OUTROS TEMPOS … Na zona do Largo de Sansão o “Darracq” de Armando Gonsalves choca com o “Benz” de Joaquim Refóios… Ambos, médicos de ofício …
– M´Puto - Coimbra no início do século XX -29.12.2019
Xicululu: Mau-olhado
Por
T´Chingange, na Coimbra do M´Puto
Aconteceu ir até Tentúgal e bem à margem do Mondego, em tempo de cheias e diques rebentados pela muita água libertada das represas e, chuvas pedidas ao S. Pedro que pude ver e cheirar todo o envolvente das terras de Montemor-o-Velho mis o Paço com suas vistas. Fui lá em companhia de Marco António, meu filho que está apresentando tese na área de arquitectura. Observei, aqui e ali aonde a linhas do tempo se quebraram nas vontades eclécticas de seus proprietários, rococó e gostos góticos com renascentismo ou maneirismo.
Entre coisas feitas a eito e sem um bem definido traço, vi quase tudo a cair em ruinas; mas, pude ouvir estórias deveras interessantes. Já lá iremos! Trata-se de uma quinta que pertenceu à Casa Cadaval durante séculos e que, desde o século XIV do tempo a D. Pedro, 1º Duque de Coimbra, da dinastia de Avis, filho do rei João I e de Filipa de Lencastre. O Infante tomou o paço inicial com uma torre a ver o Mondego como sua residência mas, o tempo foi voraz…
Aquilo que foi o Paço dos Condes de Tentúgal, dos Duques do Cadaval, do Infante D. Pedro, Quinta do Paço ou, simplesmente o Paço, agora são ruinas com cimalhas encastradas mostrando as armas das gerações. Parte foi incendiada, depois reconstruída, para voltar a conhecer o declínio a partir de meados do século XX. Foi casa de nobres, terreno de cultivo e consultório dos mais necessitados. Hoje está devoluta - melhor, abandonada.
Posso imaginar o médico Armando Leal Gonsalves percorrendo a galeria de fotografias que conserva. O cardiologista, que aos 80 anos continuava a dar consultas, foi o último caseiro daqueles paços e é com ele de forma pensada, que revivo o primeiro acidente entre dois carros na Cidade de Coimbra. Note-se: Só havia dois carros. Vale a pena decifrar esta atribulação. Envolto numa névoa de velhice, preencho os espaços da vida defumando assuntos que ainda me não dão ânimo em contar.
Assim, num calçadão feito a pedras com cores e desenhos de relembrar, entro na família Gonsalves (cujo S foi sobrevivendo às mudanças de grafia), que dirigiu o Paço durante gerações. O último da linhagem foi Armando Gonsalves, de quem o neto herdou o nome e seguiu a profissão, que administrou o Paço desde o início do século XX até 1955, data da sua morte.
Antes dele, o pai Francisco já tinha desempenhado igual função ao serviço da família Alvares Pereira de Melo (Duques do Cadaval), mas o filho, que também era médico pneumologista, deixaria uma marca mais duradoura, chegando até hoje nas bocas dos mais antigos de Tentúgal. Tanto que o seu nome baptizou uma alameda em Coimbra e uma das principais ruas da vila de Tentúgal, onde há um busto em sua memória.
José Craveiro, um jornaleiro, vai desenrolando histórias que dão corpo à reputação do antigo administrador como figura generosa. Mas sublinha que ele não dava esmolas, embora por vezes procurasse as tarefas mais inócuas como pretexto para distribuir uns escudos. Se durante a semana o médico exercia a profissão em Coimbra (foi director do Hospital dos Covões, de 1935 a 1949), aos domingos, das 7h às 13h, dava consultas no Paço às pessoas com menos posses. Era muitas vezes recompensado com ovos, bolos e outros géneros, conta Armando Leal Gonsalves. “Mas não levava dinheiro de ninguém”, pelo contrário.
Armando Gonsalves morreu em 1955, com menos três dedos devido à falta de protecção adequada durante as radiografias e sem fortuna. O espólio que deixou esteve para ir a leilão, tendo acabado por ficar na posse da família - uma casa de nobres. Isto pode, em parte ser lido no Jornal Público! O professor catedrático de História da Arte, José Custódio Vieira da Silva, escreve que apesar de o edifício conservar “elementos importantes da fundação quatrocentista”, o paço foi “muito adulterado nas sucessivas reconstruções”. Uma dessas intervenções tornou-se necessária após 1834, ano em que as tropas liberais incendiaram a casa por conta do apoio do sexto duque do Cadaval, Nuno Caetano Álvares Pereira de Melo, à facção absolutista.
Mas, vamos agora à descrição que hoje pode ser admirada por assombro: A quinta foi garagem do primeiro carro de Coimbra, um Darracq de 12 cavalos que, em 1902, entrou pela alfândega da Figueira da Foz como máquina agrícola, por ainda não haver registo para automóveis. No ano seguinte, o Darracq com a matrícula “Coimbra-1” foi um dos protagonistas do primeiro acidente rodoviário da cidade, quando havia apenas registo de duas viaturas.
Na zona do Largo de Sansão (hoje a pedonal - Praça 8 de Maio), o carro de Armando Gonsalves choca com o Benz- matricula Coimbra 2 de Joaquim Refóios, também médico de ofício e lente na Universidade de Coimbra. O Darracq, que ficaria na posse da família Gonsalves até 1952, pode ainda ser visto hoje, restaurado, no Museu do Caramulo, ficou então com danos no valor de 15$80 e o Benz de Joaquim Refóios com estragos contabilizados em 37$60. A questão foi resolvida em tribunal a favor do administrador… Derrubando-me nas trevas do desconhecimento, olho e ouço pela caixa mágica da mente coisas verídicas do tempo, que parecem mentiras, como se tudo, coisas e gente, fossemos pedras parideiras…
O Soba T´Chingange
Agora feita a folga que me vem, e sem pequenos desassossegos, estou de range rede, sabe! O tempo ruge…
14 – GRANDE SERTÃO : VEREDAS – de João Guimarães Rosa ... 26.12.2019
Por
T´Chingange - No M´Puto
Últimos 4 Livros em cima da mesa da cabeceira - criado mudo.
11 - O Romance “A Pedra do Reino” – José Olympio editores …Ariano Suassuma.
12 - O PADRE CÍCERO que eu conheci - Olímpica editora de Juazeiro - Amália Xavier de Oliveira...
13 –HUGO CHAVES – O colapso da Venezuela – de Leonardo Coutinho
14 – GRANDE SERTÃO : VEREDAS – de João Guimarães Rosa editado pela Companhia das Letras
E, porque o sertão é do tamanho do Mundo, não encontrei por lá, lugar do Nordeste brasileiro o livro que há tanto procurava de Guimarães Rosa. Calhou ser agora ofertado à minha pessoa em época natalícia e assim, na Coimbra do M´Puto me embrenhei logologo na leitura; uma quase língua nova, entrando nos trilhos sulcados pelo gado nos terrenos áridos, uma rede complexa de caminhos feitos veredas e, na qual é fácil perder o rumo às falas. Assim e, duma tão revolucionária forma inventiva dá-se conta no sentir que “Viver é negócio muito perigoso”.
