OSCAR RIBAS . PAI DA KIZOMBA
–Minguito e sua concertina"…31.07.2018
Por
T´Chingange - No M´Puto - Algarve
De José Sousa - Vivi em Angola até aos 23 anos, nas fazendas do Amboim nos arredores da Gabela. Nunca convivi com brancos e os meus amigos eram os negros que entraram em meu coração e fizeram de mim um apaixonado nato pela "Tonga" "Anharas" e "Selvas".
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Eu estou com meu corpo em Portugal mas meu coração ficou lá! Nas Sextas-feiras e Sábados à noite eles faziam farra lá na sanzala com um gira-discos movido a pilhas. O primeiro single que comprei do Minguito era o "Brinca na areia". Tinha uma grande colecção de musica angolana, Encontro todas no youtube menos as do Minguito ou do Zé Viola! Que pena! (Agora - Julho de 2018 já …)
Minguito de 1967, ano da sua estreia no N´gola Cine, até 1970, faz uma carreira a solo marcada por canções que acusam uma forte influência do cancioneiro popular do Bengo. Gravou mais tarde com o agrupamento “África Ritmos”, duas das suas primeiras canções: “Minguito meu amor” e “Há inveja no mundo”.
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Após 1970, com a fundação do trio "Os Três Jovens", formado por João Dias (percussão) e Mano Picas (dikanza), ficou marcado pelas canções “Minguito em Angola”, “Minguito na Harmónica” e “Os três jovens”; a última, é uma canção que enaltece o valor do seu próprio trio.
Dos anos de 1970 até 1975, Minguito enaltece sua própria figura com o conjunto os Kiezos, “Ngandala ku n´ganhala ò fuma”, “Várias moças de Luanda”, “N´gui mona mi kima”, “Bangú Muna Ditari” e “Eme n´gó Kofele”. De 1975 até 1980, Minguito opta por canções de pendor interventivo.
Regista, com o conjunto “Merengues”, de Carlitos Vieira Dias, as canções “N´gi kalakala mivu ioso”, “Pensando Conforme o Tempo”, “Quinze dias na RDA” e “Kwanza”. Nesta última, celebra a troca da moeda colonial, o escudo, pelo kwanza, a moeda da independência. Minguito, de lamento em lamento, veio a falecer no dia 28 de Junho de 1995, numa quarta-feira, na mais deplorável e incompreensível indigência.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
FRINCHAS DA VIDA – 30.07.2018
VIVER OU EXISTIR - Óscar Wilde dizia: “Viver é a coisa mais rara e difícil do mundo, a maioria das pessoas apenas existe”
Por
António José CANHOTO... Um polémico cronista saído da Luua, que tem o diabo à perna...
As escolhas de T´Chingange
Óscar Wilde dizia: “Viver é a coisa mais rara e difícil do mundo, a maioria das pessoas apenas existe, Por sua vez o filósofo Francês Rene Descartes afirmava “Cogito Ergo Sum” que traduzido do latim significa “Se penso logo existo”. Esta máxima dá origem a duas situações distintas, há pessoas que existem porque pensam e há pessoas que apenas existem, mas cujas capacidades cognitivas são inexistentes, portanto na minha opinião é o que separa estes dois verbos.
Viver implica viajar, ler, evoluir, ter brilho nos olhos, sorriso nos lábios e emoções no coração, não se deixar escravizar por doutrinas ou ideologias, hábitos ou vícios, ter pensamento próprio e rejeitar tornar-se seguidista ou prosélito, enriquecer o seu património cultural, arriscar o certo pelo incerto, nunca desistir antes de começar qualquer projecto, parar de sonhar maldizendo sempre a sua má sorte queixando-se que a chuva, vento, neve ou granizo justificam o seu imobilismo, não ter coragem para quebrar rotinas, tornar-se religioso com medo da morte esquecendo-se de que estar vivo exige um esforço muito maior do que apenas respirar para existir.
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O segredo da existência humana não reside apenas em viver, mas saber-se para que se vive. Acho que a maior tristeza para quem não vive a vida é morrer-se vivo. Só há duas formas de viver, uma é revisitar o passado e vasculhar no baú das recordações, a outra é projectar o futuro planeando e sonhando. Viver e existir não andam de mãos dadas nem se encontram dentro dos mesmos parâmetros vivenciais, para existir basta respirar e estar vivo enquanto para viver é preciso pensar, reagir, ginasticar o corpo e a mente alimentando os nossos neurónios com problemas que os levem a cogitar e não viver hibernado.
Pensar permite-nos tomar opções, escolher caminhos, definir o nosso posicionamento e lugar no mundo, mantendo um distanciamento independente, saudável e periférico, sem filiações ou crenças em nada ou ninguém. Não é apenas por respirarmos que todos os seres humanos existem, há pessoas que nascem, vivem e morrem sem nunca terem sabido o que era viver, existiram como se tivessem nascido nado-mortos.
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Viver exige sangue, suor e lágrimas, implica aprender, e para ser aprendiz, é preciso humildade para reconhecer a própria ignorância. Viver implica educar-se, instruir-se e preparar-se o melhor possível para enfrentar a vida com sucesso em todos os aspectos com que somos diariamente confrontados. Precisamos de experimentar a angústia de saber-se iluminado sem nos sentirmos a luz do mundo, vivenciar as dores e venturas de sentir-se completo sem poder ser pleno.
Viver implica dinâmicas de movimento, e não há movimento sem esforço e atrito. Para existir, basta estar plantado como uma árvore, inerte, deixar que o nosso corpo se movimente automatizado, tipo robot. Para vivermos em toda a plenitude, é preciso que nos entreguemos, por inteiro, sem condicionalismos ou reticências. Para existir basta ter um coração que bombeie o sangue para as várias partes do corpo e isso tanto pode acontecer quando estamos no pleno uso das nossas faculdades ou em coma vegetativo.
Ilustrações de Cota Araújo Araújo
António J. Canhoto . 29-7-2018
ALGUMAS REGRAS DE VIDA - 30.07.2018
UNGAMBIKULA deus aborígene criou o homem a partir da bolha - TRACEL deus Maia que criou o homem do milho 2ª de 2 Partes
As escolhas do Kimbo
Por António José CANHOTO... Um polémico cronista saído da Luua, que tem o diabo à perna...
(...) ODIN deus Nórdico que criou o homem de um freixo. JAVE Judaico/Cristão criou o homem do barro/pó. PROMETEU deus Grego criou o homem da argila. RÁ deus sol Egípcio criou o homem de suor/lagrimas. VIRACOCHA deus Inca criou o homem da pedra. MBOMBO deus da Africa Central criou o homem do vómito.
