ANGOLA . DEUS DEVE SER BRANCO! – 2ª e 3º de 4 Partes
Por: ISOMAR PEDRO GOMES - Foi em tempos um funcionário da polícia política DISA. Segundo ele, as pessoas que trabalhavam na DISA e se identificaram com a dissidência do MPLA foram vítimas da repressão. “O carrasco foi o sistema”, afirma! Ele teve a coragem de ter publicado isto em Angola.
DEUS É BRANCO?
(...) A resposta colonial à violência nacionalista africana, sempre foi comedida: por exemplo, se a força policial Portuguesa no 4 de Fevereiro e posteriormente no 12 de Março de 1961, respondesse com o mesmo demonismo com que o MPLA 'respondeu' ao chamado Fraccionismo do 27 de Maio 1977, muitos dos actuais dirigentes não existiriam, e provavelmente durante muito tempo não haveria movimentos de libertação.
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O ÊXODO - Passado cerca de meio século, em que a maioria dos países Africanos 'arrancaram' na ponta da espingarda a independência das potências colonizadoras (seguindo a lição do camarada Mao Tsé-Tung) – se fizermos o balanço de quais foram os ganhos que os respectivos países e povos obtiveram, poucos são os Países Africanos que diremos, saíram indiscutivelmente a ganhar.
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"Quando é que a independência afinal vai acabar?" – Indagou desesperado e desapontado um septuagenário angolano nos idos anos 78-80, fatigadíssimo da guerra estúpida, de tanta crueldade e injustiça praticada pelos seus patrícios (do regime e da oposição), denominados de nacionalistas de primeira água. Poderia África ser hoje comparada ao Inferno ou ao Purgatório?
Qualquer um deles serve; Paraíso - NUNCA. Pouquíssimos países Africanos (menos do que os dedos de uma mão) podem aproximar-se de tal eleição. "HOJE até a Bíblia nos tiraram, e as terras continuam a não pertencer ao povo" - sintetizou Morgan Tchavingirai, descrevendo a desgraçada e extrema penúria do povo zimbabwiano, respondendo ao guia imortal ainda vivo, que diz ter ressuscitado mais vezes que o próprio Jesus Cristo. Zimbabwe que, no período citado por Bob Mugabe, era o celeiro de África, o povo era detentor de um dos mais elevados IDH do continente.
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Por exemplo, em Angola, quando por vezes, nas datas históricas, oiço e vejo pela TV indivíduos a mencionarem o que o 'colono nos fazia', sinceramente não sei se, choro de raiva ou se me mato de 'risada'; "porque o que o colono fazia… blá-blá-blá", dizem eles - hoje faz-se o pior. O colono, se fez, quase que o desculpo: é ou foi colono, é branco, não é meu irmão de raça, etc; agora quando o meu irmão Angolano, preto como eu, ex-companheiro da miséria e das ruas da amargura, faz o que viva e decididamente repudiávamos do colono – esta ultima acção dói muitíssimo mais do que a acção anterior, dilacera e mutila impiedosamente a alma.
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Por isso, logo após as independências Africanas, e depois do êxodo dos brancos a abandonarem África, verificou-se um segundo êxodo: seguindo os outrora colonos, milhões de Africanos abandonaram a África, com angústia na alma e os olhos arrebitados de descrença, a maioria arriscando literalmente as suas vidas (o filme continua até aos nossos dias) - porque chegaram a conclusão que afinal não é verdade o que apregoa o político Africano; "eles prometeram-nos o paraíso e dão-nos o inferno a dobrar", disse um jovem africano em Lisboa nos anos 78-80 num programa da RTP. Há mais africanos hoje na Europa do que Europeus em África! Porquê?
A JUSTIÇA EUROPEIA - Os Europeus, muitos deles depois de chacinados em África pelas revoltas africanas, de regresso aos respectivos países, embora destroçados de dor e amargura - receberam de braços abertos muitos dos antigos carrascos, dando-lhes um lar e emprego decente, e uma vida digna, que jamais tiveram nos países de origem; Paz e sossego duradouro.
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O contrário era possível? Ainda hoje, quase 41 anos depois do fim da colonização, para justificar a Pobreza e outros pesares que "estamos com ele", os dirigentes Angolanos (por exemplo) ainda se desculpam com a presença colonial Portuguesa em Angola - eles não são, nunca serão culpados, mas o colono (41 anos depois) SIM, estou seguro que, quando Angola festejar o 50º aniversário, os dirigentes Angolanos ainda estarão a rogar pragas ao colono Português.
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HOJE, em muitos países africanos, ouvimos falar de relatos arrepiantes de governação de 'preto-para-preto' : incompetência criminosa, bajulação estúpida como doutrina, ganância e egoísmo exacerbado (primeiro eu - sempre), mentira como regra, assassinatos indiscriminados, prisões em massa, inexistência de liberdade de expressão, aonde até gritar "estou com fome" é crime passível de perder avida.
Kamulingue e Kassule são a prova viva do facto: vida miserável, falta de empregos, corrupção endémica, justiça injusta e totalmente parcial, cadeias (horrorosamente infernais) a abarrotar de jovens provenientes das classes desfavorecidas, hospitais que mais parecem hospícios, escolas que mais parecem pocilgas etc. etc.
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O paradoxo é, se HOJE em África usufruímos de um bocadinho de liberdade com sabor a vida, é precisamente graças aos Europeus; isto é, aos brancos, que desenvolveram uma nova ordem de conduta internacional e instituições internacionais que vigiam sobre o globo, incluindo, obviamente, África. As sanções internacionais e outras medidas de contenção pairam sobre os dirigentes Africanos; e então, estes por sua vez fingem praticar a democracia.
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Não porque eles gostem da democracia, mas porque temem o "deus branco e o seu braço punitivo". Porque se dependêssemos totalmente dos governos de "preto-para-preto" seguramente, na vasta maioria dos países Africanos, não seria possível viver.
O protótipo Africano da UE (União Europeia), a chamada UA (União Africana), é uma mentira descabida : é uma instituição falida, decrépita, débil e 'estaladiça' (como a bolacha 'chinesa' de água e sal), que ninguém leva a sério, houve até quem propusesse a designação - DUA : DesUnião Africana; uns poucos países africanos esforçam-se por dar credibilidade à UA e ao continente - por exemplo, quando teremos um Tribunal Internacional Africano? Se os tribunais da maioria dos Países membros é do "faz de conta", os Africanos instituíram também uma espécie risível de Parlamento Africano: que acções práticas esse tal PA já desenvolveu em beneficio dos Africanos?
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A UA é um club de "compadres", ditadores velhacos, egoístas que sonham com Paris, Londres, Estocolmo etc.; ao mesmo tempo que transformam os respectivos países em autênticos 'buracos negros'. As independências em África foram 'feitas' para algumas centenas de indivíduos africanos - em detrimento de centenas de milhões, cada vez mais miseráveis.
(Continua…)
As opções de T´Chingange
CINZAS DO TEMPO – 29.10.2016 – Viajei à velocidade dum sonho com um ET… Tenho de falar assim para não me mentir!
MALAMBA: É a palavra.
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Estamos em dia de bruxas e talvez por isso esta noite circulei pelo Universo com um ET em uma nave parecida com uma bolota. Ontem detive-me a ler um assunto sobre o buraco da minhoca, um tubo fino de espaço-tempo que liga regiões distantes do Universo que também nos conduz a universos paralelos, o mesmo dizer-se viajar no tempo. E, foi em sonhos que este ET me acompanhou, só pode ser!
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A nave teria 3 metros de altura e 4 metros de diâmetro e pelo que vi, parecia ter uma propulsão electromagnética porque era silenciosa. Tinha cilindros ao redor que giravam ao contrário dos ponteiros do relógio e que ao ser accionado um botão dele se desprendia uma cor violeta de intensidade ofuscante. Meus cabelos ficaram eriçados, eu que sou careca senti uns sinos zunirem ao redor de algo que me fazia desprender da realidade e, num repente voamos no tempo sem destino definido.
Posso lembrar-me de meu companheiro ET, cabeça demasiado grande, olhos gigantes lançando uma luz entre o azul e violeta. Tinha dois pequenos furos bem na frente da face e uma linha de boca sem dentes visíveis. Seu corpo parecia plastificado do verde ao cinzento numa forma meio gelatinosa e fria. Eu e ele estávamos nus da cabeça aos pés mas no meu caso estava coberto com um acrílico facto ao jeito de um verniz moldável. Não sei como!
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O meu companheiro de viagem tinha umas orelhas redondas como que um funil que captava ondas que só ele sentia. Entalado entre aparelhagem desconhecida que produzia efeitos anti gravíticos, sentia-me a levitar. O curioso de tudo isto é o de que falei com este ser de plasticina numa língua estranha que só entendi naquele preciso momento. Sentia nele uma vontade de me agradar mas no meu instinto ele tinha muito de enigmático, vindo do prá-frente ou do além.
Com a velocidade dum sonho, numa fracção de segundos estávamos em África. Não sei como estávamos agora fora da nave-bolota apreciando o buraco de kimberley “The Big Hole” o maior buraco do mundo feito à mão e, foi quando este ser atarracado feito boneco de plasticina se referiu àquilo como uma obra desperdiçada do homem. Creio que me queria dizer que nós, seres humanos, estávamos a preocuparmo-nos com coisas supérfluas.
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Foram momentos de inexplicável entendimento mas, ele o ser gelatinoso disse-me que andávamos entretidos com coisas menores. Quando voltávamos á bolota voadora reparei que tinha uma cruz suástica e, pude ver melhor que tinha a forma de um sino. Nada perguntei mas, a intriga ficou dentro de mim. Andar num meio de transporte á velocidade do sonho, sem fazer curvas nem fumo. E, de novo num ápice, assim como num estalar de dedos estava a observar um crânio petrificado em plena planície lunar, olhando em redor as pirâmides já raspadas pelos ventos e carcomidas pelas muitas intempéries e calor. Curiosamente, naquela vestimenta de verniz do paralém, eu não sentia esse calor que se sabe ser insuportável.
Posso dizer que fui a muitos lados deste modo rápido como se estivesse em um mundo paralelo e foi quando me lembrei que um dia em uma curva num lugar chamado de cruzeiro e bem perto de Kalukembe em Angola aonde morri, a minha alma saiu de mim e até remexi no carro para retirar uns documentos que julgava importantes. E as testemunhas diziam que eu ali tinha ficado estirado e, eu jurava que não com convicção.
O Soba T´Chingange
ANGOLA . DEUS DEVE SER BRANCO! – 1ª de 3 Partes
Por
ISOMAR PEDRO GOMES - Foi em tempos um funcionário da polícia política DISA. Segundo ele, as pessoas que trabalhavam na DISA e se identificaram com a dissidência do MPLA foram vítimas da repressão. “O carrasco foi o sistema”, afirma! Ele teve a coragem de ter publicado isto em Angola.
DEUS É BRANCO?