Lá aonde os pastos carecem de fechos, onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; lá onde criminoso vive seu cristo – jesus, arredado do arrocho de autoridade. Uns querem que não o seja, que situado sertão é por os campos gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas demais do Urucúia mais Toleima. Terras de puta que pariu sem saber de como foi! De como nasceu. Acho que desaconteceu…
Numa missanga de contos com lendas e coisas tão verdadeiras que assustam o capeta, leio e releio de trás para a frente e vice-versa assim na forma de espanto lá nesses montões oestes. Perco o norte e volto atrás esperando a nuvem, vendo as almargens de vargens de mau render, as vazantes; culturas de só mata sem tamanho que param nas mulolas, rios sem água como se diz em Angola. Quersedizer, a água, corre quando chove.
Enfim, cada um o que quer aprova, como o senhor sabe, vós sabeis: pão ou pães, é questão de opiniães. No falar de matuto, o sertão está em toda a parte com contos, adivinhas e provérbios com homens, monstros de cazumbi, animais e almas dialogando sobre a vida, filologia, religião tradicional e crenças da bagunça, povos de dialecto linguajado entre outros derivados – O sertão está em toda a parte.
Cumcamano! Vou ter de pisotear este livro para patavinar mesmo que amarfanhado nos porquês! Conversando com um seminarista deste dito cujo livro, muito condizente, conferido no livro de rezas e revestido de paramentas, com uma vara de maria-preta na mão, proseou que ia adjutorar o padre, para extraírem o Cujo, do corpo vivo de uma velha, na Cachoeira-dos-Bois. Ele ia com o vigário do Campo-Redondo. Pópilas, digo eu! Não o acreditei patavim, como eles dizem – Me concebo como então?
Mas compadre!? O que revela efeito são os baixos espíritos descarnados, de terceira, fuzuando nas piores trevas e com ânsias de se travarem com os viventes – dão encosto. Arres, me deixe lá, que – Pois não sim? Insiste: O senhor (que soeu) deverá ter conhecido diversos, homens, mulheres; por mim, tanto vi que aprendi: O Facho-Bode, o Muitos-Beiços, o Rasga-em-Baixo, o Puxa-Cueca e outros edecéteras…
Olhe compadre disse euzinho: Não sou amansador de cavalos, muito menos de homens mulheres! Nesse punhadão de gente feito cavalos do vice-versa e até mesmo que fora jagunço, não tenho na minha pessoa competência entrante de demónio. De primeiro, eu nem mexia e nem fazia, sabe! E, pensar não pensava. Quem mói no asp´ro não fantasêia. Vivi puxando vida difícil de difícil. Agora feita a folga que me vem, e sem pequenos desassossegos, estou de range rede, sabe!
Sim! Me inventei neste posto e assim nessa coisa do diabo de existe, não existe dou meu dito de abrenuncia. Tudo bem, diz ele numa de afirmar-se não ser homem dos avessos nem tampouco homem arruinado: Diabo vige dentro do homem, nos crespos do homem. Fiquei pensando nesta dos crespos sem saber mesmo se eram coisas eriçadas, coisas franzidas ou algo difícil de entender. Talvez tudo junto - Viver é negócio muito perigoso. Cheguei à página 19 sem querer ir mais longe por hoje; Hem? Hem? Áh o diabo anda na rua, no meio do remoinho…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
MISSOSSOS DA VIDA... De Luanda – Sabores com falas da Nossa Terra – 18.12.2019
- Saber do passado para melhor se entender o futuro... Recordando o Século Mwata Luís Martins Soares falecido na Diáspora do Brasil em Julho de 2019 - (São Paulo)
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T´Chingange – No M´Puto
Revi hoje as falas de Zeca Mamoeiro do tempo em que este dito cujo, senhor do Rio Seco katedrático da Maianga me via transportado em uma tipóia de loando como um makota de Ambaca. Na verdade, por vezes também me é difícil entender o que risco para todos, do que vai no meu muxima e, num linguajar que é nosso BI – Bilhete de identidade. Do meu risco, do risco dele, do nosso corpo riscado feitos de feijão maluco. E, é estranho que com tanto estudo, não cheguemos à licenciatura e, nos conformes, virarmos num repentemente sábios da estirpe do Mwata Luís Soares.
Sem já saber escrever direito e sem glossário, kimbundamos-nos na jihenda, duvidado que nem sabemos usar a pena molhada no tinteiro de Camões ou do Pessoa. Num saudosismo de matumbo feito esperto, bangamos paixão de estirpe quase extinta. Falas da Luua que caducaram num tempo que se nos alheou. É como quem lê o livro de T´Ching debaixo de um coqueiro de plástico, balouçando na rede, gozarmos nossas barrigas de Jinguba como se num acaso e num já não vale a pena.
Batucando sentimentos do nosso coração abrimos adereços de bate palmas só num pula como um zulu em um só pé ao jeito de ermitão Massai. Com a RAIZ que alimenta a árvore com dedos no ar feito embondeiro, muito cavamos para contar quantos dedos são, como se arranham evitando ervas daninhas que crescem só átoa nos veios da vida. Entro assim de novo após meu prólogo com o Zeca no livro do Mu Ukulu da Luanda de antigamente peneirando no tempo as memórias, mexendo vigorosamente a fuba cozida na água fervente.
Vigorosamente com uma colher de pau desfazem-se os caroços da farinha que depois de pronta fica cinzenta no aspecto de “cola de sapateiro” pegajosa, como diria a tia Arminda. Depois come-se com bastante molho de dendém acompanhada de peixe, frango, ou outro tipo de carne, miúdos ou mesmo um verdura como a couve, a kizaca (folha de mandioca / saca-saca) ou a jimboa que nasce a eito pelo quintal regado, junto com a beldroega; tudo picado e cozido com o tal de óleo de palma.
Muamba de galinha ou peixe, servida com pirão de milho ou funje é um prato de sabor inigualável. Nesta, entra o óleo de palma tal como os quiabos, o jindungo apanhado no fundo do quintal. Mufete é um prato típico da ilha de Luanda, dos axiluandas, constituído por peixe assado na brasa como o carapau, peixe-galo, cachucho ou cacusso do rio, bombô, sumo de limão, jindungo e uma pitada de sal.
Outros pitéus gostosos são o calulu, a quiteta, o muzungué e a kikwanga, que é um tipo de bolo feito de fuba, massa de mandioca fermentada, embrulhada numa folha larga e cozida ao vapor, muito apropriada a levar em viagens por via de sua prolongada salubridade; tudo isto se podia levar ou fazer nos piqueniques debaixo de cajueiros ou mangueiras na via que nos levava ao Cacuaco, a Viana na estrada de Catete ou no caminho da Barra do Kwanza.
O radiozinho de pilhas era imprescindível para alegrar o arraial, fosse junto ao mar a ver o Mussulo do outro lado da baía ou, bem coberto na sombra da frondosa mangueira, uma ou outra cassuneira, umas quantas n´hiwas ou embondeiros. Assim poisados, haveria que tirar da arca com gelo as cucas, nocais ou ekas para refrescar as vontades; também a mission, as coca-colas e bolungas várias como a seven-up. Por vezes era o palhete feito garrafão empalhado com vinho do M´Puto tapado com rolha coberta por um gargalo coberto de gesso, um resguardo a garantir qualidade.