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UNGAMBIKULA deus aborígene criou o homem a partir da bolha. NUWA deus Chinês criou o homem da lama. OBATALÁ, deus Yoruba criou o homem do barro. ALÁ deus muçulmano criou o homem de esperma/pó/água/coágulo/barro. COYOTE, deus Indio Norte Americano criou o homem do galho.
A minha função bem como a de qualquer historiador é a de lembrar às sociedades espalhas pelo mundo aquilo que por vezes por vergonha, desconhecimento, ignorância ou crença querem ignorar ou esquecer. Há muita gente que sofre do complexo de epistemologia, ou seja, o medo do conhecimento. O mesmo depois de adquirido por necessidade, questionamento ou acidentalmente pode eventualmente destruir e arrasar com todas as crendices ou superstições que essa pessoa possa ter.
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Todos nós em diversas fases da vida fomos doutrinados pelos profetas e pregadores que vendem a banha da cobra politica ou religiosa. Uns absorvem-na mais rapidamente que outros mais renitentes, tudo depende da escuridão ou luz em que vivem os seus cérebros. Na minha opinião o estupro cerebral e mental e tão ou mais violento do que o sexual. Muitas pessoas sofrem de depressão devido ao seu excesso de passado que dificilmente esquecem, outras vivem em stresse permanente devido á forma intensa e violenta como vivem o presente e finalmente há aqueles que vivem permanentemente em ansiedade pelo excesso de pensarem no futuro.
O maior medo psicótico da humanidade é ousarem abrir a cortina do conhecimento o que poucos têm coragem de o fazer como medo de se auto-excluírem do paraíso pela morte e descobrirem que tudo em que falsamente acreditaram durante toda as suas vidas nunca existiu. Para todos os religiosos que seguem devotadamente as mais de 100 religiões que se abrigam debaixo do chapéu do cristianismo afirmam convictamente que o seu deus lhes concedeu o livre arbítrio.
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Agora muito ingenuamente, pergunto que livre arbítrio é esse quando o mesmo está restrito a duas únicas opções: Seguirem deus e ir para o céu, ou desobedecer ás suas leis ir irem parar com o coirão no inferno. Nietzsche dizia com certa propriedade no seu romance “O Anticristo”, “que aqueles que eram vistos a dançar eram considerados loucos por aqueles que não tinham a capacidade de conseguirem ouvir a música”.
Este pensamento demonstra que todos aqueles que fogem ao unanimismo do pensamento são considerados divergentes perante os olhos da sociedade, das seitas, tribos, confissões religiosas, partidos políticos que os catalogam como perigosos. Estes refractários ou dissidentes tresmalhados podem contaminar o rebanho que vive proibido de pensar ou questionar, pois quem tem o atrevimento de o fazer acaba sempre por ser expulso do rebanho aonde não pode ou deve haver ovelhas negras.
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Para alguém renascer terá que deixar-se morrer, se alguém quer andar erecto tem que perder o hábito de se curvar ou ajoelhar subservientemente a outros homens ou deuses. Para alguém se alimentar intelectualmente de algo novo, refrescante, desafiante, impactante tem que esvaziar e reciclar da sua mente todo o lixo que aí foi acumulado ao longo dos anos pela escuridão em que viveram essas mentes.
A religião é sempre o refúgio do moralmente medroso e fraco, bem como do intelectualmente cobarde que receia em pânico ver a sua verdade destruída pela razão. A mentira estará condenada a existir enquanto houverem imbecis e idiotas que se sintam confortáveis em viver e dormir com ela.
António J. Canhoto – 10.09.2017
ALGUMAS REGRAS DE VIDA - 24.07.2018
UNGAMBIKULA deus aborígene criou o homem a partir da bolha… 1ª de 2 Partes
As escolhas de Kizomba
Por António José CANHOTO... Um polémico cronista saído da Luua, que tem o diabo à perna...
De T´Chingange: Escolho Canhoto porque tal como eu - ambos estamos na charneira da vida com uma escrita criativa, sem temor nem tremer, nem combinar com um qualquer marketing, tentando como um esquentador antigo, manter a chama piloto a falar do passado e, sempre com vontade de beijar o futuro…
Vou começar esta crónica citando José Saramago que usando uma metáfora dizia que é necessário sair da ilha para ver a ilha, ou seja que não nos vemos senão conseguirmos espiritualmente sairmos de dentro do nosso materialismo corporal para reflectidamente meditarmos sobre os ajustamentos que precisamos fazer para melhorarmos o nosso posicionamento e comportamento existencial.
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Podemos fugir de tudo e de todos, menos de nós próprios e, essa situação acontece quando nos auto aprisionamos dentro das nossas estupidas crenças e convicções que não passam de cordas religiosas com que nos ataram desde a nascença e das quais poucos se conseguem libertar durante a vida. Todos temos o privilégio de arrogantemente nos considerarmos livres para fazermos as nossas escolhas, mas seremos sempre prisioneiros das suas consequências.
Muitas das crenças em que acreditamos foram-nos impostas na tenra idade pelos nossos progenitores sem que tivéssemos opção de escolha. Nenhuma ideia, regra, dever ou lei se torna verdadeira porque alguém investido de autoridade eclesiástica ou política diz ser a verdade Universal. Quer essas pseudoverdades estejam escritas num livro chamado de “Bíblia” ou “Capital”. Acreditar é algo que não torna verdadeiro o que é mito mesmo que biliões de pessoas pensem de forma idêntica.
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Até que você se tornar consciente pelo conhecimento o seu inconsciente irá reger a sua vida á qual estupida e ignorantemente chamam de destino. Buda também um dia afirmou que a mente é a fonte da felicidade ou infelicidade ao que eu aditarei que será o nosso paraíso ou inferno consoante a forma como alienarmos as nossas vidas, particularmente quando passamos procurações para que terceiros decidam por nós transmutando-nos voluntariamente de seres humanos pensantes para marionetes.
A nossa hereditariedade é decidida biologicamente pelos nossos pais e geograficamente pelo local do mundo onde nascemos. De ambos herdamos opiniões, hábitos, tradições, culturas, crenças, rotinas mentais, estilos de vida, incluindo as roupas que vestimos e tudo isto acaba por definir a forma comportamental como nos moldam de acordo como pretendem que vivamos. A mente pode ser o nosso maior aliado ou inimigo e torna-se implacável, ditatorial e subjugadora no que pensamos, idealizamos, criamos, sentimos, atraímos e acreditamos mesmo que por vezes tudo não passe de onirismos e miragens.
