TEMPOS PARA ESQUECER - 30.06.2017 - ANGOLA DA LUUA XXXIII. NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA. “Vai para a tua terra, branco” era o que mais se ouvia na Luua de 74/75… Os heróis de tuji afectos ao MPLA também deram à sola – dissimulados, claro! Faziam falta no IARN….
Por
T´Chingange - (Otchingandji)
Naquele então, na segunda metade do ano de 1975, Gonçalves Ribeiro, o pai da “ponte Luualix” fazia alarde ao mundo da periclitante situação em retirar todos os deslocados por via da descolonização, entenda-se uma anárquica guerra com vários intervenientes, movimentos emancipalistas impreparados para se governarem a si próprios. Ainda faltava ir buscar algumas pessoas a áreas aonde não havia qualquer segurança (…). Confirmo que assim era porque estando eu destacado como adido no Palácio do Governo da Cidade Alta da Luua, podia vivificar o que por ali se passava.
Tinha por missão dar a conhecer a gente deslocada de seus sítios tais como Administradores, Chefes de Posto entre outros funcionários que fugidos dos movimentos, mais propriamente do MPLA se encontravam confinados em hotéis, pensões e afins. Via telefone dava-lhes a conhecer qual a sua hora de embarque na ponte “Luualix”; para ultimarem sua presença no aeroporto ou esperar transporte ido do Palácio que os levaria ao aeroporto de Craveiro Lopes, também conhecido por Belas.
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Alguns daqueles funcionários administrativos por estarem escondidos, por assim dizer, em casas de familiares eram recolhidos por um autocarro do Alto Comissariado que os transportava ao dito aeroporto. Havia promessas de morte, vinganças avulsas. Já neste início de Agosto podia ver-se milhares de famílias pernoitando de qualquer jeito junto aos seus haveres no largo frontal da zona do check-in e jardins do aeroporto, malas, caixotes e bugigangas. Ali permaneciam dia e noite cobertos com lonas presas a caixotes usando como banheiro áreas improvisadas ou as bissapas circundantes; o cheiro era nauseabundo.
Em meados de Outubro, o terminal aéreo de Nova Lisboa (Huambo) encerrava, e Luanda passou a receber entre quinze a vinte aviões por dia. Os meios aéreos para fazer chegar a Luanda os refugiados do Lobito, Benguela e Moçâmedes, sendo insuficientes, o Comando Naval arranjou meios marítimos para fazer chegar a Luanda os cerca de 250 mil cidadãos brancos (maioritariamente) mas, tendo também milhares de mestiços e negros; enfim! Seguiam todos aqueles que o desejassem!
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Na vinda ou ida dos refugiados de um para outro lado (como kissondes) mas e, principalmente para os lugares de embarque da Luua, praticamente não havia triagem; não havia tempo para decidir de quem estava ou não nas condições de perseguido, refugiado ou o que quer que fosse. Não importava ser-se quem era e de onde vinha ou do porquê de estar ali. Era tudo ao monte e seja o que Deus quiser, aos magotes com o natural berreiro e choros de adultos e crianças, ordens e contra ordens desencontradas ou nem tanto.
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Cães, gatos e outros animais de estimação foram largados ao descaso! É confrangedor só de pensar em estas turbas de gente que às pressas colocaram umas peças de roupa, uns agasalhos, umas fotos de recordação e aí vão ao encontro dum desconhecido maior que o mundo. E, as despedidas de gente serviçal ou amiga, até mesmo um vizinho que por ali iam ficando; toma lá a chave do meu carro, da minha casa, cuida do gado meu amigo porque não sei quando voltarei nem se volte. Olha pelo meu cão, a aspirina mais o tarzan que ficam presos lá junto ao gerador e perto do galinheiro.
Era um Adeus dado aos trambolhões às coisas, ao motor da GMC a fazer de gerador, dos gansos guardadores mais o pavão. Ele, Deus, era só uma questão de fé interior, a vontade de querer e acreditar mas Ele, não surgiu a muitos; a lei da vida e da morte era um traço disforme, desfeito em cotão a confirmar que só somos enquanto somos, uma ilusão! Desde sempre e, que me lembre de ser gente, observei que as leis foram inventadas pelos fortes para dominarem os fracos que são muito mais; mas aqui não havia fracos ou fortes, só deprimidos…
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Sempre observei amizades incipientes desde o tempo em que os cuspidores de prata eram usuais e era admissível ou sem reparo; cuspir-se em público era feio e anti-higiénico mas agora e ali nem escarradores havia, era no barrento da terra, nosso infortúnio; cada qual cuspia para onde quer que fosse. E entre estes, surgiam os rufias catadores de desaconchegos, gente do MPLA usando prepotência com um extremo desprezo, pedindo relógios ou valores para ficar sem dissabores nesta hora de partir; uma forma de pressionar o medo ou resquícios deste.
Havia uma restea de ordem por alguns militares, Nossas Tropas mais conscientes! Valha-nos isso porque nem todos viam este desmando na forma do PREC, dos guedelhudos do M´Puto às ordens do diabo. As leis, as atitudes, o MFA, nossos patrícios do M´Puto, os generais de aviário, mesmo que absurdas, tornavam o impossível em admissível e hoje que penso muito e rezo pouco recordo isto, procedimentos sem que ninguém averiguasse as diferenças aturdidos por pudor. Pudor, palavra complicada de entender - qual pudor qual quê!?
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Nesse então, nós gente desavinda, podíamos ver já a força da crise com roubos subtraídos pela lei dos homens, pelas nossos guardiões militares com seus amigos, nossos inimigos – o MPLA, sem lei - nem velha nem nova ou tampouco ordinária ou arbitrária, nenhuma! Um salve-se quem puder! Era um acaso feito lei ali e a frio, ora marcial ora uma prepotente aberração feita de coisa feito gente, drogados no cérebro, nas kinambas ou nas matubas…
E, muitos daqueles ali ao nosso lado a fugir do caos, tinham estado dias ou meses antes, também a fiscalizar nossas bagagens, a escolher os cristais, a parti-los num desdém e isto sim e isto não; Este ouro é nosso, do governo! Mas qual governo - do MPLA diziam… sim! Ao serviço do por eles chamado de glorioso MPLA… Agora, eram camuflados companheiros de viagem, de infortúnio e, já ninguém queria retaliar o que quer que fosse; uma entrega sem jeito nas mãos dum Nosso Senhor…
(Continua…)
O Soba T´Chingange - (Otchingandji)
NAS FRINCHAS DO TEMPO - NÃO SIRVAS A QUEM SERVIU, NEM PEÇAS A QUEM PEDIU - Diz a Lei de Murphy "Se alguma coisa pode dar errado, assim será!"
Por
T´Chingange
Se usarmos a analogia de Darwin pela “Selecção Natural” para definir sociologicamente a humanidade em geral, constatamos sem grande dificuldade de análise reflectiva de que os mais ricos ou fisicamente mais bem constituídos estarão sempre em melhor posição para sobreviver ou vencer qualquer dificuldade em detrimento dos mais pobres, débeis, vulneráveis ou impreparados.