"Há dias, a caminho do Hojy-yá-Henda, a bordo (como habitual) de um dos machimbombos da TCUL Viana vila - Cuca, um dos vários azulinhos, os nossos emblemáticos táxis colectivos, que 'palmilham' as nossas estradas (privilegio este meio de transporte por ser o mais barato e acessível aos pobres para rotas longas, mau grado a 'sardinhada e a catingada'), chamou a atenção do público, exibindo no seu 'traseiro' o seguinte dístico; DEUS É BRANCO, MULATO É ANJO, PRETO É DIABO.
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Tal dístico, é óbvio, levantou as mais diversas celeumas entre os passageiros do machimbombo e creio entre todos os 'observadores' e transeuntes por onde o dito azulinho (mini m´bombó-chapa) 'rasgava' o seu 'popó-show'. Raciocinei com os meus botões e os meus botões comigo, as causas que levaram o proprietário do 'popó' ou do 'chauffeur de praça' a mencionar e exibir tal 'desgraçado ou ditoso (?!)' rótulo.
Na busca mental das 'causas', não pude deixar de comparar o modo de vida de hoje e o da administração colonial, quando o País, e a grossa maioria dos países do continente Africano, era administrado por indivíduos maioritariamente de raça branca, provenientes da Europa, "os tais colonos": poderia África então ser comparada a um paraíso? Há quem diga que sim, e eu não discordo dele! "Colonialismo caiu na lama!" Lembram-se deste célebre estribilho
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A JÓIA COLONIAL - Angola era mundialmente conhecida como a Jóia do império Português e exibia, majestosa, todos os pergaminhos de tal título; o Quénia era, a par da África do Sul, a jóia africana do império Britânico, a Argélia a jóia africana do império Francês e o antigo Congo-Belga a jóia do mini império Belga. Tais países Africanos - no contexto do outrora - prosperavam a olhos vistos (a maioria deles encontravam-se ainda na idade da pedra), as respectivas comunidades autóctones idem em aspas, os índices de desenvolvimento humano dos autóctones inegavelmente estavam lenta e seguramente subindo; as obras dos colonialistas ainda perduram pela África adentro.
Verdade seja dita, o esclavagismo e as guerras de "kwata-kwata" fizeram irremediáveis estragos em África. Mas também não é menos verdade, que a falta de unidade, ambição, irresponsável individualismo e a sempre necessidade de estúpida e insanamente guerrearem e fizerem verter sangue (entre nós Africanos) - tornaram bem-vinda "a pax romana", isto é, a paz promulgada a força do chicote e da bala pelos Europeus.
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As então gerações de jovens africanos instruídos (pelas respectivas franjas ou instituições da administração colonial), organizaram-se politicamente e fizeram soar a acusação de que os Europeus estavam a sugar as riquezas do solo pátrio em benefício exclusivo das nações colonizadoras, desconsiderando totalmente os interesses dos nativos e das colónias, transformando os autóctones em miseráveis na sua própria terra; "eles vieram com a Bíblia, nós tínhamos as terras, no fim eles ficaram com as terras e nós com a Bíblia" disse Robert Mugabe, nacionalista e guia da libertação do Zimbabwe.
Organizaram-se contra o invasor: protestos, revoltas, guerras, chacinas ; a história regista que o movimento e actuação dos 'mau-mau', liderado pelo indomável Jomo Keniata, foi um dos mais cruéis de África e o que chamou a atenção da comunidade internacional, para a necessidade da urgente descolonização de África. Claro, a violência gera violência, os resultados hoje fazem parte da história.
(Continua…)
As Opções de T´Chingange
CINZAS DO TEMPO – 27.10.2016 - Como somos organismos reprodutores, o futuro deslindar-se-á… Tenho de falar assim para não me mentir!
MALAMBA: É a palavra.
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Desde o início da civilização que as pessoas não se contentam com ver os acontecimentos sem explicação plausível. Anseiam por um entendimento da subjacente ordem no mundo, do Universo. Sempre sentimos a mesma ânsia de saber porque estamos aqui, como e de onde viemos. Vejo, todos os dias em comentários de grupos sociais do Facebook e outros, o mais profundo desejo de conhecimento da humanidade, uma suficiente justificação para a nossa contínua procura.
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Um acontecimento é qualquer coisa que ocorre num determinado ponto no espaço e num determinado momento mas este espaço quadrimensional designado de espaço-tempo é difícil senão impossível imaginá-lo. Desta maneira a luz que se propaga a partir de um acontecimento, forma dois cones tridimensionais nesse espaço-tempo quadrimensional. Estes cones de luz são o cone do futuro e o cone do passado e, ambos constituem o conjunto de acontecimentos a partir dos quais um impulso de luz pode alcançar o dado acontecimento.
Para entender isto vai ter de imaginar uma pedra que se lança num lago de água parada e ver a cada segundo as ondas circulares que se formam em volta enquanto a pedra se vai afundando. Se unir pontos imaginários nesta onda, irá definir um cone ou funil que de forma suave se vai desvanecendo. Podemos até escolher um ponto a que chamaremos K situando-o num tempo passado agarrado a este cone.
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É nesse cone virado para o passado, o cone do passado, que situamos nossas lembranças com Kapas transformados em tempo de séculos, de anos, meses, dias, minutos e segundos. Nesta ponta do funil, cone do passado, teremos o momento A que o é numa fracção de tempo micro a que chamamos o agora. É deste agora que vai sair o funil ou cone do futuro do qual nada se sabe; podemos prever, deduzir, ter uma propensão ou um cálculo do que será, mas não passa disto mesmo, uma incógnita!
Então o futuro absoluto do acontecimento será a região dentro do cone de luz do futuro. Podemos até designar um ponto P situado numa data posterior mas isso será sempre uma previsão. Porque é o conjunto de todos os acontecimentos susceptíveis de serem efectuados por aquilo que acontecerá. O problema esta em que este poto P não pode ser alcançado por sinais provenientes do A, do agora, porque nada se pode deslocar com a velocidade superior à da luz.
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Nós só podemos predizer o que acontecerá lá para a frente num determinado ponto P do tempo. Os acontecimentos ocorridos em A do agora, situado entra o cone de luz do passado e o cone de luz do futuro será o presente do indicativo da matemática quântica. Como falei da pedra que forma argolas visíveis no lago, poderão imaginar as ondas que se propagam também no ar, viradas para o espaço e não visíveis por nós a olho nu.
Neste preciso momento A, se o Sol deixasse de brilhar, terão de aguardar oito minutos para saber o sucedido e, isto porque só nesta altura é que o cone de luz do futuro se fará sentir na terra. A terra não é o centro do Universo e a luz que observamos de “objectos” longínquos deixaram-no há cerca de oito milhões de anos. Quando olhamos para o céu estamos a vê-lo no passado. Como se pode depreender somos uma ilusão! Será por isto que o oito foi escolhido em várias línguas como símbolo do infinito!?
Ilustrações de Assunção Roxo
O Soba T´Chingange
TEMPOS PARA ESQUECER – 24.10.2016 - ANGOLA DA LUUA XXIII . NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA. … Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo… Ainda vão ter de me oferecer um passaporte diplomático…
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A 13 de Julho de 1975 a situação em Luanda era extremamente grave. Ocorriam confrontos no bairro Prenda, Cuca, Petrangol e, parte da delegação da FNLA já tinham abandonado suas destruídas sedes. Neste dia Silva Cardoso pediu a Lisboa reforços com uma Companhia de Pára-quedista, uma de Comandos e um destacamento de Fuzileiros mais Forças Especiais no mais rápido possível. No dia 15 as acções de fogo atingiram o ponto crítico repetindo-se cenas de saque por parte de civis marginais, nalguns casos acompanhados por elementos do MPLA.
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Havia apropriação abusiva de veículos e instalações pertencentes ao Estado; já havia dificuldade em distinguir se aquele organismo antes estatal o era efectivamente, ou não. Em Malange quase toda a população civil se refugiara no quartel das NF e, em N´Dalatando verificou-se o total abandono de todas as lojas e residências que foram alvo de pilhagem pela população africana apoiada por elementos das FAPLA, forças armadas do MPLA.
Hoje muita gente desentendida a propósito, pergunta a este e aquele porque saíram de Angola porque sempre nos identificamos com aquela terra que nos viu crescer. Se a amavam porque fugiram? Do porquê de abandonarem a terra que tanto dizíamos querer? E, talvez com a leitura deste cone de lembranças do passado possam reflectir das impossibilidades de ali permanecer, sem assistência médica nos cuidados mais elementares, sem mercados de géneros, sem escolas e um estado permanente de guerra sem frentes definidas.
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Era o processo de Rosa Coutinho a funcionar em pleno; provocar o abandono dos brancos, mestiços e negros com algum controlo administrativo na sociedade. As forças solicitadas pelo Alto-Comissário Silva Cardoso, estou em crer que não foram enviadas. Em Junho e antes do ataque à FNLA em Luanda, o General Fabião, Rosa Coutinho e o Coronel Varela Gomes reuniram-se em Havana com Júlio Casa Cerqueño, chefe da logística Cubana.
Daqui e, logo a seguir, embarcaram para Angola um General de logística, o Comandante Cadelo e o chefe da marinha Emídio Baias para com Neto concertarem as operações que se viriam a segui; tudo leva a crer, ter tudo sido feito à revelia de Silva Cardoso. Aliás, este era um personagem a contornar com manobras falaciosas pelos militares, seu camaradas frentistas do Vinticinco e o directório do sempre enaltecido MPLA.
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Em relação à “Batalha de Luanda” e a partir de 13 de Julho de 1975, Melo Antunes refere ter-se encontrado com Neto em seu Comité Central apercebendo-se que o MPLA, era já naquele momento um exército - ficou até chocado com a arrogância com que foi tratado, concluindo que Neto já não precisava de ser afável com ele e, o que estavam a fazer, era uma aplicação de um metódico plano para a tomada de Luanda.
Depreende-se no correr do tempo precedente que havia oficiais portugueses que estavam por dentro dos eventos em curso e outros que eram pedras fora do baralho! Os Generais de aviário trocavam as voltas aos demais companheiros. As manobras de diversão ficaram visíveis mais tarde! O vinticinco e a liberdade do povo da metrópole era trampolim para outras atitudes; era a descolonização que mais lhes interessava e do seu jeito, não de outra qualquer forma.
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No M´Puto e no dia 19 de Julho, às primeiras horas do dia, forças do COPCON substituem os civis nas barricadas efectuadas para controlo do acesso a Lisboa de manifestantes conotados com o PS que projectariam uma “marcha sobre Lisboa”. A 20 de Julho apesar das opiniões contrárias de alguns oficiais do COPCON, Otelo Saraiva de Carvalho parte para Cuba, durante a qual admite poder vir a aceitar o cargo de vice-primeiro ministro; são nacionalizadas as principais empresas de pesca.
Dá-se o início a uma onda de assaltos a sedes do PCP, MDP e partidos e organizações da esquerda revolucionária. Essas acções foram reivindicadas por um autodenominado “Movimento Maria da Fonte” que actuava no norte do país e era apoiado por certos sectores da Igreja Católica e por grupos anticomunistas. Dão-se manifestações anticomunistas em Viseu no seguimento de oito tentativas ao assalto a sedes do PCP. O M´Puto estava a acordar! É destruída a sede do MDP e a sala da Câmara em Matosinhos tendo-se registado 14 feridos. (JCS).