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As pessoas são ingenuamente levadas a acreditar desde crianças em seres imaginários e histórias mirabolantes o que acontecerá enquanto não houver uma resposta inquestionável dada pela ciência que decifre a origem da vida ou do surgimento do Universo. Enquanto isso não acontecer haverão sempre espertos, vigaristas e gurus donos da verdade a criar deuses e religiões para as necessidades espirituais dos carentes e ingénuos que precisam dessas bengalas para se locomoverem pelos caminhos da vida.
Para mim, todas estas lendas e mitos religiosos são devidos a quatro perguntas sacramentais. 1ª- Como surgiu o Universo? 2ª- Como surgiu a vida? 3ª- Como se processou a evolução humana? 4º- O que existe após a morte? Nem a ciência ou a religião têm respostas aceitáveis para estas questões.
Os primeiros têm teorias, os segundos arrogantes e estupidamente afirmam indubitavelmente que têm certezas. Na minha modesta opinião quem afirmar que sabe a verdade mente descaradamente. Os crentes que vivem imbuídos pela cegueira da fé são inconscientemente desonestos devido à sua irracionalidade religiosa. Aqui vos deixo algo para seriamente meditarem sobre o que cada Divindade usou para criarem o homem de acordo com as diferentes mitologias que o tempo matou, mesmo antes da existência desta última conhecida por Santíssima Trindade.
(Continua…2ª de 2 Partes...)
António J. Canhoto – 10.09.2017
FRINCHAS DA VIDA – 23.07.2018
-Angústias de megalomania… Dentro da teoria do NADISMO; Um PRÓGNOSTICO que, nem é carne nem peixe – é NADA!
Por
T´Chingange - Na Quinta das Telheiras de Vila Real de Trás os Montes
Ando a revestir-me de uma armadura contra a megalomania daqueles que julgam possuir uma chave de abrir uma quelha que dá para várias galerias e, aceitando depois a arte natural feita pelas formigas, térmitas salalés, do kissonde ou, mesmo dos ácaros que tracem esculturas ou desenhos aleatórios nos húmus das paredes.
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Nos húmus das paredes ou também de nossa pele, tornando-os espíritos da liberdade, sacrificando-nos como cobaias como que uma sublimação a que Freud se refere, citando coisas da arte, da ciência, do desporto e da política; os mesmos feitos do salalé visando assim sublimação na criação artística.
Será assim que se opera a solicitação no imaginário!? E, então em qual húmus se vai desabrochar a imaginação? Qual o móbil através da qual a criatividade se transforma em criação? Sim! Em que virtude determinamos se, se vai escolher perante os tantos mistérios, quais os instrumentos e em que alicerces?
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Pois! Teremos assim e, em suma, o porquê do porque se destinam algumas pessoas à realização de obras plásticas e outras artes com ou sem o brilho fosfórico do imaginário, somando-se à criação de obras literárias!? Sim! E, de entre estas porque pertencerão algumas à teoria do esquecimento, do engano ou mesmo hipocrisia.
E, porque fazem poemas mentirosos de numa química misturarem angústias com amor só porque estupor, ruma com amor! Então e, afinal, quais as frágeis linhas decidirão a fronteira entre a exigência e os ensaios narcisistas? Serão as térmitas também narcisistas!? Não farão estas, parte das obras de Joana de Vasconcelos, um hino à futilidade! Que interesse poderá ter para alguém se na ida proálem, seu caixão leva ou não um penduricalho rendado.
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Serão as salalés e as suricatas representantes da fluidez de seus sonhos, se é que sonham! Este caminho louco da mais descarada arbitrariedade, leva-me à química mais natural da natureza, do NADISMO, pois que é daqui que tudo surge, um estranho paradoxo ou uma dinâmica ambígua da excitação, exsudando estigmas das alucinações ferozes ou inibições paralisantes, um gesto único de cada vez, como num coito.
Sendo assim, a natureza terá como lei a obtenção dos seus fins pelos meios mais económicos. Não se entende bem do porquê Aristóteles ter dito tão claramente que a arte é uma anti natureza! Claro que tenho dúvidas. Porque o NADA, surge-nos a partir dos mecanismos psíquicos da criação. Não é por acaso que só agora, no ano de dois mil e dezoito, se sabe que os neutrinos estão a quatro mil milhões de anos-luz e, vêm a até nós desde o NADA do Big Bem…
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Neutrinos que se escondem no NADA dos buracos negros e que nos trespassam literalmente. Digamos que os neutrinos são partículas elementares muito fugazes, que têm massa, carga eléctrica nula e que se interagem muito pouco com a matéria, incluindo o nosso corpo, que atravessam aos milhares de milhões por segundo sem grandes interacções. Por isso, a sua detecção ser tão difícil.
Os neutrinos do electrão são emitidos em enormes quantidades pelo Sol, onde são produzidos por reacções nucleares. À Terra chegam 65 mil milhões de neutrinos por segundo e por centímetro quadrado. Simplesmente espantoso! O NADISMO diz-nos que o que é falso na obscuridade, também o é em plena luz e, que o seu inverso também é verdadeiro.
Assim tolhidos pela dormente ineficiência do NADA, impõem-se-nos evidências tão terríveis que nos darão decerto novas formas de aconchego aos verdadeiros principios da vida! Ao longo de uma viagem através de culturas, de línguas, literaturas e eras, esta imagem só ficará, se ficar, uma teórica e diferente visão do nosso viver.
Ilustrações de Assunção Roxo
O Soba T´Chingange
TEMPOS QUENTES - 22.07.2018
– BOOKTIQUE DO LIVRO – II
No Muquitixe da Munenga vi as estrias duma kalax bem à frente dos olhos… Foi aqui que o FIM se começou a desenhar…
Xicululu: Mau-olhado
Por
T´Chingange, vulgo António Monteiro
Nas frinchas do tempo, reconheço o fim - Falei assim com a minha empregada de Campala do Uganda. Olha Mery, infelizmente, tive de reconhecer o fim quando ele chegou! Mary, olhou-me com uma ternura idêntica àquele de uma outra empregada chamada de Mariana que tivemos na cidade da Caála. Foi neste então que lhe falei daquela mulher bonita e culta saída da Missão Católica do Kuando, lugar que fica a caminho da Cidade do Kuito, antigo Silva Porto.