Os eclécticos, cultos, experientes e instruídos vencerão sempre os seus oponentes menos municiados intelectual ou academicamente nos desafios ou oportunidades que a vida tiver para oferecer e, quando estes se candidatarem a testes selectivos ou psicotécnicos. Os mais crédulos, ingénuos ou em estágios primários de coeficientes de inteligência baixos, tornam-se tendencialmente propícios para que os espertos, oportunistas e gurus ou gananciosos os absorvam.
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Esta categoria de pessoas dos que já nasceram vencidos, vergados pelo infortúnio, fatalismo do seu estrato social ou por e via de sua incapacidade financeira, tibieza ou destreza, tornam-se reféns e presas fáceis de empresários exploradores e oportunistas. No mercado de trabalho serão subestimados e mal pagos vendendo o suor do seu rosto e sua força braçal ou conhecimento por coisa pouca, sem a devida troca de benesses.
Obviamente que nem todas as empresas precisam de génios ou mentes brilhantes que consomem apenas bifes do lombo ou lagosta. A grande maioria do mercado de trabalho tecnologicamente não qualificado, contenta-se com carne de segunda ou terceira, dura e gordurenta. Não existem segredos existenciais ou filosofias de vida escritos em compêndios ou cartilhas que se possam comprar para aprender como sobreviver neste mundo cão.
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O ideal seria que cada um satisfizesse as suas necessidades independentemente das suas habilitações profissionais académicas ou artesanais. Mas, mesmo estes, em uma qualquer parte do globo encontrarão quem os sugue de forma desmesurada. Não lhe darão acesso ou recursos para passar de certos limites, tornando-os permanentemente dependentes.
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O caminho do sucesso está preparado para os ousados que num dado momento de privilégio se tornem patrões, empregando outros que por conta própria não têm condições por falta de relacionamentos ou por débil estabilidade familiar. Salvo raras excepções o destino destes temerosos, será sempre o de serem empregados dos primeiros.
Contrariamente às leis da natureza que ilusoriamente nos fazem acreditar por todos termos sido concebidos da mesma forma porque nascidos pelo mesmo local, as nossas vivências e destinos serão igualitários. Nada poderia ser mais falso nesta teoria, quando os dogmas são imbuídos na ilusão dum universo restrito no diapasão dum Deus que parece só ser bom no açambarcar de usura para proveito próprio - dos eleitos!
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A sociedade aonde estamos inseridos se encarregará de nos diferenciar, arrumar de acordo como o tal "pedigree" familiar. Nesse perfile ou curriculum vitae constará o estatuto social no seu lado financeiro, no exacerbar-se com um património com carros de alta cilindrada ostentações variadas, o show off e, mesmo que se lhes falte a cultura académico e, ou a ideologia politica, religião ou "hobbies" salutares…
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Alguns eleitos terão o condão de viverem rodeados dum luxo que o dinheiro pode comprar. Dinheiro fabricado por quem lhes presta honorabilidades, um resto da humanidade esgatanhada, mordida com atropelos, porque nunca lhe deram oportunidade para escalar alguns merecidos degraus. Alguns mais corajosos ainda têm o atrevimento, ousadia e a veleidade de pensarem que reúnem as condições para se aventurarem a fazer alpinismo social ou financeiro na tentativa de chegarem ao topo, mas a idolatria não permite que esta senda seja facilitada.
A grande maioria fica-se pelo caminho vencidos e desencorajados, pois os trilhos estão minados com engodos: ou me serves ou…. E, aqui a frase fica sempre camuflada num muxoxo incompleto. Alguns muito bem preparados psicologicamente conseguem heróica e atrevidamente chegar ao topo mas nunca serão aceites pelas elites que falam com Deus, os eleitos…
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O único factor que mantem o equilíbrio mundial, impede revoltas e que as massas trabalhadoras se apoderem das riquezas que elas próprias geram para enriquecer terceiros, é a ESPERANÇA de que as sociedades por moto próprio se tornem reformistas, humanitárias, fraternas, solidárias e igualitárias. Uma coisa cada vez mais vaga.
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Infelizmente este onirismo não se consegue nas urnas através de eleições livres e democráticas ou por decretos governamentais. E, como ninguém enriquece apenas pelo suor do seu rosto e fruto do seu trabalho, só existem três formas de chegar a esse desiderato, ou pela exploração do trabalho de terceiros pagando-lhes ordenados miserabilistas, de forma fraudulenta, por meios ilícito, ou através de um golpe de sorte acertando no totobola, lotaria, raspadinha ou euro milhões.
O segredo para matar a inveja ou o desejo de todos quererem ser ricos foi inteligentemente criado por estes dizendo que “a riqueza não traz felicidade”. Na mente dos pobres ou remediados existe a triste ilusão de que um dia a sorte lhes baterá á porta e que também poderão comer caviar, faisão ou lagosta, regando as suas opíparas refeições com champanhe D. Peringnon.
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Se todos viverem na esperança e ilusão de que mais tarde ou mais cedo poderão triunfar, o mundo funciona muito melhor sem desequilíbrios, agitações sociais, atritos, revoltas ou greves. Tementes a Deus, coisa trabalhada no tempo, as pessoas sonham em não se magoar umas às outras, nem se atropelarem pois vivem nessa falsa expectativa de que a sua hora também chegará. Um se Deus quiser sempre incerto!
Uma massa anónima que vive e labuta dentro e fora de seus países como emigrantes, é a de que um dia irão regressar á Terra Prometida, sem se saber bem qual. As leis imutáveis pelas quais o mundo está organizado e construído, são apenas duas, ou se nasce rico ou pobre, uns mandam e fazem as leis, outros obedecem e cumprem-nas. O ser-se criado de quem já serviu não se augura em um bom fim. O seu, a seu dono!
Ilustrações de Costa Araújo
Nota: Este texto foi baseado parcialmente em um outro da autoria de António José Canhoto que versa o tema de desequilíbrios na sociedade em uma outra vertente e a partir da condição de nascimento…
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DAS CINZAS - 27.06.2017 (desde Johannesburg) - Ruptura com o passado. Cada um de nós é uma nota musical única; a minha não tem ré nem mi, nem sol, só tem dó….
Por
T´chingange
Nas rupturas com o passado, um número crescente de opiniões com crédito afirmam que o presente agora, representa a terceira cisão da história humana comparável em magnitude com as passagens do barbarismo para a civilização, depois a era da agricultura extensiva matando a fome a milhares de seres pelas nova vias de comunicação. Agora, e duma forma avassaladora temos a invenção tecnológica de um sem número de artefactos a partir da metade do século XX e, que hoje complementam nossa actividade com o maior conforto.
E, surge a rádio, a televisão, o frigorífico, o micro-ondas e o computador de última geração cruzando imagens ao segundo em viagens de cruzar fusos horários. Os novos instrumentos de comunicação a levarem a voz e a imagem ao outro lado do globo. Informação ao minuto de acontecimentos que conjugados com os satélites passaram a dominar nossas vidas ao segundo; Coisas impensáveis há bem pouco tempo. Viagens controladas por GPS com tradutores instantâneos nos principais idiomas.
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E, surgem as férias de praia ou campo: não demorará muito a termos viagens interplanetárias. As viagens à Lua tornar-se-ão corriqueiras em um curto par de anos. O choque cultural de hoje sucede quando um viajante se encontra num lugar onde o sim pode significar um não e aonde um preço fixo é regateável como diz Alvim Toffler e, até o riso pode significar ira.
A aceleração da mudança não se limita a afectar as indústrias das nações, a oscilações das bolsas, as fraudes fabricadas com crises elaboradas em bancos supostamente credíveis mas, numa força concreta que se infiltra profundamente em nossa vida pessoal, que nos obriga a mudar de profissão, a representar novos papeis e nos coloca de frente com o perigo de uma nova e perturbadora doença psicológica.
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Estas mudanças rápidas amontoam-se sobre nossas cabeças, os instrumentos de ponta não mais o serão. Entram em desuso a máquina fotográfica, o gravador de fita e o vídeo; a grafonola vira gira-discos e tudo se resumirá a uma pequena pen ou um chip com milhares de músicas, informações e coisas tão abstractas que nos darão volta ao miolo, que nos baralham o cérebro. Nossas cabeças desmoronam-se com a maioria das pessoas desprovidas e mal preparadas para fazer frente a tudo isto. Uma mudança demasiado rápida!
E surgem milhares de teorias sociais que se encavalitam no espaço-tempo quântico dando novas formas à mente e á vontade que fica sob custódia de uns quantos eleitos por via de eleições. E, surge assim a democracia na qual se vota em gente que mais tarde se governarão a si próprios chamando nomes sérios a roubos e desvarios. Gentes com mentes e circunstâncias radicalmente novas transformando-se num perigo para todos os demais: os políticos de profissão!
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E, este choque do futuro não estará mencionado em qualquer lista de anormalidades psicológicas; será coisa quase normal, aceite por todos mas estes, estarão cada vez mais desorientados e progressivamente incapazes de entenderem de modo racional o seu ambiente e, até entender o factor da amizade. O mal-estar instalar-se-á em si com neuroses maciças e violência descontrolada incapaz de se poder fazer as coisas mais triviais.
Surgirão terroristas e anarquistas que por debaixo de suas flanelas ou cetim, serão conformistas indecentes que por debaixo dos colarinhos abotoados se verificarão anarquistas e, pastores ateus ou budistas judaicos. E, surge a pop-art, os clubes gays, as quadrilhas sexuais, o swing, anfetaminas e tranquilizantes; também muita bruteza e maneirismos com calão com abundância de muito esquecimento.
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Nos dias de hoje libertamos uma força social totalmente nova, uma mudança tão acelerada que influência o nosso próprio sentido de tempo, revolucionando nossa vida quotidiana que afecta naturalmente o modo de como sentimos o mundo à nossa volta. Esta aceleração reside fundamentalmente na instabilidade. Neste estado sempre transitório afectaremos forçosamente nossas relações com as demais pessoas. Será esta a pré-modernidade? Quem irá saber ao certo…
O Soba T´Chingange
AI.IÚ.É - TAMBULAKONTA – 26.06.2017 - Isto é África! O futuro está a ficar doente! É a doença negra da mudança…
Por
T´Chingange
Os conceitos do mundo actual, valores, crenças e as histórias da avozinha, não são mais as mesmas; muito menos aqui em África aonde o ontem fica cada vez mais distante e, o que então era proibido, hoje já o não é. Lugares aonde agora predomina a gasosa e fundamentalmente a postura governamental de BLACK EMPOWERMENT; Isto quer dizer uma política substituição do negro em detrimento do branco. O branco tem de investir e, quando da necessidade de contratar gente tem por lei de dar trabalho em primeiro lugar ao negro em detrimento de um outro e de outra cor bem melhor preparado para exercer uma qualquer função.
Se isto não é racismo selectivo digam-me então o que é? Os tempos mudam rapidamente e para alguns é de consequências pessoais e psicológicas dramáticas. Na administração Sul-africana os brancos foram substituídos pelos negros, mandados para casa sem a necessária subsistência aos anos vindouros.
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Vá-se lá entender a pedagogia de produzir surpresas em novas experiências sociais como esta tão desagradável. Esta concepção de racionalismo opõe-se à filosofia que professa que as ideias se deterioram quando aplicadas às coisas e procedimentos, depois vem a ineficácia com sequente deterioração na coisa pública e privada. Na contraluz da sorte e no “Empera´s Palace” de Johannesburg ouvi o grito de “bingo” quando só me faltavam três números dos nove escolhidos. Meu primeiro domingo foi assim prorrogando a fome até bem á noite saciando-me com uma pizza margarita; esta gente aqui em Sud’África não almoça!
O conhecimento da realidade moldada pelas teorias modificam-se assim como numa paisagem vista num nascer ou em um pôr-do-sol que se confundem pela ordem das razões e segundo uma teoria desadequada: Um bingo! A ordem das razões, valorizam a ordem dos factos em detrimento do bem social. Foi esta a minha primeiríssima apreciação no primeiro domingo e, em companhia de minha mais próxima família. Tudo isto, também em companhia da dor de dentes persistente desde a minha visita ao M´Puto dos pequeninos na Coimbra dos doutores.
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E, o Facebook não dá tréguas à minha t´xipala desde que alguém publicou em minha página algo que nem consenti enviando para muitos amigos a virose cibernética que me atacou. É só dizer mal do EDU e logologo surgem uns bajuladores a cuspir-me na cara com ácido sulfídrico. O Facebook torna-se assim numa armadilha de estragar amizades e, pedem senhas, contra-senhas mais o século do nascimento trancando-nos em quarentena por quatro dias.
Decidi por este meio não mais aceitar amizades da conxinhina por via do Facebook com nomes super inflados num zepelim com ácido escorbútico pois que, é esta a sexta vez que me mancham a dignidade por trilhos desconhecidos e demasiado rendilhados de maleficência. Mas estando eu num planalto africano e a mais de 1600 metros de altitude pude em conversa saber que a áfrica fica a cada dia que passa, mais longínqua para os bancos.
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Não há maior religião do que a verdade! Com este pensar de Dalai Lama na cabeça e passeando, aproveitei fazer uma viagem ao paraíso e vi gente branca, (também negros) a pedir nos semáforos, nos parques de estacionamento, um pouco por todo o lado. Trazia na minha mochila palavras de apreço mas, jamais as poderei usar aqui no bom sentido! Os seguidores de Jacob Zuma estão a seguir as absurdas posturas de Robert Mugab, essa decadente figura presidente do Zimbabwé, uma múmia racista, um bruxo que ensombra a áfrica do cocuruto até os tornozelos, numa forma simples de falar metáfora.
E a Europa, o ocidente em geral, submissa a seus autoconceitos éticos e, dando guarida a todos os refugiados idos do corno e resto de áfrica, suportando estes desmandos de governos tontos; dando até tratamento diferenciado só porque são negros em detrimento do branco! Não posso concordar! Sempre este conceito de coitadinhos sem exigir de forma enérgica ou mesmo com bloqueios a estes desclassificados gurus, governantes africanos de tuji!