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Angola estava para lá entregue a si própria, aos bichos, às hienas, aos brancos exploradores, à pandilha que se mostrava na televisão, que se ouvia nas cantigas de intervenção, coisas de peixe podre, fuba podre e tudo coisa ruim com mais porrada se refilares. Cantigas do Rui e outros que tais a falarem meias mentiras, descuidando as verdades. Era um pântano de palavras comendo palavrinhas dando voltas ao miolo batucado. A percussão dos tambores encobria os desesperos de milhares das chamadas Províncias Ultramarinas.
Agostinho Neto, escudado pelo apoio militar de Brejnev, do marechal Tito e de Fidel de castro, já não necessitava de ser afável com grande parte dos miliares portugueses; alguns, poucos deram-se conta mas, já era tarde para fazer marcha-à-ré. O MPLA iria liquidar os outros dois Movimentos fazendo tábua rasa da presença portuguesa e dos acordos que tinha estabelecido com todos.
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Neto era um salafrário e já era demasiado tarde para recuar o processo. Os métodos foram variados ou bem diversificados! Inventaram que a FNLA tinha arrancado órgãos humanos; que os “fenelas” eram canibais, antropófagos, diziam! Eram corações em frascos e outros órgãos em clorofórmio roubados no “Museu Anatómico”. A médica assistente do Laboratório da Faculdade de Medicina que desmentiu o propalado em cartazes pelo MPLA; por esta denúncia, esta médica foi raptada da Maternidade de Luanda. Só foi solta em 1 de Agosto e, por pressão por greve de Médicos e Enfermeiros.
E, tem muita gente por aí que sabe o quanto é verdade estas macabras manobras! Muitas há que por tanto esforço em esquecer aqueles dias medonhos, dizem não se lembrar! Nem sei se acreditarei! Deveriam testemunhar aqui para que os novos saibam que não foi fácil nossas desventuras! Sofreram os que ficaram e sofreram os que saíram. Tem por aí muita gente altruísta que vai em cantigas de trololó a desmentir o que aqui se diz sobre esse monstro que foi, é e continuará a ser o MPLA, os que agora mandam ao seu belo prazer, que fazem sofrer o povo. Ainda vão ter de me oferecer um passaporte diplomático ou dar-me um prémio camões; mas, vai sendo tarde para se regenerarem.
(Continua…)
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
CINZAS DO TEMPO – 20.10.2016 - Como somos organismos reprodutores, o futuro deslindar-se-á… Tenho de falar assim para não me mentir!
MALAMBA: É a palavra.
Por
Vivemos o nosso dia-a-dia sem entendermos quase nada do Universo ou do Mundo que nos rodeia! Pensamos que já sabemos tudo e num dado momento verificamos que só nos lembramos do passado e não do futuro e, perguntamo-nos se haverá limites definidos para o nosso conhecimento. Queremos saber outras coisas sem ainda nos conhecermos nem sabermos ao certo de qual é o mais pequeno pedaço de matéria. Cada vez se torna mais habitual responder-se a matérias destas questões com um abanar de ombros, deixa para lá, isso é lá com Deus.
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Dizem os arqueólogos que o início de nossa civilização remonta desde o fim da última idade glacial, cerca de dez mil anos antes de Cristo tendo Santo Agostinho referido também andar esse tempo pelos cinco mil anos. Os filósofos de outros tempos gregos, não se afeiçoaram à ideia da criação porque tinham demasiada atenção ou relutância em se referirem à intervenção divina. Hoje os filósofos dizem coisas desconexas sem medo ao divino e cada qual apresenta sua verdade sem recorrer aos dilúvios cíclicos; jogam as palavras para um monte que como bactérias se comem umas às outras.
Tenho de falar assim para não me mentir! E, porque qualquer teoria física é sempre provisória, no sentido de não passar de uma hipótese, pois que, nunca se consegue provar. Dizem os cientistas que de facto, parece (outra vez parece) ter havido um tempo, há cerca de dez ou vinte mil milhões de anos, em que os objectos estavam todos concentrados num mesmo lugar. Que era infinitamente pequeno e denso até que, se deu o Big Bang!
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Naquelas condições de pequenez e com uma densidade infinita, todas as leis da física conhecidas retiravam qualquer possibilidade de predizer o futuro. Naqueles tempos a sua existência teria de ser ignorada por não haver consequências observáveis, mas hoje, para onde quer que os cientistas olham com seus potentes telescópios vêm as galáxias distantes se afastarem velozmente e, sendo assim a densidade do universo é infinita.
E, se o Universo está em expansão, se partiu dum ponto e não tem contornos, então cada um de nós, é o centro desse infinito. Para onde quer que olhemos estarão centenas de galáxias. E aqui, é interessante reflectir nas ideias generalizadas sobre o Universo antes do seculo XX, quando ainda não tinha sido sugerido que o Universo estivesse a expandir-se ou contrair-se.
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Antes do século XX, um passado recente, aceitava-se que tudo estava imutável através dos tempos ou que tinha sido criado num certo instante dum passado longínquo. Isto pode dever-se à tendência que as pessoas têm em acreditar em verdades eternas. E, assim vamos continuar a viver, no conforto que nos dá o pensamento de que embora possamos envelhecer e morrer, o universo é eterno e imutável.
Sobre todas as teorias científicas conhecidas, presumiremos que somos seres racionais livres para observar o Universo com quisermos e tirar conclusões lógicas daquilo que observamos. E, é razoável supor que seremos capazes de progredir cada vez mais em direcção às leis que governam o Universo. Como somos organismos reprodutores, o futuro trará diferentes indivíduos com variações no material genético; algum ser mais capaz no futuro deslindará isto…
O Soba T´Chingange
METÁFORAS DA VIDA - PONTOS DE VISTA PERDIDOS NO TEMPO (Um quase diálgo)…
Como entender os mistérios de Deus - Goddammed particle - Em nossas vidas, nunca saberemos quantos milagres vamos precisar…
Por
Assunção Roxo deu o mote…
ATEÍSMO, DEUS E STEPHEN HAWKING
Stephen Hawking acredita que Deus não existe. Ora, isto não é a mesma coisa que não acreditar em Deus. Se eu não acredito em Deus, eu não sei se ele existe ou não existe. Simplesmente, não tenho fé, como diria um cristão. Mas se eu acredito que Deus não existe, eu tenho fé, embora diversa – a fé na inexistência de Deus. A diferença entre as duas posições é por vezes expressa pelo contraste entre agnosticismo e ateísmo. Hawking não deixou dúvidas ao El Mundo: É ateu. Mas dizer só ateu pode não chegar para definir a posição de Hawking ...."
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De T´Chingange
Li muitas palavras mas, fico confuso! Isto não será mesmo para entender! Aceita-se ou não! Gostei destas: "- O problema é que o nome original não é partícula de Deus, em inglês ela se chama Goddammed particle, ou seja, partícula maldita. Alguma pessoa sem noção é que tirou o dammed pra ficar só Deus. Isso sim causa confusão, parece que o cientista tá provando a existência de Deus e isso não é verdade. Então, é melhor botar o nome de verdade..." Recordo o princípio da Incerteza que diz: - (...) Quanto maior for a precisão com que sabemos um valor, menos preciso será o outro...
Dá para perguntar: - Que coisa é essa que insufla vida às equações e cria um universo para que elas o descrevam? E, porque tem isto, profundas implicações para o papel de Deus como criador? José Matias, tens a filosofia certa para a análise desta linguagem? O que vejo é que as pessoas falam lindas palavras mas não praticam o verbo de que falam; e, cada qual tem seu próprio verbo...
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Resposta de Jose Matias
Amigo de longa data que és tu... Bem, quisera eu que Deus te insuflasse a sabedoria que vem do alto, mas quanto a isso apenas espero pacientemente, para que possamos compartilhar as maravilhas deste Deus, que jamais deseja que o coloquemos na dúvida do seu grande poder. " Vê como Deus é sublime em seu poder. Qual é o mestre que lhe pode comparar? Quem lhe prescreve sua conduta? Quem pode dizer-lhe: Fizeste mal?
Pensa antes glorificar suas obras, que tantos homens celebrem em seus cantos, todos os homens as contemplam, admiram-nas de longe os mortais." Deus é grande demais para que o possamos conhecer, o número dos seus anos é incalculável. Quem compreenderá as ondulações da sua nuvem? O ribombabar da sua tenda? Deus troveja a plena voz as suas maravilhas e realiza proezas que jamais compreendemos.
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" Diz á neve: cai sobre a terra e ao aguaceiro desce com violência! Suspende a actividade dos homens, para que reconheçam que é obra sua. Mas Ele, na sua justiça, sem oprimir, impõe-se ao temor dos homens; é Ele a veneração de todos os corações de todos os corações sensatos. Quem somos nós pois que obscurecemos seus desígnios com palavras sem sentido? Onde estávamos nós quando Deus lançou os fundamentos da terra? Quem lhe fixou as dimensões? Quem estendeu sobre ela, a régua? Quem fechou com portas o mar? Examinaste a extensão da terra? Conta-me, se sabes tudo isso.
Ele, o nosso Deus, retira a luz aos impios e quebra o braço rebelde. Nada pois temos que lhe perguntar sobre como foi feito, ou porque nos fizeste assim, somos barro em suas mãos, assim como o barro jamais pergunta ao oleiro porque me fizeste cântaro e não panela. Amigo, tão-somente a essência da fé que é dom de Deus, é um atributo que o nosso Deus aceita como pedido nosso, para entendermos a sua grande misericórdia, fora disso é tentar a Deus, nos seus atributos.
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Somos salvos segundo a sua vontade, e segundo seu plano de salvação em Cristo Jesus, fora disso a condenação jaz á nossa porta. Se não praticam o Verbo, pratica tu, e deixa os outros, pois cada um responderá por si. Eu sou responsável por apresentar este Verbo, que se fez carne, e um dia se me revelou, não sou perfeito, como todos não são, mas em Cristo Jesus caminho para que eu próprio, no final, não seja encontrado em falta. Um abraço como sempre do amigo de longa data.
E, tudo ficou assim, palavras que comem outras e, outras que se deixam comer. O filósofo de nome Wittgenstein, famoso do século XX disse: “A única tarefa que resta à filosofia é a análise da linguagem.” - Por tudo isto caímos no Princípio da Incerteza d quanto maior a precisão com que sabemos um valor, menos preciso será o outro. Deus criou efeitos de maneiras inimagináveis para o homem que não tinha e não tem ainda capacidade para impor restrições à omnipotência divina. A nossa meta será a compreensão completa dos eventos que nos cercam!
O Soba T´Chingange
DO M´PUTO - DO LIVRO PROIBIDO . V
DE
JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA - O que não pude (ou não quis) escrever até hoje. «O melhor do jornalismo é aquilo que não se pode escrever».
(…) Sobre Sócrates No fim desse almoço em S. Bento, e em jeito de conclusão, digo a Sócrates que, como princípio, defendo a estabilidade do Governo e que o Sol não será um jornal bota-abaixista. Ora, à saída, Sócrates perguntará discretamente ao Mário Ramires, do qual é amigo: «O que o Saraiva disse é mesmo o que ele pensa?» Ramires confirma: «Ele sempre afirmou isso.» Tentativa para fechar o Sol.