Quem não ia ao piquenique de fim-de-semana abastecia-se no Bar Bitoque perto da Mutamba. Sempre havia para os mais novos, eles e elas, os tais bailes de quintal dos bairros citadinos da Vila Alice, Ingombotas ou bairro do café e ainda muitas vezes no subúrbio rodeado de muxitos e vedados com aduelas de barril ou chapa zincada, piso de terra molhada a propósito ou cimento rapado. Era ali que se desenrolavam os confettis de bilhetinhos namoradeiros com a vigilância das respectivas mãezinhas.
Nos anos sessenta e setenta o Merengue estava sempre presente na voz de Carlitos Vieira Dias, faixas de gravação como "Ngi kalakala mivu ioso", "Pensando Conforme o Tempo"e "Kwanza" que abraçam euforia de nova angolanidade intercalada com a suavidade de Gianni Morandi, Roberto Carlos, Gigliola Cinquetti ou Frank Sinatra. Para além destes tinhamos o Bartolomeu, os Kiezos liderados pelo solo de guitarra de Marito Arcanjo entre outros…
Canções como "Ngandala ku nganhala ò fuma", "Varias Moças de Luanda", "Ngui mona mi kima", "Arrancando o capim" ou "Merengue do Escorrega-lo". E surge o Minguito com "Eme Ngo Kofele" e o início da música electrificada, também os solos escaldantes. Vamos então ao Marítimo da Ilha, à Vila Clotilde, ao Ferrovia, Clube Transmontano ou o Clube da Maianga. Relatos quase coloniais em palcos desconcertante, letras humoradas, mais o aparecimento da concertina. Tudo mais nos passava ao lado…
GLOSSÁRIO: Missosso – conto popular; banga – estilo; cazumbi - feitiço; loando – esteira feita de folha de coqueiro ou palmeira e atado com matebas, ximbica - rema com bordão; missanga – colar; batucam- dançam ao som do tambor; matumbo – burro, palerma; makota – chefe tribal, que tem poder; muxima – saudade, recordação; Luua - Luanda; Kicuerra: farinha de mandioca com açúcar; Axiluanda – naturais de Luanda; Tuga- diminutivo de português; Mu Ukulu – do antigamente; Mwata – velho com sabedoria; n´hiwas – árvore que se confunde com imbondeiro quando pequena; Jihenda – acção de luta, resquícios de terrorismo…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FEROMONAS DA VIDA... De Luanda – Sabores da Nossa Terra – 17.12.2019
- Saber do passado para melhor se entender o futuro... Recordando o Século Mwata Luís Martins Soares falecido na Diáspora do Brasil em Julho de 2019 - (São Paulo)
Por
T´Chingange – No M´Puto
Cada um de nós foi o que foi ou é o que é por uma coisa pequena, que sem se lembrar do primeiro choro, outros choros se lhe seguiram e, como um risco feito no chão, nem sempre se escolheu dedo ou arado nem por onde fazer o rego que por coisa pouca mudou nossas vidas. Peneirando no tempo as ténues memórias dos acontecimentos da Luua, apagando os rastos dos passos que nos conduziram à diáspora, de novo volto a remover os ossos do passado, condescendo sem alvoroçar espeleólogos ou espíritos, esquecendo as leis e acordos não cumpridos!
Baloiçando-me no d´jango da memória como se estivera junto da árvore m´vuluvulu do kavango, olho seu fruto pesado de longas múcuas que pelo que dizem, só servem mesmo para fazer milongo de feitiços do povo Ovambo. Eu, quis saber mas parece ser segredo de raizeiros, porque talvez cada homem nasça com a verdade dentro de si e só para ele, e só não a dizem porque é muito pessoal; muitos haverá até, que não acreditam que seja aquela a sua verdade.
Porque cada homem é um mundo que se ao tempo der tempo, o tempo bastante, sempre o dia chega em que a verdade se tornará mentira e a mentira se fará verdade. Entro assim e após meu prólogo na parte principal do Mu Ukulu da luanda de antigamente peneirando no tempo as ténues ou vivas memórias dos acontecimentos; afins descobridores de pegadas, cheiros encarquilhados misturados com iões ou densidade molecular dos anos na leitura de carbono e edecéteras complicadíssimos ou sem explicação.
E, quando nos Sabores da Nossa Terra os portugueses deram início o processo de colonização, encontraram no território que deu origem a Angola, diferentes grupos sociais na forma de tribos; com sua própria identidade, diferenciavam-se entre eles por vários factores tal como a linguagem, o vestuário, formas de pentear, estilo de construção de suas cubatas, suas expressões musicais e fundamentalmente hábitos com diversificados hábitos alimentares.
A cozinha angolana sendo bem variada teve no decorrer do tempo alterações nos gostos e condimentos por via da miscigenação das várias etnias. E, porque Luanda é litorânea, o consumo de peixe sempre foi elevado. Com a chegada das traineiras em substituição dos dongos ou canoas, estas vinham abarrotadas de peixe juntando comerciantes tugas na disputa e comercialização do produto. Logo ali no porto era feita uma lota precária que separava o peixe segundo a espécime.
Enquanto os peixes maiores eram destinados ao consumo local, os de menor tamanho eram arrematados para secagem nas salgas. O peixe-seco que sempre foi uma iguaria apreciada pelos indígenas por ser mais económico, paulatinamente também foi sendo consumido pelas novas gerações de brancos mazombos, talvez pelo antigo hábito de seus pais no uso do bacalhau do M´Puto. Este peixe saído da lota para a salga, depois do processo de limpeza, era escalado e posto a secar ao sol em loandos, esteira ou bases elevadas feitas com varas de pau em malha apertada.
Este peixe seco era depois de seco comercializado em fardos e levados em camiões para o interior, cidades, loja de mato, vendas ou fazendas de café com gente do contrato, nas grandes plantações de algodão e outras que iam aparecendo no correr dos anos, exploração do sisal ou plantações de ananás. Parte deste peixe era comercializado pelas quitandeiras nas ruas de Luanda e, era ouvir o pregão de pargo ou “garoupa fresca, minha senhola” e logo ali se comercializava o peixe a fritar.
E, quem já nem se lembra do cacusso de Kifangondo, peixe do rio assado com feijão de óleo de palma, pirão ou funge com o caldo do cozido. Dos piqueniques no Mussulo e, seus barcos kapossoka e kitoco a acalmar as agruras dum fim-de-semana; acalmia, sossego e paz no encanto da embriaguez de um outro mundo na voz do tempo comendo peixe grelhado, choco com tinta relançando um tempo de cazumbi perturbando no limiar do nada, num vazio dum oculto fogo ximbicado!
A agora conhecida mandioca, lá na Luua foi levada pelos Tugas passando a ser quase a principal alimentação dos axiluandas ou camundongos. O tempo fingiu que isto só foram obras do acaso mas é uma realidade com funge, pirão da fuba; a mesma farinha feita com a mandioca amolecida na água e seca ao sol. Aiiué! Saudades do bangasumo do kimbombo do marufo da cassoneira, da t´chissângwa e a bolunga de milho. Aiué Catonho-Tonho! Aiué Gajajeira! Aiué Robert-Hudson, Biker, Quintas e Irmão, Armazéns do Minho e do Bungo. Tudo na fragrância da Catinga, do Mufete, da garoupa, peixes galo, pungo, corvina e caxuxo.
