Sábado, 30 de Janeiro de 2016
XICULULU . LXV

NAS FRINCHAS DO TEMPO - Quando tudo nos ultrapassa no tempo, apalpamos as medidas da natureza … A nossa sociedade é uma ilusão fugaz, um fogo-fátuo, uma fantasia evanescente ou uma descarada mentira…

XICULULU : - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo.

soba 01.jpgT´Chingange

soci0.jpgOs tempos de crise têm por assim dizer um efeito de revolução de consequências particularmente nefastas para a mente de muita gente, em especial os jovens; a partir deste estado de periclitãncias, surgem motins ou campanhas cujos sentimentos só por si levam ao desmoronamento da sociedade. Se as instituições estatais não tiverem elasticidade no trato o ou sensibilidade para daí não perderem a autoridade, pode este estado de ansiedade perturbar todo um ciclo familiar depauperando a educação, o desprezo pelas normas civis e até religiosas, reduzindo a vida a uma soma de nadas.

soci1.jpg Na primeira grande guerra de 1914 a 1918, perderam a vida cerca de oito milhões de pessoas, mais de 6000 mortos por cada dia de conflito. Até o ano de 1920 terão morrido ao todo, naquele e outros conflitos, cerca de treze milhões de europeus. A França perdeu um décimo da sua população masculina submetendo a sociedade a tensões nunca vividas nas tradicionais famílias; a Alemanha por exemplo, ficou com 500.000 viúvas de guerra que não voltaram a casar.

soci2.jpg Enquanto nos governos surgiam momentos nobres para homenagear mortos de guerra, os veteranos mutilados mendigavam pelas ruas ou procurando trabalho. Estes desequilíbrios surgiram ao longo do tempo em outros conflitos por todo o mundo enquanto parte da sociedade, supostamente políticos com responsabilidades exibem egoísmos de prazer provocando um desprezo assustador pelo futuro de suas nações. Revejo-me aqui particularmente em relação a Angola, Portugal e Brasil e, de uma forma mais alargada a todos os povos de língua oficial portuguesa.

soci3.jpgDigo isto porque em despropósito e de modo gratuito e irresponsável até, encorajam as uniões livres entre homens e mulheres ou entre estes e estes ou estas e estas, desvalorizando os padrões da família nuclear que sempre foram o elo basilar de uma sociedade tradicional ocidental. Uma nação não tem de ser um conjunto de pessoas ao lado umas dos outros mas sim um grupo de famílias interligadas culturalmente com hábitos e condutas, porque a célula orgânica sempre foi a família e não o individuo.

soci5.jpg E, ao que verificamos hodiernas filosofias, hoje tudo está a ser desmantelado de forma gradual e paulatina, retirando-se o valor ao casamento, à constituição da família, ao conceito matrimonial de uniões de facto entre gente do mesmo sexo e a adopção de crianças por homossexuais masculinos ou femininos mais a lei livre do aborto, praticamente usadas como métodos anticonceptivos pagos do erário público. Não há mais valores permanentes! O que se verifica é o de como alguém tivesse agarrado o mundo, o tivesse agitado até ficar tudo de pernas-para-o-ar. 

soci6.jpg Pode dizer-se que as leis ou acordos ditos legais serão apenas questões de conveniência que podem ser compridas ou quebradas em função de interesses nem sempre claros. E, porque se diz que ninguém está acima da lei, eu direi que algumas delas não são para ser compridas! A nossa sociedade é uma ilusão fugaz, um fogo-fátuo, uma fantasia evanescente ou uma descarada mentira. É estranho e até doloroso observar que não haja gente conceituada na sociedade a insurgir-se contra este estado de coisas! Ando desiludido com muita gente que ao invés de falar, se esconde na tacanhez do silêncio…

O Soba T´Chingange 

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 07:18
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Sexta-feira, 29 de Janeiro de 2016
FRATERNIDADES . CII

ANGOLA . NUM TEMPO CINZENTO - Ongweva é saudade… Foi a recordação do mato, das picadas e das fracas...

Por

Torres0.jpgEduardo TorresUm Xicoronho de 3ª geração - Lembrar-me a primeira vez que comi camarões, vindos de Benguela trazidos pelo meu pai num Jeep Willys...

valdir5.jpg Quando em 2013 voltei a Angola, depois de a ter deixado em 1975, fui surpreendido pelas diversas reações que senti. Em primeiro lugar, porque fui por estrada, pois parti da Namibia, e o Gary meu genro, depois de atravessarmos a fronteira do Calueque, conduziu-nós por picadas até entroncarmos na via principal, ainda antes da Chibia. Foi a recordação do mato, das más estradas que ainda tinha presente, tanto por as ter usado para poder sair de Angola, mas ainda por outros tempos do passado que estavam tão presentes e associados àqueles momentos.

torres8.jpg Foi talvez, a parte mais significativa e que me marcou fortemente. A cidade que encontrei, pelas diferenças absolutamente naturais, pareceu-me outra, muito embora a que tinha deixado continuasse a ser o marco da realidade da presença dos portugueses. Eu que a conhecia tão bem, percebi que a disciplina, a limpeza e o seu ordenamento a tinham alterado para pior, embora a sua dimensão tivesse aumentado assustadoramente.

valdir3.jpg Senti-me um estranho na terra que me vira nascer, desenvolvimento eu fora acompanhando na Repartição Técnica da Câmara. Praticamente não conhecia as pessoas! A sociedade e a vivência dela do meu tempo, sumira-se por completo. Não Deixara de ser a mesma encantadora cidade, porque a natureza não mudara a ponto de se poder alterar nesse aspecto.

vumby7.jpg Quando a deixei novamente, foi com a sensação do que ficara continuava a ser muito mais representativo sentimentalmente do que o que sobrara para trazer no regresso. E, o caminho da minha vida é longo! Quando olho para trás, para o meu passado, pelos lugares por onde andei, quando me vejo menino a brincar com uma bola de esponja ou a andar de triciclo, quando mais crescido me vejo mais orgulhoso da minha bicicleta Ralley fico; o de ter andado na escola de 1959, de compartilhar muitas vezes parte do meu pão e omelete, durante o intervalo, o contínuo meu amigo Napoleão.

lub7.jpg Quantas páginas teria de escrever para que todos os pormenores registados, na memória, de nomes, de acontecimentos que vou buscar lá atrás para viver com alento.Muitas vezes, aqui sentado, regresso ao ser criança porque me recordo de coisas quase impossíveis de lembrar, como o de em miúdo andar na vala da horta, na água com o meu amigo Sampaio, e a minha mãe a chamar-me por volta das dez da manhã para tomar uma gemada. Lembrar-me a primeira vez que comi camarões, vindos de Benguela trazidos pelo meu pai num Jeep Willys, igual ao brinquedo que o Sr. Bartolomeu de Paiva me ofereceu pelo Natal.

to0.jpg Quando ainda tão criança vi com o meu pai o filme Grande Ditador com o Charlot, as vezes que vi a Escola de Sereias com a Ester Wiliams, tão miúdo ainda o filme A viúva-alegre, o que seria capaz de escrever se tivesse paciência e capacidade para isso, dessa Angola dos anos de 1938 até à minha saída em 75! E depois, tudo o que se seguiu, até hoje, Só poderei agradecer à ENTIDADE DIVINA o privilégio de tal memória... A possibilidade de divulgar o pensamento, ou torná-lo pessoal. É um direito que me assiste, porque só quem o deu o pode tirar. Há quem pense em voz alta, mas eu não me refiro às excepções, mas sim à regra geral.

As escolhas do Soba TChingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:55
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MALAMBAS . CXIX

FRINCHAS DO TEMPO . Muitas das coisas que acontecem neste nosso mundo, deveriam saber-se antes de acontecer! …

MALAMBA: É a palavra.

Por

t´chingange.jpegT´Chingange

tambaqui8.jpg O destino faz-nos muitas armadilhas e de suas intenções nunca podemos adivinhar o que nos vai ser mais ou menos desejado! Assim e sem tropeçar nos barulhos dos outros, fazemos presságios por antecipação, esperando calados na esquina da curiosidade. Desta vez e no ónibus da Real Alagoas e, bem no meio do percurso atribulado pelos desvios, surge um homem com duas caixas de esferovite ou isopor como também se chama aqui, vendendo coxinhas de galinha mais vários tipos de refresco e água indaiá; escolhi suco de caju e, foi num truz que degluti essa tal saborosa perna recheada.

tambaqui6.jpgNa paisagem, aqui e ali surgem conjuntos de casas encavalitadas pelas encostas dos morros, assim como cortiços despintados mostrando o vermelho dos tijolos, mais chapas de telhas de canudo desorganizadamente organizadas, arborizadas com robustos pés de manga espada, fruta-pão, cajueiros ou tamarindos. Num desarrumado urbano salpicados de chassis de fuscas e chevrolletes saltam perus, patos e galináceos ao redor de cercas feitas a eito, entre e para lá de escavações barrentas e restos de lixo com sacos multicolores multirasgados. Mais adiante, nos lameiros com bois a pastar nas chapadas de capim, surgem também um ou outro burro com mais alguns cavalos.     

tambaqui4.jpg Logo no início deste percurso surgiu um homem vestido de azul, vendendo fora e dentro do autocarro, laranjas, maças de uvas penduradas em saquinhos de rede de um e outro lado dum pau acilhando no ombro bem a meio da sua gravidade. Na europa estas peculiaridades não existem há muito tempo, porque as normas apertadas não permitem e aqui, qualquer ganho mesmo que pequeno, faz correr a vida de quem sempre viveu com pouco. Foi a este homem que comprei uma réstia de laranjas dispostas como se fossem cebolas escanchadas. E, assim, saboreando-as dou-me conta que o destino desta viagem está próximo pelas obras de santa Engrácia  com mais de cinco anos esperando o tapete de betume.