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Mas o Sol seria o primeiro jornal a dar um tiro no socratismo, ao publicar em Janeiro de 2009 as primeiras notícias sobre o caso Freeport. O país ficou em polvorosa. Nunca mais voltei a falar com Sócrates. Mas ele tentou fechar o Sol através de Armando Vara, quando este era administrador do BCP.
Vale a pena contar esta história, porque constitui uma página negra da liberdade de imprensa em Portugal. O BCP - Banco Comercial Português foi accionista fundador do Sol, por opção inicial de Paulo Teixeira Pinto, seu presidente, depois assumida por todo o Conselho de Administração. Ora, quando no BCP estalou a guerra entre Teixeira Pinto e o ex-presidente Jardim Gonçalves, ambos procuraram arregimentar apoios.
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Teixeira Pinto pediu a João Rendeiro, líder do BPP - Banco Privado Português, que era accionista do BCP, apoio na luta contra o «adversário», solicitando-lhe ainda que desse uma palavra a Balsemão. Porquê Balsemão? Porque era amigo de Rendeiro e accionista do BPP. Ora Balsemão, convidado a apoiar Teixeira Pinto, aceitou a incumbência desde que o BCP saísse de accionista do Sol. E Teixeira Pinto cedeu, dando ordem de venda das acções do Sol que o banco detinha.
Esta informação foi -nos fornecida por Paulo Azevedo, administrador do BCP no Sol (não confundir com o filho de Belmiro de Azevedo), o homem a quem Teixeira Pinto deu ordem para vender as acções do nosso jornal, num telefonema que apanhou Azevedo em viagem na China...
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Foi triste ver Balsemão, um defensor da liberdade de imprensa com quem sempre tive impecáveis relações de trabalho, envolvido numa tentativa de condicionar um jornal (ou mesmo fechá-lo) por razões mesquinhas. A verdade é que Balsemão nunca aceitou que as pessoas o «abandonassem».
Ao sair do Expresso eu fiquei na sua «lista negra». E ele fez tudo para aniquilar o Sol. Quanto a Paulo Teixeira Pinto, também foi triste vê-lo entregar-nos às feras (no fundo, atraiçoar-nos), cedendo a essas pressões. Mas a história não acaba aqui. Um ano depois daquele episódio, o BCP - já administrado por Carlos Santos Ferreira e Armando Vara, e sem Paulo Teixeira Pinto - tentou recuperar o controlo do Sol. E isso só não aconteceu porque se intrometeram accionistas angolanos.
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Conto esta história noutro local. Mas qual era objectivo do BCP ao tentar isso? Que sentido tinha querer voltar a dominar o Sol depois de ter decidido deixá-lo? O objectivo era simples: fechar o jornal, porque Sócrates o via já como um inimigo a abater. E Carlos Santos Ferreira e sobretudo Vara eram, neste caso, simples factótuns de Sócrates. Mais tarde, o próprio Presidente da República, Cavaco Silva, disse -me em Belém que também era esta a informação de que dispunha.
Acrescente-se que, pelo meio, tinha havido outro episódio rocambolesco: uma oferta de compra da maioria das acções do Sol por parte do Grupo Lena, impondo como condição que a direcção do jornal (composta por mim, José António Lima, Mário Ramires e Vítor Rainho) saísse. Esta proposta foi veiculada por Afonso Camões, jornalista muito próximo de José Sócrates. E antes disto, em pleno caso Freeport, um emissário de Sócrates (Luís Bernardo) contactara Mário Ramires para lhe dizer que os problemas financeiros que tínhamos seriam resolvidos se nós não publicássemos mais notícias sobre o tema.
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Fizemos uma reunião de emergência e não cedemos. Antes ainda de José Sócrates deixar o poder, quando se tornou patente o número de negócios duvidosos em que estava envolvido, chamei-lhe «o Vale e Azevedo da política». E vaticinei que, tal como o ex-presidente do Benfica, ele seria preso depois de deixar o cargo - Acertei em cheio!
Fim da Novela Sócrates
As Opções de T´Chingange – (Ochingandji)
CINZAS DO TEMPO – 14.10.2016 - Faz falta aceitar que para além do mais temos instintos - Nós os humanos, ainda carecemos entender a verdadeira natureza que nos cerca… MALAMBA: É a palavra.
Por
Nós os humanos, ainda carecemos entender a verdadeira natureza que nos cerca. Existe uma explicação simples relacionada com a nossa evolução, pelo facto de a nossa espécie ter demorado tanto tempo a compreender este mundo tão saturado de feromonas. Certas espécies de plantas comunicam por meio de feromonas; elas são capazes de se aperceber do sofrimento experimentado por plantas vizinhas a que respondem com determinadas acções.
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Fiquei hoje surpreso ao ver no quadrado de papel aderente posto na porta do meu roupeiro, tantas traças ali coladas só no espaço de dois dias. Não sei se é pelo facto de não chover há seis meses que se vê tantas traças por aqui! Um destes dias, ao vestir uma camisa de algodão, tinha um grande e irregular buraco por altura do cinto; só o vi no acto de apertar este. Foi quando me lembrei de particularidades sensoriais que nós humanos, não temos!
Ao passear o cachorro e, ainda longe de outros cães, estes começam a dar alarde ladrando. Seu olfacto é excelente a comparar com o nosso. As formigas são possivelmente as mais avançadas de entre as criaturas da terra que dependem de feromonas. Nas suas antenas possuem mais receptores olfactivos e sensoriais do que qualquer outra espécie de insecto conhecida.
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Mais de 99 por cento das espécies animais, plantas, fungos e micróbios dependem exclusivamente ou quase, de uma série de substâncias químicas como as feromonas para comunicarem com membros da mesma espécie. Também são capazes de distinguir outras substâncias químicas como as alomonas que lhes permitem reconhecer diferentes espécies de potenciais presas ou predadores.
Em África do Sul, tendo eu ido ao Kruger National Park no lugar de Punda Maria, fiz em grupo, um safari com um guia armado do Park; no percurso parámos junto ao rio Luvuvhu River para apreciar uns quantos elefantes comendo uma espécie de hera circundando um morro de salalé. Em voz baixa o guia foi-nos dizendo que aquela planta era saborosa para eles, elefantes, mas que a partir dali teriam de andar contra o vento para poderem alimentar-se.
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A explicação foi dada a seguir: aquelas plantas comunicavam com as outras da mesma espécie lançando feromonas a avisar do ataque por predadores. Elas, as plantas, a partir do aviso passariam a ter um sabor horrível e, obrigando os elefantes a dar um grande círculo sempre contra o vento portador da mensagem.
Foi quando entendi que os elefantes necessitam de grandes áreas para conseguirem alimentar-se! As nossas emoções são estimuladas mais pelos sinais audiovisuais inspirando-nos em grandes obras criativas, o melhor da música, da dança, das artes visuais e da literatura entre outras mas, ainda assim, não deixam de parecer insuficientes quando comparadas com aquilo que em nosso redor acontece no mundo das feromonas e alomonas.
O Soba T´Chingange – (Otchingandji)
DO M´PUTO - DO LIVRO PROIBIDO. IV
DE
JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA - O que não pude (ou não quis) escrever até hoje. «O melhor do jornalismo é aquilo que não se pode escrever»
Sobre Sócrates
Sócrates mostrou‑se muito naïf quando disse que num mestrado que fez (ou está a fazer) lhe explicaram como se cultivam relações - (…) Numa perspectiva exclusivamente interesseira e instrumental, claro. Mas, à parte eu fiquei com a ideia de que é um homem ainda imaturo, pareceu‑me uma pessoa serena, cautelosa, não ansiosa - o que é importantíssimo num país que parece histérico e onde a tendência para a instabilidade é enorme.
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Mas Margarida Marante faz uma revelação: que tem um orientador espiritual, um padre do Opus Dei, que tem sido fundamental para a sua pacificação de espírito e para «deitar cá para fora o ódio». Mas anda a tentar equilibrar‑se depois dos solavancos (enormes) provocados pelo fim da relação com Rangel - na qual tinha apostado tudo e pela qual tinha posto tudo em causa: a família, o bem‑estar, a tranquilidade.
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Essa discussão acalorada sobre a Justiça entre Sócrates e Marante foi para mim inesperada, e já parecia vir de trás. Nem percebi bem o que discutiam. Parece que Sócrates já adivinhava que iria ver -se a contas com a Justiça, pois enervou -se sem razão aparente e começou a levantar a voz - tendo eu de lhe chamar a atenção pois já estava toda a sala a olhar para nós.
A situação era ainda mais acabrunhante dado o facto de Marante e Sócrates serem pessoas muito conhecidas. É no entanto curiosa essa observação que faço sobre Sócrates no Diário, dizendo ser «um homem sereno e não ansioso». Porquê? Quando abandonávamos o restaurante, um aparelho de TV colocado perto da saída transmitia um telejornal onde se dava uma notícia pouco simpática para o então primeiro-ministro Santana Lopes.
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E Sócrates comentou: «Espero que o Sampaio tenha a lucidez e o bom senso suficientes para não ceder aos apelos para demitir o Governo e convocar eleições antecipadas.» E parecia sincero. Só que, um mês depois, no início de 2005, Sampaio demitirá mesmo Santana Lopes. E Sócrates, comentando publicamente o facto, afirmará que o Presidente da República não tinha outra alternativa senão demiti-lo. É assim a política... Diz -se o que convém no momento. No que se refere a Sócrates, esta afirmação não poderia ser mais verdadeira.
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Almoço com o Sol em S. Bento - Quando fundámos o Sol, em 2006, José Sócrates convidou toda a direcção para almoçar em S. Bento, na residência oficial do primeiro-ministro. Fui eu, o José António Lima, o Mário Ramires e o Vítor Rainho. A refeição teve lugar na sala grande do rés-do-chão, à direita da entrada, que antes era sala de espera (e depois voltará a ser).
Sócrates chega acompanhado por vários colaboradores, entre os quais Luís Patrão e Luís Bernardo, um assessor de imprensa tido como maquiavélico. Sentam-se de um lado da mesa - e nós sentamo-nos do outro. Como sucede naqueles encontros entre delegações partidárias em que as partes se sentam frente a frente. A conversa assumirá contornos surrealistas.
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Há discordância de opiniões e os ânimos exaltam-se. Depois, Sócrates começa a desenvolver uma teoria sobre o condicionamento político dos meios de comunicação social. Diz que é estúpido os políticos quererem comprar ou influenciar os jornalistas ou os directores de jornais, pois é muito mais eficaz - além de ser muito mais fácil – condicionar os patrões dos grupos de média.
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Curiosamente, será esta a teoria que Sócrates aplicará no caso Face Oculta, tentando condicionar os grupos de média através dos accionistas. É caso para dizer: com a verdade me enganas... Nestas conversas (ou discussões) em privado, assim como nos almoços a sós, Sócrates era - como ficou dito - muito pouco brilhante a argumentar.
