NAS FRINCHAS DO TEMPO - POTHOLES . III
- 27.07.2017 – Da minha mochila - Aqui no Pilanesberg de África, apaziguando rijezas adversas, perfilando anjos com a singularidade do mundo … Juro que ainda estou intrigado com esta ukamba (amizade)!
Potholes são buracos
Por
T´Chingange
Estamos em Grascop! Por termos visto uma tão grande variedade de animais em Pilansberg decidimos não ir ao Kruger Park o maior santuário de animais. Acabamos por nos distrair ao longo das montanhas e vendo mais duas quedas de água; a Forest Falls e a Mac Mac Pools, ambas situadas antes de chegar à pequena cidade de Sabie descendo para Sul. Também visitamos uma outra seguindo para nascente que o mapa refere como ficando perto da R 37 a quem eu baptizei com o nome de Sabie Pools.
A Sabie Pools é extraordinária porque a água faz um véu de noiva; cai de uns cinquenta metros de altura, de uns penhascos bem salientes e aonde nós podemos andar parcialmente por detrás ou ficar mesmo por debaixo enquanto as atrás descritas só podem ser apreciadas desde o topo. A vegetação aqui é luxuriante e tem lianas que se desprendem do penhasco para vir beber a água na base e contorcendo-se como lianas moveis.
:::::
Gostei particularmente desta queda por termos oportunidade de nos metermos nela; O frio da água é que nos impediu de ali ficar um tempo mais dilatado. Neste lugar de montanha pode apreciar-se os quarteirões bem definidos de matas de criptomérias, um pinheiro também muito abundante nas ilhas dos Açores e na Ilha de Tenerife de Canárias.
É aqui lugar de muita serração, de casas feitas de madeira em tronco ou tábuas na forma de rés-do-chão e também de primeiro andar. Tudo preparado para voltar a Johannesburg em Benoni nossa base de encontro com a família africana. Habituado às sestas preguiçosas no zurzir do vento fresco nas aceradas folhas de altos bambus, ao viver amplo de paraíso como aqui, embalado na rede pela vibração cheirosa do jasmim, sapoti e mata lagunar dum brasil distante, posso aqui imaginar-me um Tarzan mais genuíno jiboiando-me nestas lianas africanas de Sabie.
:::::
Embora seja vigiado por alguns exóticos pássaros desta mata, não fico impedido por seus guinchos mais o canto da cigarra em um outro lado do mundo, aonde os trémulos horizontes de verdura bocejam o ar com embondeiros suplicando água ao céu. Um homem precisa de sonhar e, assim com abundância de enxúndias até se sonha com antigas realezas de N´gola voando e piando, como um gavião.
Neste trecho de sonho não requisitado, lugares e tempo, deslocaram-se no espaço confundindo os momentos próprios do acontecido e, foi como nas margens do Kwanza, o rio dos Mwene N´golas que as kiandas de Massangano me explicaram em sonho, ser aquele o rio da sua integridade. Foi então que meio atordoado neste lugar do Sabie Falls, vi a ela a N´Zinga saindo solene da rocha da falésia.
:::::
Com seus lábios grossos e olhos vivazes transpirando rudeza diferente, balbuciou-me um Nga Sakidilá! (Obrigado). Juro que ainda estou intrigado com esta ukamba (amizade)! Aqui neste lugar tão distante da Matamba. Os dias passaram; nos dias sequentes falando com um sungadibengo (mulato) da Cidade do Cabo de nome Oliveira me disse que seu avô Tuga Olivera da Gama lhe tinha dito que naquele lugar do Sabie havia muito gente de mistério refugiados nas grutas de Sudwala Caves.
Intrigado foi-me dizendo que ali a escassos quilómetros de Nelspruit de Mpumalanga havia em tempos, gente refugiada nas grutas que tinham um kazumbi tão forte que até guardavam a morte no sovaco. Bem! Quando lá entrei, havia realmente um forte cheiro a catinga. Catinga que já cheirava a cadáver mas aquilo eram estromatólitos colados ao tecto, um pouco diferente das estalactites ou estalagmites. Mas o certo é que havia sim, uma imagem em um grande salão com o nome de Nossa Senhora da Muxima. Para uns já era de Lourdes e para outros de Nossa Senhora de Fátima.
Por serem fósseis tão antigos, pensa-se que sejam testemunha dos primeiros organismos a realizar a fotossíntese oxigênica, responsáveis pelo gás oxigénio que surgiu no planeta há cerca de 3,5 bilhões de anos.