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Era ver Mariana fazendo seus deveres de casa com meu filho Marco (M´Fumo Manhanga) com menos de um ano, amarrado à sua cintura com um pano colorido e, com a esfinge de Mobutu Sesse Seco que tinha guardado ainda do tempo de tropa em Cabinda. De noite, ele, Marco que já andava, surripiava-se de nossa cama de casal ao encontro de sua Manana; era assim que ele a tratava! Quando reparávamos que já não estava, já o dia ia abrindo com o sol despontando do lado do Huambo, antiga Nova Lisboa. Morávamos na residência da escola primária, bem em frente à igreja de Robert Williams -Caála.
Mariana tinha toda a sua família em um bairro perto da Missão que visitávamos com alguma periodicidade; enquanto por ali estava com seus mais próximos, nós preenchíamos o tempo olhando as águas do lago da barragem que fornecia água à cidade do Huambo. Eram as cabeceiras do rio Kuando, o mesmo rio que visitei anos mais tarde no estremo da fronteira de Angola e, quando a caminho das Cataratas Victoria , bem no fim da faixa de Kaprivi.
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Mary escutava-me com atenção pois que entrecortadamente dava pormenores que muito tinham a ver com sua cultura m´Bantu do Uganda; ria ou acenava concordando com minhas falas já ressequidas nas anharas e vastidões do planalto central de N´Gola. Com emoção recordei o convite que fizemos a Mariana no intuito de ir connosco para a Luua via M´Puto na metrópole que, nem conhecíamos no rigor de vida - Ela não poderia deixar sua família desamparada.
Com ela ficou o nosso cão, um serra da estrela e um montão de imbambas e até algum dinheiro que já neste então de pouco valia. O fim andava rápido demais e, nós sem sabermos bem para onde ir, tendo já perdido o comboio de refugiados para a Namíbia, lá acabamos por ir para Luanda num avião da TAAG abandonando tudo em caixotes destinados a lugar nenhum porque, simplesmente, nunca chegaram.
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Barragens com tiros raivosos impediram por duas vezes sua passagem em Cacula, no cruzamento que ligava e liga o Planalto Central a Moçâmedes e Benguela. Foi assim que me contaram e assim vai ficar no pensamento até se dissipar no paralém. Só ficaram lembranças das gentes que como kissonde se dissiparam na geografia terreste formando a Diáspora que hoje conhecemos. Nunca mais tive notícias fidedignas dos amigos kamundongo da Junta Autónoma de Estradas entre outros. Só soube que Kalakata morreu de tiro. Passo à frente destes pormenores…
A pensar no como seria a vida lá na capital do Império, o M´Puto mal conhecido por nós antevia-se a solução mais plausível, menos sofrível, pensávamos assim ao som de granadas que rebentavam nos bairros, pela cidade, em todo o mato de Angola. A tempestade vingativa sobre os comerciantes fubeiros brancos subia de tom todos os dias. As raivas destes com os fubeiros e taxistas foram levadas em magotes de gente branca até o Palácio da Cidade Alta, lugar do Alto Comissário com mando do MFA.
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Esta gente-comerciantes, andavam excitados num demasiado medo; Eles que viviam nos musseques, bairros negros suburbanos, conviviam mal com sua fama de trapaceiros. Pouco a pouco foram sendo expulsos de suas casas e, por via do medo de musseque, as rajadas desenhavam angústias tracejantes em forma de balas zunidoras de burlar vontades. Vamos lá! Diziam uns aos outros…e foram.
Os desalojados eram às dezenas de milhar. Despojados de seus negócios foram pedir ajuda a um governo que se sabia pactuar com os enraivecidos e, tudo se tornava muito tarde sem uma escassa hipótese de retroceder. Sim! Já tudo era demasiado tarde. Mas mesmo assim e dentro do palácio fizeram o traidor Rosa Coutinho subir para uma mesa a resguardar-se de tanto punho com vontade de se tornar soco. Muita sorte teve de não levar um tiro nos cornos salvo seja.
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Aquele teatro de fingir guerra era uma inventação deste pulha, um desclassificado personagem a representar o MFA. Dando um pulo à frente na estória e, afim de não massacrar a minha empregada do Uganda, fui dizendo que tal e tal como o previsto dei comigo a fumar o medo e, num repente de assim dizer que se lixe, como todos os demais degluti o medo, comi-o! Olha, por agora não falo mais, disse eu a Mery de Campala.
Já cansado de esganar a saudade, de esganar a traição, de esganar a mentira daquela descolonização, ela deu-se conta e, sem enfado, muito pausadamente disse: - O seu azar, assim quase titubeando a verdade para não se ferir, o seu azar, notei a dificuldade de ir mais além; acenei-lhe assim-assim com o dedo indicador rodando, anda, desembucha! E, repete, o seu azar patrão… o seu azar foi ser branco! E, foi! Dei-lhe um abraço de agradecimento pela sua verdade…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
TEMPOS QUENTES - 20.07.2018
– BOOKTIQUE DO LIVRO - I
Xicululu: Mau-olhado
Por
T´Chingange, vulgo António Monteiro
Um Desafio de Maria João Sacagami
Livros em cima do criado mudo (mesa da cabeceira)
1 - A minha Empregada - Editorial Estampa de - Maggie Gee
2 - O ano em que Zumbi tomou o Rio - Quetzal - José E. Agualusa
3 - O Último Ano em Luanda - ASA - Tiago Rebelo
4 - BURLA EM ANGOLA – Burla em Portugal - Guerra e Paz – Susana Ferrador
5 - História da riqueza de brasil – Estação Brasil – Jorge Caldeira
A MINHA EMPREGADA - Obra de classe, escrita com um elegante humor, uma prosa límpida como o vidro que é o líquido mais espesso que conheço. Tem um ritmo gracioso e uma fluidez de maravilha. Tal como o vidro, escorrega num mistério que só descobri quando visitei a casa velha de passar férias em Alcantarilha do Algarve, propriedade de Ramalho Ortigão; vi nesse então que o vido da janela já rachado era muito mais grosso na base. Era para mim um desconhecido mistério mas, uma verdade difícil de compreender.
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Falando da minha empregada empoleirada no meu criado mudo, direi por agora, que é negra e encarregada da rouparia branca de um hotel em um país chamado de Uganda. E, tudo começa em um dia em que o Sol brilha sobre os campos e, a roupa branca do hotel a ser um rosário buliçoso feito missanga a corar. Estávamos a gozar a kúkia (sol) num fim de tarde em Campala na companhia de Mary…
Com trinta anos nascidos num mês de Outubro, Mary a minha empregada dizia que poderia ter-se saído melhor na vida caso tivesse tirado uma licenciatura mas, de todo o modo sentia-se bem no papel de encarregada da rouparia de roupa branca, um bom emprego, apenas abaixo da governanta. Eu e ela, afinal, aprendemos a dar-nos por felizes por não termos agora uma revolução de ter medo, de correr, ou nos fecharmos num mukifo acumulando enlatados e pacotes de comida à espera dos boatos.