Passeio por terras edílicas que contrastam suas belezas, doirados e arredondados montes com seu verde, flores de Augrabies, penedias com secura e ainda o azul do mar; dos sargaços bailados em meus sonhos como ondas aonde se pode ver o redondo do horizonte nublado por ideias e ideais torpes de governantes perpétuos. Sendo este o meu passeio preferido, andar nos trilhos de entre bissapas, funchos, cassuneiras suas muitas flores do Orange desde Upington até Springbok.
O Soba T´Chingange
AI.IÚ.É - TAMBULAKONTA – 19.06.2017 – O futuro está a ficar doente - Doidejo-me ao ar como se alguém me fustigasse o corpo com urtigas bravas. É a doença da mudança…
Por
T´Chingange
Os tempos mudam rapidamente; para alguns é de consequências pessoais e psicológicas profundas pois que as mudanças nos dominam ou subjugam por completo. Eu e minha mulher, esposa ou patroa como muitos ainda teimam em designar, temos uma amiga de longa data, de quando ainda eramos solteiros e fazíamos piqueniques. Pois esta amiga anda indignada com seus quatro filhos porque a querem internar em um lar de idosos; ela opõe-se a isso porque não se sente senil nem anda falando átoa com as paredes seus desacatos.
Não achando terreno propício a desabafos, eu e minha mulher, inteirinhos da silva, encurtámo-nos no cochicho do cubículo debatendo este problema transcendente sem podermos desviar nosso mal-estar da nossa tela numa vida futura. Vendo nosso filme encafifados numa sala de gente moncosa falando coisas repetidas até á quinquagésima vez, dissemos que isto não podia acontecer com a Júlia, viúva do saudoso Jorge nosso anfitrião dos piqueniques enquanto a vida lhe pululava no seu todo.
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De sorrisos murchos no silêncio calado, colamos nosso futuro na parede de nossas duas mentes com farinha de trigo, tal e qual como fazíamos quando eramos mais novos. Desta forma sempre poderemos descolá-lo com uma borrifadela de água mole. Mas será que podemos assim colar e descolar o futuro conforme nos dá na veneta!? Bom, pelo sim pelo não colamos ao lado deste catálogo virtual do álem um sinal de cho-ku-rei para dar uma luz mais forte ao nosso destino.
Pois então, os filhos da Júlia reuniram-se em Lisboa à revelia da mãe decidindo que esta está a ficar pataroca e tal e coisa, mais esquecida e desajustada com edecéteras imaginados nas raspas hipócritas e egoístas da mente. Ela a mãe, transitoriamente em casa de sua filha mais velha pensou em dali sair o mais rápido possível. Assim pensou e assim o fez! Pisgou-se até à estação do Oriente, sem nada nem mala para não levantar suspeitas e seguiu para a sua casa da Beira Interior. Toma! Chegada lá telefonou a dar-lhes notícia do acontecido. Estafa farta de se sentir presa, encafifada, trancafiada em um espaço de 50 metros quadrados. Faltava-lhe ar…
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Ela, a Júlia, em desabafos fungosos diz que se os filhos persistirem nesta ideia, lhes vai levantar um processo judicial. Com tudo isto, fiquei estarrecido por vivificar estas correntes de mudança social, derrubando as nossas virtuosas acções, modificando nossos valores ao ponto de nos secarem as raízes. O futuro invade nossas vidas revertendo-nos na mudança que nos invade a vida, assim como aquelas labaredas que surgindo do nada ceifam nossa paz.
Mas, nós não somos coisas! As coisas que compramos e deitamos fora ou ainda outras desusadas que metemos no sótão e ali ficam invalidadas, esquecidas, entronchos a obstruir o espaço. Neste caso, os quatro intervenientes filhos são pessoas com cursos superiores! São gente com tino, que sabe o quanto seu pai e sua mãe labutaram para que assim o fossem, gente capacitada.
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A sociedade em que vivemos com as pessoas que passam, uma e mais outra, adulteradas na velocidade dada vez maior e num tempo medido por suposição. Tempo analógico, porque a vida deveria aprofundar-se num futuro de amizade e, não na incerteza ou medo! Os estilos novos nas instituições são imprevisíveis a curto prazo! O que o é hoje pode não o ser amanhã! O futuro está a ficar doente mudando psicologicamente as relações e, a isto os médicos ainda não descrevem como doença….Mas é-o!
A doença da mudança; neste ambiente de mutação rápida nós não sabemos como preparar o futuro, preparar o animal homem educando-o intelectualmente! E, nem os psicólogos sabem como lidar com isto na perfeição, nas novas adaptabilidades. Genericamente não sabem como é que isto se faz! Porque eles fartam-se de referir suas intrigas com uma aparente resistência irracional, de gente como eu ou a Júlia, à mudança. Muito curioso, é haver gente com uma tão forte vontade, duma quase furiosa mudança.
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Qualquer esforço para definir este “conteúdo” de mudança, terá de incluir as consequências de brechas novas. Se virarmos o espelho do tempo ao contrário, vamos desentender os nossos problemas sociais e públicos se não recorrermos ao uso do futuro como uma ferramenta intelectual, porque hoje o mundo é uma estória de evolução rápida. É trabalhoso lidar com esta realidade, porque ainda não aprendemos a conceber, a pesquisar, escrever ou publicar em tempo útil de um “agora”
Os astrólogos são um engodo vulgar que não vaticinam coisas pensadas, uma triagem que ora cola ora descola como a farinha trigo já falada aqui. Ninguém tem o conhecimento do amanhã. É por isso que fico baralhado com gente jovem que estandardizada, tudo faz como um autómato desinserido dum “sentimento” e, remando para um lado estilístico definindo-nos no futuro como um “provavelmente”. Não conjugam os verbos com sentimento mas sim, com um seco tom contabilístico ou uma zoada electrónica.
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Não sabem ler a mente por indícios, não sabem articular opiniões com o coração e, isso mete-me algum medo! Medo de frio metálico… coisa de andróides… Jamais os GPS de hoje poderiam ser feitos se outrora os cartógrafos não desenhassem a terra e, que apesar de limitados, registaram suas temerarias concepções de mundos que nem sempre viram! O motor tecnológico do futuro não pode defuntar o passado… Um dia um psicólogo mandou-me tirar água dum poço com um cesto de vime para regar um malmequer e, eu tirei! E reguei! Usei a mente e congelei.
Ilustrações de Costa Araújo
O Soba T´Chingange
BOA NOITE COM LAMENTO ...18.06.2017
- DE UMA AMIGA QUE MORA EM LUANDA ATÉ HOJE ....Merece ser lido .... Parte 2 de 3
As escolhas de Assunção Roxo
Por: Isabel Batista
(…) Na Luua abriram-se crateras, subiram-se muros, impediram caminhos, taparam passagens, puseram taipais e tapumes, placas e mais placas com nomes de empresas de que nunca tínhamos ouvido falar! Surgiram coisas com pompa, gala e circunstancia! Xééé! Muitas festas…“Rebentaram” com o pelourinho, a Mutamba ficou nua, raivosa e perigosa, cheia de mazelas…dando muita pena! Escangalhada mesmo!
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Estrupada em desvario como cegos de sofrimento. E, vieram paletes de portugueses com bom tintol e chouriço do M´Puto entre outros desconhecidos povos. Pessoas magoadas…que magoam outras pessoas, feridas, ulcerosas como o diabo feito gente circulando pela cidade com os intestinos no colo e gritando coisas antigas de “a luta continua”.
Um tal de Kifafaz, vestido de suas próprias vísceras lançava urros…assim falou um repórter na Radio Nacional da Luua. Assim também vai luanda- desventrada! Ela que era uma “senhora” do Atlântico sul, linda ao lado de suas parentes mais próxima do Brasil ou na Souht Africa, à mercê de tantíssimo desamor e violência na praça pública.
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Luua desamada na terra e nas praias, andrajosa, destratada. À nossa frente. O património "público" com dono descaradamente “ocupado”. Atitudes de desafiar os limites de civilismo; de mãos e pés atados, desperdiçando alguma da educação recebida em escolas publicas, porque era isso normal.
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Ser-se civilizado e educado, tratado aos pontapés, gente desclassificada a nos fazer perder a lucidez. E, o termos de nos agarrar a camisolas com figuras, perfiz de gente que já ninguém queria vestir. Mas, seria bom parecer-se! Ideias e ideais passando de moda, porque nunca o foram de verdadeiras.
Nesta sala de amputações a frio, a cidade deixou-se ficar nuns cotos disformes. Luanda onde se brincou, se cresceu, estudou, namorou, farrou e, o depois que virou num amanhã que guerreou e se defuntou perenamente . Mas, são nossas makas, nossas picadas e nossas antigas esquinas buriladas no desassossego, nossas intimas memórias.
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Nossos assuntos, bocados nossos e, uma violação tremenda no acordar de manhã amputada de mais um naco que era minha pertença; que foi de meus pais, de meus avós, de meus bisavôs e trisavós, desde sempre… Assim a frio tirar-nos o que nos resta…. Num estado de torpor, assim ficamos entregues ao destino dum quanto baste …bwé de gente a bazar práqui práli e pró M´Puto.
Triste, triste, triste. Bwé de gente dinovo a querer ir sem poder voltar; de armas e bagagens, amigos jurássicos de sempre. E, também gente que nasceu e aqui ficou até ontem ou mesmo hoje, esperando uma ultima hora e aguentar aguentado “todas” as traquinices revolucionárias e outras indefinidas! Num virar de costas com choros molhados e cumbú malé…
(Continua 3 de 3…)
Ilustrações de Assunção Roxo
Composição com arranjo de T´Chingange
A CHUVA E O BOM TEMPO - BOA NOITE...14.06.2017
NÃO POSSO DEIXAR DE PARTILHAR NESTE KIMBO BLOGUE ESTE LAMENTO SENTIDO ALGUEM QUE VIVE EM LUANDA ATÉ HOJE .... MERECE SER LIDO .... Parte 1 de 2
As escolhas de Assunção Roxo
Por: Isabel Batista
"E, é tanto o descaso o desamor o desrespeito, que está valendo cuspir no chão do luxo, fazer xixi à vontade x….Comer mal e pagar bem, delapidar, destruir, fazer “sumir” o que era nosso garbo. Sempre fomos vaidosos. é uma “ doença” antiga kaluanda kkk. E quando se quer safar a “onça” lá vem a baía de LUANDA em todo o seu esplendor…ela que já foi das mais perfeitas do mundo (dizem), mas agora …
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Agora anda suja e com um colar de brilhantes de mentira no colo “doído”, quando podia ser de um de diamante. Dos de verdade! Quando as máquinas avassaladoras surgiram, roubando o mar… Vomitando tecnologia de ponta em tudo… Não houve sequer tempo - "Abraçamos" a ideia de restaurar! Fazer melhor. Nos tempos "áureos das vacas gordas” faziam-se prédios avulsos; a granel. Luanda acordava e adormecia cada dia diferente e nós, Atónitos.
Afinal???? As obras eram em ritmo avassalador, surgiram os primeiros anúncios luminosos no Natal... e, tal... Madrugadas e madrugadas de material em desfile na velhinha marginal com equipamento vário (já havia assisto a madrugadas inteiras de equipamento de guerra em outros tempos…até um Mig embrulhado em plástico…em plena Mutamba) mas dizia-me: Pedras gigantescas, colunas de alumínio do tamanho de túneis e carris e perfis, desfiles de aço em toda a sua magnidade.
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Muito aço! Máquinas com aspecto tipo “espacial” por entre turbinas do tamanho de três andares. Até caixas altamente incrementadas e sofisticadas com rótulos em várias línguas; etiquetas de atenção frágil!!!!!! fazendo deixar adivinhar o que de precioso vinha lá dentro.
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Cimento em cubos e enorrrrmes brancos. Como torrões de açúcar. E um orgulho bweeé grande. Um país a acontecer a meus pés. Uma privilegiada com estes milhões, poucos que somos para tanto mar e tanta terra e tanto ar! kkk. empregos bweeé. Meses e meses de madrugadas inteiras com reboques e camiões cromados com guinchos. Até arvores…pela calada da noite, embrulhadas como se fossem raminhos de salsa em camiões.
Aiueeé! E guindastes mais tractores e paletes de paletes e paletes de todo o tipo de barcos e carros. Desfile felídeo! Um agito, os primeiros chinocas a se manifestarem. Era engraçado; não se deixavam e chegavam ao que queriam comendo ginguba com mandioca. Ai não! Kkk Discretos ainda. Cheios de “sabedoria” e, lépidos.
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A construção de um País. Singular com singularidade - poder participar, ver…é um acto! Nunca esquecerei. Uma coisa desmedida…mas, mas … Era demasiado. Era o canto do cisne que engolimos…e depois dos cisnes engolindo sapos.
Para escorregarem melhor, com muito betão, muito vidro. Vidro fumado para tapar a “tropicalidade” de um sol invejável que enfeita qualquer capa de revista de turismo a bordo…de qualquer avião. Voávamos sim! E vieram as manias e truques importadas engalanando uma festa que se fazia anunciar sem acontecer.
E inventaram de acabar com as rugas desta cidade… Em intervenções cirúrgicas que não funcionaram. Parques homéricos no lugar de jardins. Árvores monumentais, magistrais, seculares foram fora. Os bairros deixaram de ter clubes e, os campos de jogo, viraram outro “game”, novo jogo.
(Continua…)
Ilustrações de Assunção Roxo
Arranjo de T´Chingange
TEMPOS PARA ESQUECER - 09.06.2017 - ANGOLA DA LUUA XXXII. NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA. “Vai para a tua terra, branco” era o que mais se ouvia na Luua de 74/75… Os heróis de tuji foram-se misturando com os demais…
Por
T´Chingange - (Otchingandji)
Segunda metade de Agosto de 1975 - O líder da UNITA, Jonas Savimbi, acusava as tropas portuguesas de tomarem parte efectiva ao lado do MPLA no ataque ao Luso, ao Lobito e a Sá da Bandeira, hoje Lubango e, contra a UNITA aonde quer que esta estivesse! Só quem está impregnado de fanatismo esquerdista (que são muitos!), não consegue gerir esta verdade mesmo tendo-se diluido em já quase 42 anos.
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Em Moçâmedes, as FAPLA faziam a abertura de bagagem aos adidos e demais refugiados contrariando o despacho de 14 de Julho sobre este assunto. O MPLA, comportava-se como dono absoluto de Angola fazendo o que lhe melhor aprouvesse com o beneplácito das tropas portuguesas. O MPLA bordava e pintava costurando tudo a seu jeito; Nós, gente sem mando e maioritariamente brancos, ali andávamos a toque de caixa com tiros e abusos pregando caixotes e, ao sabor das vontades da nomenclatura do “glorioso M”.
Victória ou Morte, brancos para a sua terra, era o que mais se ouvia nas ruas da Luua e na radio cheia de guedelhudos enviados pelo PCP e outros ditos progressistas de túji! E, nós sem saber qual era mesmo, a nossa terra! De um lado para o outro que nem baratas tontas e revistados pelos partidos emancipalistas (muitos, que tambem fucaram refugiados), pois então, gente sem preparação, analfabetos e drogados enviados das universidades do M´Puto. Os mais bens comportados desta maralha de guedelhudos, ao chegar às suas bases, suas universidades, tinham passagem administrativa garantida.
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Não se fizeram só generais de aviário não! Foram muitos outros em muitas áreas que como políticos faziam desmandos com roubos; agora, esses e outros refratários, recebem medalhas e condecorações! Temos aí o 10 de Junho para ver! Não contando com os prémios pecuniários e mais os de Camões e outros a serem inventados e justificados como nos assaltos a bancos. E, também navios com mortes e outros procedimentos forjados de fresco ou mofados. Procedimentos que resultaram na bagunça que hoje observamos e, que hoje temos! Iremos ver, sentir e ler alvissaras com prémios monetários para exprimir contentamento por uma "boa causa" - valha.nos Nosso Senhor...
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Mas em 1975, voltando à revolução em curso do PREC - expurgo dos fascistas. Pois! Quem eram esses? Ora, eram todos os demais com os retornados à frente. E, lá andávamos como os judeus a serem alinhavados para a morte nos campos de extermínio da Alemanha. Primeiro tentavam lavar-nos o cérebro e depois mandavam-nos para os mukifos, revitalizar as pedras das calçadas, limpar a bosta lançada nela pelas bestas, gerir silêncios transpirando raivas mal arrumadas, repondo as pedras nos muros entre fragas e lajedos do tamanho dum novo mundo.
Salvar os hotéis, pensões e casas de alterne desactivadas. Mas alguns, em verdade foram assediados para gerir as novas “farmes do Alentejo” e, do alto coturno das guerras fingidas nas boinas verdes, investidas numa operação de cavalaria, engenharia e outros edecéteras com cabeças penduradas nos taipais e varais, viraram meias rotas de se usar como pano do chão, mantas de trapos, esfregonas ou desperdício das oficinas de limpar esterco com titica de cachorro. Mudos e quedos por ali ficavam a fingir heroicidades… A retirar telhas dos “montes” no meio das estepes, das abetardas de Panoias e acima de Ourique.
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Naquele então de 1975 e em Angola, pelas FAP, era reconhecida a incapacidade de se impor pela força em qualquer decisão sem ficar livre de grandes riscos. Pois então, não era isso que se pretendia? Ninguém vai responder a isto! A Comissão Nacional de Descolonização referiu que a seguir ao alivio que representava o Acordo de Alvor, Lisboa não mais quis saber do que acontecia em Angola. Era notório o desinteresse crescente na opinião pública e das forças políticas do M´Puto por estes problemas. Nós seriamos o ”biltong” com jindungo a virar piripiri. Bem dizem os brasileiros: pimenta no cú dos outros, é refresco…
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No dia seis de Setembro de 1975, Savimbi recusou reconhecer a nomeação de Leonel Cardoso como Alto-Comissário exigindo a saída da tropa portuguesa do Sul, por não assegurarem a segurança dos desalojados (não distinguiu bancos de pretos). No primeiro encontro de Leonel Cardoso como Alto-Comissário com Agostinho Neto, este acusou a tropa portuguesa de fazer negócios escuros vendendo nas lojas de Luanda géneros da Manutenção Militar, e transportando bagagens de civis para Portugal a troco de dinheiro ( e, era verdade!).
Mas que desfaçatez alegar isto quando até aqui tinha tido apoios por mais inconcebíveis das FAP; era um crápula, um cara-de-pau da pior espécie… Neste momento até me apetece escarrar na múmia dele, seu feio focinho, todo o veneno do mundo! Ninguém é de ferro para suportar estas merdas, dum safado poeta de sexta categoria, posto como libertador dum povo no bombom da gasosa portuguesa. Era de prever que aquele país iria ficar num caos! E, o mundo nem aí! Dando palmas com os falsos americanos na linha da frente. E, a Europa submissa a estes filhos do dólar (que um dia irão beber petróleo…).
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A 27 de Agosto, tropas regulares Sul-africanas com oitenta homens e 12 viaturas blindadas, entravam pelo Roçadas e Calueque. Desde os incidentes de Junho que o Poder Legislativo e Executivo estavam totalmente entregues ao MPLA. Os meios de comunicação eram também controlados pelo MPLA incitando permanentemente os Luandenses ao ódio, racismo e tribalismo, sempre culminando com um comunicado do Bureau Politico do MPLA.
Estes faziam levianamente acusações gravíssimas ao governo Português, as FAP e ao povo português, aos brancos em geral! Porra! Era, e continua a ser no apetecer dizer a tanto desaforo! Luanda era o centro político militar do MPLA; uma bomba relógio! O repatriamento implicava alguns procedimentos desde procurar a pessoa em Angola até a colocar em Portugal dizia neste então Gonçalves Ribeiro, o pai da “ponte Luualix” acrescentando que ainda faltava ir buscar algumas pessoas a áreas onde não havia qualquer segurança…
(Continua…)
O Soba T´Chingange - (Otchingandji)
NAS FRINCHAS DO TEMPO . Peneirando no tempo as ténues memórias dos acontecimentos, Apalpando as medidas da natureza, sarar as feridas do corpo …
Mokanda : É uma carta
Por
T´Chingange
Apagando os rastos dos passos que aqui nos trouxeram, em terra de M´Puto, dinovo volto a remover os ossos do passado e, mesmo espreitando pelo postigo da memória antropológica só graças à debilidade desta, irei fazer do tudo um coisa nenhuma para não alvoroçar espeleólogos, ou os espíritos muito cheios de malévolas insinuações; esquecendo as leis não cumpridas coisas rebuscadas em terras de promissão viajo num tempo esquecido! O tempo das arcas perdidas com mabecos a cheiretar com chacais na gasosa das sobras.
A nossa vida, de cada vez mais na mesma passando ao Deus me livre e valha-me o Santo António, com os sem etnólogos e outros afins descobridores de pegadas politólogas, cheiros encarquilhados. Dos novos iões de densidade molecular misturados nos anos, na leitura de carbono e eteceteras complicadíssimos, coisas progressistas… Ué, num repentemente virei bicho beiçudo de fazer pouco com muxoxos descabidos e coisas que só sei, porque não quis esquecer.
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E, nos finalmente vêm as agruras duma lengalenga com motor Magiros; também uma Scania, a camioneta que pernoitou no mato. Segura a Esperança, nome de mulher feito sentimento, vamos esperar, não aconteceu nada, devem estar aí a chegar. Fazenda tentativa do Ucué com bananas e macacos chiando na mancha muito verde com turras farejando vidas. E, lá nos fundos, por detrás do morro da cal, o motor dum velho Dodge a fazer luz num gerador!
Roncando zumbidos de roça, cheiros fortes de óleos com elefantes invasores a matar carraços na areia da mulola. Cheiros de África profunda e prófundo…. Se a vida é uma sentença com um princípio e um fim, não conseguiremos ouvir o grito da vida se sentirmos remorsos daquilo que não fizemos, ou daquilo que poderíamos ter feito; não podemos assumir a culpa dos pais, nem dos pais de outros pais.
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Na percepção parcial das vitais contingências, tecidas e compostas nas coincidências de que a vida é feita, encontraremos o rigoroso sentido do passado, por fortuitos efeitos que determinam o futuro próximo e distante. Uma vez é assim outra é uma coia feita bosta! Cada um de nós foi o que foi por uma coisa pequena, que sem se lembrar do primeiro choro, outros choros se lhe seguiram.
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Como um risco feito no chão, nem sempre se escolheu dedo ou arado nem por onde fazer o rego que por coisa pouca mudou nossas vidas. Vão ter de me ouvir! Vão ter de me aguentar! Num repente faço um gesto feio! Meu pai já morreu, foi-se assim como Cristo, cheio de mágoas a fugir dos nacionalistas, dos libertários.
No M´Puto vendeu sua lambreta trazida da Luua a um cigano; o filho da mãe, matreiro que nem cachorro mau, só lhe pagou o guarda-lamas, pode? Voltou dias depois reclamando que aquilo andava de lado e de atravessado, queria o livrete e, meu pai fez-lhe um manguito, assim de braço cruzado com repetidos gestos muito ofensivos para o tipo, o gajo, meio moreno ou escuro da tasmânia, sei lá! Mas, meu pai teve de fugir com seus mais de setenta anos em cima. O sacana, tinha uma arma, fez pontaria à janela e pum! Estalou o vidro da janela; melhor, estilhaçou-o.
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E, porque é vulgar dizer-se que os gestos não totalmente sinceros vão sempre atrasados, agradeci logo tais luxuriosas horas de lazer e no consolo d agora em minha kubata. Relembrando minhas ousadias vividas da Beira, só e taciturno, vi o castanheiro já grande com suas cascas caídas, assim descuidadas e no chão, para os coelhos. Nada igual como o foi em Viseu de Viriato com a turma de Gumirães com a simpática companhia da professora Marisa Batista, uma luso brasileira que mede pulsações aeróbicas no sobe e desce da Igreja dos terceiros e a escalada para a Sé.
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Pois sim! Aqui ou ali, a vida pulsa, e temos de nos acomodar às migrações de gente e ideias com novos ideais. Olhando a natureza que nos transcende na dinâmica, e nos transforma na rusticidade ancestral, seus sotaques, falas e cantorias joaninas. Virou! Torna a virar! Entre lajedos com fetos nas frinchas, pinhais e silvado, procurei a terra de muita labuta chamada de Cornelho; pude assim compreender o abandono de espaços antes movimentados, que agora no silêncio se deslocaram para as novas catedrais de consumo.
Diz-se de que, quem quer falar de assuntos sigilosos vai para o deserto mas, eu não arrisco limpar o lacre dos actos e pensamentos porque de certo modo já tenho o coração endurecido na prática do pecado. Por isso e mais uma vez vou até às terras de Erongo, suas montanhas secas com a areia subindo em suas encostas, atravessar as terras de Karibib, Usakos até Swakopmund e Walvis Bay pela nacional B2 da Namíbia, um calor abafador em sua máxima potência…
Hoje foi assim!
O Soba T´Chingange
CINZAS DO TEMPO – 07.06.2017 - REFLEXÕES NUM GUARDANAPO DE PAPEL (grande e amarelo!) - Não há maior religião do que a verdade! Somos o que somos enquanto o somos!
MALAMBA: É a palavra.
As escolhas de T´Chingange
Por
Antonio José Canhoto
Os caminhos da vida cruzam e descruzam pessoas, proporcionam encontros e desencontros que podem levar a amores e desamores, a violências, parafilias sexuais, retaliações, vinganças, casamentos, divórcios, separações, paixões escaldantes e arrebatadoras, obsessões doentias e perigosas ou suicídios. A vida junta e afasta pessoas independentemente da raça, ou credo e assiste impávida e serena, ao desgaste, erosão e convulsões dos relacionamentos humanos, às alegrias, desgostos ou dramas que afectam a humanidade. A vida temporal decorre há milénios umas vezes mais plácida e serena do que outras, mas em qualquer delas nunca nos podemos esquecer que o mundo tem armas muito poderosas para nos destruir sem que a humanidade possa intervir, chegando eu a pensar que em muitas das vezes em que a sua ira nos é mostrada são avisos.
As retaliações de como nós os humanos sem critério ou rigor abusamos do privilégio de podermos habitar algo que nos foi oferecido numa bandeja sem condições ou critérios. Elas surgem! O mundo faz-me lembrar um dote que os noivos recebem em forma de casa completamente mobilada e equipada, cuja sua obrigação é nela habitar zelando pela sua manutenção e conservação. Contudo nós terráqueos não temos sido dignos de habitar este paradisíaco éden pela forma descuidada e criminosa como o usamos.
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E, sem dele cuidar para que gerações futuras possam ainda nele ter alguma qualidade de vida. Era esperado que este jardim ou horta continuasse a ser plantado e fosse cuidado, regado e podado como se fizesse parte da casa onde habitamos. Infelizmente o homem em relação ao planeta terra tem mostrado o pior dos seus instintos destruidores tratando-o de forma esclavagista e não lhe concedendo quaisquer direitos básicos de protecção. Assim como existe uma Declaração Universal dos Direitos do Homem deveria existir o mesmo tipo de direitos para o planeta Terra.
O mundo onde vivemos foi-nos concedido nele habitar, gerir e cuidar como se fosse um Protectorado por quem o criou, tenha sido pelo processo Criacionista ou Evolucionista. Cabe a nós mortais trata-lo, alimenta-lo, usa-lo, gasta-lo, aliena-lo, vende-lo, empresta-lo, aluga-lo, hipoteca-lo de uma forma discricionária e de conformidade com as nossas opções ou necessidades do momento. O mundo é implacável, não tem filhos eleitos ou enteados, não se deixa subornar pois é incorruptível, nem dá tratamentos preferenciais a ninguém. Portanto, perante ele, apenas somos seres, que quando nos tornamos ciclicamente excedentários e começamos a ameaçar o equilíbrio demográfico, torna-se necessários remover ou eliminar a quantidade que começa a desequilibrar os pratos da balança.
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Para que isso aconteça as leis que gerem o Universo vão assistindo de forma imperturbável e passiva aos desmandos dos humanos, mostrando ocasionalmente a sua ira, raiva e revolta através de cataclismos expressos por manifestações climatéricas, terrestres ou marítimas agrestes e violentas deixando rastos de destruição indescritíveis nas áreas geográficas onde decide exercer e retaliar pelos desmandos que a humanidade faz nas suas entranhas. Por vezes em minutos, o trabalho e investimentos de anos de labor e suor vertido na edificação de melhores condições de vida para aqueles que nela habitam são arrasados pela ferocidade com que os elementos da natureza nos atingem vergando a espinha dorsal da humanidade e, colocando-a de joelhos a pedir clemência.
Muita gente tem de morrer para que não nos comecemos a comer uns aos outros pela falta de bens básicos de consumo, que cheguem para alimentar tanta gente. Estas leis imutáveis com que a natureza ocasionalmente nos brinda, nada nem ninguém as pode alterar, mudar ou controlar e muitas são difíceis de prever ou antecipar. Contudo a humanidade e a ciência evoluíram ao ponto de poderem detectar com alguma antecedência certos fenómenos para que os danos sejam minimizados e as pessoas protegidas. Existem várias maneiras de estar na vida e no mundo, como motor ou como carga, uns fazem-no avançar, pular e saltar com grandes descobertas, uns fazem história porque nela intervieram outros apenas a lêem.
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Uma minoria passará a ser recordada para todo o sempre, outros serão esquecidos mesmo antes de fisicamente morrerem. Uns vivem a vida de uma forma contemplativa desprovidos de bens materiais entregues á meditação de se elevarem para estágios da terceira visão. Outros nascem sobre o signo do fatalismo e mantêm-se num estado letárgico de imobilismo quase permanente queixando-se de tudo e de todos desistindo às primeiras adversidades, entregando-se sem luta ou rendendo-se cobardemente às primeiras investidas da vida, quando esta os contempla ou confronta com desafios, agruras, desapontamentos, desilusões ou lhes bate à porta com más notícias.
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Há quem viva a sua existência intensamente até às últimas consequências como se o mundo acabasse no minuto seguinte. Para os parasitas e sanguessugas da sociedade, que apenas ocupam espaço, e respiram o oxigénio tão necessário a todos aqueles que labutam de sol a sol, a morte deveria estar mais atenta e não ser tão condescendente com estes párias da sociedade. O mundo no seu movimento de rotação e translação não para, não espera, não adia a sua marcha inexorável para que os atrasados ou lentos acelerem o passo a fim de acompanhar o seu ritmo, ou que desistam desmotivados pelos revezes do destino. O mundo não se compadece das nossas quedas, ou das opções erradas que tomamos, nem dos períodos de convalescença ou de reflexão de que precisamos para recuperar fisicamente ou para redefinirmos posicionamentos perante a nossa forma de estar no mundo.
O Mundo ou a sociedade segue o seu destino de uma forma implacável, indiferente aos problemas humanos, estatuto social ou financeiro; todos iremos morder o pó ou o fogo consoante a forma como desejarmos dispor do nosso bem-amado esqueleto. Quanto maior for a nossa tendência para pouparmos dinheiro ou energia física pelo desgaste vivencial pensando com isso que por cá andaremos mais tempo que os outros - é puro engano! Todos deveríamos gozar a vida diariamente e usufruir daquilo que ela tem de bom para nos oferecer, e algumas até de forma gratuita, como seja por exemplo o nascer ou pôr-do-sol as fases da lua, constelações, sol da meia-noite, e as belas paisagens de algumas regiões do globo, ou a imprevisibilidade de nos cruzarmos com pessoas interessantes…
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Uma pequena queda, pode como num texto longo como este, mudar o curso da estória de nossas vidas. Adiar o presente é comprometer o futuro, por isso, não devemos arranjar desculpas para evitar viver o dia de hoje, adiando para melhor altura a continuação de viver a vida. Diariamente esta confronta-nos com todo o tipo de desafios, tentações, oportunidades que nos levam a ter que pensar, escolher, decidir quais as melhores opções a tomar perante as diferentes situações que se nos deparam, sendo algumas delas de decisão imediata que não nos permitem dormir sobre as mesmas.
A vida é uma faca de dois gumes; quanto menos nos expusermos a ser cortados tanto melhor, pois os golpes tanto podem ser superficiais como profundos os quais podem deixar marcas difíceis de sarar e cicatrizar. Compete-nos minimizar o risco sem que com isso tenhamos que nos demitir de viver a vida, resguardando-nos no nosso casulo e só saindo á rua em carro blindado, colete á prova de bala, com um regimento de guarda-costas e com médico na comitiva. É imperativo que sejamos cautelosos, previdentes, ter senso comum e alguma sorte, pois os riscos de cairmos nas ciladas, minas e armadilhas da vida podem acontecer a qualquer um, menos preparado ou prevenido causando-nos incapacidades de curto, médio ou longo prazo.
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Nossa vida pode ser longa ou curta, e sobre isso não temos grande poder de decisão, mas por outro lado temos a possibilidade de a não provocar ou desafiar incorrendo em riscos desnecessários ou estúpidos de querer provar a nossa imortalidade, por pensarmos que somos superdotados ou nascemos sob uma boa estrela que nos protege e ilumina – Lérias! Não convoquemos ou exorcizemos demónios que não podemos controlar, nem aceitemos desafios que sabemos de antemão não poder vencer por falta de aptidões comparativamente com as do nosso oponente.
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Que ninguém pense que a vitória ou derrota é apenas alicerçada no factor sorte, pois a avaliação é feita em disciplinas de competência, rigor e conhecimento. Que ninguém tenha a veleidade de pensar que pode controlar o ciclo da vida, e muito menos sair vencedor das batalhas que com ela temos desde que somos trazidos ao mundo. Podemos sim, ganhar algumas delas, mas a guerra final, essa sempre a perdemos na hora em que nos finamos. Finalizamos!
A vida concede-nos o privilégio de decidir se queremos viver na sua faixa rápida ou lenta, ou ainda a de ficarmos parados com o sinal de genuína ou falsa avaria, ou nas zonas de descanso por tempo indeterminado sem correr qualquer tipo de risco, vendo cobardemente a vida passar por termos receio e medo de a viver. Com esse tipo de atitude, apenas nos resta esperar que num certo dia acontece o ciclo acabar; que venha corrigir um erro da própria vida que foi o de nos ter feito nascer. Somos uma ilusão!
Texto escrito a 1-4-2014 por Canhoto
Ilustrações de Assunção Roxo e Costa Araújo
Eu, Soba Niassalês, T´Chingange, homologuei-o
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
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KIMANGOLA
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