Parecia uma pessoa banal, com uma conversa banal. Ora, nas intervenções televisivas, era acutilante e eficaz, às vezes quase brilhante, mesmo quando não tinha a razão do seu lado. Perante as câmaras de televisão ou o público, Sócrates superava-se. Ou então, como alguém disse, tinha uma capacidade de memorização invulgar e preparava previamente essas intervenções, limitando-se no momento a debitar o discurso que tinha preparado. Não sei qual será a verdade.
(Continua…)
As opções de T´Chingange (Otchingandji)
TEMPOS PARA ESQUECER – 11.10.2016 - ANGOLA DA LUUA XXII. NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA.
… Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo. A 10 de Julho de 1975 o tiroteio alastra aos bairros da lixeira, Cuca e Cazenga com metralhadoras pesadas…
Por
(…) Entre os brancos, o novo acordo de Nakuru era mesmo para meter no lixo! Havia um generalizado desinteresse; não depositavam fé nos Movimentos nem na promoção da paz no território angolano. As passagens para o Brasil e Lisboa estavam esgotadas. Os prazos de retirada estabelecidos no Acordo de Alvor eram antecipados; um acordo que só a parte portuguesa fez cumprir com as variantes conhecidas na ajuda ao MPLA com armas, homens, armamento e logística.
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Nas três primeiras semanas de Junho a FNLA e MPLA tinham aprisionado mais de duzentas pessoas, a maioria brancos, nalguns casos com seus familiares. Os edifícios públicos eram simplesmente ocupados pelos Movimentos; coisa sem lei nem roque! A cintura à volta de Luanda erguida pelo MPLA era uma realidade! E, tinha gente treinada na Metrópole propositadamente preparada para fazer parte deste MPLA; militares pagos pelo M´Puto e inteiramente destacados naquele Movimento como se dele fossem, com fardamento próprio do MPLA. Ainda ninguém trouxe isto às claras porque o sigilo estava por demais resguardado e, só alguns oficiais o sabiam.
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Nakuru era folha morta! “Numa situação de guerra em Angola, como e a quem se ia entregar a sua governação?”. – Era o próprio Silva Cardoso, Alto-Comissário, que se interrogava falando baixinho para que os demais ouvissem. Neto reclamava a saída deste! Ele queria que assim fosse e, isto era o bastante! A maioria dos oficiais portugueses andava a assobiar ao vento! Triste ironia desta nítida má-fé e, de quem ainda anda por aí recebendo benesses e até medalhas de bom comportamento.
O golpe de misericórdia à FNLA foi dado a quatro de Julho de 1975 com a batalha de Luanda em que foram usadas de forma continua armas pesadas. A violência, a morte, o saque, a tortura física e a justiça privada foram os factores de realce nas áreas envolvidas nas confrontações. Foi neste então que o MPLA obteve a hegemonia absoluta na capital.
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Na manhã do dia Dez de Julho o tiroteio alastra aos bairros da lixeira, Cuca e Cazenga com metralhadoras pesadas, canhões sem recuo, morteiros de médio e longo alcance, granadas-foguetes LGF. O tiroteio alastra também para a Avenida Brasil e Bairros do Rangel, Marçal, Adriano Moreira e Vila Alice. A guerra chega ao asfalto! As FMM (Forças Conjuntas) receberam ordens para abater todo o civil encontrado com armas de guerra em sua posse.
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Havia atiradores furtivos situados em edifícios altos alvejando quem passava na estrada de Catete e outras vias urbanas consideradas estratégicas. Coisa absurda mas premeditada, foi a entrada em guerra dos profissionais de saúde do Hospital Maria Pia. O Hospital Militar estava absolutamente lotado. Confirmava-se o poderio crescente do MPLA com a surpreendente e generalizada fraqueza da FNLA.
Foi além do mais com todo o poderio bélico uma conquista pela força da liamba; a grande maioria dos homens do MPLA, consumiam disto sem controlo! Eram todos Rambos no meio de tanta fumaça encorajadora. Tudo valia! Andava tudo ébrio com o espírito conturbado de doideira feita coragem. A população sentia um sentimento de insegurança, coisa nunca vista antes do “vinticinco” e, não eram só os brancos, não! Até porque a grande mortandade foi entre a etnia negra.
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O Ministro do Governo de Coligação José N´Dele disse apreensivo a Silva Cardoso que depois do MPLA forçar a saída do FNLA da Luua, não tinha duvidas que se lhe seguiria o seu Movimento; o da UNITA. A Dez e Onze de Julho de 1975 a intensidade de fogo aumentou, dizem ter sido maior que no desembarque de Nurembergue quando da segunda guerra mundial.
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As NF em Luanda recusavam-se a pôr termo aos combates dando livre curso às pretensões do MPLA. A FNLA denuncia em Paris que nos recontros recentes de Luanda tinha havido intervenção directa de alguns oficiais portugueses a favor do MPLA. A CND - Comissão Nacional de Descolonização, já não tinha quórum para reunir. Dois blindados do MPLA foram vistos na Quinta Avenida, perto do Cazenga. Nestes dias, a fase triunfalista do MPLA atingiu seu máximo na Base Aérea nº 9.
Naquela Base eram acolhidos os habitantes do Bairro Prenda enquanto o MPLA atacava a Delegação da FNLA que acabou por ser destruída. Havia uma nítida coordenação entre os populares desalojados e a actuaçâo dos militares. Os desatentos ou alheios caiam no fogo cruzado. Silva Cardoso, duas semanas após o acordo de Nakuru referia: - Que não evocassem o Alvor “para responsabilizar a parte portuguesa”. Bom! Também aqui e agora que são passados mais de 41 anos, dá para rir ou fazer muxoxo destas afirmações.
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É neste então, curiosa a atitude que o MPLA que, criando graves problemas, costurando e bordando do seu jeito, continuava a querer que fossem os portugueses a resolvê-los. Não dava para ter um pingo de credibilidade nesta gente de Túji! Enquanto isto no M´Puto, em Rio Maior é assaltada e destruída a sede local do PCP. Foi aqui que se deu o início da escalada anticomunista do “Verão Quente”. Entretanto Otelo saraiva ia a Cuba tratar da nossa saúde: os brancos de Angola, pois claro! No regresso da sua viagem a Cuba declara: “Mário Soares é uma das esperanças da direita em Portugal (…) O CR não mostrou a eficácia que todos esperávamos.” Isto tinha água no bico!...
A 18 de Julho a Assembleia Extraordinária do MFA discute a proposta do CR de estabelecimento de um Directório (Triunvirato) constituído por Costa Gomes, Vasco Gonçalves e Otelo Saraiva de Carvalho, encarregado de “definir uma orientação política e ao qual seriam dados amplos poderes, mantendo-se o CR, do qual aqueles também faziam parte, para decidir os assuntos de maior responsabilidade”. Ainda bem que tudo isto, só ficou no papel!
(Continua…)
O Soba T´Chingange (Otchingandji
NAS FRINCHAS DO TEMPO . Um amigo receitou-me Pimenta Caiena para controlar a pressão arterial. É comum ouvir-se dizer que o jindungo provoca hemorróidas… Isto não acontece em toda a gente, embora se diga que pimenta no cu dos outros é refresco…
Por
T´Chingange . (Este artigo foi retirado da Net – Popiangola e Biomedichina - com ligeiras alterações)
A pimenta caiena – pimenta picante é uma erva medicinal e nutricional. É uma fonte elevada de vitaminas A e C, complexo B, rico em cálcio e potássio, que é uma das razões do seu benefício para o coração. Estudos comprovam que pode haver reconstrução do tecido do estômago, com a utilização da pimenta caiena.
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Aumenta a acção peristáltica no intestino, ajuda na produção de ácido clorídrico, tão necessário numa boa digestão, como assimilação principalmente das proteínas. Tudo isso se torna muito importante na saúde mental, emocional e física, pois é através do sistema digestório que o cérebro, glândulas, músculos e todas as outras partes do corpo são alimentados.
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É considerada de efeito diferenciado pela sua capacidade de impulsionar a circulação e melhorar a acção do coração, por exercer acções desejáveis para o sistema cardiovascular inteiro, diminuindo a pressão arterial. O meu amigo estava certo! Tradicionalmente é utilizada para tratamento de fadiga, com restauração da energia e vigor. É um estimulante natural, sem efeitos colaterais (palpitações, aumento da pressão arterial).
A Caiena é originária da Guiana francesa, mas similar de outras variedades picantes, pungentes e pouco frutadas, podem ser encontradas em cultivos no Brasil, Congo, Índia, Japão, Honduras, Guatemala, México, Quénia, Uganda, Zanzibar (Tanzânia) e EUA. Normalmente quanto mais pequeno o piripiri, mais picante é para o paladar. É um pimentão em pó muito fino que se obtém da variedade Capsicum frutescens, sendo uma das muitas variedades de pimentões, incluindo paprika, pimentos vermelhos, tabasco, piripiri, pimentão-doce, etc.
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Os frutos da planta caiena são vagens, que caiem de talos erectos e lisos, protegidos por folhas oblongas. As vagens variam em comprimento duns poucos milímetros até 15cm; normalmente são de formato cónico. A variedade mais intensa é a que se cultiva no Uganda. Estas contêm até 1% de capsaicina, quando a maior parte das variedades comerciais de pimenta Caiena contém menos de 0,5%.
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Estas pequenas variedades de pimentos picantes são chamadas de piripiris. A sua cor vai do vermelho brilhante ao negro, com numerosas sementes amarelas. O aroma ao princípio é agradável, quente e apimentado, tornando-se acre e irritante se inalado por tempo demais. O sabor é intensamente pungente, acentuadamente ardente, penetrante e preponderante com um efeito demorado e longo, profundo na garganta, mas não muito perceptível na boca.
Antes da descoberta da América, os nativos das Índias Ocidentais, usavam-na para temperar as suas carnes, da mesma forma que a pimenta era usada noutras regiões. No início da colonização da Jamaica, o sumo picante destes pimentões era deitado nos olhos dos escravos como punição por desobediência, mau comportamento ou delitos. Se se secar pimentões picantes, e os moer, obtêm-se a matéria-prima para a pimenta-da-caiena, com a qual poderá fazer molho picante ou pó de pimentão picante. Também conhecida como “as lal mirch” na Índia e “pisihui” no Sudeste da Ásia.
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Sobre a pimenta da Caiena diz-se que ela era usada pelos cozinheiros dos carros de provisões, nas caravanas com o gado, através das planícies do Texas, para dar sabor a algumas das carnes muito sem gosto, como era o caso da cascavel. Muitos cozinheiros plantavam sementes de variadas plantas ao longo dos trilhos do gado para que pudessem ter ervas frescas e especiarias a crescerem livremente, espalhadas pelos EUA. Algumas delas podem muito bem não ter sido originariamente plantas nativas.
A pimenta-da-caiena tem sido usada na cozinha ocidental desde o século XVIII. É quase tão picante como qualquer outra das malaguetas moídas, e é às vezes usada como condimento para ir à mesa. Pode também ser adicionada a qualquer prato de carne picante, ao qual queira acrescentar picante sem necessariamente colocar um sabor extra; pode ainda adicionar uma mera pitada ao molho de queijo e maionese picante (em vez de mostarda) para lhes acrescentar cor.