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Ela lembrava-me a chacina do Idi Aminm Dadá e dum tal de Obote da sua Uganda e sua Campala e eu relembrava os dias de desespero às ordens dos revolucionários da Luua, a capital de Angola. Temos de viver um dia de cada vez. Há coisas que perdemos, coisas que sofremos mas agora, o Sol cintila. Apesar do tiroteio que ouvíramos durante a noite naquele então, e dos assassínios que aconteciam não muito longe de nós, o riso ainda nos voava dentro do peito como uma celeste, um cardeal ou outro qualquer passarinho.
Falando assim, nossos corações começaram a bater com força, buzinando-nos em todas as direcções, prendendo-nos o futuro em recordações num tempo em que ambas as cidades estavam pejadas de escaravelhos de metal feitos obuses, caranguejos feitos órgãos Staline e canos compridos de meter medo chamados de monacaxitos mais canhões sem recuo. Eram guerras de tundamunjila.
Os anos que passamos noutros nossos lugares, contamo-los como se fossem missangas enfiadas num fio. Era um tempo em que surgiam guerrilheiros como ratos, nos lugares mais surpreendentes. Surgiam dos bairros com fitas cruzadas cravando uma gasosa, um cigarro, uma qualquer outra coisa de valor extorquido ao medo. Afinal eu e Mary tinhamos muitas queixas. Ela falando de Campala e eu da revolução de Lisboa que, nos virava de pernas-para-o-ar.
Se pudéssemos adivinhar o futuro naqueles idos anos, tê-lo-íamos rogado com uma praga porque não nos foi permitido falar com um tal de marketing adstrito a uma força chamada de MFA e, aliada a um tal de MPLA que na sua força de ódio nos empurravam a ambos para o desespero. Ela não sabia que lá na Luua todos desconfiávamos que os generais emergentes feitos em aviário do M´Puto, mentiam descaradamente enquanto só ganhavam tempo para preparar a sua descolonização.
Mas afinal isso foi assim!? Não vos consultaram!? Foi muito pior, disse eu: Todos teríamos uma palavra a dizer, diziam as novas autoridades mas, aconteceu exactamente o contrário disto. Acabei por dar um ponto final ao nosso encontro mostrando-lhe uma quitandeira com um balaio de fruta na cabeça, levando um filho às costas, seguro por um pano com a esfinge de Agostinho Neto enrolado a seu corpo. Podia-se imaginar o bambolear do mataco materno com o candengue adormecido sacolejando a cabeça ao ritmo dos passos da mãe.
Ela, a Mary, tal como eu, sabia que por debaixo desta normalidade aparente, havia uma grande ebulição. Afinal eram mesmo duas revoltas com nervosismo remanescente pela tardia verdade: Afinal disse ela, era preciso ser preto para se ser considerado Angolano? Talqualmente, disse eu! Olha, os donos de lá, partiram definitivamente, os serviços públicos ficaram sem funcionários. Foi um país que encerrou para dar começo a outro!
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FRINCHAS DA VIDA – 17.07.2018
- Angústias de modernidade… Na teoria do NADISMO…
Por
T´Chingange – Na Quinta das Telheiras de Vila Real de Trás os Montes
Controlando minha missão de aguentar a austeridade disponho-me a gozar mais um dia de sol nesta beirada de piscina a ver lá longe os moinhos de vento no topo da serra e, as encostas de vinhedos que descem para o rio Douro, pinhais, urzes e medronheiros com pássaros a chilrear vida e, andorinhas vindas do Sul, das Áfricas que já foram parte dum Império, de meio mundo, das índias e Brasis, da Etiópia e dum mais além do Algarve sem falar na Tapurbana, lugar aonde não fui e, que nem sei bem aonde fica.
Uma vez que estou aqui apetece-me falar da Nação que está cada vez mais na mesma mas, com os desejos dos governantes em movimento pelo que posso ler na imprensa. Olhando-se entre eles e também para o ar, apreciam suas proezas de geringonça que em verdade é o que se chama, um governo minoritário dum PS - Partido Socialista. Isso! Um PS que diz caminhar na convergência possível. Sim! Eles olham para a vaca voadora com o beneplácito do Presidente do M´puto que muito presente e beijoqueiro, a todos agrada.
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A todos vai dizendo que as coisas estão a ser apuradas e nós até podemos sentir o esturro de tanto apuro, tão sedentos que estamos de cheirar as verdades que o tempo fazem azedar. Isto encaixa perfeitamente na teoria do NADISMO que ando a laborar no meu cerebelo, meu templo sarapintado de velhice de tanta topetude.
Assunção Cristas vem-nos dizer que o estado da Nação é uma treta, aldrabice! Efectivamente nota-se que o milagre não tem as estrelinhas fosforescentes que normalmente deslumbram o consciente do cidadão. O estado de graça é jogado na sobrevivência e, dá para ver a degradação que vai por aí nos Serviços Públicos, na saúde, e de tanto emprego precário a fingir que quase estamos no pleno emprego; assim-assim, uma uva mijona de verão…
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Agora vêm descontar nas portagens; tomara! Desde o Algarve até aqui - Vila Real de Trás-os-Montes, mais ou menos uns quase 700 quilómetros paguei de tarifa-um, mais de trinta euros. Em Espanha andei em autovias iguais, muito mais do que o dobro sem pagar NADA. É este o Portugal práfrente que se diz termos. Mostram as sondagens que a grande maioria olha para o ar, assobia para o lado numa perspectiva de milagre em forma de VACA VOADORA. Dá para ver que este país está muito cheio de FANÁTICOS! Hó Cristo vem cá abaixo ver isto!
O PC – Partido Comunista, reclama em grandes pósteres que a Saúde anda doente, que é um direito e não um negócio; exige que esta tenha muitos mais profissionais. Ora eles que pertencem ao governo, vêm com esta demagogia brincar com a nossa inteligência como se o não fosse, do governo - uma UTOPIA! Até me atrevo a perguntar:- Quanto custa um daqueles pósteres colocados em todos os cruzamentos da estrada dos INDIOS chamada de EN125? A rua mais comprida e comprimida de toda a Europa – agora melhorada com milhares de pinos, um à vez e de cada vez …
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Sem pudor O PC- Partido Comunista, anda a mijar nas patas da VACA VODORA como se não fossem parte dela, da milagrosa! Exigem assim mais e mais despesa Pública gritando contra o montante da dívida como se uma coisa não decorresse da outra. Como são bons a instrumentalizar quem neles acredita, sempre vêm cortejar as gentes como se todos fossemos seus militantes! Hó gente madura, ide bugiar para a Mongólia de Cima.