tambaqui5.jpg No terminal, a surpresa surge com o nome de Jucedi de Lucena e Tó, casal amigo que resolveram abraçar-nos com as quenturas tropicais de Maceió. E ali estava Eliseu, homem dos quatro custados do Sertão e do agreste, das fazendas e usinas de cana doce e cachaça de palmeira dos Índios. Terras de antigos engenhos movidos à força da água dos rios e escravos de Angola. Com falas enroladas encavalitamos os meses de ausência como se fossem colares de muxima feitos de búzios e contas de ave-maria, feitas de feijão maluco.

quipá01.jpg Margarida, a Maria Bonita de Eliseu esperava-nos em casa de riso aberto reservando o domingo para irmos lá ao sítio de Maria e António da Calábria a festejarmos o aniversário de Gina. Pois assim foi; aconteceu nas margens da Lagoa Manguaba com selhas de cerveja tapadas de gelo e um especial vinagrete feito de pimentão seco com segredos anexados ao tira-gosto. A feijoada feita bem à maneira da Tia Jacira e ao jeito do Sertão estava de estalar gulodices exóticas.

tambaqui02.jpg Das portas e portões com assombros camuflados, falamos como entendidos da política do mundo, sem beliscar os porquês de cada qual. Naquele domingo passado Deus estava vago para as nossas intendências e, até quase dancei quando Frank Sinatra, feito bruxo cantou “Strangers in the night”…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:01
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Terça-feira, 26 de Janeiro de 2016
PARACUCA . XVI

TEMPOS DORMIDOSVoltei a sonhar com a Songamonga, um tal de louva-a-deus muito cheia de atributos...

Missosso: Da literatura oral angolana, contos, adivinhas e provérbios com homens, monstros, kiandas de Cazumbi, animais e almas dialogando sobre a vida, filologia, religião tradicional e filosofia dos povos de dialecto kimbundu. Óscar Ribas foi o seu criador.

Por

t´chingange.jpegT´Chingange

louva2.jpg No estágio imaturo de entre o entender e o poder do crer, raciocinamos ou oramos para louvar e agradecer, rogamos ajuda ou orientação sem nos esforçarmos verdadeiramente nesse empenho. Amiudadamente, pedimos a Nosso Senhor ajuda sem nada fazermos para que isso se concretize; é neste meio tempo que algo nos importuna tirando do sério. Acometido de um novo brio, voltei a sonhar com a Songamonga.

 

louva1.jpgO louva-a-deus é um insecto. Seu nome popular decorre do facto de que, quando está pousado, lembra uma pessoa orando. Caçam por emboscada facilitada pelas capacidades de camuflagem. Seu ritual de acasalamento, que decorre por volta do Outono, é uma época de perigo para os machos da espécie, uma vez que a fêmea quase sempre os mata e come durante ou depois do acto. A fêmea põe entre 10 a 400 ovos numa cápsula endurecida; após a eclosão, o louva-a-deus nasce como ninfa, que é em tudo igual ao adulto excepto no tamanho que é menor.

louva7.jpg Voltei a sonhar com a Songamonga, um tal de louva-a-deus muito cheia de atributos que de vez em quando atormenta meus pecúlios empilhados na privação da bodega por só valerem dez reis de mel coado. Não me deu tempo de fugir passando rápidamente suas pernas por cima de mim, grudando-se-me ao corpo regando-me com uma metralhadora de beijos. Ensarilhada em mim, fossando e fungando, suspirava-me tenras auroras, remexendo nos suspiros de perdida saudade misturando cantar de galos com o cacarejar de galinhas e grasnar de marrecos.

louva4.jpg Mergulhado numa embriaguez de galinheiro, bocejada de silêncios entrecortados pelos sussurros dela, pude discernir uma repentina agonia sobrenatural de anjo violentado por um diabo, uma vermelhidão de labaredas de inferno, tentáculos apertando-me a garganta, o corpo a tremer-me dos pés ao cerebelo inesperando-me os sentidos. Uf! Acordei de boca aberta, corpo tenso e dedos inteiriçados de brasa palpitante.

louva3.jpg Esta Songamonga louva-a-deus, pela segunda vez tenta papar-me por inteiro. Olhei-me espavorido, mirei ao redor e, pouco a pouco fui-me normalizando. Estava inteiro! Belisquei-me e senti dor, vivinho da costa. Posso agora relembrar as ultimas palavras do sonho pesadelo e, ela dizendo-me: -Tu… és meu feitiço! -Vou lambuzar-me em ti até virares paracuca! E, não é que era uma Songamonga dos confins da savana angolana, morena do kalahári…

lampi5.jpg Firmado em um espírito de uma amante perigosamente ciumenta, transformava meu medo em pavor e asco e,… salvou-me o pressentimento. Despertei-me! Só sosseguei quando, e depois de beliscar-me pude ouvir lá fora o canto do “bem-te-vi”, o inimigo número um do cangaceiro Lampião, um companheiro de guerras antigas: Seria a Songamonga amiga de Maria bonita? Uma angolana, aqui no Sertão? Os sonhos tiram-nos mesmo do sério…

O Soba T´Chingange   



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:06
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Domingo, 24 de Janeiro de 2016
MUXIMA . LIV

MULOLAS DO TEMPO - SÃO LUCAS E OS FARISEUS - Qualquer um tem de ter a oportunidade de cruzar a mulola... Até eu, que não sou fariseu!

Mulola é um rio que só leva água quando chove

Por

t´chingange 0.jpgT´Chingange

dracma0.jpg Hoje ouvi um sermão! Fui com um irmão kota como eu, ouvir as parábolas de outro tempo e, até que gostei do que vi e ouvi! A uma alegoria apresentada sob a forma de uma narração, chama-se de parábola; esta relata factos naturais ou acontecimentos possíveis e, foi a forma mais fácil de Jesus fazer passar suas mensagens. Não sendo uma novidade o uso das falas com esta técnica, sua análise, leva em crer que foi Cristo que mais a usou comparativamente a outros personagens, seja em livros ou na Bíblia. O objectivo é apresentar um raciocínio que por detrás de uma breve narração, facilite sua compreensão e memorização.

dracma01.jpg Usando uma alegoria lúdica de situações quotidianas, muitas pessoas, mesmo as iletradas, podiam nesse tempo, compreender melhor a mensagem. Os fariseus e demais questionadores de Jesus perante um enigma ou questão posta, deparavam-se com saídas tão airosas, que não tinham como Lhe replicar. E, na igreja de Serraria foram-me descritas três parábolas que passo a descrever: A ovelha perdida - Na época de Jesus, um rebanho de 100 ovelhas era um património considerável, de forma que não compensava pôr em risco a maior parte do rebanho em razão de apenas uma ovelha desgarrada.

dracma4.jpg Os pastores mais atenciosos colocavam nomes em suas ovelhas e as conheciam individualmente. Era uma ligação afectiva e não apenas objectivando lucro. Jesus usa a comparação para demonstrar que Deus se importa muito mais do que com o pecador, o filho desgarrado. Pois, quem não se importaria com essa ovelha perdida deixando-a desprezada.

che5.jpg A dracma perdida -A Dracma era uma moeda grega equivalente ao Denário, correspondia a um dia de trabalho. Até há bem pouco tempo, a Dracma ainda era uma moeda em circulação na Grécia, sendo a mais velha moeda do mundo. Surgiu no século 7º antes de Cristo na Ásia Menor. Durante muito tempo desapareceu de circulação, voltando em Fevereiro de 1833, com a independência do país grego, voltando a ser a moeda nacional, que só foi tirada de circulação em 2002, com a adesão da Grécia à Zona do Euro.

dracma6.jpg Além do prejuízo financeiro, mulheres, recebiam um adorno com 10 Dracmas ao se casarem e, a perda de qualquer das moedas era um sinal de grande vergonha, pois o adorno representava a fidelidade. Sua perca era um descuido censurado e até castigado. Seja pelo valor financeiro ou cultural. Trata-e de uma parábola sobre a busca do que está perdido dentro da própria casa (a honra).

dracma5.jpg O filho pródigo (sinónimo de gastador, perdulário). – É outra das mais conhecidas e emblemáticas parábolas de Jesus, que aparece apenas neste evangelho. É a mais perfeita ilustração da trajectória do crente rebelde, que se afasta de Deus, é lançado na lama por suas escolhas e pelo diabo mas, se volta arrependido para o pai, é recebido de braços abertos.

dom2.jpg O filho mais velho, que reclama da atitude do pai para com o filho perdido no mundo, representa nos fariseus, que eram atentos à obediência da lei (deserdar um pai ainda em vida, era punível com a morte). E, quando do regresso desse filho, seu pai septuagenário avistando-o ao longe correu para ele, para que os seus súbditos e escravos não o apedrejassem ou mesmo matassem antes de o alcançar...