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Usa-se como tempero agradável em vários pratos, complemento básico em muitas conservas caseiras; convêm no entanto não esquecer que é bastante picante… Os frutos picantes do Capsicum eram considerados por alguns, como sendo um estimulante para aparelhos digestivos preguiçosos, e eficaz no tratamento de dores de garganta, malária, cólicas e alcoolismo. É também adicionada a unguentos para o tratamento de nevralgias, frieiras e lumbago. Isto porque os pimentões picantes contêm capsaicina, que é um elemento químico que se comprovou fazer aumentar a circulação sanguínea, quando em contacto.
Pode pôr de infusão a Caiena para fazer um chá quente e picante para estimular o apetite, aliviar dores de estômago e intestinos e atenuar as cãibras. Diz-se que uma cataplasma de Caiena alivia o reumatismo e o lumbago. Às pessoas com peles sensíveis, esta cataplasma pode causar uma reacção alérgica.
As escolhas do Soba T´Chingange
CINZAS DO TEMPO – 08.10.2016 - Faz falta aceitar que para além do mais temos instintos - O tempo é uma grave doença. «O tempo escapa-se entre os dedos! dis-se...» O eterno conflito não é um teste imposto por Deus, mas por nós...
MALAMBA: É a palavra
Por
Para manter algum interesse em estórias humanas, os escritos de ficção têm de supor que um dia se irá descobrir como viajar mais rápido do que a luz. Cada um de nós tem sua própria medida de tempo e quase ninguém fica contente com o tempo que lhe coube acrescentando-o ou cortando-o aos pedaços como se fosse um pudim; divide e subdivide-o em cada dia segundo seus planos de vida.
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Segundo a relatividade, nada pode viajar mais rápido do que a luz. Se enviarmos uma espaço-nave à nossa estrela mais próxima, Alfa Centauri, que está a quatro anos-luz de distância, esperaríamos pelo menos oito anos até que os viajantes voltassem e nos contassem o que por lá encontraram.
Mas, aqui na terra o segundo continua a ser mais pequeno que o minuto e este mais pequeno que a hora. Se uma vida é engolida em um século, como vamos então fazer as contas com anos-luz e barafustar com o Nosso Senhor porque não nos deu o tempo certo! Porque reclamamos nós de que o tempo não nos chegou para fazer isto ou aquilo. A todo o momento olhamos a pequena máquina achatada em nosso pulso e redonda onde podemos ler o tempo, reclamando que tal tempo já se passou.
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Muito cedo, o homem fica escravo dessa coisa do tempo e, é ele mesmo que se prende às peles de coiro ou pulseira doirada do relógio. Que são os avanços da tecnologia diz-se! Por todo lado se vêm suspensas máquinas dessas com um dedo grande e outro pequeno para nos lembrar que essa coisa anda e, todos correm; só tenho onze minutos e edecéteras de se calhar, atrasou.
Mas, naquele dia de Setembro estando eu em Toledo e na Igreja-Mosteiro de São João de los Reis católicos em pleno bairro Judio, parei o tempo para ler o que Santo António de Lisboa e Pádua escreveu lá para trás: “O grande perigo do cristão é predicar e não praticar; crer, mas não viver de acordo com o que se crê. Um cristão fiel, iluminado pelos raios da graça, é igual a um cristal; deverá iluminar aos demais com suas palavras e acções, com a luz de seu bom exemplo.”
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Lá em cima nesse momento exacto a máquina do tempo solta um som metálico de bronze dando as doze badaladas do meio-dia. Um espírito bate num ferro que há lá dentro, fazendo-o ressoar o tempo. Noutro tempo as pessoas ajoelhar-se-iam; benzendo-se rezariam uma Ave-maria dando graças de agradecimento.
Mas alguém disse e eu ouvi! “Mais uma hora, bolas! Necessito de tempo para ver o museu Sefardi e o de El Greco…” E, havia um ar quase triste, como alguém condenado a uma tragédia mas, logo a seguir, principia uma nova hora! Foi quando me detive a pensar nesta grave doença do tempo. «O tempo escapa-se entre os dedos!» - «Escapa-se como um cavalo». «Dá-me um pouco mais de tempo». Estes, são os queixumes de todos nós. Estava na hora de almoçar.
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
DO M´PUTO - DO LIVRO PROIBIDO . III
DE
JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA - O que não pude (ou não quis) escrever até hoje. «O melhor do jornalismo é aquilo que não se pode escrever»
Sobre Sócrates - Mais um episódio esquisito
(…) Nas vésperas de Sócrates assumir a liderança do PS, em Setembro de 2004, Margarida Marante liga-me a dizer que ele acha que há da parte do Expresso (e de mim próprio) alguma animosidade em relação à sua pessoa e sugere um almoço entre nós. Porquê este contacto de Margarida Marante? Porque, quando fora directora da Elle, M. M. trabalhara com a jornalista Fernanda Câncio, tornando -se sua amiga. Entretanto, Marante casara com Emídio Rangel e Câncio começara a namorar com Sócrates.
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Os dois casais passaram então a encontrar -se com alguma frequência. M. M. e Rangel tinham alugado uma vivenda na Biscaia, para os lados do Guincho, e Sócrates e Câncio eram visitas lá de casa. A vivenda tinha uma localização esplêndida perto do mar e fora alugada à ex-actriz Manuela Marle, que lhe dera o nome de Casa Boulangerie. A decoração fora encomendada por Marante a Graça Viterbo. Ora, dado encontrarem -se frequentemente, Marante passou a funcionar - julgo que por amizade - um pouco como «assessora de comunicação» de José Sócrates.
Faço um parêntesis para falar de Fernanda Câncio. Conheci-a no Expresso, onde começou a trabalhar como estagiária antes de se mudar para a Elle. Nessa altura, namorava com Abílio Leitão, que também trabalhava no Expresso como copy desk e vivia em casa de um colega, onde Fernanda Câncio ficava também muitas vezes a dormir.
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Sucede que Abílio tinha um fetiche pela fotografia (aliás, viria a ser fotógrafo free-lancer) e dedicava -se a tirar fotografias das relações com a namorada. E não tinha o cuidado de esconder as fotos, deixando -as a revelar em cima dos móveis. Um dia, a empregada que ia fazer a limpeza foi entregar ao dono da casa um maço de fotografias que tinha apanhado e que considerava impróprio estar espalhadas pelo quarto. Devo esclarecer que nunca vi essas fotos, mas o episódio que acabo de relatar é autêntico, dada a fonte que mo confidenciou.
Voltando ao almoço com José Sócrates e Margarida Marante, este realizou-se no Vela Latina, em Belém, na segunda-feira seguinte (25 de Setembro de 2004) ao fim-de semana em que Sócrates foi eleito líder do PS. Era, pois, o seu primeiro dia na liderança do partido. Estranhei a sua disponibilidade, pois o primeiro dia de um líder é normalmente muito atarefado.
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Ele e M. M. entraram juntos no restaurante, eu já lá estava, instalámo-nos à mesa, ela levantou-se de seguida para ir ao WC e Sócrates, aproveitando estar sozinho comigo, diz-me o seguinte: «A Margarida Marante insistiu neste almoço, mas eu devo dizer‑lhe que não tenho qualquer problema com o Expresso, antes pelo contrário. Sempre me senti bem tratado...» Fico estupefacto!
Então a Margarida tinha inventado tudo? Não era possível. Até porque - como resulta do que foi dito - ela sabia muito bem nessa época o que Sócrates pensava. E, sendo uma mulher perspicaz, com muita experiência na área da política, não se equivocaria com facilidade. Não era plausível que tivesse interpretado mal os seus sentimentos. Concluí, pois, que Sócrates estava mais uma vez a representar uma farsa.
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Não havendo necessidade de esclarecer nada, o almoço decorreu de forma cordial. A dada altura, porém, Sócrates sugeriu que jantássemos brevemente, pois ao jantar havia mais tempo e mais disponibilidade para conversar com tranquilidade, sem a pressão do tempo.
Esse jantar teve lugar poucas semanas depois na Bica do Sapato, restaurante da moda na zona oriental de Lisboa, para os lados de Santa Apolónia, junto à discoteca Lux. Os comensais foram os mesmos: eu, Sócrates e Margarida Marante. Colocaram -nos numa mesa muito exposta, mesmo no meio da sala. Descrevi assim esse encontro no meu Diário: 9 de Novembro de 2004, Jantar com José Sócrates na Bica do Sapato, por «intermediação» de Margarida Marante. Foi uma refeição algo desconcertante.
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Começou com um happening: quando estávamos a falar sobre o Diário de Notícias e os episódios relacionados com a demissão da direcção e a nomeação de uma nova (eu elogiava o novo director), surge no restaurante essa nova direcção do DN: Miguel Coutinho, Raul Vaz e Pedro Rolo Duarte. No jantar, Sócrates e Marante «pegaram‑se», numa discussão sobre a Justiça. E Sócrates mostrou‑se muito naïf quando disse que num mestrado que fez (ou está a fazer) lhe explicaram como se cultivam relações.
(Continua…)
As opções do Soba T´Chingange
NAS FRINCHA DO TEMPO – KIANDA COM ONGWEVA - 13ª com várias partes…
ANDANÇAS COM KIANDAS – Em Córdova com Zachaf Pigafetta Roxo, kianda tetravó de Roxo e Oxor, seu mano Pieter e, um tal de Conde de Sant German.
Ongweva é saudade
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Este mussendo teve início no lugar de Guaxuma com a Kianda sereia Roxo; depois sua irmã vista ao espelho Oxor e Zé Peixe o marinheiro prático que levava grandes barcos desde alto mar até Aracaju de Sergipe. Depois evoluiu diluindo-se nas brumas do tempo com gente holográfica, muito antiga, conhecida de outras andanças como o Januário Pieter que nasceu em 1712, tendo agora seus 304 anos. Em Granada tendo Alhambra por perto, houve um encontro muito ansiado em "El Pátio Riconcillo" com a tetravó da Sereia Assunção Roxo.
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Ela, a tetravó de Roxo chamava-se Zachaf Pigafetta e era visível só para mim e Januário Pieter. Foi de alguma cautela que falamos de coisas muito antigas do lago Niassa que antes era conhecido por seu primeiro nome de Zachaf; daquelas águas misteriosas tinham saído enredos que me prometeram contar de forma sucinta pois que haveria que descrever com mais pormenor suas vidas nas águas do Kwanza, estórias de Massangano com Tugas e Mafulos. A surpresa das surpresas deu-se num repentemente, quando Januário disse: Eu e Zachaf Pigafetta somos irmãos!
Podem imaginar a minha admiração quando ouvi isto. Andei tanto tempo subindo e descendo calçadas empinadas de Toledo, esperando que o concílio das Kiandas no palácio de Alcázer acabasse, eu ali com seu mano Pieter que nada me disse. Estes mistérios de kianda nunca irei entender por completo e, foi necessário ir a Granada para retirar um pouco mais destas kalungas. Não esquecer que o mestre pintor Costa Araújo na sua ancestral passagem por ali, foi testemunha destas falas. Eu explico: Este mestre pintor em uma geração ida e lá paratrás foi ajudante de El Greco.
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Tenho de rever estes episódios para não me mentir. Foram dias de maravilha, mas só em Granada e, tempos depois, é que Pieter me apresentou à irmã Zachaf. Falámos entre várias coisas das suas itinerâncias a partir de Cabo Ledo e Massangano, sua segunda terra, ficando no ar promessas de novas e velhas notícias. Sendo estes, uma junção de espíritos na forma de água, divindades abstractas tudo lhes é possível. Em pensamento navego com eles de vez em quando mas não me é permitido decidir quando e aonde.
Minha mana tem outras estórias que decerto te encantarão, disse naquele então o irmão de Zachaf Pigafetta. Estamos aqui para isso; mungweno! Foi assim que nos despedimos. Passou algum tempo! Recentemente, visitei de novo Toledo com passagem por Córdova. Fiquei por aqui, Córdova, dois dias no Hotel Boston, um lugar bem aprazível e, aproveitei ver a toalha de água do rio Guadalquivir logo depois da cascata; via dali a ponte romana, Alcázar, a Mesquita com Catedral e o bonito Arco do Triunfo.
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E, foi quando remexia as quinambas, pés descalços nas águas meio turvas do rio, que senti um ligeiro sopro na orelha direita. Vindo do espaço, seu duilo feito céu, com todos os seus anéis relampejantes, ali estava meu conselheiro das profundas angústias. Vinha carregado de magnetismo, feitiços de contraluz cintilando um desassossegado arco-íris. E, foi quando reparei um pouco mais atrás sua mana Zachaf acenando sua mão muito pintada com caracteres meus desconhecidos como se tivesse vindo de Marrocos. Naquele sopro inicial deu-me um arrepio de furto; não fosse uma cigana romena vendendo flores com seu umbigado capianguista de mão ligeira.
Um turista tem de andar sempre meio desconfiado porque as mochilas atraem mãos estranhas. Não era o caso mas, vi acontecer! Levantei-me saltitante entre pedrinhas afiadas e dei um grande abraço a ambos. Também andavam fazendo turismo e sabiam lá do seu jeito que eu, estaria por ali. Calcei-me e fomos direitinhos a uma esplanada aonde nos sentamos em El Campo de Los Martires. Conversamos coisas fúteis tendo-me perguntado por o ajudante de El Greco, Costa Araújo de Toledo, um ancestral antecessor.
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Nunca mais voltei a ver o antigo Araújo mas o novo cidadão, o herdeiro dos pinceis daquele mais velho estava em Brácara Augusta. Nem foi necessário explicar aonde era esta Brácara; estava sabedor que ficava numa terra escandalosamente verde do Minho! Este meu “Guru”, já me tratava como se fosse da família, um cipaio do seu arimo (lavra, horta, n´nhaca). A Kianda Zachaf que até ali se tinha mantido calada queria saber novas de sua descendente Assunção Roxo. - Anda numa boa, curtindo a vida com suas psicadélicas pinturas, coisas de cores vistosas muito belas, virtuais ou digitais, disse eu. Vi nela os olhos arregalados de contentamento.
- Quando estiveres com ela, dá-lhe um efusivo abraço, pode ser mesmo esse teu XXL, que desde já fica perfumado por mim, disse em conclusão. Na dúvida e tratando-a por vosmecê perguntei do porquê não ser ela a falar-lhe, uma vez que viaja no espaço-tempo com um simples estalar de dedos. – Ela, eu sei, anda a preparar-se com suas aventuras de roxomania mas, ainda não está na fase de termos um informal encontro! Creio ter-se referido ao estágio emocional e espiritual de Roxo.
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Sei que ela, vai e vem para as terras de N´Gola, recomendo-lhe cuidado na terra dos kuzucutas kaluandas -eles andam um pouco carecidos de gasosa e quando não lhe dão, roubam, diz-lhe que ande com pouco cumbú; eu irei preservá-la mas, nem sempre controlo as tentações dos malvados, sabes! Disse ela em tom de remate! Andam por ali muitos simbis maldosos com espírito ancestral de origem Kikongo, do Zaire, antigos revolucionários que morreram sem o querer; guerrilheiros na diáspora.
E, havia muito para falar mas isto de se ser turista, tem coisas! Não é que surge um tipo com trancinhas, moreno, quase preto, falando francês e uma outra língua estranha. Apresenta-se: diz ser o Sant German dessa forma também gelatinoso e invisível para as outras gentes. Papagueou assim num tu-cá-tu-lá familiar; pelos vistos, até se conheciam! Mas eu fiquei quase a zeros! Que vinha de Moçambique; era um matumbola mutalo; um mestre da grande fraternidade branca, responsável do sétimo selo, com chama violeta! Era demasiado para mim - um quase preto a falar na grande fraternidade branca. Ui! Ai-iú-é …
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Mas, o curioso é que eles conheciam-se! Dualidades que não percebia por completo. Diz ele virando-se para Pieter: - Por recomendação dum kamba muxiluanda, fui num vaivém minkisi vip ao Xipamanine (mercado de Moçambique), lavei-me na água de cu-lavado de defunto albino preto e cambuta, com a benzedura no N´zambi N´kulukulu, dos miamas de Xi-Lunguine. Estás a ver Meu !? O resultado é isto! Referia-se ao seu actual aspecto nada condizente com um Conde branco N´si. Perante a minha surpresa ambos manos tetravós, fizeram questão de me explicar mas, eu tinha um compromisso. Desculpem-me, tenho de ir, há gente à minha espera; temos de seguir para Madrid.
Vai! Disseram os três quase como se estivessem em sintonia! – Está certo, tenho muito a falar com vocês mas agora, olhei o relógio e abanei o dedo em repetição para o meu Guru. O tempo para nós não conta, disseram em conjunto (fiquei intrigado por falarem quase a uma só voz) ; ver-nos-emos em Madrid! Lá falaremos de N´Gola disse Zachaf. E, dos seres encarnados hoje no Planeta Terra a uma Nova Era, de Paz, Harmonia e União disse o coisa estranha de Sam German. Esta nova figura “Conde de San German”, veio complicar minha cabeça já de si azucrinada. Pareceu-me ser um fumador de pura liamba. Seria? Meio zonzo, dirigi-me ao Hotel situado em La Plaza tendilha, ali bem perto da Fénix… Como as coisas assim do nada, se complicam!?
Minkisi: - Agente de ligação entre seres humanos e o físico, elementos de fogo, água, ar e terra; N´si: - Terra, o feiticeiro pintado com farinha vermelha (maiaca kianguim) que guarda os pórticos e permanece até o toque do medo, adrenalina, guardador de caminhos com saber do ontem, do hoje e do amanhã; Kianda: - Fantasma, assombração das águas das lagoas, rios e mares ou Kalungas; Kalunga: Junção de espíritos na forma de água, simplesmente água ou mar, espírito forte no reino dos mortos, divindade abstracta podendo ter a forma humana. Globália. - O Mundo; Simbis: - Espírito ancestral de origem do Kikongo e Zaire; Fénix: o pássaro que depois de queimado sai vivo das cinzas, renasce; Miamas: branco (Moçambique); Xi-Lunguine: Maputo, Ex Lourenço Marques; Kamba: amigo; Matumbola: um morto-vivo, tipo de assombração. Kazucuta: Trambiqueiro, aldrabão, que vive de expedientes; Muxiloanda: O mesmo que kaluanda, natural de Luanda (Luua); Cipaio: Autoridade local, trabalhador da Administração que mantem a ordem no kimbo ou tribo, fiscal; Mafulo: nome dado aos Holandeses (Brasil); Mussendo: Um conto ou longa estória, biblioteca oral, conto dos mais-velhos ou kotas.
(Continua…)
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
CINZAS DO TEMPO – 04.10.2016 - Faz falta aceitar que para além do mais temos instintos - O eterno conflito não é um teste imposto por Deus, mas por nós...
MALAMBA: É a palavra.
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Domingo fui à praia e, olhando o mar e céu juntinhos no horizonte lembrei-me da singularidade no início do Universo junto com a singularidade do fim deste: O Big Bang e o Big Crunh. Logo neste Domingo, um dia de Outubro encalorado. Com as fontes a zunir pela tensão alterada, viajando-me no tempo, ficcionava a possibilidade de conduzir-me sem o querer dos universos paralelos; Assim como num buraco de minhoca, como dizem os físicos para definir um tubo fino que liga regiões distantes no chamado espaço-tempo.
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Por vezes vejo-me assim só, indefinido num evento especificado por seu momento; nesta confusa singularidade desse tal ponto em que a sua curvatura se forma infinita e, fico num lusco sem fusco e numa região da qual nada, nem a luz pode escapar porque, a gravidade é forte demais nesse tal de buraco negro. Não é fácil entender a mente que voa sem fronteiras e, é talvez a única tarefa que restará à filosofia para análise desta linguagem.
A maioria dos cientistas até o momento, andam ocupados na elaboração de novas teorias a fim de descrever o que é o Universo para poder perguntar do por quê? Os filósofos, a este por quê ainda não foram capazes de acompanhar o avanço das muitas teorias científicas. Qualquer linguagem terá de sempre ser comedida, de obedecer a uma lógica baseada em factos demonstráveis. E, nem sempre o é deste jeito!
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O escritor criativo por exemplo, o compositor ou o artista visual, comunica através de abstracções ou distorções deliberadas; as suas próprias percepções e sentimentos que esperam conseguir evocar. O valor de seu trabalho é julgado pelo poder e a beleza de suas inventações, suas metáforas. Cabe aqui recordar Picasso que disse, ou se pensa ter dito: a arte é a mentira que nos mostra a verdade.
Efectivamente nós humanos, somos uma espécie cuja curiosidade é insaciável pelo que nos cerca, por nós mesmos e de quem nos cerca ou gostaríamos de conhecer. O tema da bisbilhotice, das biografias, dos romances ou novelas, do culto à celeridade, das guerras e suas histórias ou o desporto da cultura moderna. Numa crescente onda de informação, as especificidades ocorrem a um ritmo quase semelhante ao da multiplicação de bactérias.
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Por seu lado as artes criativas continuarão a florescer com brilhantes expressões da imaginação humana, umas reais, outras psicadélicas, acrílicas, ou digitais. Esta criatividade humana é gerada pelo inevitável conflito entre os vários níveis de selecção natural. Tudo isto para dizer que o conflito é necessário, seja a nível individual ou colectivo.
Possivelmente, o conflito é a única maneira através do qual e, em todo o mundo, a inteligência de nível humano e sua organização social, podem evoluir. Temos de conviver com este tumulto que nos é legado ou inato, a principal fonte de nossa criatividade. O eterno conflito não é um teste imposto por Deus, mas por nós.