Não demorará a colocarem pósteres gigante na RUA DOS ÍNDIOS a pedir ao Governo (a eles…) o cancelamento da dívida Pública à Europa, sem explicar como viveríamos depois. O Costa deve com isto, estar a aprender que a tal solução milagrosa era e é, apenas PROVISÓRIA. Lá terá de fazer olhinhos bonitos ao Rio do PSD - Partido Social Democrata, que já deu provas evidentes de ajudar a compor as suas caixinhas de surpresas e ambição. Como detesto estes políticos que para alcançar o poder até vendem a alma ao diabo! Serão todos ateus ou agnósticos? Fico-me só no PRÓGNOSTICO que, nem é carne nem peixe – é NADA!
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Dá para afirmar que a demagogia é uma coisa muito perigosa porque é uma forma de mentir, que a seu tempo alguém destapará da testa, o testo do caldeirão da sua própria memória; a não ser assim, lá terei de chamar de ignorância raiando a falta de pudor ou do nem querer saber nada disso. O Senhor Presidente Marcelo de quem muito prezo, vai ter de ser mais cauteloso e, não fazer olhinhos de carneiro mal morto às falhas do seu amigo da onça chamado de Costa que por um acaso é o nosso Primeiro-Ministro.
Não lhe cairá bem, fazer olhinhos de complacência a um qualquer inqualificado politico magarefe que ao invés de nos servirem, se servem! Não foi para isso que nós os elegemos para o poleiro! Com muitas lacunas e tanta precaridade dá para se aprender que o caminho da convergência sempre tão esbugalhado, caminha para um beco. E, num sempre já agora, o que é que não funciona bem na justiça? Pois é Senhora VanDunem! Os arguidos andam a ser culpados na praça pública das redes sociais porque a demora é tal ou tanta que o povo ajuíza o finalmente; isto, sempre na espectativa de que a prescrição corre mais rápido que a decisão.
Está mal! Estamos cansados de referirem este ou aqueles megaprocesso, de tanta demora, tanta revienga da justiça que no crucifixam, ao invés do presunto, presumível implicado. Neste presumível há a tendência para a culpa morrer solteiríssima da silva, dando azo ao enriquecimento ilícito, ao faz-de-conta com investigadores a se atafulharem nas mentiras, que tanto, mas tanto investigam gastando nosso dinheirinho para NADA! Andam nitidamente a surripiar-nos. Assim não brinco!
O Soba T´Chingange (O Soba é que sabe…)
CICATRIZES DO TEMPO - NEUTRINOS
A UTOPIA DE ONTEM É A REALIDADE DE HOJE - 15.07.2018
Por
T´Chingange – Na Quinta das Telheiras de Vila Real de Trás os Montes
Os físicos ficaram surpresos ao verificarem que os “Neutrinos não respeitam o limite de velocidade cósmica da luz” porque o resultado de suas experiências parece violar a previsão de Einstein de que nada pode viajar mais rápido que a luz. Essa ideia jaz no coração de sua teoria da relatividade especial – a base de grande parte de nossa tecnologia moderna e compreensão científica.
No ano passado, o Opera, um credenciado laboratório internacional mediu que os neutrinos faziam a viagem subterrânea de 730 km entre dois laboratórios de investigação mais rápido que a luz, chegando ao destino final 60 nanosegundos antes de um raio de luz. Cautelosos, afirmam hoje que a medição original possa ter sido errónea devido a um elemento defeituoso no sistema de cronometragem de fibra óptica do experimento.
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Começo a ficar preocupado com a minha futura viagem espacial até os confins dum buraco negro sem ter a certeza absoluta de poder cohabitar com os NEUTRINOS situados de forma simulada a quatro mil milhões de anos-luz no lugar deste infinito buraco.
As novas descobertas vêm de quatro experimentos que analisam feixes de neutrinos enviados do Laboratório Cern para o Nacional Gran Sasso do INFN, na Itália. Os quatro, incluindo o experimento por trás das primeiras suspeitas, de que os neutrinos são mais rápidos que a luz, chamado Opera, descobriram dessa vez que as partículas quase sem massa viajaram rápido, mas não tão rápido.
Uf! Fiquei um pouco mais tranquilo em saber que afinal posso com a mente concorrer com este olharapo do NEUTRINOS até prova em contrário. Os pesquisadores do Opera não tinham certeza em relação às possíveis explicações para resultados anómalos, então divulgaram suas descobertas para a comunidade de físicos, esperando que especialistas do mundo todo pudessem ajudá-los.
Ando a tentar colaborar seguindo a teoria do NADISMO só mesmo para ver como é possível conceber a velocidade do pensamento para e a fim de apagar a luz do meu candeeiro só com a ordem telepática de abre-te sésamo e ou apaga-te sésamo. Quero assim e a partir do NADA obter resultados surpreendentes de à boleia revolucionar a física moderna.
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Com uma xícara de café fumegante, tento a maneira de enganar o tempo a fim de não sucumbir à solidão ao invés de passar o tempo em um passe-vite esgotando os nanosegundos dos meus obstinados e silenciosos e abismos. Roçar assim nas perspectivas ortorrômbicas para e, dali extrair ausentes sentimentos. No intuito de mostrar o que ninguém viu antes, despojo intuídas ideias preconcebidas no dito de que no já e agora, “só vemos o que queremos ver”.
Comecei a averiguar obsessivamente os segredos de estado misturando a utopia e, entre grossas curiosidades sufoquei o meu espírito num estreito: conclui que muita gente inteligente não rouba por vício ou por necessidade mas pelo mau hábito de querer ser rico, dono da vaidade deles e senhor das alheias. É este o confuso laboratório da vida que passa ao lado de muitos sem terem a devida comiseração com eles mesmos (Compaixão por males alheios que sentimos como nossos).
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Segundo os dados do Google, o neutrino é uma partícula subatómica sem carga eléctrica e que interage com outras partículas apenas por meio da gravidade e da força nuclear fraca. É a segunda partícula mais abundante do Universo conhecido, depois do fóton e, interage com a matéria de forma extremamente débil (cerca de 65 bilhões de neutrinos atravessam cada centímetro quadrado da superfície da Terra voltada para o Sol a cada segundo) …
Embora preferisse uma guerra declarada aos meus obstinados silêncios trato com cortesia as reticências do meu envergonhado orgulho, erigindo uma muralha à volta de estabelecidos conceitos tidos como certos. Assim, no laboratório da vida deixo de lado minha personalidade para sonhar com um paraíso, humilho-me deliberadamente para driblar-me em golpes de liberdade; com recursos à imaginação, combato assim, o tédio das horas que sempre sobram.
Ilustraçõe de Assunção Roxo
O Soba T´Chingange
MOKANDA DE UM PORTUGAL
(M´PUTO) PRECÁRIO – 12.07.2018
Por
T´Chingange – Na Quinta das Telheiras de Vila Real, acima do Douro e, muito perto da Galafura.
Assim, partindo de um para outro e, mais outro e outro lugar, sem me encontrar, procuro-me na linha dum destino tardio. Nada a fazer! Criei a teoria do esquecimento, burilei-me nela e voei entre nuvens turbinadas de sucção, compulsão e impulsão, vida dum qualquer outro cidadão que calado, engole compromissos alheios. No calor do tempo queimando cansaços, decepções e até solidões, criei projectos de engano esperando um amanhã que nunca se abeirou sorridente numa perfeita totalidade. Há sempre uma qualquer coisa a emperrar.
E, assim vivendo todos os dias com uma sensação de injustiça perante a precaridade e a falta de perspectivas no campo laboral, prevejo a continuação da falta de uma vida condigna em Portugal, para a maioria dos cidadãos. Para quem investiu na formação a fim de se fazerem parte qualificada de um país, pais e filhos, ano após ano, sentem-se desolados ou no mínimo frustrados por seu resultado nessa qualificação ser permanentemente sofrível; uma carta fora do baralho.
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Chegar a meio do mês e já não ter o suficiente dinheiro para mais do que pagar a renda de casa e a alimentação, é uma dor de cabeça para muito mais que muitos, avós, pais e filhos. Os filhos têm de contar com o apoio dos pais para poderem minimamente acudir às necessidades do dia-a-dia; mas, há pais e pais e, outros há que nem para eles sobra algo das penúrias. A uns e outros prevalece o receio de não se saber ir ter o suficiente dinheiro para se acudirem levando alguns muitos a ficarem no acaso ou ocaso da vida, ao Deus dará.
Quando se vive com um salário abaixo do paupérrimo, não resta alternativa senão estabelecer alternativas, reduzir os gastos na alimentação, no calçado e no vestir mas, há despesa contratualizadas que não se compadecem com as falhas tais como, a renda de casa, água, luz e electricidade ou telefone que não podem de todo ser diminuídas ou eliminadas. Ela, a precaridade, está definitivamente instalada; há muita pobreza encoberta por aqui e ali, um pouco por todo o Portugal.
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Há arquitectos a quem é oferecido seiscentos euros para trabalhar sem direito a subsídio de alimentação enquanto se paga aos serventes mais do que isto. É o pais do biscate, do desenrasca com ganchos e garranchos. Se é para isto que formatamos a vida, pergunta-se: - Então para quê estudar!? As notícias enchem-nos os ouvidos com mentiras, os governantes tentam passar a imagem de que tudo vai bem, de vento-em-popa com o crescimento económico e muito bláblá mas, a realidade é outra bem diferente.
A realidade é a de que oitenta por cento das ofertas de trabalho para licenciados, numa vista rápida pelos jornais nacionais e entre Janeiro e Junho de 2018, oferecem menos de novecentos euros brutos por mês. E, vem o ex-presidente Aníbal Cavaco dizer-nos que os portugueses necessitam de fazer filhos ao invés de se fazerem mais estradas ou pavilhões desportivos. Para terem de viver isto, senhor Ex? Quando dois em cada três dos trabalhadores com idades entre os 25 e 35 anos ganham menos de 900 euros mensais.
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Mais de metade dos trabalhadores por conta de outrem e, na ordem dos 60%, vivem com um vencimento inferior a 850 euros. Os políticos enchem a boca zunindo-nos aos ouvidos com perspectivas optimizadas, enganando-nos num penoso descaramento. Duvido que em Lisboa, ganhando menos de 1500 euros por mês, possa um casal com um filho, ter um satisfatório “padrão de vida” no entanto, sabemos haver uns quantos apresentadores de televisão a ganharem entre os vinte mil e os sessenta mil euros.
Aquele numero máximo referido, daria para pagar a mais sessenta trabalhadores qualificados, tomando em conta os vencimentos de agora! Uma descarada afronta ao nosso entendimento. Quase me atrevo a pedir fazermos um bloqueio a esses canais que se atrevem a machucar nossas sensibilidades. Nem na Gaucharia aonde fazem curtumes, aonde tratam peles de animais, há tanto despifarro de dinheiro. Uma afronta à nossa precariedade mostrada em devaneios e futilidades da merda.
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Uns com tanto e tantos com tão pouco! Não me venham cantar ao ouvido coisas que não observo! Sinto até vergonha de ligar a televisão e, ver assim desperdícios em futilidades pagas pelas autarquias e pelo estado. Esfolam-nos com taxas, pagamentos por conta e tarifas para dar cobertura à cultura de mau-gosto, coisas bem desnecessárias em nosso dia a dia. Não nos podemos mentir todo o tempo.
Não nos ofendam mais referindo a cada minuto os milhões que este ou aquele Jogador de futebol incluindo o Ronaldo vão ganhar só para chutar uma bola. Gosto de futebol mas arranha-me o consciente falar em números de escândalo; falar de milhões a quem esgadanha tostões. Pra passar o tempo, como umas bolinhas de suspiros, sonhos de abobora arrumando missangas de vida nas malas extravagantes do meu comboio fumaça, vapor de sonhos que apita, que rasga meridianos, trópicos e equador. Não no iludam com paneleirices – falei!
Ilustrações de Costa Araújo Araújo
O Soba T´Chingange
DESCOLONIZAÇÃO DO IMPÉRIO (Continuação…) SINTESE – II
As escolhas de T´Chingange
Por António José Canhoto
(…) Não tenho a veleidade, ousadia ou arrogância de colocar Mário Soares sozinho no banco dos réus na condução da chamada descolonização, nada me move pessoal ou particularmente contra a sua pessoa, muito embora tenha deixado em África, terra onde nasci tudo o que construí com o suor do meu rosto. Tenho a capacidade de separar o trigo do joio e fazer uma análise lucida e racional dos acontecimentos sem cegueiras ou fanatismos e atribuir as responsabilidades históricas a quem de facto as teve 20 anos antes de 1975, bem como no período pós-revolucionário.