Que saudades dos meus tempos de candengue! Da malta com quem ia ao Cine-Colonial ver o John Wine, das beatas pelo ar e dos avisos aos heróis de cena, cuidados e “olha na tua trás” da plateia cheia de grunhos, mazombos e alguns gwetas como eu. Que saudades das sandes de peixe frito do velho Campino, e daquele seu "boteco" defronte da Farmácia São Paulo! Do Sr. Brito que tratava da "flor do Congo"! Que saudades dos doces da paracuca, pirolitos, kicuerra e kafufutila!
Glossário
Luua - Luanda; loando – esteira feita de papiro (luando do rio) atado com mateba; Kicuerra: farinha de mandioca com açucar; Kafufutila: falrripos, perdigotos; gweta –branco; T´chissângwa e kimbombo – bebidas fermentadas de milho; Axiluanda, camundngos – Naturais de Luanda; Ximbicar – remar com bordão; Kapossoca e kitoco – Nomes de baco, traineiras transformadas; Loando – esteira de papiro do Lifune; Tuga- Diminutivo de português; Múcua – fruto do embondeiro; Mu Ukulo – do antigamente; Mwata – Velho com sabedoria; M´vuluvulu – árvore frondosa da beira rio do Cubango…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FEROMONAS DA VIDA... De Luanda do Antigamente até Benguela – 16.12.2019
- Saber do passado para melhor se entender o futuro...
(Este texto já foi publicado em Kizomba a 04.09.2019 e, é agora remetido ao Kimbo para constar na Torre do N´Zombo…)
Por
T´Chingange – No M´Puto
Na busca de Catumbela, Lobito e Benguela ao Sul de Luanda pude recolher alguma informação através do blogue “Pensar Angola” e, na minha busca blaguista, tenho de relembrar que os blogues de antigamente eram chamados de blagues, segredos da arte de navegar usada pelos Tugas no achamento das terras. Já naquele tempo e com instrumentos singelos, os portugueses usavam a modernidade de hoje através dos ouvidores e blaguistas; gente que escutando nos portos de Cabo Verde o segredo desses ventos, nas datas de sua fúria, tempestades e as marés, assim passavam a palavra…
Aqueles olheiros e ouvidores eram investigadores espiões ao serviço de Castela dos portos de Antuérpia e praças-fortes da Holanda do comércio em expansão no Mundo! Nesta voluntariosa missão de arrumar as terras nas cartas, quase todos os dias observo a latitude a bordo e, conferenciando andamentos com o piloto fictício, dou compasso às singraduras, prevendo as léguas, a influência dos ventos e das correntes.
Espalhamos padrões com a cruz de Cristo por toda a redondeza da terra, em caravelas, naus, bergantins ou canoas, navegando à bolina, com o Siroco ou Alisado, percorrendo as costas dos mares e, neste caso concreto as de Angola, com seus rios largos e boas enseadas para ali se abrigarem. Por tudo isto, os Portugueses são os grandes culpados da globalidade de hoje. Las Casas, cronista conceituado, dito portador da verdade, confidenciou-me em sonhos, que Duarte Pacheco, antes de 1494, já tinha descoberto não só terras brasileiras como também a Flórida só que, tal não podia ser revelado pois o destino do caminho marítimo para a Índia era segredo absoluto.
A arte de navegar de hoje “via Internet” não tem nem de longe a audácia daqueles portadores, dum veículo chamado agora de globalização… Com mar cavado, perfurando os medos, ultrapassavam baixios, conquistavam terras a “uma boca não he mais de hum tiro d’arcabuz”. Com o progressivo descobrimento da costa africana, os Tugas iam-se fixando em seu litoral, fundando povoações ou feitorias e, num acto civilizacional conviviam com o gentio - Na comitiva das naus, sempre ia um padre da Igreja Católica levando a bênção do Papa, a maior figura, Juiz do Mundo e Chefe dos Reis. Um Mwata da Globália…
Com espírito aventureiro e mercantilista portadores das ordens régias e na senda do cristianismo, as gentes lusas palmilharam como funantes as vastas regiões dos matos observando a fauna, as espécimes vegetais e modos de vida do gentio. Isto levou muitos a embrenharem-se pelo sertão tendo como armas de defesa uns arcabuzes do tipo canhangulo ou pederneira, muitos carregadores e, em fila, lá iam desbravando o conhecimento, o mel silvestre, o marfim, carne e muito deslumbramento…
Nesta busca pelo interior, é incontestável que os primeiros contactos foram-no através do Bailundo; nestas terras, comerciou o Capitão-General D. Manuel Pereira Forjaz, em 1610, seguido pouco depois pelos funantes de Benguela e Catumbela, estabelecendo-se em lugares como Caconda ou Kaluquembe. Em 1770 ou 1771, o governador Sousa Coutinho fundou a povoação de Nova Golegã, aonde se instalou um Juiz-Regente – género de Mordomo, representando o Governo do Rei junto do Soba.
Parece ter sido José Francisco da Cunha o primeiro a desempenhar estas funções; outros se lhe seguindo, com frequentes intervalos, até que, em 1885, Silva Porto, nomeado Capitão-Mor do Bié e Bailundo, estabelece definitivamente a autoridade civil naquelas paragens, com carácter de permanência. Três anos depois, é substituído por Teixeira da Silva, que vai residir para Belmonte, fixando-se mais tarde no Catape, a partir de 1891, quando se dá o desmembramento da capitania.
A 16 de Julho de 1902 é criado o concelho do Bailundo, com os postos militares do Balombo, Huambo, Luimbale, Galanga, Cassongue, Sambo e Bimbe, transformados em postos de polícia civil no ano de 1911. Em 1769, aquele já falado governador pombalino, Sousa Coutinho funda no Quipeio a povoação de Paço de Sousa. Nada se sabe quanto à sua existência, pois que deve ter sido efémera. É de crer que o primeiro regente da província do Huambo tenha sido João dos Santos Moura, em actividade nos fins do século XVIII e princípios do XIX.
Em meados deste, deixou de existir autoridade civil nesta região, o que permitiu o regresso à desordem e anarquia. Após a campanha de 1902, foi instalado na Quissala um posto militar, sob a jurisdição do Bailundo. Elevado a comando em 1909, foi em 1911 transformado em concelho. Neste mesmo ano foi também estabelecida a primeira comissão municipal. Do concelho do Huambo se desmembraram sucessivamente os da Caála (Robert Williams) mas, que se diga (primeiro, foi o Lépi), em 1922; o da Bela Vista, em 1957; e o da Vila Nova, em 1960. Em 1934, surgiu o Distrito, integrado na província de Benguela, da qual se desintegrou em 1954.
Foi ainda Sousa Coutinho o fundador da povoação de Linhares, no Galangue, em 1769, ignorando-se a identidade do primeiro regente, cuja jurisdição se estendia ao Sambo. Em 1806, Francisco Lucas da Fonseca passou a intitular-se Juiz-Regente da província do Galangue e Sambos, neste último sobado tendo sua residência e ali exercendo sua autoridade até 1821. A partir desta data, deixou o Governo de ter representante qualificado nesta região. Em 1902, foi criado o posto militar do Sambo, mais tarde transformado em civil, e posteriormente pertencente ao concelho da Vila Nova.
A fundação da Vila da Catumbela data-se em 1836, por D. Maria II, rainha de Portugal. Mas o certo é a de que o Porto do Lobito sempre teve a Catumbela como uma extensão deste porto. Ter em atenção que em 1846 foi construída a fortaleza da Catumbela (Reduto de São Pedro), que hoje é um monumento histórico. Entre os anos 1856 e 1864, começaram a surgir as primeiras fazendas, como São Pedro, Fazenda Maravilha do Cassequel, Fazenda do Lembeti, e ambas exerciam actividades relacionadas ao cultivo do algodão e mais tarde cana sacarina para o fabrico de aguardente.
Entre o Lobito e Catumbela e, antes da fundação desta, existiam povos desta localidade. Povos que se dedicavam à agricultura, ao cultivo do milho, feijão, abóbora, batata-doce e outros produtos agrícolas mas, e também à criação de gado. Em 1883 iniciou-se a construção da estrada que liga Benguela a Catumbela, cuja actividade foi concluída em 1889, e ainda em 1889, foi o ano em que construiu o actual cemitério, por José Lourenço Ferreira. A Cana Sacarina foi introduzida de forma intensiva no século XX mas, com a participação dos Cubanos na guerra civil que terminou no ano de 2002, esta cultura foi abandonada por via de sua influência; Aqui, compreende-se o interesse em Cuba gozar de privilégios com a importação do ouro branco de sua ilha no Caribe…
NOTA: Esta descrição foge um pouco ao descrito no livro de Mu Ukulu, por via de se dar a conhecer o que se passava em um todo, numa vasta Angola. Voltaremos ao livro de Luís Soares assim que for oportuno… Este texto já foi publicado em Kizomba a 04.09.2019 e é gora remetido ao Kimbo para constar na Torre do N´Zombo…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
MULOLAS DO TEMPO . 7 – 15.12.2018
Nós, bazungus no lugar da N´Kwazi (águia pesqueira) – NINGUÉM É SANTO - 02 de Outubro de 2018 – Terça-feira …
Por
T´Chingange – No M´Puto
Estamos no dia 02 de Outubro no lugar de M´Libizi no Zambezi Resort – P.O. Box 1511 de Bulawayo no lugar do “DEAD SLOW” (morte lenta). 12º dia de Odisseia -Tinha de ser assim mesmo num lugar aonde o tempo morre a admirar o lago Kariba. Ficar aqui dez dias sem podermos usar nossos cartões de crédito cria-nos forçosamente problemas logísticos! E, entretanto vamos fazer mais o quê para além de pescarmos ou olhar o lago? This is África … This is África …
Ali ficamos duas noites para espairecer pois que as instalações eram verdadeiramente satisfatórias mas, tendo um pequeno senão – não havia ali WiFi. Demos mesmo com os burros na água como é costume dizer e, ainda com a agravante de não termos a gasolina suficiente para regressarmos até a Vitória Falls. Aqui não havia nenhuma bomba para abastecimento e, isso era grave!
Havia também o inconveniente de temos de pagar tudo em dinheiro vivo na moeda local, o dólar zimbabwano ou em randes. Isto era um grande desaforo pois que nosso comandante RV não prevendo estes inconvenientes só levava para além do cartão de crédito, notas de 500 Euros; isto era nitidamente impraticável neste fim de mundo e, eu era conhecedor de que isto assim era pois que, nem no Banco do Brasil, estando no Nordeste, consegui trocar tal nota. Nesse então tive de ir a um cambista e pagar caro pelo descuido devido às taxas exageradas de lucro…
Pois, como tudo falhou, teremos de voltar para trás uns 260 quilómetros até chegar ao Rest Camp Victória e tentar obter gasolina em Cross Dete que fica a uns 95 quilómetros daqui. Nós, já tinhamos reparado haver grandes filas de carros nas bombas de combustível mas não nos apercebemos que havia mesmo escassez deste líquido - o Zimbabwé estava a ser abastecido por camiões chineses – podia ler-se nos carros de abastecimento de combustível, aqueles seus normais arabescos de sua escrita.
Haveria agora de encontrar solução para nos desenrascarmos e, havia sim! Razão tinha a minha empregada Mery de Campala ao dizer que nós bazungus ao pensar só em safaris, eramos chupados até ao tutano pagado por tudo, os olhos da cara! Havia um homem que ficava ali perto da portaria e que tinha no seu mukifo gasolina de socorro em jerricans de plástico, só que, iria ficar um pouco mais caro.
Ela, a Mery, bem disse que os bafanas não alinham nessas tolas correrias de fantasia e aventura dos t´chinderes, brancos gwetas. Assim teria que ser: comprar no mínimo dez litros para chegar à estrada A8, uma estrada comum, em que se paga portagem. Já tinhamos reparado ao longo do trajecto haver latas e plásticos amontoados aqui e além nos bordos da estrada e, em lugares próximos de agrupamentos de casas e cubatas mas na nossa ilógica do costume sempre pensamos serem de mel ou água. Esta lógica do TALVEZ atrapalhava-nos a visão.
Pois aquelas latas e jerricans não tinham outro qualquer produto, afinal era mesmo gasolina a fornecer aos imprevidentes como nós, guiados pelo nosso condutor e comandante fumador de cigarrilhas tipo cohiba… Haja paciência! Isto era dito com bastante frequência entre fumarolas de anéis percorrendo nossos esqueletos. Os bafanas que não pastoreiam cabras, montam “cuca-shops” (vendas) vendendo milho-papo e, entre outras iguarias locais o pequeno peixe t´chissipa do qual fazem comidas untadas de óleo de palmeira.
Lá atrás no Hwange National Park ainda vimos este prato a ser executado pelo guarda dos taxos e panelas, o mesmo que me forneceu a troco de gasosa a palavra passe do WiFi mas, sucede que o prato de alumínio estava tão encarquilhado que meteu algum nojo de arrepiar a moleirinha ao comandante RV. Por via disso acabei por comer o bife mais duro que alguma vez já comi no restaurante que até tinha bom aspecto mas, deveria ser dum gnu dinossáurio da região.
Agora, e de regresso a Victória Falls teremos de recuperar o dinheiro dado pela compra do bilhete do ferry fantasma ao manager do Turist Information Centre no knowledge Nyoni. O dono do ferry algures noutras lonjuras assim disse por telefone ao dono do “DEAD SLOW” (morte lenta), um grande e gordo bóher que por ali assentou arraiais no Kariba. Dia 02 de Outubro fomos os quatro, ali bem perto, ao M´Libizi Hotel almoçar; pagamos 52 dólares.