Duas ilustrações de Cossta Araujo
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
DO M´PUTO - DO LIVRO PROIBIDO . II
DE
JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA - O que não pude (ou não quis) escrever até hoje. «O melhor do jornalismo é aquilo que não se pode escrever»
Sobre Sócrates
Rasgados elogios a Guterres
- Depois de sair do Governo, na sequência da demissão de Guterres (em Abril de 2002), Sócrates fixa -se num tema do qual fala constantemente: a ingratidão do povo para com os políticos. Diz que todos os políticos saem mal do poder - e isso revolta-o. Para provar a sua tese, dá o exemplo de Guterres - que ele considera a pessoa mais inteligente que conheceu na sua vida - mas também o de Cavaco. Transcrevo do meu Diário: 25 de Novembro de 2003
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Almoço com José Sócrates no Pabe. Achei‑o muito distante, parado. Formal. Fala da vida política com grande desprendimento e desilusão. «Afinal lutamos por quê?», pergunta. «Para conquistar o Poder? E depois o fim é sempre o mesmo, saímos do poder vilipendiados. Foi o que aconteceu com o Guterres. E com o Cavaco, também. E vai acontecer com o Durão Barroso.» Como conclusão, diz que está numa fase contemplativa. Defende Guterres, explicando que ele não se defende dos ataques que tem sofrido porque acha que não vale a pena.
Que as pessoas não percebem. Faz críticas a Carrilho. Conta a propósito uma história engraçada: no casamento do filho de Ferro Rodrigues (com a filha de Dias Loureiro), ele, Sócrates, ficou na mesa com Carrilho e com o genro de José María Aznar. Este era grande admirador de Guterres, fazia‑lhe grandes elogios. Então Sócrates disse que estava ali na mesa um socialista grande apoiante de Guterres e apontou para Carrilho.
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O genro de Aznar exultou, aumentou os elogios a Guterres - toda a gente começou a rir... O genro de Aznar não percebia – até que lhe explicaram que Carrilho, embora socialista, não era apoiante mas sim crítico de Guterres. O genro de Aznar estranhou, dada a sua admiração pelo ex‑primeiro‑ministro. Bárbara Guimarães, mulher de Carrilho, deitou água na fervura.
Quando cheguei ao Expresso (depois do almoço no Pabe) soube uma história que me deixou estupefacto: Sócrates tinha dito a Madrinha e a Mário Ramires que ia almoçar comigo e me ia perguntar porque o considerava homossexual. E explicou que Margarida Marante lhe tinha contado que, em conversa com ela, eu sugerira (ou afirmara) que ele era homossexual. Não me lembro dos pormenores da conversa com Margarida Marante, mas ela ir contá‑la ao Sócrates...!
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«Vou abandonar a política» Neste mesmo almoço convido José Sócrates para colaborar no Expresso com uma coluna semanal. O convite é feito já à saída, à porta do Pabe, onde ficamos uns largos minutos a conversar. O Pabe beneficia da característica simpática de ter em frente da porta um passeio largo e abrigado pelas copas das árvores, proporcionando uma continuação (no exterior) da conversa tida à mesa.
Mas Sócrates recusa o convite, justificando que, tendo decidido abandonar a política e ir para Londres fazer uma pós-graduação, «escrever uma crónica semanal seria de certo modo continuar a fazer política por outros meios, e eu não quero isso. Quero mesmo deixar a política e fazer um percurso universitário». Não insisto mais, tal a determinação que ele mostra. Posteriormente contarei esta conversa à jornalista que acompanha o PS, a Cristina Figueiredo, sugerindo -lhe que noticiemos na edição seguinte que Sócrates vai abandonar a política. Mas, à medida que falo, a expressão da jornalista vai -se alterando.
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Passa da incredulidade à estupefacção e acaba por dizer -me: «Abandonar a política? Mas, director, ele anda a fazer contactos para ser líder do PS...» «Não pode ser!», contesto. «Ele acaba de mo dizer cara a cara, e não estava a fazer teatro. Recusou mesmo um convite para colaborar no Expresso porque vai para fora e quer seguir uma carreira universitária.» A jornalista, porém, mantém-se firme e mostra absoluta segurança nas informações de que dispõe.
Eu é que começo a sentir-me maluquinho: ouvi de um ex-governante a afirmação categórica de que vai deixar imediatamente a política - e ouço agora da boca de uma jornalista em quem confio que ele está a preparar o terreno para ser líder do partido!... Na época, eu conhecia mal Sócrates. Se o conhecesse melhor, saberia que nele não há qualquer distinção entre a verdade e a mentira. Diz em cada momento, com o maior à-vontade, aquilo que lhe convém dizer.
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O facto é que, poucos meses depois - em Julho de 2004 -, Ferro Rodrigues demitir-se-á da liderança do Partido Socialista e Sócrates candidatar-se-á ao cargo, vindo a ser eleito secretário-geral. Devo acrescentar que pela primeira vez senti o que era uma pessoa mentir com total frieza, sem necessidade nenhuma de o fazer. E mentir numa conversa privada com outra pessoa, com o ar de quem faz uma confidência, falando com o coração nas mãos. Nunca ninguém me mentira de forma tão descarada, desavergonhada, mesmo.
(Continua…)
As opções do Soba T´Chingange
TEMPOS PARA ESQUECER – 01.10.2016 - ANGOLA DA LUUA XXI. NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA. … Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo. Spínola o herói do monóculo e pingalim, escapa-se de helicóptero para Talavera de La Reina, em Espanha…
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(…) Holdem Roberto a partir do Zaire, nada fazia mudar e, só se fazia notar por sua falta de bravura. Era um acomodado na mão dos americanos. A posição da FNLA tornou-se difícil de manter em Luanda. O MPLA, conjuntamente com as N.F. (Forças portuguesas) iniciaram uma perseguição tenaz nas Avenidas D. João II, à entrada da Rua Coronel Artur de Paiva. “Chaimites da tropa portuguesa” disparavam sobre soldados da FNLA que fugiam desarmados; enquanto corriam despiam a farda para mostrarem estar indefesos. Eles, simplesmente queriam salvar-se!
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Iriam buscar socorro no Bairro do Saneamento da Cidade Alta aonde viviam os ministros da FNLA sob protecção de forças especiais portuguesas e conjuntas de guarda ao Palácio que lhe ficava ao lado. Em frente da Rádio Eclésia – Emissora Católica, a tropa portuguesa em apoio ao MPLA provocaram um espectáculo bem macabro: Abriam fogo contra todos na Calçada de Santo António; isto era feito debaixo de risos e desaforos como se coelhos fossem, e vão dois e, mais outro!
Ainda haverá militares vivos que possam confirmar isto se entretanto a consciência já não lhes tirou o tino. Os mortos por ali ficaram estirados no passeio e rua tendo sido mais tarde retirados por militares da UNITA. Neto radicalizava-se no “esquerdismo”; jogava com todos os trunfos no populismo com os inerentes reflexos do processo revolucionário em curso português; Havia gente do PREC do M´Puto a instruir os dirigentes no como fazer e fazer querer!
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As FMM ao invés de apagar o fogo como o deveria ser, ateavam ainda mais os incêndios. Lopo do Nascimento mentia com todos os dentes dando força ao tal exército popular do seu MPLA – “victória ou morte”. A 8 de Junho voltaram a ocorrer rebentamentos nos Bairros Cazenga, Lixeira, Sarmento Rodrigues e Cassequel. O MPLA fazia isto com elevado volume de fogo; havia munições à farta. Os militares dos movimentos FNLA e UNITA, refugiavam-se nos quarteis à guarda das N.F. agora mais comedidas no seu ímpeto esquerdista por pressão e vigilância do Alto-comissário Silva Cardoso.
As FAPLA, atacaram e destruíram com blindados o quartel da FNLA em Kifangondo. Ninguém se insurgiu neste uso de blindados! Deveriam ser apreendidos pelas N.F. mas, ou as ordens se perderam no caminho ou lhes faltou coragem para actuar. Podemos acreditar em tudo porque nada foi feito! Era mais fácil desconhecer tal gravidade. Lobito, Benguela e Sá da bandeira eram agora as cidades refugia dos deslocados de guerra.
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A etnia branca já não acreditava nos nacionalistas; desesperavam por não ver a situação normalizar. Não dava para esperar! As escolas começaram a não funcionar, os dispensários médicos iam ficando sem gente capacitada, as instituições iam ficando desertas de gente com poder de decidir. O “lar do Namibe” uma cooperativa de construção comunicou-me que já tinha direito à tal casa mas, esta carta por ali ficou em cima duma estante a desaguardar.
O Tenente-Coronel Gonçalves Ribeiro insistia desde Junho de 1975 à Comissão de Descolonização na necessidade de se ultimarem transportes para os brancos e demais desalojados que quisessem abandonar Angola. Agora, os Delegado dos Movimentos que estavam no vasto território, ocasionavam abusos de autoridade, extorsões, detenções, agressões desmedidas e até mortes de forma gratuita.
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A 9 de Março de 1975, no M´Puto, Spínola foi informado por oficiais amigos da operação matança da páscoa, um plano do Partido Comunista Português e os militares mais radicais do COPCON e da 5ª Divisão, apoiados pela União Soviética, para realizar uma campanha de assassinatos políticos, onde Spínola e seus apoiantes constavam como alvos, como parte de um golpe de estado para tomar o país.
No dia 11 de Março de 1975 deu-se o golpe. Pelas 9h, a força que iria desencadear o golpe estava pronta na pista de Tancos. Pelas11h45, dois aviões T6 e quatro helicópteros oriundos ao comando de Spínola sobrevoaram e atacaram com rajadas de metralhadora o quartel do RAL1, perto do aeroporto de Lisboa. Pelas 14h00 o golpe é dado como perdido. Coisa pouca!
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Pelas 17h, Spínola o herói do monóculo e pingalim escapa-se de helicóptero para Talavera de La Reina, em Espanha. O falhanço do golpe deixa o caminho aberto à ala radical do Movimento das Forças Armadas, tanto militar como político. A festança do PREC continua com a maioria silenciosa de viola no saco.
Em Portugal Continental, Miguel Judas diria que Spínola por inépcia militar e psicológica perderia essa tal de “Maioria Silenciosa”. Que ninguém lhe tinha pregado rasteira; que não levaram a melhor porque tinham um General fraco como estratega. E acrescenta: "Também houve tropas que estavam para sair e não saíram do quartel”. Também Manuel Alfredo de Mello consideraria que no 11 de Março "foi estendida uma casca de banana ao Spínola e os seus apaniguados caíram, deixando a retaguarda de um lado da resistência ao PCP desmantelada".
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Para Alfredo de Mello o PCP "tentou a sua sorte para poder desempenhar um papel determinante na evolução do país. "A verdade é que a descolonização de Angola estava à porta. " E, uma facção dos comunistas, pressionados pela URSS, queria controlar o processo".
Em Angola, as N.T. já nem saíam dos quarteis! Tinham sim um enorme desejo de serem rendidos e regressar à Metrópole do M´Puto. Nem pareceria ser relevante acudir a casos graves em defesa de gente Lusa. As teses do PCP vingavam em Portugal e Angola. Estes do PCP mudariam funcionários, quadros e militantes com acções reais no terreno. Preparava-se mais uma cimeira no Quénia mas ninguém acreditava nisto; Nem os próprios intervenientes!
(Continua…)
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
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