:::::
Porém, a definição exacta de ainda é discutida podendo, por exemplo, excluir estruturas como oncólitos e trombólitos da lista dos estromatólitos. Compõem-se também de carbonatos calcita e dolomita. São formados a partir de uma sucessão de estágios, partindo de esteira microbiana, estromatólito estratiforme, para finalmente se consolidarem em uma rocha. Mas, o povo sempre acredita no que bem quer.
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO - POTHOLES . II
- 26.07.2017 - Da minha mochila. Aqui no Pilanesberg de África, apaziguando rijezas adversas, perfilando anjos com a singularidade do mundo …
Potholes são buracos
Por
T´Chingange
Estamos em Grascop - terras altas d M´Pumalanga com serras e grandes sulcos; terra escandalosamente fria e verde. Vamos ver o Pinnackle, Jack´s View, God´s Window, Wander View, vistas largas com rios a correr lá no fundo do vale. Depois veremos as quedas de água de Berlin Falls e Lisboa Falls. Talvez vejamos o Blyd River Canyon na Nature Reserve e o Bourk´s Luck Potholes. E, por falar em buracos aqui chamados de Potholes, terei de mencionar as agruras para chegarmos aqui pelas R 536, R 555, R 37 e R 577, autentico suplício para os automobilistas.
Não aconselho ninguém a passar por ali e de noite ou a chover porque os medonhos buracos surgem e, são de fazer perder a paciência ao mais calmo cidadão. Estamos em áfrica disse-me uma senhora no restaurante wimpy de Lydenburg - This is África, como que a dizer-nos ser aqui tudo possível acontecer. Eu até perguntei do porquê meterem sinais verticais a indicarem “buracos” quando os deveriam tapar: Ela encolheu os ombros acabando por dizer ser isto exótico ou a verba para os tapar tenha sido desviada para a mansão do presidente N´Zuma.
:::::
Bem! Eu andei por aqui há dezoito anos atrás e já existiam estes malditos Potholes. Terei de acreditar que todos gostam deste exotismo porque na desportiva passam por mim lançados em carrinhas altas de 4x4 com tracção às quatro rodas. Lá terei de concordar “This is áfrica”.
Em Roossekal ficamos em uma tenda do tipo caçador de elefantes em Botswana, assim como uma cena de filme, no meio dum arvoredo fechado tendo um lago com patos e peixes, bem em frente dela. Assim, em cima de um estrado de ripas e com frinchas bem largas, tivemos de nos proteger bem de noite porque a temperatura desceu aos dois graus. Nem sei como os bois e outros animais destas farmes conseguem resistir a tanto frio.
:::::
Fomos ver o Windows God´s pela R 532 que, também está estava muito cheia de Potholes. Com cuidado lá fomos a Lisboa Folls e Berlin Falls; as mudanças de agora para há dezoito anos atrás é a de que tivemos de pagar 10 randes pelo carro para ver as falls (quedas de água). E é assim, agora todos estes sítios de interesse turístico têem uma taxa mas, as infraestruturas só se limitam á casa do fiscal e quartos de banho.
No dia 27 de Julho de 2017 vistamos o Blyd River Canyon no lugar d Burker´s Luck Potholes. Encontrei aqui infra-estruturas mais completas, com área de alimentação mas o preço que naquele então era de cinco randes por pessoa, hoje custou dez vezes mais, ou seja 50 randes. O canyon contínua deslumbrante com largas vistas de falésias abruptas e fundos vales descendo até um afluente do rio Klaserie que por sua vez, vai desaguar ao rio dos elefantes.
:::::
Os Luck Potholes são ravinas em rocha furada e desgastada pela água ao longo de milhares de anos. As forças da natureza fizeram ali caprichosos buracos devido ao tipo de rocha como sendo esculturas da natureza. Escrevo isto na rua President Street nº 71, Casa Beansa Chalez, lugar de maravilha situado bem no centro de Graskop.
Revendo agora e nesta tranquila cidade os animais que vimos na reserva de Pilanesberg, posso aqui enumera-los: - girafa, manada de springbooks, muitos bandos de galinhas de angola e perdizes, bâmbis, facocheros, zebras, gnus, kudus, chacais, rinocerontes, muitas impalas, mangustos, bukarbush, elefantes, hipopótamos, waterbugs, jacarés, chita com três filhotes comendo uma impala, macacos, babuínos, leões, palanca preta e avestruzes.