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:08
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Sábado, 23 de Janeiro de 2016
XICULULU . LXIV

ANGOLA . NAS FRINCHAS DO TEMPO - Quando tudo nos ultrapassa no tempo, apalpamos as medidas da natureza …

XICULULU : - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo.

t´chingange 0.jpgT´Chingange

rev1.jpg O triunfo do nacionalismo angolano acarretou muito derramamento de sangue por via de um princípio denominado de autodeterminação que o não foi, pois que tudo ficou na sujeição a um grupo dominante denominado de movimento (MPLA) que chamou a si todos os direitos da comunidade desrespeitando os acordos firmados com a autoridade colonial e os restantes parceiros nacionalistas (UNITA e FNLA). Tacitamente, os brancos foram proscritos do sistema mesmo sendo ali nascidos de segunda, terceira ou mesmo quarta geração; uma irregularidade de injusto automatismo que lhes restringiu o direito à nacionalidade por nascimento.

rev3.jpgrev8.jpg Quando passado anos deste torpe acontecimento e, quando tudo previa mudanças de atitude optimizada no direito à nacionalidade por nascimento, decretaram o inverso disto, algo marginal a qualquer norma internacional ou humanitária. A mudança dos topónimos de origem foram banidos segundo a máxima de que “em solo angolano nada deve ficar que não seja angolano” descriminando mesmo aqueles muitos que perfilhavam sentimentos de liberdade ou nacionalistas.

rev6.jpg Até mesmo os homens de letras e poesia ou gente de renome em várias áreas científicas foram relegados para um obscuro esquecimento.  Este mal-estar fruto de descriminação escurecida, inversa ao branqueamento, não deveria ter acontecido porque na prática nem havia necessidade disto! As vidas de modernidade requerem um tipo de estrutura ética que não seguem os ditames de rancor, negando a seu belo prazer, sentimentos de nacionalidade.

rev2.jpg Um país não se define só pelo patrulhamento de fronteiras; não é só isto que garante a um estado a existência independente como nação. Muito haveria a dizer sobre isto mas, tenha-se em conta que até nem foi só por pressão dos nacionalistas que tudo isto aconteceu. Foi sim pela nítida negligência dos políticos e militares portugueses terem cometido suicídio durante e depois da entrega de mão-beijada a completa independência, sem salvaguarda de vidas e haveres de seus supostos súbditos. Nós os marginalizados brancos de segunda e mazombos.

spi3.jpg Não fosse assim e teriam no seu devido tempo e de modo próprio, com ou sem armas recorrido às instituições internacionais a regular um processo tornado a propósito, periclitante. Dessa gente, desclassificada e infeliz, militares de aviário de Portugal e pseudo estadistas, resultou a negação de nacionalidade a cada qual! Passados que são mais de quarenta anos do feito independentista ainda há choros, fracturas gritantes, feridas não saradas, coisas por ressarcir. E, infelizmente os governantes mwangolés ainda não quiseram compreender que a identidade por nacionalidade ou naturalidade, não se decreta! Ela é adquirida por nascimento…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:08
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Sexta-feira, 22 de Janeiro de 2016
MUXOXO . XXIV

NUM TEMPO COM CINSAS - A democracia está mole e materialista … As verdades parecem estar sempre armadilhadas…

Por

t´chingange 0.jpg T´Chingange

demo1.jpg Isso de se dizer que “ todo o poder decorre do povo” é uma treta falaciosa nos dias que correm! Esta nova fanfarra não é mais alternativa à pureza de ideias e ideais isentos de princípios corruptos que em um estado de crise persistente como o actual, deveria estimular a consciência cívica adequando-a à democracia; aquela que sempre, todos apregoaram como sendo o pilar do povo. Entre nós, a democracia que transparece, não tem conseguido estar à altura de suas próprias ambições por não ter dado corpo nem voz à nação como um todo.

moita2.jpg A protecção social, já de si minada pela depressão e sequente desemprego em massa, através desta nova conciliação de esquerda e, por via da estratégia do tipo frente popular, chegou num tempo sem tempo a Portugal. Estou em crer em breve trecho, ser descrito como uma história de fracassos. A democracia está mole e materialista, pouco entusiasmante e até incapaz de gerar simpatias na maior parte das massas descontentes.

ter5.jpgCom o meu hereditário e estupido sorriso, teimosamente humilde de pobreza, continuo em não me deixar rever nos vestígios e brios que em outros se faz gala!  Tudo se me apresenta com uma embriaguez mórbida que tende a não se dissipar. A esta democracia terei forçosamente de lhe dar outro nome! Gostava de respirar em nossas vivências cheiros de essências agradáveis, mesmo que com vinagre aromático, mas os disfarces de nossos representantes furtam-se em olhares de complicados encontros de espelhos.

fifa3.jpg Eles são agora um viveiro de larvas em lodo quente fumegante, de onde brota uma vida que também nos vai ser imposta saída da podridão. Ávidos de sensações estranhas, chamam a si desfrisados prazeres da política trazendo-nos vícios de longos fôlegos, usando sua infeliz inteligência para nos beber vontades, gota a gota. Olhando-me na desconfiança por constrangimento, acumulo fortes juros sobre hipotecas de alto valor que em nada contribuí. Se uns nos comeram a carne, estes certamente roer-nos-ão os ossos.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:26
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Quinta-feira, 21 de Janeiro de 2016
MALAMBAS . CXVIII

FRINCHAS DO TEMPO . Uma conversa pequena… Não chegou o roubo da descolonização! O que mais nos esperará para além da troika! Só mesmo a merdoika…

MALAMBA: É a palavra.

Por

t´chingange 0.jpgT´Chingange

cruzeiro4.jpg Logo a seguir à implantação da República em Portugal, houve oito presidentes e dezenas de governos com várias tentativas de golpes de estado de permeio nos seguintes quinze anos. Sendo Portugal uma república democrática, a soberania reside no povo mas este, corre riscos na escolha de seus representantes por via de muitas vezes, ou quase sempre, estes fazerem o contrário do que prometerão fazer antes de caçar o voto. Isto dá inevitavelmente ineficiência Assembleia Nacional por via de ali se digladiarem em debates fúteis partilhando o poder com os centros de negócios, os sindicatos e muitos outros tipos de interesse.  

REPU1.jpg No correr do tempo, os representantes do povo tornam-se compatíveis com a corrupção, o clientelismo mais os bankers (gângsteres bancários), resultando inevitavelmente em um atraso ou crise persistente. Queiramos ou não, os partidos políticos organizados, com suas próprias estruturas, seus serviços culturais e organizacionais, agem como intermediários de interesses sectoriais em vez de representarem os verdadeiros interesses do país, degenerando-se.

REPU6.jpg E, sendo um governo formado por vários partidos produzir-se-ão inevitavelmente medidas legislativas fragmentadas adulterando o sistema concebido para reflectir a vontade popular, e assim se revelarem com ausência, numa mescla de indiferença às classes, à religião ou étnia. É sabido que a discussão perde o sentido quando um dos interlocutores já decidiu a sua posição antes mesmo de a discussão ter começado; tenha-se em conta os encontros entre o PS na pessoa de António Costa e da Coligação PráFrente liderada por Passos Coelho antes da formação de governo em Outubro de 2015.

REPU5.jpg Acho que em uma crise, o executivo, deve efectivamente utilizar todos os poderes constitucionais à sua disposição para preservar a substância da democracia. Não acreditando na longevidade de um governo com a matriz do actual, uma coligação instável de quatro partidos, teremos no entanto de defender a democracia perante este suporte de instabilidade. O que virá mais por aí depois das quedas dos bancos em dominó: BPP, BPN, BES, BANIF. Porque preço nos vai ficar termos gente desclassificada a governar-nos? Não chegou o roubo da descolonização! O que mais nos esperará para além da troika! Só mesmo a merdoika…

Pelo Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:45
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Terça-feira, 19 de Janeiro de 2016
FRATERNIDADES . CI

PONTOS DE VISTAUma estrela para você!!! - 2ª de 2 Partes

Em nossas vidas, nunca saberemos quantos milagres vamos precisar…

Por

matias j.jpgJosé Matias

matias9.jpg O verdadeiro Messias já veio, é aquele que foi à cruz! Aqueles que se dizem judeus mas esperam outro messias que os venha livrar das guerras infindáveis, estas e outras das nações em geral, são o resultado do desprezo ao Messias que foi crucificado; até hoje continua o seu desprezo. Ele próprio o disse: "Eu não vim trazer paz á terra, mas a espada e desde agora, já o machado está lançado à raiz". Cristo não veio para governar uma nação terrena como se de um político se tratasse, e isso os judeus, fariseus e saduceus, não entenderam.

matias7.jpgE naturalmente os incrédulos até hoje não entendem! Pois Cristo só veio anunciar ao homem uma vida para além da morte eterna, num novo mundo, novos céus e nova terra onde finalmente habitará justiça. Ter este pensamento, e esta crença, em si mesmo já é ter paz com Deus, foi o que Jesus disse: ”Eu dou-vos a minha paz, não a que o mundo vos dá". Esta é a paz interior que é dada a quem crê no plano que Deus Pai consumou ao trazer seu único Filho para morrer em nosso lugar, para agora sermos justificados por Deus.

matias j1.jpg Nós não temos de acreditar em tudo que nos ensinam, assim anda este mundo de mentirosos, enganando e sendo enganados. Não são os políticos nem os religiosos, nem filósofos que nos transmitem a Verdade; eles podem dizer verdades, mas há grande diferença quanto a falar verdade e andar na VERDADE. " SOU O CAMINHO A VERDADE E A VIDA". Que acham desta afirmação daquele que temos estado aqui a anunciar Cristo Jesus! Ele fala mentira ou fala verdade? Ele é o Deus que se revelou ao mundo na figura de homem, mas antes disso Ele já era antes de o ser, visto ser Ele o criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis.

matias5.jpgDeus desceu á terra para cumprir o plano único de salvação do homem. Pergunta-se:- a quem devemos dar crédito, ao político, ao filósofo, ao religioso por conta própria, ou ao Deus todo-poderoso que não é homem que minta, pois todo o homem é mentiroso, visto ter nascido em pecado. Será esta explicação simples, ou vamos acrescentar mais alguma coisinha um pouco mais complicada! Sem fé é impossível agradar a Deus, só pela graça de Deus somos justificados e salvos da ira de Deus, e isto não provem das nossas obras sejam elas quais forem; é um Dom que Deus dá a quem se rende de alma e coração, à sua vontade! Um abraço a quem quer que siga esta despretensiosa prelecção.