Acabados de almoçar apareceu o homem a quem se tinha encomendado a gasolina Pagamos pelos dez litros de gasolina no jerrican mas de tão desfalcado pareceu-nos só ter oito litros, enfim! Feitas as contas o litro do precioso líquido deve ter ficado pelos 1, 70 euros mas e pelo que eram todos conhecidos, pagamos tudo junto tendo ficado no total em 1000 randes. Neste M´Libizi Kariba não se aceitam cartões…Óh mundo de túji e, ainda temos de atravessar a Zâmbia para chegarmos à Tanzânia…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
MOKANDAS DO REINO XINGUILA – 08.12.2019
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA - “BULUNGA DO ULTRAMAR . “Nos reinos de Maconge e Huambo”
Por
T´Chingange - No M´Puto
Foi no dia 23 de Novembro de 2019 e num lugar chamado de Cidade de LEIRIA do M´Puto. Assim, em terras Ultramarinas, reuniram-se em kizomba, nobres, altos dignatários e plebeus dum reino perene, liderados por um Vice-rei - D. ROBERTO DA SILVEIRA, III VICE-REI DE MACONGE; neste reino de Faz-de-conta aonde ninguém morre e, aonde os africanos se tornam brancos e vice-versa, reúnem-se vivências com recordações de peregrina amizade. Desta feita com a organização da Sobeta Maria Amália - Mali.
Por via do frio e com uma preguicite aguda só agora me dispus a relembrar aquela ida às terras lindas do Rio Liz fazendo-me uma pergunta: E, para quê peregrinar no tempo? - Para ratificar a vida! Foi deste jeito jeitoso que me vi a cantar o hino, taciturnando-me entre a malta vinda da Huila, do Lubango, prensado num texto assim cantado: -“A malta ganhou a taça, sem ter nada que fazer; quem quiser ganhar à malta tem um osso p´ra roer, roer, roer”.
Neste reino de sonho e fantasia dão-se vivas à vida, num vira, vira, regado a tinto ou espumante morganheira. Como um funante mazombo, suspeitoso e camundongo, divagarei em pensamento: Naqueles idos tempos do Diogo Cam “Se houvesse uma revolta em Angola, movida pelos colonos, não era preciso tropa para a debelar; chegava um bom orador, romântico, sentimental, que lhes falasse de Portugal, que todos se abraçariam com lágrimas nos olhos”.
Foi assim o que disse Henrique Galvão no ano de 1937 em visita de soberania a Angola - “ Há quem viva de teu perfume e dent´routros matos e espinheiras rasgando-se em sonhos, por ti ruma!”. Num torpor de antigas Kizombas, paisagem do deserto Namibe agachei-me por detrás da bissapa,… era o soba Cunhangâmua que aí vinha.
-“ Há quem, nas águas de salina, se purifique em lágrimas cristalizadas por em teu ventre não cumprir sina”. Ué, no meio da farra vi-me sonhando, bebia bulunga, antes da grande caminhada para sul e, eu também ali estava a seu lado como conselheiro real em assuntos de brancos; neste agora tinha um Vice-rei de nome Silveira e senti-me com muita cagança a recordar velhos tempos.
Num repentemente, deu-lhe vontade de cuspir um pigarro encravado entre as ferraduras e os gorgomilos. Fosse eu esse tal de Cunhangâmua, a um primeiro esboço de lançar cuspo, logo um gentio se acocoraria submisso, curvando-se a jeito p´ra receber tamanha cuspidela. Parece disparatado mas, era assim que as submissões eram, ríspidas e sem lamúrias.
Cuspo de soba, com aquela estirpe, não podia ser desperdiçado numa terra só de pó. Cheio de honrarias, o súbdito de arrecuas balançaria a cabeça, umas quantas vezes, em jeito de agradecimento. Que mais posso fazer eu um plebeu de pé rapado nestas festas tão cheias de doutores do clero e nobres de alto coturno, senão com eles sonhar.
Da t´ximpaca soou um som forte ferindo o silêncio da planura e, bastou o soba dizer que aquele boi tinha um bom “berro” para ser anexado aos tributos, que mais atrás seguiam em caravana. Claro que estou divergindo e, em pensamentos vou até lá longe aonde as clarinetas são chifres retorcidos de boi que rasgam seu canto entre penedias e ecos de montes.
Num repentinamente, restolhando o silêncio, surgiu do mato, um T´chingange agitando um pote de barro preto e, dizendo coisas desconexas, abeirou-se do soba; de seguida, ambos se esgueiraram para trás dum muxito denso. O Kimbanda, cumprindo o ritual, tinha naquela hora de recolher, a urina do grande soba .
Neste espaço de fantasia e verdade, invadi a rota que desembocava na paliçada do Kimbo maior e, numa noite de lua cheia, aconteceu assistir à circuncisão dos candengues daquele outo arraial; crepitava o lume em ondas de cores quentes pelas palhotas quando, de uma delas, trouxeram o rapaz,… sentaram-no num cepo e, no meio de inebriante batuque, um M´fumu, auxiliar de Kimbanda, com uma pequena faca passada pelo lume, cortou o prepúcio do pénis do rapaz.
De seguida, com as bochechas cheias de álcool, borrifou para o órgão despilado. O grito mal se notou no meio da algazarrada, aquele seria um guerreiro umbundo p´ra valer! A bulunga de massambala tinha naquele dia uma mistura especial - a urina do soba Cunhangâmua! Menos mal que é mesmo só pensamento pois que bebo morganheira do M´Puto.
Assim se tornariam homens de têmpera nobre. Tudo foi feito nos verdadeiros conformes, na roda da grande fogueira, batuque, sangria de boi berrante e bulunga. Na contraluz da perdida imensidão, naquela noite especial, dormi com um cafeco de feição N’nhaneca, enfeitada de trancinhas e cortes no rosto com forma de avião. Tinha cabaço,… mesmo!
Naquela outra manhã, as mulheres surgiram em algazarra, levantando os braços, chocalhando discos de lata, batiam com os pés no chão; do peito, pendiam couros, das orelhas escorridas, pesadas argolas. Festejavam! Ué,... Alambamentado no costume virei M´fumo de T´Chingange. Do Cunhangâmua ao Kuvale, a pedra do trovão, nesse tão único lugar mítico troou. Acordei aturdido às margens do Liz, um rio do M´Puto no lugar Leiria. Háka! “Há quem viva entoando nos batuques, há quem nunca esqueça o chão, os cheiros do coração”. Hoje fiquei promovido. De candengue a Kota; de kota a Século…
NOTA: -xinguilar: Palavra Angolana que significa entrar em transe em um ritual espiritual, geralmente ligado aos cultos nativos dos ancestrais e Nkisi/Mukisi.
Glossário:
Bissapas - arbustos; Muxito - tufo de mato; M´fumu - chefe, homem de respeito; T´ximpaca - cacimba de água de chuva; Kizomba - festa com álcool; Bulunga - bebida suave fermentada de massambala; T´chingange - feiticeiro, cobrador de impostos e jurista auxiliar do soba; Kimbanda - médico tribal; Candengue - rapaz; Cafeco – catorzinha, menina virgem; Cabaço - virgindade; Kuvale - zona do sul (Angola); Soba - Chefe – Xissa, porra, caramba.
O Soba T`Chingange
MULOLAS DO TEMPO . 6 – 02.12.2018
Nós, bazungus no lugar da N´Kwazi (águia pesqueira) – NINGUÉM É SANTO - 01 de Outubro de 2018 – Segunda-feira …
Por
T´Chingange – No M´Puto
Nesta noite de 27 de Setembro lá terei de converter toda as contas em dólares USA$. O Zimbabwé está sem moeda; no mercado tudo vem indicado em dólares americanos e Randes da África do Sul pelo que entre Pulas e Euros, reúno os dados e faço a contabilidade do deve e haver, segundo a cotação do momento que meu filho Ricardo me manda pelo WhatsApp fazendo assim a conversão na moeda verde – Em verdade, é uma forma de assim nos mantemos em contacto pois que ele se encontra em Johannesburg. Um Rand custa 0,74 Pulas.
A logística do Comandante Vissapa anda periclitante e, ái de quem abra a boca a vaticinar o que quer que seja! Ele é que sabe – Ponto final! Enquanto escrevo isto vou mastigando lentamente pedaços de biltong, carne seca que lentamente se vai dissolvendo na boca. Falando das Cataratas Vitória é um conjunto de quedas deslumbrante que as tornam numa das mais espectaculares no mundo.
São localmente conhecidas também pelo nome de Mosi-oa-Tunya em que “tonga” significa em português a fumaça que troveja. Situam-se no rio Zambeze, na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabwé, e têm cerca de 1,5 km de largura e a altura máxima de 128 metros. Ao saltar, o Zambeze mergulha na garganta de Kariba e atravessa várias outras cataratas basálticas; é nesse sentido que iremos para apanhar o “ferry”.
Tanto o Parque Nacional de Mosi-oa-Tunya quanto o Parque Nacional de Victoria Falls, no Zimbabwe, estão inscritos desde 1989 na lista de Património Cultural da Humanidade mantida pela Unesco. Está igualmente conservada por estar dentro da Área de Conservação Transfronteiriça Cubango-Zambeze - um conjunto de áreas de protecção ambiental situadas na África Austral, onde convergem as fronteiras internacionais de cinco países.
Inclui uma parte importante das bacias do Zambeze, do Cubango e do Delta do Cubango, cobrindo a Faixa de Kaprivi na Namíbia, a parte sudeste de Angola, o sudoeste da Zâmbia, as terras selvagens do norte da Botswana e o oeste do Zimbábue. O centro desta área encontra-se na confluência dos rios Chobe e Zambeze, aonde as fronteiras da Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwé se encontram.
O Zimbabwé é um país sem saída para o mar no sul da África conhecido pela sua diversidade em animais selvagens que pudemos presenciar. Esta enorme queda de água de 128 metros estreita na garganta de Batoka, onde é possível praticar rafting em corredeiras e bungee-jumping.
O Ferry do sonho Kariba
Acabei de fazer uns esboços de nosso itinerário a seguir destinada para o dia 30 de Setembro que inclui ficar uma noite no Hwange National Park, virando ao lado direito em Cross Dete, a mesma estrada A8 que segue para Bulaweyo. Para o lado esquerdo iremos para M´libizi no Lago Kariba, nosso empolgante sonho embalado nas ondas da mente aventureira de nosso Comandante RV.
Chegados a Hwange National Park ficamos em dois chalés rondáveis e, porque tínhamos tempo, fizemos um circuito via sul mas, não fomos assim tão bafejados pela sorte pois que não vimos a quantidade de animais que esperávamos ver. Com o pagamento de uma gasosa ao candengue que tomava conta dos talheres e pratos da cozinha, tive WiFi e consegui a palavra passe que não era acessível aos visitantes; desta forma entretive-me na internete até chegar à altura de ir ao restaurante e comer o bife mais duro que alguma vez já comi.
Estamos no dia 01 de Outubro no lugar de M´libizi no Zambezi Resort – P.O. Box 1511 de Bulawayo no lugar do “DEAD SLOW” (morte lenta). Tinha de ser assim mesmo num lugar aonde o tempo morre a admirar o lago Kariba que em verdade é bem bonito; um braço de lago com uma ponta aonde é normal encostar o tal de “ferry” mas, para além do lugar agradável só havia pedras, árvores, o ancoradouro e uns quantos chalés arrumados na encosta. Foi aqui que ficamos.
Era suposto ser um compasso de espera pelo ferry mas, damo-nos conta que em África tudo pode acontecer. Ficamos a saber que um talvez não é coisa de fiar. Marcamos viagem com pagamento antecipado em Victória Falls em um escritório oficial de turismo e chegados aqui ficamos a saber que não vai haver ferry no dia aprazado – dia 02 de Setembro e num talvez, só lá para o dia 12 e, se houver gente. A este outro talvez, nós não podemos dar crédito! Ficar aqui dez dias sem podermos usar nossos cartões de crédito cria-nos forçosamente problemas logísticos! E, entretanto vamos fazer mais o quê para além de pescarmos ou olhar o lago? This is África … This is África …
(Continua…)
O Soba T´Chingange
EU E O FALA KALADO – APONTAMENTOS RELAXADOS
NA ILHA DO CARLITOS – 9ª de Várias Partes – 01.12.2019
Por
T´Chingange - (No Algarve do M´Puto)
Naquele outro dia e de saída da ilha de Carlitos, Imaginando um jogo de xadrez, zarpamos aos esses pelas nove ilhas tropicais… Recordo que falávamos de Elias Salupeto Pena, irmão de “Ben-Ben” e outro proeminente dirigente da UNITA igualmente falecido e, que também estudou com João Lourenço, exactamente na mesma escola e época. As famílias eram amigas e professavam a mesma confissão religiosa protestante. Sequeira João Lourenço, pai do Presidente da República de Angola, era amigo pessoal de Loth Malheiro, pai de Jonas Savimbi e avô dos irmãos “Ben-Ben” e Salupeto Pena, o causador da reviravolta de Fala Kalado o Coronel com orelha de plástico.
De novo neste lugar quase secreto e, no meio de várias ilhas, repúnhamos novas e velhas falas para mantermos suficientemente activos nossos labirintos do cerebelo. Assim descontraídos e curtindo o calor e a água morna vinda das águas baixas da lagoa de Manguaba quis saber da razão de um quase enigmático telefonema de Agualusa quando me encontrava no Deserto do Naukluft da Namíbia, no outro lado do Atlântico. Sendo assim perguntei-lhe: - Tu andas desavindo com a escrita de Agualusa; que se passa ou passou? Porque me fazes essa pergunta? Replicou Fala Kalado.
Vi no semblante dele FK, que ali, havia coisa. De relance reparei que sua orelha biónica de plástico vibrou com uma intensidade do tipo vaga-lume o que me levou a ter cuidado mas, arrisquei: É que quando eu estava a entrar no balão para ver as dunas lá no Park de Sossusvlei e por via de falar em ti, ele, Agualusa enigmaticamente para mim, disse para ter cuidado. Até referiu a seguinte frase: “ Nenhum homem vale uma barata”. Claro que isto tem-me atormentado desde esse então!
Esse gajo escritor anda a aproveitar-se da minha lenda para escrever exactamente aquilo que andei a fazer até há bem pouco tempo, vender armas para os guerrilheiros do morro para reviver o Zumbi dos Palmares. Isso, já era! Acabou! Agora quero ficar de fora dessas trapalhadas, para além do mais os meus antigos fornecedores de armas da guerra de Angola estão-se borrifando para mim. Pois! Entrei no diálogo - o negócio do petróleo veio alterar todo esse sistema de enriquecimento rápido…
Nós estávamos aqui para curtir o tempo na companhia de gente gira e como tal entre as muitas falas com os demais amigalhaços e suas baronas, garinas empapoiladas de fio dental, divergíamos as conversas contando anedotas do burgo e das politicas bem periclitantes saindo do tubo ladrão do Supremo Tribunal e outras Câmaras muito enfeudadas no trambique cazucuta deste belo país tropical – O Brasil.
Entrelaçados na estória, esticamos as pernas na água e entre coisas pedidas ou mal contadas, coisas de Angola, fiquei inteirado por FK que numa reacção a dados de inteligência que alertavam para planos do regime angolano que levariam ao assassinato de Jonas Savimbi, Salupeto Pena o militar de quem temos falado ficou conhecido como o autor da frase “se tocarem no nosso mais velho isto vai ficar feio”. O destino dado aos restos mortais de Salupeto Pena foram objecto de versões díspares – vou-te falar; uma outra lenda.
Pópilas! Angola está repleta de lendas. Já nem si se tu mesmo eras aquele Nelito Soares que em 1969, numa quarta-feira de Cacimbo, protagonizaste, com mais dois compatriotas do BC 11 dos Gorilas do Maiombe, o desvio, para o Congo Brazzaville, de um avião comercial!? Era um Dakota que seguia de Luanda para Cabinda, com passageiros a bordo. Esse Nelito de que me falas e dizes ser, só pode se uma inventação tua, replicou Fala Kalado. Estás a ficar como esse tal de Agualusa que fala com osgas e, que me tem metido em sarilhos diplomáticos! Nem confirmo nem desconfirmo o que dizes porque euzinho, também não sei!
- Tudo isso se varreu da minha cuca, sabes! FK, disse isto com tanta convicção que fiquei disparando sinais de confusão feitos rolos de fumo invisível. Será que não é? Tal como Salupeto Pena vais ficar nas nuvens da incerteza. A versão do Salupeto que mais se realçou em círculos restritos alegava que na qualidade de familiar direito de Savimbi, teriam reencaminhado o seu corpo para fins tradicionais, num ritual que teria contado com o envio, a Luanda, de um mago oriundo da Índia, razão pela qual diz-se que o corpo do mesmo já não existe.
O desvio do Dakota da DTA, Divisão dos Transportes de Angola, antecessora da TAAG, ganhou proporções tais, que nem a censura feroz do regime colonial em vigor em Angola, como nos restantes territórios, incluindo Portugal, subjugados à ditadura, conseguiu sufocar. Soube disto quando estava num lugar chamado de Tando Zinze, bem perto da fronteira do Congo Zaire álem Catata do enclave.
Lembro: - Poucas horas depois de o aparelho aterrar em Ponta Negra, era tema de conversas sussurradas em tudo o que era sítio, principalmente, em Luanda e Cabinda. Mais tarde, a “nova” chegou a toda a Angola, por via do programa radiofónico do MPLA, “Angola Combatente”, transmitido a partir de Brazzaville. No M´Puto a Dona Isabel, proprietária de um pequeno café na pequena cidade de Lagoa, que foi locutora dessa rádio durante algum tempo, confidenciou-me isto mesmo (mas, em verdade eu, já o sabia!)... Patrinichi, o empregado de origem kosovar, desta feita andava demasiado ocupado para cuscar nossas conversas…
Glossário: Bem-te-Vi – pássaro parecido com o melro; Cuscar – bisbilhotar; Dakota – Tipo de avião; Kalacata - militar da Unita; Baronas - Mulheres papudas; Garinas – miúdas, catorzinhas; Euzinho – Terminação de Eu, uma forma de dize “eu” em gíria…
(Continua… )
O Soba T´Chingange
T´Chingange – No M´Puto
Passam já 11 meses após ter escrito as mulolas do tempo número 4 e, como digo nela, todos os dias terão encruzilhadas, bifurcações em que o amanhã sempre será uma graça. Restavam-nos 45 para terminar a odisseia “Potholes”. Assim pensando naquele mato longínquo de tudo entre a criação de Deus, relembrava que o dogma da fé cega é que faz com que haja muitos incrédulos! Com o autor do livro “Ninguém é Santo”, Reis Vissapa - o melhor condutor de áfrica, galgávamos quilómetros entre morros rodeados de chinguiços, espinheiras tipo candelabro ou altas árvores de indefinidas espécimes.
Em outros tempos de picadas traiçoeiras e desesperadamente isoladas de gente, era bom andar mastigando chuinga, uma pastilha elástica que depois de mastigada era um bom vedante para tapar furos do radiador mas, agora as tecnologias de ponta são outras; não mais é necessário levar umas borrachas extras e arames para encurtar tubos de refrigeração ou pendurar argolas e chapas desprendidas com o sacolejar dos ripados da picada, ao jeito de tábua de lavar em selha, coisa desesperante.
Estas andanças longas complicam-nos o mataco que a dado momento já nem tem posição certa tornando o excesso de profiláctico em olfáctico dando comigo a abanar as orelhas e engolindo cacos de vidro como um faquir. Tem mais, o zelo da quilometragem conjugando a hora com o dia que, da noite que cai e da luz que se esvai. É fundamental termos um bom lugar para pernoitar, consultar no telemóvel ou perguntar por um aceitável sítio aonde pousar.
Lá chegamos à barraca fronteira do Botswana. Cada um de nós pagou 450 Randes correspondente a 25 dólares USA e ainda mais 600 Pulas pelo jeep Nissan. Foi um trinta e um, porque não tinham pagamento com cartão e valeram-nos os Pulas que se tinha em mão, a moeda nacional, mas para nós resultou em algum incómodo porque queriam a moeda verde americana e não a sua. A logística, começou aqui a dar seus falhanços. Só tínhamos Euros e Randes (Bem! Eu Tinha 500$ USA). Vissapa afiançava que o cartão de visa era suficiente; sua intuição falhou e valeram meus dólares e randes que levava num por-se-acaso!
Dali podíamos ver a espuma que se levantava das quedas Victoria do outro lado da linha férrea e, até podíamos ouvir o trovão das muitas águas caindo naquela fenda, uma imensidão húmida caindo do lado da Zâmbia para o Zimbabwé. Assim, sobranceiros às maiores Cataratas do Mundo, pude almoçar no “In da Belly” saborosas espetadas de crocodilo acompanhado de arroz branco e alguns vegetais. A iguaria ficou em 12 $USA.
Tivemos aqui um encontro com um português radicado no Zimbabwé. Passou a noite em um bungalow fronteiro ao nosso o que proporcionou termos uma conversa acerca do que eventualmente veríamos; deu-nos informação de por onde seguir sugerindo que visitássemos o Park Nacional Hwange antes de irmos ao porto M´libizi no Lago Kariba. O tal senhor fez um esquema enquanto comia em outra mesa dando-o a Dy Vissapa que não demorou muito a amachucar e deitar na primeira lata de lixo. Verdadeiramente o que contava mesmo era a sua intuição! Para o efeito fomos a um Kiosk de Turismo Oficial ali próximo e, fizemos a reserva para o próximo barco a sair de M´Bilizi mediante a entrega de 480$USA.
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
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