:::::
Não tivemos a sorte de ver búfalos e, porque também andavam por sítios de difícil acesso ao VW com que íamos; simplesmente não quis arriscar afastar-me em demasia dos principais trilhos. Leopardos é sempre difícil encontra-los e só mesmo os guias conseguem chegar até eles por terem o detector de sinal pelas coleiras que usam. Não fiquei desapontado pois que nem sempre no Kruger Park se vê esta tal quantidade de animais.
(Continua…)
O Soba TChingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO - POTHOLES . I
- 24.07.2017 – Da minha mochila. Aqui no Pilanesberg de África, apaziguando rijezas adversas, perfilando anjos com a singularidade do mundo …
Potholes são buracos
Por
T´Chingange
Saímos de Pilansberg às 10 horas depois de tomarmos o café da manhã, o breakfast com ovos e esparregado de espinafre e borrabwós, umas salsichas de búfalo e torradas de pão integral. Depois de três horas e meia de caminho pela R 516, R33 e R555 chegamos a uma aldeia característica do Limpopo, casas dispersas construídas com os materiais mais diversos. Chapas de zinco dos lados e em cima com pedras ou pneus a dar suporte; Tudo serviu na construção daquelas barracas podendo deduzir-se serem algumas feitas de tambores de gasóleo cortadas e achatadas a marreta.
Vistas de longe parece uma favela desordenada cruzada com ruas de terra, mal definidas, cubatas primitivas se a confrontar com as luxosas casas de Bela-Bela, Johannesburg ou outra cidade de maior destaque. Mas também as vi ao longo de largas vias em plena cidade de Johannesburg. Em um dia que nos deslocamos ao Casino Carnival City sobressaltei-me com o fumo que soprava daquelas casas e reparei depois que este saia das frinchas daquelas casas insalubres, com um simples janelo ou mesmo nada ao redor delas (uma casa um fogo de lenha)
:::::
Foi-me dito que ali mora gente saída do Zimbabwé, do Malawi, de Moçambique; gente aos milhares senão milhões que correm para a África do Sul na esperança de aqui encontrarem trabalho. Um mulungo (branco) empresário ou dono de farm (fazenda) que lhe dê trabalho. Nunca vi isto em Angola; ali os musseques eram disciplinados e as cubatas eram feitas de adobe ou de taipa, tinham janelas e as portas não eram umas simples chapas de zinco presas por uns arames, como aqui.
Mas, diga-se que também vi grandes mansões em lugares de destaque, propriedade de negros, um pouco por todo o Johannesburg e outras cidades. Vi brancos a pedir esmola nas ruas tal como negros, atirando bolas ao ar e até descalços, mal cuidados; creio que a viverem entre papelões e jornais nas sacadas dos lugares comerciais mais centrais. A cada cinquenta metros em um centro de cidade ou centro comercial há um branco ou preto a dar indicações de arrumação a troco de uns cinco randes. Nunca em anos anteriores, tinha visto tamanha proliferação de carências humanas aqui na África do Sul.
:::::
Em nossa viagem e depois de Rossenekal na R 555 e R532 viramos por uma estrada de terra bem ruim para o turismo alugado que levávamos, com ondinhas e pedras soltas, picada própria para um four-by-four e após 10 quilómetros chegamos ao Valley of the Rainbow, uma farm com tendas de lona junto a uma lagoa e situada na encosta arborizada de um morro. O escudo do Valley tem três gansos e três peixes, lugar certo para observar aves, e ficar ali por horas à pesca.
O Witpport River passa ao lado envolto com árvores de grande porte; e, foi aqui que ficamos na rustic-tent nº um assente em uma base, ripados de madeira com gretas de quase centímetro. Era bem ampla com uma varanda e um avançado também de lona com uma churrasqueira de fazer ali o característico brai, um quarto amplo com quatro camas e uma grande casa de banho com água quente e fria. Na varanda havia um armário fechado com os apetrechos de cozinha tais como torradeira, máquina de café, garfos, facas e pratos variados. Também tinha um frigorífico e cinco cadeirões com uma mesa central.
:::::
Havia café e chá rooibos em sacos assim como açúcar e a respectiva cafeteira de aquecer água para as habituais sopas pré-feitas e as papas de mitabix. Estávamos num rústico sítio fresco de verão, mas demasiado frio para estas noites de agosto a chegar aos menos 4 graus. Esta temperatura foi sendo suportada com três pares de meias e camisas grossas de algodão. E, foi assim que todos dormímos envoltos em flanelas e sacos cama.