Se Portugal tem tido líderes com visão estratégica e politica para terem iniciado o processo de descolonização na época adequada teriam preservado a permanência e a continuidade de todos os colonos suas famílias e descendentes nesses territórios. O papel de Mário Soares no processo de descolonização não iliba todos aqueles que no palco deram a cara, mas sim acusar todos aqueles que permaneceram por detrás da cortina puxando os cordelinhos ou fazendo o papel de “PONTO” que é aquele que escondido num alçapão do palco lembra aos artistas as suas falas e deixas do texto ou guião da peça.
No caso da descolonização a peça deveria ter tido pelo menos 3 actos, mas infelizmente tudo se resumiu a um só, tendo os artistas sofrido uma enorme pateada e insultos vendo-se obrigados a abandonar o teatro pela porta do cavalo tendo sido ao longo de mais de 40 anos vituperados pelo seu catastrófico desempenho. Não me compete a mim escrever a história sobre essa mancha negra que ensombra o período político que Portugal atravessou entre 1974 e 1975, contudo quem já o fez de forma isenta foi-lhe fácil encontrar os responsáveis.
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Quando iniciei a feitura do texto anterior, síntese I, já pressentia que iria abrir uma “Caixa de Pandora” e muita gente se iria atirar a mim como gato a bofe. Surpreendentemente o texto foi bem aceite pela grande maioria, mas houve pessoas que o descontextualizaram sem terem tido a capacidade de separar a missão politica de que Mário Soares foi incumbido de realizar atribuindo a este senhor todos os problemas pessoais que afectaram os “colonos” na sua generalidade.
A minha crónica- síntese I, foi feita depois de muita reflexão e pesquiza e, para quem não saiba o processo de descolonização foi desenhado pelo ideólogo do grupo dos 9 o major Melo Antunes, a eminência parda marxista do Movimento das Forças Armadas (MFA). Óbvio que a grande maioria dos retornados teve de encontrar alguém para descarregar as suas frustrações e Mário Soares foi o homem escolhido como ministro dos negócios estrangeiros do governo provisório bem como António de Almeida Santos ministro da Coordenação interterritorial.
Para darem a cara como forcados e pegarem os 2 touros mais perigosos de nome Angola e Moçambique sofreram reveses sérios na opinião dos directamente lesados – os colonos. Em consequência de os touros terem sido mal lidados e estarem ainda cheios de energia, ambas as pegas falharam e os touros desembolados ficaram incontroláveis.
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Os pegadores viram-se forçados a arcar com todas as responsabilidades de uma “corrida” programada em cima do joelho e a martelo sem acautelar a integridade física dos aficionados. Em 22 de Fevereiro de 1974 O general António de Spínola publica o livro "Portugal e o Futuro" pouco mais de um mês depois de ter sido empossado como vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.
As páginas do livro abriram um fosso de incompatibilidade com o primeiro-ministro da altura Marcelo Caetano que afirmou tratar-se de um verdadeiro "manifesto de oposição" ao regime e de um golpe militar anunciado o que efectivamente veio a acontecer semanas depois. Na sequência da publicação do "Portugal e o Futuro", e perante a recusa dos generais Francisco da Costa Gomes e António de Spínola, os dois principais chefes militares do país em prestar vassalagem a Marcelo Caetano, tanto Spínola como Costa Gomes são demitidos a 14 de Março.
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A 25 de Abril de 1974 os capitães do Movimento das Forças Armadas levam a cabo o golpe militar que liquidou o regime do Estado Novo tendo escolhido uma Junta de Salvação Nacional para preparar a transição do país para um regime democrático. Na madrugada de 26 de Abril de 1974 Spínola é anunciado como chefe da Junta Militar e, a 15 de Maio, toma posse como primeiro Presidente da República do pós-25 de Abril. A História e o movimento revolucionário avançaram muito rápido para uma esquerda marxista radical contra a qual Mário Soares ferozmente lutou.
O livro publicado por Spínola constituía um poderoso repto ao regime do Estado Novo. Basicamente afirmava que as guerras coloniais, que duravam desde 1961, não tinham solução militar, sendo imperativo que a Nação debatesse o problema. Spínola tinha ideias muito concretas de como o processo de descolonização se deveria processar as quais dissecou pormenorizadamente no seu livro. Spínola acaba mais tarde por se demitir como Presidente da Republicam quando se sente atraiçoado pelos seus camaradas de armas.
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E, também pela forma de como o processo revolucionário e de descolonização que tinha sido esquematizado por Melo Antunes o qual o grupo dos 9 pretendia implementar. O traidor não foi Soares, mas sim a Junta Militar e o governo provisória infestado de esquerdistas comunistas, que governaram Portugal a seu belo prazer tendo em Vasco Gonçalves o seu expoente máximo. A situação só começou a mudar quando a feitura da nova Constituição Portuguesa deu origem às primeiras eleições livres em Portugal, as quais só aconteceram em 25 de Abril de 1975 para a eleição dos deputados para a Assembleia Constituinte.
Conforme disse no texto Síntese I, todo o processo de descolonização foi uma aberração e as consequências do mesmo devastadoras e traumáticas, mas esse não foi o objectivo do meu escrito, mas sim desvendar quem puxou os cordelinhos fazendo de Mário Soares e os seus pares os peões de brega aos quais foi incumbida a triste sina de levar a cabo uma tarefa odiosa que todos sabíamos pelo andar da carruagem que iria acabar mal. Os verdadeiros traidores de Portugal não aparecem nas fotos de Argel, Lusaca ou Alvor, por ocasião das assinaturas dos acordos ou tratados de independência.
Sejamos honestos e não assaquemos culpas nem manchemos com o labéu de traidores ou ladrões todos aqueles como Almeida Santos, Costa Gomes, Mário Soares e outros que pelas funções governativas que ocupavam ao tempo personificaram a função de carrascos no processo de descolonização. Todos os países com impérios coloniais Inglaterra, França, Holanda e Bélgica concederam as suas independências no principio dos anos 60 e hoje têm óptimas relações com os países que colonizaram, infelizmente os nossos políticos não tiveram a mesma visão e prolongaram no tempo e no espaço um desfecho que a partir de 15 de Março de 1961 passou a ter os dias contados...
ANTONIO JOSÉ CANHOTO - 12-1-2017
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