As escolhas do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:12
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Segunda-feira, 18 de Janeiro de 2016
MOKANDA DO SOBA . LXXXVII

CINZAS DO TEMPOEm terras de Vera Cruz Fui para longe no tempo, para ver bem os recantos que não podem ser vistos de perto…

t´chingange 0.jpgT´Chingange

bra1.jpg No decorrer do tempo, verifico desencorajar-me a contar minhas estórias porque contam-se pelos dedos de uma mão os que tentam convencer-me a dizê-las; porque simplesmente, não percebem o que eu tento dizer antes de o dizer. Não sublinham as inflexões e, por falta de tempo não se dão ao trabalho de desenrolar o palavrório. Pode até parecer estranho mas também, como a Europa da União Europeia é uma ilusão ou uma promessa, assim, também eu não sou, uma realidade. As fronteiras mentais transportadas por mim por via das estórias, embora aumentando a capacidade de criar ilusões, diminuem-me na veracidade.

bra2.jpg Tenho assim um conflito primitivo ou civilizacional, que apagam ou deturpam memórias embaraçosas e, que inevitavelmente colidem com um triunfo de liberdade. Creio mesmo que só os antropólogos poderão compreender meu pântano utópico. Digerindo-me no difícil interior do ego, esforço-me por ressuscitar ideologias que possam ser levadas a sério e não serem vistas ou analisadas como um mero interesse ocasional.

bra3.jpg Algures em Itália, O Concelho Municipal de Bolonha mandou derreter a estátua de bronze de Mussolini a cavalo e, no seu lugar, instalaram dois guerrilheiros. Não me lembro de ter sido fascista, nem comunista ou socialista e como filho de supostos colonos de Angola, só ouve o cuidado de derreterem nossas vidas despojando-nos das coisas, da posse, da cidadania sem nunca conseguirem lacrar meus sonhos e lembranças antigas. Mesmo por via democrática, já não posso pegar naquilo que era bom no passado e, simplesmente chamar-lhe “o meu legado”. De tudo destituído, levam-me a concluir que todas as ideologias têm em comum o facto de gostarem de apresentar a sua própria utopia.

bra5.jpg Mas também, sendo a Europa um laboratório construído por cima de um vasto cemitério e, Portugal um laboratório de ensaios para gangues banqueiros, resta aos políticos deixarem de ser cínicos ou ficar apáticos, resignados ou submissos redescobrindo as virtudes que ainda subsistem na democracia. Num tempo em que por todo o lado, tanto se ouve falar em crise, poucos são os que não dizem mal dos parlamentos! E, é aqui que reside o problema: o Parlamento não se derrete, vai-se desmoronando na corrosão! Só que é um processo lento…  

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:16
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Domingo, 17 de Janeiro de 2016
A CHUVA E O BOM TEMPO . LXII

TEMPO COM FRINCHASA MINHA LUANDA . Luís, tu és a vergonha dos Alemães e, foi-se! Desconfio que era mesmo um alemão feito cachorro…

Por

maga1.jpgLuís Magalhães - Tem uma antiga caneta Parker 21, espacial. Dessas que levam o homem a gatafunhar coisas da Luua, numa Angola que jamais esqueceu e, das sequelas …

way4.jpg Aquilo para mim era um mundo fantástico! Luanda em 1972, foi um despertar tal que quando dei por mim já queria tirar a carta de condução e, isto deu maka! Tinha que pedir autorização ao meu Pai para me emancipar, coisa para o qual este não estava virado porque simplesmente não o queria. Bem! Também não lhe disse que era para tirar a carta de mota juntamente com a de carro. Mesmo assim, lá me deu a emancipação com uma alínea onde estava escrito o seguinte: Documento passado "SÓ" para efeitos de carta de condução.

sistelo5.png Quero lembrar que no meu tempo só eramos adultos aos vinte e um anos! Como sempre a minha Mãe impôs a sua Lei sendo de que uma delas, não poderia beber álcool. Das passagens de ano minha Mãe tinha muitas más memórias de alguns vizinhos cujos filhos acabaram por falecer vítimas dos excessos etílicos. Bom, depois de ter tirado a carta, fui trabalhar e estudar á noite na Escola Industrial e assim, poder comprar a mota dos meus sonhos; meu Pai sempre dizia que não pagava luxos?! Comprada a mota, andei pela Maianga, Mutamba, Vila Alice, Bairro Avalade, Samba, Bairro de Miramar, Avenida Brasil, Avenida dos Combatentes, Cazenga, Bairro Operário, da Cuca, Salazar, Santa Bárbara e Américo Tomás.  E, outros que já nem me recordo.

sistelo7.jpg Aos domingos de manhã, ía para a praia; da parte de tarde todo perfumado seguia para os bailes dos Bairros, se bem que de vez em quando também ia até ao Clube Transmontano; aqui, ficava um pouco de pé atrás porque as garinas dali queriam casório e eu não estava para aí virado. Tinha um grupo de meu emprego, que por costume íamos jantar ao Mesquita que ficava por detrás do "Jornal a Província de Angola"; geralmente neste jantar como entrada faziam umas sandes de carne assada, muito jindungo e uns chocos com tinta, dali seguíamos para a “discoteca quatro” abanar o capacete. Lá pelas quatro da madrugada terminámos a faina em uma boîte que ficava nas traseiras da Biker.

sistelo2.png Tudo normal em uma terra que para se chegar aos cocos se tinha que trepar. Mas, houve um final de mês, fazendo eu anos, o grupo disse-me assim: Hoje, dia de teus anos, vamos-te pagar o jantar e, não és Homem nem és nada se não beberes um canhangulo? Queriam mesmo ver-me piruca! Naquela minha inocência, aceitei o desafio, comi bem e lá bebi o dito canhangulo e um fino espantando meus camaradas. Seguiram-se outros, sentia-me mesmo o maior! O pior foi quando me levantei; meio zonzo, coisa que eu disfarcei, muito direitinho fui até á mota, sabendo que a maralha estava a topar-me!?

sistelo3.pngAtravessei a Salvador Correia em direcção á Baía, fui depois até á Ilha; ao atravessar a ponte eis que tive que parar para deitar a carga ao mar? Chamei o gregório Depois disto voltei a montar na mota e quando estava a chegar perto da Boite Tamariz(??), como já não podia mais, resolvi sentar-me na areia onde acendi um cigarro e por ali fiquei zonzo com as luzes rebrilhando na água da baía. Neste meio tempo chega um Jeep da Policia militar - Que desperdício meu Deus, dez da noite e este gajo já está com um chibo que não sabe de que terra é?!

sistelo4.pngAdormeci encostado á palmeira! De manhã ouvindo o cantar do mar, ouvia neste deslumbre os sussurros do mar, e uma língua lambuzando-me todo: schelép... schelép... schelép...? Ainda meio zonzo, abri os olhos muito devagar e é quando deparo com um cão Pastor Alemão lambendo-me a t´xipala perante o ar divertido de uns candengues que estavam a assistir á cena! E, não é que o sacana do cachorro falou! – Luís, tu és a vergonha dos Alemães e, foi-se. Até hoje ando desconfiado que fui Alemão e que aquele era mesmo um Alemão disfarçado de cão…   

sist8.jpg Envio a foto do meu Bilhete de residência em Angola com a Profissão de Agráfico.  Foi um erro dos serviços nunca corrigido; agora que se lixe, já é tarde para tal…

Ilustrações de Jorge Sistelo

As Opções do soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:19
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Quinta-feira, 14 de Janeiro de 2016
MALAMBAS . CXVII

FRINCHAS DO TEMPO . Uma conversa pequena nos céus com Padre António Vieira na nave dele, contendo pedaços de hoje e ontem…

MALAMBA: É a palavra.