Chegamos aqui ao Rustic-Camp do Valley of the Rainbow perfazendo 999 quilómetros de viagem vindo pela R 555 e chegando exactamente às 4.44 horas, dezasseis minutos antes de fecharem a recepção; 444+555=999. Parece até uma estória de cabalística, uma numerológica visão revista em astrologia pela minha neta Lara Mendes Monteiro quase a completar os 16 anos. Uma neta muito cheia de sabe-tudo que me fazia rodar os neurónios amiudadamente e me punha os zingarelhos descontrolados.
:::::
O custo da tented-challet ficou em 750 randes, o correspondente a uns cinquenta €uros, um preço aceitável! Não tinha intensão de voltar aqueles dez quilómetros por aquele caminho horrível de noite e sem booking em outro qualquer lugar! Aventura é aventura! Sempre sucedem coisas diferentes e, não previstas nos planos B ou C.
Como disse, acabamos por dormir vestidos, com os tais três pares de meias e deixando as malas e sacolas no VW Up Wite alugado no First Car Rent de Rynfield de Benoni. Há oito dias que andamos sem internet mas usando os dados moveis (data) para através do Smarthpone 0636.1696.03 da Vodacom podermos ter O GPS e mapas. Nosso destino é Grascop, terras altas de largas e bonitas vistas não muito longe do Kruger Park.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
MUXOXO DESTE DIA - 19.10.2017
Muxoxo é um clique sonoro! Cole a língua dobrada ao palato (céu da boca) e num repentemente abra a boca. Isto é um muxoxo!
:::::
Desde Agosto de 2017 que ando às voltas com o meu ADN de T´Chingange perdido no buraco de kimberley lá nesse misterioso deserto do Calahári. Só hoje, num encontro com N´Dalatando, meu bruxo kimbanda, reencontrei meu enfeitiçado vulto! De novo brilhou o diamante entre os búzios atirados com mestria. Como numa galáxia surgiu brilhando de novo.Terei agora de recolher os dados, os ossinhos antigos, moldar o kota soba e repor minhas verdades e inventaçõs no lugar.
Sem a preocupação gramatical, com o sujeito cutucando o verbo mais o predicado…, sem a métrica do fado, uma emergência confusa deste tempo, sem a rima versejada, a metáfora triste e saudosa e, de alma torturada retornei no meio de labareas colando tristezas minha e alheias no meu coração.
Sem pátria idolatrada, jogando búzios na zuela do feitiço, sem algum esforço intelectual, remexendo panelas de sarapatel e cozido português de forma encarquilhada amolei-me com estas tiçadas de negro. Muito me convenço da inutilidade das bagatelas que nos preenchem o dia. Sem ser convocado, assisti pela televisão à queimada do M´Puto. Tristeza! E, acerca disto, tenho até medo de comentar disparates pelo que só posso responder sem entusiasmo, refugiando-me atrás do balcão de minha modesta venda de precariedades.
:::::
Fazer trocadilhos, cortar toucinho, metê-lo num pão, acompanhar isto com uma cerveja e ficar no silêncio das falas porque, não posso mentir a mim mesmo! Algo anda mal neste mundo cão. E, se calhar todos temos culpas a começar pelo D. Diniz.
Irá chegar o tempo em que não mais me preocuparei com as parvoíces da terra mas, por agora, terei de ouvir os mexericos, os muxoxos dos críticos, das alfinetadas de comentadores, devaneios e futilidades consumindo a gente.
Horas a fio - gente que pendura em seu ego piadas de engasgo, gesticulando até coisas com rezas insólitas nas redes sociais. Será! Será que a marreta que atormenta a cavilha com pancadas, o fará mais seguro e mais forte? Termino assim com uma hodierna interrogação, vulgarizando-me na coragem da metáfora, porque nem de tudo podemos ter resposta, nem a tudo podemos responder. Sei de antemão que as lágrimas não se cristalizam, quando sempre lamuriamos. Fica o muxoxo!
Em terras de Cruzios...
A mensagem chegou assim da galáxia: - Grande Soba, já afinei a máquina e acertei o relógio, parece que está tudo a funcionar, grande abraço! N´Dalatando - Foi o recomeço...
O Soba T´Chingange
Grande Soba, já afinei a máquina e acertei o relógio, parece que está tudo a funcionar
grande abraço
N´Dalatando
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA