo do entretanto, do agora que já o não é. Será que Deus a expulsou do paraíso como fez com Adão da Eva? E, será que veio lavar aqui suas feridas, seus males de pele, necessitado de vitamina D. Fiquei num repente muito indignado com Deus num suponhamos e, com uma raiva que ao invés de me minguar, engordava meus gostos; gostos que se me desconfiavam!

O Soba T´Chingange  



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:36
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QUEM SOMOS
Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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