Por

t´chingange 0.jpgT´Chingange

roxo12.jpg Ontem risquei o céu seguindo pelo ar o mesmo caminho dos navegadores que por mar aportaram na Praia de Cabo Verde e, com um ligeiro desvio ao azimute e ventos de bolina seguimos o rumo de Recife, terra quente no sentir de convívios amigos. A quilómetros de altura pude descortinar as luzes daquela Praia e, depois, já de janela fechada rumei de luzes escuras ao sonho dormido a mais de setecentos quilómetros à hora. O senhor dos anéis algures num lugar esquecido e rodeado de mato, comigo, Alcides Sakala, bebia um chá de casca de mandioca e mais folhas trazidas por um guerrilheiro; ambos resistíamos à perseguição dos aviões inimigos fugindo rio acima, rio abaixo sem nunca pararmos por longo tempo. Era a guerra de Angola!

roxo6.jpg Definhados na sobrevivência, envolvidos de mistérios, e por imperfeitas sentenças das minhas virtudes, fazíamos façanhas aninhados num destino lendário, lugares esquecidos duma terra que no correr do tempo se esqueceu, se omitiu em nos reconhecer como filhos da terra; terra que se esqueceu de nos lembrar, relegar ou, simplesmente desconhecer. Os guerrilheiros da Unita chamavam-me de Kato, porque, e não sei porquê, eu era um Japonês de olhos rasgados, desmilinguidos mesmo, e com o nome completo de Katochimotokima que quer dizer António naquela língua de muitos kapas.

roxo11.jpg A razão de estar ali, nunca chegarei a saber porque tal como nas profecias, crenças e rezas com parábolas, ninguém pode fazer todas as perguntas, nem ninguém pode dar todas as respostas. Tenho assim de carregar na vida a minha cruz, na convicção de nunca poder justificar em pleno e, tal como vós, nosso orgulho, porque deles podem sair falsidades com blasfémias. Já quase no fim do sonho, surge-me um pássaro chamado de xirikwata a comer-me as malaguetas picantes mas, e também, dando-me consolo m sua forma de chilrear.

roxo5.jpg Tropeçando nas silabas e invisíveis protozoários dum palavrório perdido nas bagatelas dum destino vibrado, acordo com as luzes da aeronave Padre António Vieira, Airbus A330-223. Passageiros, obrigado por vossa preferência! Não se esqueçam de visitar a linda Ilha da Madeira no meio do atlântico, leve seu Chihuahua e siga seu instinto ao longo de suas levadas, procurando o mirtilo, blá-blá-blá. Façam o favor de apertarem os cintos, endireitar vossas poltronas e tenham uma boa estada na linda cidade de Recife.

roxo8.jpg Olhei a ver o mar de luzes cada vez mais próximas. Lá fora um agradável bafo quente! Já no quinto piso duma torre da linda cidade e, na companhia de Aucicleide da Silva, psicóloga de mão-cheia, mão de Reiki, pude analisar sua força de chocurei e, até compreender as mensagens de ontem no momento de aterrizar. Tudo isto, porque hoje, um outro dia, olhando para longe e através doutros arranha-céus, descortinou o mar de Boa Viagem. Bem cedo e, bem por debaixo de nós, as pessoas passeando seus Chihuahuás ao longo dos passeios, uns para cá, outros para lá, cruzando empatias com bons dias. Terras de Boa-Viagem de Vera Cruz…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:04
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Segunda-feira, 11 de Janeiro de 2016
XICULULU . LXIII

 TEMPO COM FRINCHAS – O GAJO FALOU E DISSE...

- Quando tudo nos ultrapassa no tempo, apalpamos as medidas da natureza …

XICULULU : - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo, cobiça

EDGAR 0.jpgAs escolhas de Edgar Neves - Autor: O Gajo em 08.01.16

 JÁ ESTAMOS EM CAMPANHA...TUDO EM SENTIDO! -  Candidatos à Feira Popular da República

presi1.jpg A) - A primeira ilação a retirar das presidenciais é que Cavaco Silva deixou o cargo tão rasteiro que tanto um canteiro de salsa, um Minion, ou um dos reis magos de um dos presépios da Maria Silva, podia ser o próximo presidente da república. Vistos os candidatos, tenho para mim que o mais difícil é escolher um deles como o Tiririca português, ou, por outro lado, qual é que não é o Tiririca. Dito isto, não tenho a mínima dúvida, que se Cavaco Silva se pudesse candidatar, ganhava estas eleições mais facilmente do que o dinheiro que ganhou com as acções do BPN. Para finalizar este primeiro ponto, e se a presidência da república se tornou uma brincadeira, metam uma coroa no Duarte Pio, pelo menos temos cenas com charretes e cavalos, e miúdos loiros apesar de... enfim...

presid1.jpg B) - Dirão que todos os portugueses acima dos 35 anos se podem candidatar. É um facto! Eu também posso ir a um casting para fazer de Bela Adormecida numa peça de teatro, e não vou, não por causa da copa, mas porque não gosto de dormir. Acho que deve ir alguém que goste, se me estão a entender… Devemos levar as coisas a sério. Ouvir o Vitorino (Rans), e o Jorge Sequeira (Motivador), por exemplo, dizerem "quando for presidente", conclui-se que a presidência da república ganhou a importância do clube de sueca de Alcabideche.

presid14.jpg E vocês dizem que estou a marrar com estes dois candidatos. Diz Vitorino de Rans, que se candidata porque a filha "já cresceu e a família já não precisa dele"; e "que é uma candidatura do fundo da alma". Ah bom, se é assim! Para rematar, porque o povo o "conhece". Tino, aqui entre nós: entrar na "Quinta das Celebridades" não chega ainda para ser presidente, mas lá chegaremos, é um facto. Ideias do Vitorino, zero, melhor, uma ou outra que direi mais à frente. Quando ao "motivador Jorge Sequeira, fez cartazes onde república estava escrito com acento no "e" (república). Espantoso, no mínimo. Não esqueçam que estamos a falar de um potencial Presidente da República.

presid12.jpg C) - Depois de amadurecer a ideia, se isto é assim, para levar na reinação, e para muitos, alguns desconhecidos, se promoverem, contem comigo como candidato daqui a cinco anos. Ir à televisão dizer nada, ter uma conversa redonda para não me comprometer, soltar baboseiras e disparates, é algo que me sinto particularmente capacitado e à vontade. Aliás, a vertente das baboseiras e disparates tem sido das poucas valências em que aumentei a capacidade.

 

preto0.jpg D) - Outra coisa que me deixa preocupado é que os mais fortes candidatos a substituir o Professor Aníbal Cavaco Silva, são o Professor Marcelo e Professor Sampaio da Nóvoa. É que mais professores, cheira-me que os "alunos" vão continuar a chumbar nas políticas já conhecidas.

Uma breve passagem sobre os candidatos:

presi5.jpg Marcelo Rebelo de Sousa - é o professor Marcelo. Diz uma coisa e o seu contrário na mesma frase. Não se compromete com nada, ri muito, concorda com todos os oponentes em tudo, MAS, tem sempre um "aditamento" ou um "detalhe" a acrescentar. Com Sampaio da Nóvoa viu-se aflito, e percebeu-se a falta que sente da Judite que lhe fazia perguntas fofinhas. Marcelo é o candidato "tutti-frutti", dá para todos os sabores.

presid4.jpgSampaio da Nóvoa - A bandeira que levanta é que se apresenta como um candidato fora do sistema político e dos partidos, sendo essa a sua grande mais-valia. No entanto, anda à cata do apoio do PS, vai e fala nos comícios do PS, tem o apoio do Mário Soares, Jorge Sampaio, e Ramalho Eanes. Ninguém diria que não tem nada a ver com a política. O que há a retirar daqui, é que Sampaio da Nóvoa vem de fora da política, mas já se comporta como um político. É aquele que é dono de um bordel, mas é contra relações fora do casamento. Sampaio da Nóvoa é o candidato "branco mais branco não há".

presi8.jpg A Maria de Belém é uma política que, directa ou indirectamente, sempre viveu da política. É aquela nossa amiga de todos os dias, de que gostamos muito, mas nunca a convidamos para passar férias connosco. É a amiga que não bebe, por isso, leva o carro nas saídas à noite e, no fim, ainda empresta a casa para a amiga ir confraternizar com o "Brad Pitt" que conheceu na discoteca, enquanto ela fica a ver o Dexter. Acham que não? Maria de Belém sempre foi uma figura de proa do PS, bastante reconhecida e elogiada pelas suas espectaculares qualidades, mas na hora da verdade, o partido (ps) não a apoia na corrida a Belém. Ora, se nem o partido confia nela…estamos conversados. Reparem que nem uma piada sobre a altura…

 presid5.jpg Marisa Matias - O slogan "Uma por todos" só podia correr bem. Uma piada machista e badalhoca só para abrir as hostilidades. Mas é verdade. Capta a atenção da mente depravada e doente masculina. Querem o quê? Os homens aderem a estas coisas, e também à voz rouca da Marisa, de quem bebe dois penaltis de bagaço, em jejum, acompanhados de duas coxinhas de frango. A Marisa é a mulher moderna, na linha da Catarina e da Mariana, que vieram dar um ar fresco à política.

presi2.jpg Edgar Silva - É o porreiro! O simpático da companhia. Sempre à rasca com a pergunta da Coreia do Norte. Pessoalmente é fã da Coreia do Norte, como presidente já não é fã. Ou seja, para Edgar Silva, pessoalmente, a Coreia do Norte é um exemplo de país ao nível das liberdades individuais; já como presidente, a Coreia do Norte, é um pais inaceitável ao nível das liberdades individuais. Basicamente adapta-se às necessidades para sacar o votozinto como qualquer outro.

presid7.jpg Tino de Rans - Proeminente calceteiro. Finalmente alguém que tem uma profissão a sério. Prometeu que irá fazer uma "presidência de proximidade", e que irá ter o palácio e o seu gabinete em Belém, sempre "aberto ao povo, para estar em permanente contacto". "Olha, vou ali ao Minipreço, remendar o pneu da bicicleta, e conversar com o Tino ao Palácio. Se calhar durmo lá". "Estive lá ainda há bocado e vim-me embora, estava lá o Obama e a mulher, não arranjei lugar na mesa". Sugeria ao Tino que passasse a Feira Popular para o jardim do Palácio de Belém. Metia um plasma, e a malta ao Domingo passava por lá para ver a bola com os putos. Diz o Tino entusiasmado: "fiz uma música" - "quando a banca não tem juízo o povo é que paga". Fico por aqui…

presid8.jpg Jorge Sequeira - O "Motivador" é o "bate punho" dos candidatos. É o Gustavo Santos e o Miguel Gonçalves da política. É aquele que nos diz que "podemos tudo", mas diz dele próprio, "não ser o melhor candidato". Um "motivador" que parte logo derrotado, para não falar dos cartazes, que têm erros próprios de uma criança de 4 anos que ainda só aprendeu até ao "A".

presi3.jpg Henrique Neto - Não me esqueci! É o homem que, segundo ele, "previu" quase tudo o que aconteceu e nos levou à crise. Se tem uma Maya dentro dele, já sabe o que vou escrever por isso não vale a pena. Anda entretido em vez de estar em casa. Faz bem.

presid10.jpg Paulo Morais - Deu como provas para provar um caso da corrupção (BES), artigos que ele próprio escreveu no Correio da Manhã. Um homem que se tem em boa conta. Adoro.

Sei que de certeza brinquei como o vosso candidato preferido. E como todos têm um, hoje não me safo. Faz bem às vezes...

Autor: O Gajo em 08.01.16

As opções do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:51
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Domingo, 10 de Janeiro de 2016
MUXIMA .LIII

CHÁ DAS SEIS 

- Quem é capaz de definir a AMIZADE? Bom dia, boa tarde, boa noite, desculpem o desabafo!!!

Por

t´chingange.jpegT´Chingange

araujo21.jpg Bom dia amizades! Quero dizer-vos que aprendi que as amizades são escolhas que vamos fazendo de pessoas que surgem na nossa vida e, muitas vezes por mero acaso. Mas, tenho estado cá a pensar: - Com o decorrer do tempo vai-se conhecendo melhor as pessoas, e daí começar as escolhas, ou se fica muito amigo, assim-assim, ou descartamo-nos por alguma incompatibilidade, coisa fútil ou mesmo trivial. Por norma nós afastamo-nos, e o outro, apercebendo-se que já não é benquisto também se afasta; tudo resolvido! Mas… é aqui que está o busílis da questão!

araujo22.jpg Quando o outro é burro, MATUMBO mesmo, e não percebe que está a mais, que já não é bem-vindo, que já não é “persona grata”, que já nos perturba, como é que fazemos? Ou somos malcriados ou no mínimo, ficamos indiferentes... Bem! No caso do Face, simplesmente apagamo-lo ou o bloqueamos acabando com o mal pela raiz! Aqui no virtual é simples mas, diga-se em verdade que sempre nos fica uma nodoa por algo que não deveria ter acontecido. Valha-me o meu padrinho Padre Cícero, São José ou santo Agostinho! Em dado momento, temos mesmo de dar uma sacudidela na árvore, fazer a fruta podre cair e, por si só, ficar lixo!

araujo23.jpgSó falo nisto porque ontem recolhi do chão um papel amarroado que me prendeu a curiosidade. É uma oração para resguardar a amizade. Recordei a minha mãe Arminda que sempre escondia em minha bolsa ou mala de viagem responso ou encomenda escrita a um santo de sua veneração. Pois esta reza assim: -Senhor, quão poucos são os verdadeiros amigos, porque somos imperfeitos, limitados! Muitas vezes decepciono-me, esquecida(o) de que sou eu quem erra quando espero deles uma perfeição, uma santidade e um perfeito amor.

araujo24.jpgFazei-me, obstantes as dificuldades, bondosa(o) e verdadeiramente amiga(o) para com todos, sem nada esperar, nem mesmo um só agradecimento. Sois, Senhor, o melhor e mais perfeito amigo entre todos os meus amigos. Vós que me amais com um amor-perfeito, ensinai-me a amar com o Vosso coração, a olhar com Vossos olhos e a viver sempre como testemunha digna da profunda amizade e amor que sempre tivestes e tendes para comigo. E, termina com um Amém.

araujo17.jpg Assim, compreendo que viver é ser livre… Que ter amigos é necessário… Que lutar é manter-se vivo… Que pra ser feliz basta querer… Aprendi que o tempo cura… Que a mágoa passa… Que decepção não mata… Que hoje é reflexo de ontem… Compreendi que podemos chorar sem derramar lágrimas… Que um verdadeiro amigo permanece… Que dor fortalece… Que vencer engrandece… Aprendi que sonhar não é fantasiar… Que pra sorrir tem que se fazer alguém sorrir…Que a beleza não está no que vemos, e sim no que sentimos… Que o valor está na força da conquista… Compreendi que as palavras têm força… Que fazer é melhor que falar… Que o olhar não mente… Que viver é aprender com os erros… Aprendi que tudo depende da vontade… Que o melhor é sermos nós mesmos… Que o SEGREDO da vida é VIVER!

Ilustrações de Costa Araújo Araújo

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:59
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Sábado, 9 de Janeiro de 2016
MISSOSSO . XXV

DONGUENAUM CONTO ANTIGO – Nas terras altas do Lubango--- 3ª de 3 partes

Por

DY00.jpgDy - Dionísio de Sousa  (Reis Vissapa) - Um Chicoronho de 2ª geração… Autor de “Ninguém é Santo” escrito para todos os Angolanos que amaram e amam a terra que os viu nascer ou crescer.

dy19.jpg A noite de Natal finalmente chegou com toda a família e não só reunida na casa do meu avô. Homem hospitaleiro que convidava e recebia toda a gente indiscriminadamente, não esquecendo aqueles que vindos do Portugal longínquo em busca da terra prometida haviam deixado para trás mulher e filhos até conseguirem a estabilidade financeira necessária para os mandar vir. Foi uma azáfama na cozinha, onde eu fiquei pespegado à espera dos alguidares onde se batiam os bolos, para lhes rapar o fundo à dedada. A missa do galo foi rezada na recente sé catedral, com cânticos e ladainha e durou aproximadamente duas horas, o que foi um martírio para os meus pés enfiados em horrorosos sapatos de verniz.

dy21.jpg Acabada a liturgia, houve lugar a uma passeata ao maravilhoso presépio edificado pelos mais devotos junto ao altar, onde o menino Jesus de louça foi osculado na anca roliça por todos os crentes. Em casa a mesa estava posta com tudo o que era bom para dar lugar à tradicional ceia. Depois de me empanturrar com pingos de tocha, castanhas de ovos e demais iguarias foi-me sugerida colocação de um sapato ao canto da sala e a retirada para o quarto devido ao avançado da hora.

dy18.jpg Foi uma noite curta, em que dormi à pressa na ânsia de ver os presentes pela manhã. O sol já havia despontado quando me levantei e corri para o lugar onde tinha deixado o sapato. Meia dúzia de carros de lata coloridos, carros de corda como eram conhecidos, onde sobressaía uma chave igual à que abria as latas de sardinhas, um cinturão negro com uma enorme fivela de latão e apliques em metal prateado, dois magníficos revolveres e uma estrela de Xerife e mais umas tantas bugigangas deixaram-me extasiado. O Menino Jesus afinal não se esquecera de mim e atendera a quase todos os meus pedidos.

dy25.jpg Sem querer acordar toda a família, peguei no cinturão e nos revólveres e abri a porta que dava para o pátio interior da casa do avô. Foi então que as patas dela assentaram no meu peito fazendo-me recuar dois passos para o interior da sala e a língua áspera percorreu-me o rosto e as orelhas provocando-me arrepios de prazer e deixando-me todo lambuzado. A minha Donguena ali estava escanzelada e suja, havia percorrido cerca de quatrocentos quilómetros até ao Lubango e agora latia de contentamento, sem rancores nem queixas. Larguei as prendas e chorei de contentamento com a cabeça encostada ao seu pelo fulvo, eriçado no dorso num remoinho de dedicação e ternura. Desde esse dia nunca mais duvidei da existência do Menino Jesus e do Pai Natal.

As opções de T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:16
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Sexta-feira, 8 de Janeiro de 2016
MUJIMBO . CXV

ANGOLA . NAS CICATRIZES DO TEMPOVIII

O facto de achar que não existe racismo institucional não significa que não exista discriminação...

kimbo 0.jpgAs  escolhas do Kimbo

Por: ELIAS ISAAC - DIRECTOR DA ONG OSISA - O grupo racial negro, maioritário em Angola, está diferenciado etnicamente. 

nito0.jpeg (…) “No período colonial, na universidade, em cada 100 estudantes talvez encontrássemos dois negros; hoje é o oposto, portanto a situação inverte-se mas demora algum tempo. Genericamente falando, as pessoas mais brancas não estão discriminadas no acesso aos bens - pelo contrário.” O facto de achar que não existe racismo institucional não significa que não exista discriminação, sublinha. Existem focos “de discriminação racial, mas com o objectivo de retirar benefícios económicos, políticos e sociais”. “Em Angola, não se pode dizer que as minorias (brancos e mestiços) tenham dificuldade de acesso à instrução ou sejam discriminadas no acesso ao mercado de trabalho.”

nito01.jpeg Paulo de Carvalho, que se considera negro, apesar de ser visto como mestiço, já se sentiu discriminado “como angolano”. Foi numa ONG internacional para a qual trabalhava e onde lhe foi proposta uma “ascensão” de administrador para delegado em Luanda - ascensão entre aspas porque a ideia era manter o salário que tinha, sem regalia adicional pela nova função, enquanto se viesse “um estrangeiro receberia um salário umas quatro vezes superior, teria direito a casa, carro” e Paulo de Carvalho, “por ser angolano, não tinha direito a absolutamente nada”. Apresentou a demissão e fez queixa à empresa-mãe.

nito1.jpg A ideia de que a colonização portuguesa foi diferente das outras é um mito o luso-tropicalismo, tese defendida pelo sociólogo brasileiro Gilberto Freyre que suportou a ideologia do Estado Novo sobre a excepcionalidade portuguesa de estar nos trópicos, “baseada na cordialidade, miscigenação, capacidade de adaptação e assimilação”: o objectivo é fazer da colonização algo benéfico, uma opção que visava prolongá-la por mais tempo. Tal como em outras colonizações, também na portuguesa houve imposições, diminuição e discriminação da cultura autóctone.

nito3.jpg Exemplo referido por várias pessoas que entrevistámos é a restrição em se falar os dialectos angolanos durante o período colonial. “Falar uma língua local era alvo de discriminação. Para se estar integrado na sociedade colonial central, era preciso falar português”, lembra o sociólogo. E falar um português correcto, com o menor sotaque possível, com a maior proximidade de Portugal possível.

nito2.jpeg Uma das acusações que faziam ao líder da UNITA insidia sobre a perseguição racial. “Agostinho Neto tinha muitos mestiços próximos”… Porquê? “Porque os mestiços precisavam muito dele. A UNITA e a FNLA nunca foram a favor de misturas. A posição em que os mestiços estavam, Lúcio Lara (fundador do MPLA) e outros, não lhes dava possibilidade de reivindicar comportamentos que o Agostinho Neto tinha. O grupo revolucionário de Nito Alves era dos mais pretos, dos mais escuros! Foi uma tendência que o próprio MPLA teve que manter para sua própria manutenção e segurança.”

(Continua…)

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:47
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Quinta-feira, 7 de Janeiro de 2016
FRATERNIDADES . CI

PONTOS DE VISTA Uma estrela para você!!! - 1ª de 2 Partes

Em nossas vidas, nunca sabemos quantos milagres precisaremos. Um milagre não é o adiamento de uma lei natural, mas a operação de uma lei superior…

Por

t´chingange.jpegmatias j.jpgT´Chingange e José Matias

Ontem, dia seis, escrevi: HOJE É O DIA DOS REIS MAGOS - Qualquer um tem de ter a oportunidade de ter uma estrela... Hoje!... Há mais de 2000 anos atrás já usavam sofisma rebuscado para atingir seus fins mas, a estrela de Herodes era maquiavelicamente escura. E, infelizmente, hoje há demasiadas estrelas destas entre nós! A Bíblia não tem relatos sobre o nome dos três personagens designados de Reis Magos. Belchior, Gaspar e Baltazar Foram mencionados apenas no Evangelho segundo Mateus, onde se afirma que teriam vindo "do leste" para adorar o Cristo, nascido “Rei dos Judeus".

roxo3.jpg Assim os magos sabendo que se tratava do nascimento de um rei, foram ao palácio do cruel rei Herodes em Jerusalém na Judeia. Perguntaram eles ao rei sobre a criança ao que este disse nada saber. Mentiroso!... Herodes sentiu-se ameaçado, e pediu aos magos que, se o encontrassem, falassem a ele, pois iria adorá-lo também, embora suas intenções fossem a de matá-lo; um claro sofisma, um argumento com que se pretende enganar ou fazer calar o adversário). A tradição atribuiu à visitação dos Magos o dia 6 de janeiro porque devido à distância já havia passado algum tempo. E eu T´Chingange terminava afirmando: - INFELIZMENTE AINDA TEMOS MUITOS HERODES ENTRE NÓS.

roxo11.jpg Em resposta a este escrito e, entre vários comentários destaquei o de José Matias por evidenciar uma clarividência mais sábia, digo eu, relator desta fraternidade pelo que assim disse: - (José Matias) "Paguem-lhe tributo os reis de Társis e das ilhas; os reis de Sabá e de Seba ofereçam-lhe dons. Todos os reis se prostrem perante ele; todas as nações O sirvam. Porque Ele livra ao necessitado quando clama, como também ao aflito e ao que não tem quem o ajude. Magos, ou reis, não sabemos donde eles vieram, se eram só magos, se também eram reis do oriente, pouco importa para o caso, mas sim que todas as nações governantes, povos O sirvam, pois que em breve se inflamará a sua ira.

roxo6.jpgO Rei Davi descreveu muito bem em Salmos o que acima está descrito, que se relaciona sobre os dons que lhe foram prestados naquele dia, que também não se sabe a data, nem o dia nem a hora. O Rei dos judeus nasceu, o Messias que tanto esperavam, anunciado pelos profetas. O Messias que finalmente foi desacreditado, e morto pelos mesmos que viram a sua glória. "Mais bem-aventurado pois aquele que não O viu mas crê no que está escrito, e por fim apalpou e sem dúvida alguma sabe da sua existência, como nós sabemos e sentimos o vento, mas não o vemos." - Herodes são aqueles que continuam a crucificar Cristo, antes escolhem ser solto Barrabás, o ladrão do que aquele que nos veio dar vida eterna ao crermos na sua Obra Redentora na cruz do Calvário. Os ladrões continuam a ter a primazia da escolha tanto dos povos, como governantes.

roxo10.jpg E, foi num instante de gostos que surgiu uma opinião substantiva que se segue: António Gabriel de Mello Hmmmmm Nem tanto assim,,, Tendo em conta que Cristianismo só passa a ser reconhecido como religião e até adoptada como religião única e obrigatória 300 anos apôs a morte do aqui celebrado ,,, Não creio que a forma de celebração fosse igual á que actualmente se pratica um pouco por toda a Europa / América Latina e algumas partes de África por onde ela (a religião Cristã) foi disseminada …

Bem! O resto segue num próximo episódio, não obstante ainda se estar a discernir falas sobre este tema que me desperta curiosidade. Em nossas vidas, nunca sabemos quantos milagres precisaremos.

 

Ilustrações de Assunção Roxo

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:39
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Quarta-feira, 6 de Janeiro de 2016
MISSOSSO . XXIV

DONGUENA – UM CONTO ANTIGO

- No Cunene lá para os lados do Cuanhama ... 2ª de 3 partes

Por

DY00.jpgDy - Dionísio de Sousa  (Reis Vissapa) - Autor de “Ninguém é Santo” escrito para todos os Angolanos que amaram e amam a terra que os viu nascer ou crescer…

embo0.jpgchela3.jpg O seu olhar mesclado de ternura e tristeza acompanhou-me nos meses seguintes e os passeios pelo mato perderam o encantamento, sem a companhia da Donguena. Quando alguém pensou em colmatar a minha perda com a oferta de um outro animal, recusei peremptoriamente. Umas semanas mais tarde o primeiro empregado agredido pela Leoa da Rodésia acabou por ser preso ao tentar assaltar uma casa isolada nos arredores. Tentaram ocultar-me o acontecido mas inadvertidamente escutei uma conversa entre os meus avós e fiquei inteirado da injustiça cometida com a Donguena.

dy17.jpg Dezembro chegou ao planalto acompanhado de um calor razoável e algumas chuvadas que pintaram a Chela de verde. Os rubros cardeais sobressaiam nos canaviais dos charcos, engalanados com a nova roupagem e tecendo os seus ninhos numa azáfama chilreante. Os prados cobertos de malmequeres brancos e arroxeados ondulavam o seu colorido até às faldas da serra, e as espinheiras perdiam a sua tonalidade acastanhada e verdejavam a paisagem. Alguns arbustos pintalgados com sementes vermelhas iriam substituir os tradicionais pinheiros de natal, raros naquela região.

chela1.jpg O Mucufi alargara o seu leito emprenhado pelas abundantes e cristalinas águas que despencavam da serra em saltos de cascata, e corria veloz em direcção ao Cuanhama para onde a minha amiga Donguena havia sido deportada tão injustamente. A Huíla ganhava vida engalanando-se para o nascimento do menino Jesus naquele imenso presépio encastoado no planalto. A cordialidade entre as gentes aumentava com cumprimentos efusivos e votos de boas festas. Eu era questionado vezes sem conta sobre as minhas preces ao Pai Natal e o que desejava que ele me trouxesse.

chela2.jpg Para mim não poderia haver melhor prenda que o regresso da minha companheira de passeios mas abstinha-me de fazer esse pedido, substituindo-o por carrinhos de lata, pistolas de fulminantes e cinturão de cowboy, os raros brinquedos que em conjunto com as bonecas de celulóide eram o espólio do humilde comércio desses anos.

(Continua…)

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:54
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Terça-feira, 5 de Janeiro de 2016
CAFUFUTILA . CII

O CHOQUE DO PRESENTEAqui no M´Puto, é mesmo bom não se fazer contas ao tempo…

Por

soba 01.jpgT´Chingange

araujo19.jpg Aqui, no inverno do M´Puto a noite cai lá pelas cinco e tantas da tarde. Sempre que tenho de sair do mukifo nos dias enevoados, olho o céu a ver para onde correm as nuvens, faço a minha mentalização de que lá fora o frio não é o do Antárctico a me conformar mas, a prudência, só ganha coragem com um quente cachecol de lã de fibras especiais a imitar o castor; é necessária uma certa prudência para sair à rua, saber se lá fora o perigo é amarelo ou vermelho e, mesmo no escuro pode-se cruzar com os mistérios das sombras húmidas, daquelas que penetram pelos tornozelos.

araujo12.jpg Fechado em casa, o vento a zunir as chapas lá fora roçando os abacates e ramos para cá e para lá no ondulado das chapas, k´rak rrrrr k´rak rrrrr e, eu olhando a televisão. Ouvindo as notícias repetitivas nos canais cinco e oito com o futuro muito cheio de momentos impossíveis à espera de acontecerem, blá ssrr, blá ssrr. Falta-me memória para refazer essas conversas desinteressantes. A gentileza que fala com um sotaque a sorrir de mamas muito grandes, assim à solta numa flanela de alças, dá conta de um derrame na estrada, milhares de cebolas, milhares de laranjas esparramadas no asfalto.

araujo18.jpg Talvez precisasse de ouvir essas patranhas, essas verdades e essas mentiras, pedaços de telenovelas tristes, toneladas de solenidades e rebentamentos de guerra que põem o coração a dar murros no peito. Ao som cordial dos anúncios da televisão juntam-se os cheiros de refogados e do arroz de tomate e jaquinzinhos, mais um molho de folhas de couve tronchuda a fincar-se na roupa de licra por aqui e ali amontadas, calores de aquecedores a provocar fungos nos cantos da nossa paciência e os outros distantes em nossos aposentos.

araujo14.jpg No vão da varanda os chinelos encharcados cheios de pelos do cão que, ora sai ora entra de sua improvisada casa isolada a pedaços de esferovite coberto com entronchos de velhas forras de almofadas. Este tempo é chato!  O chapéu-de-chuva escorrendo pingas amontoadas; amaina o tempo, abre uma réstia de sol que dentro dum silêncio envelhecido faz regressar as recordações do calor dos trópicos, da África ou do Brasil. Lá num abrigo para me esconder do mundo! Limpar-me o espanto da cara, descontaminar-me do mundo inteiro com ausência.   

Ilustrações de Costa Araújo Araújo

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:48
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Segunda-feira, 4 de Janeiro de 2016
MALAMBAS . CXVI

TEMPO COM FRINCHAS . O amanhã, não pertence a ninguém!... Apalpando as medidas da natureza, sarar as feridas do corpo …

MALAMBA: É a palavra.

Por

t´chingange 0.jpgT´Chingange

ara3.jpg Há dias e dias! Não há maior religião do que a verdade mas, hoje fui confirmar o pagamento de uma prestação paga por internet e foi-me dito que tal não tinha sido efectuada! Não tinha o tal de recibo! Fiquei fulo e até dei pormenores de quando lhes levei, em seu tempo, o documento de multibanco, coisa que hoje não tinha à mão. Bom! Depois fui à farmácia e comprei cholagutt, remédio para regular a descarga vesicular de minha mulher, coisa que me custou sete Euros redondinhos!

amilcar 02.jpg Porque necessitava de dois frascos e a farmácia só tinha um, acabei por ao me dirigir às compras, aproveitar ir à secção dos paramédicos do espaço Jumbo a adquirir mais uma caixa daquele cholagutt. É aqui que deparo que estão a tomar-me por lorpa ou coisa assim; o mesmíssimo remédio custou-me 4,69 Euros! A diferença entre um e outro preço é de 2,31 Euros. Um escândalo disse para mim mesmo muito contrafeito! Amanhã irei devolver à farmácia o cholagutte igualzinho ao mais barato que comprei no espaço comercial. Se não aceitarem farei um escândalo e, quem sabe, até fazer queixa aos defensores do direito de consumidor.

BUNDA.jpg Há anos de um irritado pessimismo mas, este de 2016 entrei nele mesmo com os dois pés esquerdos. Andava tão optimista, jogando-me como um carneiro contra orgulhos de eternas repetições antigas e caramba, de novo me chegam obstáculos de repetidas arbitrariedades. Males de imaginação insatisfeita, bem num ano de promissão às esquerdas a pularem-me nos olhos. E, os filhos criados, estudados, vacinados e emancipados, com seus próprios filhos a voltarem para a nossa casa, a casa dos pais; sem emprego nem horizonte. Às veze apetece-me ser malcriado e dizer merda para isto mas, o que é que isso resolve!

poluição.jpgMas que país é este? Todos nós vivemos em um país, é um facto! É a partir da singularidade legal de uma nação, suas características peculiares e sua identidade conforme a lei que surge o conceito de honradez. Assim deveria ser mas ando demasiado chateado com tudo isto. Vivemos na corda bamba a contar tostões! A esperar que não haja nenhuma desgraça para que possamos chegar ao fim do mês sem ir às poupanças. Arranhar o pecúlio com calcitrim para os ossos e outras merdas que surgem. Estou chateado!

way1.jpgAgora chamarem-me de mentiroso! Em busca da verdade, muitas vezes acontece-me nem fazer perguntas porque cada vez mais me parece não estar preparado para ouvir as respostas. Sabemos que nunca iremos acabar de pagar os empréstimos bancários e que estes nos levam sempre a melhor. Para nós não há “desculpas boas” ou “desculpas más” assim como nos bancos… pagamos e não bufamos!

Do Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:20
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Domingo, 3 de Janeiro de 2016
MUJIMBO . CXIV

ANGOLA . NAS CICATRIZES DO TEMPOVII

Chamavam “o canal da mancha” à nossa secção porque era a zona mais escura. Não sei se em Angola se pode falar de racismo como tal, mas existe colorismo… 

kimbo 0.jpgAs  escolhas do Kimbo

Por: ELIAS ISAAC - DIRECTOR DA ONG OSISA - O grupo racial negro, maioritário em Angola, está diferenciado etnicamente. Em Portugal, os grupos raciais minoritários negros, traçam estratégias porque se dizem discriminados.”

paulo0.jpg (…) Explícito é o episódio contado pela fotógrafa Indira Mateta, 30 anos: trabalhava numa empresa que funcionava num edifício de seis andares em Luanda, e no andar dela eram quase todos do tom de pele dela, mais escuro - nos outros andares os trabalhadores “tinham pele mais clara”. Chamavam “o canal da mancha” à nossa secção porque era a zona mais escura. Então é uma coisa explícita: as pessoas falam a rir como se fosse engraçado. A partir do momento em que as pessoas acham que ser mais escuro é ser manchado, não há muito a dizer.”

paulo2.jpg Há quem, como Luís Fernando, administrador no grupo de MediaNova, já tenha sentido racismo directo na pele à porta de um restaurante/bar, o Chill Out, onde o porteiro o barrou, deixando entrar o amigo branco. “Obviamente que nunca mais lá pus os pés”, conta no seu escritório. Mas desvaloriza o episódio: acha que não há racismo em Angola. Pode haver algum elemento racista, em que o angolano se sinta superior, ou podem existir alguns portugueses “extremamente racistas”. Mas “não se deve tomar a árvore pela floresta”. Teme, no entanto, que surja uma tensão racial mais do ponto de vista económico “no sentido de algumas pessoas se sentirem excluídas dos lugares que se elitizaram”.

paulo1.jpg O estigma é: Quanto mais claro, maior o grau de instrução. Na zona Sul da Luua há vários edifícios novos, entre eles o centro comercial Atrium Nova Vida, onde há lojas de restauração e de roupa, algumas de marcas internacionais. Encontramo-nos com o sociólogo Paulo de Carvalho no centro comercial onde o chefe de segurança é um português branco. Como sociólogo, usa as expressões “grupo maioritário” para se referir aos negros e “grupo minoritário” para falar de brancos.

paulo7.jpg “Em Angola não existe racismo institucional. Primeiro porque a legislação não permite o racismo, segundo porque os grupos raciais não estão discriminados. Há racismo institucional quando os grupos raciais traçam estratégias de actuação com base nesse factor. Ora em Angola isso não ocorre. O grupo racial negro está diferenciado etnicamente. Nos grupos minoritários raciais, como os brancos, não ocorre porque não há necessidade, isso ao contrário do que acontece em Portugal, em que os grupos raciais minoritários “traçam estratégias porque são discriminados.” Ainda hoje, quanto mais claro é o angolano, maior o grau de instrução, resultado da colonização que criou uma tendência que ainda se sentirá durante mais algum tempo, analisa.

(Continua…)

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:34
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Sábado, 2 de Janeiro de 2016
MULUNGU . XLVII

TEMPOS CUSPILHADAS ANO NOVOVELHAS MEDITAÇÕES - O Natal, converteu-se em papai e mamãe noel…

matias j.jpg AS ESCOLHAS DE J. MATIAS

rosa 1.jpg O desencanto do Cristianismo é porque não está baseado em sabedoria humana e por esta razão, o homem natural, aquele que não crê na obra Redentora do Cristo, não pode aceitar porque lhe parece loucura. No entanto, não temos outro Evangelho a anunciar que não seja a cruz de Cristo e qualquer desvio que façamos deste Evangelho perde-se o poder ou virtude que só Ele nos pode dar, Rm 1:16. Leiamos o que Paulo escreveu aos Coríntios, a saber: "Também eu, quando fui ter convosco, irmãos, não fui com o prestígio da eloquência, nem da sabedoria anunciar-vos o testemunho de Deus. Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Eu me apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor.

rosa1.jpg A minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloquência persuasiva da sabedoria; eram antes uma demonstração do Espírito e do poder divino, para que a vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens mas no poder de Deus, I Co 2:1-5". A prova disto é que as teologias da libertação, a teologia da prosperidade, entre outras, foram efémeras por não estarem focalizadas na cruz de Cristo.

matias j1.jpg Hoje, procura-se também, reconciliar as diversas religiões como se fosse possível democratizar a fé sem o Cristo crucificado. Nos Estados Unidos, por exemplo, a cruz foi retirada das escolas a fim de não provocar confrontação com outras religiões. O nascimento de Jesus, o Natal, converteu-se em papai e mamãe noel.

matias j2.jpg O discurso do Papa Francisco foi muito aplaudido na Europa por denunciar os diversos conflitos entre nações e grupos fundamentalistas, no entanto, segundo o meu entendimento, pouco ousado no poder da fé que emana do Cristo. Que este Novo Ano de 2016 confirme as igrejas no Evangelho da cruz que é loucura para o homem natural mas para os cristãos é o poder de Deus.

Amilcar Rodrigues

Mulungu: É uma árvore de grande porte com flores vermelhas.

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:49
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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